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IPH-212 B Semestre Acadêmico 2023/Capítulo 6 Gino Gehling

6. SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

O que veremos neste capítulo ? https://youtu.be/sjqNTefo7oM


As principais normas relativas ao tema são:
- NBR- 9648/86 (Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário)
- NBR- 9649/86 (Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário)
- NBR- 12207/92 (Estudo de concepção de interceptores de esgoto sanitário)
- NBR-12208/92 (Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário)
- NBR – 9061/85 (Segurança de escavação a céu aberto)
- NBR-12266/92 (Projeto e execução de valas para assentamento de tubulação de
água, esgoto ou drenagem urbana)
- NBR-7367 de 1988
- NBR-9814, de 1987.
- Sobrinho, P.A.; Tsutiya, M.T. Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário. 2ª ed. – São
Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. 1999. 548 p.
- Resolução CONAMA n° 377/2006

6.1 DEFINIÇÕES

A seguir você tem diversas descrições de partes integrantes de um sistema de esgotos


sanitários. Mais adiante você verá imagens de várias delas.

Esgoto Sanitário – despejo líquido constituído de esgoto doméstico, comercial e


industrial, água de infiltração e contribuição pluvial parasitária.

Esgoto doméstico – despejo líquido resultante do uso da água para higiene e


necessidades fisiológicas humanas.

Esgoto industrial – despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os


padrões de lançamento estabelecidos.

Água de infiltração – toda água de subsolo, indesejável ao sistema separador e que


penetra nas canalizações (valor usual: 0,5 L/s.km).

Contribuição singular – vazão concentrada.

Contribuição pluvial parasitária – parcela de deflúvio superficial inevitavelmente


absorvida pela rede coletora de esgoto sanitário.

Bacia de esgotamento – conjunto de áreas esgotadas e esgotáveis, cujo esgoto flui para
um único ponto de concentração.

Corpo receptor – qualquer coleção de água natural ou solo que recebe o lançamento de
esgoto em seu estágio final.

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6.2 ASPECTOS IMPORTANTES EM SISTEMAS DE ESGOTOS

- EC – Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário;


- Vazão de estiagem do corpo receptor;
- Vazão de saturação de um componente do sistema;
- Alcance do plano (dimensionamento para fim, com verificação para início de plano);
- Etapas de implantação;
- População de alcance do plano;
- População atendida;
- População inicial e final;
- População residente e flutuante;
- Investimentos a) custos de operação, manutenção e reparação; b) custos de energia
elétrica; c) despesas de exploração;
- Informações a respeito da comunidade a ser atendida.

6.3 TIPOS DE REDES PROJETADAS CORRENTEMENTE


a) Separadora absoluta: é a que mais facilita o tratamento em ETE.
b) Sistema Unitário ou Misto: o esgoto sanitário é lançado nas galerias pluviais.
c) Sistema Condominial de esgoto: seu projeto e sua implantação é encargo do
empreendedor.

6.4 NOMENCLATURA DAS UNIDADES COMPONENTES


- Bacia de drenagem;
- Caixa de passagem (CP);
- Coletor de esgoto: recebe contribuições “em marcha” dos coletores prediais;
- Coletor principal (tronco): só recebe contribuições de coletores;
- Corpo receptor: sempre deve ser especificado nos projetos;
- Diâmetro nominal (DN);
- Emissário;
- Estação de bombeamento de esgotos/Estação elevatória;
- Estação de tratamento de esgotos (ETE);
- Interceptor;
- Ligação predial;
- Órgãos acessórios;
- Poço de visita (PV);
- Profundidade do coletor (greide da tubulação);
- Recobrimento;
- Rede coletora;
- Sifão invertido;
- Sistema coletor;
- Tanques fluxíveis;
- Terminal de limpeza (TL);
- Tubo de inspeção e limpeza (TIL);
- Tubo de queda.

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6.5 MATERIAIS UTILIZADOS EM REDES COLETORAS

As redes de esgotos podem adotar os seguintes materiais:


- MG (manilha de grês): não usar quando rede é afogada no freático.
- PVC (NBR 7362-1, Jan 1999): fornecido de 100 a 400mm; a partir do DN 300 o
PVC começa a ficar mais caro que os tubos de C.A. de mesmo diâmetro;
- Concreto simples (NBR 8889): classes S-1 e S-2, DN 200 à DN 1000
- Concreto armado (NBR 8890): classes A-2 e A-3, DN 400 a 2000
- FoFo (ferro fundido);
- FC (fibro-cimento): não são mais adotados devido à corrosão em meio ácido, mas
ainda temos redes que operam com este material. Seguia a NBR 8056 de julho de
1983, norma já cancelada. O fibro-cimento antigo continha amianto (cancerígeno
por inalação, mas não por ingestão), que atualmente não é mais incorporado.

6.6 DIMENSÕES DOS PV

As dimensões mais usuais para os elementos de um PV (poço de visita) são 0,60m de


vão na tampa para acesso ao operador de rede, e uma câmara de 1,00m de diâmetro
interno. As figuras abaixo apresentam dois tipos de PV padrão DMAE (Fonte: DMAE-
Porto Alegre). Mais detalhes construtivos você pode apreciar em:
http://avasan.com.br/ppt/Figuras_DMAE.pdf

Figura 6.1: PV Tipo 1, com câmara de Figura 6.2: PV tipo 2, câmara de


diâmetro 0,60m, para acoplamento de diâmetro 1,00m, para acoplamento de
tubos de pequeno diâmetro. tubos de maior diâmetro.

As dimensões mais usuais são as que seguem, ainda que tenhamos dimensões maiores.
- diâmetro da tampa: 0,60 m;
- diâmetro da câmara do PV: 1,00 m.

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Cabe referir um novo equipamento que em muitos casos substitui o PV nas redes de
esgotos: o TIL (tubo de inspeção e limpeza), apresentado nas Figuras 6.3 e 6.4. O
mesmo é uma solução construtiva bem mais econômica que o tradicional PV, pois
permite operações de manutenção da rede através de um tubo vertical (chaminé) de
diâmetro entre 150 e 300 mm.

No topo da chaminé do TIL da Figura 6.3, é acoplada uma peça de tamponamento, que
pode ser retirada para efetuar operações de manutenção da rede.

