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INTRODUÇÃO À LÍNGUA LATINA

PROF. Dr. CARLOS RENATO R. DE JESUS

NON SCHOLAE SED VITAE DISCIMVS

MANAUS-AM
MMXVIII
Nam omnium magnarum artium sicut arborum altitudo nos delectat,
radices stirpesque non item (Cícero, Orator, 147)

[“Com efeito, a grandeza de todas as grandes artes, assim como a das árvores,
deleita-nos, mas o tronco e as raízes nem tanto.”]

Capa:
Imagem: Cena de escola em Trier. Relevo romano tardio (séc. III A.D.). O mestre e os alunos. Dois deles
desenrolam seus volumina (manuscritos; hoje, livros): o terceiro, à direita, traz a capsa, caixa de madeira
que serve para conter e transportar livros e que contém o necessário para ler e escrever. Fonte:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/ensinoroma/index.htm

Frase: Lucius Annaeus Seneca, Epistulae Morales ad Lucilium, 106, 12.


Abreviaturas de autores e obras citados

Af. Aforismo Marc. Marco Valério Marcial


A. F. Ânio Floro
Mat. São Mateus
A. Gel. Aulo Gélio
Nep. Cornélio Nepos
Apul. Lúcio Apuleio
Ov. Públio Ovídio Nasão
Arist. Aristóteles
P. Estác. Públio Papínio Estácio
Broc. Brocardo jurídico
P. S. Publílio Siro
C. R. Cornélio Rufo
Pet. Petrarca
Cass. Cassiodoro
Petr. Caio Petrônio Árbitro
Cat. Caio Valerio Catulo
Pl. Tito Mácio Plauto
Cés. Júlio César
Plin. Vel. Plínio, o velho
Cíc. Marco Túlio Cícero
Plin. Plínio, o jovem
Claud. Claudiano
Plut. Plutarco
Dion. Cat. Dionísio Catão
Prisc. Prisciano
Enn. Quinto Ênio
Prop. Sexto Aurélio Propércio
Epig. Epigrammata
Q. C. Quinto Cúrcio
Epit. Epitáfio
Quint. Marco Fábio Quintiliano
Eutr. Eutrópio
Ruf. Quinto Rufo
F. Bacon Francis Bacon
S. Ago. Santo Agostinho
Fed. Caio Júlio Fedro
S. Jer. São Jerônmo
Front. Marcos Cornélio Frontão
S. Just. São Justiniano
Graf. Grafite de Pompeia
Sal. Caio Salústio Crispo
Greg. IX Papa Gregórrio IX
Sên. Lúcio Aneu Sêneca
Hor. Quinto Horácio Flaco
Suet. Suetônio
Insc. Inscrição em paredes
Tác. Públio Cornélio Tácito
Inst. orat. Institutio oratoria
T. Aq. Tomás de Aquino
Jer. São Jerônimo
Ter. Públio Terêncio Afro
J. O. John Owens
Tib. Tibulo
Juv. Juvenal
Var. Marco Terêncio Varrão
Lin. Carlos Lineu
Virg. Públio Virgílio Maro
Lív. Tito Lívio
Vulg. Vulgata
Lucr. Lucrécio
Sumário

APRESENTAÇÃO....................................................................................................... 7

1) O ENSINO E A IMPORTÂNCIA DO LATIM HOJE .............................................. 9


1.1) O LATIM NO CURSO DE LETRAS ..........................................................................10
1.2) O LATIM NO DIREITO .........................................................................................12
1.3) O LATIM QUE A GENTE SABE...............................................................................13
2) BREVE HISTÓRICO DA LÍNGUA LATINA ........................................................16
3) EVOLUÇÃO DO LATIM .......................................................................................18
4) DO LATIM AO PORTUGUÊS ...............................................................................23
5) SISTEMA GRÁFICO E FÔNICO ...........................................................................25
5.1) O ALFABETO......................................................................................................25
5.2) PRONÚNCIA .......................................................................................................26
5.3) SEPARAÇÃO SILÁBICA ........................................................................................28
5.4) PROSÓDIA .........................................................................................................29
5.5) ACENTUAÇÃO....................................................................................................31
6) INTRODUÇÃO AO SISTEMA VERBAL ..............................................................33
6.1) TEMPOS DO INFECTUM (ATIVO)...........................................................................33
6.2) O VERBO ESSE (SER, ESTAR, EXISTIR) ..................................................................40
7) MORFOSSINTAXE NOMINAL ............................................................................43
7.1) ALGUMAS QUESTÕES INICIAIS ............................................................................44
7.2) COMO SABER A QUE DECLINAÇÃO PERTENCE UMA PALAVRA?..............................46
7.3) A 1ª E A 2ª DECLINAÇÃO ....................................................................................48
7.4) ADJETIVOS DE 1ª CLASSE:...................................................................................61
7.5) A 3ª DECLINAÇÃO ..............................................................................................68
8) SISTEMA VERBAL: TEMPOS DO INFECTUM – CONTINUAÇÃO ...................77
9) MORFOSSINTAXE NOMINAL (CONTINUAÇÃO).............................................83
9.1) 4A E 5A DECLINAÇÕES .........................................................................................83
9.2) ADJETIVOS DE 2A CLASSE ...................................................................................90
10) GRAUS DO ADJETIVO.......................................................................................95
10.1) FORMAÇÃO DO GRAU COMPARATIVO DO ADJETIVO ...........................................96
10.2) FORMAÇÃO DO GRAU COMPARATIVO DE SUPERIORIDADE ..................................97
10.3) GRAU SUPERLATIVO DO ADJETIVO .................................................................. 101
11) ADVÉRBIOS ...................................................................................................... 105
11.1) FORMAÇÃO DO ADVÉRBIO DE MODO ............................................................... 106
11.2) GRAU COMPARATIVO DE SUPERIORIDADE DO ADVÉRBIO DE MODO .................. 107
11.3) GRAU SUPERLATIVO DE SUPERIORIDADE DO ADVÉRBIO DE MODO .................... 108
11.4) OUTROS ADVÉRBIOS ...................................................................................... 108
12) PRONOMES RELATIVOS ................................................................................ 114
13) SISTEMA VERBAL ........................................................................................... 117
13.1) TEMPOS DO PERFECTUM ................................................................................. 117
13.2) CONJUGAÇÃO COMPLETA DO VERBO ESSE: SUM, ES, ESSE, FUI (SER, ESTAR,
EXISTIR) ................................................................................................................. 122
13.3) DERIVADOS DE SUM ....................................................................................... 123
17) SISTEMA VERBAL: FORMAS DO IMPERATIVO .......................................... 130
17.1 O IMPERATIVO NEGATIVO................................................................................ 131
26) BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 135
28) APÊNDICE ......................................................................................................... 137
28.1) COMO ENCONTRAR UM SUBSTANTIVO NO DICIONÁRIO? ................................... 137
28.2) COMO TRADUZIR?.......................................................................................... 138
28.3) QUADRO RESUMITIVO DOS ADJETIVOS ............................................................ 139
28.4) ALGUMAS PREPOSIÇÕES ................................................................................. 140
28.5) QUADRO DOS TEMPOS DO INFECTUM ............................................................... 142
28.6) QUADRO DAS DECLINAÇÕES LATINAS ............................................................. 143
28.8) TABELAS DESTACÁVEIS ................................................................................. 145
APRESENTAÇÃO

Durante os anos que venho ensinando latim em universidades públicas e


particulares do Amazonas, duas grandes dificuldades sempre emergiram com mais
frequência: primeiro, a falta de material didático voltado para as especificidades das
licenciaturas em Letras, nas quais o latim é ensinado por, no máximo, três semestres; e, em
segundo lugar, a compreensível hesitação do estudante em adquirir material disponível,
especialmente um dicionário de latim, visto que seria despendido um alto valor para um curso
que nunca é completo, nem sequer, ao menos, básico. A proposta que agora se apresenta
pretende preencher essas lacunas, visando, principal mas não exclusivamente, ao ensino do
latim em cursos de Letras, no Estado do Amazonas. Tenciona durar 3 semestres, seguindo o
curso linearmente; ou 4 semestres, se for acrescentado com mais profundidade o estudo da
literatura e da história da civilização greco-romana, bem como as demais informações acerca
da cultura clássica. Um glossário com todas as palavras utilizadas nos exercícios se
encarregará de resolver o problema da falta de dicionário nas etapas iniciais.
Nunca houve dúvida a respeito da qualidade dos materiais didáticos disponíveis no
mercado brasileiro, especialmente os mais recentes, dos quais cito o de José Amarante
(UFBA), “Latinitas” (2014), além do método da professora Leni Ribeiro (UFES), “Latine
Loqui” (2016), e a tradução feita por professores da Unicamp do método de Cambridge, o
“Aprendendo Latim” (2008). Isso sem mencionar as diversas gramáticas e cursos elaborados
por grandes professores e cultos estudiosos do latim durante sucessivos anos, que nunca
deixaram de ser reeditados e comercializados. No caso dos métodos citados, trata-se de
material voltado para cursos nos quais o latim ou é ensinado como primeira ou segunda
habilitação nos cursos de Letras ou é ensinado como curso completo, em disciplinas que se
estendem por até 8 semestres. Para essas situações, não há dúvida de que esses manuais são
utilíssimos e mais do que pertinentes, haja vista sua indubitável qualidade. Quanto aos demais
livros, gramáticas e compêndios, estes parecem atender a especificidades que, até onde pude
perceber, têm sua relevância, mas, ainda assim, em minha opinião, não dão conta das
dificuldades mencionadas no início desta apresentação. Isso absolutamente não lhes retira o
valor e enorme contribuição para os estudos clássicos no Brasil. Na verdade, muito nos
utilizamos de suas preciosas lições, seja no que se refere às explicações e à estrutura dos
conteúdos apresentados, seja na exemplificação mostrada a cada ponto e mesmo nos
exercícios propostos. De uma forma ou de outra, este pequeno manual é tributário inequívoco
dos grandes mestres do passado e do presente, de dentro e de fora do Brasil.
Com isso em mente, diante do quadro editorial que se apresenta hoje em nossa
realidade de ensino-aprendizagem do latim no Amazonas, resolvi publicar o resultado de
minha experiência de cerca de 10 anos no ensino da língua latina em universidades públicas
e privadas na cidade de Manaus, com o intento de sanar tanto quanto possível aquelas
preocupações acerca de material para o ensino do latim nos cursos de Letras do Amazonas.
Não se trata exatamente de um método. Semelhante a toda experiência que se pretende
compartilhar, é apenas uma proposta que, como qualquer primeira incursão, implica
limitações de ordem variada, seja com relação à extensão e profundidade dos conteúdos, seja
quanto ao modo e organização dos assuntos estudados. Eu entendo que tais questões
dependem do ponto de vista e da interpretação pessoal de cada professor. Portanto, não será
preciso dizer que caberá aos mestres filtrar, desenvolver, ajustar, variar, escolher e acrescentar
tópicos, exercícios e explicações, de acordo com seu entendimento da matéria e do processo
de aprendizagem de seus alunos, de modo que esta pequena obra possa ser útil a todos.
Críticas e sugestões são, pois, muito bem-vindas.
Tendo em vista o princípio que norteou este manual, isto é, sua utilização específica
para e por alunos dos cursos de Letras sem habilitação em latim, a dosagem da terminologia
gramatical utilizada está um pouco acima do que normalmente se costuma apresentar nos
cursos introdutórios e mesmo avançados de latim. Esperamos compensar essa tendência com
os exercícios que acompanham cada lição, atendo-nos, tanto quanto possível, à tradução de
frases e textos, se não inteiramente originais, ao menos com pouca adaptação dos escritos
antigos. E uma vez que há poucos textos originais com o tom da simplicidade que
esperaríamos para lições iniciais, obviamente utilizei vários textos não originais e outros
bastante adaptados dos autores clássicos. A intenção é colocar o aluno desde cedo com
estruturas maiores que a frase. Mas isso não exime esta proposta de exercícios estruturais,
como sempre, conforme mencionado, com forte ênfase na terminologia gramatical. Com isso
espera-se que o estudante, além de adentrar as estruturas básicas do latim, também possa rever
questões de gramática da Língua Portuguesa. Mas não apenas gramática pura e simples.
Espera-se ainda que informações filológicas, linguísticas e etimológicas proporcionadas pela
contribuição decisiva e primordial do professor acompanhem seus estudos a cada lição.
Toda esta proposta seguiu de perto as gramáticas e manuais de autores como Furlan
(1993), Pimentel e Pena (1996), Cardinale e Calamaro (2009), Soares (1999), Napoleão
(1985), Mosca (2012), entre tantos outros, dos quais nos valemos das informações
gramaticais e de alguns exercícios. Acredito, não obstante, que um diferencial significativo
deste manual seja sua opção em começar as lições gramaticais pelo sistema verbal, e nele
aplicar considerável ênfase, ao invés de, como é de praxe, pelo sistema nominal (casos,
declinações, etc.). Isso se deveu ao fato de decidirmos, desde o primeiro momento, já traduzir
frases e textos variados e originais ou, ao menos, com poucas adaptações. O ato de lidar com
estruturas latinas já desde os primeiros passos exigiu de nós, então, o posicionamento de
oferecer ao estudante o conhecimento de estruturas verbais um pouco mais amplas, a fim de
que pudéssemos, com isso, apresentar e propor textos para análise e tradução ainda nas
primeiras unidades deste manual.
Reconhecemos que todos os pontos apresentados estão sob forma esquemática
simples, sempre carentes de maior explicação e preenchimento acerca de detalhes e
informações que podem complementar o assunto. Faltou, ainda, maior detalhamento das
fontes das frases e textos utilizados. Em ambos os casos, não quis fugir ao escopo do caráter
introdutório deste manual, que não parece combinar com uma exaustiva descrição de
informações que, ademais, o professor certamente saberá complementar e deslindar, e de
quem, aliás, em última instância, muito dependerá a eficiência deste manual.
***
Colocar um ponto final em um livro, ainda mais uma proposta como a que agora
segue, não é tarefa simples, como possa parecer. Encerrar um trabalho que demandou tanto
tempo e revisões leva o autor à prudente tentação de modificar, acrescentar, corrigir, retirar e
reescrever o que parecia já pronto para seguir para a gráfica. Creio que deve ser algo
recorrente a qualquer autor. Mas desprender-se é preciso, e o livro não é mais meu no
momento em que chegar ao leitor, o qual, assim espero, encarregar-se-á de levar a cabo o que
apenas ficou, agora, no nível da impulsividade própria de uma primeira incursão em obra
desta natureza.

