Em meados de março será realizado em Moscou o Dia da Cultura
do Irã. A Rússia, como país da fé ortodoxa possui grande porcentagem da população que professa o islã há muito estabeleceu o dialogo cultural frutífero com o mundo muçulmano. A pintura miniatura árabe, a musica popular turca, a arte aplicada dos países do Sudeste Asiático, a cinematografia do Irã, - tudo isso é conhecido e interessante para o auditório russo. E nos países árabes a cultura russa é apresentada com grande sucesso por muitos grupos e artistas, começando com o balé do Teatro Bolshói e terminando com o circo. Obviamente que é difícil construir o diálogo cultural entre os países e povos que são caracterizados essencialmente por tradições religiosas, políticas e outras. Mas é completamente possível. Disso estão convencidos os artistas do Teatro de Moscou «Escola da peça moderna» que já se apresentou duas vezes no grande festival internacional «Fadjr» na capital do Irã e que em fevereiro deste ano conquistou o prêmio de melhor cenografia ao apresentar a peça moderna da escritora russa Liudimila Ulitskaya «Russian jam». O grupo de Moscou teve de expressar o máximo de tolerância e adaptar o espetáculo às exigências do auditório iraniano. E com isso, recorda o diretor do teatro, Yosef Raykhelgauz, sem ter de perder um «i» do sentido artístico: (FONE) Quando apresentamos ano passado em Teerã a peça de Boris Akunin «Gaivota», a comissão ideológica iraniana fez muitas observações em nosso espetáculo: os homens não têm o direito de tocar nas mulheres; os personagens não podem beber água, somente chá; o vestido da heroína deve ser fechado, etc. Neste ano foi mais fácil, pois nós mesmos compreendíamos ser proibido, por exemplo, que as mulheres se apresentem abertamente, e até mesmo com os cabelos soltos. Então se nós viemos a um país onde isso é proibido, então que assim seja. Aliás, quando no ano passado o tradicional teatro iraniano veio a Moscou e apresentou o espetáculo religioso da antiguidade pérsica «Tazíye», a parte russa não fez nenhuma exigência, disse Yosef Raykhelgauz. Os russos são capazes de receber adequadamente outro mundo cultural. Porém, de acordo com a opinião do diretor, também no Irã existem hoje muitas pessoas que pensam de forma mais moderna, mais ampla e tolerante. Yosef Raykhelgauz, professor da Academia da Arte Teatral da Rússia se convenceu disso por meio da sua experiência pessoal: há já dois anos que ele ensina teatro aos estudantes da Universidade de Teerã que gostaram mais do espetáculo que os russos mostraram neste ano – «Russian Jam», pois ele foi criado como variações graciosas das peças de Anton Tcherov. Até hoje o trabalho do famoso dramaturgo russo atrai o mundo inteiro, inclusive os jovens artistas do teatro iraniano, afirma Yosef Raykhelgauz: (FONE) Eles conhecem muito bem a cultura russa, em particular a dramaturgia russa que encenam reiteradamente; conhecem e desempenham as peças de Anton Tcherov, e agora eles têm com que comparar estes espetáculos. Um dos diretores iranianos me disse: «É com entusiasmo e inveja que olho para seus artistas, pois há alguns anos encenei em Teerã o «Jardim das Cerejeiras» de Anton Tcherov, e vejo que por enquanto os nossos artistas não podem atuar como vocês». Aliás, isso já não é tão essencial, pois o importante aqui é que o dialogo cultural entre a Rússia e o Irã se torna um argumento de peso a favor do diálogo entre os mundos cristão e muçulmano.