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FUNDAMENTOS ANATÔMICOS

PARA ESCULTURA DENTAL

ADRIANA DE OLIVEIRA SILVA


JORALICE VIANA TECCI MAGON
ROBERLEY ARAÚJO ASSAD

2005

símbolo edi
EDITORA CESCAGE

Todos os direitos reservados.


Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da Editora, poderá ser
reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos,
mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Ilustrações:
Adriana de Oliveira Silva

Capa:
Romilda Chicoski

Av. Carlos Cavalcanti, 8000 - Uvaranas - Ponta Grossa - PR


CEP 84030-000 - Telefone: (042) 3219-8000 - (042) 3219-8001
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e-mail: editora@cescage.com.br

Fundamentos anatômicos para escultura dental. SILVA,


Adriana de Oliveira; MAGON, Joralice Viana Tecci; ASSAD,
Roberley Araújo. - 1.ed. Ponta Grossa: Cescage, 2005.

112p.
Ilustrado
ISBN 85-99400-01-0

1. Dentes 2. Grupos dentais 3. Anatomia individual


I. Título
CDD 617.6
Ficha catalográfica eleborada pela bibliotecária Marta Rejane T. de Lima - CRB 09/2003
Dedico este livro...

Aos meus pais Moysés e Celina, e às minhas irmãs


Cláudia e Daniele pelo amor, atenção e pelo constante
incentivo à minha realização profissional. Seria impossível
tentar expressar em palavras todo meu sentimento e
gratidão.

Adriana de Oliveira Silva

Aos meus pais Juraci e Valentim, por muitas


marcas importantes, que estão em nós e nos fazem
como somos, sendo resultado do vosso amor,
compreensão, zelo, persistência, olhar constante e
de vossos esforços por nos oferecerem o melhor e
nos quererem feliz.
Ao esposo Alexandre Alves Magon, por
compreender minha ausência durante este
período e pelos incentivos dados a esta esposa
que precisa tanto de você, obrigada por ser este
marido maravilhoso.
Joralice Viana Tecci Magon
AUTORES

ADRIANA DE OLIVEIRA SILVA


• Doutoranda em Dentística Restauradora pela Universidade de Odontologia de Araraquara-UNESP.
• Mestre em Clínica Integrada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-Paraná.

JORALICE VIANA TECCI MAGON


• Técnica em Prótese Dentária – CENTPAR/2004.
• Estagiária da disciplina de Anatomia e Escultura Dental – CESCAGE.
• Coordenadora do curso de Aperfeiçoamento em Resina Foto – CENTPAR.

CO-AUTOR

ROBERLEY ARAÚJO ASSAD


• Doutorando em Ortodontia – SLMANDIC/2005.
• Mestre em Odontologia – PUCPR/2004.
• Professor da disciplina de Anatomia e Escultura Dental – CESCAGE.
• Curso Hera-CERAM Hereaus-Kulzer - Alemanha.
AGRADECIMENTOS

A Deus

“Senhor, viemos agradecer e louvar pelo dom da vida, pela família, pelas pessoas
queridas que encontramos em nosso caminho.
Pedir que nos abençoe.
Pedir que sejamos comprometidos em lutar por um mundo melhor.
Que o amor pela verdade, justiça e caridade esteja sempre em nossos corações.”

Ao Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais na pessoa da


Diretora Geral Julia Streski Fagundes Cunha e do Professor Dr. José Sebastião
Fagundes Cunha

Ao Coordenador do Curso de Odontologia do CESCAGE (Centro de Ensino


Superior dos Campos Gerais) Prof. Dr. Nelson Scholz Junior, pela habilidade em nos incentivar e
nos apoiar, não só nesta, mas sim em todas as tarefas.

Ao Roberley Araújo Assad, pelo apoio incentivo nas horas boas e difíceis. Pelos
conselhos dados e principalmente pela confiança depositada.

Aos colegas João Paulo Filgueiras Ribeiro e Jean Carlos Santos pela amizade,
disponibilidade e incentivo.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão deste livro.


APRESENTAÇÃO

Para se conseguir reproduzir dentes naturais com fidelidade através de técnicas


restauradoras ou enceramento dental torna-se imprescindível o conhecimento dos princípios estruturais e
anatômicos do sistema dental. É importante lembrar que os dentes não existem apenas como entidades
isoladas, mas sim devem ser observados, analisados e estudados como parte de um arco dental.
Provavelmente, um dos maiores segredos para se executar reproduções dentais fieis,
reside na observação dos dentes naturais, em todos os ângulos possíveis. Na verdade, torna-se
necessário treinar os olhos para observar os detalhes naturais e adestrar as mãos para que elas
exprimam aquilo que os olhos vêem. Ou seja, para esculpir dentes naturais, o profissional precisa prestar
atenção aos dentes naturais.
A correta restauração da forma dental significa, o restabelecimento da função normal
de um órgão. Forma e função apresentam uma interdependência importantíssima. Quando são alteradas
levam ao desenvolvimento de doenças. Qualquer detalhe estrutural, ou qualquer minúcia morfológica que
seja esquecida trará como conseqüência, uma maior ou menor perturbação funcional e, portanto, uma
reabilitação defeituosa que não restabelece o equilíbrio na fisiologia da mastigação. Os dentes são
instrumentos que utilizamos para cortar e triturar os alimentos durante a dinâmica da mastigação e
propiciam a proteção às estruturas que o suportam.(DELLA SERRA; FERREIRA, 1981).
Procuramos com este livro descrever os aspectos anatômicos fundamentais da
configuração externa dos dentes permanentes a fim de facilitar o estudo e aplicação destes conceitos na
pratica odontológica.

Adriana de Oliveira Silva e Joralice Viana tecci Magon


PREFÁCIO

A oportunidade que me foi dada, quando fui


convidado pelos autores a escrever o prefácio deste livro, foi
no meu modo de ver, uma imensa honraria eternizada à qual
nenhuma palavra ou atitude é suficientemente grande para
poder expressar o sentimento de agradecimento que tenho
guardado.
Sei, no entanto, da minha “culpa” para termos
esta obra didática magnífica de ensinamentos de Anatomia e
Escultura Dental, porque de certa forma “provoquei” que este
encontro ocorresse. Os autores são nomes ainda
desconhecidos nos meios literários e universitários, pois
mesmo sendo pessoas qualificadas e de enorme capacidade
de difusão de conhecimentos, são ainda iniciantes na vida
acadêmica e necessitavam que suas potencialidades fossem
provocadas para que pudesse surgir uma fonte tão rica de
ensinamentos, uma obra de intenções didáticas essenciais, à
qual se exige atenção. A união que promovi destes
professores foi semente fecunda e predestinada que vingou,
cresceu e deu frutos.
A verdade anatômica se enriquece de predicados
amenos quando é apresentada sob os aspectos estéticos
como os que vemos aqui, em que a arte forma o fundo de
onde surgem as observações precisas da morfologia dos
dentes, estudada e reproduzida tridimensionalmente em seus
acidentes normais como cúspides, vertentes, cristas
marginais transversais, cicatrículas, fóssulas e fissuras,
tornando-se sem nenhuma dúvida um dos capítulos mais
belos e minuciosos do estudo da anatomia dental
disponibilizado aos estudantes da área.
A metodologia de ensino e aprendizagem de
Anatomia e Escultura Dental utilizada neste livro permite
participação ativa e o envolvimento dos acadêmicos no
processo de integração de conhecimentos da área básica,
com os das ciências clínicas onde serão aplicados, de
maneira bem simples e objetiva, o que revela a enorme
capacidade de ensinar dos autores. Além disso, a capacidade
de transformar estes predicados próprios em um documento
como o que temos aqui publicado, que possa envolver os
acadêmicos desde os primeiros passos do ensino
odontológico e conduzí-los gradativamente ao conhecimento
exato e minucioso das íntimas peculiaridades da morfologia
dental, dando-lhes subsídios e suporte para todas as áreas
aonde irão utilizá-los posteriormente, isto é o que realmente
me fascina nesta publicação.
Como Coordenador do Curso, tenho a dizer aos
professores e autores deste livro, que me orgulho
imensamente de suas participações como professores no
Curso de Odontologia do CESCAGE (Centro de Ensino
Superior dos Campos Gerais) e pela enorme contribuição
que, a partir de subsídios didáticos utilizados em suas
disciplinas de Anatomia e Escultura Dental e Dentística
Clínica, elaboraram esta obra impar que irá auxiliar muito aos
estudantes de áreas técnicas ligadas a Odontologia e aos
acadêmicos do ensino de graduação de Odontologia de todo
o nosso país.

Prof. Dr. Nelson Scholz Junior


SUMÁRIO

1 CAPÍTULO...............................................................................................................................................
OS DENTES ...........................................................................................................................................18
FUNÇÕES DOS DENTES E DO SISTEMA DENTAL ........................................................................18
PARTES DO DENTE..........................................................................................................................18
ESTRUTURA INTERNA DO DENTE..................................................................................................21
Esmalte ..........................................................................................................................................21
Dentina...........................................................................................................................................23
Cemento.........................................................................................................................................25
Polpa..............................................................................................................................................25
CARACTERISTICAS GERAIS DOS DENTES ...................................................................................26
Cor .................................................................................................................................................26
Forma e Textura.............................................................................................................................30
Tamanho........................................................................................................................................32
ESTRUTURAS PERIODONTAIS .......................................................................................................34

2 CAPÍTULO...............................................................................................................................................
GRUPOS DENTAIS................................................................................................................................38
FUNÇÃO DE CADA GRUPO (BINÔMIO FORMA-FUNÇÃO) ............................................................41
REGIÕES EM CONTATO COM O DENTE ........................................................................................42
DENTIÇÃO DECÍDUA........................................................................................................................43
DENTIÇÃO PERMANENTE ...............................................................................................................45
FACES DO DENTE – DIVISÃO EM TERÇOS ...................................................................................47
MORFOLOGIA DENTAL - CONFIGURAÇÃO EXTERNA ..................................................................54
DISPOSIÇÃO FISIOLÓGICA DOS ELEMENTOS OCLUSAIS............................................................64
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS GERAIS DOS GRUPOS..........................................................66

3 CAPÍTULO...............................................................................................................................................
ANATOMIA INDIVIDUAL .......................................................................................................................69
Incisivo Central Superior (ICS).......................................................................................................69
Incisivo Lateral Superior (ILS) ........................................................................................................73
Incisivo Central Inferior (ICI)...........................................................................................................76
Incisivo Lateral Inferior (ILI)............................................................................................................78
Canino Superior (CS).....................................................................................................................80
Canino Inferior (CI).........................................................................................................................83
1º Pré-Molar Superior (1ºPMS) ......................................................................................................85
2ºPré-Molar Superior (2ºPMS) .......................................................................................................88
1º Pré-Molar Inferior (1ºPMI) ..........................................................................................................90
2º Pré-Molar Inferior (2º PMI) .........................................................................................................93
1º Molar Superior (1ºMS) ...............................................................................................................96
2º Molar Superior (2º MS) ..............................................................................................................99
3º Molar Superior (3º MS) ............................................................................................................102
1º molar inferior (1ºMI) .................................................................................................................104
2º molar inferior (2º MI) ................................................................................................................107
3º molar inferior (3º MI) ................................................................................................................110

14
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................112

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................................


Figura 1 - Coroa Anatômica e coroa clínica em um incisivo central superior .................................19
Figura 2 - Colo Anatômico e colo clínico em um incisivo central superior......................................19
Figura 3 - Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando esmalte, dentina, polpa e
cemento .........................................................................................................................................21
Figura 4 - Topografia da polpa dental em um incisivo central superior ..........................................25
Figura 5 - Características ópticas de um dente natural, absorção e reflexão de luz. Modificado da
Fonte: Quintessence (1999, página 45) .........................................................................................26
Figura 6 - Formas básicas dentais e correspondência com a forma do arco: A- quadrada, B- triangular
e C- oval.........................................................................................................................................31
Figura 7 - Área de espelho na face vestibular de um incisivo central superior...............................31
Figura 8 - Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando o tecido gengival, osso
alveolar e cemento.........................................................................................................................34
Figura 9 - Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando o a linha mucogengival, tecido
gengival e mucosa alveolar e sua correspondência com a face vestibular....................................35
Figura 10 - Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando o tecido gengival, osso
alveolar e cemento radicular e ligamento periodontal ....................................................................36
Figura 11 - Grupos dos incisivos superiores e inferiores................................................................38
Figura 12 - Grupos dos caninos superiores e inferiores.................................................................39
Figura 13 - Grupos dos pré-molares superiores e inferiores ..........................................................40
Figura 14 - Grupos dos molares superiores e inferiores ................................................................40
Figura 15 - Dentes decíduos ..........................................................................................................43
Figura 16 - Denominação gráfica – odontograma dos dentes decíduos ........................................44
Figura 17 - Dentes permanentes....................................................................................................45
Figura 18 - Denominação gráfica – odontograma dos dentes permanentes..................................46
Figura 19 - Face vestibular.............................................................................................................47
Figura 20 - Face vestibular e face palatina ....................................................................................48
Figura 21 - Plano sagital e faces mesial e distal ............................................................................49
Figura 22 - A. Vista oclusal: observar a localização do ponto de contato entre os molares
inferiores e os triângulos que esquematizam as ameias vestibular e lingual. ................................51
B. Vista vestibular: observar as pirâmides referentes ao sulco interdental e ameia interdental. 51
C. Vista proximal: localização do ponto de contato e a presença do “col”. ................................51
D. Vista proximal mostrando a localização do ponto de contato observados no incisivo central,
canino, segundo pré-molar e segundo molar, superiores e inferiores.(modificado de FIGUN ;GARINO,
1989)..............................................................................................................................................51
Figura 23- Faces oclusal e incisal ..................................................................................................52
Figura 24 - Faces oclusal e cervical...............................................................................................52
Figura 25 - Terços das faces dos dentes. Incisivo central inferior e molar inferior observados por suas
faces vestibular (acima) e proximais. .............................................................................................53
Figura 26 - Canino superior – ápice radicular, bossa e ápice da cúspide ......................................54
Figura 27 - Quarto lóbulo de desenvolvimento em um incisivo central superior – cíngulo .............55
Figura 28 - Crista mesial, crista distal e cúspide em um molar inferior ..........................................57
Figura 29 - Vertente lisa (azul) e vertente triturante (amarela) em um molar inferior .....................57
Figura 30 - Sulcos secundários (verde) e sulcos principais (vermelho) em um molar inferior........59