***

Todas as traduções, salvo indicação contrária, são de minha autoria.

Prof. Carlos Renato R. de Jesus – Manaus, março de 2017


Carlos Renato R. de Jesus

1) O ENSINO E A IMPORTÂNCIA DO LATIM HOJE

A disciplina Latim não é mais obrigatória pelo MEC nos cursos de nível superior
no Brasil há alguns anos. E, desde a década de 60, também já não consta no currículo do
ensino médio nacional. Mesmo assim, e por isso mesmo, conhecer latim vem tornando-
se um importante diferencial para qualquer área de estudos humanísticos.
Com efeito, não é nenhuma novidade que, no imaginário ocidental, as línguas e a
cultura clássica sobrevivem vigorosa e amplamente. Seja em filmes, em nomes de
produtos comerciais, em livros e até em cartoons, a presença da herança clássica é
marcante e contínua. Nem sempre, é claro, o latim e o grego são vistos como algo positivo,
como quer demonstrar a tira acima. Muitas vezes, o latim é retratado como algo
extenuante, fastidioso e inútil, como uma “língua morta”, enfim.
Em nossa visão, contudo, as línguas clássicas estão bem vivas nos falantes das
línguas neolatinas. Seu estudo sério e disciplinado possibilita a criação de um elo que nos
coloca em diálogo direto com o pensamento antigo, com as formulações dos grandes
pensadores a respeito de Filosofia, Literatura, Mitologia, Arte e Cultura de um modo
geral. Adentrar esse universo cultural significa acesso franqueado ao legado greco-
romano, que ainda hoje permeia e influencia o imaginário e o cotidiano, não apenas
acadêmico, de nossa modernidade. Não é um saber “prático”, no sentido de que pode ser
manipulado com frequência ou aplicado a situações cotidianas e de ensino, no caso das
licenciaturas. É, antes de tudo, um conhecimento que navega na contramão de
determinadas escolhas epistemológicas imediatistas e que se vincula a um
posicionamento diferenciado ante o conhecimento humano. Optar pelo estudo laborioso
das línguas clássicas é próprio de um espírito investigativo e instigante, isto é, de alguém
que se preocupa em ir a fundo em questões muitas vezes obliteradas pela velocidade com
que as ciências avançam e novas teorias surgem; significa pausar toda informação e
buscar as origens de tudo e compreender o estado atual e real das coisas. Em um mundo
acelerado, com métodos e valores em constante renovação, os estudos clássicos
apresentam-se com um esteio de perene conhecimento, o qual, muitas vezes, a
modernidade apenas emoldurou em nova indumentária. É justamente por esse motivo
que, hoje, nos grandes centros acadêmicos do Brasil, os estudos clássicos vêm
efervescendo cada vez mais, com a proliferação de diversas pesquisas na área das línguas
latina e grega. Em muitas universidades, tais estudos são regulares e constantes, com ativa
Introdução à Língua Latina

participação em eventos científicos, como as reuniões anuais da SBPC (Sociedade


Brasileira para o Progresso da Ciência), os encontros bianuais da SBEC (Sociedade
Brasileira de Estudos Clássicos), os seminários do GEL (Grupo de Estudos Linguísticos)
e, mais recentemente, o “Encontro de Professores de Latim”, da ANPL (Associação
Nacional de Professores de Latim), que ocorre desde 2010 em diversos Estados do Brasil,
além de muitos outros eventos promovidos por instituições de renome de todo o Brasil.
Um exemplo positivo e bastante sintomático vem da UNICAMP, onde a procura
pelos cursos de línguas clássicas vem aumentando sistematicamente1. Ou seja, quando
era de se esperar que o latim se esvaísse de vez do mundo acadêmico, ele ganha mais
força e cada vez mais as diversas áreas do conhecimento voltam sua atenção para o
universo antigo.
Além disso, embora em diversos países da Europa o latim e o grego estejam
perdendo espaço nas universidades e nas escolas, a presença dos estudos clássicos nesses
países ainda é muito forte e, inclusive, em lugares de origem não-latina, como a Finlânda,
por exemplo, o latim segue firme com língua de estudo e pesquisa, desde a formação
básica do aluno. No Brasil, em muitas universidades, já dispomos de graduação em
Letras/Latim, como a UFPB, a UNESP, a UFJF, a UFRJ, a UFMG, a USP, a UFF, e a
UFPR, nas quais a pesquisa e a procura pelas línguas antigas crescem continuamente.
É importante lembrar, ainda, que, hoje em dia, com a popularização da internet, o
acesso a publicações da área e a uma infinidade de textos antigos originais torna-se muito
comum e facilitado. Muitas revistas e periódicos, todos muito recentes, parecem mostrar
a importância que os estudos clássicos vêm despertando na sociedade moderna,
colaborando para o interesse na riquíssima cultura greco-romana e suas incessantes
contribuições aos estudos humanísticos (para ficar apenas nos interesses mais evidentes)
contemporâneos e à compreensão do universo cultural que se manifesta no presente.

1.1) O latim no curso de Letras

A tira acima deixa entrever uma determinada visão a respeito do ensino do latim
como algo desvinculado da realidade linguística do estudante, como se fosse uma língua
“de outro planeta”. Em contrapartida, os defensores de sua permanência nas escolas e

1
Cf.: http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2765,1.shl
universidades argumentam – na perspectiva de sua relevância na educação regular – que
saber bem latim resulta em conhecer bem o português. Em nosso entendimento, tanto a
primeira vertente como a segunda necessitam de, ao menos, uma complementação e
contextualização. Se, por um lado, é preciso reconhecer que o latim é, em sua essência,
uma “língua estrangeira” e que assim deve ser entendida, é necessário, do mesmo modo,
reconhecer que seus laços históricos com o português muito contribuem para a
compreensão em profundidade de vários aspectos gramaticais e etimológicos da língua
portuguesa. E mesmo que nos apoiemos na premissa de que conhecer qualquer língua
sempre pode auxiliar no aprendizado de um novo idioma, no caso do latim, parece-nos
que o caminho é de mão dupla: é preciso também que o estudante tenha o mínimo de
domínio dos aspectos gramaticais do seu idioma materno, para que as questões
linguísticas do latim sejam mais facilmente apreendidas. Com o tempo e com a prática,
ambas as línguas se complementam em função de suas matizes comuns, resultando em
esclarecimentos mais amplos a respeito das funcionalidades de uma e de outra, deixando,
então, o português de ser objetivo último do ensino do latim, enquanto esvanece neste o
estigma de “língua alienígena”.

Fonte: http://em-outras-palavras.tumblr.com/page/2

Seria, portanto, profundamente desejável que os cursos de Letras no Brasil


mantivessem um estudo contínuo da língua latina (atualmente, como vimos, apenas
algumas universidades têm curso completo em suas grades). E como na maioria dos
cursos de graduação não são reservados mais que dois ou três períodos aos estudos
clássicos, pode-se, pelo menos, ter em vista os seguintes referenciais para o latim no curso
de Letras:
a) O latim proporciona uma ampla visão do funcionamento de diversas línguas
modernas, porque, ao mesmo tempo em que mostra laços evidentes com nosso idioma
pátrio, também possui um mecanismo (o sistema de casos) muito diferente dos sistemas
de muitas línguas modernas, especificamente as mais estudadas nas escolas do Brasil,
como o inglês e o espanhol. Desse modo, o contato com uma estrutura particular e
diferenciada como a do latim proporcionará ao estudante de Letras não apenas a
oportunidade de perceber quão diversas e ricas podem ser as línguas, mas também a
possibilidade de perceber o quanto as relações entre elas são, ao mesmo tempo
diversificadas e estreitas.
b) De certo modo, o aluno será obrigado a conhecer mais e mais a gramática de
sua própria língua, pois com o seguimento do curso, será necessário utilizar termos
técnicos e conhecer a morfologia da língua portuguesa, bem como desenvolver a
capacidade de reflexão sobre determinado fenômeno gramatical do português, a fim de

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Introdução à Língua Latina

avançar nos estudos do latim.


c) Um pouco relacionado com o item acima, está a necessidade de abstração em
relação à língua de um modo geral. Isto é, será percebido que as reflexões sobre tal e qual
língua dependem da capacidade de concentração e raciocínio que, afinal, qualquer
profissional de Letras deve ter e que o estudo sério e dedicado do latim – assim como o
de qualquer outra língua – pode desenvolver.
d) Diversas questões de filologia, etimologia, gramática, linguística histórica,
prosódia, fonética, fonologia, etc. podem ser inferidas ao longo dos estudos e aplicadas
em futuras pesquisas.
e) As noções básicas de tradução que se pretende adquirir ao longo do curso
capacitam o aluno a traduzir sozinho sentenças e expressões muito comuns de serem
encontradas em manuais de literatura, em determinadas obras literárias ou mesmo em
citações encontradas em diversos livros, trabalhos, além de em dezenas de inscrições em
igrejas, relógios, bandeiras, slogans, etc.
f) Há também outras questões mais gerais: ao aluno que se propõe conhecer o
idioma materno não faltarão questões relacionadas à origem da Língua Portuguesa que só
o conhecimento do latim ajudará a resolver. Nesse sentido, podemos considerar que o
ideal, então, seria conhecer o latim vulgar, já que é daí que se originam as línguas
neolatinas. Mas mesmo para o latim vulgar é necessário conhecer o latim clássico, de
modo que a questão é a mesma: temos que passar pelo estudo do latim e todo o seu
funcionamento para compreender que o português e o latim são, de fato, duas variedades
de uma mesma língua.
g) Uma última questão ainda pode ser considerada. Se quiséssemos ignorar
completamente os evidentes avanços da Linguística – que já há tempos aproveita os
estudos clássicos referentes à linguagem para ampliar os debates na área da fonologia e
da morfologia, particularmente – ficaríamos com a extraordinária literatura dos antigos,
a qual, por si só, já vale o esforço não só para apreciar esse riquíssimo acervo, mas
também para percebermos que muito do que pensamos saber hoje já foi dito e discutido
há, pelo menos, dois mil anos.

1.2) O latim no Direito

A enorme extensão do império romano, e sua consequente complexidade em


termos de administração e gerência dos territórios mais longínquos, demandou um
complexo sistema jurídico-administrativo que culminou num quadro de leis e
jurisprudências que recrudesceram até mesmo com as invasões bárbaras e subsistiram,
mutatis mutandis, até os nossos dias.
De fato, diversas expressões latinas, particularmente os brocardos jurídicos, ainda
hoje permeiam as demandas legais, de tal modo que os juristas as utilizam para
abrilhantarem, enriquecerem, precisarem ou mesmo esclarecerem seus argumentos,
máximas e princípios. (Observemos que a tira acima adverte para a demasia em seu uso).
No que tange ao sistema jurídico latino, apesar das suas imperfeições e das
desigualdades que não se extinguiram, a evolução do direito romano fomentou as bases
jurisprudenciais do mundo ocidental com incrível influência. Os princípios de proteção à
sociedade e ao cidadão encontram par na charta libertatum dos romanos: a igualdade
civil, a tutela da liberdade, o respeito à autonomia individual são suas grandes
características. Salvo a interdição de casamento entre patrícios e plebeus, ela não faz
distinção entre uns e outros, nem mesmo em matéria de direito penal, como sucedia entre
povos sujeitos a regime absoluto (Giordani, 1984).
Segundo Giordani (1984), o espírito prático dos romanos orientou-se por uma
filosofia simples e sólida que, oportunamente, os jurisconsultos souberam extrair das
obras dos pensadores gregos e aplicar à realidade romana. Um simples olhar a um manual
de Direito Romano revela-nos seu espírito: proteção do individuo, autonomia da família,
prestígio e poder do pater familias, valorização da palavra empenhada, etc. As normas
jurídicas romanas estavam, sob diversos aspectos, bem distantes da perfeição: admitiam
a escravidão, não protegiam os desafortunados, não estabeleciam uma perfeita igualdade
entre os seres humanos. Numa palavra, não reconheciam o direito do ser humano como
tal. Mesmo assim, representou um progresso na ordem jurídica da humanidade, e,
sobretudo, legou ao mundo que sobreviveu à queda do Império importante patrimônio
que ainda está bem vivo. Ainda segundo o autor, o Direito Romano não merece nossa
admiração somente por seu conteúdo. Devemos apreciá-lo, também, pela forma com que
foi expresso, por sua linguagem. Esta é, com efeito, clara, simples, nítida, exata. Se
tivéssemos herdado do Direito Romano apenas seus conceitos e suas nítidas
classificações, isto já teria sido de um grande proveito para a clareza do pensamento.

1.3) O latim que a gente sabe

O latim continua presente em nossa língua de várias maneiras, especialmente no


léxico que dele deriva, e é certo que muitas palavras se iluminam quando relacionadas
com sua origem etimológica. Algumas, tidas como “curiosas”, logram interessantes
surpresas ao ser explicada sua formação e origem, principalmente se surgem em ambiente
moderno e interativo, como o Twitter, por exemplo. Vejamos, como ilustração, o texto
do seguinte tweet:

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Introdução à Língua Latina

A palavra em questão deriva da frase ne sutor ultra crepidam (no original, ne


supra crepidam sutor iuducaret, isto é, “que o sapateiro não julgue nada acima da
sandália”), que é mencionada por Plínio, o Velho (Naturalis historia XXXV, 10, 36), o
qual, por sua vez, a atribui ao pintor grego Apeles em uma pitoresca situação. Apeles
costumava expor seus quadros diante de sua loja, a fim de poder se beneficiar dos
comentários e críticas dos transeuntes. Certa vez, um sapateiro criticou a forma como a
sandália de um personagem de um dos quadros fora representada. Então, Apeles, na época
considerado o maior pintor já existente, corrigiu o problema daquele quadro em
particular.
No dia seguinte, no entanto, o sapateiro, envaidecido porque sua crítica tinha sido
aceita, começou a criticar também a representação do joelho do mesmo personagem.
Nesse ponto, o artista se dirigiu a ele com a frase que se tornou proverbial. Hoje em dia,
a sentença é usada no sentido da palavra destacada no tweet, transformada em neologismo
da Língua Portuguesa.
Há, ainda, centenas de palavras e expressões legitimamente latinas que são usadas
até imperceptivelmente por muitos de nós no dia-a-dia. Da lista abaixo, retirada de
Pimentel e Pena (1994), veja a que você conhece ou compreende o significado. O que
você não conhecer procure pesquisar a respeito. Talvez você conclua que sabe muito mais
latim do que pensa.