Figura 6.3: TIL, ou Tubo de Inspeção Figura 6.4: Simulação de lançamento de rede para
e Limpeza, com cinco entradas e uma familiarização dos funcionários com o novo material, que
saída. oferece opções por distintos diâmetros de entrada e de saída.

6.7 DISTÂNCIAS ENTRE PV

A distância entre PV, TIL ou TL consecutivos deve ser limitada pelo alcance dos
equipamentos de desobstrução. Em geral, os comprimentos dos cabos de limpeza estão
limitados a 80 ou 100 m. Ao elaborar um projeto de rede, deve-se atentar para distâncias
limite que devem constar no edital do processo licitatório.

6.8 CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS

O fundo de PV, TIL ou TL deve ser constituído de calhas destinadas a guiar os fluxos
afluentes em direção à saída. Lateralmente as calhas devem ter altura coincidindo com a
geratriz superior do tubo de saída. As partes superiores dos PVs, ou seu metro final
superior, normalmente é construído por um terminal excêntrico, como se observa na
figura 6.2.

6.9 RECOBRIMENTOS
Os recobrimentos mínimos recomendados são:
- No leito carroçável: mínimo de 0,90 m;
- No passeio: mínimo de 0,65 m.
Até aqui você viu muitos conceitos de acessórios de redes de esgotos. Que tal apreciar
desenhos técnicos de vários dos mesmos, acessando a apresentação abaixo?
http://avasan.com.br/ppt/Figuras_DMAE.pdf

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Link para equipamento de desobstrução de esgotos


https://www.youtube.com/watch?v=CMrDwoMo4Kg

6.10 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO

A P-NB-567 (superada) estabelecia que nas condições iniciais de projeto, a velocidade


devia ser igual ou superior a 0,50 m/s e que a relação h/D devia ser igual ou superior a
0,20 (20 %); esta última condição seria dispensada se a velocidade média fosse superior
a 0,60 m/s.

Esta condição asseguraria a “auto-limpeza” dos coletores. É mais racional, no entanto,


que estas condições sejam substituídas pela tensão de arraste, ou tensão trativa “σ” que
é o esforço tangencial unitário exercido pelo líquido sobre o coletor, e, portanto, sobre o
material depositado no mesmo.

A figura 6.5 permite visualizar grandezas relativas ao entendimento da auto-limpeza


das canalizações

A força de arraste é a componente tangencial do peso do líquido. Considerando a porção


do líquido contida num trecho de comprimento L, seu peso é F = A L ( sendo ““ o
peso específico do líquido e “A” a área da seção molhada) e sua componente tangencial
é T = F sen = A L sen  (vide figura 6.5).

γ∙A∙L∙senα
O esforço tangencial é: 𝜎 =
𝑃∙𝐿

Na expressão acima, “P” é o perímetro molhado, resultando = .RH.sen (onde RH é


o raio hidráulico). Como ““ é suficientemente pequeno para que se possa confundir o
seno com a tangente, pode-se representar a tensão trativapela expressão:

 ● RH ● I (Eq. 6.1)

Associando essa expressão à formula de Manning:


𝐼1/2 ∙ 𝑅𝐻 2/3
𝑉= = 𝐼1/2 ∙ 𝑅𝐻 2/3 ∙ 𝐾
𝑛

𝛾∙𝑣 2 ∙𝑛2 𝛾∙𝑣 2


e, 𝜎 = =
𝑅𝐻 1/3 𝑅𝐻 1/3∙ 𝐾 2

Obs.: K = 1/n n = 1/K

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Figura 6.5: Tensão trativa “σ” em galeria ou tubulação.


Fonte: M. T. Tsutiya e P.A. Sobrinho, 1999. Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário.

Para o dimensionamento, devemos lançar mão das seguintes expressões:

𝐷 360∙𝑠𝑒𝑛𝜃 Ө−𝑠𝑒𝑛𝜃
𝑅𝐻 = [1 − ], ou, 𝑅𝐻 = 0,25 [ ]∙𝐷 (Eq. 6.3)
4 2∙𝜋∙𝜃 𝜃

𝐷2 𝜋∙𝜃 𝑠𝑒𝑛𝜃
𝐴= [360 − ] , 𝑜𝑢 𝐴 = 0,125[𝜃 − 𝜃 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃] 𝐷2 (Eq. 6.4)
4 2

Sabe-se que:

𝑄 = 𝐴𝑉 , 𝑜𝑢 𝑉 = 𝑄/𝐴 (Eq. 6.5)

𝐼 1/2 ∙𝑅𝐻 2/3


𝑉= (Eq. 6.6)
𝑛

Substituindo (6.5) em (6.6), resulta:

𝑛∙𝑄
= 𝐴 ∙ 𝑅𝐻 2/3
𝐼1/2
Substituindo A e RH suas expressões apresentadas nas equações 6.4 e 6.3, tem-se:

𝑛∙𝑄 1 𝜋 ∙ 𝜃 𝑠𝑒𝑛𝜃 1 360 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 2/3


= ( − ) ∙ [ (1 − )]
𝐷8/3 ∙ 𝐼1/2 4 360 2 4 2∙𝜋∙𝜃

Onde a expressão n.Q vem a ser o FH: fator hidráulico da seção circular.
D8/3 ●I1/2

A figura 6.7 representa as características de um tubo de esgotos sanitários, relacionadas


com as considerações que seguem.

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Figura 6.7: Características de um tubo de esgotos: lâmina “h” e diâmetro interno “D”.

Substituindo o ângulo central = f ( h/D) dado pela equação (1), resulta FH= f( h/D).
Para simplificar os cálculos, utiliza-se a tabela 6.1, gerada dando-se valores a h/D
de 0,01 a 1,00, com variação de 0,01, calculando-se os correspondentes valores de
RH/D e FH. Mas atente que embora a relação h/D vá até 1,00, redes de esgotos
sanitários não podem ter a mesma superando a 0,75. A razão para apresentar h/D com
valor máximo 1,00 (corresponde a seção plena), é que a tabela 6.1 também é válida
para esgotos pluviais, tema que veremos no Capítulo 8.
1 kg/cm2 = 100.000 Pa ⸫ 1 kg/10-4m2 = 100.000 Pa ⸫ 1 kg/m2= 10 Pa
Σ = 1 Pa = 0,100 kg/m2
Vídeo: O que temos a seguir, até o fim da página 8, você pode apreciar em um vídeo de
duração 10:05: https://www.youtube.com/watch?v=D7RqffxQGK0 (10:05)

A declividade mínima “Imin” que atende a tração trativa mínima “Σ” necessária para o
carreamento de sólidos pode ser determinada por:

Imín = 0,0055 Qi-0,47 (Eq. 6.7)

Sendo Imín = em m/m e Qi = em L/s.

