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Ficha Técnica:

Título: Crónicas de Marta

Autor: Marta Sofia

Prefácio: Marta Sofia

Introdução: Marta Sofia

Comentários/Notas: Marta Sofia

Coordenação/Organização por: Marta Sofia

Suporte: Eletrónico

Formato: PDF

Palavras-Chave: Filosofia, Princípio da Significância, Crónicas,

Fotografia de capa: kangbch / Pixabay

Editor de Capa: Marta Sofia

Editor de Texto: Marta Sofia

Editor Epub: Marta Sofia

Publicação: Autor Independente

Distribuição: Gratuita (Ministério Pessoal ao Serviço da Missão Cristã)

Propósito: Edificação, Partilha de Conhecimento,

ISBN: Não Aplicável

1ª Edição: Junho 2021

Redes Sociais:

@bymartasofia

Contatos:

by.martasofia@gmail.com

Conteúdo Complementar:

Testemunho de Conversão: O Meu Resgate da Feitiçaria | Marta Sofia Silva


Agradecimentos:
“Se o Senhor Deus não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor
Deus não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada,
repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono.”
Bíblia, Salmos 127:1,2

Senhor Deus, obrigada por todo o conhecimento que me permitiste adquirir ao longo destas
duas décadas. Obrigada Senhor, pelo entendimento que me autorizaste a aceder nos
últimos 3 anos. Tenho tanto para te agradecer. Muitas palavras são insuficientes para
descrever a tua grandeza e o teu amor por aqueles que te buscam. Como eu te amo.
Obrigada meu Senhor e Soberano por não desistires de mim. És o meu tudo, isso me basta.

Dedicatória:

Os últimos 10 anos foram muito duros. Não tinha sido preparada para viver a vida real de
um adulto. A sobrevivência é uma arte. Quem não é preparado desde tenra idade para a
“selva” onde a sua vida vai desenvolver-se, certamente vai sofrer e muito. Esta obra literária
é um guia de sobrevivência, resulta das experiências que vivi e só por misericórdia divina
sobrevivi. Posso garantir que é possível sobreviver tendo por base a Fé, o bom Caráter e a
fidelidade aos valores que norteiam as nossas ações.

Dedico esta obra a todos os que me tiraram da zona de conforto, os que me traíram, os que
me puxaram o tapete, os que me iludiram. Dedico esta obra à dissimulação, à falsidade, à
hipocrisia, à raiva, ao ódio gratuito e sem fundamento, à ganância desmedida, à inveja, ao
orgulho e prepotência, à maldade em geral. Não é admiração, é a constatação de um fato,
vocês são os melhores educadores deste planeta. Sem a demonstração da vossa essência
é impossível reconhecer a Excelência dos vossos opositores (a luz, a integridade, a
honestidade, a Justiça, a Lealdade, A amizade e o Amor).
Índice
Sobre o Autor
Sinopse
Prefácio
Introdução
Capítulos:

1. Flor de Lótus …
2. Ulisses, o Ciclope e a importância de ser Ninguém …
3. O pavão …
4. O sapo …
5. Coração de Cavaleiro…
6. A Lenda dos Guardiões…
7. Feira de vaidades …
8. O Bôbo não é Tolo …
9. Alcateia…
10. Ubuntu…
11. A aliança…
12. A arte de fazer guerra…
13. Areia Movediça...
14. A quem devo temer?
15. Armadilha …
16. Começa pelo Estábulo…
17. Xeque mate …
18. O silêncio da Dama …
19. O Santo Graal…
20. O ouro do tolo …
21. A cegueira do Nobel e o Iluminismo de Kant
22. Nos confins do Inferno …
23. A Pirâmide da Ascensão…
24. A Bússola que me norteia …

Conclusão
Notas do Autor
Outras obras literárias do Autor

By: Marta Sofia


Sobre o Autor:
Chamo-me Marta Sofia Rodrigues Silva. Nasci a 4 de
Fevereiro de 1986 em Portugal. Aos 3 anos de idade ocorreu
a minha mudança para a cidade de Lisboa, desde então, a
grande capital foi o palco onde aconteceram os principais e
secundários atos da minha vida.

A minha primeira criação literária foi em 2010. Na verdade,


foi mais uma compilação dos vários artigos sobre percepção
espiritual que já tinha escrito e estavam publicados nas
minhas redes sociais e a convite de uma editora, fez-se a
compilação e comercialização das mesmas. Em 2015 volto a
escrever um livro, desta vez aventurei-me na área do
romance, baseado nas minhas crenças da época. Durante
estes últimos 5 anos foram muitos os meus momentos de
inspiração e criação, mas, por falta de automotivação e auto
disciplina, não concluía as minhas criações literárias.

Para mim, escrever é um processo significativo e edificante,


é permitir que a minha alma se expresse. É reviver. É
partilhar com outras pessoas um conjunto de conhecimento,
experiências, emoções e reflexões que estão armazenadas no meu interior. Escrever é uma
terapia de expansão da alma. Escrever é extensão de amor e é este amor que venho aqui
partilhar.

Sinopse:
Crónicas de Marta, resulta de conversas informais. Conversas intimistas. Conversas francas
e sem filtros. Conversas entre amigos que se querem bem. Conversas despretensiosas.
Conversas profundas entre “pizzas e hambúrgueres”. Conversas entre amigos leves,
descontraídos, joviais, despretensiosos. Conversas sobre como se preparar para o mercado
de trabalho. Crónicas de Marta é uma obra literária sobre estratégias para sobreviver na
selva, na arena, no campo de batalha e muitas vezes, no profundo lamaçal que é o
mercado de trabalho.

Não sou mãe, não sei se algum dia serei, se fosse, este é o legado que tenho para
transmitir à minha descendência direta ou adotiva (amigos, familiares, conhecidos ou
simplesmente leitores de ebooks). Com a certeza que o melhor de mim está aqui, e o
melhor de mim não vai além da complexidade que funde a leveza, a lealdade, a franqueza,
a simplicidade, a paciência, a dedicação e algum raciocínio (não muito).

Não se fazem veteranos de guerra sem sequelas.


Prefácio:
O sofrimento causado pela rejeição constante foi meu companheiro desde a primeira
infância. Nunca fiz questão de o ter por companhia, mas ele sentiu uma atração instantânea
pela minha pessoa e tornou-se num fiel companheiro de jornada. Graças a Deus, seguimos
caminhos diferentes, com a certeza de que os votos de felicidade é um desejo mútuo para
com o outro.

Quando temos o privilégio de privar de perto e por longo tempo com o sofrimento,
desenvolvemos a capacidade de racionalizar emoções. Não significa que as emoções
desencadeadas pelos instintos do primeiro impacto não ocorram em nós, pelo contrário, a
paixão, a empatia, a antipatia, o encanto, o fascínio, o horror, o desprezo, o repúdio, a
irritabilidade, o conforto, o aconchego, a confiança, são intensos, mas, dominados pela
necessidade de compreender racionalmente o motivo pelo qual estas reações emocionais
ocorrem. Normalmente as emoções do primeiro impacto, independentemente de serem
agradáveis ou desagradáveis, nunca falham. Quando temos a oportunidade de conhecer a
pessoa que desencadeou essa emoção, temos a oportunidade de compreender
racionalmente o que os sensores extrafísicos já haviam captado e transmitido.

Recordo que há mais de uma década atrás, era uma pessoa extremamente analítica.
Exageradamente analitica. Era como se a vida fosse um tabuleiro de Xadrez, em que, antes
de começar a partida, já havia delineado todas as minhas ações e previsto as ações do
opositor. Para teres uma ideia, acabei o meu curso e fui estagiar para o LX factory - Lisboa,
só que eu vivia no lado oposto da cidade e não tinha carro, (Lisboa é uma cidade com uma
vasta oferta de transportes coletivos o que te permite a liberdade de não ter carro) por isso,
tinha de apanhar um autocarro e desfrutar de 1h30 de viagem. A minha rotina, além de
planeada ao mais ínfimo detalhe, tinha sempre margem “de tempo” para imprevistos. No
caso do estágio, eu saia de casa com a margem de 1h de antecedência (além da hora e
meia de viagem, já comprovada pela rotina). Não era descabido de todo. Durante o inverno,
devido às questões atmosféricas, esta margem foi muito útil, porque eu nunca cheguei
atrasada. Como fazia da leitura minha fiel companheira de viagem, levava sempre dois a
três livros com temas diferentes para mudar caso me entediasse e desta forma
rentabiliza-va o tempo. Quando voltei a ter a oportunidade de sentir amor por alguém
exterior a mim, foi por alguém que me fez sentir que era seguro amar e que podia confiar.
Com o tempo, baixei a guarda e permiti-me viver de forma livre de análises. Eu confiei tanto
neste companheiro que o meu GPS interno permanecia desligado. E foi assim durante a
nossa relação. Claro, esta experiência constituiu uma dura lição, mas enquanto amei,
confiei. Enquanto confiei, fui livre. Enquanto me permiti ser livre, tornei-me leve.
Introdução:
Com Ulisses e o Ciclope, aprendi a importância de ser ninguém.

Com Indiana Jones e a Última Cruzada, (1989) aprendi que o Santo Graal está na
simplicidade.

Com a Bússola de Ouro, aprendi que separados da nossa alma (essência do divino
presente em cada indivíduo) não existimos.

Com a Lenda dos Guardiões, aprendi que é durante a Jornada que nos transformamos na
“Lenda” que admiramos nos outros.

Com o Coração de Cavaleiro, aprendi que a nobreza está nos valores que norteiam as
nossas ações e nada é impossível aquele que é fiel à Integridade.

Com o Dr. Marinho Pinto, (Ex- Eurodeputado e Ex-bastonário da Ordem dos Advogados)
aprendi que os nossos inimigos nunca nos traem, porque, ninguém deposita confiança nos
seus inimigos.

Com o Encantador de Cavalos, aprendi que, os acidentes destroem uma considerável parte
de nós, nem sempre é possível voltar ao que éramos, mas é sempre possível seguir em
frente.

Com o amor eu aprendi que por mais profunda que seja a dor, por mais vastas que sejam
as memórias de rejeição, as memórias de abandono,as memórias de traição, as memórias
de humilhação, os maus tratos, amar é parte integrante da natureza humana e por isso, por
mais difícil que seja viver uma nova experiência, a vida vai sempre proporcionar novas
oportunidades de sentir o amor. Em meio à amargura, repleto de medo, o próprio coração
passa a ansiar por voltar a amar. Só o amor o pode libertar da clausura da tão vil memória.
Dizem os entendidos que o verdadeiro amor é paz, é serenidade, é aconchego, se dói, não
é amor. Bem, eu ainda não encontrei esse amor, mas pelo menos estou em paz, sem
sofrimento e com a esperança de um dia ser encontrada por este amor.

Com Deus eu aprendi a confiar. Deus é a melhor experiência humana. Ter uma relação com
Deus é ser livre. Ter uma relação com Deus é ter certeza que ele cuida de tudo
(literalmente). Ter uma relação com Deus é estar em paz no meio da guerra. Ter uma
relação com Deus é ter a certeza que nunca estarei só ainda que não esteja uma única
pessoa ao meu lado. Ter uma relação com Deus é ter a certeza que por mais corruptas que
sejam as pessoas, ele nunca me negará Justiça e no devido tempo, o que é efêmero ruirá.

Para mim enquanto autora, não é possível ter uma conversa informal, intimista, franca e
sem filtros sem relatar experiências vividas na primeira pessoa, salvaguardando sempre o
respeito pela situação e pessoas envolvidas, não expondo além do necessário.
1
Flor de Lótus …

A flor de lótus é uma flor cuja imagem está associada à transcendência, o auge do poder
espiritual, também simboliza pureza, perfeição, sabedoria, paz, prosperidade, energia,
fertilidade, nascimento, renascimento, sexualidade e sensualidade. Curiosamente, sendo o
símbolo do mais elevado estado espiritual tem a sua raiz firmada no lodo e com frequência,
as águas que a cercam são lamacentas.

Não se fazem veteranos de guerra sem sequelas. Todo aquele que é excelente passou pelo
processo de lapidação. Este processo é doloroso, porque a excelência resulta da prática
constante. Ninguém adquire mestria sem praticar a teoria. Ninguém almeja a luz sem
conhecer as trevas. O auge do poder espiritual só é atingido por aquele que conhece as
mais densas trevas. A flor de lótus sendo considerada o trono do iluminado, tem as suas
raízes na lama.

Recentemente, num dos meus momentos relax, assistindo conteúdos de youtube sobre os
temas que me interessam, escutava atentamente a mensagem sobre empatia e como esta
resulta do sofrimento. Nunca tinha parado para refletir a respeito. Só alguém que sofreu, só
alguém que conhece a dor, só alguém que vivenciou a dor, a rejeição, o abandono, a
traição, a ingratidão, foi humilhado, foi desprezado, foi destratado, consegue se colocar no
lugar do outro, consegue sentir empatia pelo outro e sabe ir ao encontro do outro para o
ajudar sem segundas intenções, porque um dia, também ele foi auxiliado.

