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Curso da Guarda Municipal de Maricá

- Direitos e Garantias Fundamentais –

Parte teórica:

A política de segurança se ancora na Constituição e deve respeitar os Direitos


Humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei Maria da
Penha, as leis de combate ao racismo e à LGBTfobia, os direitos trabalhistas e
sociais. Deve ser pública e desmilitarizada, ter vocação preventiva e ação
enraizada na comunidade, respeitando as liberdades democráticas.

Lei 13.022/2014: institui as normas gerais para as Guardas Municipais


(Estatuto Geral das Guardas Municipais)

- As classifica como polícias de um novo tipo, polícias com vocação


comunitária, garantidoras de direitos, não violentas e não repressivas: atuação
na prevenção e compreensão dos problemas sociais que afetam a vida dos
cidadãos, especialmente da população mais pobre (cujos direitos são menos
respeitados)

= foram vocacionadas por lei como uma política de garantia de direitos


fundamentais (dentre eles o direito à segurança)

- Tentativa de melhorar as relações entre a segurança pública e a


população.

Art. 3º São princípios mínimos de atuação das guardas municipais:

I – proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da


cidadania e das liberdades públicas;

II – preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das


perdas;
III – patrulhamento preventivo;

IV – compromisso com a evolução social da comunidade; e

V – uso progressivo da força.

Inciso III e V tratam de procedimentos técnicos, mas fundamentais à ideia de


defesa dos direitos e garantias fundamentais, que devem ser observados
rigorosamente pelos agentes. (investimento em equipamentos de menor
potencial ofensivo e treinamento de seus efetivos)

= lei enfatiza a necessidade de proteger não só os “Direitos Humanos


fundamentais”, mas também o “exercício da cidadania” e as “liberdades
públicas”.

DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS:

= Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), consistem em


garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações
ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana. (a
dignidade humana é o principio que vai nortear a CF/88, assim como a
soberania, a cidadania, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o
pluralismo político: art. 1º da CF/88)

➔ São os direitos determinados pelo ordenamento jurídico que o Estado


tem a obrigação de garantir por meio de políticas públicas, como por
exemplo acesso à saúde, educação, habitação, trabalho, lazer, etc.

EXERCÍCIO DA CIDADANIA:

= tá relacionada com o exercício da democracia: é exercer direitos civis,


políticos e sociais.
Sugestão de leitura: Carvalho, José Murilo – Cidadania no Brasil – O
longo caminho e T.H. Marshall – Cidadania, classe social e status

Direitos civis: relacionados às liberdades individuais: art. 5º da CF/88, que


prevê que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”
e que o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade
são invioláveis tanto aos brasileiros quanto aos estrangeiros residentes no
país.

Direitos fundamentais: vida, liberdade, honra, privacidade, propriedade,


integridade física.

Garantias fundamentais: instrumentos de proteção dos direitos = devido


processo legal, presunção de inocência, ampla defesa, direito ao silêncio,
proteção de dados.

= 79 incisos e 4 parágrafos

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações;

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa


senão em virtude de lei;

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou


degradante

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de


indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo


assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida a proteção dos
locais de culto e suas liturgias

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou


de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente da sua violação;

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo


penetrar sem consentimento do morador, alvo em caso de flagrante delito ou
desastre, para prestar socorro ou, durante o dia, por determinação judicial.

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal;

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,


atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempos de paz,


podendo qualquer pessoa nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais


abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.

XXII – é garantido o direito de propriedade;

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e


liberdades fundamentais;

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,


sujeito a pena de reclusão

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis a insuscetíveis de graça ou


anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras,


as seguintes:

a) a privação ou restrição da liberdade;


b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII – não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada


b) de caráter pérpetuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis

XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido


processo legal;

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa com os
meios e recursos a ela inerentes;

LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios


ilícitos;

LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de


sentença penal condenatória;

LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar;
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada;

LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de


permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;

LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua


prisão ou por seu interrogatório policial;

LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade


judiciária;

LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei


admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

LXVIII – conceder-se-á ‘habeas corpus’ sempre que alguém sofrer ou se


achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

LXXIX – é assegurado o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive


nos meios digitais;

Direitos políticos: capítulo IV da CF/88: permitem que uma população passo


ter participação social ativa, intervindo nas questões políticas e sociais
importantes. Possibilitam a soberania popular, a participação do povo de forma
direta ou indireta no funcionamento do Estado e sua organização. Não se
resume ao ato de votar/ser votado pelo ‘voto secreto’ nos períodos eleitorais,
mas também poder votar em plebiscitos e referendos, propor ‘ações populares’,
criar ou participar de movimentos populares, organizar e militar em partidos
políticos, etc.