Admitir-se-á como declividade máxima (Imax) a que venha a resultar em velocidade de


escoamento na tubulação igual a 5,0 m/s, para a vazão final de plano no trecho. Para
coeficiente de Manning “n” = 0,013, teremos:

𝐼𝑚á𝑥 = 4,65 ∙ 𝑄𝑓 −0,67 (Eq. 6.8)


onde:
Imáx [m/m] é a declividade máxima;
Qf [L/s] é a vazão de jusante do trecho no final de plano.

Lembrar que as tubulações são dimensionadas para fim de plano de projeto (não
devendo exceder hmáx nem velocidade máxima), e verificadas para início de plano.
(atendimento de σ min). Caso o dimensionamento de final de plano não satisfaça às
condições da Norma Brasileira para início de plano, remanejar a declividade,
rearranjando o diâmetro.

Lembrar ainda que a vazão de cada trecho é dada por:

𝑘1 ∙ 𝑘2 ∙ 𝑃 ∙ 𝑞 ∙ 𝐶
𝑄= + 𝑄inf + ⋯.
86.400 𝑠/𝑑
onde:

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C = coeficiente de retorno água/esgoto, usualmente adotado igual a 0,80;


Qinf = vazão de infiltração, em l/s.km (projetista decide; usual 0,5 L/s.km)

A infiltração à rede dependerá basicamente do tipo de material adotado para o coletor,


se o coletor estará submerso no freático ou não, e do tipo de solo.

- Lâmina máxima: a lâmina nas tubulações das redes de esgotos sanitários nunca
deve superar a ¾ do diâmetro.
(%) = h/D = 0,75 ou 75 %

A lâmina máxima deve ser limitada a apenas 50 % do diâmetro do coletor sempre que a
velocidade final (Vf) superar a velocidade crítica (Vc). A velocidade crítica é definida
por:
𝑉𝑐 = 6√𝑔 ∙ 𝑅𝐻
onde:
Vc [m/s] é a velocidade crítica,
g [m/s2] é a aceleração da gravidade
RH [m] é o raio hidráulico para a vazão final.

Assim, para a determinação da porcentagem de enchimento e da velocidade de


escoamento de um tubo com diâmetro pré-determinado “D”, coeficiente de Strickler-
Manning “K”, declividade “I” e transportando uma vazão “Q”, é necessário:

1o) Determinar o seu FH;


2 o) Entrar na tabela com FH e retirar RH/D e h/D;
3 o) Com RH/D, calcular “V” na equação de Manning.

Após a determinação de “V”, calcular a tensão trativa média, que deve ser maior que 1,0
Pa. Logo:

𝛾∙𝑣 2
𝜎= ≥ 1,0𝑃𝑎 Pela NBR 9649, tem-se:  ● RH ● I
𝑅𝐻 1/3∙ 𝐾 2

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TABELA 6.1 - Fator Hidráulico, RH/D e h/D para o dimensionamento de redes


coletoras de esgoto sanitário.

Fonte: Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário, de. M. T. Tsutiya e P.A. Sobrinho, 1999 .

A figura 6.8 reproduz a gravura da capa do caderno “Diretrizes para projetos e


execução de sistemas públicos de esgoto sanitário”, do Departamento Municipal de
Água e Esgotos de Porto Alegre, edição 1994. A mesma apresenta a forma como eram
apresentados os projetos executivos de rede de esgotos sanitários. Atualmente muitos
projetos, gerados com softwares, dispensam a geração do perfil. Esta apresentação
alternativa, sem perfil, a veremos mais adiante, no “Exemplo de dimensionamento de
uma rede coletora de esgotos sanitários”.

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Figura 6.8: Perfil e Planta Baixa de um trecho de rede coletora de esgoto.


Fonte: DMAE/PoA.

A tabela 6.2 é o modelo a seguir para dimensionar os trechos de uma rede de coleta de
esgotos sanitários.

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Tabelaa 6.2: Tabela a ser preenchida para o dimensionamento de rede coletora de esgotos sanitários.

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6.11. DETERMINAÇÃO DAS VAZÕES DE CONTRIBUIÇÃO ÀS REDES DE


COLETA DE ESGOTOS SANITÁRIOS

O que veremos neste item 6.11? https://youtu.be/CMAWMXyl63c (4:11)

O conteúdo a partir daqui até o item B.2.2 inclusive, que consiste na apresentação das
equações para determinar as vazões circulantes em redes de esgotos sanitários, em
início e fim de plano, você pode acessar com áudio: https://youtu.be/XI00Oke6cQY (17:02)

Obs: Se for assistir no celular, você pode dar zoom para ampliar as imagens,
pois os sub-índices podem ficar ilegíveis. Caso necessário, acompanhe com
apoio de páginas impressas.

As vazões escoadas nas redes de esgotos sanitários são compostas por vazões de esgotos
domésticos (Qd), vazões de infiltração à rede (Qi) e vazões concentradas (Qc).

A. Cálculo das vazões de dimensionamento das redes de esgoto sanitário: para


dimensionar as redes é necessário conhecer as vazões máximas para duas situações
distintas:

- Vazão máxima de um dia, para início de plano: Qi  k2 .Q d .i  Qinf .i  Qci

_
- Vazão máxima horária de fim de plano: Q f  k1.k2 .Q d . f  Qinf . f  Qcf

onde: Qi; Qf = vazão máxima inicial e final (L/s);


k1 e k2 = coef. de máx. vazão diária e horária, respectivamente;
Qd.i; Qd.f = vazão média inicial e final de esg. doméstico (L/s);
Qinf.i; Qinf.f = vazão de infiltração inicial e final (L/s);
Qci; Qcf = vazão concentrada inicial e final (L/s); devido a hospitais, escolas,
quartéis...