Quando observamos com alguma atenção a história recente da humanidade, percebemos


que, a maioria não contribui para o progresso do coletivo. Os “génios da humanidade” foram
humilhados, destratados, ridicularizados, sofreram, conheceram a derrota. Não eram bons
em tudo, eram excelentes no seus propósitos. Esta é a diferença entre a normalidade e a
genialidade.

Henry Ford, nasceu em meados do século XIX, a sua formação académica não passou de
dois anos de ensino. A experiência de Henry Ford com as máquinas começou na herdade
do pai, onde trabalhava na manutenção dos motores. Mais tarde, estudou Engenharia e
passou a trabalhar na Edison Illuminating Company, onde chegou a engenheiro-chefe. Nas
horas vagas, planeava construir um veículo movido a gasolina, peça por peça. O seu
restrito núcleo de amigos era constituído por Thomas Edison (conhecido como o criador da
lâmpada incandescente, Thomas Edison nasceu no dia 11 de fevereiro de 1847. Por ser um péssimo aluno,
Thomas Edison decidiu abandonar a escola após três meses de aula. Mas, em casa, lia todos os livros de
ciência da mãe, que era professora. A sua experiência como autodidata colaborou para torná-lo num dos
Henry Ford tinha por objetivo de
maiores inventores e empreendedores da história dos Estados Unidos).
vida colocar toda a América a andar sobre rodas. Este objetivo era ousado e uma ofensa
para a classe de intelectuais que o levou a tribunal várias vezes. Durante um julgamento ele
foi alvo das mais duras criticas e ofensas, as quais ouviu pacientemente e em silêncio,no
mais pleno autodomínio, quando o meritíssimo Juiz o questionou sobre a situação,
calmamente ele respondeu, “Eu não tenho que saber tudo. Eu não tenho de ter domínio
sobre todos os assuntos. Em cima da minha secretária tenho um equipamento com mais de
50 teclas, quando considero ser necessário clico na tecla que me vai fazer entrar em
contacto direto com a pessoa qualificada para me esclarecer.” Ele venceu esta causa. Ele
dedicou-se a trabalhar para concretizar o seu projeto de vida. Não só a América, mas o
mundo passou a deslocar-se sobre rodas. E esta realidade teve origem num ser humilde
com uma mente brilhante, audaz, generosa, complacente e com autodomínio.

Hoje, 10 de junho, dia de Portugal, feriado nacional, que antecede o fim-de-semana,


durante a tarde, numa breve passagem pelo feed do instagram, tive a oportunidade de
escutar a seguinte mensagem;

“Se alguém te criticar muito, continua caminhando.


Se alguém te elogiar muito, continua caminhando.
A Crítica e o Elogio tem o mesmo poder para te paralisar. Então, continua a caminhar em
cima daquilo que Deus fala, independente de críticas ou elogios.
Eu não caminho pelos elogios que me fazem, nem deixo de caminhar pelas críticas que me
fazem.” By: @Tiago Brunet
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Ulisses, o Ciclope e a importância de ser Ninguém …

Ulisses estava afastado da sua pátria há mais de uma década quando visitou a ilha dos
ciclopes. Eram gigantes aterradores, com um único olho no meio da testa. Criavam ovelhas,
que comiam inteiras.

Ulisses e seus companheiros de jornada entraram numa caverna onde descansaram e se


abrigaram. Era a casa de um ciclope chamado Polifemo, filho do “deus do mar''. No final
do dia, o gigante de um só olho regressou com o rebanho. Depois de recolher as ovelhas na
gruta tapou a entrada da caverna com uma pedra imensa. Era de tal maneira grande e
pesada que nenhum ser humano, nem em conjunto conseguiram removê-la. Ulisses e os
seus homens estavam encurralados.

Avistando os aterrados humanos, o ciclope Polifemo agarrou em dois dos companheiros de


Ulisses e engoliu-os inteiros. Na manhã seguinte, comeu mais dois, e depois afastou a
pedra para as ovelhas saírem. Não conseguia acreditar na sua sorte: tinha uma despensa
cheia de humanos!

― Como é que te chamas, homenzinho? ― perguntou o gigante, ao sair da caverna e ao


começar a rolar mais uma vez a pedra para a entrada da caverna. ― És um desses heróis
de que tanto ouço falar?

― Eu, um herói? ― gargalhou Ulisses. ― Sou um ninguém. ― E então começou a


formar-se-lhe uma ideia na mente. ― De facto, o meu nome é Ninguém.

― Os meus cumprimentos, Ninguém. Estou ansioso por te comer quando voltar ― sorriu o
ciclope, quando o gigantesco penhasco tapou o sol.

Nessa noite, Polifemo regressou com as ovelhas e, enquanto Ulisses observava impotente,
agarrou em mais dois homens e comeu-os. A seguir o ciclope bebeu um pouco de vinho, e
caiu num sono profundo.

Ulisses não perdeu tempo. Agarrou num enorme poste de madeira, que tinha escondido nas
sombras, aqueceu a ponta no fogo e depois trepou para o peito do gigante adormecido.
Com toda a sua força, enterrou o poste no único olho de Polifemo. O gigante berrou,
suficientemente alto para atrair os outros ciclopes à entrada da caverna.

― Estás bem, Polifemo? ― gritou um deles, através da rocha que tapava a entrada. Não a
queria afastar, não fosse dar-se o caso de Polifemo estar apenas a ter um pesadelo... e não
lhe achar graça nenhuma se as ovelhas lhe fugissem.
― Estás a ser atacado? ― perguntou outro ciclope, sabedor de que se tinham avistado
estranhos na ilha.

Lembrando-se do nome com que Ulisses se apresentou, Polifemo gritou: ― Ninguém está a
magoar-me!

Estudei Ulisses algures no ensino básico. Nunca mais li as aventuras de Ulisses mas este
episódio ficou gravado na minha memória. Devido ao contexto familiar em que cresci, fez-se
necessário estar sempre em estado de alerta. Silêncio, singeleza, observar, analisar, refletir,
memorizar, era o protocolo de sobrevivência. Todas as vezes que baixei a guarda,
lasquei-me! Literalmente.

Algures entre 2007-2009, estudava e trabalhava em part-time num Shopping em Lisboa.


Quem já trabalhou em retalho sabe como é especialmente exigente o período que antecede
o natal e se estende até o dia do pai. Natal, saldos, fim de ano, inventário, dia dos
namorados… todas as épocas são propícias e convidativas ao consumismo. Esta não foi a
minha primeira experiência profissional enquanto vendedora de loja. Estava num daqueles
dias em que 24h são insuficientes para concluir as exigências. O natal já tinha passado, o
ano novo tinha acabado de começar, os saldos já não eram o destaque e mudar os
expositores da frente de loja era a minha missão. Entre novidades e tendências, lá estava
eu, no sobe e desce do escadote, rodeada por uma infinidade de produtos, enquanto as
colaboradoras eram responsáveis por proporcionar normalidade aos clientes que entravam
na loja. Um tanto exausta, eis que a minha prece por alívio da pressão foi escutada. Sou
interrompida pelas colegas responsáveis por manter a rotina com normalidade. A loja para a
qual trabalhávamos tinha por regra a colaboradora dirigir-se sempre ao cliente, para lhe
transmitir as boas-vindas, acompanhá-lo pela loja, mostrar-lhe as novidades, tratar cada
cliente com excelência. As minhas colegas estavam enojadas. Tinha acabado de entrar na
loja um senhor de idade, todo sujo e claramente não ia comprar nada. O motivo do
incómodo é que, por regra da loja, tinham de ir receber o cliente e proporcionar-lhe um
tratamento de excelência. Procedimento que elas não queriam ter para com aquele senhor
e por isso, vieram suplicar a minha ajuda. Elas desempenhavam as minhas funções e eu
atendia o cliente. Proposta que aceitei de bom grado. Era a pausa que tinha pedido a Deus.
Antes de chegar à presença do cliente eu já sabia que ia encontrar um senhor com idade
avançada e sujo. Quando cheguei à sua presença, além da roupa suja, percebi que o
senhor não cheirava mal, mas também não tinha perfumes artificiais, vestia-se num estilo
monocromático de cor castanho (tom invulgar, não era tendência e não estava na moda), as peças
eram claramente de alfaiataria, tecidos nobres, a cor dos tecidos bem conservada, os
sapatos com bom trato (sem vestígios de muito uso) e a sola não estava gasta, um relógio
de bolso, um lenço na lapela e toda esta informação passou despercebida ou foi
irrelevante quando comparada a uma nódoa de sopa escorrida pelo blazer.
Dirigi-me ao senhor com expressão amistosa, abordei-o com singeleza, comprimentei-o
com toda a cordialidade e elegância. Pela análise que fiz do seu perfil, sabia que o cliente
não ia comprar nada na loja. Não por ausência de recursos, antes, porque o seu perfil não
encaixava nos produtos que a nossa loja disponibilizava. Existe uma diferença entre peças
caras e peças exclusivas. Se um lenço custar 100€, ele é caro, mas não é exclusivo, porque
qualquer pessoa com 100€ pode adquiri-lo. Uma peça exclusiva é desenhada sob
encomenda, confeccionada sob medida, com frequência tem as iniciais do seu usuário e é
exclusiva porque independentemente do seu preço, mais ninguém a vai ter, foi projetada
com uma única identidade, a do seu cliente. Este senhor era um cliente de peças
exclusivas, peças caras, peças desenhadas e feitas por medida. Este senhor transmitia
exclusividade por todos os poros. Todo ele era a manifestação de um nobre do século XIX,
a desfilar a sua elegância no século XIX. Após lhe dar as boas vindas, perguntei-lhe se ele
conhecia a nossa loja. Ele respondeu que não. Tinha acabado de terminar um almoço de
negócios e passou por ali para descontrair. Eu perguntei-lhe se podia me acompanhar numa
visita guiada pela loja. Cavalheiro, ele aceitou ceder-me parte do seu precioso tempo e
ambos sabíamos que o tempo que estávamos a ceder um ao outro não resultaria em
vendas. Durante o tour conversamos sobre a atualidade. Após o tour pela loja, o senhor
perguntou-me o que eu fazia ali. Ele estava visivelmente muito intrigado e eu confusa.
Como assim, o que é que eu faço aqui? Sou vendedora. Foi a minha resposta. Ele disse-me
o seguinte:

“O mundo é governado por homens poderosos. Homens poderosos apreciam mulheres


inteligentes. Mulheres inteligentes não trabalham em shoppings. Não continue a perder o
seu tempo aqui. Este não é o seu lugar.”

Após escutar as suas palavras eu senti-me muito desconfortável. Erroneamente pensei que
o senhor me estivesse a assediar. Mas não! O senhor deu-me um cartão assinado por ele.
Quando peguei o cartão, enquanto o lia, o senhor apresentou-se. Era o fundador de uma
escola de línguas, cujos alunos eram empresários, políticos, ministros e filhos de famílias
importantes. Na altura a mensalidade estava em 2500€/mês. Uma verdadeira fortuna.
Aquele senhor tinha me oferecido um curso de línguas por três meses. Simplesmente
porque aos seus olhos eu fui inteligente ao dedicar-lhe o meu tempo, com amabilidade,
gentileza, cordialidade, mesmo sabendo que ele não ia comprar nada (com de fato não
comprou).

“Com o tempo vais percebendo que as pessoas são como os livros, há as que, o fascínio
não transcende a capa e as que te surpreendem pelo conteúdo.”
@Frase Intelectual
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O pavão …

O pavão quando abre a sua plumagem desfila imponência, elegância, exuberância e


esplendor.No entanto, ele só abre a sua plumagem em época de acasalamento, quando
está diante de uma fêmea que o agrada, com o único propósito de a conquistar.

“Tempo para tudo...


