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CIÚME ROMÂNTICO: EMOÇÃO NATURAL OU NATURALIZADA?

Clara Helena Alves de Lima


Resumo
O objetivo deste trabalho é abordar o ciúme a partir de duas perspectivas principais: a
evolucionista, que propõe que o ciúme é emoção básica, inata, necessário às relações e ao
sucesso reprodutivo da espécie e, por outro lado, sob uma perspectiva materialista histórica,
que o enxerga enquanto um sentimento que ganhou espaço com o surgimento da monogamia,
servindo aos objetivos materiais específicos desta e que, ao longo da história, foi naturalizado
pela cultura, trazendo consequências atuais. O ciúme contemporâneo, para as áreas da saúde
mental, se apresenta sob duas formas de operação subjetiva: o “normal” e o “patológico”, o
que torna a discussão ainda mais necessária. Ele também está muito ligado a casos de
feminicídio e, também por isso, pode ser tomado como um expoente da cultura machista de
opressão. Desta forma, ao analisar criticamente e historicamente o ciúme e o modelo de
relação monogâmico a ele atrelado, buscou-se combater a sua visão romantizada e propor uma
reflexão sobre sua presença e necessidade nas relações atuais.
Palavras-chave: ciúme; monogamia; evolucionismo; materialismo histórico; poliamor

INTRODUÇÃO
O ciúme pode ser definido pela literatura como um estado emocional complexo ativado
quando há uma ameaça – real ou imaginária – para uma relação social valorizada,
motivando comportamentos que se contrapõem a essa ameaça. (Daly, Wilson e
Weghorst, 1982 e Pines 1992, apud Costa, 2005). Essa relação pode ser composta por
amigos, familiares, profissionais ou parceiros românticos. Desta forma, o ciúme
romântico é aquele desencadeado diante de uma ameaça para a relação romântica do
casal. Portanto, sente-se ciúme quando o indivíduo de alguma forma também sente a
possibilidade da perda da relação para um outro. A sensação de ameaça e o medo da
perda, então, envolve um terceiro agente numa relação que supostamente deveria ter
apenas dois. Envolve, portanto, a apreensão relacionada a infidelidade. É o receio de
não mais sermos importantes; é o medo de não sermos mais amados; o medo de não
possuirmos ou sermos donos de alguém; enfim, é o medo da solidão associado com o
abandono dos parceiros (Ferreira-Santos, 2003).