A posteriori Aurea mediocritas Dixi


A.m. / p. m. Auri sacra fames Duplex
Ab absurdo Ave Dura lex sed lex
Ab ovo Ave, Caesar, morituri te Ecce homo!
Ad augusta per angusta salutant Educando
Ad hoc Bis Errare humanum est
Ad kalendas graecas Campus Errata
Adenda Carpe diem Etc.
Agenda Cogito ergo sum Ex cathedra
Agnus Dei Corpus Fac simile
Alea iacta est Corpus Christi Fama volat
Alias Curriculum vitae Fiat lux!
Alibi De facto Forum
Alter ego Deficit Grosso modo
Amanda Delenda est Carthago Habeas corpus
Ars longa vita brevis Deo gratias Habemus papam
Audentes fortuna iuvat Deus ex machina Habitat
Audio Divide et impera Hannibal ad portas
Hic et nunc Legenda Panem et circenses
Homo erectus Libido Pari passu
Homo sapiens Magister dixit Per aspera ad astra
Honoris causa Magna Charta Per capita
Ibidem Magnificat Persona non grata
Idem Mapa mundi Post mortem
In dubio pro reo Mea culpa Post scriptum
In extremis Medice, cura te ipsum! Pro forma
In hoc signo vinces Medium Quid pro quo
In medias res Memorandum Quo vadis?
In memoriam Mens sana in corpore Quorum
In saecula saeculorum sano Requiem
In vino veritas Modus faciendi Res, non verba
in vitro Modus vivendi S.P.Q.R.
INRI Mutatis mutandis Salve
Interim N.B. Sic
Ipso facto Nec plus ultra Sine cura
Ipso facto Nihil obstat Sine die
Ite, missa est Nosce te ipsum Sine qua non
Item O tempora, o mores!
Lapsus calami Omnibus
Lapsus linguae Op. cit.
Lapsus memoriae Opus Dei
Statu quo
Stricto sensu
Sui generis
Summa cum laude
Superavit
Tu quoque, Brute, fili
mi!
Turbo
Vade mecum
Vae victis!
Verba dicendi
Vide
Video
Virus
Vox populi vox dei
Vulgata
Forum romanum

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Introdução à Língua Latina

2) BREVE HISTÓRICO DA LÍNGUA LATINA

O latim era a língua falada no Lácio (Latium), região da Itália Central, onde, em meados
do séc. VIII a. C., foi fundada a cidade de Roma. Havia um estreito parentesco entre o
latim e outros dois idiomas falados antigamente na Península Itálica:o osco, língua dos
samnitas (povo indoeuropeu seminômade que havitava o centro da península itálica nos
idos so séc X a. C., aproximadamente); e o umbro, língua da Úmbria (Vmbria).

Línguas faladas na Itália por volta do séc. VI a. C.


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_itálicas

A grande semelhança entre esses três idiomas fez supor a existência de uma língua
única, hipotética, a qual teria se consubstanciado no chamado “tronco itálico” e que teria
dado origem a estes e a outros idiomas. Com o confronto de raízes vocabulares existentes
no latim com raízes de palavras pertencentes a algumas das antigas línguas faladas na
Índia, na Pérsia, na Grécia, na Gália, na Germânia e em outras regiões, bem como certa
semelhança entre as estruturas gramaticais de tais línguas, permitiram aos estudiosos
formular a hipótese da existência de uma língua ainda mais antiga, que teria gerado esses
idiomas, que teria dado origem aos tronco itálico. Deu-se o nome de “indo-europeu” a
essa hipotética língua-mãe.
Supõe-se que o indo-europeu foi falado, há mais de 20.000 anos, por um povo que
se dispersou, por razões até hoje desconhecidas, alguns milênios antes de Cristo,
espalhando-se pela Europa e pela Ásia.
A dispersão do povo acarretou profundas modificações linguísticas no idioma,
inicialmente uno. O indo-europeu dividiu-se em numerosas línguas, cada uma das quais
gerou posteriormente outros tantos idiomas. Essas línguas foram agrupadas, pela
proximidade linguística, em diversos ramos: o já mencionado itálico, o helênico, o céltico,
o germânico, o báltico, o eslavo, o indo-irânico e outros. Muitas dessas línguas acham-se
hoje extintas ou mortas. As remanescentes são faladas em grande parte do mundo
ocidental e em algumas regiões do Oriente.

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Carlos Renato R. de Jesus

Figura 2: árvore genealógica do indo-europeu


Fonte: http://www.ancient.eu

O latim é, portanto, uma língua indo-europeia, do ramo itálico, com parentesco


osco-umbro e que, ainda, por questões de contato linguístico, recebeu influências etruscas
e gregas, de cujos povos – por motivos diversos – recebeu significativas contribuições:
léxico, estilos literários e artísticos, sistema jurídico, arquitetura, etc. Temos, com esses
influxos, o latim arcaico em primeira instância e, depois, o latim fixado a partir do séc. I
a. C. até seu esfacelamento a partir do séc. IV d. C.:

OSCO GREGO (léxico erudito, literatura, artes)

LATIM

UMBRO ETRUSCOS (leis, arquitetura, alfabeto)

Os romanos utilizaram o substrato fonético e lexical herdado dos vizinhos e,


posteriormente, conseguiram a hegemonia sobre os demais povos da Itália, e a língua de
Roma conquistou o mundo impondo-se sobre todas as outras línguas, menos sobre o
grego.
Quando as forças centrífugas (etnias) prevalecem sobre as centrípetas (império),
aquelas enfraquecem a organização político-administrativa de Roma e foi facilitado o
surgimento das línguas neo-latinas ou românicas (Romeno, Italiano, Francês, Espanhol,
Português e o Catalão). A Igreja deu continuidade à tradição do Império, pois tinha
adotado como língua oficial o latim (o latim cristão), que permaneceu como língua
cultural durante toda Idade Média, visto que ela ficou como única depositária da cultura.
Com o Humanismo a cultura tornou-se laica, e a Reforma quebra a unidade religiosa da
Europa; as línguas românicas chegam à dignidade literária. Ao latim cristão e medieval
sobrepõe-se o latim humanístico, uma língua internacional duma elite de sábios que se
inspirou nos modelos clássicos. Entretanto, pouco a pouco a latim vai se distanciando da

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Introdução à Língua Latina

vida cultural europeia.


O latim sobrevive ainda até o séc. XVIII, mas já não é mais um instrumento de
comunicação e torna-se uma língua cristalizada na liturgia e nos documentos da Igreja,
na escola e na filosofia clássica.

3) EVOLUÇÃO DO LATIM

Durante longo período de tempo em que foi utilizado como língua viva, o latim
sofreu, evidentemente, profundas transformações. Há grande diferença entre a língua dos
primeiros escritos e a dos textos dos tabeliães portugueses que, no século XII de nossa
era, ainda se utilizavam do antigo idioma. Há sensível dessemelhança entre o latim das
obras literárias do século I a. C. e as inscrições cristãs dos primeiros tempos. Por essa
razão costuma-se caracterizar o latim conforme a época e as circunstâncias em que foi
usado (baseamo-nos na divisão feita pela profª. Dra. Zélia de Almeida Cardoso, em
“Iniciação ao latim”, de 1993):
Latim pré-histórico é a língua dos primeiros habitantes do Lácio, anterior ao
aparecimento dos documentos escritos. Deve ter sido falado entre os séculos XI e VII ou
VI a.C.
Latim proto-histórico é o que aparece nos primeiros documentos da língua. São
exemplos dessa fase as inscrições encontradas na fíbula de Preneste – uma fivela do séc.
VII ou VI a. C. – e no vaso de Duenos , de fabricação um pouco mais recente, talvez no
séc. IV a. C.

Figura 3: fíbula prenestina

Figura 4: vaso de Duenos

Também chamado de latim arcaico, é a língua utilizada entre o séc.III a.C.e o


início do séc. I a.C. Manifesta-se em antigos textos literários – obras de Névio (270-201
a. C.), Plauto (254-184 a. C.), Ênio (239-169 a. C.), Catão (234-149 a. C.) –, bem como
em epitáfios e textos legais. Inicialmente pobre com vocabulário reduzido e estruturas
morfossintáticas não rigorosamente determinadas, a língua tende, com o passar do tempo,
a firmar-se, enriquecer-se e aperfeiçoar-se, graças, sobretudo, ao desenvolvimento da
literatura e à influência da cultura helênica.
Latim clássico é o que floresce a partir do segundo quartel do séc. I a.C., quando

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Carlos Renato R. de Jesus

são compostas as grandes obras que marcaram os momentos mais importantes da prosa
e da poesia latina: as obras de Cícero (106-43 a. C.),Virgílio (70-19 a. C.), Horácio (65-8
a. C.), Tito Lívio (59 a. C. – 17 d. C.) e numerosas outras figuras de relevo. É uma língua
cultivada, artística, profundamente diferente do que seria o latim falado mesmo pelas
classes sociais mais cultas. O latim clássico se preservou graças à conservação de
inúmeras obras literárias e é dessa modalidade linguística que puderam ser depreendidos
os fenômenos gramaticais do idioma.

Figura 5: maquete da cidade de Roma


Fonte: http://historiadomundo.uol.com.br/romana/civilizacao-romana.htm

Latim vulgar é o nome comumente atribuído à variedade ou variedades do latim


falado pelo povo, nas regiões próximas a Roma. Não é posterior ao latim clássico, como
se pode erroneamente inferir. Como variedade oral, esteve sujeita a alterações
determinadas por diversos fatores: épocas, delimitações geográficas, influências
estrangeiras, nível cultural dos falantes, etc. Nunca foi uniforme e, embora sejam
pouquíssimas as fontes de que dispomos para seu conhecimento e para sua comprovação
como modalidade escrita, de acordo com autores como Väänänen (1982), Basseto (2005)
e Neto (1967), podemos citar:
a) os gramáticos latinos: muitos foram os gramáticos que procuravam denunciar a
pronúncia ou formas erradas assim julgadas por eles. Ente eles podemos citar Ápio
Cláudio (séc. II a. C.), Varrão (116-27 a. C.), Cícero (106-43 a. C.), Quintiliano (35-
95 d. C.), Donato (séc. IV d. C.) e Prisciano (séc. V d. C.). Particularmente interessante
é um texto possivelmente da era cristã, erroneamente atribuído a Probo (séc. I d. C.),
o Appendix Probi, que relaciona e corrige 227 palavras e expressões que estariam
sendo corrompidas pelo uso comum.
b) os glossários latinos: trata-se de comentários ou vocabulários rudimentares de palavras
e construções, feitos por copistas sobre os textos clássicos que pudessem causar
alguma dificuldade ao leitor do tempo corrente.

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Introdução à Língua Latina

c) as inscrições latinas: epitáfios, grafites, fórmulas cabalísticas etc. Destaque para as


inscrições de Pompéia e Herculano.
d) nos autores latinos arcaicos, clássicos e pós-clássicos: O estilo mais relaxado e
coloquial de alguns autores, com a intenção de maior expressividade popular (no caso
de Plauto e Terêncio, comediógrafos da antigüidade romana), seja por motivos
estilísticos (como algumas poesias de Catulo e Horácio no período clássico).; Cícero,
epistológrafo, também usa de mais coloquialidade nas suas cartas. Por fim, também
encontramos mais exemplos de latim vulgar nos textos de Petônio (Satyricon).
e) nos tratados técnicos: Destaca-se Catão (séc. II a. C.) possuidor de uma escrita mais
próxima do que seria o latim vulgar. Sua obra, De agri cultura, é desprovida dos
rigores gramaticais da erudição latina e forjada com diversos elementos populares.
f) nas histórias e crônicas: obras que, a partir do séc. VI, surgem sem pretensão literária,
carregadas de vulgarismos e reminiscências clássicas.
g) nas leis, diplomas, cartas e formulários: são documentos, especialmente dos visigodos,
que apresentam uma mescla de elementos populares e reminiscências literárias. As
vantagens desse tipo de texto é que são desprovidos das correções e corrupções que
alteram os textos literários.
h) nos autores cristãos: destaque para a vetus latina, na era cristã evidentemente, que era
uma espécie de versão popular da Bíblia.
Em última análise, a reconstituição do latim vulgar através do estudo comparativo
das línguas românicas é também forte elemento que revela as principais transformações
do latim falado, como a passagem do ritmo quantitativo para o ritmo acentuativo, o quase
abandono das declinações, a perda de certas formas do sistema verbal, etc.
Latim pós-clássico é o que se encontra nas obras literárias compostas entre os
séculos II e V de nossa era. Embora ainda sejam textos de grande valor, a língua começa
a perder as características linguísticas do período anterior. Diminui a distância entre a
língua literária e a língua falada e já se prenuncia forte dialetação da qual se originariam
as línguas românicas.

Com as invasões dos povos bárbaros e o esfacelamento do Império Romano, o


latim perdeu a sua unidade como língua, gerando inúmeros falares locais que se
desenvolveriam em numerosos idiomas. As classes cultas, entretanto, procuraram, ainda,
por muito tempo, manter o uso do latim. Os tabeliães utilizaram-no até o século XII em
documentos oficiais, muito embora nesses textos a língua já se mostre bastante
deteriorada. A igreja fez do latim a sua língua oficial, sendo tal idioma obrigatório até
1961, tanto na redação de documentos eclesiásticos quanto na realização de cultos e
cerimônias religiosas. A ciência, por sua vez, até o início do século XX, viu no latim uma

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Carlos Renato R. de Jesus

espécie de linguagem universal, e nessa foram escritos inúmeros tratados filosóficos,


científicos e acadêmicos. Podemos falar, portanto, ao lado das duas formas antes
mencionadas, num latim de tabeliães ou latim bárbaro, num latim eclesiástico e,
finalmente, num latim científico. Essas modalidades apresentam cada uma suas
características e sua especificidade.

Figura 6: mapa do império romano (séc. II d. C.)


