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Relacionamentos Abusivos, Literatura E Contos De Fadas: Uma Reflexão A

Partir Do Livro “Não Se Humilha, Não”


Abusive Relationships, Literature And Fairy Tales: A Reflection Based On The
Book “Don't Humble, Don't”

Daniely de Souto dos Santos1


Cibele Soares da Silva Costa2
RESUMO

Este artigo tem como objetivo realizar um levantamento dos fatores que podem retardar
a tomada de decisão da mulher que vive uma relação afetiva abusiva. A partir disso, analisou-
se o livro “Não se humilha, não” que conta a história de uma jovem de classe média,
estudante de direito, que inicia um relacionamento amoroso com um jovem da sua turma da
faculdade, herdeiro de uma das famílias mais ricas e tradicionais de Juiz de Fora/MG. Os
dados desta pesquisa foram levantados por meio de uma pesquisa documental e exploratória.
A pesquisa realizada foi uma pesquisa documental. Os dados foram analisados a partir da
análise de conteúdo de Bardin (2010), foram realizadas fichas para codificação de trechos do
livro. Os dados foram analisados, com o desígnio de colocar unidades de registros, ou
significação a partir dos temas e unidades de conteúdo, das quais foram construídas a
posteriori as classes temáticas: expressões de violência, dependência emocional e rede de
apoio; também foram encontradas categorias dentro das respectivas classes, sendo elas:
violência psicológica, violência física, afastamento familiar, gaslighting, fantasia, amigos e
familiar. Conclui-se que compreender os fatores pode colaborar e auxiliar para a antecipação
dos tipos de violências aqui tratados, tal como, oportunizar e colaborar para a intervenção
psicológica com as vítimas, e de agressores.

Palavras chave: Não se humilha, não. Dependência emocional. Violência Psicológica.


Fantasia.

ABSTRACT
This article aims to carry out a survey of the factors that can delay the decision-making of the
woman who lives in an abusive affective relationship. Based on this, the book “Don't humble,
don’t” was analyzed, which tells the story of a middle-class young woman, a law student, who
starts a romantic relationship with a young man in her college class, heir to one of the families
richest and most traditional of Juiz de Fora/MG. The data of this research were raised through
a documental and exploratory research. The research carried out was a documentary research.
The data were analyzed based on Bardin's (2010) content analysis; forms were created for
coding excerpts from the book. The data were analyzed, with the intention of placing record
units, or meaning from the themes and content units, from which the thematic classes were
built a posteriori: expressions of violence, emotional dependence and support network;
categories were also found within the respective classes, namely: psychological violence,
physical violence, family withdrawal, gaslighting, fantasy, friends and family. It is concluded
that understanding the factors can collaborate and help to anticipate the types of violence dealt
with here, such as providing opportunities and collaborating for psychological intervention
with victims and aggressors.

1
Discente do Curso de Psicologia. UNINASSAU - João Pessoa, PB, Brasil. E-mail: soutodaniely@gmail.com
2
Docente Orientadora Drª .UNINASSAU. João Pessoa, PB, Brasil. E-mail: cibele_sscosta@yahoo.com.br
2022.2
Key words: Don't humiliate yourself, no. Emotional dependency. Psychological violence.
Fantasy.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso partiu de uma ideia que surgiu após a leitura
do livro da escritora mineira Isabela Freitas intitulado “Não se humilha, não”, publicado no
ano de 2020. A obra aborda temas como violência psicológica, violência física, dependência
emocional e se baseia em situações e experiências vividas pela autora. O livro conta a história
de uma jovem de classe média, estudante de direito, que engata um relacionamento amoroso
com um jovem da sua turma da faculdade, herdeiro de uma das famílias mais ricas e
tradicionais de Juiz de Fora/MG, uma família que se preocupa bastante com as aparências.
“Não se humilha, não” é o quarto livro da série e o mais adulto, nele é possível
perceber como um homem passa de o “cara perfeito” – para um abusador, e como uma mulher
pode encontrar respostas para justificar as atitudes abusivas do seu parceiro. Conforme a
literatura pesquisada foi possível identificar que para algumas pessoas viver uma relação
amorosa simboliza vivenciar uma parceria de calmaria, existindo respeito, confiança e
responsabilidade afetiva entre o casal, indo no sentido contrário, há alguns relacionamentos
amorosos que são marcados por brigas, xingamentos, humilhações e insultos, tornando-o
abusivo (D’AGOSTINI et al., 2021).
O termo relacionamento abusivo está intrinsicamente conectado à violência
psicológica e emocional em relações amorosas, externado por meio de ciúmes, manipulação,
atitudes e ações que tenham com o intuito diminuir a autoestima da mulher e que visem
limitar a independência dela. Diferente do assédio e da violência sexual a definição de
relacionamento abusivo presume que exista uma relação preexistente entre a vítima e o
agressor. Geralmente, esse termo é utilizado para referenciar as relações heteroafetivas, onde
a mulher é a vítima do abuso e o homem sendo o abusador (SANTOS; SANCHOTENE;
VAZ, 2019). Esse fenômeno não se restringe apenas em relações heteroafetivas, pois em uma
análise realizada por Falcão e Pessoa (2022), mostrou que há similaridades no “ciclo de
violência” nos relacionamentos homoafetivos e heteroafetivas.
Conforme Mika et al. (2021), os relacionamentos abusivos são pormenorizados
por formas de interagir distintas, onde o agressor vai utilizar de comportamentos e atitudes
explícitas e em outros momentos implícitas com o intuito de restringir o máximo possível a
liberdade da vítima. Essa agressão discreta e sutil se dá através da manipulação psicológica,
sendo essa uma arma muito utilizada por agressores, mas por ser tão sutil e de difícil
identificação a mulher em muitos dos casos não perceber que está sendo vítima de violência
psicológica.
De acordo com Barreto (2018), a propensão da sociedade é culpabilizar e julgar os
indivíduos que sofrem o abuso por não colocar um ponto final no ciclo de violência, todavia,
até a pessoa chegar ao entendimento que está vivendo um relacionamento abusivo o caminho
é lento e difícil. Contudo, existem situações que favorecem para que esse rompimento venha
ao fim e o fator principal é a fundação de uma boa rede de apoio.
Em um estudo realizado por Bution e Wechsler (2016), acerca do tema
dependência emocional, os achados de pesquisa mostrou que a dependência emocional é um
transtorno descrito como a premência de estar em uma relação amorosa com o intuito de
alcançar um equilíbrio emocional. Sendo comparada a dependência de substâncias
psicoativas. Essa patologia acarreta problemas para o indivíduo e para os que estão próximos.
Uma implicação da dependência emocional é a Síndrome da Mulher Salvadora, é
um conceito recente, mas que é um traço comum da dependência emocional e de
relacionamentos abusivos, uma pessoa com essa síndrome simplesmente põe toda a sua força