Costuma-se achar que, com certa limitação, o ciúme pode constituir uma demonstração
de preocupação e de interesse pelo outro, e sinalizar um reflexo desse amor (Almeida,
2007a). Nesse ponto, o ciúme dirigirá comportamentos de vigilância. Mas, se esse limite
tênue for ultrapassado, o ciúme leva quem o sente a agir visando tolher os direitos da
pessoa a ela vinculada. Assim, quando o ciúme se manifesta e se toma uma atitude a
partir disso, a pessoa visa exclusivamente preservar a si mesma das preocupações
futuras que lhe sejam custosas em relação ao investimento amoroso realizado,
assumindo uma postura egoísta (Almeida, 2007a).
A partir do ponto em que o ciúme toma conta do indivíduo que o sente, fica difícil
prever quais proporções esse sentimento tomará e quais atitudes por ele serão
motivadas. Essa relação pode se tornar destrutiva, e o ciúme, patológico e agressivo. O
ciúme patológico envolveria muito medo de perder o parceiro para um rival,
desconfiança excessiva e infundada, gerando significativo prejuízo no funcionamento
pessoal e interpessoal (Todd e Dewhurst, 1955 apud Buss, 2013). Não é difícil serem
noticiados casos de homens que matam seus cônjuges, tendo sido motivados por
ciúmes. Em relatório para o portal de notícias do G1, em 2019, a Secretaria de Segurança
Pública (SSP) mostrou que das 67 mulheres assassinadas em Brasília nos últimos três anos, 55
– ou, 82% das vítimas – foram mortas por causa de ciúmes. Portanto o ciúme, muito atrelado
ao sentimento de posse sobre o outro, foi um dos grandes motivadores desses casos de
feminicídio.
Busca-se, com este ensaio, abordar o tema sob duas lentes: ciúme enquanto emoção
básica, inata, a partir da perspectiva evolucionista e ciúme enquanto emoção sim
naturalizada, mas não essencial, nem à espécie, nem aos relacionamentos
contemporâneos, através de uma análise materialista histórica da monogamia. Ao
analisar criticamente e historicamente o modelo de relação amorosa a que o ciúme está
fundamentalmente atrelado, busca-se entender o que sustenta sua lógica e de que forma
enxergá-lo sob uma nova perspectiva, para assim evitar a supervalorização de um
sentimento que, potencialmente, pode destruir não só relações, mas vidas.
CIÚME E PERSPECTIVA EVOLUCIONISTA
A perspectiva evolucionista a respeito do ciúme, representada por David Buss com seu
livro “A paixão perigosa: por que o ciúme é tão necessário quanto o amor e o sexo”
(2000), propõe que o ciúme sexual é uma emoção primária básica, de bases evolutivas,
que estaria à serviço da garantia da reprodução, pois, segundo o autor, contribuiu para a
solução de problemas adaptativos do acasalamento.
Dessa forma, para ele, as principais funções do ciúme masculino seriam impedir a
infidelidade, impedir “caçadores” de companheiras e impedir a deserção do
companheirismo. Efeitos esses que contribuiriam para o sucesso reprodutivo do homem,
garantindo a certeza da paternidade e o monopólio da reprodução de seu cônjuge. E
sugere, além disso, que a retenção bem-sucedida de parceiros também pode contribuir
para a solução de um problema de sobrevivência, especialmente para mulheres que
mantêm companheiros que funcionam como "protetores”.
Partindo disso, Buss e outros psicólogos evolucionistas defendem que a presença do
ciúme é necessária às relações, marcando a existência de compromisso entre os