15
Figura 31- Ponte de esmalte (amarelo) em um pré-molar inferior e em um molar superio ............60
Figura 32 - Fossetas principal e secundarias no molar inferior ......................................................61
Figura 33 - Lóbulos de desenvolvimento em um incisivo central superior .....................................61
Figura 34 - Espaço inter-radicular – furca ......................................................................................62
Figura 35 - Sulcos radiculares........................................................................................................62
Figura 36 - Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando a polpa dental e o forame
apical..............................................................................................................................................63
Figura 37 - A. Inclinação das arestas longitudinais..................................................................65
B. Paralelismo das vertentes oclusais............................................................................................65
C. Inclinação das arestas transversais...........................................................................................65
D. Paralelismo relativo entre as vertentes homólogas. ..................................................................65
E. Continuação sistemática dos sulcos mésio-distais dos dentes de um mesmo hemiarco. .........65
F. Localização do sulco vestibular. É apontado pelo vértice do dente antagonista........................65
Figura 38 - Grupos dentais - dentição permanente........................................................................67
Figura 39 - Incisivo Central Superior Esquerdo..............................................................................69
Figura 40 - Face vestibular do incisivo central superior esquerdo mostrando os ângulos mesio-incisal
reto, o ângulo disto-incisal arredondado e os sulcos de desenvolvimento.....................................70
Figura 41 - Face proximal de um incisivo central superior .............................................................71
Figura 42 - Incisivo Central Superior – raiz ....................................................................................72
Figura 43 - Incisivo Lateral Superior Esquerdo ..............................................................................73
Figura 44 - Incisivo Lateral Superior Esquerdo - face vestibular mostrando o lóbulo distal mais
desenvolvido e a inclinação da borda incisal .................................................................................74
Figura 45 - Incisivo Lateral Superior Esquerdo – face vestibular da coroa e raiz...........................75
Figura 46 - Incisivo Central Inferior Esquerdo ................................................................................76
Figura 47 - Incisivo Lateral Inferior Esquerdo.................................................................................78
Figura 48 - Canino Superior Esquerdo...........................................................................................80
Figura 49 - Canino Superior Esquerdo - face vestibular mostrando o lóbulo -mesial mais desenvolvido
e a inclinação da borda incisal .......................................................................................................81
Figura 50 - Canino Inferior Esquerdo .............................................................................................83
Figura 51 - Primeiro Pré-molar Superior Esquerdo ........................................................................85
Figura 52 - Segundo Pré-molar Superior Esquerdo .......................................................................88
Figura 53 - Primeiro Pré-molar Inferior Esquerdo...........................................................................90
Figura 54 - Segundo Pré-molar Inferior Esquerdo................................................................... 93
Figura 55 - Variações da anatomia oclusal do segundo pré-molar inferior esquerdo.....................95
Figura 56 - Primeiro Molar Superior Esquerdo..............................................................................96
Figura 57 - Segundo Molar Superior Esquerdo.............................................................................99
Figura 58 - Variações da anatomia oclusal do Segundo Molar Superior Esquerdo .....................101
Figura 59 - Primeiro Molar inferior Esquerdo .............................................................................104
Figura 60 - Segundo Molar Inferior Esquerdo .............................................................................107
Figura 61 - A. Características da face oclusal dos dentes posteriores superiores.................111
B. Características da face oclusal dos dentes posteriores inferiores. ..........................................111

16
17
OS DENTES

Os dentes apresentam em sua constituição diferentes tecidos (esmalte,


dentina, polpa e cemento) e, portanto, são considerados órgãos. São pequenos, duros,
mineralizados, de coloração branca – amarelada e estão situados na porção inicial do
aparelho digestivo (cavidade bucal) e colocados sobre a maxila e a mandíbula, onde se
dispõe em fileira, em forma de arco.
O esmalte dental tem origem ectodérmica e a dentina, polpa e cemento
derivam do mesoderma (FIGUN; GARINO, 1989). Não apresentam processo de
reparação tecidual (de partes perdidas por cárie ou por traumas).
Os dentes completamente formados apresentam tamanhos definitivos (não
crescem), e implantam-se nos alvéolos presentes nos processos alveolares dos
maxilares através de articulações semimóveis denominadas de GONFOSE.

Os dentes constituem mais do que um motivo decorativo


para um belo sorriso, pois integram junto com os maxilares, a armação onde se apóiam
as partes móveis, e são, portanto, responsáveis pela posição que adota a musculatura
facial. Participam, por isso, da determinação de traços que configuram as expressões
faciais dos indivíduos. Além disso, são responsáveis pela manutenção do equilíbrio das
proporções da boca, regendo a fisionomia e a conservação da dimensão da parte
inferior da face, em relação com segmentos restante da cabeça. (FIGUN; GARINO,
1989).

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FUNÇÕES DOS DENTES E DO SISTEMA DENTAL

Os dentes quando integrando o sistema dental cumprem as seguintes


funções:

 Mastigação (fragmentação dos alimentos),


 Deglutição e fonação (a boca é uma caixa de ressonância e os dentes participam
como elementos passivos em relação à língua ou aos lábios),
 Estética (os dentes servem de apoio para os lábios e bochechas que mantém o
contorno da face),
Perda dos dentes: (perda da dimensão vertical da face = 40mm).
• Sustentação/ preservação (proteção aos tecidos moles e funções concernentes ao
crescimento crânio-facial) (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA;
SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

PARTES DO DENTE

O dente é formado por coroa, colo e raiz.

A coroa é a parte visível do dente, funcional na mastigação e revestida pelo


esmalte dental. Subdividi-se em:
 Coroa Anatômica: é a parte situada acima da abertura do alvéolo (torna-se
exposta com o passar dos anos).
 Coroa Clínica: é a parte que se projeta no interior da cavidade oral, acima do
plano gengival.

19
Figura 1- Coroa Anatômica e coroa clínica em um incisivo central superior.

O colo é a porção estreitada entre a coroa e a raiz.


 Colo Anatômico: totalmente recoberto pela mucosa gengival, linha que separa
coroa e raiz.
 Colo Clínico: projeção do contorno gengival sobre o dente.

Figura 2- Colo Anatômico e colo clínico em um incisivo central superior.

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A raiz, em situação de normalidade, é maior que a coroa. É a porção dental
implantada nos alvéolos da maxila e da mandíbula, coberta por cemento (FÍGUN;
GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Podem ser:

 Unirradiculados: com uma raiz (incisivos).

 Birradiculados: com duas raízes


(pré-molares e molares).

 Multirradiculados: com mais raízes


(molares superiores)

21
ESTRUTURA INTERNA DO DENTE

O órgão dental apresenta-se formado por quatro tecidos distintos:


 Esmalte,
 Dentina,
 Polpa,
 Cemento.

Figura 3- Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando esmalte, dentina,


polpa e cemento.

ESMALTE
É o tecido mais duro do organismo, envolve completamente a dentina
coronária formando saliências e reentrâncias que dão à coroa o aspecto típico de cada
dente. Recobre a coroa anatômica dos dentes e apresenta-se mais espesso nos
vértices das cúspides (2mm nos incisivos, 2,4 mm nos caninos e 3mm nos pré-molares

22
e molares) e mais delgado na base das fóssulas, fissuras e na região cervical do
elemento dental. Permite perceber com nitidez os limites sinuosos que a linha do colo
apresenta em contraste com a coloração amarelada da raiz. (FIGUN; GARINO, 1989).
Funcionalmente, o tecido e sua configuração anatômica propiciam uma superfície com
dureza para o corte e trituração dos alimentos, bem como, proteção aos tecidos
básicos, que por sua vez apóiam o esmalte (GOMES, 1996).
Graças à sua resistência desempenha papel preponderante na mastigação
dos alimentos.
Composição Química:
 Porção orgânica + água = 4%
 Cristais de hidroxiapatita – porção inorgânica = 96%
O esmalte é constituído principalmente por apatita em suas formas de
hidroxi, fluoro e carbonato. O cálcio e o fosfato são os dois principais elementos
inorgânicos, tendo pequenas variações de alumínio, bário, magnésio, estrôncio, rádio e
vanádio. O componente morfológico básico do esmalte é o prisma mineralizado, o qual
é formado pela união de cristais de hidroxiapatita. A variação de tamanho do prisma é
de quatro a sete micrômetros, tendo origem na região mais próxima amelo-dentinária,
seguindo um trajeto tortuoso nos dois terços internos do tecido antes de chegar a um
alinhamento paralelo no terço externo do esmalte (GOMES, 1996).
Os prismas de esmalte correm em leve obliqüidade à tangente da superfície
mais externa do tecido, sendo que nem todos os prismas alcançam a superfície. Uma
área homogênea de esmalte desprovida de prismas existe sendo denominada esmalte
aprismático. É comum nas fóssulas, fissuras e regiões cervicais dos dentes
permanentes. O alto conteúdo inorgânico confere uma característica translucente ao
esmalte, com a cor sendo dada pela dentina, especialmente onde o esmalte é mais
delgado, região cervical. Regiões mais espessas são mais opacas e de aparência
azulada ou cinza. No esmalte ocorrem alterações associadas com a idade, que dizem
respeito à cor, permeabilidade, natureza da camada superficial e desgaste em regiões
de atrição mastigatória (GOMES, 1996).
O escurecimento dos dentes com a idade pode ser conseqüência da adição
de material orgânico ao esmalte a partir do meio bucal ou também devido ao

23
escurecimento da dentina vista através do esmalte delgado e translucente (BORGES,
1998).
A superfície do esmalte é lisa e brilhante. Às vezes são percebidas
formações arredondadas, denominadas periquimáceas, que nada mais são que a
superfície externa dos anéis de esmalte; entre uma periquimácea e outra aparece uma
depressão, um verdadeiro sulco, que corresponde à Estria de Retzius. Observa-se
freqüentemente no colo das faces vestibulares sendo mais facilmente notadas no
canino inferior (FIGUN; GARINO, 1989). Devido a pouca profundidade tendem a
desaparecer rapidamente da dentição natural, pela ação da escovação e do atrito dos
alimentos, de tal forma que raramente são visíveis na sua forma normal por volta dos 20
anos de idade (FIGUN; GARINO, 1989).

DENTINA

Abaixo do esmalte na coroa e do cemento na raiz, encontra-se o tecido mais


volumoso do dente, a dentina, que circunscreve uma cavidade ocupada pela polpa
dental (FIGUN; GARINO, 1989).
Constitui-se de um tecido conjuntivo mineralizado, porém elástico, que rodeia
a polpa em suas regiões coronária e radicular, formando as paredes da câmara pulpar
e do conduto radicular. Representa o verdadeiro esqueleto do dente porque se encontra
colocada na coroa e na raiz de maneira continua, pois nem a presença do colo dentário
interrompe esta continuidade anatômica. No seu interior existe uma ampla cavidade, a
cavidade pulpar que reproduz quase fielmente a morfologia exterior do dente. Esta
cavidade deve ser considerada em seus dois componentes: câmara pulpar coronária
o conduto radicular, situadas na coroa e na raiz, respectivamente.
A dentina é extremamente sensível à sua arquitetura onde sobressaem às
terminações dos filetes nervosos que penetram no seu interior.
Apresenta-se de forma uniforme, mas não é constante como o esmalte,
porque aumenta com a idade, devido à atividade normal ou patológica do órgão pulpar.
Oscila de 1,5mm (vestibular e proximal de incisivos) a 4,5mm (incisal de canino superior

24
e cúspide lingual de molares). Num mesmo dente é maior ao nível das cúspides e
bordas incisais, em coincidência com a maior espessura do esmalte. Sua cor branco-
amarelada pode modificar-se para uma coloração acinzentada, que corresponde à
transparência da dentina secundária. (FIGUN; GARINO, 1989). A complicada
elaboração da dentina leva a uma dispersão seletiva da luz, a qual provoca sua relativa
opacidade (BORGES, 1998).
A dentina recebe sua pigmentação através do suprimento sanguíneo da
polpa. Esta cor varia de amarelo claro a laranja, laranja acinzentada ou marrom,
variando de acordo com a idade do paciente (BORGES, 1998).
Tem grau de elasticidade relativo, porque o teor de sais minerais que entram
na sua composição é menor que o teor apresentado pelo esmalte, e a disposição
reticular da substância orgânica lhe confere maior resistência. A calcificação da
dentinária é mais intensa nos caninos e primeiros molares. (FIGUN; GARINO, 1989).
Apresenta um tecido acelular, porém sensível e capaz de reagir frente aos agentes
físico-químicos. Seu metabolismo se manifesta tanto quando cede seus sais como
quando aumenta de espessura devido à produção de dentina secundária (FIGUN;
GARINO, 1989).
O tecido dentinário é constituído em maior quantidade por hidroxiapatita,
tendo também colágeno e água. Ao contrário do esmalte sua estrutura é
predominantemente tubular o que faz com que as características de superfície variem
dependendo da orientação da superfície em relação aos túbulos dentinários (GOMES,
1996). Em um plano oclusal, a principal direção dos túbulos é perpendicular à
superfície, e próximo à junção dentina / esmalte, sua quantidade é de aproximadamente
20.000 por mm2 e próximo à polpa esta densidade é por volta de 45.000 por mm2,
sendo os diâmetros dos túbulos da ordem de 0,87γm para 2,5 γm nos respectivos locais
(GOMES, 1996). Próximo à polpa; os túbulos representam uma porção muito maior do
volume de dentina, ou seja, 28% de volume ao longo da parede polpar versus 4% de
volume da junção esmalte/ dentina e têm maior potencial de umedecer as superfícies
de dentina cortadas (GOMES, 1996).

25
CEMENTO

É constituído por uma delicada película de tecido mineralizado que reveste


externamente a dentina radicular. Apresenta-se mais duro que o osso, porém menos
que o esmalte e a dentina sendo mais espesso na região apical. Permite maior fixação
da raiz do dente no tecido ósseo do alvéolo, graças às fibras colágenas da membrana
periodontal que se fixam em ambos componentes. Apresenta coloração amarelo-opaco
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

POLPA

A polpa constitui-se de um tecido derivado do mesoderma. Preenche a


cavidade pulpar como uma massa mole de tecido conjuntivo frouxo, onde se encontram
células odontoblásticas (suas projeções ocupam os canalículos dentinários, junto com
terminações de células nervosas sensitivas), vasos e nervos, dando ao órgão dentário a
sua condição de elemento vivo, sensível e renovador da dentina (FÍGUN; GARINO,
1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Figura 4- Topografia da polpa dental em um incisivo central superior.

26
CARACTERISTICAS GERAIS DOS DENTES
COR
Não existe cor se não houver luz.
O Comitê em Colorimetria afirma: “A cor não é uma propriedade do objeto e
sim da luz que entra em nossos olhos, a partir dele” (PRESTON, 1986). Quando uma
luz branca incide sobre uma superfície, algumas das radiações coloridas são
absorvidas, e outras refletidas. Estas últimas determinam a cor da superfície. Cada cor
tem um comprimento de onda que os receptores da retina recebem e transmitem ao
cérebro (PRESTON, 1986; MENDES, BONFANTE, 1994).
O dente natural é policromático, composto por estruturas e tecidos (esmalte,
dentina e polpa) com propriedades ópticas diferentes, sendo estes componentes
distribuídos de forma não uniforme ao longo da coroa do elemento dental. (FIGUN;
GARINO, 1989). A característica de policromatismo dental encontra-se relacionada,
principalmente, com a cor da dentina e com a espessura de esmalte nas diferentes
regiões da coroa dental. A espessura de dentina e o grau de translucidez do esmalte
também interfiram na cor dos dentes (BARATIERI et al., 1998).

Figura 5- Características ópticas de um dente natural, absorção e reflexão de luz. Modificado


da Fonte: Quintessence (1999, página 45).

