Você está na página 1de 30

EDSON PRESLER CRAVO

Eng. Civil / Eletricista / Seg. Trabalho


Esp. Engenharia Sanitária

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA

1) BIBLIOGRAFIA
- Instalações Prediais de Água Fria - NBR 5626/98 - ABNT
- Manual de Instalações Hidráulicas e Sanitárias - LTC Editora
Archibald Joseph Macintyre
- Instalações Hidráulicas Prediais - Imprimatur Artes Ltda
Marcus Vianna Rocha
- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES
Av. Beira Mar, 216 - 13º andar - Centro
Tel. (21) 2210-3221

2) TERMINOLOGIAS DEFINIDAS PELA NBR 5626/98


- Fonte de Abastecimento (1) - sistema destinado a fornecer água para instalação predial de
água fria. Considera-se que a fonte de abastecimento é a extremidade a jusante do ramal
predial.
- Ramal Predial (2) - tubulação compreendida entre a rede publica de abastecimento de água e
a extremidade a montante do alimentador predial. O ponto onde termina o ramal predial deve
ser definido pela concessionária.
- Alimentador Predial (3) - tubulação que liga a fonte de abastecimento a um reservatório de
água de uso domestico.
- Instalação Elevatória (4) - Sistema destinado a elevar a pressão da água em uma instalação
predial, quando a pressão for insuficiente para abastecimento direto.
- Barrilete (5) - tubulação que se origina no reservatório superior e da qual derivam as colunas
de distribuição.
- Coluna de Distribuição (6) - tubulação derivada do barrilete e destinada a alimentar os ramais.
- Ramal (7) - tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os sub-
ramais.
- Sub-ramal (8) - tubulação que liga o ramal ao ponto de utilização.
- Vazão de Projeto - valor da vazão adotado para efeito de projeto, no ponto de utilização.
2

6
8
4

2 H
3
1

Fig. 2.1 - Sistema típico de instalação predial de água fria

3) RECOMENDAÇÕES CONTIDAS NA NBR-5626/98


- O alimentador predial deve guardar uma distancia mínima horizontal de 3,0m de qualquer
fonte potencialmente poluidora como fossas sépticas, sumidouros, valas de infiltração, etc.
No caso de ser instalado na mesma vala que a tubulação de esgoto, o alimentador predial
deve ter a geratriz inferior 30cm acima da geratriz superior da tubulação de esgoto.
- O volume de água reservado para uso doméstico deve ser no mínimo necessário para 24 hs
de consumo normal, sem considerar o volume de água para combate a incêndio.
- No caso de residência de pequeno tamanho, recomenda-se uma reserva mínima de 500 L.
- As tubulações devem ser dimensionadas de modo que a velocidade da água, em qualquer
trecho da tubulação, não atinja valores superiores a 3,0 m/s.
3
4) PROJETOS DE INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA
Os projetos devem conter, no mínimo, os seguintes elementos:
- Plantas, cortes, elevações, isométricos.
- Memoriais descritivos, justificativas e cálculos.
- Citação das normas utilizadas.
- Lista de materiais com quantidades e especificações técnicas.
- Escalas de plantas dos pavimentos: 1:50 ou 1:100
- Escalas de plantas de situação: 1:200 a 1:500
- Escalas de detalhes: 1:20 ou 1:25

5) PRESSÕES
a) PRESSÕES ESTÁTICA, DINÂMICA E DE SERVIÇO
A norma NBR-5626/98 estabelece as pressões conforme abaixo:
- Em qualquer ponto da rede predial de distribuição a pressão de água, em condições
dinâmicas (com escoamento) não deve ser inferior a 5kPa (0,5 mca).
- Em condições dinâmicas a pressão, nos pontos de utilização, não deve ser inferior a 10 kPa
(1,0 mca), com exceção do ponto da caixa de descarga onde a pressão pode ser de no mínimo
de 5kPa (0,5 mca) e do ponto da válvula de descarga para bacias sanitárias onde a pressão
não deve ser inferior a 15kPa (1,5mca).
- Em condições estáticas (sem escoamento) a pressão da água em qualquer ponto de utilização
da rede não deve ser superior a 400kPa (40 mca).
- A ocorrência de sobrepressões devida a transientes hidráulicos (golpe aríete) deve ser
considera no dimensionamento das tubulações. Tais sobrepressões são admitidas desde que
não superem o valor de 200kPa (20 mca).
OBS.
Como a pressão estática máxima é de 400 kPa (40 mca) e a sobrepressão máxima é de
200 kPa (20 mca) a pressão máxima (pressão de serviço) admitida numa rede é de 600 kPa
(60 mca), significando que todos os materiais de uma rede de distribuição de água predial
devem suportar esta pressão independente do material ser PVC, cobre ou ferro.
A tabela 5.1 fornece os valores das pressões para cada ponto de utilização.
4
Tabela 5.1 - Pontos de Utilização - Pressões Dinâmicas e Estáticas