Nas duas equações anteriores, tem-se que:

C.Pi .q i C.a i .d i .q i C.Pf .q f C.a f .d f .q f


Qd .i   e, Qd . f  
86.400 86.400 86.400 86.400

onde: C = coef. de retorno (em geral adotado 0,8);


Pi, Pf = população em início e fim de plano (hab);
ai, af = área esgotada em início e fim de plano (ha)
di. df = densidade populacional em início e fim de plano (hab/ha)
qi, qf= consumo de água per capita em início e fim de plano (L/hab.dia)

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B. Cálculo das taxas de contribuição para as redes

Normalmente as taxas de contribuição se referem à unidade de comprimento dos


coletores, ou à área esgotada. Para cada área de ocupação típica deve ser admitida uma
determinada taxa. Em uma mesma bacia pode haver distintas taxas de contribuição a
considerar.

Taxa referida à área (L/s.ha): em geral é adotada para estimar vazões de áreas previstas
para expansões futuras (bairros novos, grandes loteamentos...)

Para determinar taxas de contribuição é necessário considerar as seguintes contribuições


à rede:
- esgoto doméstico;
- águas de infiltração

Cabe ressaltar que as contribuições de quartéis, escolas, shoppings centers..., não devem
ser consideradas nos cálculos das taxas de contribuição, mas sim admitidas
concentradas em determinado PV (poço de visita).

B.1. Cálculo das taxas de contribuição para redes simples (uma só tubulação na
rua), ou para redes duplas (uma tubulação em cada lado da rua)

As taxas por comprimento de rede serão dadas por:


_ _
k .Q k1.k2 .Q d . f
Txi  2 d .i  Tinf e Txf   Tinf
Li Lf

Nas duas equações acima, tem-se:

Li, Lf : m ou km
Tinf : L/s.m ou L/s.km

B.2. Cálculo das taxas de contribuição para redes simples e duplas

Quando se tem redes simples em alguns setores e redes duplas em outros, em uma
mesma área de ocupação homogênea, os coeficientes de contribuição linear podem ser
calculados através dos 3 passos que seguem (itens B.2.1 à B.2.3):

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B.2.1. Comprimento virtual da rede para áreas de ocupação homogênea

A figura 6.3 apresenta trechos de rede a implantar em início e fim de plano.

PV
Início de plano

Fim de plano
Figura 6.9: Trechos de rede a implantar em duas etapas.

Ldi, f
Lvi , f  Lsi, f 
2

onde:
Lvi,f = comprimento virtual da rede inicial ou final (m ou km);
Lsi,f = comprimento da rede simples inicial ou final (m ou km);
Ldi,f = comprimento da rede dupla inicial ou final (m ou km)

B.2.2. Taxas de contribuição linear para rede simples


_
k .Q
Início de plano: Txis  2 d .i  Tinf
Lvi

_
k1.k2 . Q d . f
Fim de plano: Txfs   Tinf
Lvf

B.2.3. Taxas de contribuição linear para rede dupla


_
k .Q
Início de plano: Txid  2 d .i  Tinf
2.Lvi

_
k1.k2 .Q d . f
Fim de plano: Txfd   Tinf
2.Lvf

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Exemplo de dimensionamento de uma rede coletora de esgotos sanitários.

Este exercício é comentado em maiores detalhes no livro Coleta e Transporte de Esgoto


Sanitário, de. M. T. Tsutiya e P.A. Sobrinho, 1999. A biblioteca do IPH dispõe de
vários volumes, mas está interditada. Aqui se apresenta a rotina de dimensionamento.
Agradecimentos ao prof. P. A. Sobrinho, e M. T. Tsutiya (in memorian) pela
permissão para apresentar os conteúdos apresentados até o fim do item 6.11.

Para dimensionar a rede de esgotos sanitários da Figura 6.10, ou mais especificamente


aos trechos destacados em linha mais espessa, em cor azul, no canto superior direito da
mesma, consideraremos as seguintes informações:

- Pop. Inicial = 2.000 hab; Pop. Final = 3.500 hab;


- Consumo de água per capita: q = 160 l/hab.dia;
- Coef. de retorno: C = 0,8
- Coef. máx. vazão diária e horária, K1 = 1,2 e K2 = 1,5
- Taxa de infiltração = 0,1 L/s.km
- Contribuição localizada: como indicado em planta, existem duas vazões de ponta,
sendo Qp1 localizado na Rua 30 com Qi = Qf = 4,98 L/s e Qp2 localizado na Rua 19
com Qi = 0 L/s e Qf = 3,2 L/s.
- coef. de Manning “n” = 0,013

Você pode assistir à solução desse exercício em três PPT com áudio. A primeira parte
do exercício é acessável pelo link:
http://www.avasan.com.br/ppt/Parte1_SHOW_Ex_Dim_ES.pptx
Para assistir ao PPT é necessário fazer download

a) Traçado dos coletores: Na planta com curvas de nível de metro em metro, traça-se a
rede com o software, que indicará as singularidades (PV, TIL, TL e CP) e o sentido de
escoamento.
b) Distância entre singularidades: limitada pelo alcance dos equipamentos de
desobstrução.
c) Numeração dos trechos: numerar de montante para jusante, sendo o coletor mais
extenso o que receberá o número 1, e seu primeiro trecho (mais a montante) será o
trecho 1. O primeiro coletor que entroncar ao coletor 1 será o coletor 2, que terá seus
trechos numerados de mont. para jus. a partir de 1 (trecho 2-1, trecho 2-2...). Para
restringir a abrangência do exercício, começaremos a análise pelo trecho 1-3, assumindo
vazão que vem de montante, aportada pelo trecho 1-2

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Fonte: Tsutyia e Alem


Sobrinho
1ª Ed, 1999

Figura 6.10: Representação de rede de esgotos sanitários sem representação de corte; as


cotas do terreno e da rede, bem como as profundidades, estão lançadas em linhas de
chamada ligadas aos PV. Com um zoom estes detalhes podem ser melhor apreciados.
Fonte: M.T. Tsutiya e P.A. Sobrinho, 1999 - Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário.

