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Apresentação:
A princípio ao realizar a leitura dos textos em questão,fui capaz de notar a clara relação
com as manifestações artística do romantismo,das quais sempre fui um admirador,tanto
na literatura quanto nas artes plásticas.Porém se tivesse que escolher o que seria o
“carro-chefe” ,por assim dizer, da minha motivação para a escolha desse texto foi séria
porque o dramaturgo em questão usava fortemente de suas experiências pessoais e sua
vivência social como inspiração para sua arte.Essa é uma prática que eu como artista
além de admirar,tento cada vez mais trazer para as minhas próprias produções
artísticas.A arte para mim sempre foi e sempre será o refúgio no qual minha mente usa
para escapar da minha própria realidade,e assim desse processo nasce a minha própria
expressão artística.
Primeiro Reflexão:
Das diversas teorias filosóficas que podemos notar nas obras de Georg Buchner,
podemos destacar a teoria expressivista trata-se da teoria da arte como expressão.
Teoria que, ainda hoje, uma enorme quantidade de pessoas aceita sem questionar.
Segundo a teoria da expressão: Uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e
emoções do artista.
Usando também a forma com que o grotesco é representado na obra que de forma
entrelaçada com a realidade, uma vez que na obra o grotesco transita com o exagero e o
rebaixamento do mundo em que personagens reais, vencida a ordem moral, debatem-se
em situações irreais e vice-versa, caracteriza-se no gênero por excelência em que tais
expedientes anacrônicos atingem seu paroxismo.
Tirando esta conclusão vemos passar pela obra teorias filosóficas que beiram o
Existencialismo e o Niilismo, uma vez que o grotesco se encontra na subjetividade de
viver e não saber o porquê e quais motivos te levam a fazer coisas e pensar daquela
forma,, Büchner escreve obras nas quais, aliado à tragédia do existir, o gênero
dramático específico é o drama, revirado e habitado por personagens pateticamente
manipuladas e características da farsa, mas não de uma farsa improvisada, visto que
seus personagens não são donos de seus destinos, se encontram em grande estado de
agonia e euforia incessante e insegura como podemos analisar neste ver no trecho da
obra abaixo:
O Woyzeck que mais tarde na obra percebemos que está passando por um tratamento
um tanto estranho , já embutido de tanta incerteza, crê que existem maçons que matam
as pessoas numa parte afastada da região, que estão morando embaixo da terra e ainda
mais, estão o seguindo, visando entender toda a religião maçom, seriam essas pessoas
devotas a maçonaria que para ele seriam as pessoas que estão por trás de tudo
manipulando cada decisão importante na história da humanidade, ou até mesmo o que
cada pessoa deve ou não saber e fazer um trecho que representa de forma metafórica
essa alusão, comparando-os ao animal uma vez que tem a necessidade de se sentir dono
do próprio destino, gostos etc.
“Ele não é um indivíduo bobo como um animal. É uma pessoa, um ser humano, um ser
humano animalesco . e ainda assim um bicho, e uma besta. ( O cavalo comporta-se
mal. ) É isso, envergonhe a sociedade. Estão vendo, o bicho ainda é natureza, natureza
não-ideal! Você foi feito de pó, areia, sujeira. Quer ser mais do que pó, areia, sujeira?”
Segunda Reflexão:
“Capitão—Woyzeck, você não tem virtudes, você não é virtuoso. Carne e sangue!
Quando estou à janela, depois da chuva, e vejo as meias brancas passando, pulando
através das vielas.. Diabo, Woyzeck, o que me dá é amor Eu também tenho carne e
sangue. Mas Woyzeck, há a virtude, a virtude! E como eu deveria passar o tempo? Digo
sempre a mim mesmo: você é um homem virtuoso (Comovido.), um homem bom. um
homem bom.
Woyzeck — Sim, senhor Capitão, a virtude. Eu não tenho. Sabe, nós, a gentinha, nós
não ternos virtude, nós só seguimos a natureza. No entanto, se eu fosse um senhor. se eu
tivesse um chapéu, um relógio e uma bengala, e sé soubesse falar bem, então seria
virtuoso, senhor Capitão. Mas eu sou um pobre coitado.
Capitão — Está bem, Woyzeck. Você é um homem bom, um homem bom. Mas pensa
demais, isso dói. Você esta sempre tão apressado. Essa conversa esgotou-me
inteiramente. Agora vá embora e não corra tanto; devagar, desça a rua bem devagar! “
Terceira Reflexão:
Ao levar em conta a profunda relação que existe entre as obras artísticas de Georg
Buchner e as obras do romantismo, relação essa que foi mais explorada
anteriormente,podemos imediatamente traçar um paralelo com o termo "tempo de
homens partidos" presente no terceiro questionamento.Esse termo ou essa expressão
"tempo de homens partidos" foi tirada de um poema de Carlos Drummond de
Andrade,no qual o mesmo aproveita seu lugar de fala para expor e criticar diversos
problemas que assolavam a sociedade da época.O poema de Drummond é de 1945
enquanto que Georg Buchner morreu em 1837,mais de cem anos antes.Entao qual seria
a relação entre os dois?Levando em conta o fato de que Buchner sempre usou os
acontecimentos sociais a sua volta como combustível para sua arte fica mais evidente
qual seria essa possível relação, tanto Drumond quanto Buchner relatavam em suas
produções as falhas e armaguras que permeavam suas respectivas realidades.Buchner ao
escrever"Woyzeck" nos trouxe uma obra literária teatral em que diversas personagens
inseridas em diferentes situações, ao vivenciarem as diferentes tribulações da vida,nos
dão uma oportunidade de fazer uma auto reflexão sobre os problemas sociais, políticos e
culturais da sociedade em que o autor como também da nossa.O romantismo foi
marcado por revoluções e críticas a sociedade,o que diálogo diretamente com
Buchner.Logo percebemos que Buchner e Drummond não estão tão distantes assim,
considerando o fato de que Drumond fez o mesmo em seu poema "Nosso tempo".Essa é
uma das belezas por trás do fazer artístico, independente do tempo ou lugar,a arte
sempre trará reflexões sobre a sociedade em que a mesma está inserida.