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e energia no seu companheiro, faz de tudo para agradar o respectivo parceiro ao ponto de
colocar-se em segundo plano, o indivíduo adota essa atitude para poder sentir-se amado e
aceito pelo seu companheiro (ISTOÉ, 2022).
Em uma pesquisa realizada por Guimarães (2019), com jovens estudantes do
Ensino Médio de turmas do 2º ao 3º ano, com idades entre 16 e 18 anos foi possível notar que
a violência em relações amorosas é uma ocorrência que pode ser observada com grande
frequência, e que vem tornando-se tema de pesquisa no Brasil. Ademais, pode-se contactar
que o namoro é uma relação vista nesse estudo como monogâmica, que é uma expressão
dentro da monogamia em que determinados acordos são feitos. São esses: justificar para o seu
parceiro/parceira para onde está indo, quando irá voltar, caracterizando como um
relacionamento de domínio/poder, imposição e cobrança sobre o outro, para esses jovens estar
ficando com alguém não necessita de fidelidade e nem exclusividade, mas em um namoro se
faz necessário.
De acordo com os resultados discutidos por essa autora, o namoro é visto como
um local de encarceramento para os meninos o encarceramento se daria pelo impedimento de
ficar com outras pessoas, já as meninas têm a visão de serem sufocadas pelos seus parceiros,
pela impossibilidade de poder desfrutar momentos sozinhas com suas amigas e amigos e
familiares. Principalmente as meninas, reapresentaram o pensamento de que para ser feliz é
necessário estar em um relacionamento amoroso e ser sempre disponível para esse, só assim
será viável ter o seu felizes para sempre.
Os meios de comunicação com frequência normalizam o abuso, ciúmes, o
domínio e controle do homem sobre a mulher, esses comportamentos e sentimentos em alguns
casos são representados como forma de demonstrar amor, em algumas relações a possessão é
vista como uma maneira de exteriorizar o amor pelo outro, isso pode confundir e atrapalhar o
meio de identificar e denunciar a violência sofrida (FERREIRA; OLIVEIRA; MOREIRA,
2021).
Para os autores Praxedes e Gomes (2019), é incontestável a influência da indústria
cultural na vida e no comportamento das pessoas, principalmente por vivermos em um mundo
globalizado. Os respectivos autores ainda citam que os filmes de comédias românticas
ensinam de uma forma errada que mesmo uma mulher independente financeiramente, com
uma boa carreira profissional, necessita ter um homem ao seu lado para que possa vir a estar
completa; como no filme referenciado por tais autores o “Cinquenta Tons de Cinza” (EUA,
2015), a obra cinematográfica romantiza o abuso psicológico, tornando essa forma de abuso
ansiada; por meio de letras musicais que explanam sobre relacionamentos abusivos e
possessivos, violência sexual, objetificação do corpo da mulher e submissão.
Silva e Rodrigues (2021), explanam que as histórias infantis romantizam e
normalizam o papel de inferioridade ao gênero feminino, isso ocorre ao decorrer dos anos, o
que normalizou as atitudes sexistas e ajudou a definir etiquetas e estereótipos na cultura. A
rivalidade feminina, competição, sexismo, fragilidade, dependência e submissão são
características notórias nesse gênero literário.
Com base na revisão da literatura, foi possível contactar que as causas que faz
com que uma mulher permaneça nesse tipo de relação são a dependência financeira; o medo
de que o homem fique ainda mais agressivo; a esperança de que um dia ele venha a mudar de
comportamento; os filhos; o pensamento de como é que esse homem vá sobrevier sem ela
para cuidar da casa, preparar a comida, lavar as roupas; a falta de apoio familiar. Ademais, a
pesquisa identificou que a dependência emocional é o principal fator que faz com que a
mulher continue nessa relação de violência (DA SILVA; SILVA, 2020).
Outros fatores que estão ligados a continuidade em relacionamentos abusivos são
os sentimentos de inferioridades; vergonha de assumir que o relacionamento não deu certo;
algumas pensam que sua vida é propriedade do outro (GOMES; FERNANDES, 2018).

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Baldiserra et al. (2021), enfatizam que a existência de filhos e a inexistência de um apoio pela
mulher favorecem para que ela dê prosseguimento e se silencie perante a relação abusiva.
Diante do exposto, o problema de pesquisa parte da seguinte questão, que fatores
retardam o término quando a mulher não deseja permanecer nessa relação. Partimos do
pressuposto de que a visão que algumas mulheres têm acerca do amor é romântica e
idealizada. A necessidade de pesquisas acadêmicas a respeito dos motivos que faz as
mulheres a postergarem o término de um relacionamento amoroso abusivo, viabilizou a
elaboração deste projeto de pesquisa envolvendo este tema.
A partir disso esse estudo tem como principal objetivo realizar um levantamento
dos fatores que podem retardar a tomada de decisão da mulher que vive uma relação afetiva
abusiva e como objetivos específicos: identificar os tipos de violência sofrido pela
personagem; identificar atitudes abusivas por parte do parceiro; refletir sobre os danos
psicossociais na vida de uma mulher que vive uma relação afetiva abusiva.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para alcançar o objetivo que este trabalho de conclusão de curso se propõe, se faz
necessário elucidar o arcabouço teórico usado, optamos por dividir este artigo acadêmico em
três secções em virtude da dimensão do tema, iniciando pela caracterização do machismo,
acompanhado pela descrição do sexismo e pôr fim a explicação do que é relacionamento
abusivo, a partir disso fomentar a discussão dos resultados em relação ao pressuposto
apresentado acima e conectar um tema ao outro.

2.1 Machismo

Segundo Da Silva Duarte e Paulino (2020), o machismo é uma filosofia/ideologia


da superioridade do homem. Para os referidos autores o Estado e a igreja são um dos
principais motivadores de perpetuar esse tipo de pensamento, essa ideia é naturalizada e
compartilhada por homens que usufruem desse privilégio, como por mulheres que são
influenciadas por tal ditame social. Todavia, esses preceitos são explanados para tais desde o
seu nascimento e continua propagando-se por toda a sua vida.
Maia (2017), traz alguns conceitos do que seja machismo, dentre os elencados
estão: um comportamento que se manifesta por meio de atitudes e opiniões; o sexo masculino
é superior ao feminino; é obrigatoriedade de a mulher sujeitar-se a vontade do homem e aos
desejos do mesmo; o masculino é um único detentor do poder e do conhecimento.
Do ponto de vista de Lustosa Dos Santos et al. (2020), o que rege a sociedade
brasileira é a cultura machista. Está presente por exemplo nas letras das músicas que embalam
festas e eventos, por meio disso é possível manter a naturalização das desigualdades entre
homens e mulheres, sabendo-se que as músicas têm o poder de influenciar seja positivamente
ou negativamente uma sociedade. Segundo Simão (2022), o machismo está arraigado na
sociedade brasileira e permanece presente mesmo com o decorrer dos anos e com o caminhar
da evolução da humanidade.
O trabalho de análise dos filmes de A bela e a fera e Alice Através dos Espelhos
realizado por De Moura e Dos Santos (2020), constatou comportamentos, posicionamentos e
falas machistas por meio de personagens masculinos e femininos da trama. A pesquisa
procurou fomentar a discussão entre fantasia fílmica e realidade. As autoras De Castro Aguiar
e Barros (2015), afirmam que os filmes sobre conto de fadas possuem o poder de estimular a
imaginação das crianças e dos adultos, todavia, além disto, exibem uma forte ligação com o
mundo real que pode ser observada se for analisada pelo meio no qual se está posto. Mesmo
após décadas de lançamento podem apresentar uma correlação com a realidade.

