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Guia-Orientativo-Aplicacao-Da-Lgpd - TSE
Guia-Orientativo-Aplicacao-Da-Lgpd - TSE
Brasília
TSE
2021
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GUIA ORIENTATIVO
APLICAÇÃO DA LEI GERAL DE
PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS (LGPD)
por agentes de tratamento
no contexto eleitoral
Brasília
TSE
2021
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
Presidente
Ministro Luís Roberto Barroso
Vice-Presidente
Ministro Edson Fachin
Ministros
Ministro Alexandre de Moraes
Ministro Mauro Campbell Marques
Ministro Benedito Gonçalves
Ministro Sérgio Banhos
Ministro Carlos Horbach
Procurador-Geral Eleitoral
Augusto Aras
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Jair Messias Bolsonaro
Capa
Bruna Pagy
Projeto gráfico e diagramação
Verônica Estácio
Seção de Editoração e Programação Visual (Seprov/Cedip/SGI)
Revisão
Paula Lins e Valéria Carneiro
Seção de Preparação e Revisão de Conteúdos (Seprev/Cedip/SGI)
Guia orientativo : aplicação da Lei geral de proteção de dados pessoais (LGPD) por agentes
de tratamento no contexto eleitoral [recurso eletrônico]. – Dados eletrônicos (65 páginas).
– Brasília : Tribunal Superior Eleitoral, 2021.
1. Brasil. Lei geral de proteção de dados (2018). 2. Proteção de dados pessoais – Brasil. 3.
Processo eleitoral – Brasil. I. Brasil. Presidência da República. Autoridade Nacional de Proteção de
Dados Pessoais. II. Brasil. Tribunal Superior Eleitoral.
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A Ouvidoria do TSE pode ser contatada mediante preenchimento de formulário eletrônico
disponível em: https://www.tse.jus.br/eleitor/servicos/ouvidoria.
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DADOS PESSOAIS, DADOS
SENSÍVEIS E APLICAÇÃO DA
LGPD AO CONTEXTO ELEITORAL
10. A forma mais simples de identificação direta é pelo nome completo, por
meio do qual é possível, em regra, distinguir uma pessoa de outra. Em
algumas situações, no entanto, o nome pode não ser um identificador
suficiente, como no caso de homônimos. Nessas hipóteses, a
identificação da pessoa ocorre de forma indireta, pela combinação de
outras informações, como o nome da mãe e a data de nascimento.
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13. Por sua vez, dados pessoais sensíveis são uma categoria de dados
pessoais especialmente protegida pela LGPD, devido à sua maior
vinculação a direitos fundamentais e ao maior risco relacionado ao seu
uso. A definição legal está prevista no art. 5º, II, da LGPD:
Art. 5º [...]
II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou
étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a
organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente
à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando
vinculado a uma pessoa natural;
14. A LGPD determinou que os dados sensíveis sejam tratados com maior
cautela, observadas regras mais restritivas do que aquelas que se aplicam
a outros dados pessoais. A lei presumiu que a utilização indevida dessas
informações tem o potencial de gerar restrições significativas ao exercício
de direitos fundamentais, como atos de discriminação racial, étnica ou
em razão de orientação sexual, considerando a pessoa titular de dados
em posição mais vulnerável em relação a agentes de tratamento.
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15. No âmbito das campanhas políticas, que recorrem, cada vez mais,
a processos automatizados de tratamento de dados pessoais para
apresentar propostas e se aproximar de seus(suas)potenciais eleitoras
e eleitores, o respeito às disposições da LGPD desempenha papel crucial
para o estabelecimento de uma relação de confiança entre candidatas
ou candidatos e eleitoras ou eleitores, bem como para assegurar a estes
as condições necessárias para uma escolha autônoma e bem-informada.
O tratamento irregular de dados pessoais e, em particular, de dados
sensíveis, no âmbito das campanhas políticas, pode gerar impactos
negativos sobre a lisura do processo eleitoral e sobre a igualdade de
oportunidades entre candidatas e candidatos.
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AGENTES DE TRATAMENTO
NO CONTEXTO ELEITORAL
22. O controlador, nos termos do art. 5º, VI, da LGPD, é o agente responsável
por tomar as principais decisões referentes ao tratamento de dados
pessoais e por definir a finalidade desse tratamento.