Fonte: https://www.theapricity.com/forum/archive/index.php/t-47034.html

Não obstante, podemos dizer que o “o latim de hoje” sobrevive nas próprias
línguas românicas, irmanadas pelo tronco comum que as une e as consubstancia sob o
legado lexical latino. Para citar alguns exemplos:

Do latim Português Espanhol Francês Romeno Italiano


oculus olho ojo oeil ochiu occhio
stella estrela estrela étoile stea stella
magister mestre maestro maître maestru maestro
signum sinal signo signe signal segno
nox, noctis noite noche nuit noapt notte
amicus amigo amigo ami amic amico
populus povo pueblo peuple popor popolo
templum templo templo temple templu tempio
locus lugar lugar lieu loc luogo
primus primeiro primero premier prime primo
octo oito ocho huit opt otto

Além disso, muitas outras palavras do português se “iluminam” quando


confrontadas com sua raiz etimológica, ora esclarecendo o significado original da palavra,
ora surpreendendo-nos com a mudança de sentido que, muitas vezes, as palavras sofrem
ao longo do tempo, por motivos diversos.Veja que outros vocábulos você pode encontrar,
a partir do étimo latino:

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Introdução à Língua Latina

Menda: defeito emendar, emenda, mendigo, mendaz


Fraus, fraudis: fraude fraude, defraudar, fraudulento
Candere: estar aceso cândido, candelabro, candidato
Munus, muneris: presente, tarefa município, imune (it. comune)
Ius, iuris: direito jurar, jurado, conjurar, jurispridência
Senex: velho senil, senador
Precis: oração prece, precário, pregar
Vir: homem viril, virilidade, virtude
Signifer: estandarte significar, significante
Frangere: quebrar fragmentar, frangalhos, fractal
Riualis: que está de um dos rival, rivalidade
dois lados de um riacho

Que palavras, em português, derivam dos seguintes vocábulos latino?

• curare (cuidar, tratar de): ____________________________________________

• Iungo (reunir, juntar): ______________________________________________

• Signum (sinal): ___________________________________________________

• Caput, capitis (cabeça): _____________________________________________

• Via (caminho): ____________________________________________________

• Pater (pai): _______________________________________________________

Mapa genealógico das línguas românicas:

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Carlos Renato R. de Jesus

4) DO LATIM AO PORTUGUÊS

Milhares de palavras do português possuem raiz latina. Isso é fato. No entanto, o


processo de transformação de uma língua para outra, do latim para o português, deu-se
de maneira complexa e lenta. As causas são diversas e controversas, mas, sem dúvida, a
gradativa influência linguística dos povos conquistados com a expansão do império,
ocasionando contatos, empréstimos e variações, certamente foi determinante. Há ainda a
já brevemente discutida questão do latim vulgar, que englobava as variedades
linguísticas de toda aquela região do Lácio e que recrudesceu mesmo depois da queda de
Roma. No que se refere às línguas neolatinas, é unânime entre os filólogos o fato de que
o português, assim como as demais, provieram, essencialmente, dos assim chamados
“romances”, um certo tipo de língua que funcionou como interponto entre o latim vulgar
e as línguas vernáculas atuais. Evidentemente, o latim vulgar, embora apresentando suas
próprias estruturas linguísticas, está diretamente relacionado ao latim clássico, pois este
se tratava de uma vertente que tinha como representação escrita “normativa” o latim
clássico.
No entanto, para a formação da língua portuguesa, entraram em jogo muitos outros
fatores, os quais explicam a convivência de formas variadas de uma mesma origem latina.
Segundo Kury (1989), após o Renascimento europeu, muitos intelectuais passaram a
escrever suas obras em latim, além de em sua própria língua vernácula, de modo que o
latim passou a ser uma espécie de língua universal, franca. Tais autores foram numerosos:
Dante (1265-1321), Petrarca (1304-1374), Boccaccio (1313-1375), Thomas More (1478-
1535), Roger Bacon (1241-1294), Francis Bacon (1561-1626), etc. Desse convívio entre
o latim e as línguas nativas de cada país, ocorreu uma assídua inserção de palavra eruditas
– vindas do latim escrito – nas línguas daqueles escritores, muitas das quais sofreram
apenas adaptações na sua parte final, para que tivessem aspecto vernáculo: são as palavras
CULTAS ou ERUDITAS. Veja uma ligeira amostra de palavras de língua portuguesa. À
esquerda, encontram-se as palavras eruditas cognatas das palavras de origem popular, à
direita:

• alienar ~ alheio • doloroso ~ dor


• audição, auditivo ~ ouvir • eclesiástico ~ igreja
• celeste ~ céu • equitativo ~ igual
• crucificar ~ cruz • impulso ~ puxar
• decapitar ~ cabeça • insular ~ ilha

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Introdução à Língua Latina

• lácteo ~ leite • proponente ~ pôr


• legenda ~ ler • putrefacto ~ podre e feito
• lúcido ~ luz • racional ~ razão
• magistério ~ mestre • regenerar ~ gerar
• manuscrito ~ mão • ruptura ~ roto
• noctívago ~ noite • sagitário ~ seta
• plenilúnio ~ cheio e lua • saliente ~ sair
• potência ~ poder • sedentário ~ sentar
• prejudicial ~ prejuízo • tenebroso ~ trevas
• previdência ~ prever • voluntário ~ vontade
• proclamar ~ chamar

Ainda segundo Kury (1989), muitas dessas palavras eruditas têm a mesma origem
de outras que já haviam entrado na língua por via oral, pela boca do povo. Por isso, nossa
língua às vezes possui dois ou mais representantes advindos de um mesmo étimo latino,
alguns mantendo a forma erudita – do latim escrito –, outros sofrendo alterações fonéticas,
devido ao seu uso e contato com as camadas mais populares do ambiente em que foram
usados. Convém observar, desde agora, que essas formas divergentes dificilmente têm o
mesmo significado: geralmente há também especialização de sentido em algumas delas.
É interessante observar também que algumas palavras de origem culta se tornaram, com
o tempo, mais usadas que as sua correspondentes de origem popular. É o caso, por
exemplo, de incrédulo (origem culta), hoje mais conhecida que incréu (origem popular),
ambas provindas do latim incredulu; limite (erudita) e linde (popular); operário (erudita)
e obreiro (popular); entre muitas outras (cf. a lista elaborada por Kury (1989) no apêndice,
seção 28.7).
Uma terceira via são outras línguas, quase sempre neolatinas, que receberam certas
palavras do latim e que o português tomou de empréstimo. Algumas delas também
passaram diretamente do latim para o português, e constituem igualmente formas
divergentes.
Veja alguns exemplos, também retirados de Kury (1989):

LATIM PORTUGUÊS LÍNGUA INTERMEDIÁRIA PORTUGUÊS

anellu elo provençal: anel anel


aramine arame castelhano: alambre – alambrado alambrado
caput cabo francês: chef chefe
facticiu feitiço fr.: fetiche fetiche
homine homem cast.: hombre – deriv.: hombridad hombridade
lumine lume cast.: lumbre – deriv.: deslumbrar deslumbrar
vislumbrar vislumbrar
media média inglês: media (pronunciado mídia), mídia
mídia no sentido de “meios de
comunicação”
minuta miúda fr.: minute (a) minuta
opera obra italiano: opera ópera
planu chão cast.: llano lhano
sanguine sangue cast.: sangre – deriv.: sangrar sangrar
solu só ital.: solo solo (termo de música)
tenore teor ital.: tenore tenor
impulsare empuxar cast.: empujar empurrar

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Carlos Renato R. de Jesus

5) SISTEMA GRÁFICO E FÔNICO

5.1) O alfabeto

O alfabeto latino (que vem do etrusco, o qual está baseado num alfabeto grego não
jônico, herdado pelos gregos dos fenícios que por sua vez aprenderam dos egípcios)
consta de 21 letras (A B C D E F G H I K L M N O P Q R S T V X ) mais 2 (Y e Z),
introduzidas no 1º século antes de Cristo para os nomes de origem grega, perfazendo desta
maneira um total de 23 letras.
No período clássico (81 a. C. - 12 d. C.), duas letras tinham, cada uma, duplo valor
de vogal e consoante: u e i. Ocorre que os latinos tinham um só sinal gráfico para o som
de /w/ e /u/, que era o grafema <u>, minúsculo, e <V> maiúsculo; e, do mesmo modo,
apenas um grafema, <i> e <I>, para os fonemas /i/ e /j/.
Por isso, na Renascença (séc. XVI), um humanista chamado Pierre de la Ramée
(1515-1572), acrescentou ao alfabeto latino mais duas letras – <j>, <J> e <u>, <U>.
O <j> veio a representar a letra <i>, quando esta tinha valor da semiconsoante /j/,
ou seja, quando ocorria antes de vogal.
O sinal <V> surgiu para representar, em maiúsculo, a letra <u>, quando esta
possuía valor da vogal /u/, isto é, quando aparecia depois de consoante. Com isso, a letra
<V>, maiúscula, e <v>, minúscula, passaram a representar apenas a forma consonantal
/w/, isto é, sempre antes de vogal.
Essas novas letras foram necessárias porque havia certa confusão no emprego de
apenas um sinal gráfico para dois valores fonéticos. Por exemplo, os romanos escreviam
LVDVS (em vez de LUDUS), mas, quando usavam letras minúsculas, escreviam “ludus”
com <u>. E ainda VVLPES (em vez de VULPES), mas “uulpes”, em minúsculas. O
procedimento é o mesmo no caso de IVSTITIA (em vez de JUSTITIA).
Por isso, dependendo da edição, alguns textos optam pela grafia clássica em vez
da medieval, o que pode causar certa dificuldade ao se procurar uma palavra no
dicionário, quando ela for grafada com J ou I e V ou U. Dessa forma, quando você não
conseguir encontrar uma palavra que contenha a letra j, tente procurá-la com i. O mesmo
vale para v e u.
As letras <Y> e <Z> foram acrescentadas no 1º século a.C. para resolver o
problema de transição de palavras gregas (λύρα,‘lýra’, e ζέφυρος, ‘zéphyros’, por
exemplo)
Os romanos usavam somente as maiúsculas e não conheciam os sinais de
interrupção nem os sinais diacríticos (acento, trema, apóstrofo, hífen, etc...). As letras
minúsculas só aparecem pelo final da República (27 a. C.).

Fonte: https://www.omniglot.com/writing/latin.htm
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Introdução à Língua Latina

5.2) Pronúncia

É impossível determinar com exatidão qual a pronúncia da língua latina no tempo


dos romanos, mas costuma-se, hoje, dividir em três pronúncias básicas, a saber:
a) ROMANA – usada principalmente na Itália e no Vaticano, constituindo-se, por isso,
na pronúncia oficial da Igreja Católica (pronuncia-se, observadas algumas exceções,
como se fosse italiano). É também chamada de ‘pronúncia eclesiástica’.
b) TRADICIONAL – foi muito comum nas escolas de Portugal e do Brasil. Pronuncia-
se, observadas algumas particularidades, como se fosse a língua materna de cada país em
que a língua é estudada.
c) RECONSTITUÍDA (CLÁSSICA) – usada no meio acadêmico, com base nas
inferências de filólogos e pesquisadores clássicos, esforça-se para imitar a pronúncia
usada pelas pessoas cultas de Roma na época de Cícero (106 - 43 a.C). Adotaremos essa
pronúncia.
Segundo a síntese a seguir de pronúncia proposta por Soares (1999), todas as vogais
e consoantes são pronunciadas sempre, não importando a posição que ocupem na palavra.
Nos ditongos, cada vogal conserva o som que lhe é próprio: ae pronuncia-se “ái” e oe
pronuncia-se “ói” ou “ôi”: aedes, caelum, Troiae, poenicum, etc.

• O dígrafo “CH” pronuncia-se como “K”, com leve aspiração: Achiles, Achiues,
chorus.
• “X” pronuncia-se “KS”: rex, uxor, xenium, Xerxes.
• “TH” pronuncia-se “T”, com leve aspiração, como o “th” do inglês: theatrum,
labyrinthus, Thebae.
• “RH” pronuncia-se “R”, como a vibrante do italiano /r/: Rhenus, rhetorica, Rhea.
• Em “qu” e “gu” o “u” é sempre pronunciado: Quintus, arguit, neque, quaero.
• “T” e “D” pronunciam-se sempre como oclusiva dental, /t/ e /d/, não palatizadas,
como em “tesouro” e “dado”: nationes, otium, otii; gladium, dies, aedes.
• Pronunciam-se as consoantes duplas: Sallio, offero, Atticus.
• “H” é levemente aspirada: homines, mihi, nihil, honos.
• “J” (quando aparece) pronuncia-se “I”: jactus, janua, ejus.
• “PH” pronuncia-se “p”, com leve aspiração: Philosophia, phoedere, Phaedrus.
• “S” é sempre sibilante surda, como em “sapo”, em qualquer posição, mesmo no final:
aster, opus, patris, priusque.
• “R” é sempre vibrante, como em “arado”, nunca aspirada: rex, arbor, flor, asper.
• “C” tem sempre som de oclusiva gutural surda: /k/, como em “casa”: Cicero, Caesar,
Marcellus, dulcis.
• “G” é sempre oclusiva gutural sonora, como em “gato”: regina, ager, piger.
• “L” é sempre pronunciada como líquida, não palatizada, mesmo no meio ou no final
da palavra: locus, mel, Hannibal, alter, Alba.
• Não existe o som de /v/ como em “vela”. A letra ‘V’ (maiúscula) e sua
correspondente minúscula ‘u’, quando em posição não vocálica, são pronunciadas

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Carlos Renato R. de Jesus

como aproximantes, isto é, como semiconsoantes, com leve labialização: uocis,


auis, auete, Valerius, ueritas, aluus, uulpes, uis.
• “Y” é pronunciado com arredondamento, como o “u” francês: lyra, Tytere, physis.
• “M” e “N” devem ser claramente pronunciadas mesmo no meio ou no final da
palavra: amplexus, carmen, semen, quem, quam.
• “Z”, em início de palavra, pronuncia-se como o z /zd/ (zdeta) grego: Zeus, Zenon.
Obs.: Devemos pronunciar com clareza as sílabas finais. Evite o som nasal.