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Nesse sentido, pode-se dizer que os contos de fadas transpõem a vida e a
imaginação das pessoas. Essas histórias infantis de príncipes e princesas por meio de
metáforas narram acontecimentos e experiências da vivência humana (SALGADO, 2021). De
acordo com Silva e Rodrigues (2021), alguns contos de fadas objetificam a mulher como uma
ferramenta para o amor, casamento e para submissão ao homem, isso, no entanto não ocorre
apenas no mundo fictício, pode-se observar essa realidade nos tempos contemporâneos, assim
como nessas histórias o homem é supervalorizado e a posição da mulher é de inferioridade.
Em uma análise do filme “Uma linda mulher” (EUA, 1990), realizada por
Barbosa (2014), constatou que os estereótipos da figura masculina de competição, decisão e
comando são reforçados, enquanto o da personagem feminina é de feminilidade, amabilidade,
gentileza, vulnerabilidade, insegurança e incompletude. No início do filme a personagem
principal é uma mulher forte e decidida, mas com o decorrer da trama, percebe-se que a
imagem da “princesa da Disney”, que necessita ser cuidada e protegida pelo tão sonhado
“príncipe encantado” surge. O papel de precisar de alguém para sentir-se completa é atribuído
ao sexo feminino.
Para as autoras Valente e De Oliveira Vasconcelos (2019), os contos de fadas
ajudam a manter o estereótipo de que a mulher precisa exercer funções de cunho domésticos,
prestar ajuda aos familiares e a preservação do patriarcalismo. Em conformidade com esse
posicionamento, Silva e Rodrigues (2021), explanam que tais histórias infantis colocam as
mulheres em lugares de inferioridades, podendo ser percebido em histórias como a da Branca
de Neve (EUA, 1937), Cinderela (EUA, 1950) e A Bela Adormecida (EUA, 1959), o homem
é apresentado para o público como um guerreiro valente, salvador, forte, protetor, já o papel
da mulher nessas narrativas é o de almejar um casamento com esse homem.
De Souza e Do Amaral (2017), afirmam que o lobo do conto clássico
infantojuvenil “Chapeuzinho Vermelho” (FRANÇA, 1697) retrata o machismo que persiste
durante anos nas mais diversas sociedades: cativante, ardiloso, envolvente, astucioso, forte,
perspicaz. A figura feminina, sendo princesas ou não, subjugam as vontades e desejos do
lobo-príncipe devido a educação que tiveram.
Ao analisar o episódio Dividindo Manga do desenho animado Meena produzida
pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), De Souza (2021) afirma que a
cultura é um fator de extrema relevância para criar as desigualdades existentes entre homens e
mulheres na sociedade, e essas distinções são criações de um sistema patriarcal. A referida
autora explana que o patriarcado é o responsável por ditar os comportamentos da sociedade.

2.2 Sexismo

O termo sexismo designa-se a um comportamento e conduta misógina, de repulsa


ao sexo oposto, é uma forma de hostilidade em relação as mulheres. Convém ressaltar, que
homens e mulheres podem ter esse tipo de posicionamento. É uma junção de representações
sociais que está impregnada na mente da sociedade que compartilha de falas que
menosprezam, depreciam, rebaixam e coagem as mulheres, partindo do princípio de que são
seres como menos valor social (VON SMIGAY, 2002).
Do ponto de vista de De Souza Ribeiro e Pátaro (2015), o sexismo é uma ideia
discriminatória sobre homens e mulheres fundamentada em uma visão de que o homem é o
centro do universo. Pode-se perceber que no ambiente organizacional ocorrem fatos de
discriminação de gênero, ocorre tanto de forma percebível quanto de maneira indireta. Esse
modo de discriminação acontece devido a cultura misógina e patriarcal que impera desde os
desenrolar da civilização humana, colocando o rótulo de fragilidade, sensibilidade e
incapacidade em cima das mulheres (DE FÁTIMA FERNANDES et al., 2019).

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Em uma pesquisa realizada por Da Costa Lage e De Souza (2017) sobre racismo e
sexismo no ambiente de trabalho, os achados de pesquisa nos mostram que o racismo e o
sexismo estão presentes nesse ambiente, as entrevistas realizadas, mostraram que as mulheres
pesquisadas sofreram desde piadas sexistas veladas ao assédio sexual escancarado. O Sexismo
é uma forma de discriminação baseada no sexo. A dominação é o papel do sexo masculino, a
mulher cabe a função de subordinação (DOS SANTOS SEIXAS; DE CASTRO, 2011).
Ao analisar a série a Crazy Ex-Girlfriend (The CW, 2015-2019) que no português
significa Ex-namorada louca, Castellano e Costa (2021), constataram que não só o título, mas
a série apresenta retratar estereótipos misóginos, usualmente espalhado pelos meios
midiáticos. A expressão “ex-namorada louca” é um termo de cunho sexista, usualmente
utilizada por homens para referir-se a uma mulher que possui atitudes obsessivas que
aparentemente não superou o término da relação.
Segundo Dos Santos Seixas e De Castro (2011), o sexismo encontra-se vinculado
com o ideário de que o homem é superior a mulher, no qual nega-se os diretos iguais ao sexo
feminino. A análise da obra A Megera Domada de Shakespeare realizados por eles, mostra-
nos atitudes, comportamentos, posicionamentos machistas e sexistas partindo de Petrúquio e
do personagem Batista. Na obra a mulher é apenas um objeto a ser trocado por um dote, era o
papel aceitar as ordens e imposições impostas pelo seu marido sem reclamar, submissão e
subserviência era o papel atribuído para Catarina (mulher).
Para os referidos autores, a peça clássica de Shakespeare, nada mais é que um
exemplo claro de discriminação para aquelas mulheres que não aceitavam serem submissas.
Petrúquio decidido a casar com Catarina, determina a sua vontade em casar-se com ela, ela
querendo ou não. Na obra a mulher não detinha a opção de escolha, esse poder de decisão é
pertencente ao personagem masculino. Ademais, mesmo com o decorrer dos tempos o
sexismo continua suscitando desigualdades entre mulheres e homens ocasionando
complicações na sociedade (ALCOFORADO; DALVI, 2019).