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26. Uma pessoa natural poderá ser controlador nas situações em que é a
responsável pelas principais decisões referentes ao tratamento de dados
pessoais. Nessa hipótese, a pessoa natural age de forma independente
e em nome próprio, e não de forma subordinada a uma pessoa jurídica
ou como membra ou membro de um órgão desta.
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São elas: (i) entidade ou governo estrangeiro; (ii) órgão da administração pública
direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do poder público;
(iii) concessionário ou permissionário de serviço público; (iv) entidade de direito privado
que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de
disposição legal; (v) entidade de utilidade pública; (vi) entidade de classe ou sindical;
(vii) pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior; (viii) entidades
beneficentes e religiosas; (ix) entidades esportivas; (x) organizações não governamentais
que recebam recursos públicos; (xi) organizações da sociedade civil de interesse público.
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ajuste se mostra uma boa prática, uma vez que as cláusulas contratuais
impõem limites à atuação do operador, fixam parâmetros objetivos para
a alocação de responsabilidades entre as partes e reduzem os riscos e as
incertezas decorrentes da operação. Os pontos que podem ser definidos
contratualmente são o objeto, a duração, a natureza e a finalidade
do tratamento dos dados, os tipos de dados pessoais envolvidos e
os direitos, as obrigações e as responsabilidades relacionados ao
cumprimento da LGPD.
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35. Conforme a LGPD, art. 42, § 1º, II, há responsabilidade solidária quando
mais de um controlador estiver diretamente envolvido no tratamento,
à exceção das hipóteses previstas no art. 43. Assim, embora a LGPD não
explicite o conceito de controladoria conjunta, é possível inferir que ele
está contemplado no sistema jurídico de proteção de dados.
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37. Grande parte dos casos de uso de mídia social para campanhas políticas
podem configurar controladoria conjunta, visto que tanto a candidata
ou o candidato quanto a plataforma podem tomar decisões sobre a
forma e a finalidade do tratamento de dados pessoais, observadas as
limitações previstas na legislação eleitoral.
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Acessível em: https://www.gov.br/anpd/pt-br/documentos-e-publicacoes/2021.05.27G
uiaAgentesdeTratamento_Final.pdf.
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PRINCIPAIS BASES LEGAIS
42. A avaliação a ser realizada pelo controlador para a definição da base legal
mais adequada e segura para que um dado pessoal possa ser coletado,
armazenado e processado deve considerar a finalidade específica a ser
alcançada por meio do tratamento, além do contexto do caso concreto.
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44. A seguir, serão abordadas as principais bases legais que podem dar
amparo ao tratamento de dados pessoais para o exercício de atividades
de natureza político-eleitoral. Vale ressaltar que não serão avaliadas
todas as bases legais previstas na LGPD, mas apenas aquelas mais
relevantes para o contexto avaliado.
46. Nos termos do art. 5º, XII, da LGPD4, adotar o consentimento como
base legal para uma determinada operação de tratamento pressupõe
um processo de tomada de decisão livre, bem informado e inequívoco
pela pessoa titular do dado pessoal acerca da sua utilização para uma
finalidade específica.
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Art. 5º [...]
XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular
concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada;
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Pela relevância do assunto, é importante expor que a finalidade declarada pelo controlador
de dados para a realização de operações de tratamento não poderá ser genérica ou
ampla, sendo imprescindível a apresentação de informações pormenorizadas, claras e
em linguagem acessível, de forma que a pessoa titular possa consentir ou não com o
tratamento desejado de forma consciente.
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52. Dessa forma, além dos requisitos previstos no art. 7º da LGPD, que
exigem que o consentimento para a utilização de dados pessoais não
sensíveis deve ser livre, informado e inequívoco, para dados pessoais
sensíveis, o(a) agente deve comprovar que o consentimento foi obtido
de forma específica e destacada em relação a outras comunicações
mantidas com a pessoa titular do dado.
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Por fim, o partido Ômega deve ser capaz de demonstrar que a pessoa
titular de dados efetivamente manifestou sua vontade no sentido de
consentir com o tratamento pretendido. Assim, para ser considerado
válido, o consentimento deve resultar de uma ação clara da pessoa titular,
que pode ocorrer por meio de um “clique” em um botão destacado,
pela marcação em uma caixa de texto em branco contida em formulário
eletrônico, pela assinatura em formulário impresso ou por formas similares
disponibilizadas pelo partido. Vale destacar que deve ser conferida à pessoa
titular a efetiva possibilidade de aceitar ou recusar o tratamento, de modo
que o fornecimento de uma única opção, o silêncio ou a continuidade de
acesso à página do partido político, sem ações concretas no sentido de
concordar com o tratamento pretendido, não pode ser considerado como
consentimento válido.
