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2009
Elaine Cuencas Santos
© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
ISBN: 978-85-387-0741-7
CDD 709.04
Manuel Bandeira....................................................................... 71
Vida que podia ter sido ........................................................................................................... 71
Libertinagem................................................................................................................................ 74
Gabarito .....................................................................................259
Referências................................................................................271
Anotações .................................................................................279
Apresentação
Frederico Barbosa
Futurismo;
Expressionismo;
Cubismo;
Dadaísmo;
Surrealismo.
Futurismo
O Futurismo tem como marco inicial a publicação do Manifesto do Futurismo, de
Filippo Tommaso Marinetti. Com raízes fortemente italianas, o Futurismo era ufanis-
ta, antipassadista e exaltava a tecnologia, a modernidade e a guerra. “Nós declara-
mos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da
velocidade” (MARINETTI, 1909). Aos poucos, o Futurismo aproximou-se muito do fas-
cismo italiano de Mussolini, sendo até considerado sua expressão artística. Além de
Marinetti, alguns expoentes do Futurismo foram os poetas Paolo Buzzi e Cavacchioli,
os pintores Russolo e Carrá, o arquiteto Antônio Sant’Elia e o músico Bailla Pratella.
Expressionismo
Ao contrário do Futurismo, o Expressionismo nunca foi um movimento organi-
zado e nem se autodenominava dessa maneira. Seus principais nomes surgiram
na Alemanha e entre seus temas estavam a decadência do mundo burguês e ca-
pitalista, a denúncia de um universo em crise e a sensação de impotência frente
a “um mundo sem alma”. Os expressionistas utilizavam visões negativistas, a inte-
rioridade do “eu”, a deformação do mundo e a busca pelo absoluto. Um trecho do
único manifesto da poesia expressionista, de Kasimir Edschmid (1918) diz:
Assim o universo total do artista expressionista torna-se visão. Ele não vê, mas percebe. Ele
não descreve, acumula vivências. Ele não reproduz, ele estrutura (gestaltet). Ele não colhe, ele
procura. Agora não existe mais a cadeia dos fatos: fábricas, casas, doença, prostitutas, gritaria e
fome. Agora existe a visão disso. Os fatos têm signiicado somente até o ponto em que a mão
do artista os atravessa para agarrar o que se encontra além deles.
Cubismo
O Cubismo surgiu primeiro na pintura. Em 1905, Apollinaire conheceu Picas-
so. Em 1909, o movimento cubista já se destacava nas artes plásticas. Na literatu-
ra, o primeiro manifesto dessa tendência apareceu em 1913, escrito por Apolli-
naire. Em contraste com os futuristas, os cubistas combinavam a destruição da
estética clássica com a construção de um novo modo de representar o mundo.
Suas principais características na literatura eram o ilogismo, a simultaneidade, o
instantaneísmo e o humor. Em um artigo de 1913, Apollinaire airmava:
Os grandes poetas e os grandes artistas têm por função social remover continuamente a
aparência que reveste a natureza, aos olhos dos homens. Sem os poetas, sem os artistas, os
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homens aborrecer-se-iam depressa com a monotonia natural. A ideia sublime que eles têm do
universo cairia com vertiginosa rapidez. A ordem, que aparece na natureza e que não é senão
um efeito da arte, logo se evaporaria. Tudo se desmancharia no caos.
Dadaísmo
Dentre todos os movimentos de vanguarda, o Dadaísmo foi o mais radical.
Nascido em 1916, em um café em Zurique, na Suíça, um dos únicos lugares segu-
ros na Europa durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), seus fundadores
eram cinco refugiados paciistas revoltados com a situação social da Europa. O
Dadaísmo lançava-se contra todos os valores culturais, atacando todas as con-
venções e formas e combinando a ironia ácida com o nonsense e a visão infan-
til. Hugo Ball, um dos fundadores do movimento, escrevendo um verbete para
um dicionário alemão, deiniu o dadaísta como um “homem infantil, quixotesco,
ocupado com os jogos de palavras e com as iguras gramaticais”. As obras da-
daístas caracterizavam-se pela improvisação, pela desordem, pela percepção e
pela negação de qualquer tipo de equilíbrio de formas, ideias ou sentimentos.
