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Igreja e Educação: Parceria Transformadora

Igreja e Educação: Parceria


Transformadora

Assertividades, potencialidades, habilidades


e competências

Ana Cristina Brito


Educadora cristã

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Igreja e Educação: Parceria Transformadora

A Escola Dominical é o único


lugar da igreja, onde ocorre a
educação cristã?

Costuma-se ter a visão, que a Escola Dominical, é a única


atividade da igreja, que está diretamente ligada a educação. Quando
o pastor utiliza o púlpito para pregar, o que será que está ocorrendo
nesse momento? E quando a equipe de louvor canta? E os diáconos
à porta? A leitura da Bíblia na abertura do culto? Nada dessas ações
tem a ver com educação? Então o que fazemos na igreja?

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Igreja e Educação: Parceria Transformadora

Introdução

“À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo


e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar
através dele”
Jacques Lucien Jean Delors

Você já parou para perceber que a educação está presente em


nossa vida desde a hora do nascimento até o final? Que em todo
tempo ou estamos aprendendo algo e ou ensinando alguma coisa
para alguém?

Quantas vezes falamos: _” esse menino não tem educação”


será que ele não tem educação ou não pratica os bons modos?

Você já se pegou falando que essa criança precisa ir para a


escola para ter educação? De fato, ela tem que ir, mas a educação
só ocorre no espaço da escola? ou ela está presente em todo ato de
vivência e convivência do ser humano?

Nesse e-book vamos mostrar que a educação está em outros


espaços e não só isso, que ela tem 4 elementos, que são os seus
fenômenos, e que, se trabalhados, na forma assertiva, pode mudar o
ambiente, potencializar pessoas, promover crescimento, tudo isso de
uma forma consciente sabendo aonde quer chegar e o que se
pretende fazer nesse espaço.

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Ninguém escapa da Educação

"Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na


escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços
da vida com ela: para aprende, para ensinar, para aprender-se-e-
ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os
dias misturamos a vida com a educação."

Brandão, 1989, p.7

A educação é tão ampla que não cabe em um único espaço,


ela está em todos os lugares: escolas, igrejas, família, na rua,
cinema, organizações, sindicatos, ou seja, em todo ambiente onde
há um ser humano, existe uma ação educativa.

Claro que, para cada lugar, o fazer educativo tem seu formato.
Na escola ela se dá de modo sistemático, ou seja, organizada por
leis, que o orienta em todo o seu processo educacional, buscando
formar o seu aluno para a sociedade. Nos demais espaços, os não
formais, são regidos pelas "leis" de convivência para a formação da
cidadania.

Mas, o que é importante resgatar? É que existe pelo menos, 4


elementos que estão presentes na educação, que são inerentes a
ela, independentemente do local na qual ela esteja presente.

E é aí que mora o grande segredo da transformação. Quando há


consciência desses fatores e como eles interferem na vida, família,
ministério, isso muda o modo de enxergar a educação e não só isso,

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o mais importante, é: O que se pode fazer para aproveitar ao máximo,


esses elementos, e provocar transformações significativas ao redor.

4 Segredos da Educação
"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu
tamanho original."
Albert Einstein

Educação é uma prática social que visa o desenvolvimento do ser


humano, de suas potencialidades, habilidades e competências. Há
pelo menos, três elementos que são os fatores geradores , e o quarto,
é o que sofre e provoca a ação educativa. Que são eles: processo de
formação, intencionalidade, autonomia e o ser humano.

Processo de formação

O homem é um ser “geneticamente social”. É nessa dialética


que se encontra a relação do organismo com o meio que o constituiu.
Segundo Wallon (1998), é dessa forma que o ser humano vai se
formando e as relações sociais são fundamentais para esse
desenvolvimento.

O crescimento do indivíduo se dá pela aquisição do


conhecimento que está disponibilizado em seu meio e isso é um
processo que acontece ao longo da vida. Todas as experiências
vivenciadas por ele servem de base para novas construções e novas
relações nesse ambiente.

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Pode-se falar, então, que o aperfeiçoamento do processo


formador no homem faz parte do próprio crescimento do ser humano.
A formação pode levar esse indivíduo a ser um cidadão capaz de
atuar na sociedade e desempenhar vários papéis, tais como: pai,
mãe, funcionário, profissional, empregado, patrão, ser religioso, entre
outros.