27
A coroa de um dente bem calcificado é de cor branco amarelada nos
permanentes, e branca azulada nos decíduos. No mesmo dente existem diferenças de
tonalidade, sendo a porção cervical mais escura que a borda incisal, porquanto esta
apresenta menor espessura e está formada somente por esmalte – que é translúcido –
e deve sua cor à dentina subjacente. Fica então estabelecido que a cor do dente é a da
dentina. Em alguns dentes muito jovens, devido à translucidez de sua delicada dentina,
a polpa contribui para dar cor ao dente (BORGES, 1998). Crianças e jovens com
esmalte espesso, câmara pulpar ampla, conseqüentemente, pouca dentina secundária,
caracteristicamente apresentam dentes claros (BARATIERI et al., 1998).
No mesmo arco dental é possível notar que os incisivos são pouco mais
claros que os molares. No canino se observa um aumento da tonalidade, saturação
comparando-o aos seus dentes vizinhos. Quanto ao cemento, é mais cinzento que o
esmalte (FIGUN; GARINO, 1989).
Quanto mais amarelo é o dente, mais acentuada é sua calcificação. Ao
contrário, uma cor coronária esbranquiçada, branco leitoso ou azulado, indica nos
dentes permanentes a existência de uma hipocalcificação que pode determinar o
aparecimento de manchas pardas na superfície do esmalte (FIGUN; GARINO, 1989).
Deve-se considerar que para a avaliação da cor de um dente in situ, influem:
o tipo de luz, a forma como esta chega ao dente e a natureza da superfície iluminada
(FIGUN; GARINO, 1989).
A diferença de cor perceptível entre a cervical e a incisal em um mesmo
dente responde parcialmente à circunstância de que na cervical se produz a reflexão da
luz em uma superfície translúcida (esmalte), enquanto por dentro dela existe uma
superfície embaçada (dentina); ao contrário, na incisal, inteiramente formada por
esmalte, devido à sua translucidez, parte do feixe luminoso passa para o interior da
cavidade da boca e somente uma é refletida (FIGUN; GARINO, 1989).
Não se devem desprezar os raios luminosos que penetraram na cavidade da
boca e que, refletidos pelas paredes intrabucais, voltam ao exterior atravessando a
borda incisal. Também é importante considerar que a ordenação dos dentes, na
formação do arco, e sua relação com os lábios, permitem visualizar melhor os dentes
anteriores, que são mais facilmente iluminados e conseqüentemente apresentam os

28
incisivos centrais aparentemente mais brancos que os laterais e estes por sua vez mais
que os caninos (FIGUN; GARINO, 1989).
Em certos casos, nos dentes in situ, se observam tonalidades pouco comuns,
que respondem a refrações produzidas nos tecidos moles vizinhos; por exemplo, em
pessoas de pele muito escura ou nas de lábios pintados (FIGUN; GARINO, 1989;
BARATIERI et al., 1998).
A cor dos dentes muda com o passar dos anos em função do desgaste do
esmalte e da maior transparência da dentina, da deposição fisiológica da dentina
peritubular e secundária e da absorção de corantes da alimentação. As bordas incisais,
em pacientes idosos ou com disfunção oclusal, geralmente são escuras, por causa da
fina espessura do esmalte ou da exposição óbvia de dentina como resultado da
abrasão incisal. Áreas cervicais também tendem a escurecer como resultado da
abrasão/erosão de colo, o que resulta na exposição de dentina, que tem maior croma e
menor valor, e na formação de dentina peritubular como reação à erosão/ abrasão
(FIGUN; GARINO, 1989; BARATIERI et al., 1998).
Os dentes naturais são translucentes, ou seja, apresentam a qualidade de
permitir a passagem da luz, porém a difundindo. A estrutura dental normal não é,
portanto, de todo opaca. Os terços incisais são mais translucentes que os terços médio
e cervical, porque há uma preponderância de esmalte (que é uma estrutura fibro-óptica
que conduz luz através de seus prismas e captura a cor da dentina subjacente) na área
incisal. É necessário pensar nos dentes com relação ao grau de translucência ao invés
de opacidade (VILLARROEL, 2005).
A estrutura dental apresenta ainda, opalescência que é a propriedade de um
corpo translúcido de refletir as ondas de luz azul e de transmitir as ondas
laranjadas/amarelas da luz natural e fluorescência que pode ser descrita como a
capacidade da estrutura dentária de absorver a energia de uma luz energizante e
convertê-la em um comprimento de onda maior, com emissão de luz, como
conseqüência o dente fica mais brilhante à luz do dia (VILLARROEL, 2005).

29
Conceito físico da aparência da cor.

A cor tem três dimensões. Em alto grau, estas dimensões são mensuráveis
precisa e absolutamente, mas a subjetividade modifica algumas medidas. A habilidade
para compreender as três dimensões principais da cor e diferenciá-las entre si é um
pré-requisito essencial para melhorar a uniformidade da mesma (PRESTON, 1986).

 Matiz
A primeira dimensão da cor, o matiz, é a propriedade denominada
impropriamente “cor”. Matiz, para o cientista da cor, é a “qualidade da sensação, de
acordo com a qual um observador percebe os comprimentos de onda da energia
radiante”. É a propriedade pela qual descrevemos as cores, por exemplo: vermelho,
laranja, amarelo ou púrpura. O fenômeno matiz é uma sensação. Para que a cor exista,
um observador deve perceber esta sensação (PRESTON, 1986, BARATIERI et al.,
1998).

 Intensidade (Brilho) ou Valor.


Para o dentista, a segunda dimensão da cor, o valor, é provavelmente o mais
importante. A intensidade, também pode ser chamada de brilho. Esta é uma
propriedade acromática (com ausência de qualquer matiz) e pode ser simplesmente
definida como brancura ou negrume (PRESTON, 1986, BARATIERI et al., 1998).

 Croma
A terceira dimensão da cor é intimamente ligada à primeira (matiz) e
freqüentemente é confundida com a intensidade. A qualidade da pureza ou intensidade
do matiz é chamada “croma” ou “saturação”. Nos dentes, os cromas mais altos estão
nas porções gengivais, enquanto os cromas mais baixos estão nas regiões incisais
(PRESTON, 1986, BARATIERI et al., 1998).

30
. FORMA E TEXTURA
Todas as coroas dentais surgem de quatro ou mais lóbulos que foram,
originalmente, centros de formação primários; estes sempre podem ser observados
num dente com coroa completamente formada (PRESTON, 1986; MENDES,
BONFANTE, 1994).
Não existe uma forma dental ideal que possa ser aplicada com sucesso em
todos os casos. Acima de tudo as características de cada paciente devem ser
consideradas. Podem-se encontrar diversas formas de dentes naturais, mas elas
podem ser classificadas basicamente em três categorias: quadrada, triangular e oval.
Na maioria dos casos, a morfologia dental tem alguma semelhança com a morfologia
facial, e com a forma do arco. Os dentes que estão presentes numa mesma boca
possuem uma grande semelhança entre si, em termos de forma e tamanho
(BARATIERI et al., 1998).
Segundo Baratieri et al. 1998 as três formas básicas estão, aparentemente e
intimamente relacionadas com certas características e cristas de desenvolvimento
vistas por vários ângulos, bem como a morfologia das superfícies vestibulares (mais
facilmente avaliáveis nos dentes ântero-superiores). Por isso, é importante guardar em
mente estas características, ao invés de simplesmente memorizar os contornos.
o Nos dentes quadrados, as cristas verticais (mesial, central e distal) são bem
desenvolvidas e estão distribuídas uniformemente sobre a superfície
vestibular. As cristas marginais e a central são bem equilibradas e dividem a
superfície vestibular em terços (BARATIERI et al., 1998).
o Nos dentes triangulares, na maioria dos casos, há uma depressão na
superfície vestibular e, enquanto a crista central não é proeminente ou bem
desenvolvida, as cristas marginais são bem pronunciadas (BARATIERI et al.,
1998).
o Nos dentes ovais, a crista central é bem desenvolvida e espessa, ao passo
que as cristas marginais praticamente não existem; elas formam um ângulo
arredondado que se dirigem para a superfície adjacente (BARATIERI et al.,
1998).

31
Figura 6- Formas básicas dentais e correspondência com a forma do arco:
A- quadrada, B- triangular e C- oval.

As cristas verticais contribuem para definir nas superfícies vestibulares dos


dentes ântero-superiores uma área muito importante para a reflexão da luz. Esta área
pode variar em forma, localização e tamanho, sendo denominada área plana ou área de
espelho. Modificações nas dimensões e na localização da área plana podem contribuir
para alterar o comprimento e a largura aparente dos dentes (BARATIERI et al., 1998).

Figura 7- rea de espelho na face vestibular de um incisivo central superior.

32
Pequenas variações no contorno e na forma podem produzir diferentes
aparências. Por exemplo, um sorriso feminino típico é caracterizado por ângulos incisais
arredondados e delicados, ameias incisais mais amplas e linhas vestibulares com
ângulos suaves. Por outro lado, num sorriso masculino as ameias incisais são, via de
regra, mais fechadas e os ângulos incisais são proeminentes, os dentes tendem à
forma cubóide. Estas observações são genéricas e não significam que pessoas de um
determinado sexo não possam apresentar um sorriso com características proeminentes
do sexo oposto (BARATIERI et al., 1998).
Quando a forma de um dente é alterada, a direção de reflexão da luz
ambiente que incide sobre esse dente também muda. Superfícies mais planas e lisas
refletem luz diretamente ao observador e, portanto, aparentam ser mais largas amplas e
mais próximas. Por outro lado, superfícies arredondadas e irregulares refletem a luz
para os lados, reduzindo a quantidade de luz refletida diretamente ao observador e
parecendo mais estreitas, menores e mais distantes (BARATIERI et al., 1998).

. TAMANHO

Segundo Figun e Garino (1989) o tamanho dental é variável, de acordo com


as características de cada pessoa. As raças providas de faces muito amplas possuem
dentes de grande tamanho com raízes bem desenvolvidas, o inverso do que ocorre em
outras nas quais o desenvolvimento cranial predomina sobre o facial. Os dentes de
indivíduos do sexo feminino são em geral menores e mais delicados que os do sexo
masculinos.
O tamanho de um dente é relevante não apenas para a estética dental, mas,
também, para a estética facial. Embora os dente devam estar em proporção uns com os
outros, eles devem estar, também, em proporção com a face, porque uma grande
variação no tamanho do dente para com o rosto poderá afetar, adversamente, a
obtenção de uma ótima estética. Um fator importante sobre a relação entre o lábio
superior e a margem incisal dos dentes anteriores é que quanto mais as margens são
expostas, mais jovem o paciente parece. Na juventude, a margem incisal dos incisivos

33
superiores é de aproximadamente 2 a 3 mm mais longa do que a linha do lábio superior
em repouso. Em uma idade mais avançada, a margem incisal encontra-se desgastada
e não fica exposta (BARATIERI et al., 1998).
Devido ao desgaste funcional com a idade, a quantidade que o incisivo
central visível com o lábio em repouso tende a se tornar progressivamente menor,
chegando a ponto de coincidir com a linha do lábio. A atividade parafuncional acelera
acentuadamente o desgaste, tornando os dentes mais curtos do que o lábio, tornando-
os pouco visíveis durante o sorriso e contribuindo para um efeito estético desagradável.
O desgaste funcional, parafuncional ou combinado faz com que o plano incisal fique
uma linha reta, diminuindo ou desaparecendo as ameias incisais.(FIGUN; GARINO,
1989; BARATIERI et al., 1998).
Pode-se verificar que a visibilidade do dente, quando os lábios e a mandíbula
estão em repouso, é importante para a estética dental. Além do comprimento, da forma
e da posição do dente, outros fatores que influem nesta exposição dental são o tônus
muscular e a formação esquelética. A exposição média do incisivo central superior tem
sido calculada como sendo de 1,91 mm para os homens e 3,40 mm para as mulheres, o
que indica que, de uma maneira geral, a visibilidade dental parece ser mais significativa
para as mulheres. Os incisivos laterais apresentam-se mais curtos, geralmente 0,5 a
1,5mm, em relação às bordas dos centrais. Tal posicionamento, combinado com seus
ângulos arredondados, contribui para a beleza do conjunto de dentes anteriores, assim
possibilita os movimentos excursivos da mandíbula, sem ocorrência de
contatos.(FIGUN; GARINO, 1989; BARATIERI et al., 1998).

34
ESTRUTURAS PERIODONTAIS
O periodonto consiste em tecidos de revestimento e de suporte para o órgão
dental. Está sujeito a variações morfológicas e funcionais.

Figura 8- Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando o tecido gengival, osso alveolar e
cemento.

O periodonto divide-se, clínica e histologicamente:


1. Periodonto de proteção
2. Periodonto de sustentação.

PERIODONTO DE PROTEÇÃO:
O TECIDO GENGIVAL – anatomicamente compreende gengiva inserida
(presa ao dente através de uma grande quantidade de fibras colágenas),
gengiva marginal ou livre (não aderida ao dente, na sua transição para a
gengiva inserida forma o sulco gengival), e as papilas interdentais ou
interproximais.
• Linha ou Junção Mucogengival: União entre tecido gengival e mucosa
alveolar.

35
• Mucosa Alveolar: Caracterizada pela presença de vasos sangüíneos
subjacentes, com predomínio de fibras elásticas e ausência da camada de
queratina externa (FÍGUN; GARINO,1989; CENTPAR,2002).

Figura 9- Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando o a linha mucogengival, tecido
gengival e mucosa alveolar e sua correspondência com a face vestibular.

PERIODONTO DE SUSTENTAÇÃO:
Constitui-se de:
• CEMENTO RADICULAR: permite que nele se insiram as fibras colágenas
para a fixação do dente (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996;;
PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

 LIGAMENTO PERIODONTAL: Conjunto de fibras conjuntivas dispostas


em várias direções que servem para fixar o dente às paredes do alvéolo
dentário.

36
Composto principalmente de fibras colágenas que correm entre o periósteo
da parede alveolar e o cemento, e de vasos sanguíneos em forma de novelo,
que servem como um amortecedor líquido. É inervado e contém vasos
linfáticos (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996;; PÉCORA; SILVA, 1998;
CENTPAR, 2002).

• OSSO ALVEOLAR: Situado sobre a maxila e a mandíbula, forma os


processos alveolares que contêm os dentes. Os alvéolos ósseos
separados entre si por septos cuneiformes, septos interalveolares. Em
dentes com mais de uma raiz, os alvéolos são separados por septos
interalveolares. Com a perda dos dentes, o osso alveolar é reabsorvido
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996;; PÉCORA; SILVA, 1998;
CENTPAR, 2002).

Figura 10- Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando o tecido gengival, osso alveolar e
cemento radicular e ligamento periodontal.

37
38
GRUPOS DENTAIS

Os dentes estão dispostos na arcada dentária em 4 grupos morfofuncionais


diferentes:

INCISIVOS: Servem primordialmente para seccionarem (cortarem) os alimentos através


de suas bordas cortantes. São em números de 8: 4 superiores e 4 inferiores. Os 4 mais
próximos da linha mediana são os incisivos centrais; os 4 mais lateralmente são os
incisivos laterais. Os 4 incisivos superiores estão situados na porção pré-maxilar da
maxila (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996;; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR,
2002).