Pressão (kPa)

Pontos de Utilização Dinâmica Estática

Mínima Máxima Mínima Máxima

Aquecedor a gás 20 Caract. Apar. - 400

Aquecedor elétrico de alta pressão 5 400 10 400

Bebedouro 20 400 - 400

Chuveiro diâmetro 15mm 20 400 - 400

Chuveiro diâmetro 20mm 10 400 - 400

Torneira de água fria 5 400 - 400

Torneira de água quente 10 400 - 400

Caixa de descarga diâmetro 15mm 15 400 - 400

Caixa de descarga diâmetro 20mm 5 400 - 400

Válvula de descarga 38mm (11/2”) 12 400 20 400

Válvula de descarga 32mm (11/4) 25 400 30 400

b) PRESSÃO ESTÁTICA EM EDIFÍCIOS COM MAIS DE 40m (APROXIMADAMENTE 13 PAV).

A solução deve ser tal que as pressões estáticas máximas não superem os 400 kPa (40mca).
Modernamente a solução mais econômica é a utilização de válvulas redutoras de pressão.
Conforme a figura 5.2 duas posições podem ser adotadas. Na posição A a estação redutora de
pressão fica instalada no andar intermediário, geralmente sobre o forro de gesso dos sanitários.
Esta localização tem o inconveniente de ter que se incomodar o ocupante havendo necessidade de
manutenção. Na posição B a estação redutora fica localizada no pé da coluna geralmente em área
de uso comum, não causando transtornos em caso de manutenção. A especificação da válvula
requer 2 dados: a relação de redução de pressão e a vazão.
5

Fig. 5.2 - Estações de Redução de Pressão - Sugestões de Niagara S.A.

6) PERDAS DE CARGA

a) CONCEITO

Quando a água escoa, suas partículas atritam entre si e com as paredes da tubulação. A
água perde energia, ou seja, há uma perda de carga. Quanto mais rugoso for o material do
tubo, maior será a perda de carga. Nos casos em que a água sofre mudança de direção, como
por exemplo, em joelhos, reduções, tês, conexões e registros, ocorre ali uma perda chamada
de localizada. Na figura 6.3 com o registro fechado não há escoamento, não conseqüentemente
perda de carga e a cota piezométrica A é pressão estática. Com o registro aberto há
escoamento, havendo portanto perda de carga, e a cota piezométrica B é pressão dinâmica. A
diferença de cota significa a perda de carga no sistema.
6

A
Perda de carga
B

Fig. 6.3 - Perda de carga

b) CALCULO DA PERDA DE CARGA e VELOCIDADE

A norma NBR-5626/98 recomenda as seguintes formulas empíricas:

FAIR-WHIPPLE-HSIAO - Água fria

Aplicável a tubos de diâmetro até 50mm

Aço carbono galvanizado............................j = 0,002021 x Q1,88 / D4,88

PVC ou cobre .............................................j = 0,000859 x Q1,75 / D4,75

Aplicável a tubos de diâmetro igual ou acima de 50mm

Aço carbono galvanizado............................j = 0,00178 x Q1,85 / D4,87

FLAMANT - Água fria

Aplicável a tubos de diâmetro até 100mm

PVC............................................................j = 0,000824 x Q1,75 / D4,75

Onde: j = perda de carga unitária (m/m)

Q = vazão de escoamento da água (m3/s)

D = diâmetro da tubulação (m)


7
A velocidade da água, por recomendação da norma NBR-5626/98, pode ser calculado pela
expressão:

v = 4 x 103 x Q / π x D2

Onde:

v = velocidade (m/s)

Q = vazão de escoamento (l/s)

D = diâmetro da tubulação (mm)

EXERCÍCIO 1

Calcular a perda de carga e a velocidade correspondente à vazão de 2,5 l/s em 100 m de


tubulação com diâmetro de 50 mm, considerando o material aço carbono e PVC.