2.3 Relacionamentos abusivos

De acordo com os autores Rodrigues, Araújo e Pitanga (2020) escrever sobre


relações amorosas abusivas não é uma tarefa fácil, pois é um termo vasto que com o passar
dos anos foi tendo alterações. Rosa, Bassan e Pitanga (2019), explanam que os
relacionamentos tóxicos são os espelhos de uma relação não-saudável que traz malefícios para
o casal e para as pessoas próximas que estão ligadas diretamente com sua convivência.
Se pararmos para prestar atenção nos programas jornalísticos, filmes, músicas,
leituras distintas podemos perceber que as relações amorosas abusivas acontecem de forma
sutil e manipulável, em muitos casos a pessoa que está sofrendo nem percebe (RODRIGUES;
ARAÚJO; PITANGA, 2020). Os autores De Souza Silva, Sanches e Lopes (2020),
conceituam que o processo de reconhecer que está sendo vítima de abuso, em alguns dos
casos, é lento, pois esses relacionamentos iniciam de um de modo romântico. O que se sabe a
respeito da violência em relacionamentos amorosos é que ela acontece de modo silencioso.
Como descrito por Ferreira, Oliveira e Moreira (2021), qualquer pessoa pode ser
vítima de um relacionamento abusivo, contudo, em razão do machismo estrutural são as
mulheres as vítimas mais acometidas. Uma pessoa vítima de violência em uma relação
amorosa, pode acostumar-se com as agressões (MIKA et al., 2021). Conforme Maia (2017),
para muitas pessoas as mulheres que são vítimas de violência, não são realmente vítimas, mas
sim coniventes com a agressão sofrida. De acordo com o Data Senado (2013) cerca de uma
entre cinco brasileiras assentiu ter sido vítima de violência doméstica ou familiar suscitada
por um homem.

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Rodrigues e Alves (2022), alegam que a violência contra a mulher se revela de
várias maneiras. Quando esse assunto vem à tona, não é apenas sobre a violência física que se
discute, mas se tem o objetivo de fomentar o debate acerca das violências que ocorrem de
modo silencioso como a psicológica e moral que são naturalizadas pelo corpo social. Segundo
Echeverria (2018), a violência psicológica é um assunto que está sendo bastante abordado e
discutido, contudo, lidar com essa forma de violência contra as mulheres ainda é um
problema, tendo em consideração, que suas formas de expressão já estão normalizadas pela
sociedade.
Para Albertim e Martins (2018), as roupas são componentes significativos,
relevante e considerável para a construção da identidade de uma pessoa. Os referidos autores
explanam que em um relacionamento abusivo, o companheiro da vítima irá proibir e impedir
a mulher de usar determinadas roupas e cuidar da sua autoimagem. Sabemos que muitos
agressores se utilizam do controle das ações e de roupas da mulher como um modo de
manipulação, para que assim ela acate as exigências, ordens e preceitos ditos e imposto por
esse homem.
Albuquerque et al. (2017), declaram que as relações amorosas violentas, se
expressão com o fechamento e desaparecimento das ligações e conexões da mulher com a sua
rede de apoio, esse companheiro atrapalhar, dificulta e tolhe o vínculo com os sujeitos com as
quais essa mulher detém um elo afetivo, com seus amigos, familiares, parentes e até com os
seus vizinhos mais próximos. Com base no que foi dito pelos autores, o isolamento vivido por
tais mulheres é uma exigência imposta ou por ter desenvolvido um quadro depressivo devido
as maneiras de correção e punição por parte de seu companheiro.
Conforme uma pesquisa realizada por Stocker e Dalmaso (2016), gaslighting é
uma palavra para reportar-se ao abuso emocional que ocorre através da manipulação
psicológica, que faz com que não só a mulher, mas as pessoas a qual ela tem algum tipo de
vínculo acreditem que ela está perdendo suas capacidades mentais ditas normais ou que está
tornando-se incapaz. A mulher passa a questionar a sua sanidade mental, compreensão, seu
senso de realidade e sua memória. Na visão de Kosak, Pereira e Inácio (2018), o gaslighting é
uma realidade habitual que dá-se em relações abusivas, e muitas das vítimas nem percebem
que estão sofrendo esse tipo de violência psicológica.
Do ponto de vista da autora De Menezes (2007), todos nós somos ávidos por
histórias que falam sobre o amor, para a referida autora, nós temos a necessidade de viver um
amor romântico, mesmo que esse seja escondido. Para Sousa (2018), se fizermos uma
retrospectiva, podemos contactar que a procura constante pelo ser amado e a essa imaginação
de encontrar alguém da forma que estão nas literaturas romanceadas fez com que o amor
romântico tornasse um clássico que em momento algum saísse da moda.
Segundo Felipe e Ferreira (2011), podemos captar a existência do amor romântico
não só na literatura infantil, mas na literatura para públicos variados, também se faz presente
em músicas, filmes, novelas e séries. Não é incomum depararmos com histórias que falam
sobre o amor romântico desde a infância, nos contos de fadas essas relações são prefeitas, o
príncipe salva a princesa da bruxa, do dragão, de um sono profundo, da madrasta má, ou a
princesa que tem o poder com o seu amor e ternura transforma uma fera em um belo príncipe,
o beijo pode transformar um sapo em um lindo príncipe. E assim crescemos acreditando na
magia do amor que é capaz de salvar e transformar o outro.
De acordo com Gomes e Fernandes (2018), a permanência de mulheres em
relacionamentos abusivos traz prejuízos a sua saúde mental. Rosa, Bassan e Pitanga (2020),
alegam que a violência contra a mulher acarreta sentimentos de desvalorização, ansiedade,
além de que se ocorrer durante um longo período de tempo, pode levar ao suicídio. Praxedes
et al. (2019), caracterizam que esse tipo de relação traz consequências para a mulher, sendo:

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baixa autoestima; transtornos alimentares; crises de choro e ansiedade; depressão e em casos
mais graves ideação suicida.

3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização do Tipo de estudo

Este trabalho é caracterizado por ser uma pesquisa exploratória, de natureza


básica e não experimental.

3.2 População e amostra

Os dados desta pesquisa foram levantados por meio de uma pesquisa documental
e exploratória de trechos do livro “Não se Humilha, não” da escritora mineira Isabela Freitas,
publicado no ano de 2020.

3.3 Instrumento de coleta de dados

Foram realizadas fichas para codificação de trechos do livro “Não se Humilha,


não” com o intuito de refletirmos sobre os principais fatores que podem fazer retardar a
tomada de decisão da mulher que vive uma relação afetiva abusiva. Os trechos que estavam
correlacionados com os objetivos deste estudo foram registrados em uma planilha para análise
de conteúdo.

3.4 Análise de dados

O tratamento dos dados foi feito por meio da análise de conteúdo temática de
Bardin (2010). Nessa perspectiva uma atenção especial é dispensada às propriedades,
esqueletos ou modelos que se apresentam nas entrelinhas dos fragmentos de mensagens
tomados em apreço. Os dados foram analisados, com o desígnio de colocar unidades de
registros, ou significação a partir dos temas e unidades de conteúdo, das quais foram
construídas a posteriori classes temáticas, categorias e subcategorias. Após esse passo, deu-se
o tratamento dos resultados, a dedução e a interpretação pelos pesquisadores.

4 RESULTADOS

No decorrer da elaboração da análise dos resultados sucedeu a divisão em três


classes temáticas, sendo elas: expressões de violência, dependência emocional e rede de
apoio, cada uma dessas classes temáticas conta com categorias e uma delas a expressões de
violência conta com uma subcategoria.

Classe temática Categoria Subcategoria


Humilhação
Violência psicológica
Expressões de violência Controle das ações
Violência física
Isolamento dos amigos
Dependência emocional Afastamento familiar -
Gaslighting
Fantasia
Rede de apoio Amigos próximos
Familiares
Tabela 1: Foram construídas classes temáticas, categorias e subcategorias que surgiram pós-análise de conteúdo.

