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Supervisores:
Nelson Matsinhe, PhD
Yazalde Tayob, MSc
Supervisores:
Nelson Matsinhe, PhD
Yazalde Tayob, MSc
AGRADECIMENTOS
Aos meus familiares em geral e de uma forma mais especial à minha Mãe, não sei
por onde começar este especial agradecimento, obrigada por não me ter deixado desistir
deste curso no momento que saiu o resultado, por sempre entender a minha ausência
em casa como filha e em nenhum momento ter-se oposto a isso, por cada alimentação
especial para compensar as noites sem dormir, a atenção, o amor e aos puxões de
orelha. Eu prometi no primeiro dia que entrei e hoje vou-te tornar a mãe mais orgulhosa
deste mundo. Te Amo muito.
Aos meus colegas da faculdade Valter Macie, Shelton Paulino, Mário Chaúque,
Nicolau Nhantumbo, Eugénio Chirrime, Osvaldo Cabral e Nalda Damião, minha “dream
team”, pena que não posso descrever todas nossas histórias aqui, mas foram muitas
noites sem dormir, livros lidos, testes feitos, horas de estudo, projectos errados e
rectificados. Através de vocês me torno uma engenheira mais curiosa, sábia, séria e
parva ao mesmo tempo. Obrigada pelas explicações (que não foram poucas), ajudas e
colaborações ao longo dos meus 5 anos de formação, isto é uma pequena parte do que
posso fazer para agradecer e demonstrar meu enorme carinho por vocês. Aos meus
“afilhados” Valter Mateus, Muneer Nair e Deise Cabral, sei que sou vosso exemplo e
espero ser a inspiração e exemplo de estudante que precisem para que sigam os vossos
passos e atinjam vossos objectivos e sonhos (Foco, Forca e Fé).
Ao Wagner Amuza, sabes o quão especial foste para eu alcançar este sonho, foste
meu braço mais que direito, me inspiraste mesmo sem saber. Obrigada por todas vezes
que desde teu tempo para me ajudar e ser meu escrivão. Aos meus melhores amigos
Edmilson Matavele, Jéssica Lemos e Neiva Banze, definitivamente tudo que sou
emocionalmente hoje, meu ombro amigo, meu colo e meu refúgio, é tudo que vocês são
para mim. Ao Claudino Kuntuela, Tuahiri de Melo, e aos demais amigos durante a minha
longa caminhada pela FENG.
Ao FIPAG Pemba, em especial ao Novais Brito Soca, pela paciência e os
ensinamentos, e especialmente por ter sido o “supervisor” da minha visita ao campo.
Aos meus supervisores Dr. Nelson Pedro Matsinhe e Eng. Yazalde Tayob pela
paciência e pelo conhecimento transmitido ao longo da minha jornada.
RESUMO
O crescimento da demanda em cidades costeiras devido a turismo ou oportunidades
de negócio tem resultado na sobre-exploração das soluções tradicionais de
abastecimento de água, como aquíferos e rios, obrigando a escolha de soluções
alternativas imediatas e económicas. Apesar de o processo de dessalinização, de
maneira geral, ser considerado como oneroso, é necessário se fazer estudos para
melhor analisar, quantificar e comparar com as alternativas já existentes.
Neste sentido, a presente pesquisa tem como objectivo fazer uma análise
comparativa da potência instalada e da energia específica no sistema actual de
abastecimento de água da cidade de Pemba (campo de furos de Metuge) e numa
estação de dessalinização por osmose reversa (OR) da água do mar e salobra, ao longo
da baía de Pemba, bem como analisar o seu potencial para Moçambique.
Para investigar e quantificar a potência e energia específica necessária para
dessalinizar foi realizado o dimensionamento das estações de tratamento de água
(ETA’s) por OR usando o software IMSDesign, que requer a introdução de dados de
qualidade de água e dados de projecto, que incluem o caudal, taxa de recuperação,
número de estágios do sistema, e outros.