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d) Cálculo das taxas de contribuição linear inicial e final

Taxa de contribuição linear inicial (Txi)

Q doméstica inicial = Qdi = C.k2.Pi.q = 0,8.1,5.2000.160 = 4,44 L/s


86.400 86.400
Extensão da rede coletora inicial: Li = 2.877m
Taxa de contrib. Linear inicial = Txi
Txi = Qdi + Tinf = 4,44L/s + 0,0001L/s = 0,00154 + 0,0001 = 0,00164 L/s.m
Li 2877 m m

Txi = 0,00164 L/s.m = 1,64 L/s.km

Taxa de contribuição final (Txf)

Q doméstica final = Qdf = C.k1.k2.Pf.q = 0,8.1,2.1,5.3500.160 = 9,33 L/s


86.400 86.400
Extensão da rede coletora final: Li = 2.877m

Taxa de contrib. Linear final = Txf


Txf = Qdf + Tinf = 9,33L/s +0,0001L/s = 0,00324+0,0001 = 0,003344 L/s.m
Lf 2877 m m
Txf = 0,00334 L/s.m = 3,34 L/s.km

e) Cálculo das vazões no trecho do coletor


As vazões no trecho do coletor são determinadas assim:
- vazão a montante: é a vazão de contribuição dos trechos a montante., incluindo as
contribuições localizadas (puntuais);
- vazão de contribuição no trecho: calculada multiplicando a tx de contribuição linear
pelo comprimento do trecho;
- vazão à jusante: é a soma da vazão de montante com a de contribuição no trecho.
f) Profundidade mínima dos coletores: adotar-se-á 1,35m (recobrimento). Assim, para
diâmetro do tubo de 150 mm resultará uma profundidade de 1,50m para a vala
(desconsiderando a espessura da parede do tubo)
g) Diâmetro mínimo: pela norma é 100 mm, mas adotar-se-á 150 mm (maioria dos
municípios adota 150mm)
h) Vazão mínima de dimensionamento: adota-se, pela norma, 1,50 L/s, que é a vazão
associada à descarga de um vaso sanitário.
i) Determinação do diâmetro e declividade do trecho do coletor e verificação da
lâmina líquida e velocidade crítica.
j) Preenchimento da planilha de cálculo da rede de esgotos, trecho 1-1 (Este é o trecho
de cabeceira, no canto superior da Figura 6.10, página 16)

17
IPH-212 B Semestre Acadêmico 2023/Capítulo 6 Gino Gehling

Vazão a montante: Qmi = Qmf = 0L/s

Vazão no trecho: Qti = 0,00164 x 89 = 0,146L/s


Qtf = 0,00334 x 89 = 0,297L/s

Declividade do terreno: It = 502,05m-498,00m = 0,0455m/m


89m

Imin = 0,005.Qi-0,47 = 0,0055.(1,5)-0,47 = 0,0045m/m

Observa-se que It é maior que Imin, assim, adota-se a declividade do terreno (It)

Sendo Qi e Qf menores que 1,5 L/s, adota-se este último valor.


Lâminas e velocidades: a lâmina máxima deve atender ao limite (pág. 8), função da
velocidade. A velocidade não pode ser superior a 5,0 m/s. Determinar:
Relação h/D
Vi
Vf

Calcular tensão trativa “σ” para Qi (vide fórmula página 5), pois é no início de plano,
com as mínimas vazões, que por vezes a tensão trativa poderá não ser atendida para uma
declividade inicialmente proposta pelo projetista.

Na figura 6.10 você pode apreciar o projeto da rede de esgotos sanitários. Para uma
parte desta rede formada por uns poucos trechos sequenciais (destacados em fonte azul
na figura), acompanharemos todo o processo de dimensionamento e verificações
hidráulicas necessárias. O nome de cada trecho está declarado na figura 6.10,
aproximadamente no centro do seu desenvolvimento.

Atente para a legenda no canto inferior esquerdo da figura 6.10, que apresenta a
simbologia adotada na representação gráfica do dimensionamento.

Uma vez apresentada a rotina de dimensionamento de uma rede de esgotos sanitários,


vamos agora aplicá-la aos dados relativos à nossa situação de projeto, que consistirá em
dimensionar os trechos em cor azul da figura 6.10.
As lâminas de esgoto na rede coletora serão aqui representadas em metros com duas
decimais (precisão centimétrica), mas em projetos executivos deve-se adotar três
decimais (precisão milimétrica).

Daqui em diante você pode assistir a solução comentada do exercício no PPT com áudio:
http://www.avasan.com.br/ppt/Parte2_SHOW_Ex_Dim_ES.pptx
Para assistir ao PPT é necessário fazer download

18
IPH-212 B Semestre Acadêmico 2023/Capítulo 6 Gino Gehling

Trecho 1-3: Note que à montante deste trecho, temos os trechos 1-1 e 1-2, sendo que o
último deságua na cabeceira do trecho 1-3, como se observa na Figura 6.11. Neste
exercício, começaremos a acompanhar o processo de dimensionamento assumindo que
os trechos 1-1 e 1-2 já foram dimensionados.

A vazão total (esgotos sanitários mais águas de infiltração) é menor que 1,50 L/s. Logo,
por norma, adota-se 1,50 L/s, que é a vazão momentânea aportada à rede quando ocorre
a descarga de uma bacia sanitária.

A vazão total para dimensionamento do trecho é QTotal = 1,50 L/s. Pelo fato de a vazão
ser menor do que 1,5 L/s, adota-se este valor, em atendimento à NBR-9649/86. O
mesmo corresponde a vazão que ocorre quando uma pessoa aciona a descarga de uma
bacia sanitária.

Imin = 0,055 (Qi) -0,47 = 0,0055 (1,50 L/s) -0,47 = 0,0045 m/m

495,71−491,12
Iterreno = = 0,0478 m/m (adota-se esta, por ser maior do que a Imin)
96

h/D = 0,50, por arbítrio do projetista, que decide que esta deva ser a situação
operacional para fim de plano.

