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BULLYING NO BRASIL

Por Yara Bohana

Bullying é um termo importado do inglês que diz respeito à prática de atitudes


violentas, repetitivas e propositais contra uma pessoa indefesa que pode causar
transtornos psicológicos e físicos nas vítimas. É muito comum entre jovens, no
período escolar, e se diferencia da brincadeira já que esta é feita de forma pontual e
sem causar danos à outra pessoa, respeitando os limites do próximo. Uma briga
pontual causada por desentendimento também é algo normal e se difere do bullying,
que é sempre feito nessa dinâmica agressor-vítima, onde normalmente a vítima não
sabe ou não consegue se defender.

No Brasil, a média de casos de bullying nas instituições de ensino é duas vezes


maior que a média internacional. Em pesquisa da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) feita no ano de 2019, foram constatados
semanalmente casos de bullying em 10% das escolas brasileiras, enquanto a média
internacional é de apenas 3%.

No mês de campanha de prevenção ao suicídio, é importante pontuar que muitos


suicídios acontecem na fase da adolescência, e as vítimas na maioria das vezes
sofrem bullying. A constante humilhação na escola pode levar a vítima a
desenvolver ansiedade, depressão, transtornos alimentares e até mesmo
agressividade, como uma resposta à violência sofrida. O bullying não causa só
suicídios como também homicídios, que é justamente quando a vítima desenvolve
essa agressividade e chega ao ponto de ameaçar a vida dos colegas por vontade
de vingança.

Normalmente quem é agressor já sofreu ou sofre de alguma forma também. Afinal,


sabe-se que a violência é um ciclo vicioso, que se perpetua muito facilmente. O
perfil do agressor ou bully em geral é de um jovem que já foi ou é vítima de bullying
e também sofre com relações familiares desestruturadas. Segundo pesquisa da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), por volta de 70% das crianças e
adolescentes envolvidos com bullying nas escolas sofrem algum tipo de castigo
corporal em casa. A psicoterapeuta integrativa Erika Lins alerta: “O agressor precisa
de tanta atenção quanto a vítima. Não é uma questão de apenas puni-lo, é preciso
conversar e entender o que o leva a agir dessa forma e tratá-lo como alguém que
também precisa de ajuda.”

É por isso que é fundamental que os pais e responsáveis pelos jovens estejam
sempre atentos e busquem construir uma comunicação sólida e confiável dentro de
casa, para que os jovens se sintam mais acolhidos e seguros para se abrir com a
família e buscar soluções junto à mesma. Um familiar atento pode impedir um
agressor ou até mesmo salvar a vida de uma vítima de bullying, que normalmente
começa a dar sinais claros como falta de apetite ou alimentação compulsiva,
desânimo, cansaço constante, baixo rendimento na escola, entre outros.

Mas a escola não deixa de ter um papel igualmente importante no combate ao


bullying. Os professores e coordenadores têm todo um aparato pedagógico que é
imprescindível para lidar com os problemas entre alunos; fora isso, é importante
também a atenção de colaboradores das escolas com os seus próprios colegas, já
que mesmo professores podem praticar bullying contra os próprios alunos (o que
pode ser mais grave ainda já que os alunos vêem os professores como autoridade).

Por parte da escola e dos pais, é necessário que a solidariedade e o respeito às


diferenças seja estimulada. Isso pode ser feito por meio de palestras, projetos de
extensão, campanhas e trabalhos didáticos. É importante estimular a confiança dos
alunos na instituição para ajudar a resolver o problema e incentivar até as
testemunhas das agressões (sejam elas verbais ou físicas) a alertar a coordenação.
É essencial acabar com esse tipo de comportamento nas escolas, pois ele pode
causar patologias sociais no futuro como racismo e homofobia que podem se tornar
quase irreversíveis e continuar causando danos a outros indivíduos.

“É fundamental debater, falar sobre o assunto. Não podemos ficar omissos diante
de um problema tão grande que causa a morte de jovens todos os dias no mundo
todo. Quanto mais falamos, quanto mais educamos as pessoas sobre esse tema,
fica mais fácil de lidar com ele, porque assim todos entenderão a dimensão do
problema e cada um começa a fazer sua parte para ao menos minimizar a
situação”, diz Erika.

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