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O sonho do Inédito

Ai aquela ida aos Açores!!!

Ao fim da tarde o Eng.º Jacinto em amena cavaqueira com o Inédito e o Zé de França,


conversavam ao redor da mesa no largo principal. Conversavam sobre a engraçada
situação em que as esposas os deixaram abandonados à sua rica sorte, beberam umas
cervejas, riram da situação e ao escurecer voltaram todos para casa!

O Eng.º Jacinto regressou à cidade!

Já o Zé de França e o Inédito, foram para as suas casas, jantar e dormir, que o amanhã
traz consigo muita labuta! - Se o Zé de França jantou e adormeceu rapidamente, já o
inédito teve sorte diversa!

Jantou, aquela sopa juliana que tinha no frigorífico, seguiu com as favas guisadas com
chouriço que sobraram do almoço acompanhadas de um copito de tinto e foi para a
cama…mas…aquela cama não era a mesma…ai a minha Ófrasia, a minha Ófrasia! –
Voltas e mais voltas na cama, barriga inchada…finalmente…

Este ruído constante de movimentos, que é isto?– Espreita pela janela, como é?

– Na placa dizia, Estação de Rio de Mouro!

– Bem parece um bom sítio para deixar o comboio!

– Confuso, saiu do comboio e da estação, na hora de decidir por onde seguir, escolheu o
Norte, o Norte é um bom ponto de referência, subiu as escadas e começou a vaguear, a
observar a rua o trânsito… deu por si numa praceta ao fundo da qual havia um pequeno
restaurante “ o Cantinho”, olhou para o relógio de pulso, “12H20” vou almoçar!

Entrou, sentou-se junto ao canto numa mesa de dois lugares e aguardou… boa tarde, sou
a Idalina, vou já buscar-lhe a carta!

O Inédito ficou a pensar…alguém me escreveu?…como?…nunca aqui estive?

Ora então aqui tem a carta, 3-pratos de peixe e 5 de carne, a nossa cozinheira Olívia
recomenda, arroz de serrabulho ou cozido à portuguesa e claro, ficará muito bem servido
com qualquer outro prato à sua escolha! – Já agora! – E para beber?

Tem calma Idalina, ainda nem tive tempo de pensar e já agora!

A Olívia está boa de saúde? – Sim, ainda bem que isto de restaurante é uma enorme
trabalheira e com o movimento que vejo nem sei como as duas conseguem dar despacho!
– Claro, estão na flor da idade e forças é coisa que não vos falta…olha peço já tudo, toma
nota:

1-sopa de ossos com hortaliça!


1-pão com azeitonas!

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28/05/2023 20:07 – Autor: Ângelo P. Cruz. *Autorizo a reprodução do texto na íntegra, não parcialmente.
O sonho do Inédito

2-queijinhos do azeite!
1-cozido à portuguesa… mas manda lá isso bem aviado!
1-garafa 7,5 de vinho tinto, do “Vale da Burra”!
E no fim, escolho as sobremesas!

Calmamente, se foi deleitando com esta refeição enquanto pensava na volta a dar após o
repasto, pensou…que iria à aventura ou rua acima rua abaixo para ver a
paisagem…pensou que talvez encontra-se a prima Isabel que dava aulas numa escola…lá
por Lisboa…pensou, penso que o Rio de Mouro é lá para Lisboa!
Enquanto pensou, o tempo passou, o prato vazou e…Ó Idalina que tens por aí para
sobremesa?
- Baba de camelo, arroz doce, bolo de bolacha, melão e salada de fruta. Isso tudo!
Pois então, traz-me isso tudo, um café e um medronho!

O restaurante foi naturalmente vazando e a curiosa Idalina começou perguntando;


Quer mais alguma coisa?
Então ficou satisfeito?
Você não é daqui!
Mudou-se para cá?
Entretanto chega a Olívia e, olha quem eu vejo!!! – que fazes por aqui? – e… por ali
ficaram a conversar…

Porque conversas não lavam loiça, chegou a hora de irem todos à vida!
A Idalina e a Olívia retomaram a labuta e o Inédito foi à descoberta de novos horizontes.
Decidiu fazer algum exercício, bem preciso, para já vou subir, aqui uns degraus, mais uma
praceta, outra praceta, ena, aqui as ruas têm nomes giros, flores e frutos, ora esta chama-
se Praceta das Amoreiras…amoras, muito bom estou a gostar, Sinfónica?
– Estou mesmo curioso!
– Vou bater à porta, USCARM!
- Truz-truz, há alguém? – Ouviu vozes, esperou…
Chega uma senhora, boa tarde, precisa alguma coisa?
O Inédito fica espantado, confuso…esta senhora é tão parecida com a menina Joaninha,
finalmente consegue falar;
Boa tarde minha senhora, estou, estou, estou tão confuso!
Já ouviu falar na Aldeia do Monte?
Sim, os meus avós eram de lá!
– Olhe aguarde aqui um pouquinho enquanto acabo a aula e depois já conversamos!
O Inédito sentou-se numa cadeira, ouvia levemente as vozes da sala ao lado num sussurro
como se as águas da cascata passassem por ali e calmamente, adormeceu…

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28/05/2023 20:07 – Autor: Ângelo P. Cruz. *Autorizo a reprodução do texto na íntegra, não parcialmente.

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