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CIDADE: CUIABÁ/MT
ANO: 2023
2. APRESENTAÇÃO DO AUTOR
O livro "Andragia em Ação" foca em como ensinar adultos de um jeito que realmente
funcione e seja interessante. O ponto principal é que quando se trata de adultos, ensinar
não é só falar; é se conectar com eles de verdade. A autora dá dicas sobre como fazer
isso, levando em conta que adultos já têm suas próprias experiências, jeitos diferentes de
aprender, e razões próprias para querer aprender.
O livro mostra que para ser um bom professor de adultos, você tem que entender essas
diferenças e usar técnicas que funcionem para esse público. Não é só sobre o que você
ensina, mas como você ensina. O objetivo é tornar as aulas mais eficazes e fazer com que
a mensagem do professor chegue clara e forte para os alunos adultos.
Em resumo, é um livro simples, de fácil leitura, com muitas e muitas técnicas, analogias e
desenhos que criam uma dinâmica literária interessante, sobretudo porque a própria autora
usa, no livro, técnicas que ela ensina para prender a atenção de adultos. Um bom livro para
ter de cabeceira e usar até mesmo para ajudar a construir sermões.
5. PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NO CURSO
Embora a autora não se aprofunde nas diferenças etimológicas sobre "pedo" ser
infância, "andra" ser adulto e "logia" ser ensino ou estudo para diferenciar as
metodologias, ela faz uma clara separação sobre os dois perfis. Ensinar adultos é
diferente de ensinar crianças, começando pela postura de quem ensina e de quem
aprende. Para crianças, o professor escolhe o tema, o método e o modelo de avaliação;
elas não têm muita liberdade de escolha. Já os adultos, que são "donos de si mesmos"
e maduros para definir o que querem e o que não querem aprender, precisam de uma
mudança de abordagem e interação para manter a atenção. Nesse sentido, a autora
desenvolve o raciocínio demonstrando técnicas que podem ser usadas para manter a
atenção do adulto e tornar mais eficiente a absorção de conteúdo.
De certa forma, muito por conta da pós-modernidade, adultos aprenderam que tempo
é um recurso valioso. O que é valioso para um pode ser ficar rolando o feed do
Instagram para se satisfazer com a endorfina que a luz do celular produz, para outro
pode ser estar com a família ou amigos. O fato é que "tempo é dinheiro" é uma frase
em que realmente acreditamos. Na vida de hoje, dinheiro não é necessariamente uma
moeda financeira, mas pode ser o que essa moeda representa. Poucos de nós têm
dinheiro na carteira, muitos de nós não têm dinheiro em lugar nenhum, temos apenas
uma ilusão fantasiosa e abstrata de que temos ou não poder de compra, baseados na
tela do nosso app financeiro, como o Nubank, por exemplo. "Tempo é dinheiro", apesar
de não ter sido citado no livro, precisa desse esclarecimento de que "poder de compra
é dinheiro" e está atrelado a trabalho, a vaidade e ao que posso mostrar aos outros,
sejam bens tangíveis ou não.
Facilitar o conhecimento vai além de saber comunicar, é preciso saber escolher o que
é importante comunicar. O facilitador facilita a compreensão para si mesmo, depois
imagina o cenário onde alunos adultos vão aprender. Com base no conhecimento prévio
das necessidades dos adultos e no resultado esperado, ele elabora sua aula e aplica
técnicas e meios para que a ponte entre o conhecimento e o desconhecimento seja
construída de forma que os alunos obtenham resultados transformadores.