Percebe-se com isso que a formação está em todos os lugares


de vivência, convivência, formação institucionalizada ou não, ou seja,
em todo a vida, pois o produto principal dessa formação é o
conhecimento. Observa-se que, com ele, o homem tem a capacidade
de entender, apreender e compreender as coisas, e pode ser
aplicado, recriado e experimentado de novo, e este está em todos
ambientes e pessoas, desde que o mundo é mundo. A formação é
compreendida como a visão mais qualitativa da aprendizagem,
relacionada com a preparação de um indivíduo para a vida, não
somente relacionada com a formação escolarizada, mas com a
formação integral do indivíduo.1

Como líder espiritual, já parou para pensar, que o espaço da


igreja é um local educacional? Que ali se desenvolve pessoas? E
que o fato de ir à igreja não está apenas relacionado a fé, mas
oportunizar um crescimento sadio e integral a esse irmão (a)?
Observou que a pregação é um dos métodos de ensino, e que,
portanto, precisa ter coerência da fala com a vivência? É de seu
conhecimento que todo o culto, desde a recepção até a última canção
da noite, demostra como o ensino é visto em sua comunidade cristã?
Tem consciência que a formação cultural, também se revela, no que
está exposto nas paredes, como se lida com a limpeza do ambiente,

1 FUNIBER – Fundação Universitária IberoAmericana -pg 39

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como se trata com membros e visitantes? Essas e outras questões,


contribuem para a formação da pessoa.

O próprio Jesus, nos deixa o exemplo, que é necessário,


provocar a formação no indivíduo, se você deseja, que algo relevante

aconteça. Foi exatamente o que Ele fez durante seu ministério na


terra. Juntou 12 homens, nas quais, Ele escolheu, os ensinou com o
propósito de que dessem continuidade a sua mensagem após seu
retorno para os céus, (exceto Judas, que se enforcou – Mt 27.5), Ele
poderia simplesmente, curar, pregar, fazer milagres, e depois voltar
para o céu.

Mas aí cabe a pergunta: Quem daria continuidade a sua


mensagem? Sabe por que se evidencia uma dificuldade de liderança
no espaço eclesiástico? Porque ainda não se tem o hábito de
desenvolver um planejamento de formação de liderança na igreja.
Consegue perceber a diferença em atuar sem formação intencional e
agir de modo intencional? Observe sua liderança: Estão motivados,
amam o que fazem? Estão fazendo novos líderes? Sabem o que
querem como líderes? Caso falte alguém, há facilidade de
substituição, ou tem que procurar um líder, como se fosse achar uma
agulha no palheiro? Caso seja essa sua realidade, você não está só,
segue sua leitura e terá boas novas mais adiante.

O Desenvolvimento da Autonomia

A palavra autonomia vem do grego antigo autonomos e


significa “aquele que designa suas próprias leis” e é um conceito visto
na moral, política, educação, filosofia e na bioética. Esta leva o

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cidadão a tomar decisões mediante informações adquiridas e


trabalha a questão da responsabilidade diante das ações praticadas.

Na educação, a autonomia é percebida como o principal


objetivo do ensino. Como salienta Paulo Freire, a ação de ensinar
não se restringe a transferir conhecimento, mas possibilita novas
produções e construções, isso é provocar e respeitar a autonomia do
aluno.

Em todo ambiente educacional existe a relação ensino-


aprendizagem, ou seja, existe um conjunto de possibilidades
causadas por experiências subjetivas e objetivas que são
transformadoras e levam a novas probabilidades, significados e
posicionamento para as pessoas.

Para Delors, o autor do relatório “Educação, um Tesouro a


descobrir”, há pelo menos 4 pilares que precisam ser
desenvolvimentos nos alunos. Contudo, esses 4 fatores não estão
restritos apenas à formação no ambiente escolar institucionalizado,
mas para toda a formação humana, independente do espaço da ação
educadora, que são eles - uma síntese feita por Rodriguês2:

1. Aprender a conhecer - É necessário tornar prazeroso o ato de

compreender, descobrir, construir e reconstruir o


conhecimento para que não seja efêmero, para que se
mantenha ao longo do tempo e para que valorize a
curiosidade, a autonomia e a atenção permanentemente. É
preciso, também, pensar o novo, reconstruir o velho e
reinventar o pensar.

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conte
udo=337 visitado 21/10/2021.