Direitos sociais: existem para melhorar as condições de vida. São direitos


sociais (Art. 6º CF/88): a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

A segurança é, portanto, um direito social e a sua garantia constitucional visa


assegurar à população o ‘exercício pleno’ de todos os outros direitos.

Liberdades públicas: são garantidas e limitadas legalmente. São ‘públicas’


porque o Direitos as reconhece e protege. Ex: a atividade sindical, a greve, as
manifestações populares.

Podem ser chamadas de liberdades fundamentais, porque se relacionam aos


direitos fundamentais, à dignidade humana

Evolução Social da Comunidade: a Lei 13022/2014 compromete os


profissionais de segurança pública com a evolução social da comunidade, um
entendimento progressista para as ações das Guardas Municipais = é
estabelecido como princípio a atuação das Guardas Municipais na prevenção
primária, pois estão comprometidas com as políticas públicas que visam à
melhoria da condição de vida da sociedade municipal.

Preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas: a


mesma lei impõe que os guardas municipais ajam no sentido de ‘preservar a
vida’, de reduzir o ‘sofrimento’ e de ‘diminuir as perdas’. Preservar a vida não
significa apenas protege-la de atentados, mas também o esforço de mantê-la
dentro das possibilidades dos guardas municipais, como primeiros socorros,
providências para o socorro de urgência, etc.

= se aplica a toda e qualquer pessoa, independente da situação


socioeconômica e criminal.

Deve prezar por reduzir o sofrimento humano, seja ele qual for, tanto pela ação
direta do guarda municipal quanto pelo rápido encaminhamento. A ação –
direta ou indireta – das Guardas Municipais pode diminuir as perdas materiais e
humanas em diversos tipos de ocorrência: especialmente diante de tragédias, a
preservação da vida e a diminuição das perdas significa a redução do
sofrimento.

Esses são os princípios norteadores da Lei, que devem embasar as ações das
Guardas Municipais naquilo que lhes for legalmente previsto como
competência geral e competências específicas.

- Servem como limites ao poder estatal

- Limites da discricionariedade policial (do agente público)

Casos de violência policial x ética policial

Lei 13.869/19 – Abuso de autoridade

Lei que orienta a atuação da Administração Pública com relação aos direitos
particulares.

Proteção dos agentes dos cidadãos ante ao abuso de agentes públicos


(Direitos Humanos)

Práticas/Éticas institucional

Legislação

Abordagem policial:

1) Fundamento da abordagem: fundada suspeita


Discussão: o que é fundada suspeita?
Seletividade policial + agenda institucional
• Ninguém deve ser privado de seu direito ou discriminado por
usar tatuagens ou vestes de acordo com seus costumes
religiosos;
• Nenhuma abordagem deve ser motivada por racismo;
• Estar em situação de rua não é crime e não fundamenta por si
só a revista pessoal;
• Deve ser respeitado o direito de manifestação;
• O direito de ir e vir abrange também o de estar ou ficar onde
quiser estar;

JULGADO DO STF: fundada suspeita não pode se basear em parâmetros


unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos (objetivos) que indique a
necessidade de revista.

Decisão do STJ que considerou ilegal a busca baseada na impressão subjetiva


do policial quanto à atitude suspeita do abordado (o que é atitude suspeita?)

PROCEDIMENTO:

a) Identificar-se como agente de segurança pública


b) Emitir ordens claras e objetivas
c) Toda pessoa tem dever de se identificar mesmo que verbalmente (mas
não é obrigada a portar documento de identidade)
d) Solicitar documentação
e) Se necessário, realizar busca pessoal
f) Confirmada situação de ilícito penal: levada à Delegacia; não confirmada:
liberada.

2) Identificação:

Todo policial militar e todo guarda municipal em exercício deve ser


identificado por meio da farda.
Na parte da frente da frente possui o nome gravado de maneira visível, não
podendo o policial usar de meios para escondê-lo (art. 5º, LXIV, CF)

Qualquer pessoa que seja abordada possui o direito de saber o motivo


e o nome do policial (inclusive o civil) e do guarda que está realizando a
abordagem e a condução.