Em seu Manifesto Dadá, de 1918, Tristan Tzara, líder do movimento, airmou:
Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípio
contra os manifestos, como sou também contra os princípios [...] dadá não signiica nada [...]
Eu sou contra os sistemas, o mais aceitável dos sistemas é aquele que tem por princípio não
ter princípio nenhum...
Surrealismo
Cronologicamente, o Surrealismo foi o último movimento das vanguardas
europeias. Com raízes no Expressionismo alemão e a redescoberta de autores
como Sade, Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé, utilizava as teorias de Freud e do
marxismo para tentar enxergar o homem livre de suas ligações psicológicas e
culturais. Apoiados no desenvolvimento da psicologia, nas experiências com o
sono hipnótico, no método da escrita automática e no pensamento falado, os
surrealistas procuravam explorar o inconsciente humano e o sonho. Em seu pri-
meiro manifesto, de 1924, Breton escreveu:
Eu o deino, portanto, de uma vez por todas: surrealismo, s. m. Automatismo psíquico pelo
qual alguém se propõe a exprimir seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra
maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo
controle exercido pela razão, fora de qualquer preocupação estética ou moral.
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Poesia de vanguarda
Apollinaire
Guillaume Apollinaire nasceu em Roma, em 1880, e morreu em Paris, em
1918. Filho de pai italiano e mãe polonesa, mudou-se para Paris em 1899. Ali
se integrou à vida cultural francesa e conheceu Picasso e Max Jacob. Sua poesia
tentou romper com as estruturas tradicionais da linguagem, criando formas po-
éticas revolucionárias capazes de criar realidades surpreendentes. Seus caligra-
mas, poemas visuais cubistas, publicados em 1918, foram parte desse projeto.
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Tristan Tzara
O Dadaísmo foi o mais extremo movimento de vanguarda. Os poetas dada-
ístas negaram e destruíram a tudo: a rima, o ritmo e sobretudo o signiicado
lógico. Por exemplo, os dadaístas compunham seus poemas recolhendo re-
cortes de jornais a esmo e colando-os um após o outro. Com isso, desejavam
atacar o discurso racional que, segundo eles, havia levado à Primeira Guerra
Mundial, que o mundo sofria na época. O fundador do Dadaísmo foi Tristan
Tzara (1896-1963), de origem romena, que publicou seu Manifesto Dadá em
1918.
André Breton
Nasceu na região francesa da Normandia, em 1896, e morreu em Paris, em
1966. Fundador do Surrealismo, ele defendia a ideia de que na mente humana
há uma vida interior que age por si mesma, sem que possamos intervir, e que
na composição poética ela deve manifestar-se sem obstáculos. Muito inluen-
ciado por Sigmund Freud, Breton praticou a escrita automática, escrevendo as
palavras e imagens que lhe ocorriam livremente à consciência, tal como ocorre
quando sonhamos. Publicou Os Passos Perdidos (1924), O Surrealismo e a Pintura
(1928), Fata Morgana (1942) e a Arte Mágica (1957).
Aragon e Éluard
Louis Aragon nasceu em Paris, em 1897, e morreu na mesma cidade, em 1982.
Junto com Breton e Éluard, foi um dos fundadores do Surrealismo e suas ideias
sobre esse movimento apareceram em seus livros de poemas Fogo de Gozo
(1920), O Movimento Perpétuo (1926) e A Grande Alegria (1929).
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Modernismo na Literatura Brasileira
Giuseppe Ungaretti
Nascido em Alexandria, em 1888, e falecido em Milão, em 1970, Ungaretti foi
uma das principais iguras da chamada poesia hermética. Caracterizou-se pela
brevidade e pela simplicidade expressiva, como reação à grandiloquente e pom-
posa retórica fascista da época. Escreveu Alegria do Naufrágio (1919) e Sentimen-
to do Tempo (1933). Depois da morte de seu ilho, publicou A Dor (1947).