Tudo neste mundo tem o seu tempo;
cada coisa tem a sua ocasião.
Há tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir.
Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de juntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar.
Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.
Há tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.”
Bíblia, Eclesiastes 3:1-8

O ano 2019 ainda não tinha terminado e fazia-se necessário começar do zero. A breves
dias do final do ano, tinha terminado uma experiência profissional abusiva. Sem projetos de
vida, tudo o que sabia é que, começar do zero implicaria mudança de casa, mudança de
cidade, mudança do núcleo sociocultural, mudança de área profissional. Antes de se
executar uma grande ação faz-se necessário pausar. Com os nervos à flor da pele, o
psicológico completamente devastado e o emocional numa turbulência, era crucial respirar
fundo, sair do meio envolvente, acalmar, serenar, restaurar o equilíbrio para então dar início
a uma nova fase. Graças a um casal de melhores amigos, tive a oportunidade de passar
uns dias na sua casa, que ficava noutra cidade. Ainda não era a mudança, era só a pausa
para impulsionar a ação. Passaram-se quinze dias, já estava preparada para dar início à
saga de integrar o mercado de trabalho. Para minha surpresa, ainda não tinha passado dois
dias e recebi um telefonema para marcação de entrevista. Nessa semana, ocorreu a
entrevista, a integração na equipa e a promoção, tudo isto sem ter iniciado funções. O meu
currículum é cada vez menor. Optei pelo minimalismo. Só consta a última experiência que
tive com descrição das funções desempenhadas, nome, idade, estado civil, contactos e o
meu curso. Durante a entrevista, a responsável conduziu a conversa com mestria e soube
proporcionar os momentos certos para eu ir revelando a minha bagagem profissional. Dois
dias após o telefonema a comunicar que tinha integrado a equipa, que ia iniciar um projeto a
nível nacional, recebo um novo telefonema, desta vez a propor-me o cargo de chefia da
equipa. Perante o meu silêncio, a responsável que me tinha entrevistado começou a
descrever os pontos chave que levaram toda a equipa que esteve envolvida no processo de
recrutamento a decidir que para o distrito a que eu me tinha candidatado, eu era a opção de
liderança. Acrescentou ainda que, eu era o elemento mais novo que ia integrar a equipa e
os restantes elementos eram tubarões de mercado. No entanto, a decisão da empresa não
ia ser refutada. Ainda a estremecer, aceitei. Não foi a primeira vez que ocupei cargos de
liderança, não foi a primeira vez que fui promovida (quando os processos de
reconhecimento ocorreram foram rápido, no entanto,fundamentados no desempenho de
funções), mas foi a primeira vez que fui promovida a um cargo de liderança sem ter
demonstrado o meu desempenho. Eu ia iniciar funções no início de dezembro e tinha
menos de quinze dias para procurar casa, fazer a mudança de cidade, fazer um
reconhecimento da cultura local, estabelecer 5 pontos de enraizamento (conhecer pelo
menos 5 pessoas, em 5 estabelecimentos que me ajudassem a integrar na cidade, eles
foram padaria, mercado/lojas locais, cabeleireiro, centro de saúde, motoristas dos
transportes públicos). O mais estranho é que pareciam que eles sabiam de antemão a
minha forma de agir. Quando chegou o grande dia, por reveses do destino, atrasei-me
(julgava eu). Na verdade cheguei bem a tempo. Quando cheguei, todos os elementos que
componham a minha equipa já estavam à espera, enquanto esperavam, interagiam uns
com os outros. Eu, líder de uma equipa de tubarões de mercado, sabendo que era o mais
novo elemento, permaneci afastada, para ter um panorama abrangente e avaliar o
comportamento dos tubarões. Não tardou e estávamos a ser conduzidos à direção da
empresa para nos dar as boas vindas e explicar o que pretendiam de nós enquanto equipa.
A empresa responsável pelo recrutamento, sabiamente, não revelou a identidade do líder e
desta forma permitiu-me avaliar o terreno onde ia desempenhar funções, de forma calma e
tranquila. Durante 15 dias toda a gente estava à espera do líder, outros começaram a
idealizar que seriam promovidos a líderes, enquanto o líder já estava entre eles. Até termos
os nossos perfis criados e acessos necessários para desempenharmos funções, passou
mais de uma semana. Literalmente íamos para o nosso posto de trabalho para interagir uns
com os outros. Nenhuma função provisória nos foi atribuída. Foi durante esta semana de
interação que um dos elementos da minha equipa, que passava a vida calado, se
pronunciou num discurso de ódio tão intenso que me arrepiou a pele e a alma. Eu sabia que
estava numa região com poucas oportunidades de trabalho e por esse motivo a competição
já é grande. Sabia que ser lisboeta era inconveniente (lisboeta só como turista e por curto
espaço de tempo). Sabia que aqui, quem tinha sotaque era eu. Sabia que cada vez que me
pronunciava estava a correr o risco de ser identificada tal como aconteceu.

“Tu és lisboeta? Eu odeio lisboetas, se pudesse exterminá-los a todos... Têm a mania que
são mais que os outros. Arrogantes! Odeio-os! Odeio-os! …”

Eu gelei! A sala gelou! A minha pele estava toda arrepiada. Nunca tinha escutado um
discurso de ódio tão de perto e tão intenso, tão infundado, tão gratuitamente. Existia
verdade naquelas palavras. Não foram só palavras pronunciadas da boca para fora. Os
outros elementos da equipa olharam para mim constrangidos. Entre pena e
constrangimento, o silêncio foi absoluto. Calmamente eu olhei para o elemento da equipa e
perguntei-lhe em que comportamento meu se fundamentava o seu ódio.
“Até o teu silêncio é odioso. A forma como te expressas, a forma como andas, tudo em ti é
odioso. És lisboeta…”

Uau! Eu tinha alguém que me odiava gratuitamente e ainda não sabia que eu era a líder. A
situação já era suficientemente grave, não precisava de intervenção, mas, eis que surge um
elemento da equipa interna que vem apoiar este discurso de ódio. Perante esta atitude só
me restou silenciar-me e esperar que o expediente terminasse. Entre cautela e quietude,
dias se passaram, novos elementos iam integrar a equipa, era chegada a altura de revelar a
minha posição. Quando os novos elementos chegaram, eu deixei todos se apresentarem e
no final, ainda na presença da chefe interna, eu apresentei-me ao novo elemento como a
Líder da equipa, ao que ele me respondeu, eu tinha essas indicações por parte da empresa.
Ficaram todos em choque. Eu não era só uma lisboeta odiosa, eu era uma lisboeta odiosa e
líder da equipa que ia estar ali por um ano. Se os meus dias foram fáceis? Foram
relativamente fáceis. Não existe nada pior para um líder que não conhecer o terreno onde
vai ter que desempenhar funções. Sou grata a Deus por ter tido a oportunidade de conhecer
o terreno antes de a minha identidade ser revelada. Se a hostilidade desapareceu? Não!
Mas tiveram a sabedoria de ir demonstrando a hostilidade de forma sutil e velada, nunca de
forma direta. A vantagem que tive em desempenhar as funções de liderança foi a de saber
que o poder estava nas minhas mãos, mas, quando tenho de tomar decisões que vão
impactar a vida dos outros, eu não vou decidir pelo que é vantajoso para mim, nem vou
tratar os outros pela forma como me tratariam se estivessem no meu lugar. Mas eles não
sabiam disso, e essa foi a minha vantagem.

Quando aos olhos dos outros és ninguém, estás em vantagem. Tens a oportunidade de
perceber como “eles” tratam os que julgam serem inferiores. Não existe nada pior para um
líder que a ilusão da diplomacia e a bajulação. Se ele não tem uma real percepção do
terreno que está a pisar, o seu desempenho já foi boicotado antes mesmo de ele começar.
Um líder tem de ter a capacidade de autodomínio. A partir do momento que se permite
descontrolar perante uma situação, passa a ser uma marionete nas mãos de quem o
desestabiliza. Ter a capacidade de escutar os maiores insultos e permanecer serenamente
é a base da liderança. Durante meses eu não percebi porque raio me elegeram a líder dos
tubarões de mercado, até perceber que, qualquer outro elemento teria perdido as estribeiras
diante das várias provocações pelas quais passei. O segredo? Eu sei de onde vim e os
valores que me norteiam e isso me basta. Se eles precisam saber quem sou? Eu sou o
"Ninguém'' que foi contratado para desempenhar aquelas funções .
4
O sapo …

Se colocares um sapo dentro de uma panela, enche-la com água e colocá-la sobre o fogo,
vais perceber algo muito interessante. O sapo vai se ajustando à temperatura da água e
permanece lá dentro. Quanto mais a temperatura sobe, maior é o esforço do organismo do
sapo para se ajustar à temperatura. Quando a água atingir o ponto de fervura, o sapo vai
tentar saltar fora e não conseguirá, porque está demasiado cansado para o fazer, afinal,
foram vários os ajustes que o seu corpo teve de providenciar até a água chegar ao ponto de
fervura. A razão lógica vai declarar que a água a ferver matou o sapo. O que matou o sapo
foi ele sentir-se confortável e não saber a hora de saltar fora.
By:@eusou_capaz

Durante a minha última experiência laboral, perante o discurso de ódio infundado e a


constante hostilidade velada, senti necessidade de demonstrar que não existia motivo
racional para me odiarem. Claro, ninguém é obrigado a simpatizar com o outro, mas odiar é
algo pesado demais para se sentir por alguém que não nos fez mal nenhum. Odiar uma
pessoa porque ela é lisboeta é simplesmente irracional. Temos a mesma nacionalidade.
Somos do mesmo país. A partir do momento em que a minha conduta, os valores que me
regem, a forma como eu trato os outros, em momento algum é diminutiva/desrespeitosa, do
meu ponto de vista, não é justo eu ter que passar 9h do meu dia, a desempenhar funções,
num ambiente hostil. A forma como os outros me entendem, não determina quem sou. A
forma como os outros me percebem, resulta da formação que eles tiveram. No entanto, eu
caí no erro de me tentar integrar num meio que claramente não me ia incluir. Não porque
precisava de me sentir incluída e aprovada, antes, para amenizar o ambiente pesado.
Dispus-me a ir beber café, ter momentos de interação e conversa, interagir de uma forma
leve, fiz tudo o que estava ao meu alcance e falhou. Tudo o que consegui foi ser
desrespeitada na cara. Quando percebi que independentemente da minha postura eu nunca
ia ter a oportunidade de desempenhar funções num ambiente tranquilo, leve, amistoso,
passei a ser eu. Entrar em silêncio, permanecer em silêncio e sair em silêncio. Iniciar a
jornada de expediente o mais cedo possível, evitar circular pelos espaços comuns em hora
de maior circulação, ir almoçar uma hora antes da enchente, sair sem ser notada. Já mais ir
beber café dentro das instalações, menos ainda em horas de ponta. Foi duro? Foi
necessário. Foi edificante. Desenvolvi firmeza de caráter, foco, determinação e o mais
importante, comecei a construir o meu sonho. Se a minha experiência te ajudar, o mercado
de trabalho é uma selva, onde a sobrevivência não está no mais forte, nem no mais
habilidoso, nem na ambição , nem na motivação. A sobrevivência no mercado de trabalho
está na resistência emocional e psicológica. Se tiveres que passar por um deserto sozinho,
passa. Sê firme e constante. Preserva-te leal aos valores que te norteiam. A vida é uma
roda em permanente movimento, os que hoje te perseguem, serão perseguidos. É lei! Não
depende de ti. O mal volta sempre para aquele que o criou.

“Mar calmo não faz bons marinheiros.”


5
Coração de Cavaleiro…

Nascido camponês, William Thatcher, almeja ser cavaleiro, ambição desmedida para um
pobre camponês. Quer o destino lhe provar que nada é impossível àquele que tem fé no
seu projeto de vida. Durante uma caminhada pela floresta, Wiliam encontra um cavaleiro
morto e tem a coragem de aproveitar a oportunidade. Enterra o corpo e ocupa o lugar do
cavaleiro. Desta forma começa a sua jornada como cavaleiro, com a ajuda de amigos, ele
enfrenta o teste final de bravura medieval, o torneio de lanças. É a batalha que o transforma
em lenda.

Nos tempos que correm, a nobreza vai além dos brazões. O conhecimento é a base da
base da boa índole, do bom coração, da boa mente, onde a prática consciente do bem é o
maior escudo protetor. Protetor de ignorância. Protetor da mediocridade. Protetor da
normalidade.

Em tempos longínquos, os códigos de conduta, o bom carácter, estavam associados à


nobreza. Aos nobres era exigida uma conduta exemplar. Provavelmente porque eram os
nobres, os cavaleiros, os samurais, os pajens, a corte em geral, que tinham acesso ao
conhecimento. Os cavaleiros eram nobres cujo caráter era forjado pelas referências
constantes, moldado pela sabedoria e posto à prova em campo de batalha. É certo que
muitos nobres eram movidos por ambições, muitas delas desmedidas, o que os levava a
desviarem-se dos códigos de conduta que regiam a classe. Porém, a nobreza de carácter
estava associado às classes nobres, porque estas tinham acesso ao conhecimento.
Portanto, conhecimento é sinónimo de evolução, ignorância é sinônimo de permitividade.
Quanto mais elevado for o nível de conhecimento (compreensão) mais resiliência se exige
na conduta. O saber estar passa muito pelo silêncio (não impor o seu entendimento) e não
se expor além do necessário (exibicionismo e egocentrismo nulo).

O conhecimento a que me refiro não é ao que se adquire na escola ou se compra na


universidade. Se formos avaliar a conduta dos tempos de estudante, percebemos que os
excessos dominam a juventude. Findos são os tempos em que o canudo era exclusividade
da burguesia. O atual ensino universitário passou a ser o nível de ensino básico. O
conhecimento que te falo vai além dos diplomas que consigas adquirir. Tu avalias o nível de
conhecimento de uma pessoa pela sua criação. Seres medíocres, ainda que tenham
diplomas, não constroem coisa nenhuma. A capacidade de idealizar, planear, estudar e
materializar, não estão desenvolvidas no seu intelecto. Seres medíocres além de não
construir coisa nenhuma ainda dedicam os seus dias a desconstruir o que os outros
constroem. Seres medíocres dedicam os seus dias a desestabilizar quem tenta contribuir
com o seu melhor para o coletivo. Como diz o psiquiatra, Augusto Cury, os “anormais é que
mudam o mundo”. Henry Ford teve somente dois anos de instrução, sonho com uma
América a andar sobre rodas, colocou o mundo a deslocar-se sobre rodas. Thomas Edison,
teve meses de instrução escolar, desenvolveu a lâmpada elétrica. Rui Nabeiro, um homem
português, empreendedor sem diplomas universitários, conhecedor do mercado de café, em
1961, criou a sua própria marca, a Delta. Ricardo Costa, irmão do atual Primeiro Ministro de
Portugal, sem a licenciatura completa, aos 21 anos de idade começa a trabalhar no
semanário Expresso, onde viria a ser Diretor. É esta a nobreza a que me refiro. a nobreza
que vem da alma. A nobreza de quem tem um firme propósito e nunca desiste de o
alcançar, porque o propósito da alma domina as suas ações.
6
A Lenda dos Guardiões…

Numa era onde os guardiões eram a lenda passada entre gerações, havia uma jovem
coruja que acreditava na lenda dos guardiões. Quando o seu povo precisou de ajuda, ele
decidiu ir em busca dos guardiões. O que ele desconhecia é que a jornada o tinha
transformado na lenda...