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54. A base legal da obrigação legal ou regulatória pode ser utilizada tanto
para dados pessoais sensíveis quanto para dados não sensíveis ou
ordinários e autoriza o tratamento de dados pessoais pelo controlador
para o cumprimento de obrigações legais ou regulatórias.
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Art. 19. Deferido internamente o pedido de filiação, o partido político, por seus órgãos de
direção municipais, regionais ou nacional, deverá inserir os dados do filiado no sistema
eletrônico da Justiça Eleitoral, que automaticamente enviará aos juízes eleitorais, para
arquivamento, publicação e cumprimento dos prazos de filiação partidária para efeito de
candidatura a cargos eletivos, a relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará
a data de filiação, o número dos títulos eleitorais e das seções em que estão inscritos.
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62. Ressalta-se que, caso o partido político, candidata ou candidato faça uso
dessa base legal, as regras do art. 10 da LGPD deverão ser observadas,
tais como os destaques conferidos aos princípios da necessidade,
da finalidade (§ 1º) e da transparência (§ 2º). Além disso, segundo o
§ 3º desse artigo, a ANPD poderá solicitar a elaboração de relatório de
impacto à proteção de dados pessoais, por meio do qual o controlador
deverá comprovar a observância dos requisitos estabelecidos pela LGPD
para o tratamento.
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Além disso, o partido Alpha deve limitar a utilização dos dados pessoais à
finalidade declarada, não podendo utilizá-los para outras finalidades, como
o desenvolvimento de perfis de pessoas usuárias a partir dos hábitos de
navegação. Caso o partido pretenda utilizar os dados pessoais para essa
segunda finalidade, deverá, necessariamente, fazê-lo com fundamento
em outra base legal, como o consentimento, ou realizar nova avaliação de
legítimo interesse. Além disso, somente os dados pessoais estritamente
necessários para a finalidade pretendida poderão ser tratados e o controlador
deverá adotar medidas para garantir a transparência do tratamento.
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PRINCÍPIOS DA FINALIDADE,
DA ADEQUAÇÃO E DA
NECESSIDADE
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Art. 6º [...]
I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e
informados ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível
com essas finalidades;
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Art. 6º [...]
II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas ao titular,
de acordo com o contexto do tratamento;
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Art. 6º [...]
III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas
finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em
relação às finalidades do tratamento de dados;
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68. Vale enfatizar que os dados pessoais coletados somente podem ser
utilizados para uma nova finalidade se ela for compatível com a finalidade
original. Caso contrário, será necessário verificar novamente qual a base
legal adequada, o que pode ensejar a obtenção de novo consentimento
ou, ainda, fundamentar o tratamento por meio de outras bases legais,
tais como a necessidade de cumprimento de uma obrigação legal ou o
legítimo interesse.
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RESPONSABILIZAÇÃO E
PRESTAÇÃO DE CONTAS
(ACCOUNTABILITY)
• as finalidades do tratamento;
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77. O PGP deve ser aplicável a todo o conjunto de dados pessoais que sejam
tratados pelo(a) agente, independentemente do modo como a coleta
foi realizada. A coleta de dados pessoais pode ser realizada diretamente
com as pessoas titulares ou intermediada por diferentes agentes de
tratamento, por exemplo, por meio de atividades de corretagem. As
corretoras de dados agregam informações e segmentam titulares
de acordo com características que consideram relevantes em cada
contexto. As organizações que estejam envolvidas nessas relações
devem definir claramente seus papéis, sejam elas controladoras ou
operadoras de dados, e, consequentemente, a atribuição de obrigações
e responsabilidades decorrentes de cada uma dessas funções de
tratamento, em particular no respeito aos princípios da LGPD, aos
direitos das pessoas titulares de dados e à legislação eleitoral.
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80. Por fim, o PGP deve estar integrado à estrutura geral de governança
de agentes de tratamento e deve estabelecer e aplicar mecanismos
de supervisão internos e externos. É essencial que ele seja atualizado
constantemente com base em informações obtidas a partir de
monitoramento contínuo e avaliações periódicas.
81. Além disso, a LGPD determina, no art. 37, que agentes de tratamento
devem manter registro das operações de tratamento de dados pessoais
que realizar. Embora seja dado destaque para essas atividades de registro
no caso de uso da hipótese legal do legítimo interesse, é importante
frisar que a manutenção desses registros é obrigatória para qualquer
atividade de tratamento de dados.
