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FACULDADE DE PSICOLOGIA
DO NORMAL AO PATOLÓGICO:
O LIMIAR E AS CARACTERÍSTICAS DO CIÚME
Resende
2019.2
MARIA GABRIELA SOUZA CARRIÇO
PEDRO DE OLIVEIRA ARBEX
DO NORMAL AO PATOLÓGICO:
O LIMIAR E AS CARACTERÍSTICAS DO CIÚME
RESENDE
2019.2
RESUMO
ABSTRACT
The present article intends to dissert about the border between normal and
pathological jealousy, a topic in evidence nowadays that creates a lot of discussion.
Jealousy is a peeline presente in human relationship, not exclusive to the amorous
ones. However, when it becomes abusive and, as a consequence, unhealthy, it can
lead to cases of feminicide, psychological, physical and verbal agression. Jealousy is
na emocional condition conected directly to the subject’s formation, and can be
portrayed as normal by him/herself. This study, by the lights of psychoanalysis,
attempts to delimitate the particularities of jealousy to a lot of authors, through a
bibliographic review, comprehend the tennous line that pervades the normal and
pathological and elucidate the consequences of this feeling to people, bringing a
reflexion about the theme. Despite of that, we hope that the next pages contribute to
scientific knowledge, being relevant to posterious debates and discussions.
INTRODUÇÃO......................................................................................3
Ciúme Patológico.........................................................................................9
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................12
REFERÊNCIAS...................................................................................14
INTRODUÇÃO
recente é o de Laerte, de “Em Família”, transmitida em 2014 pelo mesmo canal, que
fez duas mulheres por quem era apaixonado sofrer demasiadamente pelos seus
ciúmes excessivos. “Psicose”, de Alfred Hitchcock, clássico do cinema nos anos
1960, trazia para as telonas ainda em preto e branco uma relação doentia entre mãe
e filho, perpassando pelo ciúme que um sentia do outro, fugindo da discussão
comum dada ao tema, a ênfase amorosa.
Assunto em voga entre a atual geração, o ciúme ainda é, muitas vezes,
banalizado e visto como algo comum. Atentar-se aos sinais é o primeiro passo na
identificação daquilo que é ou não normal ou doentio, capaz de trazer
consequências para todos os envolvidos, sendo então um dos principais motivos às
quais essas relações tornam-se abusivas, levando a casos de feminicídio, violência
psicológica, violência física e violência verbal.
O presente artigo busca compreender e aprofundar os conhecimentos acerca
do limite entre o ciúme normal e o patológico, levando em consideração o aumento
de casos de relações abusivas, identificando os sinais e seus reflexos nas relações
interpessoais, além de incentivar a produção acadêmica sobre o tema, e como os
psicólogos podem atuar de forma ética e responsável em casos que exijam atenção.
Sendo a ciência um campo de conhecimento que tem como busca a ampliação do
saber por meio da análise do conteúdo reunido, o pesquisador tem como objetivo
agregar informações que possam ampliar a atuação do psicólogo em suas diversas
possibilidades de trabalho. Cervo e Bervian (2002, p. 10) dizem que “a ciência é
entendida como uma busca constante de explicações e de soluções, de revisão e de
reavaliação de seus resultados, apesar de sua falibilidade e de seus limites”.
Pressupor encontrar a resposta para o problema de pesquisa é o que move o
pesquisador a se engendrar por caminhos abstrusos em busca de tais explicações e
soluções. Este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que consiste em fazer
o levantamento de referências teóricas que já foram publicadas, permitindo ao
pesquisador conhecer e analisar o que já foi estudado acerca do tema (FONSECA,
2002). “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2002, p. 44). Ainda
segundo Gil (2002), há uma vantagem da pesquisa bibliográfica, que é permitir que
o pesquisador enverede para um leque amplo de fenômenos sobre o tema.