As ETA’s dimensionadas para água do mar e salobra tem a capacidade de
15.000m3/d, que é equivalente à do campo de furos de Metuge, possuem 52 vasos com
6 elementos, membranas do tipo SWC5-1640 e um estágio de tratamento, e 217 vasos
com 6 elementos, membranas do tipo CP3 e dois estágios de tratamento,
respectivamente. As potências e energias específicas foram de 3.385,2 kW e
5,42kWh/m3 para água do mar e 560,8kW e 0,9 kWh/m3 para água salobra. Por que em
ETA’s de água do mar, o concentrado ser eliminado com uma pressão alta usou-se um
sistema de recuperação de energia (ERD), que consiste na troca de pressão do
concentrado para a água de alimentação. Com isto, os valores de potência e energia
específica sofreram uma redução para 1.622,5kW e 2,6 kWh/m3 que correspondem a
uma redução de 57%.
A presente pesquisa sugeriu então que o sistema OR de água do mar é cerca de
28% menos dispendioso em termos de custos operacionais, se for incluído um ERD, que
a fonte actual de abastecimento de água em Pemba. Caso não seja incluído um ERD
pode haver um aumento de 41% nos custos de energia.
Índice
.........................................................................................................................................i
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................ii
RESUMO .......................................................................................................................iii
Índice ..............................................................................................................................v
LISTA DE ANEXOS .....................................................................................................viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................ix
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................x
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................xii
Capítulo 1 – Introdução ................................................................................................1
LISTA DE ANEXOS
AA – Abastecimento de água.
DCV – Destilação Por Compressão De Vapor.
DME – Destilação Por Múltiplo Efeito.
ED – Electrodiálise.
EDR – Electrodiálise Reversa.
ERD – Energy Recovery Device (Dispositivo de Recuperação de Energia).
ETA – Estação de Tratamento de Água.
ETA’s – Estações de Tratamento de Água.
FIPAG – Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água.
IL – Índice de Langelier.
IMSDesign – Integrated Membrane Solution Design.
MEF – Destilação por Multiestágio flash.
MF – Microfiltração.
NF – Nanofiltração.
O&M – Operação e Manutenção.
OR – Osmose Reversa.
pH – pontes de Hidrogénio.
RSPDADAR – Regulamento De Sistemas Públicos De Distribuição De Água E De
Drenagem De Águas Residuais
SAA – Sistema De Abastecimento De Água
UF – Ultrafiltração
LISTA DE FIGURAS
Figura 7 - Gráfico de relacção fluxo vs. Tempo e pressão vs. Tempo em sistema OR 15
Figura 15 - Mapa de localização das opções para a ETA de dessalinização, com foco
para solução escolhida................................................................................................. 35
Figura 17 - Cálculo do balanço iónico pelo IMSDesign para água salobra. ................. 41
Figura 19 - Diagrama de fluxo para sistema de OR tratando água salobra e sem ERD.
..................................................................................................................................... 46
Figura 20 - Diagrama de fluxo para sistema OR tratando água do mar com ERD. ...... 47
Figura 21 - Diagrama de fluxo para sistema OR tratando água do mar sem ERD. ...... 47
LISTA DE TABELAS
Tabela 9 - Valores típicos de Fluxo de declínio e aumento de passagem de sal por ano.
..................................................................................................................................... 44
Capítulo 1 – Introdução
1.1. Generalidades
“Moçambique é um país com um número considerável de cidades e vilas localizadas
na zona costeira (casos de Maputo, Beira, Quelimane e Pemba) e que recorrem à
captação subterrânea para o abastecimento de água, seja como fonte única ou em
complemento aos sistemas baseados na captação superficial. Em algumas cidades
como é o caso de Pemba, a sobre-exploração dos aquíferos e consequente
contaminação das fontes por intrusão salina, é apontada como factor que, nalguns casos
leva ao abandono temporário ou definitivo das referidas fontes por se tornarem
inadequadas para produção de água potável (ex: campos de furos de Chuiba na cidade
de Pemba).
Casos há também de cidades costeiras que dependem exclusivamente de fontes
superficiais, mas que, devido ao efeito da intrusão salina as fontes tradicionais têm que
ser abandonadas ou em alternativa, deslocadas para pontos mais à montante (casos da
Beira-Mutua) e/ou a construção de obras de contenção da intrusão salina e/ou represas