Prática de pronúncia: texto para leitura

ENEIDA (I, vv. 1-23), de Virgílio


Arma uirumque cano, Troiae qui primus ab oris Canto as lutas e o herói2 que, forçado pelo destino
a fugir do solo pátrio, partiu das praias de Troia e
Italiam fato profugus Lauiniaque uenit chegou primeiro a Lavínio, no litoral da Itália.
litora, multum ille et terris iactatus et alto Muito o maltrataram, em terra e mar, as forças
celestes, por causa do ódio da impiedosa Juno.
ui superum, saeuae memore Iunonis ob iram,
Muito também sofreu na guerra, enquanto
multa quoque et bello passus, dum conderet urbem edificava a cidade e introduzia no Lácio os deuses
de Troia: essa é a origem do povo latino, de
inferretque deos Latio; genus unde Latinum
nossos ancestrais albanos e da altiva e
Albanique patres atque altae moenia Romae. inexpugnável Roma.
Musa, mihi causas memora, quo numine laeso Dize-me, ó musa, por que a amargurada rainha
dos deuses3, contrariada em seus desejos, foi
quidue dolens regina deum tot uoluere casus levada a desencadear tantas desgraças sobre um
insignem pietate uirum, tot adire labores varão de insignes virtudes, submetendo-o a tantos
trabalhos e provações? Há tanta cólera assim no
impulerit. Tantaene animis caelestibus irae? coração dos deuses?
Vrbs antiqua fuit (Tyrii tenuere coloni) Cartago foi uma antiga cidade, colônia dos
fenícios de Tiro, situada muito distante da Itália e
Carthago, Italiam contra Tiberinaque longe da foz do Tibre, rica e duramente adestrada na
ostia, diues opum studiisque asperrima belli, arte da guerra. Dizem que Juno preferia Cartago a
qualquer outro lugar do mundo, até mesmo a
quam Iuno fertur terris magis omnibus unam Samos4. Ali estavam as suas armas, ali o seu
posthabita coluisse Samo. Hic illius arma, carro. O grande desejo e empenho da deusa eram
ver Cartago, se o destino permitisse, tornar-se a
hic currus fuit; Hoc regnum dea gentibus esse,
sede do Império e a capital do mundo. Juno,
si qua fata sinant, iam tum tenditque fouetque. porém, estava preocupada porque ouvira dizer
que, algum dia, um descendente da raça troiana
Progeniem sed enim Troiano a sanguine duci
haveria de destruir a cidade de Cartago e que
audierat Tyrias olim quae uerteret arces; agora deveria chegar, para a ruína da África, um
hinc populum late regem belloque superbum povo conquistador e valoroso na guerra: era o que
vaticinavam as Parcas5.
uenturum excidio Libyae; sic uoluere Parcas. (Tradução de Domingos P. Cegalla)

2
Herói. Eneias. Segundo a lenda, depois da queda de Troia, Eneias veio com um grupo de troianos para a
Itália. Esses troianos, mesclando-se com os autóctones, deram origem ao povo latino. O povoado de
Lavínio estava situado perto da foz do Tibre, onde Eneias aportou.
3
A rainha dos deuses. Juno. Ela queria que Cartago, e não Roma, se tornasse a capital do mundo.
4
Samos. Ilha do mar Egeu, onde Juno tinha um templo e era venerada.
5
Parcas. Deusas do destino. Segundo a mitologia, teciam, enrolavam e também cortavam o fio da vida
dos homens.

27
Introdução à Língua Latina

5.3) Separação silábica

É importante saber separar em sílabas as palavras para, além de pronunciá-las


melhor, determinar mais facilmente quando a sílaba é longa ou breve. Basicamente,
separam-se as sílabas como fazemos com as palavras da língua portuguesa, observando
apenas alguns detalhes. Observe:

5.3.1) Não se separam os ditongos: ae, oe, au, eu (às vezes, ai e oi, em palavras
arcaizantes). Mas, atenção, quando ae e oe não formam ditongo, sobre o e recai um trema,
marcando a diérese. Essa marcação, contudo, é mais frequente na tradição escolástica,
isto é, romana. Ex.: aër (ar), poëta (poeta).

5.3.2) Quando duas ou mais consoantes estiverem entre duas vogais, a primeira pertence
à sílaba anterior, e as demais, à seguinte. Ex.: im-ber (chuva), ag-men (marcha), cas-tus
(casto), con-sul (cônsul), pig-nus (penhor).

Contudo, se o grupo consonântico é constituído por uma oclusiva (p, b; t, d; c, g) ou f +


líquida (r, l), as consoantes vão todas para a sílaba seguinte. Ex.: pa-tres (pais), du-plex
(dobro), res-plen-de-re (brilhar), dis-ci-pli-na (disciplina), A-fri-ca (África).

OBS. 1: Há certa divergência (e até omissão) entre as gramáticas latinas


quanto à regra que acabamos de explicitar. Algumas optam pelo
procedimento de que não separar encontros consonantais que possam formar
palavras latinas (sc, scr, sp, st, str, etc.). Ficamos, no entanto, com a opção da
maioria dos autores, especialmente dos mais recentes, como Fucecchi &
Graverini (2009), de quem seguimos o posicionamento aqui adotado.

OBS. 2: Nos casos das palaras compostas, prevalece a divisão a partir da


etimologia (cf. item 5.3.4, abaixo). Assim: re-sto, in-stau-ro, ob-li-no, ha-ru-
spex, lec-ti-ster-ni-um.

5.3.3) Letras iguais, sílabas diferentes: bel-lum (guerra), Grac-chus (Graco).

5.3.4) As palavras compostas, dividem-se pelos componentes: post-ea, praeter- eo, dis-
tri-bu-e-re. Evidentemente, para este caso, só conhecendo um pouco mais a língua. Veja
mais exemplos: ob-ligare (ob-li-ga-re), sub-actus (sub-ac-tus), sub-eo (sub-e-o).
E ainda: ob-lectatio, in-cendere, prae-ficio, ad-eo, prae-fectura, circum-ire, sub-ornare,
ad-haeresco, in-eptus, in-explicabilis, post-meridianus, prod-e-o.

5.3.5) A letra i, diante de vogal, isto é, quando for semiconsoante /j/, não formará sílaba
sozinha. Exemplo: Iunonis (Iu-no-nis, e não *I-u-no-nis); iam (monossílabo, e não
dissílabo: *i-am), iudex (iu-dex, e não *i-u-dex); mas Italiam (I-ta-li-am), pois aí o i é
pronunciado e usado simplesmente como vogal. O mesmo vale para a letra u, quando for
semiconsoante /w/. Exemplo: auis (a-uis, e não *a-u-is), auete (a-ue-te, e não *a-u-e-te),
iuuare (iu-ua-re, e não *i-u-uare nem *iu-u-are).

5.3.6) Os encontros gu e qu nunca se separam. Constituem articulatoriamente um único


fonema (/gw/ e /kw/, labiovelares) não incidindo sobre o u, por exemplo, nenhum
elemento prosódico, isto é, ele não pode ser considerado uma vogal nem longa nem breve
(cf. adiante). Do mesmo modo, e pelo mesmo motivo, ficam sempre na mesma sílaba:

28
Carlos Renato R. de Jesus

lin-gua (língua), lo-quor (eu falo), un-guo, co-quo (eu cozinho), quo-que (também), pin-
gues-co (engordar).

OBS.: Contudo, por razões métricas, é possível que o u, em posição consonântica, valha
como vogal: ré-li-quus e re-lí-cŭ-us. Do mesmo modo, sil-ua e si-lŭ-a, etc. Porém, nos
demais casos, o u é vocálico: e-xí-gŭ-us e e-xi-gú-ĭ-tas, etc. Além disso, quando o grupo
gu + vogal é precedido de n, é inseparável: in-guen, ín-gui-nis, etc.

Separe em sílabas:

donatio (doação): __________________ optio (opção):_______________________


scriptus (escrito): __________________ praecurro (ultrapassar):_______________
rosae (rosas): _____________________ inuentio (invenção): _________________
magnus (grande): __________________ nouem (nove): ______________________
somnus (sono): ____________________ uehemens (veemente):________________
Australia (Austrália): _______________ laqueus (laço): _____________________
quaestio (pergunta): ________________ causticus (caústico): _________________
fungus (cogumelo): _________________ poenalis (penal): ____________________
rector (condutor):__________________ uitium (vício): ______________________
aeuum (tempo) : ___________________ diuitiarum (das riquezas): _____________
omnis (todo):______________________ actio (ação): _______________________

5.4) Prosódia

Prosódia é uma palavra de origem grega que significa “acento”, “modulação da


voz” (πρός + ᾠδή, de onde ad + cantum > ac +cantum > accentum > acento). Prosódia é
a parte da gramática que ensina a conhecer a quantidade ou acento das sílabas nas palavras
em relação à arte de pronunciar corretamente a poesia, no caso do latim e do grego. Estava
vinculada, portanto, exclusivamente às técnicas e ao ritmo poético. O som das vogais
(soantes) apresenta dois aspectos: a quantidade e a intensidade. A intensidade envolve
mais propriamente a proeminência da sílaba (diríamos, em português, sílabas ‘tônica’ e
‘átona’), e a quantidade é a duração (tempo despendido na pronuncia da vogal) que todas
as vogais (assim como as consoantes) podem apresentar, isto é, podem ser longas ( – ) ou
breves (  ). Mas como linguagem consiste na combinação/articulação de sons, a
quantidade das vogais não deve ser considerada em si mesma, mas na sílaba, resultando,
assim, numa quantidade silábica.

Desta maneira:

Quantidade: sílaba longa ( – ) mácron > amīcus (amigo)


(duração) sílaba breve (  ) braquia > mulĭer (mulher)

Intensidade: sílaba tônica e sílaba átona

29
Introdução à Língua Latina

A menor unidade de tempo despendido para a pronúncia da sílaba era chamada de


mora (µ). Uma sílaba longa apresenta o dobro de tempo de uma silaba breve, ou seja,
enquanto uma sílaba breve apresenta uma mora, a sílaba longa apresenta duas moras. Esse
fato era bem conhecido já na Antiguidade, conforme atesta Quintiliano: longam esse
duorum temporum, breuem unius etiam pueri sciunt (“até mesmo as crianças sabem que
a sílaba longa tem dois tempos, e a breve, apenas um”, Inst. orat. 9, 4, 47).

Assim:

 > uma mora (µ)


 ou – > duas moras (µµ)
 > uma sílaba longa equivale a duas breves (µµ)

Quantidade: Variação que a vogal pode ter quanto à duração do tempo despendido em
sua pronúncia. Aprenderemos, por enquanto, apenas algumas regras prosódicas para
identificar se a sílaba é longa ou breve. Isso facilitará na leitura posterior, relativamente
correta de textos não marcados.

Em latim, as vogais são breves ou longas por natureza e por posição:

São longas:

¨ Por natureza: contêm ditongo (ae/ai, oe/oi, au, eu). Ex.: cāedo (caio), pōena
(pena), āudio (ouço), sēu (ou).

¨ Por posição: a vogal é seguida de duas ou mais consoantes ou de X, Z e I (/j/).


Ex.: hōstis (inimigo), cārmen (canto), nōx (noite), gāza (tesouro), Trōia (Troia).

Serão breves por posição se:

¨ uma vogal estiver antes de outra vogal, mesmo que haja um h entre elas. Ex.: pŭer
(menino), omnĭa (tudo), trăho (arrasto).

OBS. 1: Há, evidentemente, mais regras de quantidade silábica (cf. seção 29). Por
enquanto, veremos apenas essas três acima.

A quantidade silábica é muito importante:

a) como sinal distintivo de diferentes valores morfológicos:

rosā – ablativo de “rosa”


rosă – nominativo de “rosa”
lĕgit – presente (lê)
lēgit – pret. perfeito (leu)
pōpulus – o povo
pŏpulus – choupo ou álamo: árvores da família das Salicáceas
mālum – o mal
mălum – maçã

30
Carlos Renato R. de Jesus

b) e, sobretudo, por constituir o fundamento do ritmo da prosa e da poesia. (Cf. apêndice,


seção 29).

5.5) Acentuação

A quantidade é importante também porque regula a posição do acento. Desde o


período clássico, prevaleceu o que viria a ser chamado de “regra da penúltima”, isto é, a
propensão a acentuar apenas a penúltima ou a antepenúltima sílaba dos vocábulos latinos.
Essa parece ter sido a regra seguida por muito tempo, mesmo após o período clássico,
uma vez que também o gramático Donato (séc. IV d.C.) assim se posicionava a respeito:

In trisyllabis et tetrasyllabis et deinceps, si paenultima correpta fuerit,


acuemus antepaenultimam, ut Tullius, Hostilius; si paenultima (...) longa
fuerit, ipsa acuetur. (Ars Grammatica, GLK 1, 4, p. 371)

Nos trissílabos, tetrassílabos ou demais tipos de vocábulos, se a


penúltima for breve, acentuaremos a antepenúltima, como Tullius e
Hostilius; se a penúltima (...) for longa, a mesma será acentuada.

Assim, nenhuma palavra latina tem o acento na última sílaba; nas polissilábicas,
o acento nunca vai além da antepenúltima sílaba.

Ex: cón-fi-cit, con-fé-cit, uí-ta, uí-ue-re.

Em outras palavras, em latim, só existem palavras paroxítonas ou proparoxítonas.

Nas polissílabas o acento cai:

a) Na penúltima se esta for longa por natureza ou por posição.

Ex.: a-du-lḗ-scens, a-du-le-scḗn-tis, o-ra-ti-ṓ-nes.

b) Na antepenúltima, se a penúltima for breve.

Ex.: cla-mó-rĭ-bus, a-du-le-scén-tĭ-bus, mú-sĭ-ca, ui-o-lén-tĭ-a.

Como se pode ver, o que determina o acento tônico em latim é a quantidade da penúltima
em palavras plurissilábicas. Entretanto, não é o fato de ser longa ou breve que faz uma
sílaba ser tônica ou átona. Uma sílaba pode ser breve e ainda assim ser tônica.

Ex.: I-tắ-lĭ-am, bḗl-lum, etc.