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Guia Orientativo para Definições dos Agentes de Tratamento de Dados Pessoais e do
Encarregado disponível em: https://www.gov.br/anpd/pt-br/documentos-e-publicacoe
s/2021.05.27GuiaAgentesdeTratamento_Final.pdf.
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DIREITOS DA PESSOA
TITULAR, TRANSPARÊNCIA
E LIVRE ACESSO
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Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de decisões tomadas
unicamente com base em tratamento automatizado de dados pessoais que afetem seus
interesses, incluídas as decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de
consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade.
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Art. 5º [...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
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PREVENÇÃO E SEGURANÇA
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Guia Orientativo Segurança da Informação para Agentes de Tratamento de Pequeno
Porte disponível em: https://www.gov.br/anpd/pt-br/assuntos/noticias/anpd-publica-
guia-de-seguranca-para-agentes-de-tratamento-de-pequeno-porte.
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Conscientização e treinamento
Gerenciamento de contratos
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103. Tais instrumentos poderão conter, por exemplo, cláusulas que tratam
de:
105. Sobre esse aspecto, a ANPD sugere que, caso o(a) agente de tratamento
possua rede interna de computadores, seja implementado sistema de
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Art. 13. [...]
§ 4º [...] pseudonimização é o tratamento por meio do qual um dado perde a possibilidade
de associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de informação adicional
mantida separadamente pelo controlador em ambiente controlado e seguro.
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124. Por fim, sugere-se que sejam especificados os requisitos para o acesso
da pessoa usuária a cada serviço em nuvem utilizado, bem como que
sejam usadas técnicas de autenticação multifator (MFA), por exemplo,
aplicativos autenticadores ou short message service (SMS) para acesso
aos serviços em nuvem relacionados a dados pessoais.
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Informações sobre incidentes de segurança com dados pessoais e sua avaliação para
fins de comunicação à ANPD, disponível em: https://www.gov.br/anpd/pt-br/assuntos/
incidente-de-seguranca.
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O plano de resposta a incidentes faz parte do programa de governança em privacidade,
conforme o art. 50, § 2º, I, da LGPD.
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Orientações disponíveis em: https://www.gov.br/anpd/pt-br/assuntos/incidente-de-
seguranca.
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Formulário disponível em: https://www.gov.br/anpd/pt-br/assuntos/atual-formulario-
de-comunicacao-de-incidentes-de-seguranca-com-dados-pessoais_01-03-2021-4.docx.
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PROTEÇÃO DE DADOS E
LEGISLAÇÃO ELEITORAL
NA PRÁTICA
132. O ponto central a ser considerado é que um mesmo fato pode gerar
repercussões em esferas jurídicas diferentes. Por exemplo, o art. 18,
§ 8º, da LGPD deixa claro que, além de se dirigir à ANPD, as pessoas
titulares de dados também poderão reclamar de controladores nos
órgãos de defesa da consumidora e do consumidor. Já o art. 52, § 2º,
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133. Esse mesmo princípio deve ser aplicado à seara eleitoral. Dessa forma,
um mesmo fato poderá eventualmente ser objeto de fiscalização,
orientação e aplicação de sanções tanto pela ANPD como pela Justiça
Eleitoral, observados o contexto fático e as disposições jurídicas
aplicáveis à hipótese.
134. A esse respeito, a LGPD (art. 55-J, § 3º) estabelece que a ANPD deve
atuar em coordenação e articulação com outros órgãos e entidades
públicas, visando assegurar o cumprimento de suas atribuições com
maior eficiência e promover o adequado funcionamento dos setores
regulados. O presente guia é fruto, justamente, da cooperação
estabelecida entre a ANPD e o TSE, com o fim de fornecer orientações
uniformes aos agentes de tratamento que atuam no campo eleitoral.
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Conforme preceito análogo previsto na legislação eleitoral (art. 38, Res.-TSE
nº 23.610/2019), “a atuação da Justiça Eleitoral em relação a conteúdos divulgados na
internet deve ser realizada com a menor interferência possível no debate democrático
(Lei nº 9.504/1997, art. 57-J)”.