Figura 11- Grupos dos incisivos superiores e inferiores.

39
CANINOS: Pontiagudos e robustos, são assim chamados porque são proeminentes nos
cães. São algumas vezes denominados “cúspides” ou “dentes oculares”. São em
número de 4: 2 superiores e 2 inferiores (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996;
PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Figura 12- Grupos dos caninos superiores e inferiores.

PRE-MOLARES: Com coroas menos complexas do que a dos molares, e algumas


vezes denominados “bicúspides”, são os dentes que substituem os molares decíduos.
São em números de 8: 4 superiores e 4 inferiores (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA,
1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

40
Figura 13- Grupos dos pré-molares superiores e inferiores.

MOLARES: Os últimos da arcada dentária não apresentam predecessores decíduos.


Suas coroas apresentam de 3 a 5 cúspides, que desgastam-se com o uso de tal forma,
que seu esmalte se perde e a estrutura subjacente - dentina pode se tornar exposta.
Em números de 12: 6 superiores e 6 inferiores (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA,
1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Figura 14- Grupos dos molares superiores e inferiores.

41
FUNÇÃO DE CADA GRUPO (BINÔMIO FORMA-FUNÇÃO).

A função primordial dos dentes é a mastigação, ou seja, a redução das


substâncias alimentares em partículas capazes de serem deglutidas. Dentro das
funções dos dentes, costuma-se designar quatro aspectos característicos associados à
forma geométrica de cada elemento dental:

PREENSÃO: Das substâncias alimentares. É obtido pela ação conjunta dos dentes
INCISIVOS e lábios. Os incisivos também colaboram na formação, na emissão de
certas consoantes, auxiliam a língua para que a pronúncia não se torne dificultosa.
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

INCISÃO: Dos alimentos, ou o ato de cortá-los em partículas menores, é realizada


pelos dentes INCISIVOS. Eles são elementos espatulados e cuneiformes, que possuem
uma borda cortante. Vale lembrar que os incisivos além de sustentar o lábio ele também
mantém um bom aspecto (aparência), além de ajudar, juntamente com os incisivos
inferiores, a guiar o fechamento terminal da mandíbula (FÍGUN; GARINO, 1989;
MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

DILACERAÇÃO: Ou o ato de perfurar, rasgar os alimentos e reduzir as partículas


compactas, é realizado pelo grupo dos CANINOS, que se seguem aos incisivos na
seqüência normal dos dentes, nas arcadas dentárias. Os caninos possuem forma
aguçada e são de volume maior que os incisivos, completando o grupo anterior. Além
da perfuração, os caninos suportam os lábios e músculos faciais e atuam como guias
importantes na oclusão, aliviando os dentes posteriores de forças horizontais (FÍGUN;
GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

TRITURAÇÃO: Ou ato de moer os alimentos, é função dos dentes PRÉ-MOLARES e


MOLARES. Distingue-se por sua complexidade, devendo-se à presença de saliências,
sulcos e depressões mais ou menos acentuadas, que tornam os pré-molares e molares
aptos a desempenharem suas funções. Os molares ainda são importantes na
manutenção da dimensão vertical da face (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996;
PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

42
REGIÕES EM CONTATO COM O DENTE

Os dentes dividem a boca em vestíbulo bucal e cavidade oral propriamente dita.

VESTIBULO BUCAL: Limite posterior: dentes, tecido gengival e mucosa alveolar;


Limite anterior: lábios e mucosa jugal. (bochecha)

CAVIDADE ORAL PROPRIAMENTE DITA: Limite posterior: região orofaríngea; Limite


anterior: dentes arco alveolar e tecido gengival; Limite superior: palato duro e mole
inferior: língua e soalho bucal (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA;
SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

43
DENTIÇÃO DECÍDUA

Figura 15- Dentes decíduos.

Ou dentição “de leite” é a temporária, isso é a da infância. Inicia-se aos 6 meses


de idade aproximadamente, e se completa geralmente entre 2 a 3 anos.

Entre os 6 e 12 anos de idade, eles são substituídos, aos poucos, pelos dentes
definitivos.

A dentição decídua consta de 20 dentes, 10 em cada arcada.


 4 incisivos (2IC e 2IL)
 2 caninos
 4 molares

OBS: Na dentição decídua não existem pré-molares.

44
Segundo Figún e Garino(1989) cumprem durante a sua permanência
temporária no arco dental funções biológicas e fisiológicas:
• Ação mastigatória;
• Estabelecimento de um plano de oclusão;
• Manutenção da dimensão vertical;
• Fonação
• Manutenção dos espaços necessários para a correta erupção dos dentes
permanentes;
• Ação estimulante para o crescimento dos maxilares;
• Atuação no processo de erupção dos dentes permanentes.

DENOMINAÇÃO GRÁFICA – ODONTOGRAMA

Figura 16- Denominação gráfica – odontograma dos dentes decíduos

45
DENTIÇÃO PERMANENTE

Os dentes permanentes começam a aparecer na cavidade bucal por volta


dos 6 anos de idade, sendo o primeiro molar permanente o primeiro a irromper por
distal do arco dental decíduo e substituem todos os dentes decíduos em torno dos 12
anos. São em números de 32, isto é, 16 em cada arcada (FIGÜN; GARINO, 1989)
 4 incisivos (2IC e 2IL);
 2 caninos;
 4 pré-molares;
 6 molares.

Figura 17- Dentes permanentes.

Os primeiros cinco dentes em cada quadrante são sucessionais, isto é, são


precedidos por cinco dentes decíduos. O último cai com a erupção dos dentes
permanentes. Os molares permanentes, todavia, não apresentam predecessores
decíduos e podem, por esta razão, serem denominados “ascensionais”. O 1º dente
permanente a surgir é o 6º dente do arco (1º molar), em torno dos 6 anos, antes de
qualquer um dos dentes decíduos ter sido perdido. Daí ser conhecido como “MOLAR
dos 6 anos”. O 2º molar adjacente é conhecido por uma razão similar, como o “Molar
dos 12 anos”. O 3º molar é altamente variável quanto ao seu tempo de erupção, e
algumas vezes, permanece incluso. O tempo médio de erupção de um dente é em geral

46
de alguns meses mais cedo nas meninas (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996;
PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

DENOMINAÇÃO GRÁFICA – ODONTOGRAMA

Figura 18- Denominação gráfica – odontograma dos dentes permanentes.

47
FACES DO DENTE – DIVISÃO EM TERÇOS

Faces são as paredes das coroas dentárias que se orientam de maneira


diferente e cujas denominações permitem distingui-las umas das outras. Também
recebem os nomes de faces os lados das raízes, principalmente quando há um
determinado grau de achatamento da mesma (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA,
1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).
A forma aproximadamente cúbica da porção coronária nos permite
considerar teoricamente a existência de 5 faces.

FACE VESTIBULAR: É aquela relacionada com o vestíbulo bucal, sendo também


considerada labial para os dentes anteriores e bucal para os posteriores.

Figura 19- Face vestibular.

Geralmente esta face é mais alta que a face palatina ou lingual (exceção
feita ao primeiro molar superior). Apresenta como as porções mais salientes, as bossas
vestibulares que localizam-se ao nível cervical. (FIGUN; GARINO, 1989).

48
FACE LINGUAL: Opõe-se à face vestibular, e está em plena referência com os
músculos da língua especificadamente aos dentes superiores poderá ser considerada
palatina (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR,
2002).

Figura 20- Face vestibular e face palatina.

Geralmente é menor que a vestibular e a sua porção mais saliente, ou seja,


sua bossa localiza-se ao nível da união do terço médio com o terço gengival, é
responsável pela convexidade destas faces (como exceção: temos o pré-molar
inferior.). Apresenta também a presença de um sulco lingual ou palatino, sendo que
somente nos molares superiores existe a presença de fóssulas (FIGUN; GARINO,
1989).

49
FACES MESIAL E DISTAL: Relaciona-se com o plano sagital que divide o corpo
humano em duas porções simétricas, em um ponto de intersecção entre os incisivos
centrais. A mesial é a mais próxima deste ponto, enquanto a distal é afastada. Uma
referência em conjunto a estas duas faces poderá ser feita por meio dos termos
proximais ou faces de contato (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA;
SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Figura 21– Plano sagital e faces mesial e distal.

Alinhados nos processos alveolares os dentes estão em contato por suas


faces proximais que compreendem as faces mesiais e distais. As faces mesiais são
mais desenvolvidas que as distais e, portanto, são largas, mais altas e planas.
Apresenta a bossa (que correspondem ao maior diâmetro da coroa) localizada mais
próximo da oclusal. As faces distais, por sua vez, são mais convexas em todos os
sentidos (como exceção temos os pré-molares inferiores) e apresentam as bossas
localizadas praticamente no terço médio (MADEIRA, 1996; FÍGUN; GARINO, 1989)

50
A relação que se estabelece entre dois dentes vizinhos constitui, segundo
Figun e Garino (1989), uma entidade anatomofisiopatológica denominada ponto de
contato. Sob o ponto de vista anatômico, constitui o ponto ao redor do qual se dispõe
uma série de estruturas que fazem desse pequeno espaço uma região importantíssima
para a conservação dos dentes, uma vez que a ruptura do equilíbrio entre seus
elementos pode determinar, de caráter definitivo, modificações nos tecidos de suporte.
A manutenção dos pontos de contato assegura uma correta continuidade do arco.
Sendo que, cada dente suporta as suas proximais, assegurando a estabilidade da
posição dos dentes no sentido horizontal e facilitando a transmissão das forças
mastigatórias para o arco dental (FÍGUN; GARINO, 1989).
Os pontos de contato, ainda segundo Figun e Garino (1989), estão situados
para a vestibular e oclusal das faces que participam da sua formação que desde os
incisivos até os molares sofrem uma leve migração para cervical e lingual (exceto o
contato entre o primeiro e o segundo molar superior que está perfeitamente
centralizado em sentido vestíbulo-palatino da face proximal do primeiro molar). Ao redor
do ponto de contato existem quatro espaços que podem ser comparados a quatro
pirâmides quadrangulares unidas pelos vértices (FÍGUN; GARINO, 1989).

- Pirâmide interdental: é a única real. Está ocupada totalmente pela papila gengival . A
gengiva interdentária ocupa a ameia gengival. Pode ser piramidal ou ter forma de col.
O formato dessa papila é determinado pela localização do contato proximal e pela
presença ou ausência de algum grau de recessão gengival.
- Pirâmide oclusal ou sulco interdental: representadas por superfícies totalmente
convexas, sobre as quais deslizam os alimentos que se dividem pela aresta da crista.
Este sulco pode ser modificado pelo desaparecimento dessas arestas durante a
restauração ou pela sua redução pela abrasão mecânica. No sulco interdental, ocorre
um acentuado encurvamento da parede da face proximal no sentido cérvico-oclusal até
atingir a crista marginal.
- Pirâmides vestibulares e pirâmides linguais: são as ameias vestibulares e linguais.
Através dessas ameias passa o alimento que chega ao sulco interproximal, que logo
desliza ao longo das vertentes livres da papila interdental e é recolhida pelos lábios,
língua e bochechas, para depois voltar e coloca-se entre as vertentes triturantes. Uma
51
maior quantidade de alimentos passa pelas ameias linguais em decorrência da sua
maior amplitude (FÍGUN; GARINO, 1989).

Figura 22 :
A. Vista oclusal: observar a localização do ponto de contato entre os molares inferiores e os triângulos
que esquematizam as ameias vestibular e lingual.
B. Vista vestibular: observar as pirâmides referentes ao sulco interdental e ameia interdental.
C. Vista proximal: localização do ponto de contato e a presença do “col”.
D. Vista proximal mostrando a localização do ponto de contato observados no incisivo central, canino,
segundo pré-molar e segundo molar, superiores e inferiores.(modificado de FIGUN E GARINO,
1989).

52
FACE OCLUSAL: É a face realmente funcional, aquela que entra em oclusão com os
dentes do arco antagônico. No entanto, em decorrência de sua redução, em se
referindo aos incisivos superiores e inferiores, a denominação de bordo incisal se torna
mais apropriada (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998;
CENTPAR, 2002).
Alguns autores consideram uma 6ª face.

Figura 23- Faces oclusal e incisal.

As faces oclusais dos dentes posteriores são ricas em detalhes que direta ou
indiretamente apresentam importância funcional de proteção. São delimitadas pelos
contornos: vestibular, lingual, mesial e distal e apresentam sulcos cúspides, fóssulas,
etc., que dispostos de maneira diversas, determinam as características diferentes entre
esses dentes (FÍGUN; GARINO, 1989).

FACE CERVICAL: Observável teoricamente através de uma secção ao nível do colo


anatômico, colocada em posição oposta à face oclusal ou bordo incisal.

Figura 24- Faces oclusal e cervical.

53
A coroa e a raiz podem ser divididas em terços, no sentido vertical e
horizontal, cuja finalidade é facilita a localização de vários acidentes anatômicos ou
patológicos. (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998;
CENTPAR, 2002).
São eles:

Figura 25- Terços das faces dos dentes. Incisivo central inferior e molar inferior observados por
suas faces vestibular (acima) e proximais.

54
MORFOLOGIA DENTAL - CONFIGURAÇÃO EXTERNA

ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS E SUA IMPORTÂNCIA

ÁPICE: É a extremidade de uma cúspide ou de uma raiz. O ápice não é aguçado, é


arredondado, tornando-se mais achatado quanto maior o desgaste das cúspides
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

BOSSA: É uma elevação que se inicia no 1/3 cervical e vai até o 1/3 médio.
Localizando-se nos dentes anteriores na face vestibular, e nos dentes posteriores nas
faces vestibular e lingual (FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA,
1998; CENTPAR, 2002).

Figura 26- Canino superior – ápice radicular, bossa e ápice da cúspide.

CÍNGULO: É uma saliência acentuada, no 1/3 cervical da face lingual dos dentes
anteriores. Representa o vestígio de uma cúspide lingual (quarto lóbulo de
desenvolvimento) que tais dentes teriam tido em épocas anteriores e que involuiu. O
55
cíngulo pode apresentar-se sulcado e dividido em duas metades ou com uma ou mais
saliências que se prolongam em quase toda a face lingual. Sua função é a de impedir o
deslizamento direto dos alimentos na mucosa gengival (FÍGUN; GARINO, 1989;
MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Figura 27- Quarto lóbulo de desenvolvimento em um incisivo central superior – cíngulo.

CRISTA: Elevação linear que une cúspides e que reforça a periferia de certas faces dos
dentes. São saliências menores que as cúspides, cilindróides, adamantinas, de direção
vestíbulo-lingual, situadas próximo das bordas livres das faces proximais. Na face
oclusal dos dentes posteriores, duas cristas se mostram constantes: cristas marginais
mesial e distal. Elas unem as cúspides vestibulares e linguais desses dentes (DELLA
SERRA; FERREIRA, 1981; FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA,
1998; CENTPAR, 2002).