31
Introdução à Língua Latina

EXERCÍCIO

1) Separe em sílabas:

a) cognosco (co+gnosco): ____________ n) aethereus: _______________________


b) domesticus: ______________________ o) aequalis: ________________________
c) patria: __________________________ p) sanctior: ________________________
d) prouinciae: ______________________ q) quatiunt: ________________________
e) laudo: __________________________ r) istius: __________________________
f) abigo (ab+igo): ___________________ s) atticus: _________________________
g) uenio: __________________________ t) factio: __________________________
h) subduco (sub+duco):_______________ u) uitium: _________________________
i) poena: __________________________ v) oratio: __________________________
j) aequitas: ________________________ w) laetitia: _________________________
k) sanctus: _________________________ x) petieram: ________________________
l) praefectus (prae+fectus):____________ y) pyrrhides: _______________________
m) patientia: ________________________ z) grauitas: ________________________

2) Com base na quantidade da penúltima sílaba, classifique as palavras abaixo quanto à


posição do acento tônico:

a) bestiŏla: ________________________ o) tutīus: __________________________


b) orīgo: __________________________ p) extraho: ________________________
c) examĭnis: _______________________ q) gratuītus: _______________________
d) transfŭga: ______________________ r) tribūnal: ________________________
e) cupīdo: _______________________ s) indulgēre: _____________________
f) collabōro: _____________________ t) astronomia: ____________________
g) facilĭtas: ______________________ u) facultas: _______________________
h) signĭfer: _______________________ v) intellectus: _____________________
i) dilĭgens: ________________________ w) astrologia: _____________________
j) sententiae: ______________________ x) palaestra: _______________________
k) uectīgal: ________________________ y) amoenus: ______________________
l) accīdo: _________________________ z) praefectus: _____________________
m) arbĭter: _________________________
n) parens: _________________________

32
Carlos Renato R. de Jesus

3) No texto latino a seguir, separe em sílabas, marque as sílabas longas e breves (quando possível)
e classifique as palavras com mais de duas sílabas quanto à posição da sílaba tônica:

Catulli carmen LI Poema 51 de Catulo

Ille mi par esse deo uidetur, Aquele parece-me ser semelhante a um Deus,
ille, si fas est, superare diuos, aquele, se tal é permitido, parece-me superar os Deuses,
qui sedens aduersus identidem te quando está sentado à tua frente
spectat et audit observando e ouvindo, sem cessar,

dulce ridentem, misero quod omnis o teu doce riso, que a mim, miserável,
eripit sensus mihi: nam simul te, arrebata todos os sentidos: porque logo que te vi,
Lesbia, aspexi, nihil est super mi Lésbia, nada me restou [para dizer]
uocis in ore,
mas a língua retrai-se, uma leve chama
lingua sed torpet, tenuis sub artus
alastra debaixo do corpo, com seu próprio som
flamma demanat, sonitu suopte retinem os ouvidos e por uma dupla noite
tintinant aures, gemina et teguntur são cobertos os olhos.
lumina nocte.
O ócio, Catulo, é-te prejudicial:
Otium, Catulle, tibi molestum est: com o ócio regozijas e exultas demasiado,
otio exsultas nimiumque gestis: o ócio outrora arruinou reis
otium et reges prius et beatas e prósperas cidades.
perdidit urbes.

***

6) INTRODUÇÃO AO SISTEMA VERBAL

6.1) Tempos do infectum (ativo)

Os verbos constituem a categoria mais complexa da língua. Neste primeiro momento,


você vai aprender apenas alguns elementos da estrutura verbal do latim, os chamados
tempos do infectum (“não feito”, “inacabado”). Os verbos latinos apresentam muitas
semelhanças com os do português e funcionam de modo igualmente símile, com tempos
e modos também presentes em nossa língua.
De imediato é preciso saber que existem 4 conjugações, que assim se apresentam
na maioria dos dicionários:

1o 2o 3o 4o 5o
Amo, as, āre, aui, atum. “Amar” → 1ª conjugação (C1)
Deleo, es, ēre, eui, etum. “Destruir” → 2ª conjugação (C2)
Mitto, is, ĕre, misi, missum. “Enviar” → 3ª conjugação (C3)
Audio, is, īre, iui, itum. “Ouvir” → 4ª conjgação (C4)

33
Introdução à Língua Latina

Pela ordem, então, temos as seguintes formas6:

1o: P1 idpr (primeira pessoa do singular do presente do indicativo)


2o: P2 idpr (desinência da segunda pessoa do sing. do pres. do indicativo)
3º : Ifpr (infinitivo presente) – é pelo infinitivo que se determina a qual conjugação o
verbo pertence. Atente para as diferenças entre a C2 e a C3.
4o: P1 idpt2 (primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo)
5º: sp (supino) – trata-se de uma forma nominal, que será estudada posteriormente.

O quadro das desinências número-pessoais e modo-temporais de todas as formas


verbais latinas estão em uma tabela no apêndide desta apostila. É muito
importante que você a saiba utilizar para fazer a correta morfologia dos verbos
do latim.

Para conjugar qualquer verbo latino nos tempos acima, basta pegar o radical do
verbo e acrescentar a ele as desinências correspondentes. Esse radical estará no dicionário
registrado como nos exemplos acima. Veja que para conjugar os verbos você terá que
partir do radical do presente do indicativo, o qual aparece na primeira posição das formas
registradas no dicionário. Assim, se você quiser conjugar, por exemplo, o verbo amo, as,
are, aui, atum (amar), pegue o radical am- e some às desinências dos tempos verbais
supracitados.
Compare com o português:

Pessoa verbal Presente do indicativo


↓ Português Latim
P1 am + Ø - o = amo am + Ø - o = amo
P2 am + a - s = amas am + a - s = amas
P3 am + a - Ø = ama am + a - t = amat
P4 am + a - mos = amamos am + a - mus = amamus
P5 am + a - is = amais am + a - tis = amatis
P6 am + a - m = amam am + a - nt = amant

Evidentemente, a conjugação dos verbos obedecerá ao critério das formas


específicas dos tempos e modos de cada paradigma. Vamos começar, por enquanto,
apenas com alguns tempos do infectum. Abaixo, o paradigma de conjugação dos tempos
do presente do indicativo (idpr), do pretérito imperfeito do indicativo (idpt1) e do
imperativo presente (ippr), e ainda o infinitivo presente (ifpr).

6
As abreviaturas utilizadas para identificar as formas e pessoas verbais neste manual são aquelas propostas
por Normelio Zanotto em Estrutura morfológica da língua portuguesa. 6ª ed. Caxias do Sul: Ibral, 2013.
Nas ocorrências em que a nomenclatura latina não corresponde às abreviaturas utilizadas por Zanotto (como
é o caso de algumas formas nominais latinas, por exemplo), criamos novas abreviações, à maneira da
referida proposta.

34
Carlos Renato R. de Jesus

Modo e tempo C1 C2 C3 (cons.) C4


Idpr am - o del - ĕ - o leg - o aud - ĭ - o
(amo, destruo, am - a - s del - e - s leg - i - s aud - i - s
leio, ouço) am - a - t del - e - t leg - i - t aud - i - t
am - ā - mus del - ē - mus leg - ĭ - mus aud - ī - mus
am - ā - tis del - ē - tis leg - ĭ - tis aud - ī - tis
am - a - nt del - e - nt leg - u - nt aud - ĭ - u - nt
Idpt1 am - ā - ba - m del - ē - ba - m leg - ē - ba - m aud - i - ē - ba - m
(amava, am - ā - ba - s del - ē - ba - s leg - ē - ba - s aud - i - ē - ba - s
destruía, lia, am - ā - ba - t del - ē - ba - t leg - ē - ba - t aud - i - ē - ba - t
ouvia) am - a - bā - mus del - e - bā - mus leg - e - bā - mus aud - i - e - bā - mus
am - a - bā - tis del - e - bā - tis leg - e - bā - tis aud - i - e - bā - tis
am - ā - ba - nt del - ē - ba - nt leg - ē - ba - nt aud - i - ē - ba - nt
Ippr
(ama, amai; P2 am - a P2 del - e P2 leg - e P2 aud - i
destrói, destruí, P5 am - ā - te P5 del - ē - te P5 leg - ĭ - te P5 aud - ī - te
etc.)
Ifpr
(amar, destruir, am - a - re del - ē - re leg - ĕ - re aud - ī - re
ler, ouvir)

OBS. 1: A C3 se divide em dois grupos: o de tema em consoante, visto acima, e o de


tema em vogal (“i” ou “u”), quando é chamada, tradicionalmente, de vocálica. Seu
paradigma, como se vê abaixo, é muito parecido com a C3 consonantal, apenas
acrescentando um i ou u no idpr e no idpt1. Os de terminação em -i são chamados
tradicionalmente de conjugação mista, pois assumem algumas formas da C4. Essas
formas são justamente aquelas em que, ao -i, segue-se uma vogal.
Essa variedade da C3 também apresenta particularidades nos demais tempos do infectum,
conforme se verá posteriormente.

Capio, is, ere, cepi, captum: pegar

Modo e tempo C3 (mista)


Idpr capĭ - o [tribu-o]
(tomo) cap - i - s
cap - i - t
cap - ĭ - mus
cap - ĭ - tis
capĭ - u - nt
Idpt1 capi - ē - ba - m
(tomava) capi - ē - ba - s
capi - ē - ba - t
capi - e - bā - mus
capi - e - bā - tis
capi - ē - ba – nt
Ippr P2 cap - e
(toma / tomai) P5 cap - ĭ - te
Ifpr
cap - ĕ - re
(tomar)

OBS. 2: Os verbos do grupo vocálico com radical em -u são pouquíssimos (tribuo, minuo,
arguo, etc.).

35
Introdução à Língua Latina

OBS. 3: Os verbos da C3 mista com terminação em -io são 15 ao todo, sendo três deles
depoentes (cf. seção 19.1). Confira: capio (pegar), cupio (desejar), facio (fazer), fodio
(furar), fugio (fugir), iacio (lançar), pario (gerar), quatio (sacudir), rapio (arrebatar),
sapio (saber, ter sabor) e os mais raros specio (olhar) e lacio (atirar). Os depoentes são:
gradior (andar), morior (morrer) e patior (sofrer).
OBS. 4: O infinitivo presente (ifpr) constitui o que chamamos de formas nominais do
verbo, que serão estudadas posteriormente. De antemão, podemos dizer que o infinitivo
é o “nome” do verbo, assumindo muitas vezes a função de sujeito nas orações.

***

EXERCÍCIOS SOBRE VERBOS

1) Conjugue os seguintes verbos, nos tempos solicitados:

Pugno, as, are, aui, atum: lutar (C1) Facio, is, ere, feci, factum: fazer (C3 mis.)
Moneo, es, ere, monui, monitum: advertir (C2) Venio, is, ire, ueni, uentum: vir, chegar (C4)
Duco, is, ere, duxi, ductum: conduzir (C3 cons.)

Modo e
tempo C1 C2 C3 (cons.) C3 (mista) C4

Idpr

Idpt1

Ippr

36
Carlos Renato R. de Jesus

2) Faça a morfologia completa das seguintes formas verbais, isto é, indique a pessoa,
número, tempo e modo verbais, fazendo a respectiva tradução.
VOCO, AS, ARE, AVI, ATVM – Chamar

Vocabamus: P4 idpt1 C1 – chamávamos

Voca: _________________________________________________________________
Vocabant: ______________________________________________________________
Vocatis: _______________________________________________________________
Vocabatis: _____________________________________________________________
Vocate: _______________________________________________________________
Vocat: ________________________________________________________________
Vocabat: _______________________________________________________________

HABEO, ES, ĒRE, HABVI, HABITVM – Ter

Habebamus: ____________________________________________________________
Habe: _________________________________________________________________
Habent: ________________________________________________________________
Habebatis: _____________________________________________________________
Habet: _________________________________________________________________
Habere: ________________________________________________________________
Habete: ________________________________________________________________
Habebam:______________________________________________________________

VIVO, IS, ĔRE, VIXI, VICTVM – Viver

Viuebam: ______________________________________________________________
Viuunt: ________________________________________________________________
Viuitis: ________________________________________________________________
Viuimus: ______________________________________________________________
Viuebat: _______________________________________________________________
Viuebamus: ____________________________________________________________
Viue: _________________________________________________________________
Viuite: ________________________________________________________________
Viuere:________________________________________________________________

37
Introdução à Língua Latina

MINVO, IS, ERE, VI, VTVM - diminuir

Minuebamus: ___________________________________________________________
Minuite: _______________________________________________________________
Minuunt: ______________________________________________________________
Minuebatis: ____________________________________________________________
Minue: _______________________________________________________________
Minuimus: _____________________________________________________________
Minuebant: _____________________________________________________________
Minuitis: _______________________________________________________________

VENIO, IS, IRE, VENI, VENTVM – Vir

Venit: ________________________________________________________________
Veniebant: _____________________________________________________________
Venimus: ______________________________________________________________
Venitis: _______________________________________________________________
Venis: ________________________________________________________________
Venire: ________________________________________________________________
Veni: _________________________________________________________________
Venite: ________________________________________________________________

3) Passe para o latim:

a) chamar: _______________________ m) vivo: _________________________


b) chamava (P1): __________________ n) vivia (P3): ____________________
c) chamas: _______________________ o) vivias: ________________________
d) chamai: _______________________ p) vivem: _______________________
e) chamáveis: ____________________ q) tínhamos: _____________________
f) chamamos: ____________________ r) tem (idpr): _____________________
g) vem (ippr): ____________________ s) têm: __________________________
h) vem (idpr): ____________________ t) tem (ippr):_____________________
i) vínheis: _______________________ u) diminuias: _____________________
j) vêm: _________________________ v) diminuem: ____________________
k) vimos (de vir) : _________________ w) viver: ________________________
l) vivei: ________________________ y) vivíamos: _____________________

38
Carlos Renato R. de Jesus

4) Com o auxílio do dicionário, faça a análise morfológica completa e a tradução


das seguintes formas verbais:

a) uolabant: ___________________________________________________________
b) docet: ______________________________________________________________
c) carpe: ______________________________________________________________
d) cauebas: ____________________________________________________________
e) audiebamus:_________________________________________________________
f) uidete: _____________________________________________________________
g) tace: _______________________________________________________________
h) feruet:______________________________________________________________
i) diuidebant: __________________________________________________________
j) imperate: ____________________________________________________________
k) iuuat: _______________________________________________________________
l) ueniebat: ____________________________________________________________
m) discis: ______________________________________________________________
n) dant: ________________________________________________________________
o) noscebant: ___________________________________________________________
p) fugio: _______________________________________________________________
q) cogitabatis: ___________________________________________________________
r) occidit: ______________________________________________________________
s) laborate: _____________________________________________________________
t) spiro:________________________________________________________________
u) clamant: _____________________________________________________________
v) caue: _______________________________________________________________
w) bibebat: ____________________________________________________________
x) ludebatis: ____________________________________________________________
y) credebatis: ___________________________________________________________
z) tribuit: ______________________________________________________________

***
Introdução à Língua Latina

6.2) O verbo esse (ser, estar, existir)

O verbo sum, em latim, exprime praticamente as mesmas ideias que em português. Vamos
aprender, por enquanto, apenas as formas do presente do indicativo (idpr), do pretérito
imperfeito (idpt1), do futuro do indicativo (idft1), do presente do subjuntivo (sbpr) e do
pretérito perfeito (idpt2) desse verbo. A conjugação completa está na seção 13.2.