parceiros. Assim, há problema apenas quando o ciúme está ausente ou é excessivo; no
primeiro caso, na medida em que a presença do ciúme é interpretada como sinal de
amor, a sua ausência será sentida como falta de amor, e, no último caso, porque tende a
ser destrutivo à relação. (Buss, 2000).
Mesmo admitindo que, além de não estar à serviço da sobrevivência exatamente,
somente da reprodução, e carecer de uma expressão facial característica, David Buss
afirma haver fenômenos parecidos com o ciúme em outras espécies de primatas, os
chimpanzés. O que para ele corresponderia a argumentos suficientes para elencar o
ciúme como emoção básica.
Autores evolucionistas também propuseram outros benefícios do ciúme para as
relações: tal emoção ensinaria as pessoas a não menosprezarem seus parceiros; tornaria
o relacionamento mais duradouro e mais excitante; indicaria o amor pelo parceiro;
possibilitaria a avaliação do próprio relacionamento, entre outros. (Pines & Aronson,
1983, p. 124 apud Almeida e cols, 2008). Mas também elencaram que o ciúme pode
trazer prejuízos, que podem se voltar ao indivíduo ciumento, ao alvo de ciúme ou a
própria relação, além de terceiros envolvidos.
Os teóricos evolucionistas que partilham dessa perspectiva fazem também uma
diferenciação entre os sexos, pontuando que homens seriam mais afetados pelas
ameaças da infidelidade sexual enquanto a mulher pela ameaça da infidelidade
emocional. Argumentos que certamente abrem margem à uma interpretação de que, no
mínimo, sua teoria seria sexista, pois considera diferenças entre homens e mulheres de
um ponto de vista evolutivo, ignorando aspectos socioculturais, além de outras
configurações de relação que não sejam heterossexuais ou mesmo heteronormativas.
No entanto, de modo geral, a perspectiva evolucionista a respeito do ciúme, que o
considera presente em todas as relações valorizadas ou nas que exista “amor
verdadeiro” corrobora com a visão contemporânea a respeito de amor e ciúme, em que
se existe amor, existe ciúme, e o contrário é verdadeiro também. Mas, afinal de contas,
o ciúme é mesmo necessário? Todas as relações, em todos os tempos, apresentaram os
mesmos sentimentos de posse, insegurança pela perda, rivalidade, angústia? Ou, mais
grave ainda, sem ciúmes realmente não haveria garantia de reprodução, em tempos
remotos?
CIÚME E MONOGAMIA: UMA PERSPECTIVA MATERIALISTA
HISTÓRICA
Engels em sua obra intitulada “A origem da família, da propriedade privada e do
Estado” (1884), faz uma análise histórica interessantíssima que remonta tempos em que
a monogamia e os processos subjetivos que a ela estão atrelados nem sempre existiram.
É lícito pensar, a partir disso, que as relações não teriam o expoente da exclusividade e
individualidade que possuem hoje, então o ciúme enquanto medo de perder uma relação
valorada e particularizada não faria sentido.
Chama atenção em sua obra, os iroqueses da América nativa. Nesta sociedade, seus
integrantes chamam não somente seus próprios descendentes diretos de filhos, mas
também os descendentes de seus irmãos e irmãs. Bem como os filhos deles mesmos e de
seu irmãos e irmãs chamam a tios e tias de pais. Por serem então uma sociedade
praticante da poligamia dos homens e das mulheres, os filhos de uns ou dos outros eram
na verdade filhos comuns, daí a necessidade de se assumir uma relação familiar ampla
com todos da tribo.