56
CÚSPIDES: Saliência piramidal, de volume variável, que situam nas faces oclusais dos
dentes pré-molares e molares. Sob o ponto de vista da forma geométrica, qualquer
cúspide é comparável a uma pirâmide de base quadrangular. Deste modo, tal qual uma
pirâmide geométrica, a cúspide apresenta base, ápice, faces ou planos inclinados,
arestas, ângulos diedros e triedros, se bem que de uma maneira mais virtual. As faces
laterais denominam-se vertentes, sendo duas presentes nas faces livres (vertentes
lisas), e duas presentes na face oclusa l(vertentes triturantes). O vértice da cúspide
apresenta-se arredondado. O mesmo ocorre com os ângulos de união das vertentes
lisas e triturantes que são denominados de arestas e que não se constituem nítidos
Em qualquer cúspide existem arestas de dois tipos, quase sempre
perpendiculares entre si. Há uma aresta transversal, de direção vestíbulo-lingual e
situada no ápice das duas vertentes triturantes (mesial e distal), que se confunde com o
eixo da porção oclusal. Há, também, uma aresta longitudinal, de direção mésio-distal, e
perpendicular à primeira, que marca a separação entre as porções oclusal e vestibular
(ou lingual) das cúspides. O ponto de intersecção das arestas situa-se no ápice da
cúspide. As formas apresentadas pelas cúspides atendem a funções de permitir
contatos interoclusais sob condições de estabilidade, além de permitirem os
movimentos de deslizamento entre as superfícies oclusais dos dentes
antagonistas.(DELLA SERRA; FERREIRA, 1981)
As cúspides dentárias servem também para a classificação dos dentes bi, tri,
tetra ou pentacuspidados. Geralmente as cúspides vestibulares são mais robustas que
as linguais ou palatinas (com exceção do primeiro molar superior). Essa diferença
volumétrica é resultante da localização paramediana do sulco principal mésio-distal.
Os caninos, segundo alguns, não seriam mais do que dentes unicuspidados,
pois a morfologia geral da coroa assemelha-se muito a uma dessas saliências (DELLA
SERRA; FERREIRA, 1981; FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA,
1998; CENTPAR, 2002).

57
Figura 28- Crista mesial, crista distal e cúspide em um molar inferior.

VERTENTES: São as faces de uma cúspide. Podem ser:

 VERTENTES LISAS: Nas faces livres (vestibular e lingual)


 VERTENTES TRITURANTES: Na face oclusal.

Figura 29- Vertente lisa (azul) e vertente triturante (amarela) em um molar inferior.

58
TUBÉRCULO: É uma elevação arredondada que se encontra, às vezes, em algumas
faces dentárias.Originais de um maior depósito de esmalte que surge com certa
freqüência nos desvios normais das faces típicas (DELLA SERRA; FERREIRA, 1981;
FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).
Eemplos:
 TUBÉRCULO DE CARABELLI: 1ºMS, região mesio/palatina
 TUBÉRCULO DE BOLK: 3ºMS, região vestibular
 TUBÉRCULO DE ZUCKERKANDL: 1ºMS, decíduo, região vestíbulo/mesial.

SULCO: É uma depressão linear na altura do esmalte, geralmente pronunciada, que


separa uma cúspide de outra.São denominados de acordo com as suas localizações e
faces às quais estão próximos ou se dirigem (DELLA SERRA; FERREIRA, 1981;
FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).
São importantes trajetos de escape para as cúspides durante os movimentos de
lateralidade e protusão da mandíbula, bem como para o escoamento dos alimentos
durante os movimentos mastigatórios, classificados como:
 SULCO PRINCIPAL: Sulco de sentido mésio/distal, oclusovestibular ou
oclusolingual. Partem de uma fóssula principal a outra, ou a uma secundária,
ou ainda continuam pelas faces livres. São sulcos profundos, bem delineados,
que resistem perfeitamente à abrasão mecânica;

 SULCO SECUNDÁRIO OU ACESSÓRIO: Situado geralmente sobre as


cúspides (nas vertentes triturantes), mais ou menos paralelo à aresta axial da
cúspide ou até obliquamente à aresta transversal, podendo apresentar
pequenas ramificações; nunca chega a invadir as demais faces do dente. Os
sulcos secundários são menos profundos que os primários. Sua profundidade
se acentua mais próximo aos sulcos primários, na parte de maior declive da
cúspide, desaparecendo antes de atingir a aresta transversal. Estes sulcos ao
que parece, desempenham papel fundamental no escoamento dos alimentos
depois de triturados. Os sulcos mais alongados apresentam, sempre, uma

59
trajetória curva, (quanto mais longo o sulco mais sinuoso é seu trajeto) e são
orientados, na maioria das vezes, em direção ao vértice da respectiva cúspide.
Esses sulcos não invadem as vertentes lisas da coroa dental. As vertentes
triturantes das cúspides de trabalho apresentam os sulcos secundários mais
nítidos.

Os sulcos podem terminar de duas formas diferentes: apagando-se, isto é, diminuindo


progressivamente de profundidade, até desaparecer; ou terminar numa fóssula. As
fóssulas constituem o tipo mais freqüente de terminação dos sulcos (FIGÚN; GARINO,
1989).

Figura 30- Sulcos secundários (verde) e sulcos principais (vermelho) em um molar inferior.

PONTE DE ESMALTE: Elevação de esmalte (crista) que une duas cúspides


obliquamente, interrompendo o sulco dentário, geralmente principal.Localiza-se na
superfície oclusal do 1ºmolar superior e do 1º pré-molar inferior (DELLA SERRA;
FERREIRA, 1981; FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998;
CENTPAR, 2002).

60
Figura 31- Ponte de esmalte (amarelo) em um pré-molar inferior e em um molar superior.

FOSSA: Depressão ampla de profundidade variável localizada de preferência na face


lingual dos dentes anteriores. Essas formas linguais acham-se limitadas pelas cristas
marginais mesiais e distais e superiormente, pelos cíngulos (DELLA SERRA;
FERREIRA, 1981; FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998;
CENTPAR, 2002).

FOSSETA: Pequena depressão, mais ou menos, profunda que se situa nas


faces oclusais e vestibulares dos pré-molares e molares. São de aspecto
variável, ora se apresentam como escavações triangulares, ora losangulares
ou então arredondadas. Nos dentes pré-molares duas fossetas aparecem: a
mesial e a distal. No molar geralmente existe quatro: central, mesial, distal e
vestibular. As fossetas mesial e distal ficam nos extremos do sulco principal
da face oclusal, enquanto no centro da face oclusal situa-se a fosseta
central. A fosseta vestibular situa-se, com discreta depressão, no 1/3 médio
da face vestibular, marcando o término do sulco que invade esta face.

 FOSSETA PRINCIPAL: União de sulcos principais.

 FOSSETA SECUNDÁRIA: União dos sulcos secundários.

61
Figura 32- Fossetas principal e secundarias no molar inferior.

LOBO OU LÓBULO DE DESENVOLVIMENTO: Segmento maior ou menor das faces


vestibular ou lingual dos incisivos e caninos durante o seu desenvolvimento
embriológico. Separados por sulcos que caracterizam os dentes jovens e os recém-
irrompidos. Geralmente em números de três para as faces vestibulares de cada dente
(DELLA SERRA; FERREIRA, 1981; FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996;
PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

1) Lóbulo de desenvolvimento mesial.


2) Lóbulo de desenvolvimento medial.
3) Lóbulo de desenvolvimento distal.

1 2 3

Figura 33- Lóbulos de desenvolvimento em um incisivo central superior.

62
PERIQUEMÁCEAS: Sulcos discretos, de direção horizontal, localizada no 1/3 cervical
dos dentes anteriores.Sendo menos evidente nos inferiores.

ESPAÇO INTER-RADICULAR: é ponto de encontro (fusão) entre duas ou mais raízes.


Sua forma está diretamente relacionada com a quantidade de raízes que a compõem.

Figura 34- Espaço inter-radicular – furca.

SULCOS RADICULARES; depressões extensas localizadas nas faces proximais


muitas vezes relacionadas às depressões presentes nas coroas dentais. Apresentam-
se longitudinalmente com a porção mais profunda no terço médio e desaparece no
terço apical (FIGÚN; GARINO, 1989).

Figura 35- Sulcos radiculares.

63
FORAME APICAL E FORAMINAS: são soluções de continuidade, com formas de
orifícios de secção circular presentes na superfície do terço apical, por onde penetra no
dente o ramo nervoso e uma artéria e por onde saem veias (geralmente duas) Segundo
Figún e Garino em 1989, quando há somente um único orifício, denomina-se forame
apical e quando aparecem vários, com indícios de existência de um triângulo apical a
denominação de forame apical corresponde ao de maior tamanho e os menores são
denominados foraminas (por onde passam normalmente elementos vasculares).

Figura 36- Corte longitudinal de um incisivo central superior mostrando a polpa dental e o forame apical.

64
DISPOSIÇÃO FISIOLÓGICA DOS ELEMENTOS OCLUSAIS

Uma série detalhes rege as correlações entre os dentes contidos num


dado sistema dental. Segundo Santos JR et al., 1982, são eles:
1. Numa vista vestibular ou lingual, o perfil das arestas longitudinais, tanto do lado
vestibular como lingual dos dentes que o compõem, apresenta na porção mesial a
mesma inclinação. O mesmo ocorre com as porções distais entre si.
2. Numa vista oclusal de um hemiarco, as arestas transversais dos elementos
constituintes são partes de arcos concêntricos, que têm em comum de rotação nas
proximidades da articulação temporo-mandibular, o que significa que as arestas são
praticamente paralelas entre si. Como exceção temos as da ponte de esmalte dos
molares superiores e a quinta cúspide (disto-vestibular) dos primeiros molares
inferiores.
3. Observando-se os dentes de um mesmo hemiarco em sua porção oclusal
anatômica, pode-se observar que o perfil apresentado por suas arestas transversais
é igual para todos os dentes; logo, as arestas vestibulares apresentam a mesma
inclinação, o mesmo ocorrendo com as linguais.
4. As vertentes ou facetas delimitadas pelos sulcos e arestas mencionados, são
praticamente paralelas entre si, desde que homólogas. Não existem bases para
afirmar a existência de um paralelismo rígido. No entanto, uma escultura dental
geometricamente orientada é mais razoável e mostra resultados imediatos mais
satisfatórios.
5. Num aspecto oclusal, os sulcos mésio-distais dos dentes de um mesmo hemiarco
continuam-se, quase sistematicamente de um dente para outro.
6. Numa vista vestibular ou lingual, os sulcos vestibulares são, geralmente apontados
pelos vértices dos dentes antagonistas. Numa vista oclusal, esses sulcos mostram
um paralelismo entre si, exceção feita aos sulcos da ponte de esmalte nos molares
superiores e da cúspide disto-vestibular do primeiro molar inferior.

65
Figura 37- :
A. Inclinação das arestas longitudinais.
B. Paralelismo das vertentes oclusais.
C. Inclinação das arestas transversais
D. Paralelismo relativo entre as vertentes homólogas.
E. Continuação sistemática dos sulcos mésio-distais dos dentes de um mesmo hemiarco.
F. Localização do sulco vestibular. É apontado pelo vértice do dente antagonista.

66
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS GERAIS DOS GRUPOS

INCISIVOS
Os dentes incisivos estão situados na parte mediana dos arcos dentais
superiores e inferiores. Possuem formas cuneiformes ou espatuladas; a superfície
lingual da coroa é triangular e o ápice do triângulo, dirigido para a raiz (que é única)
freqüentemente apresenta cíngulo. Os dentes incisivos humanos são mais volumosos
na arcada superior que na inferior. Nos incisivos superiores, os centrais são mais
volumosos do que os laterais. Já nos incisivos inferiores, o oposto se verifica: o menor
volume é do incisivo central (DELLA SERRA; FERREIRA, 1981; FÍGUN; GARINO,
1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

CANINOS
Juntamente com os incisivos, compõem o grupo dos dentes anteriores. São os
mais longos dos dentes permanentes, e cada um apresenta uma cúspide proeminente
na sua coroa, apresentando assim um aspecto de lança. Possuem raízes longas e
grossas. Os quatros caninos são denominados “pilares” dos arcos, pois estão
localizados nos cantos da boca ou dos arcos dentais (DELLA SERRA; FERREIRA,
1981; FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR,
2002).

PRÉ-MOLARES
Juntamente com os molares, são conhecidos como dentes posteriores só
existentes na dentição permanente. Comparados aos dentes anteriores, possuem
superfícies oclusais no lugar de bordas incisais pelo desenvolvimento do 4º lóbulo, com
cúspides, cristas, fossas e sulcos; suas cristas marginais estão localizadas em um
plano horizontal. São em números de 8:4 superiores e 4 inferiores, e correspondem ao
4º e 5º dente respectivamente, localizados a partir da linha mediana. O 1º PM superior é
maior do que o 2º PM superior, diferente do que acontece com os inferiores. A face
vestibular é semelhante à dos dentes anteriores. As coroas são mais curtas do que a
dos dentes anteriores, e são mais largos vestibulo-lingualmente do que mésio -

67
distalmente (DELLA SERRA; FERREIRA, 1981; FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA,
1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

MOLARES
Os dentes molares permanentes não possuem predecessores na dentição
decídua. São em número de 3 em cada hemiarco, os últimos do arco dental. As coroas
são maiores do que as dos pré-molares tanto vestíbulo-lingualmente quanto mésio-
distalmente. Eles possuem de 3 a 5 cúspides; os molares superiores geralmente
apresentam 3 raízes e os inferiores 2 (DELLA SERRA; FERREIRA, 1981; FÍGUN;
GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Figura 38- Grupos dentais - dentição permanente.

68
69
ANATOMIA INDIVIDUAL

INCISIVO CENTRAL SUPERIOR (ICS)


(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

É o dente mais característico do grupo dos incisivos. Oclui com incisivo central inferior e
metade mesial do incisivo lateral inferior.
Início da Calcificação: 5-7 meses.
Coroa Completa: 3-4 anos.
Erupção: 7-8 anos.
Término da Calcificação: 8-9 anos.
Comprimento Total: 22,5 mm.

Figura 39- Incisivo Central Superior Esquerdo.

Face Vestibular
- Coroa maior, larga cervicalmente, mais volumosa que a do lateral.
- Coroa trapezoidal, mais alargada, com ligeira desproporção entre largura e
altura.
70
- Face convexa, sendo a convexidade maior no 1/3 cervical (Bossa).
- Dois sulcos de desenvolvimento dividem a face em três lóbulos
aproximadamente iguais.
- Borda distal oblíqua e convergente para a raiz (mais que a mesial).
- Borda mesial também oblíqua, porém bem menos inclinada que a distal.
- Borda incisal ligeiramente inclinada para distal.
- Ângulo mésio-incisal reto.
- Ângulo disto-incisal ligeiramente arredondado, está em uma posição mais
superior que o oposto.
- Contato mesial próximo à incisal
- Linha do colo convexa para apical
- Periquimáceas mais próximas umas das outras na região cervical, afastando-se
à medida que se aproxima da incisal.

Figura 40- Face vestibular do incisivo central superior esquerdo mostrando os ângulos mesio-incisal
reto, o ângulo disto-incisal arredondado e os sulcos de desenvolvimento.