(caso de Maputo-Umbeluzi, Marracuene-Incomáti). “
1 Membrana é uma estrutura (ou material) fina, tipicamente plana, que separa dois ambientes .
2 Metuge é um distrito da província de Cabo Delgado, em Moçambique, com sede na povoação de Metuge.
1.4. Metodologia
Para além da pesquisa documental/revisão bibliográfica, realizada com o intuito de
obter conhecimentos teóricos sobre a tecnologia de tratamento de água por
dessalinização e informação sobre o sistema actual de abastecimento de água à cidade,
foi realizada ao longo desta pesquisa uma visita de campo que serviu para obter e
confirmar informação relevante para a pesquisa designadamente, dados operacionais
A escolha de água do mar como fonte de água bruta deveu-se ao facto de não haver
registo da existência de aquíferos próximos da cidade de Pemba (exceptuando o campo
de furos de Chuiba) que permitiriam a exploração de um caudal equivalente ao
actualmente produzido no campo de furos de Metuge e muito menos para caudais
maiores. O recurso à uma potencial fonte de água salobra (salinidade na ordem dos
11,300mg/l) teve como propósito, inferir sobre a eficiência e o consumo energético de
uma ETA de dessalinização hipoteticamente construída para o efeito, caso existisse nas
proximidades da cidade uma fonte de água com características similares.
Para o cenário de análise usando água do mar, o local de captação bem como o de
localização da ETA foi escolhido durante a visita de campo. Para este cenário de fonte
foram ainda determinados (amostragem e análise) parâmetros de qualidade da água
relevantes para o dimensionamento da ETA designadamente: temperatura, pH,
Alcalinidade, Condutividade eléctrica-EC, Sólidos Totais Dissolvidos (STD), Turvação,
Cloretos (Cl-), Fosfato (PO43-), Cálcio (Ca2+), Magnésio (Mg2+), Sódio (Na+), Potássio
(K+), Dureza total, Nitrato (NO3-), Nitrito (NO2-), Amónio (NH4+), Ferro (Fe3+), Sílica (SiO2),
Bicarbonato (HCO3-), Carbonato (CO32-) e Matéria orgânica. As amostras para este
O processo baseado na OR foi escolhido como ideal para a presente pesquisa pela
sua eficiência na remoção de sais e por acarretar menos custos de investimento
comparando com a destilação. Este processo é descrito em mais detalhes no próximo
capítulo.
Figura 7 - Gráfico de relacção fluxo vs. Tempo e pressão vs. Tempo em sistema OR (fonte: Desalination and
Membrane related technology, 2014)
(i) Sistema de Filtração Fina: geralmente na base de filtros que actuam como
unidades de pré-tratamento e têm a finalidade de remover partículas (sólidos e outros)
de dimensão média na faixa dos 5 a 10 μm. A sua inclusão depende de caso para caso
sendo, contudo obrigatória nos casos em que há variações acentuadas na qualidade da
água de alimentação que possam vir a causar danos às bombas de alimentação e/ou
membranas. Nalguns casos, instalam-se filtros à jusante das bombas de alimentação,
devendo-se nesses casos prever-se peneiras de malhas finas para proteger as bombas.
Figura 9 - Eficiência dos diferentes tipos de membrana na remoção de impurezas diversas (Fonte: Meer, 2013)
Tabela 3 - Pressão e energia típicas nos processos de dessalinização por OR (Fonte: Kennedy, 2014)
2.2.5. Pré-tratamento
A inclusão de unidades de pré-tratamento depende das características da água a
tratar e é essencialmente concebido para minimizar o potencial de ocorrência de
incrustação e a rápida colmatação das membranas por uma camada com alta
concentração de sais que se forma do lado da alimentação.
Vários modelos de pré-tratamento podem ser usados, contudo, os mais comuns são:
a MF, UF, filtros de carbono ou carvão activado, filtros rápidos de areia e filtros lentos. A
MF e UF são usadas com o intuito de reduzir por retenção o conteúdo de sólidos
suspensos. Os filtros de carbono ou carvão activado nas várias formas são usados para
reduzir o índice de cloretos pois a longo prazo a presença de cloretos danifica as
membranas.
Os filtros rápidos de areia e os filtros lentos são usados para promover a remoção
de sólidos e material em suspensão, matéria coloidal e/ou dissolvida, remoção/oxidação
de matéria inorgânica/orgânica e, remoção de microrganismos.