O vencedor é aquele que antes de entrar numa batalha já determinou que ia vencer.
O vencedor é observador, analítico, calculista, estratega, paciente.
O vencedor não se deixa intimidar pela aparência dos seus adversários. Nem os subestima
pela aparência.
O vencedor observou o campo de batalha, analisou as ações dos seus adversários,
calculou as suas ações e previu os contra-ataques, definiu a sua estratégia de entrar em
campo, agir em campo, sair de campo, e tem muita paciência para executar cada ação fase
por fase até ao xeque mate. O vencedor é aquele que em pleno campo de batalha, perante
ações imprevistas, mantém o autodomínio e não se deixa intimidar. O vencedor sabe que
por maior que seja o desafio, este nunca será superior às suas capacidades. No melhor
ângulo de visão, o vencedor sabe que é tão grande quanto o seu desafio, e por isso, está à
altura de se superar.O desafio é a ponte que nos permite chegar ao nível seguinte. Os
adversários de um vencedor nunca o desafiam por se acharem superiores, afinal, ninguém
faz guerra ao que não intimida. Os adversários de um vencedor, desafiam-no porque se
sentem ameaçados, incomodados e não por o acharem inferior. Com alguma regularidade
os adversários de um vencedor, por mais ferozes e agressivos que sejam, respeitam-no,
reconhecem no vencedor o porte, a garra, a excelência. Sabem que o confronto é um duelo
de titãs, que não está ganha e por esse motivo fazem de tudo para o derrotar, começando
pela ofensa, pela crítica, pelo sarcasmo. Muitas vezes os adversários não entram em
confronto direto com o vencedor, porque reconhecem-lhe o poder, por isso os ataques são
indiretos, camuflados, sutis, uma piada aqui, um sarcasmo acolá, uma ironia sutil, uma
hostilidade velada, um sorriso repleto de fel.

Um vencedor não se deixa seduzir pela bajulação, nem se abate pela crítica. Ele sabe que
foi forjado pela dor e lapidado pelo sofrimento. Desta forma, honra cada pessoa, respeita
cada momento, tem empatia pelo outro, não teme a dor porque a conhece, mas não a
aprecia.

Voa o quanto quiseres e o mais alto que conseguires. Aperfeiçoa a tua técnica de voo
diariamente. Torna-te resistente às intempéries da vida, para conseguires voar em qualquer
circunstância, por mais tempo, com mais resistência.
Lembra-te, até o mais veloz, o mais resistente, o mais rápido, necessita de pousar.
Não interessa o quão alto e longo foi o teu voo, vais necessitar de pousar.
Certifica-te que durante a tua jornada criaste um lugar firme e acolhedor para te abrigar.
Estabeleceste as parcerias propícias para que no fim da batalha, tenhas um lugar seguro
para onde regressar. A juventude passa. A força e o vigor vão se desvanecendo. A beleza
da juventude é modificada pelo tempo. O amor constrói-se no dia-a-dia, fortalece-se na
rotina, e lapida-se na amizade, no companheirismo que o tempo não desgasta.

"Ter força é bom, ter inteligência é melhor.”


By: autor desconhecido
7
Feira de vaidades …

Becky, uma jovem muito bonita, nascida de pais pobres, aspirava ser um membro da
nobreza de Inglaterra. Becky associa-se à família Crawleys, apaixonando-se por Rawdon, o
filho deles. O casamento é feliz no início, mas entra em decadência quando Rawdon
começa a perder sua fortuna. Becky deixa o “amor” de lado, priorizando a luxúria, as
roupas, as jóias e tudo o que o dinheiro do Marquês de Steyne lhe proporciona. O filme
revela a astúcia necessária para estabelecer as parcerias que levam Becky a realizar os
seus sonhos, mas a que preço? Valerá tudo em nome dos sonhos fundados em ilusões?

Modéstia à parte, tive excelentes professores. Pessoas bem formadas, não só


intelectualmente como moralmente. Um dos meus últimos professores, uma pessoa
excelente, por quem tenho admiração. Ele ensinava além da matéria. Ele ensinava a
pensar. Ensinava a refletir. Ensinava-nos a analisar e a construir a própria opinião.
Ensinava-nos a debater. Ensinava-nos a defender firmemente o nosso ponto de vista sem
ofender o outro. Uma das suas lições foi ensinar-nos a analisar o caráter de uma pessoa
pelo vocabulário que ela pronuncia. Ensinou-nos a detectar à distância, o som da
arrogância, o timbre da amargura, a melodia da falsidade, a sinfonia do mau caráter.
Normalmente, pessoas que se sentem superiores aos outros, são extravagantes,
exibicionistas, gostam de se gabar dos títulos, conquistas e de suas amizades influentes.
Os seus diálogos não transcendem as conquistas que alcançaram (as viagens que fizeram, os
bens que adquiriram, e por aí vai). Estas pessoas não fazem a menor ideia do quão insuportável
se torna estar na sua presença. Egos exaltados e almas infelizes. Condenados a manter a
pose de feliz e realizado, enquanto a alma grita por algo que faça sentido. Não
generalizando, com frequência, estas pessoas têm por hábito humilhar os outros (todos
aqueles que eles consideram inferiores). Se queres conhecer o caráter de alguém, observa como
essa pessoa trata os que trabalham com ela ou para ela.

Quando alguém te ofender, claramente, quer tirar a tua paz e isso é precioso demais. A paz
é a base da prosperidade. Lembra-te, quanto mais vazia vai uma carroça, mais ruído ela
faz. Quem está bem consigo próprio não azucrina a vida dos outros.
8
O Bôbo não é Tolo …

O bobo da corte era um “palhaço” ao serviço da realeza, o humorista dos nobres, o artista
da elite. A partir do momento em que a arte passou a ser acessível ao público em geral,
percebemos que os humorista não são tolos, nem ignorantes, nem medíocres, antes, são
sábios, astutos, alguns são verdadeiros génios na arte da manipulação coletiva. Não estou
a tecer uma crítica. A arte de fazer rir, entreter, pronunciar verdades inconvenientes sem
consequências maiores, continua a ser o privilégio dos “bobos da corte”.

À primeira análise um “bôbo” pode parecer um tolo. É um erro crasso confundir um bôbo
com um tolo. Um tolo é aquele que diz o que quer, quando quer, a quem quer. Não tem
filtros. Não sabe estar em sociedade. Confunde liberdade de expressão com grosseria, má
educação, disseminação do ódio gratuitamente. Um tolo é aquele que é gabarolas,
exibicionista, não sabe guardar segredos, ouve aqui conta acolá. Um tolo não tem
autodomínio. Um tolo não tem classe. Um tolo faz questão de ser invasivo e desagradavel.
Mas calado, até um tolo passa por sábio.

O nível de um “bôbo da corte” é pleno.


Tem domínio de toda a situação.
Sabe iniciar o show.
É imponente e exuberante, por vezes excêntrico. Onde chega o palco é seu!
Sabe conduzir o show segundo os seus interesses.
Sabe sair de cena no momento que lhe convém.
E tudo isto com o pleno domínio da situação.
Enquanto faz o seu show analisa o perfil de cada um, tipo raio-x.
Aparentemente está sempre bem com toda a gente.
Sabe o que os outros pensam a seu respeito e o mais incrível, é que, os que os outros
pensam a seu respeito, é precisamente o que o “Bôbo” quer que pensem a seu respeito
(que é um ser insignificante e inofensivo).Ele não teme o ridículo, enquanto executa a sua
arte ele está no domínio.
Tu nunca verás um bobo da corte a vaguear pelos cantos a falar mal dos outros, e esta é a
principal diferença entre um bôbo e um tolo. Um bôbo não é medíocre. Pode parecer
ridículo, mas não é insignificante.
9
Alcateia…

“Os 3 primeiros são os mais velhos ou os doentes e marcam o ritmo do grupo. Se fosse ao
contrário, seriam deixados para trás e perderiam o contacto com a alcateia. Em caso de
emboscada dão a vida em sacrifício pelos mais jovens.
.Eles são seguidos pelos 5 mais fortes que os defenderão em caso de ataque surpresa. No
centro seguem os demais membros da alcateia, e no final do grupo seguem os outros 5
mais fortes que protegerão o grupo.
.Em último, sozinho, segue o lobo "alpha", o líder da alcateia. Nessa posição ele consegue
controlar tudo ao redor, decidir a direção mais segura que o grupo deve seguir e antecipar
os ataques dos predadores..
Em resumo, a alcateia segue ao ritmo dos anciões e sob o comando do líder que impõe o
espírito de grupo não deixando ninguém para trás.”
By: @saberdoslobos

A alcateia de lobos na vida selvagem tem uma organização ímpar. A alcateia no mercado
de trabalho é igualmente organizada, impiedosa, implacável. Algures já o mencionei, não é
o mais forte, não é o mais dedicado, não é o mais trapaceiro, não é o mais bajulador, não é
o mais ambicioso que vence no mercado de trabalho, é o que tem mais autodomínio, foco,
determinação e não se deixa dominar pelas ações dos outros.

No mercado de trabalho, o líder da matilha nem sempre é o chefe/líder da equipa. O líder da


matilha laboral é aquele que permanece em silêncio, apático, observador, quase
impenetrável. Quase? Sim, quase. Raramente se pronuncia, raramente se expressa,
raramente reage. Não fosse os seus tolos de estimação e era impenetrável. Durante o meu
percurso laboral tive a oportunidade de desempenhar funções na presença de uma matilha
de lobos. O chefe de equipa era aparentemente cordial, aparentemente afável,
aparentemente simpático, aparentemente justo, exceto quando estava na presença do líder
da matilha. A sua voz tornava-se imponente, ecoava por todo o open space, demonstra
arrogância, frieza e impiedade e muita submissão ao seu fiel amigo de café e cigarro. Mas
quando o "líder da matilha” se ausentava, o chefe de equipa voltava a ser uma pessoa
“aparentemente” do bem.

No mercado de trabalho, o líder da matilha é aquele que com um olhar todos se submetem.
Ele chega e uma atmosfera de peso paira no ar. Todos aqueles que não caem nas boas
graças do chefe da matilha ou se ousaram em algum momento bater de frente com ele, são
desprezados, ridicularizados, trapaceados, mal falados. A ordem é clara, ai daquele que lhe
voltar a dirigir a palavra. E ninguém que dependa da aprovação alheia quer ficar excluído da
alcateia. Por esse motivo tem que obedecer. Prepara-te para ser o alvo da alcateia. Tu só
consegues vencer uma alcateia laboral se tiveres sobriedade e autodomínio. inicia o teu
expediente sem ser notado, move-te sob o manto da invisibilidade, expõem-te o mínimo
possível, não socializes, termina o teu expediente saindo sem ser notado.
O mercado de trabalho é competitivo.
Não tens amigos.
Aliados? Só enquanto fores útil.
Mercado de trabalho é onde passas a maior parte do teu dia, mas, não é um lugar para
socializar, descontrair, confiar, baixar a guarda. Aqueles que estão ao teu lado, não tem
lugar garantido (assim como tu) e por isso, se te destacas, à que apagar a tua luz.

Os melhores colegas que podes ter são os que te querem mal, porque eles vão te lembrar
constantemente a importância de permaneceres em estado de alerta.
Os “amigos”, em contexto de trabalho? Não significa que não existam, mas, o teu local de
trabalho é um campo de batalha, quem está no meio da guerra não está com disposição
para se divertir.
O melhor que podes fazer, é ser sóbrio.
Faz o teu silêncio ser escutado e a tua discrição ser notada.
Sê companheiro, mas não tolo.
Dedicado, não escravo.
Empenhado, não desesperado por reconhecimento.
Em silêncio, não aziado.
A sorrir, não descontraído.
Beber café, não socializar.
Autodomínio, não concedas ao outro o poder de te dominar.
Assim como os glaciares são destruídos pela radiação solar que aquece a água, o
autodomínio destrói os teus opositores.
Tem consciência que no mercado de trabalho, ainda que estejas rodeado de gente, estás
sozinho. Mais vale ser um solitário consciente que um solitário iludido.