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Fonte: Freitas (2020)

A classe temática Expressões de Violência se caracteriza pelos diversos tipos de


violência pelo qual a personagem passou nos seus relacionamentos. São exemplos de
expressões de violências que a mulher é acometida: violência física, sexual, moral,
patrimonial, institucional, violência doméstica e familiar. As expressões de violência sofrida
pela personagem foram psicológicas e físicas.
A categoria Violência Psicológica se trata de uma forma de agressão, mas
acontece através de palavras, intimidação, atos ou comportamentos que tenham como
finalidade diminuir a autoestima da mulher, ameaças, atitudes que objetivem constranger.
Sendo esta expressão de violência uma das mais difíceis de ser identificada, pois os sinais
deixados por ela não são tão aparentes, por isso é difícil perceber que está sofrendo de
agressão psicológica. Percebemos isso nos seguintes trechos que ilustra essa categoria:
“Esperava o de sempre: palavras horríveis, humilhações, gritos e até alguns socos no ar...”
(Freitas, 2020, p. 248) “Gustavo diz que me ama, mas só me critica e me coloca pra baixo.”
(Freitas, 2020, p. 202)
Dentro dessa categoria encontramos três subcategorias, são elas: Humilhação,
Controle das Ações e Isolamento dos Amigos. A humilhação se manifesta por meio da
intenção iminente em menosprezar, desvalorizar, diminuir, ridicularizar, rebaixar,
menosprezar e depreciar a vítima, suas falas direcionadas a essa mulher são em tons
pejorativos. O agressor tem tais atitudes com a intenção de manter a vítima acometida pelas
agressões verbais sob os seus domínios, as humilhações podem suceder em locais públicos ou
momento particular do casal, sabe-se que alguns agressores sentem prazer em humilhar a sua
companheira em frente de outros para se vangloriarem e engrandecerem-se e fazerem as
vítimas sentirem-se insignificantes. Observamos tal atitude na subsequente parte: “— Você é
uma vagabunda mesmo... Suja... Já está ficando com outro... — Ele me olha com desprezo e,
num lapso, cheguei a pensar que ele partiria para cima de mim. Aquela palavra ecoou na
minha cabeça, “vagabunda”. (Freitas, 2020, p. 81) “— Você é ridícula, Isabela...
Vagabunda... Tenho nojo de você... — Ele fala um pouco mais alto e olha bem na cara do
Gustavo, tomando fôlego para o que viria em seguida. — Pode comer, cara... Eu já comi
mesmo... — finaliza ele, com um sorriso estampado no rosto.” (FREITAS, 2020, p. 81)
Na subcategoria Controle das Ações o parceiro ditava como a personagem deveria
se vestir, se comportar e até com o tom da voz da Isabela ele queria que ela mudasse. Essa
forma de expressão da violência psicológica dá-se que é o controle das ações se dá por meio
de quaisquer condutas do homem que visem controlar as atitudes, comportamentos e ações da
mulher, estendendo aos direitos da mulher de ire vir. Identificamos isso no seguinte trecho:
“— Por que você veio com esse vestido? — perguntou ele, olhando com desprezo para o meu
vestidinho rodado branco de bolinhas pretas” (Freitas, 2020, p. 192) “Tenho medo de usar
alguma roupa que ele não considera “à minha altura” e ter que lidar com a cara de nojo que
ele faz.” (Freitas, 232) “— Isa, para de falar alto, sério. Estamos no meio do restaurante [...]
— Mas Gustavo, minha voz é assim, eu falo um pouco mais alto do que o normal mesmo. Eu
sempre falei desse jeito, quando você me conheceu, eu já falava assim, eu, hein — rebato sem
pensar duas vezes e deixo pra lá o que estava contando[...] — Meu amor, eu falo pro seu
bem... Imagine o que as pessoas pensarão de você... Falando alto assim, sabe? Que garota
sem classe, não sabe nem se portar num restaurante... —” (Freitas, 188)
A violência psicológica também se manifesta por meio do Isolamento dos
Amigos, no qual o abusador faz questão de afastar a vítima dos amigos, é uma forma de
exaurir e extenuar a rede de apoio dessa mulher, sendo uma forma de isolar a vítima e para
que as agressões não venham à tona, com o propósito de mantê-la perante os seus domínio e
manipulação. Podemos perceber esse comportamento nas seguintes passagens: “Num dia, ele
te convence a não comer camarão; no outro, que seus amigos não valem de nada e te

9
convence a se afastar deles.” (Freitas, 177) “– Ele nunca me bateu, mas fez questão de me
afastar dos meus amigos, da minha família, de mim mesma...” (Freitas, 2020, p. 249) “Num
dia, ele te convence a não comer camarão; no outro, que seus amigos não valem de nada e te
convence a se afastar deles.” (Freitas, 177)
Outra categoria encontrada dentro na classe temática expressões de violência foi a
violência física que se expressa por meio de ações que tenham como objetivo ferir fisicamente
a mulher ou sua saúde corporal. A violência física contra a mulher é vista e apontada como
um grave e preocupante problema de saúde pública mundial. São formas de sua expressão,
bater, cortar, empurrar, morder, agredir com socos, puxões de cabelo, tapas, ameaçar e
amedrontar a mulher com algum objeto cortante ou arma de fogo. Percebemos isso nos
seguintes trechos: “— As mãos dele apertavam meu pulso.” (Freitas, 2020, p. 80) “Teria
continuado se ele não tivesse me empurrado para longe, com toda a sua força, antes que eu
terminasse de dizer o que eu queria” (FREITAS, 2020, p. 246).
A classe temática Dependência Emocional se expressa por meio do subjugar-se à
dor e ao outro. São características de um dependente emocional: se coloca em segundo plano;
é inseguro em tomar as próprias decisões; precisa de alguém para estar ao seu lado; sente
dificuldade em dizer não; sente ciúmes: tem medo de ficar sozinha; a pessoa dependente
emocional expressar ter um cuidado exacerbado para com o outro. Podemos compreender e
considerar a dependência emocional como sendo um padrão insistente e pertinaz de urgência
e premência que não foram realizadas e que serão idealizadas e projetadas nos
relacionamentos. Observamos na seguinte parte: “Ele nunca me bateu, mas fez com que eu
desacreditasse de mim, pensando que ele era meu salvador, a única pessoa no mundo que
seria capaz de aguentar uma pessoa tão ruim quanto eu.” (Freitas, 2020, p. 249) “Interpretei
os fatos da forma que minha mente que adora contos de fada achou melhor: ele era meu
salvador e estava lá para me salvar.” (Freitas, 258)
O Afastamento Familiar foi uma categoria encontrada, que é a consequência da
dependência emocional sofrida pela personagem Isabela. Onde a mulher vítima de violência
psicológica afasta-se de seus parentes e familiares, muitas das vezes por imposição do seu
companheiro. Identificamos esse comportamento por parte da personagem nas subsequentes
passagens: “Por que afastei todo mundo que gostava de mim? Por que não ouvi os conselhos
da minha mãe que sempre me dizia para nunca aceitar uma atitude agressiva de um homem
que viesse para cima de mim?” (Freitas, 2020, p. 19) “— Porém, nessa de me afastar de
todos que querem o meu bem, eu acabo me afastando também do meu irmão.” (Freitas, 2020,
p. 235)
A segunda categoria encontrada foi o Gaslighting que é um tipo de manipulação
psicológica onde o autor da violência quer que a mulher comece a duvidar da sua própria
sanidade mental e de sua percepção. Esse termo ganhou notoriedade com o filme Gaslight
lançado em 1944. O gaslighting é uma forma de abuso psicológico que se expressão por meio
de falas, tem a finalidade de fazer com que a mulher fique com uma ambiguidade acerca de
fatos, eventos, acontecimentos e situações ocorridas, visando enfraquecer o estado psicológico
e o emocional da vítima. Encontramos os seguintes trechos que representa essa categoria: “—
Você é MALUCA? Olha o que você fez comigo. Sério.” (Freitas, 2020, p. 245) “No fim, tudo
terminaria como sempre... Eu teria que me desculpar por viver a minha vida, por fazer
minhas coisas, por fazer o que me deu vontade na hora “sem lembrar que tinha um
namorado”. Afinal, ele sempre dava um jeito de inverter a situação. (Freitas, 2020, p. 229-
230)
Outra categoria encontrada na classe temática Dependência Emocional foi a
Fantasia, no livro podemos perceber que a Isabela sempre quis viver um filme de romance “O
filme da Isabela”. Podemos perceber que a personagem Isabela é influenciada por histórias de
romances e contos de fadas, esses tipos de narrativas atravessa e permeia a vida e o