Face Palatina
- Também pode ser inscrita em um trapézio

71
- Dimensão ligeiramente menor, pois os lados mesial e distal convergem para lingual
- Fossa lingual maior e mais rasa
- Contorno da borda incisal mais achatado.
- Cíngulo posicionado distalmente, com poucos tubérculos. Pode ser sulcado, bi ou
tripartido. Formado pela união indireta das cristas marginais.
- Crista marginal mesial maior do que a distal. São largadas ao nível do cíngulo e vão
se tomando estreitas à medida que se aproximam da borda incisal.
- Buraco cego menos freqüente.

Faces Proximais
- Trapezoidais ou triangulares de base cervical
- Mais convexa no 1/3 incisal
- Face mesial mais plana e maior
- Face distal com modelado mais nítido e mais inclinada
- Borda vestibular convexa no 1/3 cervical e plana nos 2/3 restantes
- Borda palatina côncavo-convexa, com a concavidade ocupando os 2/3 incisais da
borda
- Borda cervical curvilínea e de concavidade voltada para a raiz. Mais côncava na
face mesial.

Figura 41- Face proximal de um incisivo central superior.

72
Borda Incisal
- Três dentículos que desaparecem com a ação mastigatória (desgaste).
- Borda apresenta-se como um plano inclinado de vestibular para palatina por causa
da forma de articulação com os dentes antagonistas.
- Margem sobe de mesial para distal.

Raiz
- Simples e cônica, larga cervicalmente
- Comprimento levemente superior ao da coroa. Em corte é triangular de vértice para
palatina, devido a um certo grau de achatamento mésio-distal
- Todas as faces convexas
- Inclinada disto-lingualmente.

Figura 42- Incisivo Central Superior – raiz.-

73
INCISIVO LATERAL SUPERIOR (ILS)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Morfologia semelhante à do ICS, porém seu volume é menos. Oclui com metade distal
do incisivo lateral inferior e metade mesial do canino inferior.
Início da Calcificação: 9-12 meses
Coroa Completa: 4-6 anos
Erupção: 8-9 anos
Término da Calcificação: 8-9 anos
Comprimento Total: 22,5 mm.

Figura 43- Incisivo Lateral Superior Esquerdo.

Face Vestibular
- Coroa menor, mais afilada distalmente na cervical, menos volumosa que a do
central.
- Coroa trapezoidal, alongada, com altura maior do que a largura.
- Superfície bem mais convexa.

74
- Lóbulo distal mais desenvolvido.
- Sulcos não muito nítidos.
- Borda distal bastante inclinada, borda mesial tende mais para a vertical.
- Borda incisal com maior inclinação para distal, com divisão em dois segmentos.
- Ângulo mésio-incisal agudo, ângulo disto-incisal bem mais arredondado e
obtuso.
- Área de contato é mais incisalmente posicionada na mesial do que na distal (na
distal é próximo ao 1/3 médio).
- Dimensão do colo é menor e convexo para apical.
- Dentículos menos proeminentes.

Figura 44- Incisivo Lateral Superior Esquerdo - face vestibular mostrando o lóbulo distal mais
desenvolvido e a inclinação da borda incisal.

Face Palatina
- Face tem forma triangular.
- Fossa lingual menor e mais profunda.
- Borda incisal arredondada inclina-se distalmente.
- Cíngulo centralizado, com maior freqüência de tubérculos. Formado pela união
direta das cristas marginais.
- Crista marginal mesial mais reta e distal menor e curva cervicoincisalmente.
- Buraco cego mais comum.

75
Faces Proximais
- Contorno da coroa lembra uma cunha.
- Triangulares, com diâmetro maior na cervical.
- Maior convexidade próxima ao 1/3 incisal.
- Face distal bem menor que a mesial, mais convexa e de modelado mais nítido.
- Borda incisal desloca-se para vestibular em relação ao longo eixo da raiz.
- Linha do colo côncava para apical, mais pronunciada na mesial.
- Podem apresentar ligeira depressão próxima ao colo.

Face Incisal

- Quando o segmento distal é muito inclinado, notam-se dois segmentos bem


distintos: quase horizontal e um distal, bastante inclinado, existindo entre
ambos um ângulo arredondado.

Raiz

- Ligeiramente mais longa que a do central.


- Cônica em direção ao ápice.
- Mais achatada no sentido mésio-distal.
- Mais delgada e com sulcos laterais.
- 1/3 apical desviado para distal.

Figura 45- Incisivo Lateral Superior Esquerdo – face vestibular.de coroa e raiz

76
INCISIVO CENTRAL INFERIOR (ICI)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Menor dente humano e o mais regular, apresenta morfologia simples. Coroa espatulada
e bastante achatada no sentido vestíbulo-lingual. Oclui com 2/3 mesiais do ICS.
Inicio da Calcificação: 3-6 meses.
Coroa Completa: 2-3 anos.
Erupção: 6-7 anos .
Término da Calcificação: 7-8 anos .
Comprimento Total: 20,7 mm.

Figura 46- Incisivo Central Inferior Esquerdo.

Face Vestibular
- Forma trapezoidal, perfil simétrico.
- Ligeiramente convexa nos dois sentidos: vestíbulo-lingual e mésio-distal.
Maior convexidade no 1/3 cervical (discreta bossa).
- Acentuada inclinação para o lado lingual.
- Bordas proximais discretamente convergentes para a raiz.
- Borda mesial menor que a distal, porém, no dente sem desgaste a borda
incisal é retilínea.

77
- Ângulos mésio e disto-incisal sempre retos ou agudos. Lóbulos e sulcos de
desenvolvimento pouco nítidos.
- Dentículos presentes em dentes recém-erupcionados.
- Borda cervical de pequeno raio de curvatura e convexo para apical.

Face Lingual
- Triangular
- Modelado discreto, ligeiramente côncava nos 1/3 médio e incisal. Fossa
lingual bastante rasa.
- Cristas marginais pouco marcadas, com relevo pequeno.
- O pequeno cíngulo é centralizado, não possui sulcos, linhas acessórios ou
cavidades.

Faces Proximais
- Triangulares e alongadas.
- Borda incisal localiza-se para lingual em relação ao longo eixo da raiz.
- Borda cervical é bem larga e côncava para a raiz.
- Bossas proximais são discretas quase planas.
- Contorno lingual convexo sobre o cíngulo, côncavo no 1/3 médio e mais reto no 1/3
incisal.

Bordo Incisal
- Simples borda retilínea.
- Com o atrito da mastigação, torna-se oblíqua para o lado mesial.
- Biselada para o lado vestibular, ao contrário dos incisivos superiores onde o bisel
aparece do lado lingual.

Raiz
- Pequena, côncava, única, alargada no sentido vestíbulo-lingual, bastante achatada
no sentido mésio-distal e sulcada nos lados mesial e distal.
- Em corte é oval, achatada lateralmente.
- Extremidade apical ligeiramente curvada para distal.

78
INCISIVO LATERAL INFERIOR (ILI)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Maior que o central, com características anatômicas mais acentuadas. Oclui com 1/3
distal do ICS e metade mesial do ILS.
Início da Calcificação: 4-6 meses
Coroa Completa: 2-5 anos
Erupção: 7-8 anos
Término da Calcificação: 7-8 anos
Comprimento total: 22,1 mm.

Figura 47- Incisivo Lateral Inferior Esquerdo.

Face Vestibular
- Forma trapezoidal.
- Lado distal mais inclinado e arredondado, lado mesial achatado.

79
- Ângulo disto-incisal sempre arredondado e obtuso, o mésio-distal é reto. Áreas de
contato mesial e distal não estão no mesmo nível.
- Borda incisal pode apresentar dois segmentos: um mesial, quase horizontal e outro
distal, menor e bastante inclinado, podendo existir entre ambos uma ponta mais ou
menos marcada.

Face Lingual

- Ligeiramente mais escavada que a do ICI, mas é geralmente lisa.


- Cíngulo pequeno e liso localiza-se um pouco para distal em relação ao longo eixo
da raiz.
- Crista marginal mesial ligeiramente mais comprida que a distal.

Faces Proximais

- Mais convexas; triangulares e de tamanhos diferentes.


- Face distal menor e de modelado um pouco mais acentuado que a da face mesial.
- Contorno lingual convexo sobre o cíngulo, côncavo no 1/3 médio e
aproximadamente reto no 1/3 incisal.
- Linha cervical possui curvatura profunda na face mesial.

Borda Incisal

- Com atrição progressiva torna-se inclinada para distal.


- Posicionada mais para lingual.
- Possui uma rotação disto-lingual (metade distal inclinada para lingual).
- Ângulo disto-incisal mais deslocado para lingual que o ângulo mésio-incisal.

Raiz
- Única, cônica, achatada no sentido mésio-distal.
- Sulcada lateralmente.
- Desvio do ápice para distal mais acentuado.

80
CANINO SUPERIOR (CS)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Primeiro dente que se implanta no osso propriamente dito, é o mais longo e um dos
mais desenvolvidos. Oclui com metade distal do canino inferior e metade mesial do 1º
pré-molar inferior.
Início da Calcificação: 5-6 meses.
Coroa Completa: 5-6 anos.
Erupção: 11-12 anos.
Término da Calcificação: 10-13 anos.
Comprimento Total: 25,8 mm.

Figura 48- Canino Superior Esquerdo.

Face Vestibular
- Lanceolada, podendo ser inscrita num pentágono de bordas arredondadas.
- Bastante convexa nos sentidos cérvico-incisal e mésio-distal.

81
- Pequena diferença entre largura e altura (coroa mais larga).
- Bordas mesial e distal extremamente convergentes para o colo, sendo que a distal
é mais convexa, mais inclinada que a mesial e ligeiramente côncava no 1/3 cervical
- Sulcos de desenvolvimento bem nítidos e bossa vestibular volumosa.
- Três lóbulos de desenvolvimento desiguais:
1) lóbulo mediano maior;
2) lóbulo distal ligeiramente menor;
3) lóbulo mesial pequeno.
- Lóbulo mediano corresponde à ponta aguçada na borda incisal do dente.
- Crista vestibular estendida cérvico-incisalmente muito pronunciada.
- Vértice da cúspide centralizado em relação ao longo eixo da raiz.

Figura 49- Canino Superior Esquerdo - face vestibular mostrando o lóbulo mesial mais desenvolvido e a
inclinação da borda incisal.

Face Lingual
- Forma pentagonal, porém a coroa é mais estreita que na face vestibular.

82
- Modelado mais nítido.
- Cíngulo centralizado e volumoso.
- Lado cervical menor que na face vestibular.
- Cristas marginais bem evidentes, a mesial mais longa e larga que na distal.
- Crista lingual, do cíngulo até o ápice da margem incisal, freqüente, proeminente,
mais elevada que as marginais, dividindo duas fossas rasas.
- Buraco cego mais habitual.

Faces Proximais
- Forma triangular.
- Face mesial mais convexa e formando um ângulo muito aberto com a raiz.
- Face distal bastante convexa.
- Extremidade da cúspide localizada vestibularmente em relação ao longo eixo.
Contorno da crista lingual ligeiramente côncavo no 1/3 médio e reto ou
aproximadamente convexo no 1/3 incisal.
- Curvatura cervical maior no mesial, côncava para a apical.

Borda Incisal
- Cúspide acerada, dividindo esta borda em dois segmentos.

Raiz
- Cônica, muito longa e com sulcos proximais discretos.
- 1/3 apical inclinado para distal.

83
CANINO INFERIOR (CI)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Coroa mais longa que a do CS. Oclui com metade distal do ILS e metade mesial do CS.
Início da Calcificação: 4-7 meses.
Coroa Completa: 4-6 anos.
Erupção: 9-10 anos.
Término da calcificação: 10-13 anos.
Comprimento Total: 25,6 mm.

Figura 50- Canino Inferior Esquerdo.

Face Vestibular
- Distancia mésio-distal menor, face alongada, forma pentagonal.
- Convexa em ambos os sentidos, bastante inclinada para lingual.
- Crista vestibular presente, porém menos pronunciada que a do CS.
- Borda mesial pouco convexa, alinhada com o lado mesial da raiz.
- Borda distal côncava no 1/3 cervical, se projeta sobre o contorno da raiz.
- Extremidade da cúspide deslocada para mesial e forma ângulo mais obtuso que no
CS.
- Vertente mesial da cúspide muito menos inclinada que a distal.
84
- Periquemáceas notáveis, sulcos de desenvolvimento menos marcados, lóbulos
menos visíveis.

Face Lingual
- Forma e inclinações semelhantes, porém mais estreita.
- Cíngulo mais baixo, menos volumoso e menos proeminente. Desloca-se um pouco
para distal.
- Cristas marginais, cristas linguais e as duas fossas linguais não são proeminentes,
apresentando uma superfície mais lisa se comparada com a do CS.
- Crista marginal mesial, pouco definida, pode ser mais reta e longa que a distal.
- Crista marginal distal mais proeminente ou elevada que as mesial e lingual.
- Buraco cego ausente.

Faces Proximais
- Face mesial ligeiramente inclinada e não muito convexa, continuidade com a raiz.
- Face distal mais inclinada e convexa.
- Ponta da cúspide deslocada para lingual.
- Linha cervical mais curva para incisal na mesial do que na distal.
- Ângulo disto-incisal está posicionado mais para lingual do que a extremidade da
cúspide devido à torção distal da coroa.

Borda Incisal
- Bisel possui inclinação de lingual para vestibular.
- Cúspide pouco acerada e segmento mesial e distal bastante inclinados.

Raiz
- Retilínea, bifides apical mais freqüente.
- Mais achatada, menos volumosa e sulcos mésio-distais evidentes.
- Em secção é ovalada.

85
1º PRÉ-MOLAR SUPERIOR (1ºPMS)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

É o mais volumoso do grupo. Oclui com metade distal do 1º PMI e metade mesial do 2º
PMI.
Início da Calcificação: 4-7 meses.
Coroa Completa: 4-6 anos.
Erupção: 9-10 anos.
Término da Calcificação: 10-13 anos.
Comprimento total: 21 mm.

Figura 51- Primeiro Pré-molar Superior Esquerdo.

Face Vestibular
- Pentagonal, 1/4 mais curta que a do canino.
- Morfologia semelhante à do canino, porém menos visível.
- Larga ao nível das áreas de contato e mais estreita próximo a cervical.

86
- Bordas proximais aproximadamente retilíneas a partir da área de contado em
direção cervical. Ambas convexas ao redor das áreas de contato.
- Borda distal com ligeiro aplanamento ou concavidade cervical.
- Ápice da cúspide vestibular pouco deslocada para distal.
- Vertente mesial da cúspide mais longa e mais achatada ou côncava.
- Vertente distal mais curta e mais convexa.
- Superfície convexa, com presença da crista vestibular.
- Formada por três lóbulos, sendo que os sulcos podem ser vistos logo após a
erupção.

Face Palatina
- 4º lóbulo de desenvolvimento.
- Forma pentagonal menor que a vestibular.
- Superfície mais convexa e regular (sem sulco).
- Duas vertentes desiguais, sendo que a distal é maior e mais inclinada. Formam um
ângulo arredondado.
- Cúspide palatina deslocada para mesial, mais curta que a vestibular.
- Face tem continuidade com as proximais.
- Bossa palatina no 1/3 médio.