Não importa como foi a tua postura até aqui, a partir de agora comporta-te de acordo com o
nível de inteligência que tens. Evidencia o teu caráter sem te tornares agressivo ou invasivo.
Por onde passares desfila com leveza a elegância do teu caráter. A tua conversa nunca
deve passar do superficial e sempre com um sorriso no rosto. Até podes estar a chorar por
dentro, mas, a partir do momento que entras no teu local de trabalho, estás numa expo de
egos e vais estar sempre bem. Concede a tua ausência aos momentos de relax entre a
equipa. Sai dos grupos de whatsapp da equipa e bloquea todos nas redes sociais(não é
dramático é necessário). O mais importante, o chefe, independentemente de ser um bom ou
mau líder, vai sempre ter opositores, vai sempre existir alguém a falar mal dele, a criticar, a
sabotar, a invejar, mas, vão fazê-lo nas costas, por isso, nunca te posiciones publicamente
pela equipa ou pelo grupo, eles não fariam isso por ti e as chances de perderes o teu posto
de trabalho porque estás a defender publicamente a posição que a equipa tem nas costas
do chefe, são muito grandes. Quantas vezes vi os verdadeiros ir embora e os falsos ficarem
porque souberam manter silêncio na presença do chefe. Posiciona-te! Deixa bem claro a
tua postura sem te pronunciares. Comunicação contigo, só via email da empresa e sempre
com o conhecimento do teu chefe. Não abras brechas. Não facilites a tua ruína. Quando te
digo para fazeres isto, não estou a dizer que deves colocar a cara fechada, ser sisudo, mal
humorado, arrogante, prepotente ou algo do género. Estou a dar-te as diretrizes para não
falhares nem permitires que falhem contigo. Se fores prudente, sensato, sóbrio no agir e na
forma de estar, evitarás vários dissabores.
“A vida é 10% de ação e 90% de reação. A tua reação é mais importante do que aquilo que
te acontece. As consequências da Tua reação, se for exagerada, podem ser piores do que
a situação desagradável.”
@saberdoslobos

10
Ubuntu…

"Ubuntu'', filosofia africana que trata da importância das alianças e do relacionamento das
pessoas, umas com as outras. Na tentativa da tradução para o português, ubuntu seria
“humanidade para com os outros”. Uma pessoa com ubuntu tem consciência de que é
afetada quando seus semelhantes são diminuídos, oprimidos.”
By: Por dentro da África

A primeira vez que escutei esta expressão foi algures entre 2012/2014. Era o relato de um
jornalista que por motivos profissionais encontrava-se numa tribo africana. Um dia decide
juntar as crianças da tribo e fazer um jogo. Este jogo consistia numa competição. As
crianças tinham de correr até à meta estipulada, o primeiro a chegar ganhava o prémio.
Este prémio era uma quantidade imensa de doces. As crianças aceitaram o desafio. Antes
de começar a partida, juntaram-se, uniram-se e de mãos dadas correram até à meta.
Chegando, divertiram-se a partilhar o prémio. Quando questionadas sobre este
comportamento que claramente desobedecia às regras de competição, as crianças
pronunciaram a expressão ubuntu. O Jornalista quis saber o que significava essa expressão
e as crianças responderam que entre elas não existe competição.

Analisando este acontecimento, claramente este jornalista era ocidental. Como ocidental, a
sua formação social, cultural, familiar e profissional está fundamentada na competição.
Desde o núcleo sociocultural, familiar, escolar, profissional, tudo é competição. O conceito
de união está completamente extinto. Quando observamos o nosso corpo, percebemos que
ele é uma máquina complexa, onde vários sistemas (sistema respiratório, sistema digestivo,
sistema linfático, sistema cardiovascular/circulatório, sistema hormonal) funcionam de forma
autónoma (entre si), mas, não são independentes uns dos outros, eles são uma equipa,
cuja finalidade é manter a vida do corpo. O corpo físico demonstra na prática a filosofia
Ubuntu.
11
A aliança…

Os três pilares da aliança são os brazões, o património e o conhecimento.


Se não tens brasões, nem património considerável, aplica-te a adquirir conhecimento e
então serás tão desejado quanto o mais imponente brasão e o mais significativo império.

Quando decidi sair da grande capital, ter uma vida mais tranquila e pacata, estabeleci-me
numa pequena cidade onde não tinha raízes, não tinha amigos, não tinha conhecidos. Após
me estabelecer, decidi enviar um email à Câmara Municipal da cidade a apresentar-me e a
apresentar os meus serviços. Em menos de cinco minutos recebi a resposta. Marta, passe
pelos nossos escritórios o mais breve possível. Já em reunião, as perguntas que me fizeram
foram exatamente estas:
Quais são os brasões da sua família?
Qual é a dimensão do seu património?
Qual é o seu nível de conhecimento e de que forma esse conhecimento nos pode
beneficiar.
Após responder a estas questões, foi-me apresentada uma proposta de parceria. O que eu
ainda não sabia e aprendi a duras penas, é que, quando se estabelece uma aliança,
estamos a tomar partido dos nossos “aliados”. Ao tomarmos partido, automaticamente, os
opositores dos teus aliados tornam-se teus inimigos.
Faz atenção com quem estabeleces aliança e até que ponto essa aliança é realmente
favorável para ti. Se o que te foi proposto vale a tua paz, contigo é. Eu aprendi que tudo o
que tira a minha paz é um preço alto de mais. Não existe aliança que valha uma vida
atormentada. Hoje faço questão de ser ninguém. Ser “ninguém” numa terra que não te
conhece, é liberdade. Liberdade não tem preço.
12
A arte de fazer guerra…

A arte da guerra é um tratado sobre táticas militares, escrito durante o século IV a.C. pelo
general Sun Tzu. Sun Tzu viveu na China entre 722 a.C. – 481 a.C., foi general do Rei Hu
Lu. Fez parte da minha formação académica as disciplinas de gestão e contabilidade. Qual
a nossa surpresa quando o professor nos apresenta o livro “A arte da guerra'' para nos
transmitir os princípios básicos da gestão. Recordo que a primeiro momento considerei
aquele professor um alienado. Como assim vai nos ensinar as bases da gestão com um
livro de táticas de guerra? Estamos no século XXI! Aos nossos olhos de alunos, não fazia
sentido algum estarmos a aprender táticas de guerra. O professor já tinha o seu método de
ensino estipulado e não estava disposto a negociar. Entre protestos e reclamações a
mensagem foi passada. No final, todos nós agradecemos ao professor a mente brilhante e o
caráter forte que ele demonstrou durante todo o período letivo. A verdade é que guerra é
acima de tudo, gestão. Ninguém entra em guerra por motivos levianos porque sabe os
custos que estão associados a uma guerra. Não é em campo de batalha que se vence a
guerra. Tão pouco é lugar para se definir estratégias. A guerra pode ser comparada a uma
partida de xadrez, em que, após a partida começar, todas as ações são aplicações de
estratégias. Faz parte da estratégia antecipar/prever os contra-ataques. E todas estas
ações são executadas em modos “pensa rápido”. Quem é sábio não subestima o seu
opositor, nem dá por vencida uma guerra, antes que esta termine de fato. Quando se inicia
uma guerra, nunca se sabe quando esta vai devastar, tão pouco, quando vai terminar, por
esse motivo é fundamental fazer uma gestão de todos os recursos que vão ser envolvidos
durante o período de guerra.

Princípios básicos de Gestão da guerra:


Planejamento Inicial
Primeiras ações
Estratégia ofensiva
Disposições
Gestão de Energia
Gestão de Recursos Humanos e Materiais
Gestão de Fraquezas e forças
Gestão de Manobras
As nove variáveis
Movimentações
Reconhecimento de Terreno,
As nove variáveis de terreno
Gestão de Ataques
Gestão de Infiltrados, aliados,
Previsão/planeamento de emboscadas,
Antes de entrares numa guerra por uma causa ou em defesa de algo/alguém faz uma
pré-avaliação dos "custos/consequências/contra-ataques" que daí advêm.
A arte de fazer guerra passa por ter sabedoria. Porque todas as guerras tem o seu preço.
Todas as guerras deixam sequelas.

Observa atentamente a série Samurai X, que conta a história de Kenshin Himura, um


pacífico espadachim que prometeu nunca mais matar. Entretanto, o seu passado como
retalhador a serviço da Ishin Shishi fazia o jovem Himura brandir novamente a sua espada
contra velhos e novos inimigos. No entanto, ele não fazia da guerra a sua rotina. Ele só
guerreava quando era necessário e nesse caso era implacável.
13
Areia Movediça...

No artigo sobre a Arte de fazer guerra, falo-te um pouco sobre a sensatez e a sobriedade
necessárias para preservar a paz. A guerra é muito válida e apreciável como último recurso
e se chegar a esse ponto, certifica-te em ser implacável. Não temas guerrear, porém, não
faças da guerra o teu estilo de vida. Essa postura não é sábia, não é prudente, não é
sensata, não é apreciável e certamente vai refletir-se na tua qualidade de vida.

Sun Tzu, foi um exímio general. Nicolau Maquiavel, foi um diplomata, autor da obra “O
Princepe”. Sun Tzu viveu na China entre 722 a.C. – 481 a.C, Maquiavel viveu na Itália entre
1469 - 1527. O que eles têm em comum? A guerra. Sun Tzu foi um exímio exterminador,
Maquiavel foi um exímio conhecedor e fundador da ciência política moderna. Quando no
século XVI, após a tomada de posse de Lourenço II, em Florença, Maquiavel toma a
iniciativa de escrever “O Príncipe" dedicando esta obra a Lourenço II, de forma a este
reconhecer a sua capacidade estratégica e lhe conceder algum cargo importante. Tal
ambição não foi alcançada e Maquiavel foi exilado numa pequena localidade nos confins
das terras entregues ao Duque de Urbino.

Eventualmente Maquiavel foi considerado uma ameaça e não reconheceram na sua obra
um valioso fundamento para se estabelecer “A Aliança”. Infelizmente este tipo de reações
ocorre com frequência no atual mercado de trabalho. Quando um colaborador evidencia
competências, estando o negócio entregue a um gerente que é o equivalente a um capataz,
(gestor da senzala) naturalmente este não vai olhar com bons olhos para a mestria
demonstrada, antes, vai sentir-se ameaçado, dando início a uma perseguição, passando a
ocupar o seu tempo a sabotar o negócio do dono que lhe confiou a gestão e liderança de
uma parte do seu império. Tal como Lourenço II, que não sendo rei, por ser sobrinho de
Juliano de Médici, ( foi quem tomou o controle do governo da cidade e atribuiu a gestão de
Florença a Lourenço II) viu em Maquiavel uma potencial ameaça e não considerou as
vantagens de uma aliança entre as partes, antes, exilou Maquiavel. Por esse motivo é
sensato manter-se mediano. Devemos ser excelentes quando trabalhamos por conta
própria ou se temos parte na sociedade, no máximo se temos a oportunidade de trabalhar
diretamente com o dono da empresa, mas, se a nossa fonte de renda provém única e
exclusivamente de trabalhar para outros em que nem vemos a cor dos olhos do fundador, é
sensato manter a média. Quem se dedica demais acaba por despertar inimizades que se
vão dedicar a excluí-lo, quem se dedica menos, acaba por ser excluído, no equilíbrio está a
preservação do posto de trabalho.
14
A quem devo temer?

Supondo que já iniciaste a tua jornada no mercado de trabalho, certamente já íntegraste


uma equipa de trabalho que já estava construída. É mais comum integrar uma equipa já que
existe uma equipa que está a começar. Quando estás a iniciar um projeto, todos os
elementos são “amigos” na fase inicial, até porque, querem mostrar o melhor de si. Com o
tempo (não muito) vão formando pequenos grupos. No entanto, quando o assunto é integrar
uma equipa que já existia antes de chegares, se reparares, existe sempre alguém que te
aborda com simpatia. Essa pessoa é a mais simpática, a mais afável, a mais cordial, a mais
“boa pessoa” e a que se vai dedicar a puxar-te o tapete. Esse é aquele que te vai dar como
presente de boas vindas, falar mal de toda a gente, convidar-te para beber café, puxar
assuntos privados, proporcionar-te momentos de humor, quer logo trocar contatos e
adicionar-te nas redes sociais. Ele vai apresentar a equipa segundo a sua visão trevosa,
começa a falar mal do chefe, seguindo-se, dos melhores da equipa e por aí vai. E é ele que
vai dedicar-se a envolver-te lentamente no seu veneno, sem te aperceberes, uma névoa
negra começa a envolver-te e a expandir-se em volta de ti, mas de forma lenta e subtil,
porque a tua derrota proporciona prazer a este ser das trevas. Tudo o que dizeres vai ser
descontextualizado e usado contra ti. E se não dizeres nada, este ser trevoso tem a
capacidade de criar enredos, passando a dizer que ouviu dizer que tu disseste ou fizeste
A,B, ou C. Ele é excelente a ser maquiavélico, um verdadeiro príncipe das trevas, lidera o
negrume com mestria, cria situações, alimenta intrigas, gera conflitos, expande a
maledicência, vira uns contra os outros e como golpe de misericórdia manda-te para o
desemprego ou na melhor das hipóteses, vira toda a gente contra ti e por necessidade tens
que manter controlo mental para não descambar diante da rejeição coletiva. Sê firme e
forte. Se souberes ficar em segundo plano, o show do palhaço termina na decadência.