Quando:
-1 < IL < 1 água encontra-se em equilíbrio;
IL > 1 água irá precipitar pelo elevado teor de carbonato de cálcio (agua
incrustante);
2.2.7.1. Material
Existem dois tipos de membranas que se distinguem pelo tipo de material: orgânico
e inorgânico. As membranas de material orgânico são produzidas na base de material
polimérico e podem ser: policarbonatos, polipropileno, polissulfona, politetrafluoretileno
ou fluoreto de polivinilideno.
As membranas de material inorgânico podem ser: cerâmicas, vidradas ou metálicas.
As membranas podem ainda apresentar diferentes configurações designadamente:
espiral, fibras ocas finas, tubular e placas planas. As configurações, tubular e placas
planas são pouco usuais em processos de dessalinização, mas são amplamente usadas
no processamento de alimentos e em outros sectores industriais (e.g. produção de
produtos lacticínios). As outras configurações são as mais comuns nos dias de hoje
quando se trata de OR e NF (Silveira et al, 2015).
Figura 11 – Representação da Lei de continuidade num sistema de membrana (fonte: Meer, 2013)
Disto resulta:
𝑄𝑓 = 𝑄𝑝 + 𝑄𝑐 (3)
Onde,
Qf – Caudal de alimentação (m3/h)
Qp – caudal do permeado (m3/h)
Qc – caudal do concentrado (m3/h)
Equilíbrio de Concentração
A equação de equilíbrio da concentração de sais é dada pela expressão:
Caudal e Fluxo
O caudal de água (Qw) representa a quantidade de água que atravessa uma
membrana e é obtida pelo produto da diferença entre a pressão da água de alimentação
e a do permeado (ΔP), área superficial da membrana (A) e a permeabilidade da mesma
(Kw) segundo a expressão.
𝑄𝑤 = ∆𝑃×𝐴× 𝐾𝑤 (10)
Onde:
Qw – caudal (m3/h) ou (l/h)
ΔP – diferença de pressão (bar)
A – área da membrana (m2)
Kw – permeabilidade da membrana (m3/m2. h. bar) ou (l/m2. h. bar)
O fluxo de água ou taxa de filtração (Jw) por sua vez, corresponde ao caudal que
atravessa a membrana por unidade de área (m 3/m2.h ou l/m2.h) e calcula-se pela
expressão:
𝑄𝑤 ∆𝑃×𝐴× 𝐾𝑤
𝐽𝑤= = (11)
𝐴 𝐴
𝐽𝑤 = ∆𝑃× 𝐾𝑤 (12)
Tabela 4 – Intervalos típicos de taxas de filtração recomendadas para dimensionamento. (Fonte: Manual de
instrução IMSDesign, 2014)
Fluxo
Água de alimentação
(l/m2.h)
Permeado de OR 34-51
Número de Membranas
Para determinar o número de membranas num sistema de OR usa-se a expressão:
𝑄𝑝
𝑛°𝑚𝑒𝑚𝑏𝑟𝑎𝑛𝑎𝑠 = (13)
𝑄𝑤
e,
𝑛°𝑚𝑒𝑚𝑏𝑟𝑎𝑛𝑎𝑠
𝑛°𝑣𝑎𝑠𝑜𝑠 = (14)
𝑛°𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑣𝑎𝑠𝑜
Efeito de Temperatura
A permeabilidade das membranas depende da viscosidade da água e como
consequência da temperatura também. As equações de Arrhenius para ajustar estas
grandezas à temperatura de água diferentes de 20 graus são:
𝐾𝑤𝑡 = 𝐾𝑤20 × (1,03)(𝑇−20) (15)
Onde:
Kwt - permeabilidade da membrana à temperatura de alimentação (m3/m2.h.bar)
Kw20 – permeabilidade da membrana a 20oC (m3/m2.h.bar)
T – Temperatura (oC)
Factor de Incrustação
Como mencionado anteriormente, um dos pontos a ter em consideração na
configuração de um projecto de dessalinização por membranas é o fenómeno de
concentração-polarização, por causa da formação da camada com alta concentração de
sais que se acumula do lado da alimentação na superfície da membrana.
O factor de incrustação é dado por:
𝑄𝑝
𝛽 = 𝐾𝑃 × 𝑒 𝑄𝑐 (17)
Onde:
β – factor de incrustação (adimensional);
KP – constante dependente da geometria da membrana (adimensional).
QP e QC – Caudais do permeado e concentrado, respectivamente.
