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Processo de aprendizagem

Livro: Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire


A obra de Paulo Freire retrata sobre a aprendizagem a partir da bagagem que a pessoa
carrega. Ou seja, suas marcas, histórias e saberes adquiridos ao longo da vida. Além disso, o
autor nos convida à reflexão de compreender a pessoa e a forma de ensiná-la. Coloca a
educação como uma relação mediada entre educador e educando, e não uma educação
tradicional em que o professor possui o saber absoluto, assim aplicando conhecimento ao
aluno e depositando seu entendimento sem levar em consideração a pessoa e os seus saberes
prévios.
Aplicando a teoria de Paulo Freire às práticas de ensino-aprendizagem no Clube de
Desbravadores, compreendemos que as Classes Progressivas podem ganhar maior e melhor
envergadura educativa quando se tornam processos mediados entre instrutor e desbravador,
em vez de ser apenas um processo de depósito de conhecimentos na cabeça dos juvenis.
Entendendo que o Clube de Desbravadores é uma organização de educação não formal, é de
extrema importância analisar a maneira como são desenvolvidas as atividades das Classes
Progressivas para que não se torne um programa maçante, cansativo e pouco acessível. O
andamento das atividades deve gerar prazer e curiosidade por parte dos desbravadores, em
vez de criar ambientes desgastantes e enfadonhos para o aprendizado.
Visto que o ministério tem como objetivo central “salvar do pecado e guiar no serviço”, os
processos educativos de ensino do programa do clube (ou seja, do seu currículo oficial)
devem ser realizados de maneira que o participante se sinta acolhido, pertencente e que seja
dado o seu lugar de importância.
Como protagonista, o Desbravador deve ser inserido nas atividades do Clube de maneira que
seja aguçado nele a curiosidade e a necessidade de conhecimento. Isso irá permitir que aquele
seja o seu lugar de fala. Com esta finalidade, os métodos educativos de roda de conversa,
dinâmicas e aplicações de meditações, dentre outros, darão à pessoa voz para que questione,
indague, pergunte, aponte e se coloque na posição de compartilhar o que aprende com os
demais membros do Clube. Assim, o Clube será o seu lugar.
Tão logo, o autor fala da autonomia que pode tornar o sujeito pensante, percebendo que
pensar é uma forma de refletir sobre tudo que acontece e a forma como estes acontecimentos
impactam a nossa vida nos levando a tomada de decisões cruciais.
De acordo com Ellen White, é nesta fase da vida que os juvenis tomam sua decisão de se
entregar a Cristo, pois absorvem o plano de salvação na íntegra e de maneira suave. Logo, o
Clube tem papel fundamental na formação espiritual desta pessoa, pois, a classe bíblica, por
exemplo, deve ser feita de maneira que apresente o estudo da bíblia com cuidado. Contudo,
fique atento, estudar com cuidado não é estudar de forma maçante e incessante. É estudar de
maneira significativa, esmiuçada e com zelo para não deixar dúvidas.
É importante frisar que os estudos bíblicos devem ter maior atenção neste processo de
aprendizagem. E a compreensão da bagagem da pessoa possibilitará tornar o Clube de
Desbravadores um ministério inclusivo, que recebe todo juvenil de 10 a 15 anos com
interesse em participar de suas atividades. Logo, os líderes devem ouvir as colocações de seus
participantes sobre as várias formas de conhecimento acerca de quem é Deus. E, nesse
processo, devem apresentar argumentos embasados na bíblia, com coerência, de maneira que
convidem a pessoa que apresentou tais posições a refletir e querer saber mais.
Devemos, enquanto adultos, gestores deste ministério saber diferenciar o que é ensinar com
amor sem perder sua essência e ridicularizar o sujeito a ponto de que ele nunca mais sinta
vontade de voltar. Com isso, quero esclarecer que não podemos faltar com a verdade bíblica,
mas podemos colocá-la com amor no coração dos nossos meninos e meninas, para que o
amor por Cristo se fortaleça. O próprio Cristo, com amor, mediatizou as Palavras Eternas de
maneira simples, mas profunda, em formatos próximos do cotidiano das pessoas para que
elas apreendessem.
Com isso, reforço o que pensa o autor sobre o ato de ensinar como um processo de
compartilhamento. Quando você divide o que sabe, se coloca em uma posição de igualdade.
Porque, compartilhar conhecimento é permitir e estar aberto para que o outro, a quem você
educa, também te ensine o que sabe. Diante de uma prática que leve esses preceitos em
consideração, teremos Clubes fortalecidos e interessados pelo conhecimento. Logo, criaremos
alternativas de construção coletiva.
Ao educarmos pessoas que estão prontas a compartilhar e a construir possibilidades,
formaremos líderes conscientes sobre o ato de servir. Pessoas que entendam o significado do
lenço e se coloquem como aquelas que estão para servir alguém. Que seja servir com seu
conhecimento, servir com sua força física, servir com sua força espiritual. Teremos líderes
prontos para o ministério “de gente”, como foi o ministério de Cristo.

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