3) Revista/busca pessoal (art. 244; 240, p. 2º, CPP)

Regra: com ordem judicial.

Diferente abordagem policial: busca em veículos, documentos etc porque é


feita revista no corpo e nas vestes da pessoa abordada, com contato físico.

Os policiais civis ou militares só podem fazer buscas pessoas sem ordem


do juiz quando tiver FUNDADA suspeita de que a pessoa está escondendo
armas de fogo, drogas ou objetos que serão/foram usados para a prática de
crimes.

O policial pode revistar bolsas, sacolas e mochilas sem mandado judicial,


mas precisa ter algum indício que justifique a suspeita. Ele não pode parar
alguém por estar na periferia, pela cor da pele, orientação sexual, gênero ou
pela forma como está vestido.

Modo:

Deve solicitar que o cidadão coloque as mãos para o alto enquanto faz a
revista, sem agressividade, gritaria e/ou xingamentos.

Busca pessoal em mulher deve ser feita por policial feminina (art. 249,
CPP)! (a própria lei estabelece exceções: retardamento ou prejuízo da
ocorrência).

Quem deve realizar a abordagem de pessoas transgênero/travestis?


Sexo x Orientação Sexual x Identidade de gênero

SEXO = BIOLÓGICO

MASCULINO X FEMININO

ORIENTAÇÃO SEXUAL = CAPACIDADE DE SENTIR ATRAÇÃO


EMOCIONAL E/OU SEXUAL

HETEROSSEXUAIS: atração pelo gênero oposto

HOMOSSEXUAIS: atração pelo mesmo gênero

BISSEXUAL: atração por ambos os gêneros.

ASSEXUAIS: nenhum dos gêneros.

IDENTIDADE DE GÊNERO = EXPERIÊNCIA INTERNA E INDIVIDUAL E


IMAGEM SOCIAL – COMO SE VÊ E SE RECONHECE SOCIALMENTE.

CISGÊNERO: pessoa se identifica com o gênero atribuído no nascimento

TRAVESTIS: a travesti não se identifica propriamente com o gênero oposto


ao que lhe foi atribuído no nascimento. Não se entendem propriamente
como “homens” ou como “mulheres”, mas como travestis. Não reivindicam a
identidade “mulher”, apesar de apresentar expressão de gênero
predominantemente feminina, devendo ser tratadas como pertencentes
ao gênero feminino.

TRANSGÊNERO: não vivencia e não se identifica com o gênero atribuído


no seu nascimento.

HOMEM TRANS – sexo: feminino/identificação social: masculino

MULHER TRANS – sexo: masculino/ identificação social: feminina


Uma vez identificado que a pessoa é transgênero: respeito à imagem social
que a pessoa passa.

a) Agente deve verificar documentos de identidade e observar se houve


alteração do nome social;
b) Perguntar a forma como quer ser chamada;
c) Mulher transexual e travesti: efetivo FEMININO;
d) Homem transexual: perguntar o que prefere ou efetivo FEMININO.
RECOMENDAÇÃO CONJUNTA DA DPU + SECRETARIA NACIONAL
DE SEGURANÇA PÚBLICA.
e) Não deve passar as mãos nas partes íntimas
f) Condução – mulheres devem ser conduzidas junto com mulheres;
homens juntos com homens; menores separados de maiores.
Homens trans devem ser conduzidos separados de outros homens;
mulheres trans e travestis devem ser conduzidas com mulheres.

PRESERVAÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADADE DA PESSOA


HUMANA.

Não pode fazer comentários jocosos sobre nome.


Importante! Abordagem de homossexuais por estarem demonstrando
afeto em público.
Qual é o limite? Um casal heterossexual. “aiii, porque tem uma criança
perto”. Não importa. Beijos e afeto público não é causa justificada para
abordagem.
Agentes de segurança devem garantir a integridade física desses
cidadãos.
Exceção: prática de ato obsceno em lugar aberto ou exposto ao público
– inclui veículo, varanda de residência (Ex: felação; sexo; masturbação)

Respeitar é dever! Respeito às liberdades individuais. Crime – STF


decidiu que homofobia e transfobia são crimes equiparados ao racismo.

4) Devolução de pertences pessoais:


Após qualquer revista, os policiais devem devolver os documentos pessoais
do revistado e os seus pertences, a ex de mochila, relógio, celular, desde
que não seja comprovada a origem ilícita de tais objetos.