Marta, isso quer dizer que todos os que são simpáticos vão fazer isso?
Isso quer dizer que, quando um elemento novo integra uma equipa existente, é um terreno
desconhecido, os bons, os verdadeiramente bons, os comparsas, os fiéis, os que valem a
pena, não te vão receber de sorriso estampado no rosto, és um elemento estranho que
acabou de chegar. Com alguma normalidade, vão te comprimentar sem grandes emoções.
Vão prosseguir o seu trabalho e quando já te avaliaram, vão começar a te integrar. Se
queres fazer um teste de quem está lá para ti, dentro das funções que te forem atribuídas,
simula que tens dúvidas ou dificuldades, que não compreendeste bem a função e tens
receio de incomodar o teu chefe, vai pedindo ajuda, executa este processo individualmente,
ou seja, não verbalizes as tuas supostas fraquezas publicamente, dirigente um a um, aí vais
perceber como cada um te responde e interage contigo, mais que isso, os reles vão
espalhar as tuas supostas fraquezas e ridicularizar-te nas costas. Tens de ser firme e
aguentar a palhaçada, afinal, tu estás em vantagem, porque, enquanto o tolo faz da tua
fraqueza o seu motivo de chacota tu estás a fazer as máscaras caírem.
15
Armadilha …

Muitas vezes a nossa vida não avança, fica estagnada e não é por inveja ou feitiços que
fizeram contra nós. Esse tipo de vibração só pega em quem tem brechas. Numa mente
unida a Deus, não há praga, inveja, maldição que pegue. O maior empecilho à prosperidade
são as pessoas com quem a gente convive. A inveja que os vizinhos e os conhecidos têm,
não afeta em nada a não ser a vida deles. Mas, a inveja que a nossa parentela e aqueles
que chamamos de amigos, aqueles que frequentam a nossa casa, a inveja que possam
sentir por nós, essa sim, é a areia movediça para nossos pés. Para teu próprio bem,
seleciona, sê criterioso, escolhe bem aqueles a quem vais abrir as portas da tua casa. Não
convivas de perto com gente má. Não faças da ausência de caráter tua fiel companhia. Não
te alies à corrupção. Não estabeleças aliança com o que é mau. Não confidenciais com o
fútil, assim que virares costas, espalhará o que ouviu. Nem faças do bobo da corte o teu
companheiro de diversão. A maldade é um vírus que contamina a nossa mente e
posteriormente, toda a nossa vida, e fá-lo, sem nos apercebermos. O que te escrevo não
são só palavras da bíblia. São ensinos sagrados, mas, pelos quais eu já passei. Hoje, eu
sou uma pessoa de poucos amigos. Raramente tenho convívios sociais. Evito ao máximo ir
para casa dos outros. Quando tenho de estar na casa de alguém, que seja de uma pessoa
de bem, e mesmo assim, não seja longa a minha estadia. Não recebo ninguém em minha
casa. E mesmo com os meus amigos, seleciono muito bem aquilo que vou partilhar com
eles. Mas de tudo o que eu te escrevi, há algo que te preciso dizer, de toda a espécie de
gente má, afasta-te dos que não tem inimigos. Corre! Fica longe desse tipo de gente. Não
caias no erro de confundir hipocrisia com diplomacia. Na Arábia, os príncipes, têm por
tradição, convidar e receber nas suas tendas, os seus rivais/opositores. Servem-lhe um chá,
(sem veneno) conversam, e deixam o seu rival partir em segurança. Isto é diplomacia. Este
ato demonstra um código de conduta elevado, firmado no respeito, principalmente, respeito
pelos seus adversários.

“Eu, dou-me bem com toda a gente!”


“Eu não tenho problemas com ninguém.”
“Eu não tenho inimigos.”
“Eu prospero porque tenho muitos amigos.”
"Qual é o teu preço? Eu tenho dinheiro para te pagar.”

Falsos!
Hipócritas!
Dissimuladores!
Imundos!
Enganadores!
Fraudulentos!
Manipuladores sem coração. Enganosos, frios e calculistas.
Raça de víboras!
Elite demoníaca.
É o que são todos aqueles que abrem a sua boca para declarar publicamente a sua
imundice interior.

São manipuladores impiedosos. Cruéis. Cravam o seu fel na tua alma enquanto te sorriem.
As suas palavras são doces e meigas, puro fel. Se pudesses ver a hostilidade com que te
observam, saias a correr para junto de Deus, suplicando abrigo debaixo das suas asas.
Todo aquele que se posiciona no quente ou no frio tem naturalmente inimigos. Mas aquele
que anda em cima do muro, de fato, ele não tem inimigos. Ele é o maior inimigo da natureza
divina, porque ele ilude, manipula, controla, domina e vence aquele que é simples e tolo.
Frios e calculistas, manipuladores, estão sempre no domínio.“Simples como uma pomba,
astuto como uma serpente”. Estar com Deus é ser simples e sábio. discreto e prudente.
Humilde mas não tolo. Firme, seja no quente, seja no frio, mas firme.

Deus é amor. De fato, é! Mas Deus também é excelência, é soberania, é integridade, é


honestidade, é bondade, é generosidade, e é impiedade para os que estão em cima do
muro.

“Eu sei o que vocês têm feito. Sei que não são nem frios nem quentes. Como gostaria que
fossem uma coisa ou outra! Mas, porque são apenas mornos, nem frios nem quentes, vou
logo vomitá-los da minha boca. Vocês dizem: ‘Somos ricos, estamos bem de vida e temos
tudo o que precisamos.’ Mas não sabem que são miseráveis, infelizes, pobres, nus e
cegos.” Bíblia NTLH, Apocalipse 3:15-17
16
Começa pelo Estábulo…

No decorrer da minha jornada académica tive excelentes mentores. No meu curso de


Gestão e Contabilidade tive como Professores, profissionais líderes no mercado. Foi
durante a disciplina de auditoria, procedida por um ROC, (Revisor Oficial de Contas) que
desempenhava funções no mercado de trabalho, era contratado para dar início a auditorias
internas, ou seja, a administração da empresa contratava os seus serviços para investigar
os relatórios que o TOC (Técnico Oficial de Contas) apresenta. Quando este começa a
apresentar despesas exageradas, gastos excessivos, começa a originar suspeita de desvio
de fundo, levando a empresa a acionar os serviços do ROC.

Com este professor aprendi que uma investigação de auditoria começa pelos estábulos. Na
altura ficamos confusos, logo ele nos clarificou. O primeiro passo de uma investigação é
investigar a rotina dos suspeitos envolvidos. Como assim? Onde moram? Qual o aspeto da
sua residência? É compatível com os seus rendimentos ou é superior? Se é superior, há
que averiguar se eles têm outras fontes de renda. Caso não tenham, à que saber, a que
horas saem de casa, para onde vão, que “carro” conduzem, que roupas vestem (loja ou
alfaiataria) onde fazem as refeições, vícios (casino, acompanhantes de luxo…), lazer,(golfe,
ténis…) distrações, relações (casado/fiel ou infiel - solteiro/boémio ou moderado),
envolvimento, amigos, hábitos de consumo, tudo é passado a pente fino e só depois é que
existem fundamentos para uma abordagem direta. Sabendo que neste nível é quando te
vão corromper. Qual é o teu preço? Aqui tens de decidir se tens um preço monetário ou se a
lealdade é o teu preço.

Porquê que eu decidi escrever sobre esta experiência?


A vida é dura. Desde cedo és integrado num meio de constante competitividade, quando
chegas ao mercado de trabalho, não é diferente. Vais encontrar muita gente que não vale o
ar que respira. Com o passar do tempo vais chegar à conclusão que o mundo é um caos e
que os momentos de refúgio são míseras horas que tens com os teus. A maior parte do teu
dia, tens de passar em campo de batalha, numa arena repleta de gladiadores e feras, onde
os medíocres vão se dedicar a te destruir, os astutos (não significa que sejam honestos) vão
tentar estabelecer aliança contigo (caso sejas significante para a causa que os move) e os
Arrogantes vão tentar comprar-te/corromper-te.

Quem é quem no campo de batalha?


Mais importante que saber quem é quem, é gravar na tua consciência que ali ninguém vai
priorizar a tua existência. Estão todos no mesmo barco, porém, cada um por si. Podes ter
colegas que te ajudam, mas, nem eles são teus amigos.Se te iludires, o preço da ilusão é
uma profunda devastação emocional diante da deslealdade, da trapaça. Lição aprendida?
Prosseguimos…
Nunca te fies nas aparências. Nunca baixes a guarda porque alguém te parece “boa
pessoa”. Queres saber quem é quem? Ótimo! Começa pelo estábulo.
Como assim Marta?
A pessoa não é aquilo que fala, nem aquilo que falam dela. A pessoa é aquilo que faz.
A que horas entra? Como chega ao trabalho? Quais as suas primeiras ações? Com quem
se dá? Quem são os elos comuns? Como agem entre si e com os outros? Como tratam a
equipe de manutenção/limpeza? Como tratam os que eles consideram inferiores? Qual o
conteúdo da sua conversa? Quantas vezes bebe café (não é a quantidade de café que
importa, antes, qual a sua necessidade de socializar para determinar o seu nível de
dependência de aprovação social). Com quem bebe café? Fuma? Com quem fuma? O que
é assunto durante este tempo? Qual o seu discurso frequente? Qual o nível do seu
vocabulário (ao contrário do que possas ouvir de que dizer asneiras é cultural, não é
verdade. Quanto maior a pureza de caráter mais limpa é a sua língua). Tem rotina? Qual a
sua rotina? Tem foco? Qual o seu foco? tem autodisciplina? Quais as suas realizações?
Quais os seus interesses?

Uma pessoa que tem o hábito de falar mal dos outros, isso revela mais sobre quem fala do
que sobre quem é falado.

“Pessoas edificantes falam sobre conteúdos significantes, pessoas medíocres só falam


sobre pessoas e coisas…”
17
Xeque mate …

Mexericar é um hábito que se torna cultural por ser uma prática “coletiva” do meio
envolvente. Quem entra no jogo da mexeriquice, tem por hábito falar mal de alguém que
não está presente e fá-lo por quatro ou cinco motivos:

1. Elevar-se às custas dos outros (reduzindo os outros sente-se


melhor/superior),
2. Por considerar divertido, fazendo desta forma o seu método de integração no
núcleo com que quer interagir/integrar,
3. Para aliviar o tédio,
4. Para se distrair do insuportável e sufocante vazio interior,
5. Para não ouvir a sua mente imunda. O silêncio é proveitoso aos íntegros,
mas é insuportável aos tolos e fúteis.

É profundamente lamentável que um líder abdique da sua capacidade de análise por


raciocínio lógico em prol dos “diz que disse”, tornando-se desprezível quando faz da
mexeriquice a sua prática constante. A mexeriquice nunca estabelecerá uma ligação com
os outros. Definitivamente não é a melhor forma de transmitir à sua equipa que tenciona ser
apreciado, reconhecido, amado. A mexeriquice só produz intriga, desavença, conflitos,
desunião e inevitavelmente caos. Por sua vez, o caos implementa terror na equipa.

O chefe cujas ações são única e exclusivamente fundadas para tentar impressionar os seus
superiores, ser notado sem olhar aos meus que utiliza é uma como uma peça de roupa que
foi atingida por lixívia. Toda a equipa para a ser uma peça desbotada, ainda que se possa
aproveitar, não deixa de ter perdido a sua identidade.

Um líder narcisista, manipulador, opressor e perseguidor, não consegue construir uma


equipa de trabalho. Equipa significa, um conjunto de pessoas medianas, com competências
díspares, sabiamente colocadas a desempenhar funções compatíveis com o seu melhor,
unidas por um objetivo comum e desta forma, unidos, transformam, unidos, mediocridade
em genialidade. Onde existe medo não há amor. Uma equipa é amor. Ainda que não sejam
todos compatíveis, são centrados no objetivo comum, sabem estar no mesmo metro
quadrado com tolerância e bons modos.
Erros comuns em lideranças medíocres:

1. Desprezo por elementos da sua equipa. Um líder não é teu amigo, mas, não é teu
opositor. Deve estar lá para te integrar, incluir, instruir, apoiar, ajudar-te a
desenvolver competências e posicionar-te no teu melhor.
2. Preferências. Um líder deve evitar estabelecer preferências e caso não o consiga,
deve manter as suas preferências trancadas na boca.
3. Medo de perder o seu lugar. Um líder não teme perder o seu lugar, antes, ocupa a
sua posição com mestria e excelência sem alimentar alienações.
4. Discórdias. Um líder jamais deve alimentar ou tomar parte em discórdias entre
elementos da sua equipa. Se não tem capacidade para fazer cessar a contenda, não
mande lenha para a fogueira.
5. Humilhar. Não é apreciável que um líder se comunique com os elementos da sua
equipa com desrespeito, hostilidade, ofensas, histeria, também deve evitar
expor/tornar públicos os conflitos que tem com elementos da sua equipa, isso só
demonstra que não tem competências de liderança.
6. Invasão da vida alheia. O local de trabalho é isso mesmo, um local onde pessoas se
reúnem para desempenhar funções similares ou complementares à empresa.
7. Intemperança. Destilar mau humor não é apreciável, nem proporciona um ambiente
profissional agradável. E desperta nos elementos da sua equipa o desejo de o ver
falhar.
8. Egocentrismo. Quando um líder não tem espaço para a sua equipa, tudo falha.
9. Deslealdade para com elementos da sua equipa. Um líder que anda no diz que me
disse, mexericos, intrigas, boatos, e não olha a meios para se autopromover,
certamente não vai longe.