A partir disso, o autor se debruça em explicar como a poligamia e poliandria de povos


antigos se desenvolveu historicamente e como chegamos a um cenário moderno em que
a monogamia é colocada se não como regra, como modelo de relação. Ele pontua que,
conforme as relações foram se complicando e houve a proibição do matrimônio entre
parentes consanguíneos, gerou-se uma enorme complicação nos casamentos, tornando
as uniões por grupos cada vez mais difíceis e até mesmo raras. Entretanto, como ele
salienta em vários pontos de sua obra, isso de maneira nenhuma representou um fim da
poligamia. Pode-se dizer que um homem e uma mulher passaram a viver juntos, mas ao
homem, a poligamia e a “infidelidade ocasional” continuou sendo direito, ao passo que
à mulher, sempre fora exigido a fidelidade e o adultério estaria sujeito à punições e
castigos cruéis.

A família monogâmica veio acompanhada, não coincidentemente, do fim da


coletivização dos recursos, e do fim do que o autor chamou de “comunismo primitivo”.
Ela veio para garantir a procriação de filhos de uma “paternidade indiscutível”. Assim,
o filho herdeiro direto do pai poderia assumir seus recursos futuramente e garantir que a
fortuna ficasse numa mesma linhagem. Sendo, por conta disso, a fidelidade da mulher
ao homem importante e garantida pelo mecanismo de opressão e punição deste sobre
ela. Mas, como dito antes, a poligamia do homem continuou sendo direito garantido.
Direito que ele também possuía sobre suas escravas, de quem sua mulher era
encarregada de vigiar:

“A monogamia nasceu da concentração de grandes riquezas nas mesmas mãos - as de um


homem - e do desejo de transmitir essas riquezas, por herança, aos filhos deste homem,
excluídos os filhos de qualquer outro. Para isso era necessária a monogamia da mulher,
mas não a do homem; tanto assim que a monogamia daquela não constituiu o menor
empecilho à poligamia, oculta ou descarada, deste” (Pag. 82)

Dessa forma, Engels fez uma impressionante análise de que a primeira divisão de
classes se deu com o advento do antagonismo entre homens e mulheres na relação
monogâmica. Na qual houve a opressão do sexo masculino sobre o sexo feminino e a
divisão primeira do trabalho: à mulher o cuidado da casa, dos filhos e a vigília aos
escravos era dever; ao homem era dever a manutenção e desenvolvimento dos recursos
privados. Dessa forma, o aparato da família constituída com base na monogamia e no
patriarcado se mostrou uma importante garantia da apropriação e acumulação de
recursos e, mais tarde, da sociedade capitalista.

"Essa foi a origem da monogamia, tal como pudemos observá-la no povo mais culto e
desenvolvido da antiguidade. De modo algum foi fruto do amor sexual individual, com o
qual nada tinha em comum, já que os casamentos, antes como agora, permaneceram
casamentos de conveniência. Foi a primeira forma de família que não se baseava em
condições naturais, mas econômicas, e concretamente no triunfo da propriedade privada
sobre a propriedade comum primitiva, originada espontaneamente. Os gregos proclamavam
abertamente que os únicos objetivos da monogamia eram a preponderância do homem na
família e a procriação de filhos que só pudessem ser seus para herdar dele” (Pag. 70)

Faz sentido a ideia de que a necessidade de uma relação individualizada e a dois não se
deu por preocupações intrinsicamente reprodutivas e evolutivas, mas sim econômicas.
Portanto, a concepção do ciúme como emoção necessária só faz sentido se fosse
pensado também na necessidade da monogamia, que o livro de Engels faz um bom
trabalho em colocar em questão.