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2. Aprender a fazer - Não basta preparar-se com cuidados para

se inserir no setor do trabalho. A rápida evolução por que


passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a
enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em
equipe, desenvolvendo espírito cooperativo e de humildade
na reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários
ao trabalho coletivo. Ter iniciativa e intuição, gostar de uma
certa dose de risco, saber comunicar-se e resolver conflitos e
ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a
serem trabalhadas.
3. Aprender a conviver - No mundo atual, este é um
importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem
aprende a viver com os outros, a compreendê-los, a
desenvolver a percepção de interdependência, a administrar
conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no
esforço comum.
4. Aprender a ser - É importante desenvolver sensibilidade,

sentido ético e estético, responsabilidade pessoal,


pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade,
iniciativa e crescimento integral da pessoa em relação à
inteligência. A aprendizagem precisa ser integral, não

5. negligenciando nenhuma das potencialidades de cada


indivíduo.

Cada direcionamento sobre o conhecimento aponta para a


emancipação do indivíduo. O que precisa, na verdade acontecer, são
ações assertivas, direcionadas e programadas para atingir objetivos
precisos, porém o ensino em si, já provoca uma autonomia. Contudo,

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quando esse processo é ornado, o resultado é muito mais


potencializado.

Jesus a todo tempo buscava provocar a autonomia nas pessoas,


pois nada mais é, que desenvolver a responsabilidade com seus
próprios atos, escolhas, posicionamento frente as dificuldades da
vida. Em Marcos 6.37, no episódio da multiplicação de pães e peixes,
o Mestre chegou para seus discípulos e disse-lhes: Dai-lhe vós de
comer. Os discípulos se olharam e perguntaram: Como assim?
Vamos a cidade comprar? Veja que interessante. Volte e leia o verso
36: _” Despede-os para que vão aos campos comprar” Essa é a fala
dos discípulos para Jesus, mas a resposta, lançou sobre eles, a
responsabilidade para resolver o problema. Entenda algo muito
importante. A autonomia só é gerada quando se possibilita o outro a
andar, e não andar por ele. É assim que se ensina o filho a andar, se
diz como faz e o deixa fazer, mesmo sabendo dos riscos, pois do
contrário, ele nunca vai caminhar sozinho.

A intencionalidade Educativa

A palavra intenção vem do latim intensivo, de in (em) + tendere


(esticar, estender). Em português gerou a palavra intenção de
propósito, plano. Ou seja, quando se tem um plano ou propósito se
age com consciência de onde se quer chegar. E isto não se refere
somente a escolarização, mas a própria construção da vivência de
cada indivíduo.

Todo tipo de educação tem nela pertencente a intenção de


levar as pessoas a algum lugar, porém quando não se sabe para

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onde, essa intenção se torna limitada e desprovida de ações que


façam sentido para o desenvolvimento humano.

A intenção caracteriza-se por intervenções capazes de dar


finalidade a prática, ter um propósito, saber o porquê do que se faz,
como se faz e o que pretende alcançar.

Para onde está indo com sua igreja? Consegue responder sem
pensar muito? Sabe todos os pontos fortes de sua comunidade
cristã? Está de fato atendendo o bairro onde ela está? Sabe qual a
visão, missão e valores que norteiam seu trabalho? Tem bem
definido a identidade de sua igreja? Ah! como as respostas a essas
questões fazem diferença no trabalho a ser desenvolvido. Deus em
todo tempo foi muito intencional naquilo que Ele fazia, e Jesus
também.

Vejamos:

José foi vendido por seus irmãos para o Egito (Gn 37.12-26),
contudo, havia um propósito maior nisso, mesmo sem eles saberem,
mais tarde se cumpriria uma promessa feita a Abraão (Gn15.12-16),
nos seus descentes no Egito.

Quer mais intencional que o Tabernáculo? Tudo nesse lugar


inspirava ao ensino, havia uma coerência total em todos os
ambientes, modo de preparo, vida dos sacerdotes e sumo sacerdote,
tudo apontava para o futuro. Deus em todo tempo sabendo o que
queria fazer, como fazer, quando fazer, e aonde queria chegar com
o Tabernáculo, isso é fantástico! Nenhuma ação de Deus foi
desprovida de propósito.

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Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a


imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano,
pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.