Imagina que chegas a casa cansado do trabalho e tudo o que te apetecia comer era uma
generosa posta barrosã. Vais ao frigorífico e não tens os ingredientes que necesitas para
confeccionar esta relíquia gastronómica. Tens como opções ir jantar fora, encomendar
comida com entrega ao domicílio ou desenrascar-te com as sobras que tens no frigorífico,
improvisando uma refeição saborosa. Assim é um líder. Ele sonha com uma equipa de
excelência, por norma, tudo o que tem ao seu dispor são colaboradores medianos,
desmotivados, castrados nos seus talentos, repletos de problemas, mas, sob uma boa
liderança até o medíocre se torna genial. Ocupa o teu tempo a construir, edificar, motivar,
desenvolver… Torna-te significante onde quer que estejas.

“A vaidade antecede a queda.”


By: Bíblia Provérbios
18
O silêncio da Dama …

Durante a minha adolescência fez-se necessário conjugar os estudos com o trabalho. Com
a ajuda de uma advogada, na altura, ao serviço de uma causa familiar, tive a oportunidade
de desempenhar funções como Dama de companhia para um Condessa que me aceitaria
como Dama de companhia em part-time. A sua casa era um verdadeiro palácio que
ostentava as mais díspares riquezas, não falo só de bens materiais, falo de vivências, falo
de histórias.
Quando fui apresentada à Condessa, educadamente dirigi-me para a cumprimentar, ato
esse que foi repreendido de imediato. Eu era uma serva. Jamais poderia me dirigir a uma
nobre diretamente, ainda que o tivesse feito com bons modos, mas, o próprio ato de um
servo se dirigir a um nobre sem permissão era ofensivo.
Após conhecer a casa, na qual me viria a perder porque a casa tinha a circulação para a
Condessa, tinha a circulação para os servos e tinha a circulação para os convidados,
nenhuma destas circulações se cruzava entre si, tornando a casa num verdadeiro labirinto,
era chegada a altura do mordomo me dar formação. Poderia resumir toda a formação a
Silêncio. Por uma razão, os títulos que eu tinha de pronunciar para solicitar permissão para
me expressar eram tantos que era preferível manter a boca fechada a cair no erro de me
pronunciar erroneamente. Foi uma dura experiência e durou pouco, porque eu sou uma
comunicadora por natureza e passar a vida em silêncio era extremamente agressivo. No
entanto, foi uma experiência edificante, que viria a ser muito útil no meu futuro solitário. Se
bem que, por passar muito tempo comigo mesma, desenvolvi o hábito de me expressar
sozinha e curiosamente, a minha mente interage comigo, respondendo às questões que eu
expresso mesmo sabendo que não existe uma fonte física que vai interagir comigo. Este
fenómeno ocorre principalmente em períodos de criação ou quando preciso de uma
orientação (exemplo: preciso comprar um produto e verbalizo ou penso, onde será que o
posso encontrar mais barato e logo aparece a resposta. Estranhamente, para onde eu sou
dirigida, acaba por fazer sentido porque encontro sempre uma promoção). Acredita, não
estou louca. Muitas vezes passei por uma postagem que dizia algo mais ou menos assim,
pessoas inteligentes falam sozinhas. Bem, não sei se sou inteligente, até porque, a medição
de inteligência é variável, mas, faço parte do clube que se expressa consigo próprio.

Ainda em relação ao silêncio, acabei de me lembrar de uma aula que tive de comunicação
em que o meu professor ensinava o poder do silêncio como a estrutura essencial ao
autodomínio. ensinando-nos que enquanto dermos resposta ao que nos desestabiliza
seremos perturbados porque o outro lado vai sempre revidar. Porém, quando a tua resposta
for o silêncio, de que forma é que o outro te vai responder? Desesperadamente vai te
ofender, criticar, provocar, destratar, maldizer, até se autodestruir. Por isso, se ele for
minimamente inteligente, retribuirá o teu silêncio, cessando ali a discórdia.
19
O Santo Graal…

No filme Indiana Jones e a Grande Cruzada, (é um filme de aventura de 1989) Indiana


procura por seu pai, e o Santo Graal que foi raptado por nazistas. O filme começa no ano de
1912. Um jovem escoteiro chamado Indiana Jones, durante as suas expedições de
escoteiro, viu a cruz de coronado, decidiu roubá-la, mas perdeu-a para um colecionador
particular que se passava por policia. Passados 26 anos, o agora professor de arqueologia,
Sr. Jones toma a Cruz de Coronado, novamente, mas desta vez, consegue fugir e
permanecer com a sua conquista. Ao voltar para os Estados Unidos recebe um misterioso
envelope contendo um diário com todas as informações sobre o local do esconderijo do
Santo Graal (o cálice que Jesus Cristo teria usado na Última Ceia e que também recebeu o
seu sangue após a crucificação). Não me vou alongar mais sobre o filme, apenas concluir
que, quando chega a altura de escolher o cálice, entre as várias opções que estavam diante
dos seus olhos, entre extravagância, imponência, majestade, glamour, apetrechos e afins,
Indiana escolhe um cálice de barro, simples e sem qualquer ornamento ( e esse era o Santo
Graal).

Uma mulher judia, chamada Hadassa, quando ela entra para o harém real, recebe o nome
de Ester, que significa "estrela". Ela foi chamada assim por ser muito bela, delicada e
simples. Ester morava com seu primo Mardoqueu, que ocupava uma função administrativa
no palácio do Rei persa, em Susã. Quando a rainha Vasti foi destituída por afrontar
publicamente o Rei Assuero, os funcionários do Rei foram designados a levar-lhe as jovens
virgens para que escolhesse a que mais lhe agradasse. Conforme a tradição judaica de não
se casar com povos pagãos, porque não adoravam ao Deus dos Judeus, Mardoqueu não
queria que Ester participasse na seleção, mas sua beleza chamou a atenção dos
funcionários do Rei, de modo que levaram para o harém de onde não voltaria a sair
independentemente da escolha do rei. Mardoqueu não poderia impedir tal acontecimento
visto que eles eram apenas estrangeiros nas terras da Pérsia. Devido ao seu caráter, nível
de instrução, sobriedade e beleza, Ester é a escolhida, tornando-se esposa de Assuero.
Quando o ministro Hamã decide exterminar os judeus do reino, Ester está em uma condição
privilegiada para pedir ao rei que anule o decreto de seu ministro e desta forma impede a
aniquilação do seu povo.

A rainha Ester é uma referência para mim. Ela tinha acesso a todas as riquezas e optava
pelo mais simples. Era a simplicidade que destacava a preciosidade do caráter de Ester.
Não sejas um “ O rei vai nu”. Esta é uma história para crianças que relata a tolice de um rei
que por valorizar demasiado a aparência, acabou por cair no conto do vigário. Por acreditar
que estava a vestir a mais nobre e sofisticada peça de roupa, não percebeu que estava a
ser iludido, colocando-se na posição de ridicularização pública. Que a tua significância
transcenda as marcas que vestes, os bens que possuis e o teu status na sociedade.
20
O ouro do tolo …

Inicio este capítulo contando-te uma história que fez parte da minha infância. Porém,
durante a minha infância, longe estava das histórias que ocupavam as minhas preferências.
É a história do Pinóquio. O Pinóquio é um boneco de madeira que nasce da vontade de um
marceneiro chamado Gepeto, de ter um filho. Gepeto, tinha muita habilidade para criar
brinquedos de madeira e pegou na madeira mais nobre que tinha para esculpir uma
marioneta a quem ele queria tão bem como a um filho. Gepeto criou o Pinóquio para este
ser perfeito. A fada azul, observado o amor de Gepeto pela marionete inanimada, deu vida
a esta marionete. Concedeu-lhe liberdade para se locomover e tomar decisões, mas não o
desamparou. A fada azul sabia que o mundo era um lugar com muitos desafios ao caráter e
para o Pinóquio não se perder no mau caminho, a fada atribui-lhe um conselheiro, o grilo
falante. Pinóquio não sabia aproveitar os conselhos do grilo porque parecia-lhe sempre
chato. Era tão mais divertido e motivador fazer o que era errado. Ser um menino bem
comportado era desinteressante. Não tinha piada. Os bem comportados nunca são os mais
populares. Pinóquio cometeu várias transgressões àquilo que é a conduta moral, mas a pior
de todas, foi quando, o pai o ia deixar à escola para ele aprender a ler e a escrever, e ele
fugia para se ir divertir. Numa dessas saídas ele encontra um lobo e uma raposa que estão
à porta da escola a convidar os meninos a não entrarem na sala de aula e a optarem por ir
para o parque de diversões. À medida que o tempo ia passando, as crianças que não se
cansavam de tanto se divertir, afinal a oferta era tão vasta que não tinha como se
entediarem, mas, estavam a transformarem-se em burros lentamente. Primeiro surgiam as
orelas, depois a cauda, e quando o processo de transformação estava concluido, já não
existia volta a dar, aquela criança ia ser um burro para sempre. Tinha perdido o direito de
ser criança/humano. E Pinóquio, apesar de ser uma marioneta, não se livrou de ter orelhas
e cauda/rabo de burro.

“A ganância destrói quem a possui e o preguiçoso nunca enriquecerá."


Provérbios da Bíblia

A dependência da distração é algo que ocorre desde sempre. Estar sozinho sem wi-fi é
doloroso e insuportável.Vivemos na era do digital e a humanidade anda hipnotizada, mais
que hipnotizado, a humanidade sofre de dependência digital, o vazio interior é tão vasto e
profundo que se torna insuportável.. Quanto maior o nível de dependência, maior o vazio
interior. Cada um no seu android, sozinho e em auto hipnose.
21
A cegueira do Nobel e o Iluminismo de Kant

Confesso que as obras de Saramago não estavam no meu top de leituras. A forma
personalizada como ele escrevia as suas obras, causavam-me confusão, porque para eu as
compreender tinha de estar atenta, e muitas vezes, tive de voltar atrás para recuperar o fio
à meada. Curiosamente, hoje, também não respeito regras gramaticais. A forma como
formo as minhas frases não seguem as regras gramaticais que a escola nos ensina. Minha
obra, minhas regras. Aprendi com o melhor!

No que toca às obras de Saramago eu preferia ler as suas crónicas. Quando eu lia os seus
artigos eu sentia que estava a conversar com uma pessoa incrível. E gostava de estar na
sua presença.

Quando me emprestaram o livro, Ensaio sobre a cegueira, da autoria do Nobel da


Literatura, iniciei a leitura de uma forma medíocre, porém, logo o entusiasmo tomou conta
de mim. Uma cegueira viral, que, quando se analisa ao nível de oftalmologia não tem nada
de errado. No entanto, o vírus é altamente contagioso. A pessoa começa por ter uma visão
ligeiramente turva até à sua completa cegueira. Não vou fazer um resumo do livro,mas para
concluir, a cegueira mencionada por Saramago, é a perda da capacidade de discernir o
certo do errado. É uma cegueira que quando atinge o nível máximo, a pessoa perde a
capacidade de viver com dignidade. Este vírus descrito por Saramago é a imoralidade que
se propaga por toda a parte, que contamina a mente humana e logo, a pessoa perde a
noção do que é elevado, passando a comportar-se e a viver no mais baixo nível da
degradação da alma.

O Iluminismo de Kant, revela possibilidade de o homem seguir por sua própria razão, sem
se deixar dominar pelas crenças exteriores que recebe das tradições familiares, culturais,
religiosas e toda a espécie de influência externa. Sirva-se do seu próprio pensamento! É
assim, com coragem para vencer o medo, a preguiça e a covardia, gerados pela difusão de
preconceitos que servem de rédeas para a grande maioria, que o homem consegue sair do
nível de menoridade em que ele nasceu e permaneceu.

“1É difícil para o Iluminista pregar uma liberdade racional, num contexto em que, por todos
os lados a população tem sua liberdade cerceada e é direcionada a não raciocinar, por isso
poucos são os que pensam por si. Vivemos num período de globalização em que as
influências são muitas e com um poder manipulador cada vez maior, a tarefa iluminista de
atuar livremente nesse bombardeio de opiniões torna-se árdua. Se por um lado usufrui-se a
cada dia, de maior liberdade de pensar, por outro, esse processo de globalização limita a
liberdade, com a imposição de padrões.”

1
Fonte da informação: https://ambitojuridico.com.br
Um ser pensante que vive plena e somente para usufruir da mediocridade prazerosa que o
capitalismo proporciona, é uma alma doente. Essa doença não é figurativa, é literal. Porque
uma alma que não desenvolve o seu poder espiritual (poder mental) é uma alma desprovida
do seu real propósito. O ser humano, (ser pensante) sendo uma criação de Deus, criado à
sua imagem e semelhança, sabendo que a natureza de Deus é espiritual (mental) nunca vai
encontrar real sentido, felicidade constante, plenitude, perfeição numa vida de
superficialidades, futilidades, desejos, distrações, consumos, que alimentam a alienação da
mente.