Energia Necessária
Para o cálculo da energia necessária num sistema por OR, é necessário determinar
a pressão efectiva (NDP) para possibilitar a passagem da água através da membrana
(NDP) que é dada pela expressão:
∆𝑃
𝑁𝐷𝑃 = 𝑃𝑓 − − ∆𝜋𝑎𝑣𝑔 − 𝑃𝑝 (18)
2
Onde:
NDP – pressão efectiva (Net Driving Pressure) (bar)
Pf – pressão da água de alimentação (unidades) (bar)
ΔP – diferença de pressão na entrada e saída do vaso (~0,2bar)
Pp – pressão do permeado (bar)
Porém, o IMSDesign considera para o cálculo da pressão osmótica que 0,76 bars
corresponde a 1000 ppm ou mg/l. (Rule of Thumb)
0,76
𝜋 = 𝐶× (20)
1000
Onde:
C – concentração (mg/l)
2.4. O IMSDesign
A segunda etapa é referente à introdução dos dados do projecto que incluem: o fluxo
do permeado pretendido, a taxa de recuperação pretendida, a idade das membranas, o
factor de incrustação, declínio do fluxo e o aumento da passagem de sais por ano.
um rio intermitente com caudais durante 5-6 meses do ano da estação húmida. O campo
de furos que alimenta o sistema de abastecimento de água compreende 13 furos dos
quais apenas 10 operacionais. O sistema de captação comporta para além do campo
de furos, uma estação de tratamento de água concebida para a remoção de ferro e
manganês constituída por uma unidade de aeração por cascatas, 3 câmaras de contacto
paralelas e 3 filtros rápidos de areia. Existem igualmente neste complexo de tratamento
unidades de tratamento de lamas na base de leitos de secagem.
450mm que se liga à estação de tratamento. Os furos são revestidos com paredes de
PVC e filtros de areia com profundidades entre 40 e 50m.
Actualmente (2016), o sistema de abastecimento foi reforçado com a inclusão de
água extraída em 4 furos reabertos no antigo campo de furos de Chuiba que garantem
um caudal adicional de cerca de 1.505m3/d segundo dados fornecidos pelo FIPAG. Esta
água é conduzida pela conduta directamente para os reservatórios instalados na
estação F.
Floculador
Filtros
rápidos
Aeração
em
cascata
Opção 3
Opção 2
Opção 1
Figura 15 - Mapa de localização das opções para a ETA de dessalinização, com foco para solução escolhida.
(Fonte: Autor)
Ferro, Alcalinidade M e P, Magnésio e Sulfatos. Para o efeito foi enviada uma amostra
colhida no dia 10 de Setembro de 2016 às 14:40 e 29 de Setembro as 10:50. Os
resultados obtidos são também apresentados na tabela 5.
Uma vez que os resultados do balanço iónico realizado mostravam que os valores
ainda não se encontravam em equilíbrio (vide figura 2 do anexo 5.1), o IMSDesign
sugeriu uma correcção sublinhando os parâmetros cujas concentrações podem ser
ajustadas. Os resultados finais apresentam-se na figura abaixo.
Dureza Total
𝑝𝐻𝑆𝑎𝑡 = 4,43
𝑝𝐻𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 = 8,17
𝐼𝐿 = 3,71 (água incrustante)
Parâmetro
Unidades Resultados
Físico-Químico
pH - 7,6
Condutividade mS/cm 12,62
Alcalinidade mg/l 213
Bicarbonato mgCaCO3/l 212
Boro mg/l 23,5
Cálcio mg/l 462
Carbonato mgCaCO3/l 1
Cloreto mg/l 1060
Fluor mg/l 10
Hidróxido mgCaCO3/l 1
Magnésio mg/l 284
Nitrato mg/l 47
Potássio mg/l 5
10McCool, Brian Carey. High Recovery Desalination of Brackish Water by Chemically-Enhanced Seeded
Precipitation. Dissertation. University of California. 2012.