Entra-se com h/D = 0,50 na tabela de dimensionamento, e obtém-se: FH = 0,1558


RH/D = 0,2500
𝑛∙𝑄 (0.013) ∙(1,50.10−3 )
FH = 0,1558 = ⸫ 𝐷 8/3 = ⸫ D = 0,06m
𝐷8/3 ∙𝐼 1/2 (0,0478)1/2 ∙(0,1558)

O D calculado deu menor que o mínimo admissível por norma (0,10m). Assim, adotar-
se-ia 0,10m. Contudo, as municipalidades não admitem este diâmetro, razão pela qual
adotaremos D = 0,15m, que é o antigo D mínimo pela norma antiga. Com a adoção de
0,10m constataram-se entupimentos frequentes devido às indevidas contribuições às
redes de esgotos sanitários.

Como o diâmetro adotado (0,15m) é maior do que o resultante dos cálculos (0,06m), é
necessário recalcular o fator hidráulico para o D adotado:

(0.013) ∙(1,50 ∙1,5010−3 )


FH= = 0,0140
0,158/3 ∙0,04781/2

Entrando com este valor de FH na Tabela de dimensionamento tem-se:

h/D = 0,14 ⸫ h = (0,14).(0,15) = 0,021m

RH/D = 0,0871 ⸫ RH = (0,15).(0,0871) = 0,0131

σ= ᵧ.R .I = (1000).(0,0131).(0,0478) = 0,63 kgf/m = 6,3 Pa (ok, maior que 1,0 Pa)
H
2

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𝐼 1/2 ∙𝑅𝐻 2/3 0,04781/2 ∙0,01312/3


Vf = = = = 0,93 m/s
𝑛 0,013

Vc = 6√𝑔𝑅𝐻 = 6√9,81 ∙ 0,0131 = 2,15 m/s (OK, Vf é inferior a 5,0 m/s, e inf. à Vc)

Aseguir observa-se a seção à jusante do trecho 1-3, considerando que o valor da lâmina
“h”, calculada como 0,021m, seja 0,02m:

A cota 489,62 vem da coluna 11 da tabela 6.3, linha


do trecho 1-3, pois este exercício assume que trechos a
montante do trecho 1-3 já tenham sido dimensionados.
489,64 O NA 489,64 resulta de: 489,62 + 0,021 = 489,64
489,62

Trecho 1-3 Jusante


Figura 6.11: Cotas da geratriz inferior e do NA à jusante de 1-3 para a vazão máxima.

Trecho 1-4:

QTotal = 1,50 L/s (a QReal é 0,912 L/s, então adota-se 1,5 L/s). A vazão total 0,912 L/s,
observada na coluna 6 da tabela 6.3, corresponde à soma das duas células à esquerda do
referido valor: 0,167 L/s da contribuição no trecho que é aportada pelos ramais de
esgoto das residências, mais 0,745 L/s da vazão que vem de trechos de montante,
aportada na cabeceira do trecho 1-4.

Imin = 0,0055 (Qi) -0,47 = 0,0055 (1,50 L/s) -0,47 = 0,0045 m/m

I terreno = It = 0,0373 m/m (adota-se esta, por ser maior do que a Imin)

h/D = 0,50, por arbítrio do projetista, que decide que esta deva ser a situação
operacional para fim de plano.

Entra-se com h/D = 0,50 na tabela de dimensionamento, e obtém-se: FH = 0,1558


RH/D = 0,2500
𝑛∙𝑄 (0.013) ∙(1,50.10−3 )
FH = 0,1558 = ⸫ 𝐷 8/3 = ⸫ D = 0,06m
𝐷8/3 ∙𝐼 1/2 (0,0372)1/2 ∙(0,1558)

O D calculado deu menor que o mínimo admissível por norma (0,10m). Assim, adotar-
se-ia 0,10m. Contudo, as municipalidades não admitem este diâmetro, razão pela qual
adotaremos D = 0,15m, que é o antigo D mínimo pela norma antiga. Com a adoção de
0,10m constataram-se entupimentos frequentes devido às indevidas contribuições às
redes de esgotos sanitários.

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IPH-212 B Semestre Acadêmico 2023/Capítulo 6 Gino Gehling

Como o diâmetro adotado (0,15m) é maior do que o resultante dos cálculos (0,06m), é
necessário recalcular o fator hidráulico para o D adotado:

(0.013) ∙(1,50 ∙1,5010−3 )


FH= = 0,0159
0,158/3 ∙0,03721/2

Entrando com este valor de FH na Tabela de dimensionamento tem-se:

h/D = 0,15 ⸫ h = 0,022m

RH/D = 0,0929 ⸫ RH = (0,15).(0,0929) = 0,0139

σ= ᵧ.R .I = (1000).(0,0139).(0,0372) = 0,52 kgf/m = 5,2 Pa (ok, maior que 1,0 Pa)
H
2

𝐼 1/2 ∙𝑅𝐻 2/3 0,03721/2 ∙0,01392/3


Vf = = = = 0,86 m/s
𝑛 0,013

Vc = 6√𝑔𝑅𝐻 = 6√9,81 ∙ 0,0139 = 2,22 m/s (OK, Vf é inferior a 5,0 m/s, e inf. à Vf)

A seguir, considerando que o valor da lâmina “h”, calculada como 0,022m, seja 0,02m,
tem-se:
O NA 489,64, à montante de 1-4 é
aceitável, pois é a mesma cota da
lâmina d´água a jusante de 1-3, o
que evita “remansos”.
487,78 489,64
487,76 489,62
Jusante 1-4 Montante 1-4
Figura 6.12: Cotas da geratriz inferior e do NA para a vazão máxima, à jusante e à
montante do trecho 1-4.

Trecho 1-5

A cabeceira deste trecho recebe uma vazão concentrada, oriunda de um centro


comercial ou de um loteamento.

Q totalf = (Q mont trecho 1-5, fim de plano) + (Q de contrib. no trecho, fim de plano)

Qtotalf = 5,892 + 0,110 = 6,002 L/s (vide Tabela 6.3)

Imin = 0,0055 (Qi) -0,47 = 0,0055 (5,481 L/s) -0,47 = 0,0025 m/m

Iterreno = It = 0,0515 m/m (adota-se esta, por ser maior do que a Imin)

h/D = 0,60, por arbítrio do projetista, que decide que esta deverá ser a situação
operacional para fim de plano.