O autor chega a analisar brevemente o ciúme presente no macho primitivo. Esse ciúme
impõe o laço e o limite para uma relação familiar nos moldes que conhecemos. Assim, o
ciúme seria o responsável por conter o desenvolvimento das hordas. Sendo as hordas
níveis mais elevados de organização social coletivistas, pois teriam uma função
protetiva e auto defensiva. Por conta disso, o ciúme era algo que não poderia existir
latente nas relações desses grupos:
“Um animal tão sem meios de defesa como aquele que se estava tornando o homem
pôde sobreviver em pequeno número, inclusive numa situação de isolamento, em que a
forma de sociabilidade mais evoluída era o casal, forma que Westermarck, baseando-se
em informações de caçadores, atribui ao gorila e ao chimpanzé. Mas, para sair da
animalidade, para realizar o maior progresso que a natureza conhece, era preciso mais
um elemento: substituir a falta de poder defensivo do homem isolado pela união de
forças e pela ação comum da horda” (Pag. 35)

E, ainda:

“A tolerância recíproca entre os machos adultos e a ausência de ciúmes constituíram a


primeira condição para que se pudessem formar esses grupos numerosos e estáveis, em
cujo seio, unicamente, podia operar-se a transformação do animal em homem." (Pag.
35)

Dessa forma, pode-se constatar que não somente o ciúme atrapalharia a sobrevivência
em moldes evolutivos - e disso David Buss não discorda realmente - mas ele também se
mostra irrelevante para uma reprodução bem-sucedida, visto que havia pouco espaço
para ele mesmo em sociedades poligâmicas e poliandricas primitivas. A ausência dessa
emoção tida como básica pelos evolucionistas não impediu o desenvolvimento dessas
sociedades, em que o conceito de “família” era muito mais próximo do conceito de
matrimônio por grupo e formas de casamentos “coletivas” do que de um casal e os
filhos que dele podem nascer. Assim, Engels coloca o ciúme como um sentimento que
foi desenvolvido relativamente tarde, e, mais profundo ainda, coloca a monogamia
como uma invenção valiosa das sociedades. Logo, se o ciúme nasceu no contexto da
relação monogâmica, ele nasceu de um aparato criado pela sociedade do capital para
garantir seus interesses econômicos.

Essa análise desconstrói a ideia de ciúme enquanto garantia evolutiva da reprodução.


Mas, pode-se sim dizer que ele é natural, porque condições sociais são eventualmente
naturalizadas pela cultura e pelas instituições hegemônicas de uma dada época. O
próprio Buss, quando cita o advento do fogo, fala que para algo se tornar universal basta
ser espalhado pelas populações através de um processo de transmissão cultural, como de
fato aconteceu com o fogo, uma feliz incidência. (Buss, 2013)

Busca-se, então, compreender o ciúme romântico não como uma emoção básica ou
inata, longe disso, ele é compreendido como sentimento complexo muito interligado ao
modelo familiar monogâmico, modelo esse que foi fundamental para a construção de
uma sociedade capitalista. Esse sentimento que, sim, pode estar incutido desde o início
do desenvolvimento nos indivíduos e sendo constantemente transformado e tolerado por
eles, é na verdade fruto de longos anos de socialização dentro de uma cultura que o
sustenta justamente porque precisa dele. Do ponto de vista materialista histórico, a
realidade e os fenômenos sociais são construídos a partir de uma dialética. Por meio
dela, os homens e suas relações materiais, com todas as nuances do tempo em que
vivem, constroem a cultura e por ela são modelados. Da mesma maneira, emoções
complexas e sentimentos que envolvem níveis diferentes de processamento podem ser
também encarados como fruto dessa dialética.
CIÚME, MONOGAMIA, AMOR E ATUALIDADE
Quando se faz essa análise de relações, em que o matrimônio se tornou verdadeiro
patrimônio, símbolo da garantia posterior à propriedade privada dominada pelo homem,
e no qual a mulher passou a ter valor somente reprodutivo, tem-se necessariamente que
avaliar suas transformações e implicações até os dias de hoje. Considerando, sobretudo,
a criação da burguesia e do capitalismo, em que valores de racionalidade, liberdade e
individualidade promoveram uma grande transformação social acompanhada dessas
transformações econômicas.
Engels, em sua obra, pontua como a valoração do homem e da mulher enquanto
produtos dentro de suas próprias relações se desenvolveu, aos poucos, para a concepção
de serem sujeitos individuais dentro das mesmas:
“E, entretanto - a ironia da história do mundo é insondável - seria precisamente o
capitalismo que abriria nesse modo de matrimônio a brecha decisiva. Ao transformar
todas as coisas em mercadorias, a produção capitalista destruiu todas as antigas relações
tradicionais e substituiu os costumes herdados e os direitos históricos pela compra e
venda, pelo "livre" contrato. ” (Pag. 86)