IDPR IDPT1 IDFT1 SBPR IDPT2


(sou, estou, (era, estava (serei, estarei, (seja, esteja, (fui, estive,
existo) existia) existirei) exista) existi)
sum eram ero sim fui
es eras eris sis fuisti
est erat erit sit fuit
sumus eramus erĭmus sīmus fuimus
estis eratis erĭtis sītis fuistis
sunt erant erunt sint fuerunt

OBS. 1 : O latim não apresenta o futuro do subjuntivo. Para expressar essa ideia, usa o
futuro do indicativo. Assim:

Ex.: Tristis eris, si solus eris. (Ov.)


Estarás triste se estiveres só.
***

EXERCÍCIO

1) Coloque a forma correspondente em latim das formas verbais destacadas nas seguintes
frases:

a) Tu estavas no templo. ( eras )

b) Fui teu amigo. ( ___________________________ )

c) Onde estão os atores? ( ___________________________ )

d) A sorte está lançada. ( ___________________________ )

e) Nunca foste meu amigo. ( ___________________________ )

f) Somos pó e sombra. ( ___________________________ )

g) Espero que sejas feliz. ( ___________________________ )

h) Espero que não existam traidores nesta sala. ( ________________________ )

i) Não sou digno. ( ___________________________ )

j) No princípio, havia o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

( ___________________________ )

40
Carlos Renato R. de Jesus

k) O que existia antes da vida? ( ___________________________ )

l) Cícero foi eruditíssimo. ( ___________________________ )

m) Tu nunca foste Sósia. ( ___________________________ )

n) Meus alunos são excelentes. ( ___________________________ )

o) Vós sois o sal da terra. ( ___________________________ )

p) Éreis meus amigos? ( ___________________________ )

q) Os oradores foram mais engenhosos que os poetas. ( _______________________ )

r) Tu serás Marcelo. ( ____________________________ )

s) O que tu és, eu serei. ( ____________________________________ )

t) Seremos felizes se estivermos unidos. ( ___________________________________ )

u) Eles serão heróis, caso forem vencedores. ( _______________________________ )

v) Eu era teu amigo, não mais serei. ( ______________________________________ )

w) Uni-vos para que sejais fortes. ( ________________________________________ )

x) O exército romano era a principal força de Roma. ( ________________________ )

y) Existem homens bons. ( __________________________ )

z) Não há vencedores na guerra. ( ____________________________ )

2) Tente traduzir as frases seguintes. Atente para as formas em que se encontram


conjugados os verbos.

a) Fama uolat. (Virg.)


____________________________________________________________
b) Experientia docet. (Tác.)
____________________________________________________________
c) Carpe diem. (Hor.)
____________________________________________________________
d) Caue canem. (Insc.)
____________________________________________________________

41
Introdução à Língua Latina

e) Audi, uide, tace, si uis uiuere in pace. (Af.)


____________________________________________________________
f) Diuide et impera. (Divisa do Império Romano)
____________________________________________________________
g) Fortuna iuuat fortes. (Ter.)
____________________________________________________________
h) Discite: dum uiuo, mors inimica uenit. (Graf.)
____________________________________________________________
i) Carmina non dant panem. (Af.)
____________________________________________________________
j) Olla feruet, amicitia uiuit. (Af.)
____________________________________________________________
k) Humilitas occidit superbiam. (S. Ago.)
____________________________________________________________
l) Discimus, cum docemus. (Sên.)
____________________________________________________________
m) Nosce te ipsum. (Insc.)
____________________________________________________________
n) Tempus fugit. (Hor.)
____________________________________________________________
o) Viuere est cogitare. (Cíc.)
____________________________________________________________
p) Ora et labora. (S. Bento)
____________________________________________________________
q) Dum spiro, spero. (Emblema)
____________________________________________________________
r) Horae uolant. (Af.)
___________________________________________________________
s) Verba uolant, scripta manent. (Sên.)
____________________________________________________________

42
Carlos Renato R. de Jesus

t) Gutta cauat lapidem. (Ov.)


____________________________________________________________
u) Viator, uiator! Quod tu es*, ego fui; quod ego sum tu eris. (Epit.)
____________________________________________________________
v) Es**, bibe, lude, ueni. (Epit.)
____________________________________________________________
w) Puluis et umbra sumus. (Hor.)
____________________________________________________________

Vocabulário:

fama: fama, reputação carmina: os poemas uerba: as palavras


experientia: experiência non: não scripta: os escritos
diem: o dia panem: pão gutta: a gota
canem: o cão olla: panela lapidem: a pedra
si: se amicitia: amizade uiator: viajante
uis: queres humilitas: a humildade quod: aquilo que
in pace: em paz superbiam: soberba tu (pron. pess.): tu
et: e cum: enquanto, quando *es: (verbo sum): és
fortuna: sorte te ipsum: a ti mesmo ego (pron. pess.): eu
fortes: os fortes. tempus: o tempo **es (verbo edo): come
dum: enquanto superbiam: soberba puluis: pó
mors: a morte horae: as horas
inimica: inimiga

***

7) MORFOSSINTAXE NOMINAL

Vamos estudar, agora, a estrutura morfossintárica dos substantivos do latim.


Veremos que a flexão dos nomes está diretamente ligada ao seu papel desempenhado na
frase, ou seja, à sua função sintática. É importante, então, ficarmos atentos à forma que
os substantivos podem assumir em determinada oração, pois será desse modo que
compreenderemos o significado ali expresso.
No latim, diferentemente do Português, o que vai nos orientar na análise não é a
ordem da palavra na frase, mas desinências que nos indicam em que função sintática
(caso) se encontra a palavra na sentença.

43
Introdução à Língua Latina

poeta amat musam


suj. v. o.d.
Observe:
poeta musam amat
suj. o.d. v.

O POETA AMA A MUSA musam amat poeta


Suj. V. O. D. o.d. v. suj.

amat poeta musam


v. suj. o.d.

musa amat poetam


suj. v. o.d.

musa poetam amat


suj. o.d. v.

A MUSA AMA O POETA poetam amat musa


Suj. V O. D. o.d. v. suj.

poetam musa amat


o.d. suj. v.

A palavra, portanto, vai assumir a função sintática na frase, de acordo com a


desinência que apresentar, e não de acordo com sua posição (ordem) na frase.

7.1) Algumas questões iniciais

Você terá que se acostumar com algumas terminologias próprias do estudo do


latim (caso, declinação, desinência).

O que é caso? Em termos simplificados, é o nome que se dá à função sintática que


a palavra exerce na frase ou, de forma mais geral, refere-se aos papéis sintático-
semânticos que determinada palavra desempenham no enunciado. Em latim, assim como
em português, existem várias funções sintáticas e tantos outros mais papéis que a palavra
pode desempenhar numa oração.
Para este início, vamos começar com algumas funções sintáticas básicas, cada
uma delas indicadas pelos seguintes casos:

(1) NOMINATIVO – é o caso do sujeito ou predicativo do sujeito.


(2) GENITIVO – é o caso do adjunto adnominal restritivo. Traduz, muitas vezes, uma
relação de posse.
(3) ACUSATIVO – é, na maioria das vezes, o caso do objeto direto. O acusativo funciona
como um complemento circunstancial (sem preposição), podendo, entretanto, também
indicar circunstância de lugar, quando, então, é acompanhado de preposição (in, ad, etc.),
conforme veremos mais adiante.
(4) DATIVO – é o caso do objeto indireto ou do complemento nominal. Liga-se ao verbo
para expressar a finalidade da ação verbal ou da palavra transitiva. Pode transmitir a noção
de interesse, destinatário, benefício, etc.

44
Carlos Renato R. de Jesus

(5) ABLATIVO – é o caso dos adjuntos adverbiais. Pode vir sem preposição, quando
indica complemento de circunstância ou modo, traduzindo-se, em português, com o
auxílio de algumas preposições, como “com”, “por”, “em”, etc. Quando o ablativo vem
acompanhado de preposição pode indicar lugar, meio, instrumento, companhia, etc.
(6) VOCATIVO – não é propriamente um caso, já que não denota nenhuma função
intrínseca à frase, isto é, nenhuma relação com outra palavra ou termo da sentença.
Apresenta, contudo, as mesmas características do vocativo (apelo, chamado) em
português.

OBS. 1: Os únicos casos que admitem preposição em latim são o acusativo e o ablativo.

OBS. 2: É preciso dizer que a identificação das funções sintáticas para cada caso feita
acima é apenas um recurso didático, que tem em vista a facilitação inicial das diversas
outras funções de cada um deles. A sintaxe dos casos é bem mais diversificada. Para este
curso de iniciação, vamos usar a nomenclatura tradicional (sujeito, objeto direto, etc.),
enfatizando sempre que possível as nuanças de cada ocorrência.
A seguir, um quadro esquemático com as principais funções sintáticas e seus respectivos
casos equivalentes em latim. Insistimos que se trata apenas de uma simplificação didática,
uma vez que as estruturas latinas e são bem mais complexas e variadas.

Sujeito (Suj) – ponto de partida da ação expressa pelo verbo.


Ex: O poeta ama o filho. Poeta amat filium.
Nominativo Predicativo do sujeito (PS) – qualidade ou atributo do sujeito expressos no
predicado.
Ex.: Lúcio é poeta. Lucius est poeta.
Adjunto adnominal (Adn) – complemento restritivo, introduzido pela
Genitivo preposição “de”, exprimindo, em geral, uma ideia de posse.
Ex: O amigo do poeta entrou. Amicus poetae intrauit.
Objeto direto (OD) – complemento verbal não regido por preposição.
Acusativo Ex: O filho ama o poeta. Filius amat poetam.
Objeto indireto (OI) – complemento do verbo regido por preposição.
Ex: Dei uma rosa ao poeta. Dedi rosam poetae.

Complemento nominal (CN) – complemento de nomes transitivos


Dativo (substantivo abstrato, adjetivo ou advérbio).
Ex: Isso é útil ao poeta. Hoc utilis poetae.

Obs.: o caso dativo apresenta, ainda, várias outras funções, como, por exemplo,
complemento de frase. Essas funções serão vistas nos níveis mais avançados do
curso.
Adjunto adverbial (Adv) – circunstância que indica modo, meio, origem,
condição, lugar, tempo, companhia, etc. Na tradução para o português, vem
Ablativo quase sempre acompanhado de preposição (com, por, em, etc.).
Ex: Veio com o poeta. Venit poeta.
Vocativo (Voc) – exprime um chamado, invocação.
Vocativo Ex: Ó poeta, onde estás? poeta, ubi es?

45
Introdução à Língua Latina

OBS. 3: Observe que, ao passarmos para o latim a palavra “poeta”, sua forma
muda, conforme muda a função sintática que exerce na frase. Na tabela abaixo, temos
exemplo no singular, mas a mesma coisa acontece também no plural.

Assim:

Função
Sintática →
Caso
Suj/PS Adn OD OI CN Adv Voc

Nominativo poetă
Genitivo poetae
Acusativo poetam
Dativo poetae poetae
Ablativo poetā
Vocativo poetă

O que é declinação? Em termos gerais, todos os nomes variáveis em latim


pertencem a um determinado grupo de palavras chamado de DECLINAÇÃO.
Temos 5 grupos, ou seja, 5 declinações. Cada uma delas, além de agrupar
quantidades determinadas de palavras latinas, apresentam os seis casos acima
mencionados, no singular e no plural.
Declinar uma palavra significa representá-la em cada forma que assume nos
diferentes casos. Ou seja, significa passá-la por todos os casos da declinação a que
pertence. Para cada caso, há uma desinência que indica a função sintática da palavra na
frase. Isto é, a palavra terá a função sintática determinada pelo caso que a desinência
indicar.
Uma vez que, no latim, os substantivos se flexionam, quanto ao gênero, em
masculino, feminino e neutro e, para cada gênero, há, normalmente, uma desinência
diferente, é fácil concluir que existem várias desinências em latim. Elas estão agrupadas
na tabela no final da apostila (seção 13.6), mas vamos estudar cada declinação
individualmente, no decorrer do curso.

7.2) Como saber a que declinação pertence uma palavra?

As palavras não se apresentam no dicionário da mesma maneira que em


Português. Cada categoria gramatical tem uma entrada própria. Para começar, cada
substantivo pertence, normalmente, a apenas uma declinação e, para reconhecer a que
declinação pertence o substantivo, há várias maneiras, mas, aqui, vamos conhecer a mais
prática delas.
Observe nos exemplos a seguir que o genitivo singular de cada declinação é
diferente um do outro e, uma vez que a maioria dos dicionário registra, pela ordem, a
forma do nominativo, seguido pelo genitivo, é só observar a que declinação pertence este
último, e você, consequentemente, saberá a que declinação pertence a palavra que está
procurando.
Por último, o dicionário registra o gênero da palavra e, aos poucos, espera-se que
o estudante memorize não apenas a declinação a que pertence, mas também o gênero dos
nomes.

46
Carlos Renato R. de Jesus

Exemplos:

Nominativo

Genitivo

Gênero: m., f. ou n.

Musa, ae, f.: musa. → primeira declinação (D1)


Lupus, i, m.: lobo. → segunda declinação (D2)
Tempus, oris, n.: tempo. → terceira declinação (D3)
Domus, us, f.: casa. → quarta declinação (D4)
Dies, ei, m. ou f.: dia → quinta declinação (D5)

OBS. 1: Observe que o latim possui o gênero neutro, algo que o português não possui de
modo sistêmico. Na tradução da palavra neutra, prevalecerá o gênero da palavra em
português.

Indique a que declinação pertencem as seguintes palavras:

ATENÇÃO! Algumas palavras só existem no plural, como arma, orum, n. (armas) e


castra, orum, n. (acampamento), e outras podem possuir dois gêneros (m. ou f.).