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Entra-se com h/D = 0,60 na tabela de dimensionamento, e obtém-se: FH = 0,2094


RH/D = 0,2776
𝑛∙𝑄 (0,013) ∙(6,002.10−3 )
FH = ⸫ 𝐷 8/3 = ⸫ D = 0,05m
𝐷8/3 ∙𝐼 1/2 (0,2094).∙(0,0515)1/2

Como o D calculado deu menor que o mínimo, adota-se D = 0,15m

Como o diâmetro adotado (0,15m) é maior do que o resultante dos cálculos (0,05m), é
necessário recalcular o fator hidráulico para o D adotado:

(0.013) ∙(6,002.10−3 )
FH= 0,0541
0,158/3 ∙0,05151/2

Entrando com este valor de FH na Tabela de dimensionamento tem-se:

h/D = 0,28 ⸫ h = (0,28m) (0,15) = 0,042m

RH/D = 0,1614 ⸫ RH = (0,15).(0,1614) = 0,0242

σ= ᵧ.R .I = (1000).(0,0242).(0,0515) = 1,25 kgf/m = 12,5 Pa (ok, maior que 1,0 Pa)
H
2

𝐼 1/2 ∙𝑅𝐻 2/3 0,05151/2 ∙0,02422/3


Vf = = = 1,46 𝑚/𝑠
𝑛 0,013

Vc = 6√𝑔𝑅𝐻 = 6√9,81 ∙ 0,0242 = 2,92 m/s (OK, Vf é inferior a 5,0 m/s, e inf. à Vf)
O NA 487,80, à montante de 1-5, é
2cm mais elevado que o NA a
jusante de 1-4. Uma das formas de
487,78 superar o remanso é rebaixar em 2
487,78 487,80 487,74 cm a cota de fundo do trecho 1-5, a
487,76 487,76 montante e jusante.
Jusante 1-4 Montante 1-5
Figura 6.13: Cotas da geratriz inferior e do NA para a vazão máxima, a jusante do
trecho 1-4 e a montante do trecho 1-5

Outra solução para evitar o remanso, ao invés de rebaixar as cotas de montante e jusante
do coletor 1-5, seria conservar a cota de fundo de montante, e aumentar a cota de fundo
de jusante do trecho 1-5. Assim, aumentaríamos a declividade do trecho 1-5, a
velocidade de escoamento seria maior, e a lâmina h seria menor. Esta solução de
aumentar a declividade, leva a um recobrimento maior do tubo, com maiores
volumetrias de escavação e reaterro de valas. Em projeto de redes de esgotos, devemos
adotar recobrimento mínimo nas cabeceiras de rede, e sempre que possível adotar para
os trechos uma declividade igual à do terreno.

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Daqui em diante você pode assistir a solução comentada do exercício no PPT com áudio:
http://www.avasan.com.br/ppt/Parte3_SHOW_Ex_Dim_ES.pptx
Para assistir ao PPT é necessário fazer download e maximizar os slides.

Trecho 2-1:
A observação da planta da rede coletora, na Figura 6.10, página 16, mostra que o trecho
2-1 é um trecho de cabeceira. Logo, em atendimento à NBR 9649/86, adota-se 1,5 L/s
como a vazão para estabelecer o diâmetro a ser adotado.

Qtotalf = 1,5 L/s (por ser trecho de cabeceira de rede, adota-se a Q mínima de norma.

Imin = 0,0055 (Qi) -0,47 = 0,0055 (1,5 L/s) -0,47 = 0,0045 m/m

Iterreno = It = 0,00 m/m (terreno plano)

h/D = 0,60, por arbítrio do projetista, que decide que esta deverá ser a situação
operacional para fim de plano.

Entra-se com h/D = 0,60 na tabela de dimensionamento, e obtém-se: FH = 0,1558


RH/D = 0,2500
𝑛∙𝑄 (0,013) ∙(1,5.10−3 )
FH = ⸫ 𝐷 8/3 = ⸫ D = 0,09m
𝐷8/3 ∙𝐼 1/2 (0,1558).∙(0,0045)1/2

Como o D calculado deu menor que o mínimo, adota-se D = 0,15m

Como o diâmetro adotado (0,15m) é maior do que o resultante dos cálculos (0,05m), é
necessário recalcular o fator hidráulico para o D adotado:

(0.013) ∙(1,5.10−3 )
FH= = 0,0457 (no vídeo falta o sinal de igualdade)
0,158/3 ∙0,00451/2

Entrando com este valor de FH na Tabela de dimensionamento tem-se:

h/D = 0,26 ⸫ h = (0,26m) (0,15) = 0,039m ≈ 0,04m

RH/D = 0,1516 ⸫ RH = (0,15).(0,1516) = 0,0227

σ= ᵧ.R .I = (1000).(0,0227).(0,0045) = 0,10 kgf/m = 1,0 Pa (ok, é o mín. aceitável)


H
2

Vc = 6√𝑔𝑅𝐻 = 6√9,81 ∙ 0,0227 = 2,83 m/s

𝐼 1/2 ∙𝑅𝐻 2/3 0,00451/2 ∙0,02272/3


Vf = = = 0,41 𝑚/𝑠 (ok, Vf é inf. a 5,0 m/s, e à Vc)
𝑛 0,013

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Os trechos 1-5 e 2-1 contribuem à


um mesmo PV. Suas geratrizes
inferiores internas apresentam-se
em desnível na descarga ao PV. A
ger. inf. int. do tubo de saída do
486,08 485,60
486,04 485,56 PV deverá estar na cota 485,56 ou
inferior.
Jusante 1-5 Jusante 2-1
Figura 6.14: Cotas da geratriz inferior interna e do NA para a vazão máxima, a jusante
dos trechos 1-5 e 2-1.

Trecho 1-6:

A cabeceira deste trecho recebe 6,303 L/s, em fim de plano, como se observa na última
linha da coluna (5) da Tabela 6.3. Este valor corresponde à soma das vazões para fim
de plano dos trechos 1-5 e 2- 1, ou seja: 6,002 + 0,301 = 6,303 L/s

Qtotalf = 6,303 L/s

Imin = 0,0055 (Qi) -0,47 = 0,0055 (6,303 L/s) -0,47 = 0,0023 m/m

Iterreno = It = 0,0277 m/m (adota-se esta, por ser maior do que a Imin)

h/D = 0,60, por arbítrio do projetista, que decide que esta deverá ser a situação
operacional para fim de plano.