Faces Proximais
- Trapezoidais, alongadas no sentido vestíbulo-palatino.
- Bordas vestibular e palatina convexas e inclinadas.
- Borda palatina mais curta e com inclinação e curvatura maior.
- Borda oclusal com duas vertentes desiguais (aspecto de acento circunflexo).
- Vertente vestibular mais longa, palatina mais curta. (cúspide vestibular maior em
altura do que a palatina).
- Crista marginal mesial mais oclusalmente posicionada do que a distal.
- Face distal menor e totalmente convexa; face mesial apresenta um aplanamento ou
concavidade cervical que continua na superfície mesial da raiz.
- Prolongamento do sulco principal na face mesial até o 1/3 oclusal.
87
- Borda cervical bastante côncava para a raiz mais na mesial.

Face Oclusal
- Forma pentagonal.
- Cúspide palatina deslocada para mesial.
- Cúspide vestibular apresenta maior diâmetro mésio-distal.
- Sulco principal mésio-distal retilíneo e mais próximo da face palatina, terminando
em duas fossetas de aspecto triangular.
- Fosseta mesial pouco menor e menos profunda do que a distal.
- Sulcos secundários partem do principal, invadindo as vertentes triturantes das
cúspides vestibular e palatina, entalhando-as levemente.
- União do sulco principal com os secundários formam um “H”.
- Cristas marginais delgadas, a mesial é mais curta e atravessada pelo
prolongamento do sulco principal.
- Crista marginal distal mais comprida e ligeiramente convexa.
- Diâmetros: mésio-distal é de 7mm e o vestíbulo-palatino é de 9mm.

Raízes
- Bifidez de raiz ou raízes duplas em 70% dos casos.
- Em dentes birradiculados os sulcos proximais profundos dividem a raiz em duas:
uma vestibular e outra palatina, retas, com inclinação distal da cúspide vestibular,
próxima ao ápice.
- Raiz vestibular sempre maior.
- Quando unirradiculados, tem secção elipsóide.

88
2ºPRÉ-MOLAR SUPERIOR (2ºPMS)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Oclui com metade distal do 2º pré-molar superior e 1º molar superior.


Início da Calcificação: 3-4 anos
Coroa Completa: 6-8 anos
Erupção: 10-12 anos
Término da Calcificação: 11-13 anos
Comprimento Total: 21,5 anos

Figura 52- Segundo Pré-molar Superior Esquerdo.

Face Vestibular
- Semelhante à do 1º PMS, porém o tamanho é menor.
- Porção cervical mais que no 1º PMS.
- Aresta mesial da cúspide vestibular mais curta do que a distal.
- Crista vestibular menos proeminente.

89
Face Lingual
- Altura quase igual à da face vestibular.
- Face mais estreita (menor que no 1º PMS), convexa e lisa.
- Ápice da cúspide palatina descentralizada, deslocada para mesial.
- Linha cervical levemente curva.

Faces Proximais
- Trapezoidais de grande base cervical.
- Raramente se nota o prolongamento do sulco principal na face mesial. As bordas
vestibular e palatina têm a mesma altura.
- Vertentes vestibular e palatina da borda oclusal com dimensões e inclinações
idênticas.
- Crista marginal mesial côncava, mais oclusal do que a distal.

Face Oclusal
- Forma pentagonal, quase oval, mais simétrica. Não há acentuada convergência da
face distal.
- Sulco principal retilíneo localizado no centro da face, mais curto.
- Sulcos secundários menores e irregulares, assim como as fossetas. A distal é maior
e mais profunda.
- Cúspide mais baixas (1/4 da altura da coroa), com volumes iguais.
- Cristas marginais mais largas.
- Ligeira conicidade de vestibular para palatina.
- Diâmetros: mésio-distal é de 6,8mm e vestíbulo-palatino é de 9mm.

Raiz
- Única em 80% dos casos, sulcada e achatada no sentido mésio-distal
- Extremidade apical inclina-se para distal.
- Mais cumprida que nos 1º PMS e duas vezes mais comprida que a coroa
- Divisão radicular não é comum.

90
1º PRÉ-MOLAR INFERIOR (1ºPMI)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Menor que o 2º PMI, aspecto mais circular. Oclui com metade distal do CS e metade
mesial do 1º PMS.
Início da Calcificação: 2-6 meses
Coroa Completa: 5-7 anos
Erupção: 10-12 anos
Término da Calcificação: 11-13 anos
Comprimento Total: 22,4 mm

Figura 53- Primeiro Pré-molar Inferior Esquerdo.

Face Vestibular
- Forma pentagonal mais curta, mais estreita mésio-distalmente na parte cervical do
que nas áreas de contato.
- Face bastante inclinada para lingual, convexa.
- Bordas proximais convexas e convergentes, borda distal mais inclinada e menor.
- Vertentes da borda oclusal menos inclinadas, a distal é mais inclinada e
ligeiramente maior.
- Borda cervical bastante convexa para a raiz.

91
- Ápice da cúspide coincide com o longo eixo do dente.
- Crista vestibular menos proeminente que no 1º PMS.
- Bossa vestibular proeminente, sulcos e lóbulos ainda visíveis.
- A presença de periquimáceas é extremamente rara.

Face Lingual
- Mais estreita e curta, forma pentagonal.
- Face menos convexa no sentido cérvico-oclusal, porém mais no sentido mésio-
distal.
- Cúspide lingual pequena e afilada na extremidade, possibilitando a visão de grande
parte da superfície oclusal.
- Vertente mesial da cúspide lingual dividida da crista marginal por um sulco mésio-
lingual.
- Bossa lingual situa-se no 1/3 médio.
- Esta face pode atrofiar-se a ponto de se transformar em um cíngulo.

Faces Proximais
- Rombóides e irregulares.
- Borda vestibular fortemente convexa, determinando o ápice da cúspide vestibular.
- Borda lingual menos convexa, quase paralela ao longo eixo.
- Borda oclusal muito inclinada para lingual.
- Grande desproporção vestíbulo-lingual das duas cúspides.
- ¾ da borda oclusal corresponde à cúspide vestibular.
- Cúspide lingual 2 ou 3 mm mais baixa que a vestibular.
- Ambas as faces mesial e distal são muito lisas e fortemente convexas, 1/3 cervical
aplanado.
- Cristas marginais mesial inclinada cervicalmente de vestibular para lingual, posição
mais horizontal.
- Curvatura cervical menor na distal.

Face Oclusal
- Contorno circular às vezes oval.

92
- Face convergente para lingual a partir das áreas de contato.
- Porção vestibular duas vezes mais volumosa que a lingual.
- Cúspide vestibular proeminente e aguda, a lingual é arredondada, com arestas
pouco perceptíveis.
- Extremidade da cúspide vestibular está próxima do centro da face oclusal.
- Sulco principal côncavo para vestibular, interrompido por uma ponte de esmalte que
liga as duas cúspides.
- Fossetas circulares, a distal é mais ampla, profunda e mais próxima do lado lingual;
a mesial é mais linear.
- De ambas as fossetas partem sulcos secundários que delimetam as cristas
marginais.
- Diâmetros: mésio-distal é de 6,9mm e o vestíbulo lingual é de 7,5mm.

Raiz
- Geralmente única, em secção transversal é ovalada.
- Sulcos radiculares menos nítidos
- 1/3 apical inclinado para distal.

93
2º PRÉ-MOLAR INFERIOR (2º PMI)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Maior e mais bem conformado que o 1ºPMI, seu contorno conserva os traços gerais,
apresentando algumas variações. Oclui com metade distal do 1ºPMS e metade mesial
do 2º PMS.
Início da Calcificação: 2-4 anos
Coroa Completa: 6-8 anos
Erupção: 11-12 anos
Término da calcificação: 11-13 anos
Comprimento Total: 23 mm

Figura 54- Segundo Pré-molar Inferior Esquerdo.

Face Vestibular
- Semelhante à do 1º PMI.
- Cúspide menos pontiaguda.
- Vertentes das cúspides menos inclinadas, formando um ângulo obtuso.
- Linha cervical menos inclinada, mais achatada.
- Áreas de contato estão numa posição mais oclusal.
- Superfície convexa, com crista vestibular tênua, às vezes imperceptível.

94
Face Lingual
- Maior que a do 1ºPMI, porém menor que sua correspondente vestibular.
- Apresenta uma ou duas cúspides.
DENTES COM UMA CÚSPIDE
 Um lóbulo de desenvolvimento (o 4º).
 Superfície convexa e lisa.
 Cúspide menor que a vestibular, deslocada para mesial ou localizada na linha central
da raiz.
DENTES COM DUAS CÚSPIDES
 Dois lóbulos de desenvolvimento.
 Pode apresentar a face lingual mais larga mésio-distalmente do que a vestibular.
 Cúspide mésio-lingual maior e mais longa que a disto-lingual.
 Sulco ocluso-lingual passa entre as cúspides, estendendo-se para a face lingual.

Faces Proximais
- Forma Romboide.
- Cúspide lingual ou mesio-lingual mais alta que no 1º PMI, quase igualada à cúspide
vestibular.
- Faces proximais convexas no sentido vestíbulo-lingual. Bossas de contato vizinhas
da face oclusal.
- Borda vestibular inclinada para lingual, porém menos que no 1º PMI.
- Ápice da cúspide lingual ou mésio-lingual alinhada com a superfície da face lingual.
- Crista marginal mesial está numa posição mais oclusal do que a distal.

Face Oclusal
- Forma pentagonal ou circular.
- Menor convergência das faces proximais em direção à face lingual.
- Sulco principal mésio-distal completo separa totalmente as cúspides, é bem
evidente, curvilíneo ou semilunar (concavidade para vestibular)

95
- Fossetas e cristas marginais semelhante às do 1º PMI, fosseta distal maior que a
mesial. Em dentes tricuspidados, há uma 3º fosseta (central) na qual tem origem
um sulco de direção lingual. Esta fosseta está deslocada para distal.
- Diâmetros: mésio-distal é de 7,3mm e o vestíbulo-lingual é de 8,1mm.

Existem algumas variações na posição do sulco oclusal e que podem fixar o número
das cúspides. O sulco pode ser reto, porém mantendo a direção disto lingual para
mésio-vestibular, que fixam a posição das fossetas. Quando o dente é tricuspidado
pode – se encontrar um sulco reto, que, forma um T irregular com o sulco ocluso-
lingual. Da mesma forma, ao invés da clássica disposição arciforme, pode apresentar
um sulco em V, de cujo vértice parte o sulco lingual. Os dentes tetracuspidados
apresentam uma cúspide vestibular e três linguais: mesial, central e distal.

Figura 55- Variações da anatomia oclusal do segundo pré-molar inferior esquerdo.

Raiz
- Mais alargada, mais cônica e mais longa.
- Sulcos mesial e distal são bem menos evidentes.

96
1º MOLAR SUPERIOR (1ºMS)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

O maior dente superior. Oclui com ¾ distais do 1º MI e ¼ mesial do 2º MI.


Início da Calcificação: 1-6 meses.
Coroa Completa: 3-4 anos.
Erupção: 5-7 anos .
Término da Calcificação: 7-8 anos.
Comprimento Total: 22 mm.

Figura 56- Primeiro Molar Superior Esquerdo.

Face Vestibular
- Forma trapezoidal.
- Bossa entre o 1/3 cervical e médio.
- O colo é representado por duas linhas côncavas para apical e unidas pelo
divertículo cervical.

97
- 1/3 oclusal composta por duas convexidades transversais (referentes às cúspides).
- A coroa é mais larga no 1/3 oclusal, onde se situam duas cúspides
vestibulares.separadas por um sulco ocluso-vestibular estendido até o 1/3 médio.
- Cúspide mésio-vestibular maior e mais larga que a disto-vestibular.
- Sulco ocluso-vestibular é vertical e termina em uma fóssula vestibular.
- Face composta por duas vertentes: 2 mesiais e 2 distais.

Face Palatina
- Forma também trapezoidal. 1/3 oclusal muito mais largo que o 1/3 cervical.
- Face mais convexa que a vestibular e maior no 1/3 oclusal.
- Cúspide mésio-palatina muito maior que a disto palatina.
- Sulco ocluso-palatino é oblíquo e muito mais desviado para distal. Pode terminar
em uma fóssula ou continuar aplanado. Não chega no 1/3 médio.
- Presença do tubérculo de Carabelli que não atinge o plano oclusal situado na
superfície palatina da cúspide mésio-palatina, a 2 ou 3 mm dessa. Pode ser
considerado uma 5º cúspide, não funcional, dependendo do seu tamanho.
- Cúspides: MP > MV > DV > DP

Faces Proximais
- Lembram a dos pré-molares
- Bordas vestibular e palatina bastante convexas.
- Crista marginal mesial é côncava e mais oclusalmente que a distal, é mais longa no
sentido vestíbulo-palatino. A crista marginal é muito mais côncava. As vezes, um
sulco mesial cruza a crista marginal mesial.

Face Oclusal
- Forma romboidal ou de paralelogramo, com os ângulos mésio-vestibular e disto-
palatino agudos.
- Borda vestibular convergente para distal.
- Borda mesial convergente para palatina, borda distal convergente para vestibular,
podem ser paralelas entre si.

98
- Fosseta central (praticamente no centro da face) formados pelos lados das
cúspides mésio-vestibular, mésio-palatina e disto-vestibular. Dela partem dois
sulcos: um com direção vestibular, desviado para distal, e outro mesial, que termina
na fosseta mesial, delimitando a crista marginal mesial
- Estes dois sulcos formam um ângulo levemente obtuso de 95º.
- Da fosseta distal emergem mais dois sulcos: um palatino e outro disto-vestibular,
formando um ângulo obtuso muito aberto.
- As cúspides mésio-palatina e disto-vestibular são unidas por uma ponte de esmalte,
que interrompe o sulco principal mésio-distal.
- As cúspides vestibulares são mais agudas, as palatinas, mais arredondadas.
- Diâmetros: mésio-distal é de 10,3mm e vestíbulo-palatino é de 11,8mm.

Raízes
- Três raízes, mésio-vestibular, disto-vestibular e palatina.
- Palatina: mais forte e volumosa, cônica, diâmetro maior mésio-distal, inclinada para
palatina. Em secção é circular.
- Mésio e disto-vestibulares maior diâmetro vestíbulo-palatino, apresentam sulco
longitudinal nas faces que se orientam para o espaço inter-radicular. A mésio-
vestibular é maior que a disto-vestibular.

99
2º MOLAR SUPERIOR (2º MS)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Também chamado “dente da adolescência”, é menor que o 1º MS. Oclui com ¾ distal
do 2º MI e ¼ mesial do 3ºMI.
Início da Calcificação: 3-4 anos.
Coroa Completa: 6-8 anos.
Erupção: 12-13 anos.
Término da Calcificação: 12-13 anos.
Comprimento Total: 20,7 mm.

Figura 57- Segundo Molar Superior Esquerdo.