Nos parágrafos que se seguem, aborda-se o ciúme desde os primórdios
às relações contemporâneas, dominadas pelas redes sociais e as novas
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Ramos (2000) nos diz que existem muitas definições do ciúme, mas
existem três elementos principais que chamam a atenção. São eles, portanto,
uma reação a uma ameaça, a existência de um rival – imaginário ou real – e
uma reação cujo objetivo é eliminar quaisquer chances de perder o amor. Alguns
autores afirmam que o ciúme é um sentimento universal, experimentado quando
um relacionamento romântico está ameaçado (Clanton & Smith, 1977; Shettel-
Neuber, Bryson & Young, 1978; Pines & Aronson, 1983 e Albisetti, 1994, apud
RAMOS, 2000). No entanto, a conceituação mais tradicional é de que o ciúme é
definido como um complexo de pensamentos e emoções como consequência da
perda de um relacionamento romântico, ou motivado pela ameaça à autoestima
(White, 1981, apud RAMOS, 2000). Ainda sobre isso, Cavalcante (1997)
discursa que o ciúme não patológico, dito normal, corresponde ao desejo do
indivíduo de cuidar do relacionamento.
Freud em “Sobre Alguns Mecanismos Neuróticos no Ciúme, na Paranóia
e no Homessexualismo1” (1922/1976) diz que o ciúme, assim como o luto, é um
dos estados emocionais que pode ser considerado normal e não o possuir
significa severa repressão que vem exercer um papel maior no seu inconsciente.
Ele ainda se refere ao ciúme como em camadas ou graus de diferentes
intensidades, sendo elas o ciúme “competitivo ou normal”, “projetado” e
“delirante”.
Compreendendo o autor, pai da psicanálise, podemos dizer que o
primeiro se compõe de pesar, ocasionado pelo sofrimento de pensar na perda
do objeto amado, e da ferida narcísica, na medida em que esta é possível se
diferenciar da outra ferida. Por originar-se de uma relação fraternal entre irmãos
ou do Complexo de Édipo, sendo uma continuação das manifestações primárias
da vida afetiva infantil, esse ciúme não é racional em sua totalidade absoluta, em
outras palavras, derivado da situação real embora se possa chamá-lo de normal.
Acerca do segundo, o “ciúme projetado”, como o próprio nome diz, é
aquele em que o sujeito projeta no outro a sua própria infidelidade ou o desejo
de trair que foi recalcado e cederam à repressão. Esse ciúme que é emerso de
tal projeção tem uma natureza quase delirante; sendo, todavia, o trabalho
analítico com as fantasias do inconsciente dessa infidelidade mais ameno.
1
Termo utilizado pelo autor na íntegra. Atualmente, a partir do DSM-III revisado e o DSM-IV
denominou-se “homossexualidade”.
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Ciúme Patológico
CONSIDERAÇÕES FINAIS
como também apontados neste estudo quando trouxemos à tona recortes reais de
notícias envolvendo crimes passionais, consequência do ciúme patológico.
Pode-se notar também a dificuldade em se definir qual seria o limiar entre
o ciúme normal e o patológico visto que esse limite é marcado por uma linha
muito tênue perpassando pelas mais diversas emoções, sentimentos,
comportamentos e até questões psicológicas/psicopatológicas presentes nos
indivíduos. A dificuldade também se faz presente uma vez que o ciúme é
socialmente normatizado, se fazendo presente nas mais diversas relações
existentes.
Vivemos hoje o que chamamos de era tecnológica, onde os relacionamentos
são pautados através de redes sociais, fotos em aplicativos, textos românticos, mas
que podem ser gatilhos para sentimentos que levam ao extremo. Engolidos pelo
avanço da tecnologia, é preciso atentar-se para o quanto as informações afetam a
vida de cada um de nós.
Espera-se que este estudo tenha relevância para futuras discussões
acadêmicas sobre o limiar entre o ciúme normal e o patológico.
REFERÊNCIAS