Q = 2,5 l/s = 0,0025 m3/s

D = 50 mm = 0,05 m

Aço carbono

Utilizando Fair-Whipple-Hsiao

j = 0,002021 x 0,00251,88 / 0,054,88 = 5,8 x 10-2 m/m

J = 5,8 x 10-2 m/m x 100 m = 5,8 m (58 kPa)

PCV

Utilizando Flamant

j = 0,000824 x 0,00251,75 / 0,054,75 = 3,5 x 10-2 m/m

J = 3,5 x 10-2 m/m x 100 m = 3,5 m (35 kPa)

Como a velocidade independe do material teremos para ambos os casos:

v = 4 x 103 x 2,5 / π x 502 = 1,27 m/s

O exercício também poderia ser resolvido entrando-se com os valores de Q e D nos ábacos das
figuras 6.3 e 6.4
8

Fig. 6.3 - Ábaco de Fair-Whipple-Hsiao para aço galvanizado e ferro fundido


9

Fig. 6.4 - Ábaco de Fair-Whipple-Hsiao para cobre e plástico


10
7) CONSUMO PREDIAL DE ÁGUA

O consumo é estimado considerando:

- Taxa de ocupação - estimativa de área ocupada por pessoa (Tabela 7.1)

- Consumo per capta - estimativa de consumo diário de água por pessoa ou por determinada
ocupação (Tabela 7.2)

Tabela 7.1 - Taxa de ocupação

Natureza do local Taxa de ocupação

Prédio de apartamento Duas pessoas por dormitório

Prédio de escritório de um só locador Uma pessoa por 7 m2

Prédio de escritório de mais de um locador Uma pessoa por 5 m2

Restaurante Uma pessoa por 1,5 m2

Teatros e cinemas Uma cadeira para cada 0,7m2

Lojas (pavimento térreo) Uma pessoa por 2,5 m2

Lojas (pavimento superior) Uma pessoa por 5,0 m2

Supermercados Uma pessoa por 2,5 m2

Shopping Center Uma pessoa por 5,0 m2

Museus Uma pessoa por 5,5 m2


11
Tabela 7.2 - Estimativa de Consumo Diário de Água

Tipo de Edificação Unidade Consumo


(litro / dia)
Apartamento pessoa 200
Apartamento luxo dormitório 300-400
quarto/empregada 200
Residência luxo pessoa 300-400
Residência valor médio pessoa 150
Residência popular pessoa 120-150
Alojamento provisório de obra pessoa 80
Edifício de escritório ocupante real 50-80
Escola-Internato pessoa 150
Escola-Externato aluno 50
Escola-Semi Internato aluno 100
Hospital e Casa de Saúde leito 250
Hotel c/ cozinha, Lavanderia hospede 250-300
Hotel s/ cozinha, Lavanderia hospede 120
Lavanderia Kg roupa seca 30
Quartel soldado 150
Cavalaria cavalo 100
Restaurante refeição 25
Mercado m2 de área 5
Garagem e Posto de Serviço automóvel 100
Rega de jardim m2 de área 1,5
Cinema e Teatro lugar 2
Igreja lugar 2
Ambulatório pessoa 25
Creche pessoa 50
Fabrica - uso pessoal operário 70-80
Fabrica c/ restaurante operário 100
Usina de leite litro de leite 5
Matadouro grande animal 300
Matadouro pequeno animal 150
Piscinas domiciliares lâmina d’água 2 cm /dia

8) ALIMENTADOR PREDIAL

Admitindo-se que o abastecimento pela rede seja continuo e que a vazão seja o suficiente para
atender o consumo diário no período de 24 hs temos:

Qmin = Cd / 86400 onde

Qmin = vazão mínima a considerar (l/s)

Cd = consumo diário (l)

86400 = número de segundos de um dia

Com a vazão entra-se na tabela 8.1 obtendo-se o diâmetro do alimentador.