Hebreus 10:1

O ser Humano

O grande agente que sofre todo esse processo educativo é o


homem. A educação sem o ser humano não tem o porquê de sua
existência. Mas, quem é esse ser que precisa ser educado e
ensinado? Que é necessário trabalhar as suas potencialidades? Para
compreensão, deve-se observar alguns pontos:
Segundo Gênesis 1.26, o homem foi feito a imagem e
semelhança de Deus, ou seja, com caráter e personalidade divina.
Porém, com a queda descrita em Gn 3. 7-12, essa imagem foi
deturpada e o homem perdeu o direito de estar no jardim desfrutando
de todos os benefícios que o Criador havia preparado para ele.
Agora, esse homem terá que trabalhar e lutar por sua sobrevivência
e retornar para o seu Deus e para isso terá que aprender a fazer isso.
Segundo Wesley3, a queda tornou o ser humano ― contrário a
imagem pura e santa de Deus, onde o homem foi originalmente
criado (...). Assim, a queda afetou os relacionamentos espiritual e
interpessoal, tornando o indivíduo não regenerado (...)4

A Filosofia considera o homem como um ser vivo, capaz de


usar a razão, capaz da formação de conceitos e de entender as

3 John Wesley (1703-1791) foi um reverendo anglicano e teólogo britânico. Lider e


percursos do Movimento Metodista ocorrido na Inglaterra no século XVIII.
4 COUTO, Vinícius, Depravação Total. Ed Reflexão, São Paulo 2021.

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diferenças entre as coisas. A condição humana e seus significados


interessou a vários filósofos importantes, entre os quais podem ser
citados Aristóteles, Platão e Jean-Paul Sartre.
Para a sociologia, o ser humano não sabe viver isolado, precisa
da interação com seus semelhantes a fim de buscar o seu
autoconhecimento, captar e guarda informações e, portanto, atinge
níveis de conhecimento, melhorando, assim, o convívio social.

Somos sociais não apenas porque dependemos de outros para


viver, mas porque os outros influenciam na maneira como vivemos e
aquilo que fazemos. (Eugênio Mussak). O homem vive em sociedade
e esse fato não é acidental ou fortuito, pois sem a socialização o
indivíduo não se desenvolve enquanto ser humano.

Nesses três breves respectivas percebe-se que o homem na sua


essência é um ser social, criado para produzir, com capacidade de
conquistar, aprender, crescer, interagir, mas para tudo isso terá que
aprender a ser, aprender fazer, aprender a conhecer e aprender a
conviver.

A educação é algo inerente à humanidade em todo lugar e dentro


de todas as possibilidades o ensino se fará presente, necessário e
indispensável.

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Educação na Prática

Planejamento Estratégico

A perspectiva educativa presente nesse espaço toma um rumo


a partir do momento em que suas ações passam a ser orientadas
pelo fazer pedagógico (planejamento). Agora, você já tem ciência
que existem ferramentas fortes disponíveis em seu espaço chamado
igreja e que só precisam receber direcionamentos assertivos para
que haja o desenvolvimento da potencialidade em todo o seu
ambiente e produzir crescimento em todas as esferas: espiritual,
membresia, competências, habilidades, novos espaços e assim
atingindo o que é o mais importante, a comunidade na qual essa
igreja está inserida.

Na educação institucionalizada se trabalha com o


planejamento de aula, e na igreja vamos desenvolver os 3 segredos
da educação na prática trabalhando com o Planejamento Estratégico.
É com ele que desenvolve a autonomia, se atua com
intencionalidade, desenvolve a formação dos membros e valoriza o
ser humano que faz parta da comunidade cristã.

Alvarez (2006) apud 5 , diz que o planejamento estratégico


implica falar de um plano inteligente que defina a organização, os
principais passos a seguir para garantir o seu crescimento e
desenvolvimento organizacional em breve. Conheça, então pelo
menos 4 vantagens de ter uma igreja organizada por meio de um
planejamento estratégico.

5 Material da FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA, pg 51

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Identificação
Gestão Comunicação Agilidade das
de
Organizada Alinhada Açõe
Oportunidades

Figura 1 Planejamento Estratégico e suas vantagens

1. Gestão Organizada
Um bom planejamento estratégico garante clareza quanto ao
papel a ser cumprido pela igreja na comunidade onde está inserida.
A descrição da missão, visão e valores guia as atividades diária da
mesma, auxiliando tanto nas decisões administrativas como nas
demais atividades, seja no atendimento ao membro ou no
relacionamento com visitantes e colaboradores, pois todas as
interações e operações da igreja devem refletir os valores que a
caracterizam e que foram divulgadas.