Parâmetro
Unidades Resultados
Físico-Químico
Sílica mg/l 31
Sódio mg/l 2780
Sulfato mg/l 6360
Ferro mg/l 0,05
STD mg/l 11.276
Figura 17 - Cálculo do balanço iónico pelo IMSDesign para água salobra. (Fonte: IMSDesign)
Dureza Total
A determinação da dureza da água resultou em:
𝐷𝑇 = 46,43 𝑒𝑞/𝑚3
Agressividade
Calculada a partir das equações 1 e 2 e os dados relevantes de qualidade da água
bruta determinados anteriormente, produziu os seguintes resultados:
𝑝𝐻𝑆𝑎𝑡 = 6,39
𝑝𝐻𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 = 7,6
𝐼𝐿 = 1,21 (água incrustante)
Para o presente caso, o fluxo do permeado foi definido como sendo correspondente
à produção nominal da ETA que actualmente serve o sistema e que opera durante
24h/dia segundo dados do FIPAG. Assim, o caudal de necessário de permeado foi
calculado como:
Qp = 15,000m3/d = 625m3/h
Tabela 8 - Taxa de Recuperação de acordo com a fonte de água. (Adaptado de: Guia de Projecção de sistema de
membranas por OR de Lewabrane)
No de
Fonte/Tipo de Água Recuperação
Estágios
SWRO11 1 <50%
BWRO12 2 <80%
SWRO (alta recuperação) 2 <60%
A idade das membranas foi escolhida com base nas recomendações contidas em
Silveira et al (2015) que sugerem 3 a 5 anos para membranas celulósicas13 e 5 a 7 anos
para membranas não celulósicas. Sendo as membranas escolhidas para o
dimensionamento, membranas de poliamida14 do fabricante Hydranautics, tratando
através do sistema OR água do mar e, água salobra o valor adoptado para idade das
membranas foi de 3 anos.
O factor de incrustação foi calculado pelo programa com base na equação 17 tendo
se assumido um valor de 1.1 para a variável Kp para membranas em espiral. O declínio
do fluxo e o aumento da passagem de sais por ano são definidos pelo programa de
acordo com o tipo de fonte de água. Na tabela a seguir são resumidos os valores
principalmente de celulose.
14 Poliamida – é um polímero termoplástico.
Tabela 9 - Valores típicos de Fluxo de declínio e aumento de passagem de sal por ano. (Fonte: IMSDesign)
Fluxo de Aumento de
Parâmetro Declínio por passagem de sal
Ano por Ano
Unidade % %
Nível Típico Típico
Poço Salobre sem Incrustação 5 7
Poço Salobre Alta Incrustação 7 7
Superfície Salobre Convencional 7 10
Superfície Salobre MF/UF 7 7
Mar Poço Convencional 5 7
Mar Superfície Convencional 7 10
Mar Superfície MF/UF 5 7
Figura 18 - Ilustração do campo de selecção do tipo de membrana pelo IMS Design. (Fonte: IMSDesign)
Figura 19 - Diagrama de fluxo para sistema de OR tratando água salobra e sem ERD. (Fonte: IMSDesign)
Figura 20 - Diagrama de fluxo para sistema OR tratando água do mar com ERD. (Fonte: IMS Design)
Figura 21 - Diagrama de fluxo para sistema OR tratando água do mar sem ERD. (Fonte: IMS Design)
Tabela 12 - Resultado de pressão de alimentação e energia específica pelo IMS Design. (Fonte: Autor)
Pressão de Energia
Processo de
alimentação Específica
Dessalinização
(bar) (kWh/m3)
OR tratando água
14,8 0,9
salobra sem ERD
OR em água do mar
68,4 2,58
com ERD
OR em água do mar
66,5 5,38
sem ERD
Os valores obtidos são assim considerados válidos para a discussão que se segue.
• Roda Pelton;
• Permutador de Trabalho;
• Permutador de Pressão;
• Turbocompressor Hidráulico.
Conforme se observa dos resultados da tabela 14, o sistema concebido sem ERD
apresenta uma energia específica no tratamento que é cerca de 52% maior que a do
sistema com ERD. O sistema concebido com ERD apresenta uma energia específica
bastante menor (cerca de 48% do sistema sem ERD) o que sugere ser fundamental
incluir-se unidades ERD em sistemas de dessalinização da água do mar e assim,
fornecer água potável com custos operacionais mais baixos. A tabela a seguir mostra
para o caso em análise, a influência de um ERD na redução na energia específica por
m3 de água produzida e, por conseguinte, da redução esperada no custo de produção.
muito mais baixas (inferiores a 20 bar) que as necessárias no caso da água do mar e,
portanto, com energias específicas próximas dos limites recomendados na literatura.
