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13/10/2022 17:53 Hablar con Dios, Francisco Fernández-Carvajal

Hablar con Dios


Francisco Fernández-Carvajal 

12 DE OUTUBRO

35. NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA


Padroeira Principal do Brasil

Solenidade

– Os santuários da Virgem, sinais de Deus.

– Nossa Senhora, esperança em qualquer necessidade.

– Esperança e filiação divina.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida é a Padroeira do Brasil. A imagem foi


encontrada em 1717 por uns pescadores, no rio Paraíba, e a devoção popular surgiu
espontaneamente, em função dos favores alcançados por intercessão de Maria
Santíssima. A primeira capela é de 1745. Em 1904 a imagem foi coroada
solenemente. Recebeu a “Rosa de Ouro” do Papa Paulo VI em 1967, e a nova Basílica
foi dedicada por João Paulo II em 4 de julho de 1980.

I. CONTAM AS CRÔNICAS que em 1717 três pescadores, chamados João, Filipe e


Domingos, trabalhavam com as suas redes no rio, sem obter nenhum resultado. O
governador de Minas Gerais e de São Paulo ia passar por aquelas terras e os
pescadores haviam recebido ordem de levar tudo o que lhes caísse nas redes para
o banquete que se ia oferecer àquela autoridade.

As horas passavam e a rede ia e vinha nas águas do rio sem apanhar um só


peixe. Ao chegarem ao porto de Itaguaçu, cansados e derrotados, João lançou
novamente as redes e, para sua surpresa, recolheu o corpo sem cabeça de uma
pequena imagem de Nossa Senhora. Tornou a lançá-la e dessa feita surgiu a
cabeça, que se ajustava perfeitamente ao corpo.

Guardaram piedosamente a imagem recém-aparecida entre os seus pertences


e, confiando em Nossa Senhora, lançaram outra vez as redes à água. Conta o
cronista que, a partir desse momento, a pesca foi tão abundante que tiveram receio
de naufragar pelo muito peixe que havia nas canoas.

Começou então a veneração a essa imagem, guardada na casa de Filipe. Posta


num oratório, “ajuntava-se a vizinhança a cantar o terço e mais devoções”. Era o
início de um fervor popular que cresceria mais e mais com o passar do tempo, até
dar origem ao Santuário Nacional de Aparecida.

Incontáveis peregrinos dirigem-se diariamente aos santuários dedicados a


Nossa Senhora, para encontrarem ali os caminhos de Deus ou neles se reafirmarem,
para acharem a paz de suas almas e consolo em suas aflições. Nesses lugares de
oração, a Virgem torna mais fácil e acessível o encontro com o seu Filho. Todo o
santuário converte-se em “uma antena permanente da Boa-Nova da Salvação”1.

Hoje celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, a que tantos cristãos


recorreram e recorrem para buscar auxílio, a fim de seguirem adiante no caminho da
vida, que nem sempre é fácil. Quantos encontraram ali a paz da alma, a chamada de
Deus a uma maior entrega, a cura, o consolo no meio de uma tribulação...! “O que

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buscavam os antigos romeiros? O que buscam os peregrinos de hoje? Aquilo


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mesmo que buscavam no dia, mais ou menos remoto, do seu Batismo: a fé e os
Franciscomeios
Fernández-Carvajal 
para alimentá-la. Buscam os sacramentos da Igreja, sobretudo a
reconciliação com Deus e o alimento eucarístico. E voltam revigorados e
agradecidos à Senhora, Mãe de Deus e nossa”2.

Não podemos esquecer que peregrinamos em direção a uma meta bem


concreta: o Céu. O fim de uma viagem determina em boa parte o modo de viajar, os
objetos que se levam, os alimentos para o caminho... A Virgem Maria diz-nos a cada
um de nós que não devemos levar excessivos apetrechos nesta peregrinação da
vida, nem vestes demasiado pesadas, pois dificultariam a caminhada, e que
devemos caminhar para a casa do Pai em grandes passadas. Recorda-nos que não
existem metas definitivas aqui na terra e que tudo deve estar orientado para o fim
desse caminho, do qual talvez já tenhamos percorrido uma boa parte.

II. A VIRTUDE DO PEREGRINO é a esperança; sem ela, deixaria de caminhar ou o


faria com passo cansado. A Virgem é a nossa esperança, pois alenta-nos a continuar
adiante, ajuda-nos a superar os momentos de desalento, acompanha-nos
maternalmente nas circunstâncias mais difíceis. Sempre que recorremos a Ela –
ainda que seja com a brevidade de uma jaculatória, ou com um olhar a uma
imagem –, saímos reconfortados.

A primeira Leitura da Missa3 fala-nos da rainha Ester que se aproxima suplicante


do grande rei, e este põe à sua disposição todo o seu poder. Que petição é a tua,
para que te seja concedida? E que queres que se faça? Ainda que peças metade do
meu reino, tu a terás. E a rainha dirige-lhe o seu apelo: Ó rei, se eu achei graça aos
teus olhos, e se assim te apraz, concede-me a minha vida, pela qual te rogo, e a do
meu povo, pelo qual intercedo. É-nos muito fácil perceber nesta rainha do Antigo
Testamento a prefiguração da Rainha dos Céus, intercedendo junto de Deus por
nós, que somos seu povo e seus filhos. Confiamos à intercessão de Maria as nossas
necessidades, quer sejam pequenas, quer nos pareçam muito grandes, as da nossa
família, da Igreja e da sociedade. Diante de Deus, Maria se referirá a nós dizendo
que este é o meu povo, pelo qual intercedo.