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137. Por fim, a ANPD não possui competência para atuar em matérias
submetidas à competência exclusiva da Justiça Eleitoral, tais
como: (i) a aplicação de sanções previstas na legislação eleitoral;
(ii) a moderação de conteúdos com finalidade político-eleitoral;
(iii) a fiscalização sobre a propaganda eleitoral; e (iv) a concessão de
direito de resposta.
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Para uso dessa base de dados nas eleições de 2022, deverá ser identificada
a base legal mais apropriada à hipótese, nos termos dos arts. 7º ou 11 da
LGPD, assim como os direitos das pessoas titulares e os princípios constantes
no art. 6º da LGPD.
142. A legislação eleitoral (art. 57-E, § 1º, da Lei 9.504/1997; art. 31, § 1º,
Res.-TSE nº 23.610/2019) proíbe a venda de cadastro de endereços
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143. Eventual infração pode ser penalizada pela Justiça Eleitoral com multa
de até R$30.000,0021, bem como a cassação do registro ou diploma,
caso caracterizado o abuso do poder político ou econômico e o uso
indevido dos meios de comunicação22.
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Para ver o rol completo, verificar o art. 24 da Lei 9.504/1997 ou, ainda, a nota de rodapé
1 deste guia.
21
Art. 57-E, § 2º, da Lei nº 9.504/1997 e art. 31, § 2º, da Res.-TSE nº 23.610/2019.
22
Lei Complementar nº 64/1990, art. 22:
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral
poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional,
relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de
investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou
do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação
social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:
[...] XIV - julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos,
o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído
para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a
se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da
cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência
do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de
comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para
instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer
outras providências que a espécie comportar. (Redação dada pela Lei Complementar
nº 135, de 2010).
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23
Não estão submetidas a esse regramento “as mensagens eletrônicas e as mensagens
instantâneas enviadas consensualmente por pessoa natural, de forma privada ou em
grupos restritos de participantes [...]” (art. 33, § 2º, Res.-TSE nº 23.610/2019).
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Por fim, é de se notar que, ainda que se pretendesse invocar outra base
legal para o tratamento, igualmente seria necessário prestar informações
às pessoas titulares dos dados pessoais sobre a finalidade da coleta, até
mesmo para poder avaliar se o tratamento que efetivamente venha a ser
dado será ou não compatível com a finalidade informada à pessoa titular.
Impulsionamento de conteúdo
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De acordo com a Res.-TSE nº 23.610/2019 (art. 37, XIV), impulsionamento de conteúdo
é “o mecanismo ou serviço que, mediante contratação com os provedores de aplicação
de internet, potencializem o alcance e a divulgação da informação para atingir usuários
que, normalmente, não teriam acesso ao seu conteúdo, incluída entre as formas de
impulsionamento a priorização paga de conteúdos resultantes de aplicações de busca
na internet, nos termos do art. 26, § 2º, da Lei nº 9.504/1997”.
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158. Entre outros aspectos que devem ser observados, conforme o exposto
neste guia, destacam-se aqui quatro pontos essenciais para se avaliar
a conformidade do impulsionamento de conteúdo com a LGPD.
25
CRUZ, F. B. et al. Direito eleitoral na era digital. Belo Horizonte: Letramento, 2018,
p. 172; Information Commissioner’s Office. Democracy disrupted? Personal information
and political influence, 2018, p. 27-28. Disponível em: https://ico.org.uk/media/action-
weve-taken/2259369/democracy-disrupted-110718.pdf. Acesso: 7 out. 2021.
26
Conforme o art. 12, § 2º, da LGPD: “poderão ser igualmente considerados como dados
pessoais, para os fins desta lei, aqueles utilizados para formação do perfil comportamental
de determinada pessoa natural, se identificada”.
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163. Por fim, os direitos das pessoas titulares devem ser respeitados. Os(as)
agentes de tratamento, incluindo partidos, candidatas, candidatos,
coligações, federações e plataformas digitais, devem dar preferência a
mecanismos intuitivos e de fácil acesso, que confiram à pessoa titular
a efetiva possibilidade de controlar o uso de seus dados. Nessa linha,
podem ser disponibilizadas ferramentas simplificadas que viabilizem,
entre outras funcionalidades, o bloqueio de anúncios indesejados
e a apresentação de requerimentos diversos, como nos casos de
descadastramento, eliminação de dados, revogação de consentimento
ou de oposição ao tratamento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Esta obra foi composta nas fontes George Rounded Semibold, corpo 16
e Calibri (Regular, Bold e Italic), corpo 12, entrelinhas de 14,4 pontos.