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Responda a três das quatro questões que se seguem. As questões têm igual cotação.

1. Defina a modalidade de educação informal e refira as suas características.


Educação informal define-se por todas as situações potencialmente educativas
mesmo de forma inconsciente, que correspondem a situações pouco ou nada
estruturadas – experiências de interação que ocorrem no quotidiano – em casa, no
trabalho ou no lazer. Segundo Pain, é uma modalidade educativa que representa a
maior fatia da aprendizagem total durante a vida de uma pessoa, até mesmo para
aquelas que são altamente escolarizadas. A Educação informal dá especial enfoque à
mudança como situação com potencial educativo para os sujeitos, porque estes ao
depararem-se com situações desconhecidas, são “obrigados” a criar mecanismos
capazes de os fazer reajustarem-se a novas realidades. É este desafio que cria uma
mudança permanente e constitui uma aprendizagem fundamental, que outras
modalidades educativas não permitem.
As suas principais características são estas aprendizagens já referidas, que ocorrem
fora das estruturas educativas formalizadas; não existem conteúdos programados,
tal como noutras modalidades de educação e estes conteúdos não têm lógica de
aprendizagem, mas estão ligados a uma ação. O sujeito adquire um papel central e
fundamental na educação informal.

2. Para Pain, as situações de vida quotidianas são, em geral, portadoras de efeitos


educativos. Porém, o autor realça o potencial educativo das situações de mudança
vividas pelos indivíduos. Explique por que razões (Integre na sua resposta uma
explicação do conceito de efeito educativo).
As situações de vida quotidianas podem dividir-se em vários contextos como
relações interpessoais e de interação com os outros que ocorrem na vida em família,

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no trabalho ou em viagens e caracterizam-se pelo seu caráter não programado, cujo
objetivo não passa por uma função educativa explícita. No entanto, são estas
interações e experiências, que são causadoras de mudança e que preparam os
indivíduos para lidarem com situações desconhecidas, colocando-os à prova para
criarem mecanismos de reajuste a novas realidades que até então não tinham sido
vividas. O conceito de efeito educativo são estas mudanças no comportamento que
são consequência da estabilização de comportamentos pontuais, aquisição de
conhecimentos e capitalização da experiência individual e coletiva.
Explorando exemplos concretos, podemos afirmar que desde tomadas de decisão,
reação a determinados acontecimentos inesperados e a necessidade de resolução de
problemas no dia-a-dia, fomentam a criação de aprendizagens mais estruturantes e
significativas na vida dos indivíduos.

3. Defina e caracterize a modalidade de educação não formal.


A modalidade de educação não formal é um processo de aprendizagem social,
centrado no formando/educando, através de atividades que têm lugar fora do
sistema de ensino formal, sendo complementar deste. Segundo Coombs, é toda a
atividade educativa organizada fora do sistema formal para proporcionar diferentes
tipos de aprendizagens a subgrupos concretos da população. Exemplos práticos
desta modalidade são a educação de adultos, ações de voluntariado, clubes de
juventude com fins educativos ou programas comunitários de formação.
Educação não formal caracteriza-se essencialmente pela ação voluntária e não
hierárquica, podendo ocorrer em diversos contextos e com atividades sociais que se
vão organizando de muitas formas. O formando é o foco central desta modalidade,
valorizando a sua experiência pessoal como forma de potenciar as suas capacidades.
Sendo uma modalidade de cariz mais prático, procura ir ao encontro das
expectativas e exigências do mercado de trabalho.
Caracteriza-se também pelo rompimento da conceção tradicional da situação
educativa, distanciando-se dos modelos formais de ensino e ajuda a perspetivar
novas possibilidades de potenciar os processos de aprendizagem, podendo ser um
alicerce fundamental para os processos educativos formais, numa lógica de
articulação.

4. Explique a afirmação que se segue, relacionando-a com os processos não-formais de


educação de adultos.

“Os traços estruturais da forma escolar ultrapassam as fronteiras da instituição


escolar, contaminando as práticas educativas não escolares”
A afirmação seguinte baseia-se essencialmente numa oposição da forma escolar
(educação formal) à educação não formal. Ambas têm na sua génese uma estrutura
organizativa e planeada. No entanto, estas duas modalidades educativas são
complementares e devem ser encaradas como interdependentes. A educação não
formal tem características particulares especialmente pela forma se transmite
conhecimento e pelos métodos de avaliação de aprendizagens ao longo do processo

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formativo. É neste sentido que as práticas educativas não escolares se têm vindo a
desenvolver, porque estão associadas a contextos e atividades sociais muito diversas
levadas a cabo por organizações da sociedade civil – com particular destaque para a
educação de adultos. Sendo uma modalidade com formatos de organização muito
diferentes da forma escolar, as ações de formação, workshops temáticos ou visitas
de campo, acabam por se distanciar da instituição escolar pela flexibilidade horária,
cariz voluntários dos participantes, ausência de hierarquias na relação formador-
formando – em que ambos são incluídos de igual forma no processo de
aprendizagem. Esta modalidade, incentiva o enquadramento adequado para
responder às aspirações e necessidades específicas do formando bem como para
desenvolver as suas competências pessoais, potenciando a sua criatividade.
Como é um processo educativo que consegue chegar a vários subgrupos da
população e trabalhá-los de formas distintas, procurando ir ao encontro das suas
necessidades e individualidade, tem vindo a ganhar particular importância ao longo
dos anos.
A educação para adultos é produto deste tipo de educação, porque traduz o modelo
organizativo e estruturado (embora realizado em contextos diferentes) e que tem
trazido resultados positivos que fomentam novas aprendizagens em contextos
diversos.

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