10
imaginário de muitas pessoas. A personagem fantasia achar o príncipe encantado. Percebemos
nas subsequentes passagens: “Eu queria tanto viver um amor digno dos filmes românticos que
acabei tentando transformar a qualquer custo um monstro em príncipe encantando.” (Freitas,
2020, p. 308) “Mas é que nessa minha vidinha de sonhar com contos de fada e príncipes
perfeitos, eu não consigo imaginar como seria NÃO SE APAIXONAR.” (FREITAS, 2020, p.
34)
A terceira classe temática encontrada foi a Rede de Apoio, que é considera muito
importante para que uma mulher que esteja em uma relação amorosa abusiva ponha o fim
nesse relacionamento, também sendo considerada um dos motivos para que uma pessoa
continue em uma relação abusiva, se porventura a vítima não tiver uma boa base de familiar e
de amigos. Identificamos no seguinte trecho: “Já o Pedro não precisa falar que me ama para
eu saber que ele me ama.” (Freitas, 2020, p. 221) “Meu pai, com certeza, é meu melhor
amigo. Nunca me julga por nada, sempre está de braços abertos para me receber, não
importa o meu estado.” (Freitas, 283)
No livro podemos perceber que a personagem tem uma boa Rede de Apoio. A
primeira categoria encontrada é de Amigos Próximos que é composta pelos dois melhores
amigos da Isabela, a Amanda e o Pedro. Percebemos nas seguintes passagens: “Talvez nem eu
ligue, já que estou num parque de diversões em plena quarta-feira com meus dois melhores
amigos, Pedro e Amanda.” (Freitas, 2020, p. 140) “Além de ter me defendido do Gustavo,
Pedro Miller ainda curtiu a festa do meu lado e fez questão de mandar mensagem no final da
noite falando que estava feliz por eu ter terminado o relacionamento de merda que eu tinha.
Por mais melhores amigos assim no mundo” (FREITAS, 2020, p. 293).
A segunda categoria encontrada foi a Familiares que é um dos fatores que levam a
mulher a permanecer ou sair desse tipo de relacionamento amoroso abusivo. O apoio familiar
facilita na saída da mulher do cenário de agressões. Na obra literária podemos perceber que a
personagem principal tem o apoio do seu irmão, mãe e pai. Podemos perceber isso nas
subsequentes passagens que ilustra essa categoria: “Me viro para o meu irmão, que continua
de mãos dadas comigo. — Bê, obrigada por tudo. Sério. — Dou um beijo no rosto dele e o
abraço forte. — Tô aqui com você pra tudo, pequena. Homem nenhum no mundo vai te
diminuir, ouviu? Você é pequenininha de tamanho, mas é gigante aqui. — Ele aponta para o
meu coração. Dou um sorrisinho. — Nunca vou me cansar de dizer isso. Eu te amo muito.”
(Freitas, 2020, p. 258) “Meus pais sempre foram meus melhores amigos, com eles, não tenho
medo de dizer nada, muito menos medo de ser quem eu sou. Na verdade, eles são uma das
poucas e únicas pessoas com quem consigo ser 100% eu mesma. Sei que se eu estiver errada,
eles vão ser os primeiros a apontar minhas falhas, mas com carinho e me ajudando a corrigi-
las. Assim como sei que se eu estiver sendo injustiçada, eles também serão os primeiros a me
defender com unhas e dentes, e o que mais for preciso” (FREITAS, 2020, p. 259).

5 DISCUSSÃO

Os resultados da análise de dados sugerem que existem tipos de violência contra a


mulher. Sendo suas formas de expressão: violência contra a mulher, de gênero, doméstica,
familiar, física, institucional, patrimonial, psicológica e sexual. Considerando que a violência
contra a mulher se exterioriza de forma sútil, vale ressaltar que a violência contra a mulher
com o decorrer dos anos está cada vez mais tornando-se tema de debate perante a sociedade
como um todo.
Cabe salientar que em uma relação amorosa abusiva essas formas de
manifestações de agressões contra a mulher, podem acontecer de modo alternado ou
conjuntamente. Que versam com a literatura pesquisada e com a classe temática expressões de
violência, o que insere as categorias violência psicológica e violência física que foram