12
Tabela 8.1 - Vazões limites e velocidades

Diâmetro ref. Diâmetro ref. Vazão limite Velocidade

(pol.) (mm) (l / s) (m / s)

1/2 20 0,30 1,71

3/4 25 0,62 1,98

1 32 1,09 2,21

11/4 44 2,01 2,50

11/2 50 3,14 2,50

2 60 4,91 2,50

21/2 75 7,07 2,50

3 85 11,04 2,50

4 100 19,63 2,50

5 125 30,68 2,50

6 150 44,18 2,50

9) RAMAL PREDIAL E HIDRÔMETRO

São geralmente especificados pela concessionária em função do consumo diário previsto.


A tabela 9.1 apresenta a bitola dos hidrômetros em função da vazão máxima conforme
recomenda a norma NBR-5626-98.

Tabela 9.1 - Vazão máxima em hidrômetros

Qmax Diâmetro nominal


(m3 / h) (mm)
1,5 15 e 20
3 15 e 20
5 20
7 25
10 25
20 40
30 50
13
A Companhia Estadual de Águas e Esgoto - CEDAE adota para a caixa protetora do
hidrômetro as dimensões conforme fig. 9.1 e tabela 9.2 abaixo.

Fonte: CEDAE
Fig. 9.1 - Caixa protetora de hidrômetro - Formato Padrão

Tabela 9.2 - Caixa protetora de hidrômetro - Dimensões


DIMENSÕES DIMENSÕES POSIÇÃO DO
INTERNAS PORTA ALIMENTADOR E DO
(m) (m) RAMAL INTERNO
HIDROMETRO (m)
Comp. Larg. Alt.
Comp. Larg. D E P
C L H
1/2” a 3/4" 0,80 0,40 0,50 0,70 0,40 0,30 0,10 0,10
1” 0,90 0,50 0,60 0,80 0,50 0,30 0,10 0,15
11/2” 1,10 0,60 0,70 1,00 0,60 0,40 0,20 0,20
2” 1,50 0,70 0,80 1,40 0,70 0,50 0,20 0,30
3” 2,00 0,90 1,00 1,80 0,90 0,60 0,25 0,40
4” 2,20 1,00 1,20 2,00 1,10 0,70 0,25 0,40
6” 2,20 1,10 1,20 2,00 1,10 0,70 0,25 0,40
Fonte: CEDAE
14
10) RESERVATÓRIOS
A norma NBR-5626/98 estabelece que a reservação total a ser acumulada nos
reservatórios inferiores e superiores não pode ser inferior ao consumo diário, recomendando
que não ultrapasse a três vezes o mesmo.
Recomenda-se:
- Reservatório inferior (RI) - 1,5 x Cd
- Reservatório superior (RS) - Cd + RTI
- Reserva técnica de incêndio (RTI) - Até 4 hidrantes - 6000 l
Acima de 4 hidrantes - 6000 l + 500 l / hid.

EXERCÍCIO 2
Seja um prédio residencial com 10 pavimentos, 4 apartamentos por pavimento e apartamento
de zelador. Cada apartamento tem 3 quartos, 1 quarto de empregada e 1 vaga de garagem. O
prédio possui 2 hidrantes por pavimento e 1200 m2 de jardim. Considerar 2 pessoas por quarto
social e 1 por quarto de empregada. Calcular:
a) Consumo diário
b) Diâmetro do alimentador predial
c) Reserva técnica de incêndio
d) Capacidade do reservatório inferior
e) Capacidade do reservatório superior

a) Consumo diário
Cd = 10 pav x 4 ap x (3 qt x 2 pes x 250 l + 1 qt x 1 pes x 200 l) + 1 zel x 1000 +
10 pav x 4 ap x 1 vaga x 100 l + 1200 m2 x 1,5 l = 74 800 l / dia
b) Diâmetro do alimentador
Qmin = Cd / 86 400 = 74 800 / 86 400 = 0,86 l / s
Pela tabela 8.1 temos:
Vazão = 0,86 l / s ==> D = 32 mm (1”)
c) Reserva técnica de incêndio (RTI)
Hidrantes = 10 pav x 2 hid = 20 hid.
RTI = 6 000 l + 16 hid x 500 l = 14 000 l
d) Reservatório inferior (RI)
RI = 1,5 x Cd = 1,5 x 74 800 = 112 200 l
e) Reservatório superior (RS)
RS = Cd + RTI = 74 800 + 14 000 = 88 800 l
15
11) SISTEMA ELEVATÓRIO DE ÁGUA

A elevação de água em instalações predial é, geralmente, feita por bombeamento. Dentre


as bombas disponíveis no mercado, pelas vantagens que apresentam sobre as demais, as
bombas centrifugas são as mais empregadas.
O dimensionamento de uma bomba centrifuga requer o conhecimento da descarga Q e
altura manométrica H.
a) ALTURA MANOMÉTRICA
Hman = Hest + Hperdas onde:
Hman = altura equivalente a ser vencida e representada pela soma da altura estática e
altura devido as perdas.
Hest = desnível geométrico entre a superfície do liquido nos reservatórios inferior e
superior.
Hperdas = altura equivalente devido ao somatório das perdas de carga na sucção e
recalque.
A figura 11.1 mostra uma elevação típica.

