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84 ANTONIO LANCETTI

a aplicação de regras estritas a esses meninos. As histórias e a subjeti-


vidade dessas crianças impossibilitam a aplicação simplista do Estatuto
da Criança e do Adolescente. Por que será que essas crianças escolhem
sacos de leite para cheirar cola? Por que será que nas suas brincadeiras
esses meninos e meninas falam tão compulsivamente da morte e pas-
sam as agredir-se com tanta facilidade?
A Casa de Inverno lidou exemplarmente com as atitudes manipu-
ladoras de crianças e adultos, na ·elaboração coletiva da morte e na de-
monstração de que o campo de afetos' ou de forças foi o cimento com
o qual se construiu uma experiência que recordaremos como um tesou-
ro. Uma semana antes de encerrar as atividades, convidamos o psico-
dramatista Pedro Mascarenhas e sua equipe para dirigir um sociodrama
cujo título era Despedida da Casa de Inverno. O sociodrama foi intenso,
amoroso e com muita participação de técnicos e usuários; nos últimos
minutos o diretor pediu aos participantes que se colocassem no papel
da Casa e falassem aos presentes. A Casa de Inverno, interpretada por
Carlos Segala, morador, disse aos presentes:

Sou úmida mas aqueci muita gente


Sou magra mas alimentei muita gente
Sou feia mas deixei muita alma bonita.

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