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PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES DE INTIMIDADE

JUVENIL:

A violência nas relações de intimidade não é apenas um problema de alguns jovens ou de


alguns relacionamentos, mas é sim um problema social relevante que é muitas vezes
desvalorizado.
Esta prática consiste:
• em atos de violência pontual ou contínuos num contexto de relação entre duas
pessoas, namorados, casados e mesmo falsos amigos.
Tal como nas relações conjugais, também a violência nas relações de intimidade juvenil é um
problema sério porque deixa grandes marcas nas suas vítimas, sendo importante alertar para
a gravidade das suas consequências.

TRATA-SE DE UM PROBLEMA CADA VEZ MAIS PRECOCE, PELO QUE:

• 1 em cada 4 jovens em Portugal foi, ou é vítima de violência no namoro


• mais de 35% dos rapazes mostram-se de acordo com as atitudes violentas na
relação, procurando sempre justificar o injustificável, ou até negando atitudes
por eles mesmo tomadas.
• 23% dos jovens do sexo masculino continuam a considerar as raparigas como
inferiores.
A violência nas relações amorosas não conhece barreiras geográficas, estratos sociais, faixas
etárias, religiões, etnias e ocorre em todos os casais (hétero e homossexuais).

A violência emocional: é a forma de violência mais referida pelos jovens, o insulto e a


proibição de contacto com outras pessoas são as situações com mais frequência referidas
quer por agressores quer por vítimas; muitas referem ter sido obrigadas a praticar atos
sexuais não desejados e o pior de tudo é que uma significativa parte dos jovens não conta e
muito menos pede ajuda.

E PERGUNTAM-ME PORQUÊ INTERVIR NESTE TEMA?

1. O problema de violência no namoro e não só, existe e é preciso garantir a sua


visibilidade. Tendemos, muitas vezes, a negá-lo como se fossem disparates de "miúdos
e de miúdas"! A violência em relações de intimidade e, neste caso, em relações de
intimidade juvenil não se traduz num único episódio isolado, mas sim num padrão
comportamental que se insere numa dinâmica de poder e de controlo exercida, através
de táticas mais ou menos subtis, por uma das pessoas sobre a sua namorada ou
namorado.
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JOANA ROCHA | trabalho português-11ºano (2023/2024)
2. Deixa marcas e é importante alertar para a gravidade das suas consequências! A
violência em relações de intimidade tem consequências imediatas ao nível,
nomeadamente, da dor física ou da humilhação, mas tem também impactos a longo
prazo. A perda de confiança em si próprio/a, o receio em exprimir sentimentos, o
isolamento da família e amigos, a solidão, a vergonha e a culpa, a incerteza
relativamente às suas competências, sentimentos e capacidade de tomar decisões e a
dificuldade em manter relações saudáveis e de longo prazo são exemplo desses
impactos mais duradouros sobre as vítimas nas relações de intimidade.

3. Queremos relações igualitárias, de respeito mútuo e não violentas! A prevenção da


violência no namoro é fundamental para que os/as jovens possam construir relações
saudáveis construídas com base na comunicação e no diálogo. Uma relação saudável
constrói-se e fortalece-se através do desenvolvimento de capacidades de
relacionamento que fomentem: a livre expressão de sentimentos mútuos e a sua
valorização; a resolução de conflitos baseada no diálogo e no compromisso; o apoio e
encorajamento mútuos; o respeito pela privacidade do outro e do seu espaço individual.

Queremos, por isso, contribuir para romper o silêncio em torno de relações de namoro
vividas com medo e sem respeito pelos sentimentos e desejos da outra pessoa. Relações
desiguais onde tendemos a desvalorizar medos pequeninos que "apenas" nos incomodam e
que seguramente "vão passar". Porém, são estes medos que, muitas vezes, se vão
agigantando e acabam por se transformar em relações que nos vão aprisionando e
destruindo os seus integrantes. Este erro pode se refletir em várias formas de violência,
nomeadamente emocional, violência física e violência sexual.

ACREDITO VIVAMENTE QUE É UMA SITUAÇÃO QUE DEVE SER PREVENIDA, TENDO INÍCIO EM
CASA (A FAMÍLIA SAÚDAVEL E EXEMPLAR) E A MEU VER, TAMBÉM NAS ESCOLAS.

E é disso, principalmente, que vos venho aqui falar hoje. Começando por referir que é em
contexto escolar que muitos jovens encontram os recursos de apoio e de defesa perante
situações de violência no namoro, sendo sobretudo os amigos e as amigas as pessoas com
quem mais partilham esse tipo de experiências. E também junto de outros jovens que
procuram ajuda perante situações de agressão. Este facto não diminui a importância de
outros elementos centrais, apenas é notório que se sentem intimidados ao apresentar tal
situação para pessoas mais velhas e experientes, talvez por medo de serem julgados ou
acharem irrelevante.

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JOANA ROCHA | trabalho português-11ºano (2023/2024)
A escola é também um espaço de socialização para os/as adolescentes onde assume
particular relevância a transmissão de regras formais essenciais para o exercício de uma
cidadania plena e responsável. A comunidade escolar é, pois, um contexto privilegiado para
a implementação de programas de prevenção e sensibilização sobre a violência no namoro.

