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Crise dinástica (1383-1385)

Após a morte de D. Fernando (1345-1383), filho do rei D. Pedro,


inicia-se uma crise dinástica que só se resolve em 1385, com o fim da 1.a
dinastia e o início da dinastia de Avis.
Na falta de herdeiro masculino, a sucessão de D. Fernando passou para
a sua única filha legítima, D. Beatriz, que ele casara com João I, rei de
Castela, depois da sua terceira derrota. As cláusulas do matrimónio
confiavam a regência e o governo do reino à rainha-mãe, Leonor Teles,
até filho ou filha nascer a Beatriz. Quaisquer que fossem as
circunstâncias, os dois reinos deveriam viver permanentemente
separados.
Manobras políticas e ambições pessoais impediram qualquer solução
pacífica. João I de Castela decidiu invadir Portugal e tomar conta do
poder. A este passo violento moveu-o, porventura, a crescente oposição
ao governo de Leonor Teles e do seu amante, o conde João Fernandes
Andeiro, um nobre galego. Andeiro e Leonor, provavelmente apoiados
pela maioria da nobreza terratenente, tinham contra si as fileiras médias
e inferiores da burguesia, sob o comando do Mestre de Avis, D. João,
filho ilegítimo do rei D. Pedro. O ódio contra Castela e os Castelhanos
(estava ainda fresca na memória de todos a devastação passada que se
lhes devia) obrigou o Mestre de Avis a encabeçar uma revolta contra os
dois grupos: Leonor Teles-Andeiro e João I-Beatriz. Ele próprio ajudou
a matar o Andeiro, obrigou a Rainha D. Leonor Teles a fugir e a unir
forças com João I de Castela, e proclamou-se a si mesmo «regedor e
defensor do reino». Fez depois enviar embaixadores a Inglaterra com o
propósito de renovar a aliança política contra Castela. Começou também
a organizar a resistência.
A guerra com Castela passou por três fases principais: na primeira
(janeiro-outubro de 1384), João I de Castela invadiu Portugal, alcançou
Lisboa e cercou-a em vão durante quatro meses; no entretanto, os
Portugueses, chefiados por Nuno Álvares Pereira, filho ilegítimo do
Mestre dos Hospitalários, derrotaram os Castelhanos em Atoleiros, no Sul
(Alentejo). Na segunda fase (maio-outubro de 1385), João I de
Castela invadiu Portugal de novo, para sofrer completa derrota em
Aljubarrota às mãos de um exército muito mais pequeno mas dispondo
de organização superior e beneficiando do apoio dado por archeiros
ingleses e acaso por conselheiros da mesma nacionalidade; algures, os
Portugueses também derrotaram os Castelhanos em lides
menos significantes (Trancoso, Valverde). Na terceira e última fase (julho
de 1386-novembro de 1387), um tratado formal entre Portugal e a
Inglaterra trouxe o duque de Lancaster à Península Ibérica como
pretendente à coroa castelhana. O teatro da guerra passou para fora das
fronteiras portuguesas. Uma primeira trégua foi assinada em 1387.

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