Hestr

Hests

Fig. 11.1 - Instalação elevatória típica


16
b) POTENCIA DA BOMBA
È dada pela expressão:
P = 1000 x Q x Hman / 75 x ηB onde:
P = potencia da bomba (CV)
Q = vazão (m3 / s)
Hman = altura manométrica total (m)
ηB = rendimento conjunto eletrobomba (50%)

A potencia da bomba também pode ser obtida pelas curvas da figura 11.2 , fornecidas pelo
fabricante para vários modelos. Entrando-se com a vazão Q e altura manométrica total
AMT encontra-se a curva da bomba adequada. Entrando na curva inferior com a mesma
vazão e para curva escolhida encontra-se a potencia da bomba.

Fig. 11.2 - Curvas vazão x altura manométrica para bombas centrifugas

c) TUBULAÇÃO DE RECALQUE
Conforme recomendação da norma NBR-5626/98 o diâmetro econômico da tubulação de
recalque deve ser calculado pela expressão:
DR = 1,3 x Q1/2 x X1/4 onde:
DR = diâmetro nominal da tubulação de recalque (m)
Q = vazão da bomba (m3 / s)
X = número de horas de funcionamento no período de 24 hs
17
d) PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS NA TUBULAÇÃO
O valor das perdas de carga de cada peça ao longo da tubulação é determinado pelas
tabelas 11.1 e 11.2 que fornecem os comprimentos equivalentes em metro de tubulação,
para ferro galvanizado e PVC.

Fig. 11.1 - Comprimentos equivalentes para tubulação de aço galvanizado


18

Fig. 11.2 - Comprimentos equivalentes para tubulação de PVC


19

EXERCÍCIO 3
Calcular a potencia da bomba de recalque para a seguinte instalação:
Cd = 74 800 l /dia
Hest sucção = 3,0 m
L sucção = 4,0 m
Hest recalque = 33,0 m
L recalque = 40,0 m
Períodos de recalque = 3 x 1h e 30min
Peças: Sucção - válvula de pé c/ crivo, 1 cotovelo raio curto 90°
Recalque - 1 registro gaveta, 1 válvula de retenção, 1 TE saída lateral,
3 cotovelos raio longo, 1 saída canalização
Material: PVC

Vazão de recalque e sucção


Cd = 74 800 l
3 períodos de 1,5 hs => 4,5 hs
Q = Cd / 4,5 = 74 800 / 4,5 = 16 662 l / h = 16,6 m3 / h

Tubulação de recalque
Q = 16,6 / 3 600 = 0,0046 m3 / s
X = 4,5 / 24 = 0,1875
DR = 1,3 x Q1/2 x X1/4 = 1,3 x 0,00461/2 x 0,18751/4 = 0,058 m => 60 mm
DS = 75 mm

Potencia da bomba
Sucção (Ø 75 mm)
Ls = 4,0 m
Hests = 3,0 m
Lps - 1 válvula de pé c/ crivo...........................26,8 m
1 joelho raio curto 90°..............................3,9 m
= 30,7 m
Lst = Ls + Lps = 4,0 + 30,7 = 34,7 m
js = 0,000824 x Q1,75/ D4,75 = 0,000824 x 0,00461,75 / 0,0754,75 = 0,0147 m / m
Hps = js x Lst = 0,0147 x 34,7 = 0,51 m
Hmans = Hests + Hps = 3,0 + 0,51 = 3,51 m
20
Recalque (Ø 60 mm)
Lr = 40,0 m
Hestr = 33,0 m
Lpr - 1 registro de gaveta....................................0,9 m
1 válvula de retenção.................................8,2 m
1 TE saída lateral.......................................7,8 m
3 joelhos raio longo..............................3 x 1,4 m
1 saída canalização...................................3,5 m
= 24,6 m
Lrt = Lr + Lpr = 40,0 + 24,6 = 64,6 m
jr = 0,000824 x Q1,75/ D4,75 = 0,000824 x 0,00461,75 / 0,064,75 = 0,0426 m / m
Hpr = jr x Lrt = 0,0426 x 64,5 = 2,75 m
Hmanr = Hestr + Hpr = 33,0 + 2,75 = 35,75 m