O que Engels começa a argumentar é que para firmar contratos livremente, as pessoas
precisavam elas mesmas se sentirem possuidoras dessas características. Dessa forma, o
autor demonstra o motivo pelo qual a produção capitalista se debruçou sobre a tarefa de
torná-las "livres" e "iguais". As relações de matrimônio incorporaram a perspectiva do
“livre arbítrio” difundido pelo protestantismo, e o casamento passou a ter credibilidade
sob a ótica do amor recíproco e da escolha entre as partes.
Logo, principalmente a partir da segunda metade do século XVIII – que não por acaso
foi marcado pela revolução industrial burguesa –, pelo menos no que se refere às
condutas sociais das elites, o antigo ideal matrimonial se transformou e começou ele
mesmo a vincular casamento e amor com base na escolha individual, a partir do qual se
autoriza o sentimento de ciúme entre os parceiros. Acompanhando as tendências
renascentistas, o amor tende a ganhar valor como experiência legítima e básica para o
casal, estritamente vinculado a uma individualidade que progressivamente se
autonomiza em relação à ordem social (Branden, 1998, Lázaro, 1996 apud Almeida e
cols, 2011).
O movimento literário que coincidiu historicamente com a Revolução Industrial, no
final do século XVIII, chamado Romantismo, encaixava-se perfeitamente na lógica
individualista de mundo. Nele, o indivíduo era visto como um fim em si mesmo e, por
isso, deveria ser livre para escolher seus projetos, inclusive os amorosos. A proposta era
que a vida amorosa não fosse mais governada por nenhum fator que não fosse o próprio
indivíduo e segundo seus sentimentos e valores – revolucionados pelos ideais
renascentistas e iluministas. E, embora casamentos por amor possam ter existido em
séculos anteriores, neste período - em diferentes graus de importância, de acordo com o
grupo cultural em questão - eles passaram a configurar um ideal social e, de forma
crescente, a norma geral. (Almeida e Lourenço, 2011)
Dentro dessas relações, a preocupação com o comprometimento e a manutenção do
amor passou a vigorar, pois estar comprometido com alguém requeria a livre vontade,
portanto, o esforço individual de cada sujeito. Nesse sentido, Bauman (2004), aponta
que as bases primordiais dos relacionamentos contemporâneos são a confiança e a
afinidade, bases essas que precisam ser construídas no interior da relação e que,
justamente por isso, não se mantêm sem a dedicação e o compromisso de ambas as
partes.
Porém, intrínseca a uma lógica cultural do consumo, a crescente descartabilidade dos
produtos se estende também às relações, em que os indivíduos buscam formar laços que
lhes confiram maior praticidade e menor perda de “recursos” – que seria o ônus trazido
pela dedicação e compromisso. Assim, os esforços para manter as relações podem
representar um “preço” muito caro a se pagar, propiciando que sentimentos como a
insegurança e o ciúme, atrelados à rivalidade e o medo da perda, se transformem em um
sinalizador do risco e também da segurança que se sente nessa relação.
Dado esse panorama geral, pode-se resumir no que se baseia o modelo de
relacionamento monogâmico atual: uma escolha livre de dois indivíduos igualmente
“livres” e que se amam, sendo o amor constantemente ameaçado pela facilidade do
descarte e da troca da relação – dada a própria liberdade desses indivíduos – e tendo o
ciúme como prova desse amor e compromisso, ao mesmo tempo que é sinalizador do
risco da relação. Nessa lógica, monogamia e ciúme estão intrinsicamente ligados, da
mesma forma que amor e ciúme também.
Costa e Cols. (2014) realizaram um estudo com 200 estudantes universitários, dentre
eles havia 100 homens e 100 mulheres. Os autores usaram um questionário que os
participantes respondiam de acordo com uma escala likert. Primeiro, eram apresentadas
3 situações em que um homem encontrava sua esposa. Situação 1: inócua: homem
andando na rua e vê sua esposa rindo e conversando com um homem que ele não
conhece; 2) forte flerte: homem andando na rua e vê sua esposa sorrindo e conversando
com um homem que ele não conhece. Durante a conversa ela toca na coxa do homem
desconhecido, se inclina, sussurra algo em seu ouvido e depois o beija na bochecha; 3)
traição: ao chegar em casa homem encontra sua esposa fazendo sexo com outro homem.
Após a apresentação, os participantes leram sobre duas reações desses maridos: uma em
que ele apresenta ciúme e uma em que ele não o apresenta. Em seguida eles respondiam
no questionário o quanto: a) consideravam que cada marido amava sua esposa, b)
desejava cuidar da esposa, c) queria estar com a esposa, d) respeitava sua esposa e e)
tempo que o casamento ainda duraria (prognóstico). E, por último, era solicitado que os
participantes classificassem nessa mesma escala quão apropriada, aceitável e racional