Este facto foi verificado pelo IMSDesign, ao simular o sistema OR de água salobra
com o ERD (vide anexo 5.5). Casos em que se tem mais de um estágio de tratamento,
o programa define que a energia recuperada vai sempre para o último estágio de
tratamento, passando este a um turbo inter-estágio. Abaixo apresenta-se o diagrama de
fluxo do dimensionamento do sistema em água salobra por OR com EDR, assumindo
os mesmos dados de qualidade de água (cerca de 11.300mg/l STD).
Tabela 14 - Resultado de dimensionamento de sistema OR em água salobra com ERD. (Fonte: Autor)
Tabela 16 – Resultados de dimensionamento dos sistemas OR comparado ao campo de furos de Metuge. (Fonte:
Autor)
Campo de furos
15.000 625 2.555,8817 4.09
de Metuge
OR água salobra 15.000 625 798,73 1,28
17 Valor obtido pela soma das potências encontradas na folha de anexo 10. (Fonte: Fipag-Pemba)
OR água do mar
15.000 625 1.849,53 2,96
c/ ERD
OR água do mar
15.000 625 3.359,90 5,76
s/ ERD
A mistura de água obtida do campo de furos de Chuiba com água extraída do mar
poderia ser vista como solução, contudo os níveis de salinidade resultantes da referida
diluição seriam ainda elevados o que eventualmente tornaria a operação do sistema
híbrido equiparável a solução de tratar água do mar.
Assumindo que a concentração de sais dissolvidos em Chuiba é de 4.000mg/l e a
capacidade de produção actual corresponde a 1.505m 3/d, como mencionado em 3.2.1.,
pela equação de balanco de massa (1) é possível calcular a concentração que teria uma
18O nível de STD máximo encontrado em fontes de água salobra em Pemba ronda cerca de 4.000mg/l,
de acordo com dados obtidos em visita ao campo.
água proveniente da mistura de águas de Chuiba e do mar para uma quantidade total
de 15.000m3/d.
45.216𝑥13.495 + 4.000𝑥1.505
𝐶𝑇 = = 41.080,66𝑚𝑔/𝑙
15.000
Uma vez que não há registos de dados de qualidade de água do sistema actual da
cidade de Pemba, assumisse que o nível de STD é de 1.500mg/l, equivalente ao de uma
água dentro dos padrões para o consumo humano segundo o RSPDADAR. Para melhor
estudar o comportamento da mistura, três níveis de diluição serão usados 50/50, 33/67
e 23/77. Os resultados encontram-se abaixo.
45.216𝑥7.500 + 1.500𝑥7.500
𝐶𝑇 = = 23.358𝑚𝑔/𝑙( 50/50)
15.000
45.216𝑥5.000 + 1.500𝑥10.000
𝐶𝑇 = = 16.072𝑚𝑔/𝑙 (33/67)
15.000
45.216𝑥3.500 + 1.500𝑥11.500
𝐶𝑇 = = 11.700,4𝑚𝑔/𝑙 (23/77)
15.000
Assim, esta alternativa pode ser equacionada para dar resposta ao projecto de
aumento da capacidade de produção de água para a cidade de Pemba (visando o
horizonte 2030). Nesta alternativa o local da captação/ETA de dessalinização seria o
mesmo que o selecionado em 4.1. Tendo em conta os caudais actualmente produzidos
em Metuge e o reforço necessário para cobrir a demanda do horizonte, a água resultante
apresentaria níveis de salinidade (medida pelos STD) da ordem dos 11.700mg/l com
níveis de diluição 23/77, segundo sugere o cálculo acima, podendo o seu tratamento ser
realizado numa ETA de dessalinização sem EDR e com custos operacionais
equiparáveis aos da actual ETA de Metuge. Para além da redução dos custos de
operação, esta solução apresenta vantagens como o facto de a fonte ser inesgotável,
reduzir o intervalo de manutenção uma vez que água seria menos concentrada, e pode
ser usada no futuro para o reforço de abastecimento de água para a cidade de Pemba.
As desvantagens para estes sistemas continuariam a ser a falta de quadros qualificados
para operar e manter os sistemas.
- Dificuldade na manutenção.
- Incerteza na capacidade de
exploração máxima.
- Fonte mais distante da cidade.