Altura manométrica total


Hmant = Hmans + Hmanr = 3,51 + 35,75 = 39,26 m

Potencia da bomba
P = 1000 x Q x Hmant / 75 x ηB = 1000 x 0,0046 x 39,26 / 75 x 0,5 = 4,8 => 5,0 CV

e) Cavitação
No deslocamento das pás das bombas centrifugas, ocorre uma pressão negativa na
zona localizada atrás das pás. Se esta pressão atingir a pressão absoluta de vapor
d’água, inicia-se um processo de vaporização com formação de bolhas de ar que serão
aspiradas pela bomba. Ao passarem para a zona de pressão positiva estas bolhas
implodirão provocando cavidades no rotor. Este fenômeno é chamado de cavitação e é
avaliado pelo NPSH (net positive suction head) traduzido por altura positiva liquida de
sucção. Na avaliação da cavitação é preciso conhecer o NPSH requerido pela bomba e o
NPSH disponível no sistema.
O NPSH requerido pela bomba é retirado das curvas fornecidas pelo fabricante conforme
mostra a figura 11.2.
O NPSH disponível no sistema é conseqüência do projeto técnico e é dado pela
expressão:
NPSHdisp = Pa - ( Hests + Hps + hv) onde:
Pa = pressão atmosférica local (m)
Hests = altura estática de sucção (m)
Hps = altura de perdas na sucção (m)
hv = pressão de vapor d’água (0,323 m a 25°C)
21

EXERCÍCIO 4
Para o exercício anterior, supondo que o NPSH requerido pela bomba é de 2,1m, verificar
se haverá cavitação.
NPSHdisp = Pa - (Hests + Hps + hv) = 10,33 - (3,0 + 0,536 + 0,323) = 6,471 m
6,471 > 2,1 m => NPSHdisp > NPSHreq => Não haverá cavitação
OBS.:
A altura teórica estática máxima de sucção é 10,33 m.

12) REDE GERAL DE DISTRIBUIÇÃO


a) Conceito
A distribuição de água de um prédio, partindo do reservatório superior, é compreendido por:
- Barrilete - tubulação que interliga as 2 seções do reservatório superior, e do qual partem as
colunas de distribuição.
- Colunas de distribuição - derivam do barrilete e descem verticalmente para alimentar os
diversos pavimentos.
- Ramais - são tubulações derivadas da coluna de distribuição e que alimentam o conjunto
de aparelhos de utilização.
- Sub-ramais - são tubulações que ligam os ramais às peças.
A figura 12.1 mostra um sistema típico de distribuição predial.
22

A NAmin NAmin

R B R
R
COLUNA 1

CH
R

L VS BA

Fig. 12.1- Sistema típico de distribuição predial


23

A tabela 12.1 apresenta os diâmetros mínimos de sub-ramais recomendados pela


NBR-5626/98
Tabela 12.1- Diâmetros mínimo de sub-ramais
Pontos de Utilização Diâmetro nominal Diâmetro nominal
(mm) (pol)
Aquecedor de alta pressão 15 1/2
Aquecedor de baixa pressão 20 3/4
Banheira 15 1/2
Bebedouro 15 1/2
Bidê 15 1/2
Caixa de descarga 15 1/2
Filtro 15 1/2
Lavatório 15 1/2
Máquina de lavar roupa ou louça 20 3/4
Mictório auto-aspirante 25 1
Mictório não aspirante 15 1/2
Pia de cozinha 15 1/2
Tanque 20 3/4
Válvula de descarga 32 11/4

b) Dimensionamento da tubulação
Procurando uma solução de fácil aplicação para o dimensionamento dos ramais e colunas de
distribuição dos prédios a NBR-5626/98 adota o método baseado na probabilidade de uso
simultâneo de aparelhos e peças conhecido como Método de Hunter.
O método baseia-se na atribuição de “pesos” às diversas peças conforme a tabela 12.2
As vazões correspondentes aos pesos atribuídos é da pela fórmula:
Q = 0,3 x ΣP1/2 onde:
Q = vazão (l /s)
ΣP = somatório dos pesos das diversas peças
24