Nossa Senhora foi motivo de alegria, de paz e de esperança para todos


enquanto esteve presente aqui na terra. No Sábado Santo, quando, com a morte de
Jesus, a escuridão mais completa desceu sobre o mundo, só ficou acesa a
esperança de Maria. Por isso, os Apóstolos reuniram-se sob o seu amparo. Agora, no
Céu, “por sua maternal caridade, cuida dos irmãos do seu Filho, que ainda
peregrinam rodeados de perigos e dificuldades, até que sejam conduzidos à pátria
feliz”4. São Bernardo explica com beleza que a Virgem é o aqueduto que,
recebendo a graça da fonte que brota do coração do Pai, no-la distribui. Este fluxo
de água celestial desce sobre os homens “não todo de uma vez, mas gota a gota [...]
sobre os nossos corações ressequidos”5, segundo a nossa necessidade e as nossas
disposições para recebê-la.

A Virgem reconforta-nos sempre e está presente quando necessitamos de


proteção, pois esta vida é como uma longa navegação em que padecemos ventos e
tormentas. Ela é o porto seguro, onde nenhuma nave naufraga6. Não deixemos cair
na rotina essas pequenas devoções com que nos dirigimos a Ela cada dia: o
Angelus, o Santo Rosário, as três Ave-Marias para pedir pela santa pureza de todos,
a devoção do escapulário... E quando fizermos alguma romaria, ou formos buscar a
sua intercessão em algum santuário ou ermida dedicada a Ela, acolhamo-nos
especialmente à sua misericórdia e amor.

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III. COMO A PEREGRINAÇÃO da vida prossegue, pois não temos aqui morada
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permanente7, é uma medida de prudência solicitarmos da nossa Mãe do Céu umas
Francisco“provisões
Fernández-Carvajal  de que possamos valer-nos nas etapas posteriores”8 que
de energia
ainda nos falta percorrer. Um dos maiores inimigos do caminhante, o que tira mais
forças, é o desalento, a falta de esperança em chegar à meta. Não cai no desânimo
quem passa por dificuldades, mas quem deixa de aspirar à santidade e quem,
depois de um erro, de uma queda, não se levanta depressa e continua a caminhar.

Quem pôs a sua esperança em Cristo vive dela, e traz já em si mesmo algo do
gozo celestial que o espera, pois a esperança é fonte de alegria e permite suportar
com paciência as dificuldades9; reza confiantemente e com consciência em todas
as situações da vida; suporta pacientemente a tentação, as tribulações e a dor;
trabalha com esforço pelo Reino de Deus, num apostolado eficaz, principalmente
com aqueles com quem se relaciona mais de perto... A esperança leva ao abandono
em Deus, à filiação divina, pois o cristão sabe que Ele conhece e conta com as
situações por que devemos passar: idade, doença, problemas familiares ou
profissionais... Sabe também que em cada situação teremos as ajudas necessárias
para ir adiante. E é a Virgem quem distribui essas ajudas e graças, quem as
multiplica... Ela estende-nos a mão depois de uma queda, de um momento de
vacilação; facilita a contrição pelas nossas faltas e põe no nosso coração os
sentimentos do filho pródigo.

Conta Santa Teresa que, ao morrer a sua mãe, quando tinha uns doze anos, caiu
na conta do que realmente havia perdido, e “fui aflita – escreve a Santa – a uma
imagem de Nossa Senhora e supliquei-lhe com muitas lágrimas que me servisse de
mãe. Penso que esta prece, ainda que feita com simplicidade, me tem valido; pois
conhecidamente tenho achado esta Virgem Soberana em tudo aquilo em que me
encomendo a Ela, e finalmente me converteu a si”10. Com esta simplicidade e
confiança devemos recorrer a Nossa Senhora em cada uma das suas festas e
invocações. Recorremos hoje a Nossa Senhora Aparecida, pedindo-lhe que nos
ensine o caminho da esperança.

“Não cesseis, ó Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença, de manifestar


nesta terra que o Amor é mais forte que a morte, mais poderoso que o pecado! Não
cesseis de mostrar-nos Deus, que amou tanto o mundo, a ponto de entregar o seu
Filho Unigênito, para que nenhum de nós pereça, mas tenha a vida eterna!
Amém!”11

(1) João Paulo II, Aos reitores dos santuários, 22-I-1981; (2) idem, Homilia na Basílica
nacional de Aparecida, 4-VII-1980; (3) Est 5, 1b-2; 7, 2b-3; (4) Conc. Vat. II, Const.
Lumen gentium, 62; (5) São Bernardo, Homilia na natividade da Bem-aventurada
Virgem Maria, 3-5; (6) cfr. São João Damasceno, Homilia na dormição da Bem-
aventurada Virgem Maria; (7) Hebr 13, 14; (8) João Paulo II, Discurso no Santuário de
Nossa Senhora de Montserrat, 17-XI-1982; (9) cfr. Col 1, 11-24; (10) Santa Teresa, Vida,
1, 7; (11) João Paulo II, Dedicação da Basílica nacional de Aparecida, 4-VII-1980.

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