2. Comunicação Alinhada
Ao informar os resultados que estão sendo buscados, a
importância do Planejamento Estratégico também se desdobra para
o restante da equipe, que passa a entender seu papel na estratégia
da organização, através de ações fundamentadas e objetivos pré-
definidos. Este alinhamento, composto pelo desdobramento e

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comunicação da estratégia para os demais membros da equipe,


reforça os objetivos a serem perseguidos durante o período
estabelecido. Ou seja, a existência de um bom planejamento
estratégico permite que a pastor passe, de forma objetiva e clara, as
diretrizes que nortearão o trabalho de cada um dos líderes para obter
os resultados desejados, assim não há dúvidas quanto ao
desempenho esperado para cada uma das áreas da igreja.

3. Agilidade Das Ações


O planejamento estratégico é o guia condutor das ações da
igreja. A partir dele é possível descrever as atividades que serão
necessárias para o crescimento da mesma. Estas atividades avaliam
desde como a igreja se posiciona perante a comunidade no presente
e em relação ao futuro, como também orientam sobre o que tem de
ser feito para cumprir as premissas que pautam as práticas daquela
da igreja. Através de um planejamento estratégico bem elaborado, as
atividades internas se tornam dinâmicas e é possível ter uma
diminuição no tempo de resposta entre um acontecimento e outro,
pois as ações e próximos passos já estão previstos dentro do
planejamento.
A clareza das informações e a delegação das atividades
também são fatores que influenciam na execução do plano
estratégico, pois valorizam o voluntariado, ao passo que também
incentivam a autonomia e encorajam a proatividade dos
colaboradores (tendo em vista os pilares que guiam a igreja e a
estratégia), estimulando uma série de atitudes que otimizam os seus
recursos.

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4. Identificação De Oportunidades
Os levantamentos previstos no desenvolvimento do
Planejamento Estratégico ampliam os horizontes para o futuro da
igreja, pois permite analisar o desenvolvimento dos membros, os
dons e ministério de cada pessoa envolvida com a comunidade
cristã. Fatores estes que interferem diretamente no crescimento da
igreja. Tais avaliações reforçam a importância do planejamento
estratégico, pois a partir do seu desenvolvimento, novas
oportunidades
podem ser
identificadas. E
uma vez
Identificação
de
Agilidade nas oportunidades reconhecido o
ações

talento de cada
Comunicação
alinhada
um, podem se
gestão tornar potenciais
organizada

Figura 2-ações assertivas=crescimento líderes que


ajudarão o pastor
no cuidado do rebanho.
As vantagens descritas acima apenas reforçam o papel e a
importância do planejamento estratégico. Ele é como um mapa que
a igreja precisa ter para se direcionar todos os dias, a fim de não
perder o foco.
A constante revisão da estratégia, em tempo menor do que o
ciclo anual, tendo em vista a dinâmica da igreja e a análise
aprofundada de novas informações, garantem decisões assertivas e
alinhadas com as propostas estabelecidas.
Em contrapartida, o desenvolvimento e a implantação correta
deste processo só comprovam a importância do planejamento

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estratégico, pois ao direcionar os recursos, integrar e valorizar a


equipe – que se sente confiante para resolver as dificuldades diárias
garante os fatores necessários para conquistar os resultados
esperados e ser uma igreja bem-sucedida, orientada segunda uma
estratégia bem definida.
Importante ressaltar que um planejamento estratégico não é
uma forma de substituir a ação do Espírito Santo na igreja, pelo
contrário, um planejamento estratégico direcionado por Deus vai
levar essa igreja a ser expressiva na terra e assim cumprir com a
missão do pregar o Evangelho com mais eficácia e eficiência.

Formação de Liderança

Jesus foi bem claro quando deixou uma ordem para a sua
igreja: Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-
os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Mateus 28:19,20.
Ensinar é um dos papeis da igreja bem como fazer discípulos.
Interessante Jesus coloca ensino e prática no mesmo patamar de
formação. Se ensina fazendo e se aprende ensinando. Dessa forma
é que o homem vai se aperfeiçoando, como cita Pitágoras “A melhor
maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de
Deus.” apud6. O crescimento vem conforme o homem se aproxima
de Deus e seus valores vão sendo alinhados com os de seus criador
e assim vai promovendo competências que o ajudam na vida, no

6 ARAÚJO, Paulo Roberto – A Bíblia e a Gestão de Pessoas, pg 4

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trabalho, na igreja etc. Para Araújo (2012) Não há desenvolvimento


pessoal sem a transmissão de conhecimento, e não há conhecimento
que se sustente sem a aprendizagem. Conhecimento que não
promove mudança de comportamento é apenas informação.
Toda igreja que deseja ser grande precisa ter em sua missão o
desenvolvimento das pessoas que a compõe, pois, esse desejo só
será possível de ser conquistado com aqueles que atuam nela, a
força de sua igreja está diretamente ligada a força de seu capital
intelectual7
Em sua igreja existe um programa de formação para líderes?
Membros? Novos convertidos?