era cada reação dos maridos e o quanto consideravam cada marido como imaturo,
inseguro e tolo.
Os autores confirmaram a hipótese de que “à medida que o comportamento da mulher
ou a situação se tornava mais provocativa, os participantes perceberiam a reação do
marido ciumento como mais amorosa e favorável em comparação com a reação do
marido não ciumento”. Dessa forma, não só as pessoas relacionaram amor e ciúme,
como ainda foram além: o quão mais provocativa era a situação em que a mulher se
encontrava, mais compreensão e aceitação social se tinha pelo comportamento
emocional ciumento do marido. O que mostra que, de fato, há uma cultura que relaciona
amor e ciúmes e que, sobretudo, legitima o comportamento ciumento, mesmo que sob
determinados limites – o qual nem a literatura e nem o cotidiano deixa claro quais são.
O POLIAMOR É A SAÍDA PARA UMA RELAÇÃO SEM CIÚME?
A experiência mostra que há ciúme em todo tipo de relação: nas relações familiares, nas
relações profissionais, nas relações de amizade e, sobretudo, nas relações sexuais
monogâmicas, sejam elas heterossexuais ou homossexuais, mas, será que o ciúme
também se mostra presente nas relações poliamorosas atuais? Se é imprescindível
entender que não havia espaço para o sentimento de ciúme nas relações matrimoniais de
povos antigos praticantes da poligamia e poliandria, é lícito pensar que hoje ele também
não estará presente nas mesmas?
Uma relação poliamorosa e poligâmica/poliândrica são distintas em seu significado,
mas no senso comum abrigam semelhanças fundamentais. O poliamor se refere a
situação romântica e sexual das pessoas envolvidas, enquanto que a poligamia
representa a condição legal conjugal dessas (poligamia se refere ao homem que se casa
com várias mulheres e poliandria quando é a mulher que se casa com vários homens).
No entanto, ambas representam o envolvimento entre três ou mais pessoas.
No poliamor essas pessoas decidem livremente se relacionar romântica e/ou
sexualmente umas com as outras, e mesmo que não se relacionem com mais de uma
pessoa, não se opõem que o seu parceiro o faça. Portanto, pode haver diferentes
configurações relacionais dentro desse modelo: um dos membros mantêm
relacionamento com outros, mas esses outros não se relacionam entre si, podendo se
relacionar com “terceiros” ou não; todos os membros se relacionam entre si; dois ou
mais membros possuem uma relação hierárquica sobre os outros, constituindo um
núcleo principal dentro da relação; os membros moram todos juntos ou não; alguns
membros recebem títulos convencionais como “namorado(a)(e)”, enquanto que outros
não. Enfim, assim como relações monogâmicas podem ter regras especiais e se
configurar de diferentes formas, relações poliamorosas também podem assumir
formatos distintos.
Relações poliamorosas partem da premissa da liberdade afetivo sexual do outro e do
consentimento entre as partes, elas buscam romper a ideia de propriedade sobre o outro
e de exclusividade presente nas relações monogâmicas. Nelas, o ideário é que eu não
“tenho” o outro, mas, “estou com” o outro. (Júnior e Moreira, 2018). Dessa forma, o
sentimento de ciúme não parece ser bem quisto enquanto expressão máxima da ideia de
posse.
Júnior e Moreira (2018) realizaram uma pesquisa em que entrevistaram três membros de
relações poliamorosas, configuradas de diferentes maneiras: quadrisal (dois homens e
duas mulheres), relacionamento em V (3 mulheres) e trisal (um homem e duas
mulheres). Nessas entrevistas, os autores notaram que o ciúme se encontrava presente,
mesmo que não exatamente sob a forma da quebra da exclusividade e medo da perda,
como geralmente é expresso nas relações monogâmicas.
Nesses relacionamentos, o ciúme se apresentou com a conotação da insegurança pessoal
e da quebra de acordos, além de relacionado a dificuldades de administrar o tempo. No
que se refere a quebra de acordos, o envolvimento de pessoas que não faziam parte da
configuração amorosa combinada foi um gerador de ciúme e desentendimento entre as
partes.
Conclui-se, então, que é sim possível haver ciúme em relações não-monogâmicas atuais.
Ele não está relacionado à quebra da exclusividade entre duas partes, mas sim a uma
falha na manutenção do que é conversado e decidido conjuntamente. O que no final das
contas, tem profunda relação com a presença de uma ameaça externa (tão tipicamente
citada na definição de ciúme), que põe em xeque o papel que cada indivíduo
desempenha naquele relacionamento. A exclusividade então, típica de relações
monogâmicas, parece se estender aos membros de certas relações poliamorosas
enquanto uma “consciência grupal”, em que outras pessoas alheias a essa relação podem
representar a “ameaça” a ela. Resumindo: mesmo as relações poliamorosas atuais estão
inundadas pela lógica das relações monogâmicas, sendo uma tarefa muito difícil
revolucionar valores tão profundamente enraizados.