Quando “O Iluminado” ofereceu a Jesus, fama, glória, riquezas, todas as nações deste
mundo, em troca de adoração, Jesus só tinha de negligenciar a existência de Deus, a
resposta de Jesus foi, “o meu Reino, não é deste mundo”. O Reino de Deus não é matéria.
Jesus é o Rei do plano Espiritual, como ele poderia se interessar e desejar as coisas deste
mundo? Mas ele teve de passar por isto, para nos mostrar que, como seres humanos, ainda
que, portadores de uma mente em que o poder espiritual só se manifesta quando conectado
à fonte da vida, enquanto formos matéria seremos seduzidos com propostas de fama,
glória, majestade, projeção mundial, em troca de negligenciar Deus.
22
Nos confins do Inferno …

A Caverna de Platão, relata a condição em que os seres humanos estão, desde o início de
vida (na ilusão), acorrentados no fundo de uma gruta subterrânea, completamente
imobilizados e com seu campo visual restrito às imagens projetadas na parede natural que
têm diante de si, onde sombras de seres humanos e de objetos movem-se com certa
regularidade. A sua perspectiva / visão de mundo, limita-se a essa realidade, acreditando
que aquilo que vêem é tudo o que existe. Atrás desses prisioneiros, há uma realidade
absolutamente desconhecida, um caminho elevado para o exterior da caverna, que consiste
na abertura pela qual penetram réstias de luz, impedindo a total escuridão no interior da
gruta. Os seres humanos presos na caverna, desconhecem o fato de que, atrás de si, há
uma via que conduz a uma realidade externa. Ignoram a existência de outros seres
humanos que transportam objetos, ignoram os próprios objetos, ignoram a paisagem natural
além da gruta. Ignoram a existência de um mundo amplo e complexo. Ignoram a verdadeira
origem das sombras por eles assumidas como a realidade total. Confundem, dessa forma, a
ilusão com a realidade.

Napoleon Hill, nasceu em 1883 e viveu durante o século XIX, foi um empreendedor de
excelência. Autor de vastas obras literárias sobre o estudo do comportamento humano.
Napoleon Hill estudou várias dezenas ou mesmo centenas de pessoas, concluindo que 98%
das pessoas que estudou eram fracassados por opção. Elaborou a uma lista dos 30
principais motivos de fracasso humano ou “os demónios que dominam a mente humana”
para que permaneça no fracasso:

1. Genética desfavorável.
2. Ausência de 1 projeto de vida.
3. Ausência de motivação (não tem um motivo para viver/agir).
4. Falta de conhecimento.
5. Indisciplina.
6. Saúde frágil ou desequilibrada.
7. Más influência provinda do meio (social, familiar, profissional, espiritual) que
integra.
8. Procrastinação.
9. Falta de Fé, (não tem um projeto de vida, quando tem um objetivo que
gostaria de alcançar, não acredita nele. Deixando de agir após a
manifestação dos primeiros desafios).
10. Personalidade Negativa. Dominado por crenças limitantes, vive repleto de
vibrações de baixa densidade.
11. Não tem domínio sobre os impulsos / desejos sexuais. Desperdiçando a
energia vital em atividades que não o fazem progredir na vida.
12. Desejo descontrolado por ter algo.
13. Não tem iniciativa, nem poder de decisão.
14. Medo.
15. Escolha errada do cônjuge, instabilidade nas relações, estabelece relações
sem um verdadeiro vínculo.
16. Inatividade por excesso de cautela.
17. Aliar-se a parceiros comerciais fraudulentos, enganadores, trapaceiros,
ambiciosos demais, sem escrúpulos…
18. Superstição e preconceito.
19. Dispersão em várias atividades, dificuldade em escolher 1 propósito para a
vida. Dificuldade em direcionar a sua energia, empenho, dedicação para um
1 único objetivo de vida.
20. Ausência de esforço.
21. Viver acima das suas condições financeiras. Ter muitos vícios e
dependências.
22. Falta de vigor, falta de energia, falta de disposição para vida.
23. Intolerância.
24. Mesquinhez, insegurança que o impede de cooperar em equipa.
25. Ser tempestivo, dramático, escandaloso, explosivo …
26. Arrogância, Altivez, quer mostrar um poder/importância que não tem.
27. Desonestidade intencional.
28. Egoísmo e Vaidade.
29. Adivinhação, supor ao invés de raciocinar.
30. Falta de dinheiro.

“Ninguém se cura no lugar onde adoeceu.”


Bill Gates
23
A Pirâmide da Ascensão…

Abraham Maslow, nasceu e viveu no século XIX, foi um psicólogo americano, conhecido
pela proposta de Hierarquia de necessidades (Pirâmide de Maslow). A obra de Maslow foi
notável. Ele elaborou vários estudos sobre o comportamento humano, principalmente
quando exposto a culturas diferentes. Para mim, um dos estudos mais significativos que ele
fez, foi estudar o comportamento de pessoas bem-sucedidas e concluir o que era comum
entre elas (além do sucesso).

Maslow defendia que a personalidade era definida por diferentes fatores. Por consequência,
estes fatores determinaram o nível de motivação. Após analisar o comportamento de várias
personalidades bem-sucedidas, Maslow concluiu que, o sucesso é o resultado de um
procedimento padrão e identificou como traços comuns as seguintes características:

1. Percebem a realidade de modo preciso.


2. Aceitam-se a si próprios e aos outros.
3. São espontâneos e desprendidos.
4. Centram-se em soluções.
5. Valorizam a solidão.
6. São autonomos, livres e independentes.
7. Reagem sempre com respeito.
8. Respeitam os mistérios da vida.
9. Têm experiências fortes.
10. Não se consideram superiores à humanidade.
11. Tem pouquíssimos amigos.
12. Partilham valores democráticos.
13. Tem forte sentido ético.
14. Tem sentido de humor sem hostilidade.
15. São criativos
16. Resistem à enculturação (Resistem à influência de outras culturas no seu estilo de
vida, resistem corrupção cultural, dizem Não à perda de identidade cultural)

Quando observamos as duas tabelas, percebemos que a tabela de Maslow, mais que definir
as características comuns das pessoas bem sucedidas, demonstra-nos que o sucesso não
é o resultado dos que estão na base dos comportamentos primitivos. Se fossemos pegar
na pirâmide de Maslow e transformá-la na pirâmide de nível de pureza de caráter, a lista de
Napoleon Hill define os que estão na base da pirâmide, (aqueles que vivem submissos aos
impulsos primitivos) enquanto a lista de Maslow, define as características de quem está no
topo da pirâmide.
24
A Bússola que me norteia …

Princípios básicos da sobrevivência …

1. Para ser sábio é fundamental reconhecer que existe Deus, é necessário temer
(respeitar) a Deus e reconhecer o seu Poder e Excelência.
2. É Deus quem dá a Sabedoria e o Entendimento a quem é justo e íntegro.
3. Vive uma vida íntegra, com pensamentos de honestidade.
4. Confia em Deus de todo o teu coração, em tudo, para tudo, em todo o tempo,
entrega os teus pensamentos a Deus é ele que te guiará e te valerá.
5. Não te afastes da sabedoria para te manteres protegido.
6. Se caminhares lado a lado com a sabedoria, nada atrapalhará a tua jornada.
7. Deus dá proteção e livramento a quem vive segundo a sua lei ( e a sua lei não são
as leis herméticas).
8. O justo é abençoado pelas palavras de bem que pronuncia e pelo bem que faz.
9. A honestidade livra-nos da morte espiritual.
10. Tem sensatez e prudência nas palavras que pronuncias.
11. Quem muito fala destrói-se a si mesmo, pois sobre si atrai a ruína, porque não muito
falar à transgressão à lei divina.
12. Os sábios controlam a sua própria língua.
13. Quem não é ponderado no que fala, acaba humilhado, destratado, ridicularizado.
14. O sensato (prudente e discreto) prefere ficar calado.
15. Quem é sensato no agir e prudente no falar é respeitado.
16. Sobriedade nas palavras e nos atos, preservam a vida.
17. Faz o teu silêncio ser escutado e a tua discrição ser a referência.
18. Para tua própria segurança, sê discreto em público, prudente, não atraias olhares,
(mau olhado) nem suscites os maus desejos da inveja, da intriga, da cobiça, desejos
carnais, sentimentos de ira, rancor, ódio e fá-lo para teu próprio bem.
19. Se repreenderes um vaidoso vais ser insultado.
20. Se repreenderes uma pessoa má, ela te humilhará.
21. O tolo acha que tem sempre razão, por isso, sejam poucas as tuas palavras na sua
presença.
22. Já mais repreendas um ridicularizador, para que, na sua ira, não se volte contra ti e
com o seu escárnio te humilhe, com fúria te persiga e com o seu ódio te arruine. O
que repreende a conduta vergonhosa de um ridicularizador atrai para si próprio o
ódio deste.
23. Não te metas na casa dos outros (não invadas a privacidade da vida alheia) nem
dês a saber a tua vida (não permitas que os outros saibam tanto da tua vida quanto
tu, isso não é bom).
24. As palavras dos maldosos destroem os outros.
25. Os íntegros são guiados pela justiça.
26. O orgulhoso será humilhado.
27. O invejoso só gera brigas e conflitos.
28. O arrogante perecerá.
29. O ganancioso é apanhado nas armadilhas da sua ambição.
30. Quem muito confia nas suas riquezas, cairá. No dia do juízo, os bens materiais de
nada valem, mas a honestidade livra da morte.
31. O desonesto é desmascarado.
32. Aquele que é imprudente na gestão dos seus recursos torna-se pobre.
33. O simples acredita em tudo o que lhe dizem, mas, o sábio é humilde e astuto.
34. O prudente “oculta” o seu conhecimento, o espalhafatoso exibe a sua tolice.
35. As bençãos de Deus estão sobre a cabeça do justo. Deus protege aquele que trata
os outros com justiça.
36. O tagarela é um tolo que sobre si atrai a ruína, porque na multidão das suas
palavras à transgressão à lei divina.
37. As preocupações tiram a Felicidade, mas as boas palavras revigoram o bom ânimo.
38. A boca de um justo é fonte de vida.
39. Deus livra o justo dos problemas e coloca o impuro no seu lugar.
40. O mexeriqueiro revela segredos, mas o íntegro oculta os problemas.
41. A maledicência gera conflitos, mas a boca que se entrega ao silêncio preserva a
paz.
42. A alma generosa, próspera e aquele que ajuda também será ajudado.
43. Aquele que esconde o seu ódio com palavras mentirosas e profere calúnias é tolo,
pois Deus conhece a mente e o coração de cada um, e dá a cada um fruto do seu
interior.
44. A mulher tola é vazia, fútil e nada sabe, a mulher justa que não tem descrição é
como uma jóia no focinho de um porco.
45. A mulher imprudente é uma vergonha para o seu marido.
46. Afasta-te da mulher imoral para que não te inspire a sua má conduta.
47. Afasta-te de quem não tem juízo porque nada têm a edificar.
48. Quando um honesto abençoa uma cidade, ela prospera.
49. O trabalhador ficará rico.
50. Quem tem iniciativa é bem sucedido.
51. Quem é generoso progride na vida.
52. Quem gere mal a sua casa e os seus recursos acaba na pobreza.
53. Quem cultiva a sua terra tem fartura.
54. Quem se ocupa com o que não tem valor, empobrece.
55. O preguiçoso nunca terá dinheiro/sustento, mas quem tem iniciativa próspera.
56. Quem não tem bom senso, acaba servindo os outros.
57. Quem aumenta as amizades é sábio.
58. Os sábios adquirem todo o conhecimento que podem.
59. Nenhum Rei vence pelo seu poder, força, estratégia ou exército. É Deus quem
abençoa e protege quem ele ama.
60. Lembra-te do teu criador enquanto és jovem e antes que cheguem os maus dias.
61. Feliz aquele que busca a presença de Deus, em todo o tempo há relatos de fim dos
tempos, não adianta dizerem, foge para aqui, abriga-te ali, pois Deus dará sempre
proteção e livramento aos que o amam e de todo o seu coração o buscam.
62. Crê no Senhor teu Deus de todo o coração.
63. Só em Jesus temos o nosso alto refúgio, pois ele é a verdade, o caminho e a vida e
prometeu que voltará. Jesus não é mentiroso.
Outras obras literárias do Autor:

30 dias em oração, é a compilação das orações que fiz a Deus e que


me ajudaram a ter Fé para superar os medos, esperança para
dissipar as inseguranças e vivenciar com serenidade as instabilidade
emocionais e mentais causadas pelo caos exterior, provindo desta
fase de pandemia global.

A fonte da Prosperidade é uma mente serena e pacífica. Estar em


paz não significa ausência de Problemas, significa autocontrole,
domínio próprio, raciocínio individual e ser Master Mind com a Fonte
da Vida. O Reset Cerebral começa no estômago.

Não é possível ser-se espiritual sem estudar e compreender os


fundamentos da espiritualidade. Porque são estes fundamentos que
dão entendimento sobre o que liga/conecta a matéria ao plano
espiritual. Entre outros, teologia, neuropsicologia, metafísica, nutrição,
ciência, astronomia…

@byMartaSofia

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