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Eliot inluenciou toda uma geração de poetas de grande valor, como Robert
Graves (1895-1985) e W. H. Auden (1907-1973). e. e. cummings.
Outros poetas da vanguarda alemã foram Georg Trakl (1887-1914), que em seus
versos expressou como poucos a angústia perante a morte, e morreu em combate
na Primeira Guerra Mundial; Stefan George (1868-1923) e Hugo von Hofmannsthal
(1874-1929).
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Narrativa de vanguarda
A narrativa do princípio do século XX pautou-se por dois princípios básicos:
a inovação estética e a representação de uma realidade sociopolítica cruel. Este
último aspecto marcou o mundo da cultura na Europa no período entre as duas
guerras mundiais e diicilmente poderia ausentar-se da arte, muito menos da
literatura. Frente a essa destruição, levantou-se uma nova estética, oposta a tudo
o que a precedeu. No terreno narrativo, duas correntes de pensamento se so-
bressaem: o Existencialismo e o Marxismo. Ambas iriam prevalecer depois da
Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
As vanguardas na Itália
É na Itália que aparece o primeiro grupo vanguardista europeu: o Futurismo.
Seu representante máximo foi Marinetti (1876-1944), cujo primeiro manifesto
data de 1909. Segundo Marinetti, entre as inovações formais da literatura futu-
rista devem estar:
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Marcel Proust
O romance de vanguarda teve na França um precursor indiscutível: Marcel
Proust, cuja obra se enquadra na linha do Simbolismo realista. Proust tentou
fazer da literatura uma conidência pessoal e um meio de expressão global da
experiência do homem no mundo. Seu primeiro romance foi Os Prazeres e os
Dias (1896). De 1895 a 1905, escreveu sua extensa obra Jean Santeuil, publicada
em 1952. Em 1910, começou a trabalhar em uma das obras mais importantes
do século XX, Em Busca do Tempo Perdido (1913-1927), que, com seu poder de
penetração nas profundezas da memória e da psicologia humana, e suas frases
longas e musicais, marcou deinitivamente toda a literatura posterior.
Franz Kafka
O escritor de língua alemã mais importante deste período foi Franz Kafka
(1883-1924), de ascendência judaica, nascido em Praga (na então Tchecoslo-
váquia), mas de formação germânica. Em 1906, concluiu seus estudos e pouco
depois foi trabalhar em uma companhia de seguros, ocupação que manteve
até 1922, e que fez dele um deprimido funcionário de escritório, buscando
ansiosamente uma maneira de se dedicar à sua vocação literária. Em sua obra
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James Joyce
James Joyce (1882-1941) foi o escritor mais importante da língua inglesa nos
primeiros anos do século XX, trazendo para a literatura a autoconsciência da lin-
guagem e a captação do subconsciente. Retratou, de forma complexa, a realidade
cotidiana da Dublin da sua infância e juventude. Em 1914, publicou seu livro de
contos Dublinenses. Em 1916, o romance Retrato do Artista quando Jovem, verda-
deiro prólogo à sua obra mais representativa: Ulisses (1922), epopeia que transcor-
re ao longo de um único dia da vida de Leopold Bloom. Esse romance se estrutura
a partir de complexas técnicas narrativas como o monólogo interior e as tramas si-
multâneas. Sua última obra é Finnegans Wake, que foi publicada aos poucos, como
um work in progress “obra em andamento”, e teve edição integral em 1939. Nesse
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Virginia Woolf
Virginia Woolf (1882-1941) se dedicou a investigar o transcorrer do tempo e a
situação da mulher. Em O Quarto de Jacob (1922), narra a vida de um rapaz desde
a infância até sua morte no campo de batalha. Mrs. Dalloway (1925) e Ao Farol
(1927) são dois importantes romances em que Virginia Woolf investe menos na
ação ou na intriga e mais em uma relexão sobre a profundidade da consciência.