Ferramentas
A autora, após fundamentar o que era preciso de forma sucinta e clara, ensina
ferramentas que podem ser usadas em sala, não apenas a ferramenta em si, mas a
teoria por trás delas. O facilitador/educador precisa ter sua caixa de ferramentas e
constantemente revisitar essa caixa, agregando mais novas e afiando as antigas para
saber a hora certa de usar cada uma. Há uma metáfora sobre isso:
"Numa foto de um recibo estava o valor final de mil reais para apertar um parafuso, logo
abaixo, um diálogo se segue:
Podemos, e devemos, nos esforçar, procurar ajuda, ter referências, aprender com quem
ensina, aumentar o músculo cerebral para que ele seja capaz de absorver mais
conhecimento, porém, acima de tudo, precisamos caminhar sobre o terreno da revelação
de Deus que, a nosso respeito, considera nosso conhecimento sem valor algum fora do
vínculo do Espírito Santo que aplica em nós a revelação do Pai, por meio do
aperfeiçoamento e iluminação do nosso conhecimento sobre o Filho. Vemos o Pai quando
vemos o Filho, mas sem o Espírito Santo só vemos a nós mesmos e somos trevas; na
escuridão ninguém enxerga com clareza. Esse é o primeiro ponto.
Outro ponto é que dificilmente um teólogo hoje alcançará mais conhecimento teológico do
que um fariseu. As crianças israelitas aprendiam a ler e escrever com base na Torá, viviam
sob uma enorme e antiga tradição de frequentar o templo e a sinagoga. Quando cresciam
e escolhiam o que seria sua “profissão/ofício” e decidiam ser fariseus, essas crianças,
agora jovens adultos, estudavam até as vírgulas da Lei. Isso nunca garantiu credulidade,
clareza, muito menos salvação (que é fruto das duas coisas, ter clareza para crer); portanto,
conhecimento acumulado, inclusive sobre a Bíblia, não significa muita coisa diante de Deus.
Podemos saber, ensinar e até levar pessoas à salvação por meio da elucidação teológica,
se antes não aplicarmos o ensino ao nosso próprio coração, começando pelo
reconhecimento de que o pecado nos impede de ver e terminando pela humilhação radical
e profunda do nosso ego, não conseguiremos “reputar por perda” para ganhar o pleno
conhecimento de Cristo (“Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.”
Filipenses 3:7).
Por fim, há um mar grande e agitado entre duas ilhas hoje. Os chamados “doutores” da
teologia, apesar de muito conhecimento adquirido e de brilhantismo intelectual, não
conseguem alcançar o coração das massas. Por massa não me refiro às pessoas simples,
mas sim, aos grandes grupos seculares. Se por um lado o liberalismo teológico negou a
verdade absoluta e inerrante da Bíblia para que intelectuais fossem alcançados, por outro,
os “teólogos fiéis” não conseguem chegar do outro lado do mar, antes ensinam em
pequenos redutos, para minorias de “irmãos mais velhos” que condenam as práticas de
“irmãos mais novos” e criam uma barreira ainda maior, pior ainda, criam uma barreira com
bons tijolos e bons cimentos, sendo alicerçados pelo ensino dos “grandes mestres” que
fortalecem uma boa articulação com a desculpa de “proteger” a igreja dos hereges.
Na Bíblia, percebemos uma distinção entre os dons. Alguns têm uma capacidade de
compreender mais facilmente as Escrituras, pelo dom dado pelo Espírito de tirar o véu com
maior inteligibilidade, conhecido por revelação, enquanto outros aplicam a revelação bíblica
à vida e ao tempo, por meio da profecia, com grande capacidade de expor e conectar a
verdade ao corpo de Cristo. Já outros conseguem ensinar, transformando o conhecimento
revelado para alguns, em conhecimento revelado para todos. O que falta não são técnicas
ou métodos de transferir conhecimento; aquela figura do professor que sabe muito, mas
não consegue ensinar ainda existe, mas diante da internet e de tanto avanço tecnológico
as crianças já nascem aprendendo a aprender e aprendendo a convencer os outros,
defendendo suas próprias opiniões e teses, cheias de sofismas e mentiras, mas também
de capacidade de argumentação e lógica. O que realmente falta é o amor, que há muito
tem se esfriado e que, não obstante seja hoje difícil de encontrar na igreja, é a base do
ensino: “A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum.”
(1 Coríntios 12:7). Bem comum que, em outras traduções, é a edificação do corpo e que,
observando o contexto próximo: “O Espírito é o mesmo” em todos os dons e o filtro para
saber se é dom ou não é se o resultado do que se ensina será engrandecer a noção de
que "Jesus é Senhor".