Funções sintáticas

Funções sintáticas ao nível da frase

O sujeito, o predicado, o vocativo e os modificadores de frase são funções sintáticas
realizadas ao nível da frase.
→ Sujeito expresso
Sujeito simples Sujeito constituído O Pedro roubou a
apenas por um estrela brilhante.
grupo nominal ou
uma oração

Sujeito composto Sujeito constituído O Dinis e a sua família

por mais do que um passaram o Natal
grupo nominal juntos.

→ Sujeito não expresso

Sujeito subentendido: sujeito que, embora não sendo expresso na frase, pode ser
facilmente identificado através da flexão verbal e do contexto em que a frase está
inserida.
Ex.: Os irmãos entraram no barco. Cheios de alegria, remaram em direção à
estrela.
Sujeito indeterminado: sujeito que não pode ser identificado.
Ex.: Dizem que Amor de Perdição é o melhor livro de Camilo Castelo Branco.

→ Predicado
Ex.: O cavaleiro viajou.
Ontem, fui à piscina com os meus amigos.
A função sintática de predicado é desempenhada por um grupo verbal. O grupo
verbal é constituído por um verbo ou complexo verbal, pelos complementos pedidos
pelo verbo (ou pelo predicativo do sujeito) e pelos modificadores do grupo verbal.

→ Modificador da frase
Ex.: Geograficamente, a Dinamarca fica no norte da Europa. (grupo
adverbial) De qualquer forma, Joana sentia-se incompreendida. (grupo
preposicional)
Embora a mãe os tivesse proibido de irem ao rio, os rapazes foram andar de
barco. (oração subordinada)
A função sintática de modificador da frase pode ser desempenhada por um grupo
adverbial, um grupo preposicional ou uma oração, geralmente subordinada.
O modificador da frase incide sobre o significado da totalidade da frase,
enriquecendo-a. Pode transmitir um ponto de vista, uma apreciação do locutor ou
referir-se a uma área do saber. No caso da oração subordinada, esta modifica o
sentido de toda a oração subordinante.
Os modificadores da frase são grupos móveis e, normalmente, podem ser
eliminados sem que isso prejudique a gramaticalidade da frase.

→ Vocativo
Ex.: Ó pai, ganhei o jogo!
A função sintática de vocativo é desempenhada por um grupo nominal. O vocativo
é usado em contextos de interpelação, ou seja, quando nos dirigimos a alguém,
podendo ser precedido de uma interjeição de chamamento. Na escrita, separa-se
do(s) outro(s) elemento(s) da frase através de vírgula(s).

Funções sintáticas internas ao grupo verbal

As funções sintáticas internas ao grupo verbal são aquelas que integram o
predicado.
→ Complemento direto
Ex.: O Pedro roubou a estrela. / O Pedro roubou-a.
A mãe do Pedro percebeu que algo se passava com o filho. (oração subordinada
completiva) / A mãe do Pedro percebeu isso.
• O complemento direto é uma função sintática exigida pelos verbos transitivos
diretos.
• Pode ser substituído pelos pronomes pessoais o, a, os, as ou pelo pronome
demonstrativo isso.

→ Complemento indireto
Ex.: O rapaz escreveu à Beatriz.
O rapaz escreveu-lhe.
• O complemento indireto é a função sintática exigida por verbos transitivos
indiretos.
• É desempenhada por um grupo preposicional, geralmente indicado pela
preposição a.
 • Pode ser substituído pelos pronomes pessoais lhe ou lhes.

→ Complemento oblíquo
Ex.: A Joana foi para a praia. (grupo preposicional)
Ali vivia o Celso. (grupo adverbial)
• O complemento oblíquo é uma função sintática exigida por verbos transitivos
indiretos.
• É desempenhada por um grupo preposicional ou adverbial.
• Não pode ser substituído por nenhum pronome.

→ Complemento agente da passiva

Ex.: Uma carta foi escrita pelo rapaz. / O rapaz escreveu uma carta.