Face Vestibular
- Semelhante à do 1º MS.
- Esta face é maior que a palatina, fato que não ocorre no 1º MS.
- Menos larga mésio-distalmente, cônica a partir dos contatos. Cúspide mésio-
vestibular mais larga e longa que a disto-vestibular.
- Sulco ocluso-vestibular menor que no 1º MS.
- Sulco ocluso-palatino ainda mais desviado para a distal. A intensidade deste desvio
torna o dente tricuspidado (uma cúspide na face palatina).
- Em dentes tricuspidados, o formato da face é pentagonal, e há ausência de sulcos.
100
Faces Proximais
- Semelhantes às do 1º MS, exceto quando o dente é tricuspidado onde, por distal,
observa-se que a altura da cúspide palatina é maior do que seria a disto-palatina.

Face Oclusal
- Morfologia variável e depende do número de cúspides.
- Borda palatina mais estreita que a vestibular.
- Borda distal mais estreita que a mesial.
- Suco mésio-distal mais profundo.
- Maior diferença entre o tamanho das cúspides vestibulares (a mesio-vestibular é
evidentemente maior).
- Cúspide disto-palatina marcantemente menor ou ausente.
- Ponte de esmalte ausente ou menor e menos pronunciada (quando há).
- Em dentes tetracuspidados o ângulo disto-vestibular e mésio-palatino maiores e
disto-palatino e mésio-vestibular menores (paralelogramo mais inclinado, porção
palatina deslocada para distal).
- Em tricuspidados, forma da face oclusal é triangular ou em coração.
- Diâmetros: mésio-distal é de 9,2mm e vestíbulo-palatino é de 11,5mm.

As características diferenciais estão relacionadas com a diminuição do tamanho da


cúspide disto-palatina. Segundo Figún e Garino (1989) como conseqüência, temos
diversos tipos de face oclusal:
• Forma rombóide - assemelha-se ao primeiro molar superior, embora a
quarta cúspide se encontre diminuída. As quatro cúspides e as cristas
marginais estão bem diferenciadas. Apresenta um quinto sulco principal
que une as fossetas principais.
• Forma trapezoidal - apresenta o diâmetro palatino diminuído pela redução
da quarta cúspide. Algumas vezes, o sulco secundário que a separa a
cúspide disto-palatina da crista marginal desaparece e ambas tornam-se
fusionadas.

101
• Forma triangular - ocorre o desaparecimento da cúspide disto-palatina.
Apresenta, portanto, apenas três cúspides e o diâmetro palatino
diminuído. Os sulcos assemelham-se a uma letra T.
• Forma de compressão - apresenta-se pela forma semelhante a do
primeiro molar, mas em decorrência de uma compressão, os ângulos
mésio-palatino e disto-vestibular aproximam-se. A forma resultante é
elipsóide. Ocorre um extraordinário alongamento do diâmetro mésio-
vestibular-disto-palatino.

Figura 58- Variações da anatomia oclusal do Segundo Molar Superior Esquerdo.

Raízes
- Três raízes: mésio-vestibular, disto-vestibular e palatina, com desenvolvimento
ligeiramente menor.

102
3º MOLAR SUPERIOR (3º MS)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Entre os molares é o menor em tamanho, com a morfologia mais irregular e


heterogênea podendo haver diferenças até mesmo entre o direito e o esquerdo da
mesma pessoa. É um dente que irrompe entre os 18 e 25 anos (podendo ser antes)
causando muitos problemas devido à falta de espaço na maxila, a qual já está toda
calcificada o que dificulta mais ainda seu aparecimento.

Face Oclusal
- A maioria deles possui duas cúspides vestibulares e uma lingual-superior, podendo
apresentar cúspides acessórias.
- Em relação aos sulcos, normalmente existem um principal no sentido mésio-distal
amparados por leves cristas marginais e um secundário que separam as duas
cúspides vestibulares. O perímetro da face geralmente tem um formato
trapezoidal,na qual a base maior é a vestibular.
- A forma da face oclusal varia, pode apresentar uma disposição cuspídea que lembre
o primeiro ou o segundo molar superior. No entanto, podem aparecer cúspides
suplementares e sulcos irregulares de traçado pouco nítido que mascarados por
muitos sulcos acessórios (de curto trajeto e pouca profundidade) dão um aspecto
característico a esse dente.

Face Vestibular
- É trapezoidal.
- Cúspide mésio-vestibular levemente mais alta que a disto-vestibular e o encontro
das duas forma um leve sulco mais próximo da oclusal.

Faces Proximais
- Faces mesial e distal praticamente idênticas, se diferenciam pela altura da cúspide
vestíbulo-mesial ser levemente mais alta e a linha da junção cemento/esmalte não
ajuda na diferenciação de suas faces devido a característica retilínea.

103
Face lingual
- É pentagonal e menor que a vestibular.

Raízes-
- Encontramos muitas variações nas raízes podendo ser:
o Unirradicular, na qual o aspecto cônico predomina.
o Birradicular, nas quais as raízes podem estar unidas (fusionadas) ou
separadas com ou não a presença de dilaceração(angulação acentuada
normalmente para distal).
o Trirradicular com independência entre elas.
o Multirradicular com presença de raiz acessória.

Segundo Figun e Garino, 1989:


- Oclusão: oclui com ¾ distais do terceiro molar inferior.
- Diâmetros: mésio-distal é de 9mm e o vestíbulo-palatino é de 11mm.

104
1º MOLAR INFERIOR (1ºMI)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Primeiro dente permanente a aparecer na cavidade, antes de qualquer dente decíduo


ter sido perdido. É o dente humano mais volumoso. Oclui com metade distal do 2º PMS
e ¾ mesiais do 1ºMS.
Início da Calcificação: 1-6 meses.
Coroa Completa: 2-3 anos.
Erupção: 5-7 anos.
Término da Calcificação: 7-8 anos.
Comprimento Total: 21 mm.

Figura 59- Primeiro Molar inferior Esquerdo.

Face Vestibular
- Forma trapezoidal, mais larga mésio-distalmente que cérvico-oclusalmente. É o
dente mais largo.
- Face convexa em ambos os sentidos, convergente para lingual.

105
- Linha cervical em duas concavidades para apical, unidas pelo divertículo cervical.
- Três cúspides vestibulares: mésio-vestibular, vestíbulo-mediana e disto-vestibular,
separadas por dois sulcos verticais:
1) vestíbulo-distal mais curto, chega até o 1/3 oclusal e nunca termina em
fóssula;
2) vestíbulo-mesial, mais prolongado, alcança o 1/3 médio e termina em
fóssula.
- A cúspide disto-vestibular é a menor. A vestíbulo-mediana é ligeiramente menor,
mais curta e mais afilada que a mésio-vestibular.

Face Lingual
- Trapezoidal, menor que a vestibular.
- Mais convexa.
- Bordas proximais convexas, a distal é menor, afilada; a mesial é aproximadamente
reta da linha cervical até a área de contato.
- Linha cervical chata ou ligeiramente convexa para oclusal. Bossa lingual nítida ao
nível do 1/3 médio.
- Duas cúspides:
1) mésio-lingual a mais alta de todas,
2) disto-lingual separadas por um sulco levemente desviado para distal,
menor e menos profundo, que dificilmente termina em fóssula.
- Cúspides linguais ligeiramente mais longas e pontiagudas que as vestibulares.

Faces Proximais
- Forma rombóide ou trapezoidal.
- Borda vestibular convexa no 1/3 cervical e inclinada para lingual nos 1/3 médio e
oclusal.
- Face mesial menos convexa, com aplanamento no colo. Face distal totalmente
convexa, com todos os diâmetros menores.
- Colo pouco curvo, convexo para oclusal, quase reto na face distal.

106
- Cúspides linguais mais altas que as vestibulares.

Face Oclusal
- Diâmetro mésio-distal maior que a vestíbulo-lingual.
- Dois sulcos partem da fosseta principal mesial:
1º) de direção mesial, termina na fosseta secundária mesial, da qual partem
dois sulcos secundários que delimitam a crista marginal mesial;
2º) de direção vestibular, divide as cúspides mésio-vestibular e vestibulo-
mediana.
- Cúspides vestibulares (3) arredondadas, cúspides linguais (2) agudas.
- Crista marginal mesial larga, longa, reta e atravessada por um sulco.
- Crista marginal pequena, mais convexa e dificilmente atravessada por um sulco.
- Diâmetros: mésio-distal é de 11,2mm e o vestíbulo-lingual é de 10,3mm.

Raízes
- Duas, uma mesial (maior) e outra distal, bem separadas.
- Achatadas mésio-distalmente e sulcadas
- Metade apical curvada para distal. A distal é mais reta que a mesial.

107
2º MOLAR INFERIOR (2º MI)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

Menor que o 1ºMI. Oclui com ¼ distal do 1º MS e ¾ mesiais do 2º MS.


Início da Calcificação: 3-5 anos
Coroa Completa: 7-8 anos
Erupção: 11-13 anos
Término da Calcificação: 12-13 anos
Comprimento Total: 19,8 mm

Figura 60- Segundo Molar Inferior Esquerdo.

Face Vestibular
- Forma trapezoidal, menor que no 1º MI. Maior mésio-distalmente que cérvico-
oclusalmente.
- Face inclinada para distal.
- Bordas proximais são um pouco menos obliquas, mas ainda convexas.
- Borda distal mais curta e mais acentuada. Borda mesial quase reta da linha
cervical, até a área de contato.

108
- Borda oclusal inclinada cervicalmente de mesial para distal.
- Linha cervical discretamente convexa para a raiz ou aproximadamente reta.
- Face mostra duas convexidade mésio-distais, unidas no sulco vestibular,
correspondentes às duas cúspides. (desiguais: a mésio-vestibular é maior).
- Sulco vestibular termina em uma fóssula. É levemente desviado para distal e chega
ao 1/3 médio.

Face Lingual
- Menor que a vestibular.
- Maior convexidade mésio-distal e cérvico-oclusal.
- Sulco lingual, que divide as duas cúspides, é um pouco menos nítido e não termina
em fóssula, limitando-se ao 1/3 oclusal.
- Cúspide mésio-lingual mais larga e longa que a disto-lingual, ambas são mais
pontiagudas ou cônicas do que as vestibulares.
- Linha cervical irregular de mesial para distal.

Faces Proximais
- Semelhante às dos 1º MI
- Face distal menor, mais convexa e mais inclinada que a mesial
- Face mesial inclinada para a lingual, curta cérvico-oclusalmente e larga
lingualmente.
- Cúspides linguais mais altas que as vestibulares.
- Ápice da cúspide mésio-lingual alinhada com o contorno lingual da raiz.
- Borda vestibular inclinada para lingual a partir da bossa.
- Linha cervical inclinada de lingual para vestibular.

Face Oclusal
- Forma retangular, mais simples que a do 1º MI.
- Mais larga mésio-distalmente que vestibulo-lingualmente.

109
- Borda mais estreita na distal que na mesial
- Borda mais estreita na lingual que na vestibular
- Quatro cúspides.
- Uma fosseta principal, central, de onde parte um sulco para vestibular (que divide
as cúspides vestibulares),e para lingual (que divide as cúspides linguais), os que
vão para as proximais, retilíneos, terminam nas respectivas fossetas secundárias,
de onde saem os sulcos secundários que delimitam as cristas marginais.
- Os sulcos principais formam uma cruz- Cruz de Malta.
- Diâmetros: mésio-distal é de 10,7mm e o vestíbulo-lingual é de 10,1mm.

Raízes
- Semelhantes às do 1º MI, tendem a unir-se.
- A mesial é um pouco mais longa que a distal.

110
3º MOLAR INFERIOR (3º MI)
(FÍGUN; GARINO, 1989; MADEIRA, 1996; PÉCORA; SILVA, 1998; CENTPAR, 2002).

É um dente que possui uma grande variação morfológica. Pode apresentar


semelhanças com o primeiro molar inferior, com o segundo molar inferior e em muitas
situações formatos diferenciados. Irrompe entre os 18 a 25 anos.

Face Oclusal
- Apresentam 4 e 5 cúspides, entretanto os sulcos são em grande número e não
seguem uma ordenação a partir do mésio- distal que é bem definido.
Face vestibular
- Sua descrição está na dependência do número de cúspides existentes, mas é
quase sempre uma constante o fato da cúspide disto-vestibular ser a menor.Os
sulcos que podem existir também interdependem do número de cúspides.
Faces Proximais
- Geralmente de forma quadrangular, porém é percebida uma inclinação acentuada
das faces vestibular e lingual, em sua silhueta, no sentido do plano sagital
mediano.
Face lingual
- Tendência trapezoidal, embora a cúspide mesial seja maior, há um leve sulco na
junção com a distal.
Raízes
Pode-se encontrar:
o unirradicular com fusão de duas raízes e desvios no terço apical severos.
o Birradiculares com raízes separadas e a distal com desvio no terço apical.
o Multirradiculares com diversificações de formatos associados até a uma cúspide
supranumerária.
Segundo Figun e Garino, 1989:
- Oclusão: oclui com ¼ distal do segundo molar superior e com o terceiro molar
superior.
- Diâmetros: mésio-distal é de 10,5mm e o vestíbulo-lingual é de 9,5mm.

111
Figura 61-:

A. Características da face oclusal dos dentes posteriores superiores.

B. Características da face oclusal dos dentes posteriores inferiores.

112
REFERÊNCIAS

BARATIERI, L. N. et al. Estética – Restaurações Adesivas Diretas em Dentes


Anteriores Fraturados. 2. Ed. São Paulo: Santos, 1998. Cap. 2: Estética- Normas
Básicas, p. 35-53.

BORGES, K. T. Estudo Comparativo entre as Propriedades Óticas da Estrutura


Dentária e as Resinas Compostas. Monografia (Especialização em Dentística
Restauradora) Universidade Federal do Paraná, 1998.

CENTPAR

DELLA SERRA, O. et al. Anatomia Dental. 3. ed. São Paulo:Artes Médicas, 1981.

FIGÚN, M.E.; GARINO, R. R. Anatomia Odontológica Funcional e Aplicada. 2.ed.


São Paulo: Panamericana, 1988. Cap.7: Sistema Dental, p. 245-250.

GOMES, J. C. et al. Odontologia Estética: Restaurações Adesivas Indiretas. São


Paulo: Artes Médicas, 1996. 213 p.

MADEIRA, C. M. Anatomia do dente. São Paulo: Sarvier, 1996.

MENDES, W. B. ; BONFANTE, G. Fundamentos de Estética em odontologia. São


Paulo: Santos, 1994. Cap.3: Aspectos Estéticos da Dentição Natural, p. 19-64

PÉCORA, D. J.; SILVA, G. R. Anatomia Dental – Dentes Permanentes. 1ed. São


Paulo: Santos, 1998.

PRESTON, J. D. Cor em Cerâmica Dental . In: Schärer. P. et al. Normas Técnicas


para a Reabilitação Bucal. Rio de Janeiro: Quintessence, 1986. Cap. 1. p. 13-26.

SANTOS JR., J. et al. Escultura Dental na Clínica e no Laboratório. 4. ed. São


Paulo :Artes Médicas, 1982.

VILLARROEL, M. Fenomenos de la luz aplicados a los dientes naturales Disponível em:


<http://www.materialesdentales.cl/artcient/art01-jun03/> . Acesso em: 5 abr. 2005.

VOLLMAN, M. Vitapan 3D-Master: Theory and Practice. Quitessence of Dental


Techmology. Illinois, v. 22, p.43-53, 1999.

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