Entra-se com h/D = 0,60 na tabela de dimensionamento, e obtém-se: FH = 0,2094


RH/D = 0,2776

𝑛∙𝑄 (0,013) ∙(6,303.10−3 )


FH = ⸫ 𝐷 8/3 = ⸫ D = 0,10m
𝐷8/3 ∙𝐼 1/2 (0,2094) ∙(0,0277)1/2

Como o D calculado deu menor que o mínimo, adota-se D = 0,15m

Como o diâmetro adotado (0,15m) é maior do que o resultante dos cálculos (0,10m), é
necessário recalcular o fator hidráulico para o D adotado:

(0.013) ∙(6,303.10−3 )
FH= = 0,0775
0,158/3 ∙0,02771/2

Entrando com este valor de FH na Tabela de dimensionamento, tem-se (Tabela 6.1):

h/D = 0,34 ⸫ h = (0,34) (0,15m) = 0,05m

RH/D = 0,1891 ⸫ RH = (0,15).(0,1891) = 0,0284

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σ= ᵧ.R .I = (1000).(0,0284).(0,0277) = 0,79 kgf/m = 7,9 Pa (ok, maior que 1,0 Pa)
H
2

𝐼 1/2 ∙𝑅𝐻 2/3 0,02771/2 ∙0,0284 2/3


Vf = = = 1,19 𝑚/𝑠
𝑛 0,013

Vc = 6√𝑔𝑅𝐻 = 6√9,81 ∙ 0,0284 = 3,17 m/s (OK, Vf é inferior a 5,0 m/s, e inf. à Vf)

Os trechos 2-1 e 1-5 que contribuem na cabeceira do trecho 1-


6 têm cotas de fundo da geratriz inferior interna
respectivamente 485,56 e 486,04. Se propusermos a cota
485,56 para ger. inf. int. na cabeceira de 1-6, teríamos
remanso. Isto porque esta cota somada aos 5 cm da lâmina à
jusante, daria cota 485,61 para a lâmina na cabeceira de 1-6.
485,60 Para evitar o remanso, fixou-se a ger. inf. int. na cabeceira de
485,55 1-6 como 485,55, cota esta 1cm inferior à da ger. inf. interna à
Montante 1-6 jusante do trecho 2-1.
Figura 6.15: Cotas da geratriz inferior e do NA para a vazão máxima, a montante do
trecho 1-6.

Um dos últimos materiais normatizados a ser disponibilizado aos projetistas no Brasil


foi o tubo de PVC corrugado que atualmente, em 2020, é oferecido nos DN 150 até
400mm, com incrementos de 50mm nesta faixa. São fabricados seguindo a norma NBR
ISSO 21138-3, de maio de 2016. A instalação destes tubos deve obedecer NBR-7367 de
1988 e a NBR-9814, de 1987.

O resultado do processo de dimensionamento dos trechos da rede foi lançado na tabela


6.3, apresentada a seguir. Ao pé da referida tabela estão representados o recobrimento e
profundidade do coletor.

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6.12 CUSTO DAS OBRAS DE IMPLANTAÇÃO DE REDES DE ESGOTO

A tabela 6.4 apresenta custos relativos a implantação de redes de esgotos sanitários.


Evidentemente que devido às peculiaridades da geologia e do nível do freático, os
mesmos podem apresentar diferenças significativas nos percentuais declarados.

Tabela 6.4 - Custos percentuais das diversas partes da obra para a execução das
redes de esgoto. (Fonte: Sobrinho, 2000)

Implantação da obra Canteiro e locação 0,6%


(3,08%) Tapumes e sinalização 2,1%
Passadiços 1,1%
Valas Levantamento de pavimento 1,3%
(61,2%) Escavação 10,6%
Escoramento 38,8%
Reaterro 10,5%
Assentamento de Transporte 0,4%
Tubulações Assentamento 4,1%
(25,1%) Poços de visita 15,5%
Ligações prediais 4,6%
Cadastro 0,5%
Serviços Lastros e bases adicionais 0,7%
Complementares Reposição de pavimento 9,2%
Reposição de galerias de águas pluviais 0,1%

6.13 CONTRÔLE DE SULFETOS:

As concentrações de gás sulfídrico no interior das redes de esgotamento sanitário devem


ser prevenidas. Em não sendo possível evitar, o ingresso de pessoal no interior de poços
de visita deve ser precedido de cuidados tais como o uso de detectores de concentrações
de H2S, que informam a concentração, podendo emitir sinais luminosos e/ou sonoros
segundo a concentração detectada.

A seguir, algumas considerações a respeito do gás sulfídrico e ao ácido sulfúrico.

- H2S: gás sulfídrico (sulfeto de hidrogênio)


- tensões trativas superiores a 1,5 Pa praticamente inibem a formação de sulfetos em
coletores acima de 500 mm de diâmetro
- o odor do H2S é similar ao de ovos podres
- extremamente tóxico, corrosivo e precursor para a formação de H2SO4
- concentrações de H2S superiores a 300 ppm levam a óbito
- explosivo quando a concentração superar a 4,3 % no ar.

A tabela a seguir correlaciona a concentração de sulfetos e os possíveis efeitos sobre a


saúde humana. Destaque-se que acima de 150 ppm o homem perde o olfato.

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Tabela 6.5 - Riscos à saúde associados às concentrações de sulfetos.


Concentração (ppm) Possíveis danos associados
0,002 – 0,15 Faixa de odores perceptíveis
3–5 Significativos incômodos devido a odores
10 Número MAK
10 – 20 Problemas nas vistas, ardência nos olhos
> 45 Problemas graves às vistas
50 - 100 Incômodos às vias respiratórias e mucosas
> 150 Perda de olfato
200 – 500 Dores de cabeça, sonolência, tonturas, paralisia, enjôo,
demência.
> 500 Afeta o sistema nervoso, paralisia do aparelho respiratório,
perda de memória e sentidos, cãibras e morte.
> 900 Morte quase instantânea

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