Porém, nem sempre é fácil conseguir essa colaboração. Sabemos que os professores têm
sempre “milhares de coisas para fazer”, que nem sempre é fácil encontrar espaços e tempos
para dedicar a diferentes atividades extracurriculares e, também, que os jovens, rapazes e
raparigas, que queremos sensibilizar consideram, muitas vezes, esta “conversa” da violência
no namoro como uma “coisa de cotas” e com muitos exageros. No entanto, quero referir
desde já que as coisas não são bem assim e se não começamos a intervir neste aspeto a
sociedade continuará a descambar no que toca ao respeito e no que toca ao futuro.

POR ISSO GOSTARIA DE EVIDENCIAR TRÊS TÓPICOS QUE ORIENTAM TODO O MEU TRABALHO
A FAVOR DA PREVENÇÃO DESTAS PRÁTICAS:

A VIOLÊNCIA NO NAMORO É UM PROBLEMA SOCIAL


Embora as situações de violência em relações de intimidade não sejam uma realidade
recente, a consciencialização da violência enquanto problema social, em Portugal, data
apenas das últimas duas décadas. Não estando a real dimensão do fenómeno claramente
estabelecida a nível nacional, o crescente número de investigações realizadas nos últimos
anos, têm permitido confirmar a existência de fenómenos recorrentes de violência nas
relações de namoro entre adolescentes, nomeadamente em contexto escolar e universitário,
não sendo tal coisa um problema pessoal, mas sim um fenómeno transversal à sociedade.

Vós que presenciais continuamente situações destas e ficais a olhar, estais a prejudicar não
só dois adolescentes, mas também estais a alimentar uma população inconsciente. E pior
não são só jovens como vós que ignoram estes momentos, são também adultos formados
que supostamente têm o dever de ensinar e corrigir que continuam “nas tintas” para
acontecimentos do tipo deixando que o problema se prolongue.

A PARTICIPAÇÃO DOS RAPAZES E DAS RAPARIGAS NO SEU COMBATE PRIMORDIAL


A prevenção de comportamentos violentos na adolescência exige uma participação de
rapazes e raparigas, no sentido de promover um desenvolvimento de competências que
previna, nomeadamente, um acentuar das diferenças entre papéis de género e uma
consolidação da aceitação da violência como manifestação do amor. Por outro lado, a
prevenção e combate à violência no namoro passa necessariamente por um trabalho de
informação e de promoção de uma consciência crítica dos jovens com o objetivo de
desenvolverem capacidades para lidar com situações de risco quer enquanto vítimas,
potenciais agressores ou elementos de suporte, procurando diminuir a probabilidade de os
adolescentes se virem a tornar, no futuro, potenciais agressores ou vítimas. A (re)construção
de relações livres de violência e de dominação é uma responsabilidade de todos,
independentemente do sexo e da idade.

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A ESCOLA É UM PARCEIRO, POR EXCELÊNCIA, NESTE TRABALHO DE
CONSCIENCIALIZAÇÃO E PREVENÇÃO DO FENÓMENO

A prevenção de comportamentos violentos em relações de namoro pode abranger


diversos tipos de ações:

1. Prevenção primária, trabalhando com jovens que não tiveram contacto com
realidades violentas ou experiências de vitimação;
2. Prevenção secundária, intervindo com jovens que apresentam risco de se
tornarem vítimas ou agressores em relações de intimidade;
3. Prevenção terciária, trabalhando com adolescentes que têm experiência direta
de violência no namoro, quer como vítimas, quer como agressores e que procuram
ajuda.

Estudos realizados em contexto escolar, mostram a presença destes diferentes perfis e, por
isso, a necessidade de desenvolver ações de prevenção nestes três domínios. O potencial
impacto dos programas de prevenção, nomeadamente prevenção primária, parece-me, pois,
evidente.

Finalmente, o envolvimento da comunidade escolar em programas de prevenção da violência


no namoro implica necessariamente um investimento na sensibilização dos agentes edu-
cativos e na criação de tempos de reflexão sobre modelos de relacionamento íntimo e de
interação positiva, fundamentais para o bom funcionamento da escola enquanto
comunidade humana. Já em casa, as figuras paternais devem começar por dar o exemplo,
tendo relações igualitárias e quando isso não acontece é digno pedir ajuda.

Vós estudantes não querendes por fim ao bulling, ás relações tóxicas, ás falsas amizades?
Não querendes de aqui a uns anos ver os vossos filhos a ser respeitados? Vós mulheres não
estais fartas de ser inferiorizadas e maltratadas?

Mesmo, vós professores, que tendes filhos, experiência, não querendes intervir neste
fenómeno, qual é o vosso papel? Podeis colaborar de forma ativa e eficiente em algo que
pode prejudicar os vossos alunos e mesmo possíveis membros familiares?

O nosso governo precisa impor medidas de prevenção para estas situações inaceitáveis,
penso que as consequências negativas da convivência perante comportamentos de violência
com esta dimensão, falam por si só, na medida em que a saúde mental das populações jovens
está a ser diretamente afetada, colocando em causa a futuro das gerações. Posto isto,
acredito que tomarão consciência da importância da mudança quer dos currículos, como das
diferentes ações educativas.

Votem na aprovação deste projeto.

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JOANA ROCHA | trabalho português-11ºano (2023/2024)

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