Documentos pessoais não podem ser objeto de apreensão (ex:


veículos)

SALVO FALSIDADE DOCUMENTAL PORQUE AÍ CARACTERIZA


OBJETO DO DELITO.

Tudo que for apreendido deve ser entregue ao delegado, não podendo o
policial ficar na posse de nenhum objeto.

Importante! Não podem rasgar documentos, fotografias ou quebrar


objetos.

5) Abordagem de veículos
• Durante a blitz, o policial deve solicitar que o motorista pare o
veículo, sem atitudes ou condutas grosseiras e agressivas.
• O motorista deve apresentar o seu documento pessoal e o
documento do veículo que, após serem vistos pelo policial,
devem ser imediatamente devolvidos.
• Caso exista suspeita de que o motorista está escondendo
armas, drogas ou objetos de crime, o policial poderá revistar
os compartimentos do veículo, sem quebrá-los ou danificá-los.
• Os passageiros devem sair do veículo e o motorista deve
acompanhar todo o procedimento de verificação (pode
inclusive filmar)

6) Filmagem de abordagem

Questão: o policial pode impedir que registrem a sua atuação?


NÃO. Cidadão age embasado pelo controle do serviço público e interesse na
melhor prestação do serviço público, é um direito. Além disso, está se
resguardando e produzindo provas defensivas, uma vez na limítrofe da relação
liberdade x prisão (FÉ PÚBLICA – proteção individual).

O cidadão, no entanto, deve ser respeitoso e não deve ofender os profissionais


(crime de injúria, calúnia e difamação).

O agente policial não deve obrigar o particular a interromper a gravação,


tampouco agir de forma brusca. Caracteriza abuso de autoridade.

Atenção!

Filmagem apenas na atuação pública, nunca no papel de cidadão.

Questão: policial pode filmar a pessoa que foi abordada?

SIM. O policial pode filmar/registrar sua abordagem.

O que não pode acontecer é o escrutínio da pessoa abordada. Xingamento;


agressões físicas; deboches etc.

Atenção! Não pode constranger o preso.

A lei diz ser crime constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave
ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a exibir-se ou ter seu
corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública (art. 13, I).

(Ex.: bota a cara do vagabundo, mostra ele aqui etc)

(Ex.: vídeo circulou no whatsapp de policial obrigando dois rapazes a se


beijarem)

Ingresso em Domicílio

A residência da pessoa é sagrada!


Por isso, EM REGRA, a busca domiciliar deve ser realizada durante o dia e
com ordem do juiz.

Policiais só podem adentrar na residência de alguém sem ordem do juiz (sem


mandado judicial), no caso de flagrante delito e quando houver desabamento,
incêndio, desastres ou para socorrer alguém que esteja passando mal!

• O policial pode ingressar na residência quando o próprio morador


autorizar, em qualquer horário, desde que tal autorização se dê sem
coação ou ameaça.

• Quando os policiais estiverem perseguindo alguém que tenha acabado


de cometer um crime, poderão ingressar na casa sem o consentimento do
morador se o suspeito lá estiver.

• Não basta o policial visualizar o cidadão correndo, é necessária a certeza do


cometimento de um crime/flagrante (HC 138565 SP, de 18/04/2017, 2ª
Turma Supremo Tribunal Federal).

Caso atuem fora dessas hipóteses → abuso de autoridade!

ABUSO DE AUTORIDADE + OUTRA FIGURA TÍPICA

TORTURA:

Ameaçar, bater ou praticar qualquer atitude cruel.

INJÚRIA:

Gritar, xingar, chamar de ladrão, vagabundo, “noia”, moleque etc.

Também não são permitidas essas atitudes contra os familiares de suspeitos


de crimes nem familiares de presos.
INJÚRIA RACIAL:

Quando uma pessoa usa elementos referentes à raça, cor, etnia, opção sexual,
religião ou origem para ofender alguém.

O que deve fazer o Guarda Municipal diante de uma ordem ilegal?

Numa situação em que o agente considera que existe algo ilegal ou que
atente aos princípios e orientações da Lei 13022/14 ou a CF/88 a
recomendação será sempre não cumprir. Deve fazer uma consulta ao seu
superior/comandante. Caso se mantenha a dúvida, solicitar cópia da ordem por
escrito e caso seja necessário procurar a corregedoria ou ouvidoria

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