Também se destaca As Ondas (1931), e em Orlando (1929), a ambiguidade sexual
da personagem central perdura durante séculos.
D. H. Lawrence
David Herbert Lawrence (1885-1930) retratou duramente o convencionalis-
mo da moral burguesa e puritana inglesa. Suas obras de alto conteúdo sexual
sofreram processos e condenações judiciais. Destacam-se Filhos e Amantes
(1913) e O Amante de Lady Chatterley (1928). Lawrence foi pouco a pouco se
distanciando de um mundo que não suportava, dominado pelo puritanismo, a
moral burguesa e a industrialização. Fez da literatura uma experiência solitária
e pessoal, que transformou em um grito dirigido aos seres humanos de quem
se havia distanciado.
Gertrude Stein
Nascida na Pensilvânia, Gertrude Stein (1874-1946) se mudou para Paris em 1902,
tornando-se grande colecionadora de arte e amiga de artistas como Cézanne e Picas-
so, que pintariam retratos seus. A casa em que morava com Alice B. Toklas na rue de
Fleurus tornou-se um dos pontos de encontro favoritos de pintores e escritores de
vanguarda de todas as nacionalidades. Sua prosa revolucionária, próxima da poesia,
constrói-se por meio de repetições constantes e o abandono de todas as convenções,
inclusive as gramaticais. Destacam-se seu livro de contos Três Vidas (1909), Tender But-
tons (1914), e The Making of the Americans (1925). O retrato mais vibrante da Paris do
início do século foi pintado por Stein no livro Autobiograia de Alice B. Toklas (1933), em
que escreve a “autobiograia” de sua companheira e retrata a vida de ambas e de seus
amigos pintores e escritores, como Picasso, Matisse, Apollinaire e Hemingway.
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Antecedentes do Modernismo
Durante as duas primeiras décadas do século XX, período que se convencio-
nou chamar de pré-modernista, as ideias das vanguardas modernistas europeias
começaram a penetrar na arte brasileira. Além dos aspectos antecipatórios das
obras dos pré-modernistas, como o Expressionismo e o Prosaísmo de Augusto
dos Anjos, a linguagem coloquial de Lima Barreto e a análise crítica da realidade
brasileira levada a cabo por Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Graça Aranha,
manifestações já propriamente modernistas começaram a ocorrer.
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Modernismo na Literatura Brasileira
Grupos e movimentos
Após a Semana de Arte Moderna, surgiram no Brasil diversos grupos que pro-
curavam, cada um a seu modo, difundir a arte moderna. Alguns logo se desta-
caram pelo feroz antagonismo. Os movimentos Pau-Brasil (1925) e Antropofagia
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(1928) foram criados por Oswald de Andrade e reuniam jovens como Raul Bopp
e Antônio de Alcântara Machado.
Os dois grupos (um que dialogava com a cultura estrangeira e outro que a
repudiava) só poderiam se confrontar. “Verde e amarelo dá azul? Não, dá azar” –
publicou a Revista de Antropofagia.
As revistas modernistas
Os modernistas se agrupavam em torno de publicações. A primeira revista
modernista no Brasil apareceu em São Paulo: a Klaxon (1922), de projeto gráico
inovador e contando com as colaborações, entre outros, de Mário de Andrade,
Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira.
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Texto complementar
Manifesto Antropófago
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O instinto Caraíba.
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Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipeju
Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?
Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização
que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.
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No matriarcado de Pindorama.
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Modernismo na Literatura Brasileira
Oswald De Andrade
Em Piratininga
Estudos literários
1. Leia o texto abaixo e responda à questão.
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5. Nós queremos cantar o homem que está na direção, cuja haste ideal
atravessa a Terra, arremessada sobre o circuito de sua órbita.
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Os sapos
Manuel Bandeira
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Vanguardas modernistas e a Semana de 22
“Os sapos” faz uma analogia com a poesia da época em que foi escrito. Qual o
conlito retratado no poema?
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