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
0 100 200 300 400 500
Comprimento da conduta (km)
de água do mar possuir um sistema ERD, o comprimento da adutora baixa para cerca
de 160km (ponto vermelho no gráfico).
Estes resultados sugerem que comparado a um sistema convencional, a
dessalinização da água do mar é uma alternativa pouco viável pelo seu elevado custo
energético. Porém, se for a única fonte de água dentro de um raio de 160km da cidade,
esta alternativa pode ser considerada válida.
A maioria das fontes próximas as cidades costeiras a longo prazo tendem a ser
contaminadas por intrusão salina, tornando a água doce em salobra, e obrigando a
escolha de fontes mais longe da cidade. A escolha de opções mais distantes do centro
da cidade implica um aumento considerável nos custos de transporte da água. Em certos
casos, a dessalinização dessa água salobra pode ser uma solução mais sustentável.
Campo de furos de
Xai-xai 12.900m3/d 4km
Tavene
Campo situado no vale do
Maxixe 1.900 m3/d 8km
Rio Nhanombe
Uma fonte de captação de água salobra aleatória foi considerada para análise,
embora não se encontrem na cidade de Pemba fontes com a mesma capacidade de
exploração, com o objectivo de dar a conhecer o potencial e a aplicabilidade da
dessalinização para Moçambique. Os dados de fonte aleatória continham o nível de STD
aproximado a 11.300mg/l e os resultados obtidos do dimensionamento de uma ETA de
dessalinização por OR apontam que dessalinizar água salobra é cerca de 57% e 78%
mais económico que dessalinizar água do mar sem e com ERD, respectivamente.
A análise sugere ainda que, para que o consumo energético de uma ETA de
dessalinização por OR de água do mar ou salobra seja equivalente aos sistemas com
fontes e tratamentos convencionais (superficiais/subterrâneas), que representam mais
de 95% do total encontrado em Moçambique, estes devem distar a 380km e 33km,
respectivamente, do centro da cidade. No caso de sistemas OR de água do mar com
ERD a distância pode ser reduzida para cerca de 160km do centro da cidade.
Uma vez que, cerca de 63% dos sistemas de AA localizados em regiões costeiras
geridos pelo FIPAG distam a mais de 30km do centro da cidade, a dessalinização de
água salobra mostra-se como uma alternativa a ser considerada pelos órgãos decisores
do sector de águas como solução para casos de contaminação das fontes por intrusão
salina.
Deste modo, a pesquisa indica que embora a dessalinização de água do mar seja
uma alternativa ainda muito dispendiosa para a realidade moçambicana, há um potencial
para a dessalinização de água salobra em Moçambique.
A dessalinização de água do mar pode ser considerada uma alternativa mais viável
quando esta recorre à sistemas de recuperação de energia, que englobam além de
outros elementos, o ERD. Em casos onde haja abundância de águas salobras, esta
torna-se a alternativa mais viável no círculo da dessalinização. Isto deve-se a baixa
concentração de sais dissolvidos que torna a pressão de alimentação mais reduzida. Em
casos onde não há fontes de água salobra, pode-se recorrer a mistura de águas, como
mencionado em 5.3.
futuros um estágio de pré-tratamento seja previsto e que ETA’s de teste sejam montadas
como forma de apurar dados de qualidade de água mais realísticos. Para melhor
comparar a dessalinização às outras opções, é importante e recomendado a realização
de uma análise aos custos de manutenção, operação e investimento, uma análise aos
impactos ambientais que advém dela, estudo de método de obtenção de matéria-prima
e formação de pessoal técnico.
Referências Bibliográficas
Livros
da Silveira, Ana Paula Pereira; et al. Dessalinização de águas. São Paulo. Oficina de
textos. 2015.
De Oliveira, Fernando F., Avaliação de filtros lentos de areia com pré-tratamento para o
controle de biofouling em plantas de osmose reversa aplicadas na dessalinização e água
do mar. 2012.122 f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia). Instituto de ciência
Biomédica. Universidade de São Paulo. 2012.
Kennedy, Maria D.; Rodríguez, Sergio G. Salinas; Schippers, Jan C. Desalination and
Membrane Related Technology. Delft. Lecture Notes. Institute for water education (IHE).
UNESCO. Abril de 2014.
Meer, Walter van der. Introduction to Reverse Osmosis. Delft. Delft University of
Technology (TU Delft). 2013-2014.