Entretanto, tornar a relação poliamorosa “propriedade privada”, conversando com a


lógica da monogamia, não é a única condição sobre a qual o ciúme se apresenta nelas,
visto que, como dito antes, sua fonte nessas relações também foi a insegurança pessoal e
a falta de administração do tempo. Tal consideração mostra que, para que o ciúme deixe
de existir ou no mínimo deixe de ser cultuado dentro de qualquer relacionamento, é
mais eficaz trabalhá-lo no indivíduo, e não nas diferentes formas com que esse
indivíduo pode vir a se relacionar.
COMO LIDAR COM O CIÚME?
É inegável a importância de se estudar o ciúme e suas possíveis intervenções, visto seu
potencial destrutivo para as relações e vidas. Deeke e cols (2009) em seu estudo sobre a
dinâmica da violência doméstica, analisaram nos discursos de homens e mulheres que o
ciúme foi fator prevalente e desencadeador das situações de violência, apontado por
metade das mulheres vítimas de agressão pelo parceiro e por 23% dos homens.
Como aponta Dalgalarrondo (2008, p. 220), “pacientes com intensa atividade delirante
do tipo ciúmes não raramente cometem violência física ou mesmo homicídio contra o(a)
suposto(a) “traidor(a)”. Nesse sentido, o ciúme ganha enfoque também pelos
profissionais de psiquiatria e psicologia, visto que pode facilmente alcançar sua forma
patológica, causando sofrimento e prejuízos ainda maiores para o sujeito que o sente,
seu alvo e os terceiros envolvidos.
O ciúme patológico pode ser definido, então, como um grande desejo de controle total
sobre os sentimentos e comportamentos do companheiro. Acompanhado de
preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, isto é, ciúme do passado dos
parceiros, as quais podem ocorrer na forma de pensamentos repetitivos, imagens
intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos antigos e seus detalhes (Cavalcante, 1997).
Esses sentimentos envolveriam um medo desproporcional de perder o parceiro para um
rival (real atual, ex-parceiros, ou mesmo, rivais imaginários), desconfiança excessiva e
infundada. Outros sentimentos como ansiedade, depressão, raiva, vergonha,
insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e desejo de
retaliação também são frequentemente experimentados. (Almeida e cols, 2008).
Algumas áreas da psicologia, como a analítico-comportamental, não admitem tratar um
fenômeno subjetivo excluindo variáveis da história do indivíduo e do contexto social.
Portanto, para os analistas do comportamento, o ciúme só existe como tal em função de
uma cultura que reforça esse padrão. Dessa forma, o ciúme não é necessário às relações
mesmo sendo um padrão esperado e reforçado culturalmente. (Costa, 2005)
Assim, a proposta dessa área consiste em alterar os padrões de comportamento
relacionados ao ciúme no ambiente psicoterapêutico, quando esses se mostram
maléficos ao indivíduo, ainda que na prática isso se torne um desafio para o
profissional.
Quando o ciúme patológico é tratado como uma manifestação do Transtorno Obsessivo
Compulsivo (TOC), por exemplo, uma abordagem interventiva denominada "terapia de
melhoria do relacionamento", chama atenção na literatura. Ela consiste em: controle da
raiva e da violência, treino de comunicação e assertividade, aconselhamento,
dessensibilização a estímulos desencadeantes das preocupações, parada de pensamento,
técnicas de relaxamento, de inversão de papéis, de exposição com prevenção de
resposta, técnicas cognitivas e uso de psicofármacos. (Torres e cols, 1999)
Na psicanálise, quando o ciúme é do tipo projetado, ele deriva-se tanto nos homens
quanto nas mulheres, de sua própria infidelidade concreta na vida real ou de impulsos
no sentido dela que sucumbiram à repressão. Freud observa que no trabalho analítico o
foco não deve ser a suposta infidelidade do outro, e sim as fantasias de infidelidade do
próprio paciente. (Mallmann, 2015).
Visto isso, existem muitas abordagens e muitas formas de ver e tratar o ciúme dentro do
ambiente de terapia, seja em sua forma patológica ou “normal” – mas geradora de
sofrimento.
Para além de um ambiente terapêutico, no entanto, o que se mostra essencial é o
questionamento, por cada sujeito, a respeito da necessidade de manutenção desse
sentimento em suas relações interpessoais. É necessário analisar o ciúme enquanto
sentimento profundamente relacionado com a monogamia como estratégia econômica
de acumulação de recursos e no contexto do surgimento da propriedade privada. Assim,
põe-se sua existência como mecanismo suplementar da ordem vigente, que é em si
opressora e destrutiva.
O ciúme mata e é a expressão do machismo enraizado que vê a mulher como objeto de
posse e que concebe ao homem o direito de oprimi-la, puni-la e até de matá-la quando
esta não delega sua sexualidade apenas a ele. E mesmo que o ciúme não seja sentido só
pelos homens ou só em relações heterossexuais, é nesse nicho que os casos de
feminicídio acontecem, escancarando a sociedade patológica que o sustenta. Além
disso, valores de subjetividade amplamente difundidos se expressam em diferentes
contextos, não necessariamente naqueles de sua origem, porque é do interesse de
sociedades capitalistas que todos, até os excluídos de seus planos, internalizem a sua
verdade. É necessário, portanto, que todos possam reavaliar seus modelos de relação e
de que maneira corroboram para que o ciúme continue a ser valorizado não só na
intimidade, mas também na propaganda literária e midiática.
CONCLUSÃO
Conclui-se, com a presente análise, que 1. O ciúme não é uma emoção inata e não
nasceu da necessidade de garantir a reprodução, ele é um sentimento complexo que
surgiu em um meio sociocultural de valoração da monogamia por razões explicitamente
econômicas e é reforçado por esse meio, pois representa a garantia de tal modelo de
relação; e 2. O problema do ciúme está para além das formas de se relacionar mono ou
poliamorosas, porque na verdade qualquer relação que se dê na atualidade não está livre
de valores transmitidos historicamente pela cultura, e um dia resolveu-se ensinar que o
amor romântico só comporta duas pessoas, portanto essas pessoas deveriam temer a
intromissão de terceiros nessa relação. Graças a isso, sentimentos como o ciúme
ganharam forma e expressão na subjetividade humana, servindo, nos dias de hoje, como
pano de fundo para opressões e crimes, ao mesmo tempo que é naturalizado nos
romances e telenovelas.
Logo, a saída para se deixar de sentir ciúme ou ao menos “educá-lo” não pode estar na
relação que se escolhe ter, mas sim na iniciativa de uma reeducação socioemocional e
do comprometimento para impedir a banalização de discursos que legitimam e
romantizam tal sentimento.

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