Tabela 12.2 -Vazões de Projeto e Pesos Relativos

Pontos de Utilização Vazão Peso


(l / s)
Caixa de descarga 0,15 0,3
Válvula de descarga 1,9 40
Bebedouro 0,1 0,1
Banheira 0,3 1,0
Bidê 0,1 0,1
Chuveiro ou ducha 0,2 0,5
Lavadora de roupa ou louça 0,3 1,0
Lavatório 0,15 0,5
Mictório c/ válvula de descarga 0,5 2,8
Mictório tipo calha 0,15 0,3
p/metro
Pia de cozinha 0,25 0,7
Tanque 0,25 1,0
Torneira uso geral 0,2 0,4

Com os valores de Q ou ΣP entra-se no ábaco da figura 12.2 e retira-se os diâmetros


das tubulações.
25

Fig. 12.2 - Diâmetros e vazões em função da soma dos pesos


26
EXERCÍCIO 5
Dimensionar uma coluna de distribuição de banheiros para um edifício de 10 pavimentos
conforme figura 12.3. Considerar pé direito de 3,0 m e distancia entre B e C de 16,0 m

a) Soma dos pesos por pavimento


1 lavatório.................................0,5
1 válvula de descarga..............40,0
1 banheira.................................1,0
1 chuveiro.................................0,5
ΣP = 42
b) Trecho B-C
ΣP = 10 x 42 = 420
Q = 0,3 x 4201/2 = 6,148 l / s
Entrando no ábaco da figura 6.4 com a vazão de 6,148 l / s e velocidade 1,5 m / s obtém-se:
D = 75 mm (3”)
j = 0,032 m / m
Comprimento real: Lr = 16,0 m
Comprimento equivalente de peças:
1 registro de gaveta.......................0,9 m
1 TE saída lateral................... .......8,0 m
1 TE passagem direta....................2,5 m
2 joelhos 90°.............................2 x 1,5 m
Lp = 14,4 m
Lt = Lr + Lp = 16 + 14,4 = 30,4 m
Perda de carga no trecho:
Jb-c = j x Lt = 0,032 x 30,4 = 0,9728 m
Pressão disponível em C
P = Desnível reservatório-laje + pé direito - cota ramal = 2,0 + 3,0 - 1,0 = 4,0 mca
Pressão a jusante de C
Pc = 4,0 - Jb-c = 4,0 - 0,9728 = 3,07 mca = 30,7 kPa
27
c) Trecho C-D
ΣP = 9 x 42 = 378
Q = 0,3 x 3781/2 = 5,83 l / s
Entrando no ábaco da figura 6.4 com a vazão de 5,83 l / s e velocidade 2,0 m / s obtém-se:
D = 60 mm (21/2”)
j = 0,0675 m / m
Comprimento real: Lr = 3,0 m
Comprimento equivalente de peças:
1 TE passagem direta....................1,3 m
Lp = 1,3 m
Lt = Lr + Lp = 3,0 + 1,3 = 4,3 m
Perda de carga no trecho:
Jb-c = j x Lt = 0,0675 x 4,3 = 0,29 m
Pressão disponível em D
P = PjusanteC + pé direito = 3,07+ 3,0 = 6,07 mca
Pressão a jusante de D
Pc = 6,07 - Jb-c = 6,07 - 0,29 = 5,78 mca = 57,8 kPa
Todos os trechos são calculados conforme itens acima e com os resultados preenche-
se o quadro 12.1. A NBR-5626/98 apresenta a seguinte sugestão para preenchimento
da planilha.
1 - Marca-se o numero da coluna
2 -Indicam-se os trechos compreendidos entre cada dois ramais a partir da derivação do
barrilete assim tem-se BC, CD, DE etc.
3 - Somam-se os pesos em cada pavimento
4 - Calculam-se os pesos acumulados de baixo para cima
5 - Calculam-se as vazões correspondentes utilizando-se a expressão
Q = 0,3 x ΣP1/2
6 - Com os valores das vazões e velocidades abaixo de 2,5 m / s entra-se nos ábacos
de Fair-Whipple-Hsiao escolhendo-se os diâmetros e as perdas de carga unitárias.
7 - A cada pavimento haverá um acréscimo de pressão devido ao desnível.
Para um bom desempenho da instalação recomenda-se que:
- No trecho B-C a velocidade deva ser de 1,5 m / s para reduzir as perdas e não
prejudicar o funcionamento do chuveiro do 10° pavimento
- A velocidade deve ser mantida ente 2,0 e 2,5 m / s.
- A pressão de serviço máxima deve ser de 40 mca (400 kPa)
28
d) Pressão no chuveiro do 10° pavimento
A pressão disponível em C é 3,07m. O chuveiro acha-se a 1,10 acima do ponto C e
necessita de pressão de 1,0 mca.
Para atender as perdas no ramal:
ΔP = 3,07 - (1,10 + 1,0) = 0,97 m
Como a perda para o ramal de 40 mm para 1,9 l / s é de 0,065 m / m, o comprimento da
tubulação poderia ser de até:
L = 0,97 / 0,065 = 14,92 m
Este comprimento é suficiente para interligar o chuveiro à coluna.