• O complemento agente da passiva surge nas frases passivas, geralmente

introduzido pela preposição por, precedida de um verbo conjugado numa
forma composta, com o auxiliar 'ser'.
• Na frase ativa, o complemento agente da passiva corresponde à função
sintática de sujeito.

→ Predicativo do sujeito
O predicativo do sujeito é uma das funções sintáticas internas ao grupo
verbal. Ex.: Lourença é uma menina especial. (grupo nominal)

O Cavaleiro ficou doente. (grupo adjetival)

Falco também estava lá. (grupo adverbial)
O rapaz ficou sem voz. (grupo preposicional)

• O predicativo do sujeito é uma função sintática exigida por verbos copulativos

(ser, estar, ficar, permanecer, parecer, continuar, ...).
• A função de predicativo do sujeito pode ser desempenhada por grupos de
palavras com características internas diversas. Não pode ser substituído por
nenhum pronome.

→ Predicativo do complemento direto

Ex.: Nomearam-no ministro. (grupo nominal)
Achei o filme fabuloso. (grupo adjetival)
Consideraste a anedota com piada. (grupo preposicional)
 • O predicativo do complemento direto pode ser constituído por um grupo
nominal, adjetival ou preposicional.
• Incide sobre o complemento direto e completa o sentido de verbos como
achar, julgar, crer, considerar, eleger, nomear, etc.
→ Modificador do grupo verbal
• O modificador do grupo verbal é uma função sintática que não é exigida por
nenhum elemento do grupo verbal. É uma função sintática acessória e pode
ser retirada da frase, sem prejuízo da sua gramaticalidade.
• O modificador do grupo verbal pode ter três valores: valor temporal, valor
locativo, valor modal.
Ex.: No verão, Lourença ia para a praia. (tempo)
Havia uma grande festa em casa do Cavaleiro. (lugar)
O Cavaleiro enfrentou corajosamente o frio e a neve. (modo)
• A função sintática de modificador do grupo verbal pode ser desempenhada
por um grupo adverbial, um grupo preposicional ou uma oração.
Ex.: O Cavaleiro andou alegremente. (grupo adverbial)
O menino subiu ao cedro sem receio. (grupo preposicional)
Lourença gostava de sonhar quando se deitava para dormir. (oração)

Funções sintáticas internas ao grupo verbal

Tal como acontece com os verbos, também existem complementos do nome.

→ Complemento do nome
• O complemento do nome é selecionado por esse mesmo nome e pode ser
desempenhado por um grupo adjetival ou preposicional (oracional ou não).
Ex.: Atualmente, os conhecimentos tecnológicos são
essenciais. O meu interesse por livros interessa aos meus
colegas.

→ Modificador
Existem dois tipos de modificadores do nome: o modificador restritivo e o
modificador apositivo. Surgem normalmente à direita do nome, mas não são
selecionados por ele.

• Modificador restritivo
O modificador restritivo não é selecionado pelo nome, mas restringe a realidade
referenciada por ele. A função de modificador restritivo pode ser exercida por um
adjetivo ou um grupo adjetival, por um grupo preposicional ou por uma oração
subordinada adjetiva relativa restritiva.
Ex.: Contaram-me uma história incrível. (adjetivo)
Contaram-me uma história de aventuras. (grupo preposicional)
Contaram-me uma história que me impressionou. (oração subordinada adjetiva
relativa restritiva)
• Modificador apositivo
O modificador apositivo não é selecionado pelo nome nem restringe a realidade que
o nome refere, apenas lhe acrescenta informação. A função de modificador
apositivo pode ser exercida por um nome ou grupo nominal, por um adjetivo ou
grupo adjetival, por um grupo preposicional ou por uma oração subordinada adjetiva
relativa explicativa. O modificador apositivo aparece isolado por vírgulas.
Ex.: Eça de Queirós, autor português, escreveu inúmeros romances. (grupo
nominal)
O rapaz, empenhado e inteligente, resolveu a situação. (grupo adjetival)
A descoberta do Brasil, de grande importância para a época, marcou a nossa
história. (grupo preposicional)
A ironia, que é frequente nas obras de Eça, marca a obra do autor. (oração
subordinada adjetiva relativa explicativa)