Autonomia

7 Capital Intelectual - é o conjunto de conhecimentos e informações, ou seja, a soma


do capital humano e o capital estrutural.[1] Pode ser definido como seres humanos. Esses
conhecimentos podem ser tácitos - advindos das experiências ao longo da vida,
ou explícitos - são estruturados, criptografados e armazenados, sendo possível sua
transmissão a outras pessoas.[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital_intelectual

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Um bom exemplo para se falar de autonomia foi o que o próprio


Jesus fez com seus discípulos quando estavam todos apavorados
sem saber o que dá para a multidão comer.
― E, sendo chegada à tarde, os seus discípulos aproximaram-se
dele, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já avançada; despede a
multidão, para que vão pelas aldeias, e comprem comida para si.
Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão; dai-lhes vós de
comer.” Mateus 14:15,16

O que será que Jesus estava provocando nesses homens, se


não, a autonomia e proatividade? Fazer discípulo é levar o outro a ter
autonomia em Cristo, ensiná-lo a seguir a Jesus. Ensinar não é fazer
para ele, mas com ele. Não formamos pessoas para a igreja,
formamos para o Reino. O Evangelho provoca isso, liberdade,
libertação, caminhada. Paulo nos ensina: ―Me imite assim como eu
imito a Cristo‖ 1 Co. 11.1. O discipulado é uma excelente ferramenta
para essa possibilidade.
Quais vantagens de buscar trabalhar promovendo a autonomia
nos membros?
1. Crescimento e amadurecimento do crente
2. Líderes fortes
3. Crescimento número da igreja
4. Menos conflitos para se resolver
5. Relacionamentos mais saudáveis

Com isso o membro coloca em prática os 4 pilares de seu


desenvolvimento: Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender
a conviver e aprender a ser, assim a comunidade cresce, pois esta
composta por pessoas comprometidas e engajadas.

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O ser Humano

O ser humano é o grande agente de todo esse espaço, sem


ele, o espaço não teria razão de existir, porém é importante entender
que Deus é o grande arquiteto de todo esse plano educacional, pois
o seu propósito é levar o homem de volta para ele, e para isso, o
homem terá que aprender a fazer o caminho de volta para casa.

Ter em mente algumas necessidades primárias do ser humano


são importantes para pensar em como trabalhar isso para que ele se
sinta pertencente ao grupo cristão.

1. Todo ser humano quer se sentir aceito;

2. O ser humano necessita de relacionamento;

3. Todo ser humano precisa se sentir útil;

4. Todo ser humano busca benefícios em tudo o que faz;

5. Todo ser humano deseja satisfazer suas expectativas

Como trabalhar essas questões na prática?

1. Desenvolva um plano de integração;

2. Estabeleça um curso de membresia;

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3. Crie oportunidades para construir relacionamentos;

4. Encoraje cada membro a se unir a um pequeno grupo;

5. Mantenha abertas as linhas de comunicação

Quando a pessoa se sente envolvida na comunidade, desenvolve


o sentimento de pertencimento e, com isso, se torna comprometida
com as ações estabelecidas pelo seu pastor.

Conclusão

Ter a consciência de que a igreja é um espaço educativo muda


toda maneira de atuação nesse ambiente. As ações assertivas
produzem crescimento com qualidade, promovem membros
maduros e todos, desde crianças até o membro com maior idade,
conseguem desenvolver

as suas potencialidades. E, com isso, quem ganha é o Reino de


Deus, pois há o entendimento do serviço a Deus e, por consequência,
aos homens também. Contudo, um servir intencional, buscando a
promoção das habilidades, dons, ministérios, levando esse membro
à autonomia cristã, com formação direcionada para levar esse
homem de volta aos braços de seu Pai.

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Referências

FANK, Elisane. Educação em Espaço não Escolar. Ed Fael, Curitiba


2012.

WARREN, Rick. Uma Igreja com Propósito. Ed. Vida, São Paulo
2009.

https://fwsymnetics.com.br/blog/importancia-do-planejamento-
estrategico/
*Adaptado para realidade de igreja – Acessado 10/06/2021

https://ceejamarilia.wordpress.com/2020/07/02/o-homem-e-um-ser-
biologico-ou-sociologico/ - Acessado 10/06/2021

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