11
construídas pós-análise de conteúdo e dialoga com os resultados da presente pesquisa. Esses
modos de manifestações de agressão contra a mulher foram observados pelos autores
Rodrigues e Alves (2022); De Souza Silva, Sanches e Lopes (2020); Praxedes e Gomes
(2019); Rodrigues, Araújo e Pitanga (2020); Rosa, Bassan e Pitanga (2019); Ferreira, Oliveira
e Moreira (2021) e Barreto (2018),
Considerando o levantamento bibliográfico citados anteriormente, constatou-se
que a violência psicológica é um desafio a ser enfrentado, pois ocorre paulatinamente, através
de atitudes por parte do agressor que tem como intenção ridicularizar, manipular, humilhar,
chantagear, sendo a sua finalidade fazer com que a mulher sinta a necessidade em ter que
estar com esse homem para sentir-se amada, valorizada e desejada, para que assim, ela se
torne dependente emocionalmente desse agressor.
Como nesse tipo de violência não advém a violência física é mais difícil de ser
identificada pela pessoa acometida, e suas formas de manifestações tornaram-se nos tempos
correntes comuns que muitas chegam a suceder-se de forma despercebidas porque tais ações
acabaram tornando-se socialmente aceitas. Podemos perceber na obra que não é preciso que
exista agressão física para que um relacionamento seja abusivo, o abuso acontece por meio
de pequenas atitudes por parte do parceiro, a personagem faz essa reflexão sobre violência
psicológica e como ela se dá, acontece por meio de palavras que tenha o intuito de
menosprezar; o Gustavo manipulou a Isabela ao ponto dela passar a desacreditar em si; fez a
personagem acreditar que a culpa de todos os erros e falhas que ocorriam no relacionamento
eram culpas dela; que ele era o príncipe e que iria salvá-la; fez com que ela afastasse de seus
amigos e familiares; a culpava pelas raivas, ódio que sentia e atos disruptivos.
Todavia, isso dialoga com os resultados da análise de dados e com a literatura
pesquisada, ademais, também dialoga com a classe temática expressões de violência e com a
categoria violência psicológica, incluindo as subcategorias humilhação, controle das ações e
isolamento dos amigos. O que corrobora com os estudos citados por Barreto (2018); De Souza
Silva, Sanches e Lopes (2020); Rodrigues e Alves (2022); Rosa, Bassan e Pitanga (2019);
Ferreira, Oliveira e Moreira (2022); Mika et al. (2021); Rodrigues, Araújo e Pitanga (2020);
Praxedes e Gomes (2019) e Echeverria (2018).
A partir dos resultados alcançados por esta pesquisa documental foi possível
perceber que a humilhação é uma forma de manifestação da violência psicológica. Como no
início da relação o parceiro quer mostrar que é o “cara perfeito”, o verdadeiro “príncipe de
contos de fadas” ele mostra para a vítima que eles são o casal perfeito, contudo, aos poucos
esse homem passar a ter atitudes que desvalorizem, rebaixe, diminua, deprecie e humilhe a
mulher, trazendo por meio de tais atos problemas emocionais e psicológicos a saúde da
vítima. Contudo, isso conversa com a classe temática expressões de violência, e com a
categoria violência psicológica e com a subcategoria humilhação. Os autores De Souza Silva;
Sanches e Lopes (2020); Rosa, Bassan e Pitanga (2019); Ferreira, Oliveira e Moreira (2021);
Barreto (2018) e Da Silva e Silva (2020), trazem algo semelhante em seus artigos.
Os estudos da análise sugerem que o controle das ações é outro modo de
exteriorização da violência psicológica. Esse tipo de comportamento se revela por meio de
controle de roupas que é apenas uma de suas formas de manifestações, essa relação entre
roupas, o corpo e a autoestima com o controle das ações e relações amorosas abusivas é o
meio de compreender esse decurso de perda da subjetividade da mulher que se encontra nesse
tipo de relacionamento.
Uma relação abusiva vai influenciar na forma como a mulher escolhe as roupas
para usar, cuidam da sua autoestima e o modo como elas lidam com os seus corpos,
reputamos que as roupas é um elemento significativo para o estabelecimento da identidade de
uma pessoa. O que versa com os resultados da análise de dados envolvendo a literatura
pesquisada, além disso, dialoga com a classe temática expressões de violência, com a

12
categoria violência psicológica e com a subcategoria controle das ações. O que reforça os
estudos de Albertim e Martins (2018); Barreto (2018) e D’Agostini et al. (2021).
Assim como a humilhação e o controle das ações, o isolamento dos amigos
também faz parte de um modo da violência psicológica externar-se. O parceiro procura
através de comportamentos e ações reduzir ao máximo possível o convívio da mulher com os
seus amigos. Esse isolamento e afastamento é posto e exigido pelo companheiro da vítima.
Sabendo que os amigos e familiares são os que mais contribuem para que uma mulher que
esteja vivenciando um relacionamento abusivo coloque o ponto final nesse tipo de relação.
Todavia, isso dialoga com os resultados da análise de dados e com a literatura pesquisada,
ademais, também conversa com a classe temática expressões de violência, com a categoria
violência psicológica e com a subcategoria isolamento dos amigos. O que corrobora com os
estudos citados por Barreto (2018) e Albuquerque et al. (2017).
Fundamentado no levantamento bibliográfico orientado neste estudo, pode-se
afirmar que a violência física contra a mulher acontece por meio de chutes, empurrões, socos,
mordidas, cortes, queimaduras ou qualquer ação que vise causar danos ao corpo da mulher,
ocasionado através do uso da força física ou de algum objeto que tenha a intenção de suscitar
lesões no corpo da vítima.
Antes da agressão propriamente dita, sobrevém a violência psicológica que afeta
drasticamente o emocional da vítima, o que resulta na agressão física, por essa mulher se
encontrar no momento vulnerável, de tal modo a originar um ciclo de violência: a tensão que
é por meio de falas que objetive insultar, ameaçar, humilhar; a violência física propriamente
dita e a fase do arrependimento, onde o parceiro se diz arrependido e faz várias promessas de
mudanças de comportamento, entretanto após a fase lua de mel as agressões surgem
novamente, criando um ciclo da violência.
Muitas mulheres se veem presas nesse ciclo de violência, o que versa com a
literatura pesquisada e com os resultados da análise de dados, ademais dialoga com a classe
temática expressões de violência, o que insere as categorias violência psicológica e violência
física encontradas nos resultados da presente pesquisa. O que corrobora com os estudos
citados por Mika et al. (2021); Rosa, Bassan e Pitanga (2019); Ferreira, Oliveira e Moreira
(2021); Rodrigues, Araújo e Pitanga (2020); Praxedes e Gomes (2019) e Barreto (2018).
A partir da análise de dados discorridos anteriormente, observou-se que a
dependência emocional é um dos motivos que faz com que uma mulher se mantenha em um
relacionamento amoroso abusivo. O que se sabe sobre o comportamento e atitudes de uma
pessoa dependente emocional é que elas são submissas, possuem dificuldades em ter que se
posicionar nos seus relacionamentos, acreditam que cabe a si toda a responsabilidade das
situações, causalidades e incidências que ocorrem na relação, ademais, acreditam que se
colocarem um ponto final nesse relacionamento não encontrarão outra pessoa para poder se
relacionar amorosamente. Isso versa com os resultados da análise de dados envolvendo a
literatura pesquisada, além disso, dialoga com a classe temática dependência emocional. Os
autores Bution e Wechsler (2016) e Rodrigues, Araújo e Pitanga (2020), trazem algo
semelhante em seus artigos.
Diante do que foi exposto anteriormente, nota-se que o afastamento familiar é
resultante da dependência emocional e uma maneira de expressão da violência psicológica,
sendo o isolamento familiar imposto pelo parceiro, também se dá devido ao medo das
recorrentes ameaças sofridas pela vítima, por receio de que, caso mantenha contato com seus
familiares os atos de agressão tornem a voltar a acontecer. Todavia, isso dialoga com os
resultados da análise de dados e com a literatura pesquisada, ademais, também conversa com
a classe temática dependência emocional e com a categoria isolamento familiar. O que reforça
os estudos de Albuquerque et al. (2017); Da Silva e Silva 2020) e Bution e Wechsler (2016).