13) BARRILETE
È a tubulação que interliga as 2 seções do reservatório superior, e do qual derivam as
colunas de distribuição. Colocam-se 2 registros que permitem isolar uma ou outra seção do
próprio reservatório. Considera-se que cada seção do reservatório fornece a metade da
descarga. Com este critério admite-se que durante a limpeza do reservatório as condições de
funcionamento não sejam as ideais. A perda de carga máxima deve ser de 0,08 m / m e a
velocidade máxima de 1,5 m / s.

NA NA

VENTILAÇÃO

R R
R R R R R R R R

EXERCÍCIO 6
Dimensionar o barrilete considerando a existência de 8 colunas conforme exercício 5
ΣP = 8 x 420 = 3 360
Q = 0,3 x 3 3601/2 = 17,4 l / s
q = 17,4 / 2 = 8,7 l / s
Com q = 8,7 l / s e v = 1,5 m / s entra-se nos ábacos Fair-Whipple-Hsiao obtendo-se
os valores
D = 100 mm
j = 0,013 m/m
v = 1,1 m / s
29

A NAmin NAmin

2,0 R B R
R
COLUNA 1

P = 420
CH
3,0
R
C 2,10

P = 378 1,0 L VS BA
PISO

R
D

P = 42
P = 336 Q = 1,9 l/s
3,0
D = 40 mm
R
E

P = 294

R
F

P = 252

R
G

P = 210

R
H

P = 168

R
I

P = 126

R
J

P = 84

R
K

P = 42

R
1

Fig. 12.3 - Execricio 5


Quadro 12.1- Dimensionamento de coluna de água fria

Coluna Trecho Pesos Pesos Vazão Diâm. Velocidade Comp. Comp. Comp. Pressão Perda Perda Pressão Pressão
unitários acumulados (l / s) (m) (m / s) real equiv. total disponível de de a a
(m) (m) (m) (mca) carga carga jusante jusante
(mca/m) (mca) (mca) (kPa)
01 BC 42 420 6,15 75 1,5 16,0 14,4 30,4 4,0 0,032 0,9728 3,07 30,7
CD 42 378 5,83 60 2,0 3,0 1,3 4,30 6,07 0,0675 0,29 5,78 57,8
DE 42 336 5,49 60 2,0 3,0 1,3 4,30 8,78 0,06 0,258 8,52 85,2
EF 42 294 5,14 50 2,6 3,0 2,3 5,30 11,52 0,13 0,689 10,81 108,1
FG 42 252 4,76 50 2,45 3,0 2,3 5,30 13,83 0,12 0,636 13,19 131,9
GH 42 210 4,34 50 2,2 3,0 2,3 5,30 16,19 0,1 0,530 15,66 156,6
HI 42 168 3,88 50 1,95 3,0 2,3 5,30 18,66 0,08 0,424 18,23 182,3
IJ 42 126 3,36 50 1,8 3,0 2,3 5,30 21,23 0,07 0,371 20,80 208,0
JK 42 84 2,74 40 2,2 3,0 2,2 5,20 23,86 0,13 0,676 23,18 231,8
KL 42 42 1,94 32 2,5 3,0 1,3 3,5 26,18 0,2 0,70 25,48 254,8

Você também pode gostar