13
Tendo em consideração a análise de dados norteado neste estudo, pode-se afirmar
que o gaslighting é uma forma de manipulação psicológica sutil e de difícil reconhecimento
por ter suas formas de manifestações naturalizadas pelo corpo social. Sua forma de expressão
decorre por meio da manipulação psicológica. Esse termo ganhou notabilidade com o filme
Gaslight (1944), sendo o primeiro filme a dar destaque e popularidade sobre o tema de
manipulação psicológica que há em relações abusivas.
O gaslighting é um termo utilizado para designar ao abuso mental, onde o
agressor quer que a vítima e os demais ao ser redor coloquem em dúvida o seu julgamento da
realidade, memória e a sua sanidade mental. Contudo, isso dialoga com os resultados da
análise de dados e com o levantamento bibliográfico, além disso, dialoga com as classes
temáticas violência psicológica e dependência emocional, e com a categoria gaslighting. Os
autores Kosak, Pereira e Inácio (2018); Mika et al. (2021); Stocker e Dalmasso (2016) e
Rodrigues e Alves (2022) apresentam algo similar em seus artigos.
A partir dos resultados alcançados por esta pesquisa documental foi possível
compreender que as produções cinematográficas da Disney sobre príncipes e princesas
ascendem no imaginário infantil a possibilidade de um final feliz e traz a perspectiva de que
os sonhos possam se tornar realidade. Encorajados por esse universo da fantasia, muitas das
crianças se desenvolvem e manifestam esperanças fundamentadas em um mundo fictício.
Durante muitos anos as mulheres foram instigadas a suportarem pacientemente as
imperfeições e defeitos, além de comportamentos inadequados por parte de seus “príncipes”,
pois só assim, elas seriam capazes de tornasse heroínas do seu amado, transformando um sapo
em príncipe encantado. O que versa com a literatura pesquisada e com os resultados da
análise de dados, também dialoga com a classe temática dependência emocional. O que
reforça os estudos de Salgado (2021); De Castro Aguiar e Barros (2015); De Souza e Do
Amaral (2017); Felipe e Ferreira (2011); Silva e Rodrigues (2021); Sousa (2018) e Valente e
De Oliveira Vasconcelos (2019).
Os estudos da análise sugerem que a rede de apoio é de grande importância, pois é
por meio dela que uma pessoa acometida por algum tipo de violência encontrará meios de
enfrentamento, normalmente, essa rede de apoio é constituída por familiares e amigos. A rede
de apoio é apontada como o agente primordial para que uma mulher vítima de violência
ponha um ponto um final no relacionamento abusivo.
Portanto, os familiares e amigos atuam na vida da vítima para reforçar os seus
vínculos, proporcionado assistência financeira e prestando ajuda emocional. Ademais, dialoga
com o levantamento bibliográfico utilizado para a pesquisa documental e com os resultados
da análise, também versa com a classe temática rede de apoio, com as categorias amigos,
familiar e com a categoria isolamento dos amigos. O que corrobora com os estudos de Barreto
(2018) e Albuquerque et al. (2017).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de conclusão de curso, feito a partir de uma pesquisa documental,


teve como objetivo principal desse estudo, o de realizar um levantamento dos fatores que
podem retardar a tomada de decisão da mulher que vive uma relação afetiva abusiva, a
pesquisa na literatura feita viabilizou a compreensão desses fatores, sendo eles: filhos;
dependência financeira e emocional; falta de apoio familiar e de amigos; medo de morrer;
acreditam que o parceiro vai mudar de comportamento; pensam que são culpadas pelas
agressões sofridas; insegurança; sentimentos de inferioridades, além de sentirem vergonha em
reconhecer que a relação não saiu como o esperado.
Tendo em vista a análise de dados apresentada, nossas análises sugerem que
alguns contos de fadas tratam o assunto do casamento como sendo essencial, crucial e

14
primordial para as mulheres, e que só por meio do matrimônio a mulher terá o seu tão
sonhado e almejado felizes para sempre. Como a primeira proximidade que algumas pessoas
obtiveram com a literatura foi através de contos de fadas e muitos desses contos trazem
preceitos e um roteiro para ser uma boa dama, tais como: de perfeição; a mulher só poderá
alcançar a felicidade se casar com um príncipe; ser uma boa esposa; cuidar do lar; sorrir; estar
bonita para o marido; a casa precisa estar limpa, roupas lavadas, louça limpa e guardada; nada
de bagunça e silêncio.
Esses contos de fadas apresentam uma imagem de uma mulher que precisa ser
uma princesa para poder casar-se, e que para ter o seu tão sonhado final feliz é preciso esperar
o príncipe encantado, mesmo que isso custe, sua autoestima, parar de sair com os amigos,
deixar de usar as roupas de que gosta, sair apenas com o parceiro, o outro ter o controle de sua
vida. Percebe-se que os contos de fadas atuam como um elo entre o real e o mundo fictício,
podendo ser tratado como referencial de conduta de vida. Além do mais, essas fábulas têm o
poder de espalhar ensinamentos e princípios, criar conceitos, concepções e doutrinas,
disseminando crenças, valores e percepções que de algum modo serão internalizadas pelos
seus leitores.
Ademais, às conclusões têm potencial para auxiliar como suporte para eventuais
estudos da área de Psicologia, podendo ser um incentivo para que futuros estudantes e
profissionais se interessem por explorar o tema. Dessa forma, essa pesquisa busca colaborar
com o debate acerca dos tipos de violências sofrido pelas mulheres citadas neste estudo, tema
esse que se faz necessário ser debatido e conversado dentro e fora da academia por tratar-se
de um fenômeno presente no corpo social.
Do mesmo modo que, compreendemos e entendemos que a Psicologia, como uma
ciência e profissão tem potencial para contribuir, ajudar e cooperar, além de viabilizar e
facilitar informações e conhecimentos para que mulheres tenham uma melhor qualidade de
vida, além de amenizar os efeitos da violência de que se foi alvo, não só as mulheres, mas
todos aqueles que de alguma forma direta ou indiretamente foram vítimas. Intenciona-se com
este trabalho sugestionar e levantar um diálogo com distintas áreas do saber. É de grande
relevância que a psicologia expanda o seu olhar para essa temática.
Adicionalmente, põe-se como limitação do estudo a indispensabilidade de maiores
aprofundamentos nos assuntos que foram abordados e apresentados, tais como machismo,
patriarcalismo, sexismo, relacionamentos abusivos, contos de fadas e como a mídia
sugestiona para uma visão romântica nos relacionamentos. Pode-se entender que a temática
aqui trabalhada é bem complexa e propõe-se que sejam realizados outros estudos mais
aprofundados sobre o tema, visto que a violência contra a mulher e suas formas de
manifestações são um problema de saúde pública.
Em vista dos argumentos apresentados no decorrer da elaboração deste trabalho
de conclusão de curso, o artigo pretende-se fornecer ao leitor a oportunidade de ele
compreender o que é relacionamentos abusivos, sexismo e machismo, e como as relações
amorosas abusivos impactam a vida da mulher que vivência esse tipo de relação, além de
elucidar como os conto de fadas influenciam na construção do ser mulher e como a submissão
feminina foi durante muito tempo estimulada por essas fábulas.
É fundamental estudar, fomentar discussões, além de divulgar e disseminar os
resultados e discussão dos estudos aqui debatidos. Por fim, salienta-se, portanto, que, o
esclarecimento desse fenômeno, por meio da explanação dos mesmos, é capaz de colaborar e
auxiliar para a antecipação dos tipos de violências aqui tratados, tal como, oportunizar e
colaborar para a intervenção psicológica com as vítimas, e de agressores.

15
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