Ala, ae, f. (ala, asa): ______________________ Exercitus, us, m. (exército) : _______________


Ars, artis, f. (arte) : ______________________ Fides, ei, f. (fé, confiança) : _______________
Artus, us, m. (articulação): ________________ Forma, ae, f. (aparência) : _________________
Bellum, i, n. (guerra): ____________________ Frater, tris, m. (irmão) : ___________________
Caput, itis, n. (cabeça): ___________________ Genu, us, n. (joelho) : ____________________
Ciuis, is, m. (cidadão): ___________________ Gladium, ii, n. (espada) : _________________
Cruciatus, us, m. (suplício): _______________ Gradus, us, m. (grau, degrau) : ____________
Dies, ei, m. ou f. (dia): ___________________ Homo, inis, m. (homem) : ________________
Discrimen, inis, n. (decisão) : ______________ Verbum, i, n. (palavra, verbo) : ____________
Dux, ducis, m. (líder) : ___________________ Vir, viri, m. (homem, varão) : _____________
Equitatus, us, m. (cavalaria) : ______________ Virtus, uirtutis, f. (virtude) : _______________
Vrbs, urbis, f. (cidade) : __________________ Pax, pacis, f. (paz) : ______________________
Vulnus, eris, n. (ferida, chaga) : ____________ Puer, eri, m. (menino, criança) : _____________
Reus, i, m. (réu) : _______________________ Pugna, ae, f. (luta) : ______________________
Ianua, ae, f. (janela) : ____________________ Signum, i, n. (sinal) : _____________________
Iudicium, ii, n. (julgamento) : ______________ Sol, is, m. (sol) : ________________________
Otium, ii, n. (descanso) : __________________ Sonus, i, m. (som) : ______________________
Cornu, us, n. (chifre) : ____________________ Spes, ei, f. (esperança) : ___________________

47
Carlos Renato R. de Jesus

7.3) A 1ª e a 2ª declinação

A primeira declinação (D1) corresponde aos temas em a. A maioria das palavras


é feminina, e as poucas palavras masculinas desse grupo usam as mesmas desinências, de
modo que só será possível conhecer o gênero das palavras através da consulta ao
dicionário.

Segue o paradigma da D1:

D1
Nº CASOS
M/F Exemplo:
S Nominativo ă Mus-a
I Genitivo ae Mus-ae
N
G Acusativo am Mus-am
U Dativo ae Mus-ae
L Ablativo ā Mus-a
A Mus-a
R Vocativo ă
Nominativo ae Mus-ae
P Mus-
L Genitivo ārum
arum
U Acusativo as Mus-as
R
Dativo is Mus-is
A
L Ablativo is Mus-is
Vocativo ae Mus-ae

Clio (Musa da história e da poesia épica)


Quadro de Pierre Mignard (1689)
Szépmûvészet Múzeum (Budapeste, Hungria)
Carlos Renato R. de Jesus

Anteriormente, quando demos o exemplo da declinação de poeta (na pág. 48),


mostramos apenas as formas do singular. Porém, como se percebe no paradigma acima,
os substantivos também apresentam formas específicas para o plural, sempre designando
funções sintáticas diferentes. Observe, nos exemplos a seguir, como a mesma palavra
sofre alteração em sua desinência e muda a função sintática que exerce na frase:

Caso Exemplo
Agrestis enim tum Musă uigebat. (Lucr.)
Nom. (A Musa agreste, então, vicejava.)

Frater is fuit Musae. (Plin.)


S
Gen. (Aquele foi irmão da Musa.)
I
Quondam cithara tacentem suscitat Musam. (Hor.)
N
G Acus. (Outrora, uma cítara despertava a silenciosa Musa.)
U
L Bellaque perpetuo memorabunt carmine Musae. (P. Stat.)
A Dat. (E recordavam das guerras em eternos poemas à Musa.)
R
A liberali tamen Musā et a studiis humanitatis numquam afuit. (A. Gel.)
Abl. (E nunca se afastou da Musa liberal nem dos estudos de humanidade.)

Musă, carmina nostra moue. (Virg.)


Voc. (Ó Musa, inspira meus poemas!)

Caso Exemplo
Inter arma silent Musae. (Af.)
Nom. (As Musas silenciam-se diante das armas.)

Incussit suauem mi in pectus amorem Musārum. (Lucr.)


Gen. (Assolou-me o peito o suave amor das Musas.)

At qui non audit Musas. (Tib.)


P
L Acus. (Mas quem não ouve as Musas?)
U
R Pythagoras (...) Musis bouem immolauisse dicitur. (Cíc.)
A Dat. (Dizem que Pitágoras imolou um boi para as Musas.)
L
Bacchas istas cum Musis Metelli comparas. Quid simile? (Cíc.)
(Comparas essas Bacantes com as Musas de Metelo. O que há de
Abl.
semelhante?)

Ite procul, Musae, si nihil ista ualent. (Tib.)


Voc. (Podem seguir em frente, ó Musas, caso nada disso importe.)

Algumas observações sobre a D1:

OBS. 1: O termo familia precedido de pater, mater e em algumas expressões jurídicas


tem o genitivo em -as (pater familias, ‘pai de família’).

OBS. 2: Os termos de derivação grega, como amphora e drachma, e os compostos com


os sufixos -gema e -cola apresentam o genitivo plural tanto em -arum quanto em -um:
49
Introdução à Língua Latina

terricola (habitante da terra) poder sair como terricolarum ou terricolum; caeligina


(nascido dos céus), pode sair em caeligenarum ou caeligenum.

OBS. 3: Alguns termos femininos, como dea (deusa), equa (égua), filia (filha), liberta
(liberta) e serua (escrava), apresentam dativo e ablativo plural em -abus, a fim de
distinguirem-se dos respectivos masculinos pertencentes à segunda declinação. Assim,
flilia > filiis ou filiabus, etc.

OBS. 4: O latim não tem artigo. Portanto, na tradução, seu uso vai depender do contexto
ou da pertinência semântica de cada situação.

***

EXERCÍCIO

1) Leia e tente traduzir o texto abaixo:

IMPERIVM ROMANVM
Rōma in* Italiā est. Italiā in Eurōpā est. Graecia in Eurōpā est. Italia et* Graecia in Eurōpā
sunt. Hispānia quoque* in Eurōpā est. Hispānia et Italia et Graecia in Eurōpā
sunt. Aegyptus in Eurōpā non* est, Aegyptus in Africa est. Gallia est in Eurōpā. Syria
nōn est in Eurōpā, sed in Asiā. Arabia quoque in Asiā est. Syria et Arabia in Asiā sunt.
Germānia nōn in Asiā, sed* in Eurōpā est. Britannia quoque in Eurōpā est. Germānia et
Britannia sunt in Eurōpā.
*in (prep. com abl.): em
et (conj.): e
quoque (conj.): também
non (adv.): não
sed (conj.): mas

2) Decline:

a) agricola, ae, m.: agricultor


b) poeta, ae, m.: poeta
c) praeda, ae, f.: presa, caça.

3) Dê a função sintática da expressão destacada nas frases abaixo, indique o caso


equivalente em latim, faça a versão latina e, em seguida, passe-a para o plural (em latim),
quando for possível:

Função Caso
Frase sintática equivalente Versão latina
a) Deu o livro à mestra obj. ind. dativo magistrae (sing.)
magistris (pl.)
b) A águia pousou

c) Júpiter é o pai da vida

50
Carlos Renato R. de Jesus

d) O poeta é talentoso

e) Entregou o ouro à rainha

f) Agiu com sabedoria

g) Clio é a musa da História

h) Ó rainha, ajuda-me

i) Matou a pomba

j) Feriu-se com a coroa

k) Clio é a musa da História

l) O senhor chamou a serva

m) Minerva protege o habitante da Grécia

n) Os poetas valorizam a letra grega

o) A Grécia venera a deusa Minerva

p) Edificaram um altar para as deusas

q) Entregaram a oferta à deusa

r) A deusa protege a arte do poeta

s) Ao poeta cabe a glória

t) O general foi recebido com glórias

u) Ofereci presentes às mestras

Vocabulário:

ancilla,ae, f.: serva littera, ae, f.: letra


aquila, ae, f.: águia magistra, ae, f.: mestra
ara, arae, f.: altar musa, ae, f. i: musa
columba, ae, f.: pomba poeta, ae, m.: poeta
corona, ae, f.: coroa regina, ae, f.: rainha
dea, ae, f.: deusa sapientia, ae, f.: sabedoria
gloria, ae, f.: glória serua, ae, f.: serva
Historia, ae, f.: História uita, ae, f,: vida
incola, ae, m.: habitante

51
Introdução à Língua Latina

4) Passe para o latim:

a) A águia pega a pomba.


b) Os poetas amavam as letras.
c) Não temos sabedoria. Para obter a ideia de lugar, há
d) Não serei escrava. duas formas:
Onde? → in + ablativo
e) As deusas favorecem aos poetas. In silua > na selva
f) A Grécia é a pátria das musas.
g) A ira da rainha sempre chega. Para onde? → in + acusativo
h) A serva lia as fábulas. In siluam > para a selva
i) Tristeza gera tristeza.
j) O agricultor possuia galinhas e vacas.
k) A rã habita na lagoa.
l) A senhora chama as escravas.
m) O rouxinol canta nas selvas.
n) A escrava dá água à mulher.
o) Os poetas cantam para as musas.
p) A senhora elogia a diligência das escravas.
q) Mulheres da Grécia, imolem oferendas às deusas.

Vocabulário:

agricola, ae, f.: agricultor habito, as, are: habitar


amo, as, are: amar hostia, ae, f.: oferenda
aqua, ae, f.: água immolo, as, are: imolar
aquila, ae, f.: águia ira, ae, f.: ira
cano, is, ere: cantar lacuna, ae, f.: lago
capio, is, ere: pegar laudo, as, are: elogiar
columba, ae, f.: pomba lego, is, ere: ler
dea, ae, f.: deusa littera, ae, f.: letra, literatura
diligentia, ae, f.: diligência luscinia, ae, f.: rouxinol
do, das, dare: dar patria, ae, f.: pátria
domina, ae, f.: senhora rana, ae, f.: rã
fabula, ae, f.: fábula serua, ae, f.: serva, escrava
faueo, es, ere: favorecer silua, ae, f.: selva
femina, ae. f.: mulher tristitia, ae, f.: tristeza
gallina, ae, f.: galinha uacca, ae, f.: vaca
gigno, is, ere: gerar uenio, is, ire: vir, chegar
Graecia, ae, f.: Grécia uoco, as, are: chamar, clamar
habeo, es, ere: ter, possuir

5) Passe para o português:

a) Domina poetam amat.


b) Magistrae fabulas poetarum legebant.
c) Graecia patria poetarum est.
d) Vitam fortuna regit.
f) Dominas seruae laudant.
g) Poeta musas clamat.
h) Femina rosam agricolae dat.
i) Agricolae hostias immolant deabus.
j) In Graecia habitat dea Minerua.
k) Sapientiae dea est Minerua.

52
Carlos Renato R. de Jesus

l) Reginae patriam amabant.


m) Poeta reginae filiabus rosas dabat.
n) Domina filias et ancillas uocabat.
o) Vocabam poetas.

6) Faça a tradução das seguintes frases, procedendo à análise morfológica e sintática dos
seus termos. Veja o modelo:

a) Aquila muscas non capit. (Af.)

aquila: nom., abl. ou voc. sing., fem., D1. – Suj/PS, Adv ou Voc. – águia
muscas: acus., pl., fem., D1 - OD. – mosca
non: adv. de negação – não
capit: P3 idpr C3 – VTD – pega

Trad.: A águia não pega moscas.

b) Aquila non parit columbam. (Af.)


c) Historia magistra uitae est. (Cíc.)
e) Diligentia comparat diuitias. (Cíc.)
f) Armat spina rosas. (Claud.)
g) Pecunia non satiat auaritiam. (Sên.)
h) Debemus iram uitare. (Sên.)
i) Diana sagittas portat et feras necat.
j) Vitam regit fortuna, non sapientia. (Sên.)

7) Passe para o plural (em latim) as frases b) e f), acima.

8) Complete as frases com a palavra entre parênteses no caso correto. Em seguida,


traduza-as. Use o dicionário. Veja o modelo.

a) Columba aquilam uidet. (Aquila)

Tradução: A pomba vê a águia

b) ______________ uitam non regit. (Pecunia)

___________________________________________________

c) Rosa habet __________________. (Spina)

___________________________________________________

d) Experientia domina ________________ est. (Vita)

___________________________________________________

e) Poeta et agricola fauent __________________. (Regina)

___________________________________________________

53
Introdução à Língua Latina

f) Pecunia non amat ______________________. (Sapientia)

___________________________________________________

g) _______________________ diuitiae gignunt. (Auaritia)

___________________________________________________

h) Columba praeda _____________________ est. (Aquila)

___________________________________________________

i) Domina _______________ statuam deae ornat. (rosa)

___________________________________________________

j) Agricola __________________ aquilam uulnerat. (sagitta)

___________________________________________________

9) Traduza o seguinte texto:

• Note que o termo deabusque, que aparece no texto abaixo, é


formado, na verdade, por duas palavras: deabus + que.
Esse que é uma conjunção posposta e equivale à conjunção
aditiva et (“e”), estabelecendo uma relação de coordenação
com uma palavra ou com um sintagma próximo. Esse tipo
de construção é muito comum em latim. Fique atento!

Poetas, agricultores e navegantes da Grécia

Graecia poetarum, agricolarum et nautarum patria est. Poetae gloriam patriae canunt et
litteras diligunt; agricolae autem terras arant et aras aedificant, nautae scaphis undas
sulcant. In Graecia multae oleae sunt; ibi iustitia, prudentia et sapientia regnant. In
Graecia incolae praesertim deas celebrant deabusque hostias immolant. Semper deae
Mineruae ara in Graecia hostiis abundat. Graeciae incolae deae Mineruae aras aedificant
et statuas erigunt. Nam dea Minerua Graeciae incolas semper protegit, adiuuat et uitam
tranquillam eis donat.
(Texto adaptado. In: Cardinale & Calamaro, 2009)
Vocabulário:

et (conjunção): e nam: portanto


autem: por outro lado, porém, de fato semper (adv.): sempre
multae olea (nom. plural): muitas oliveiras tranquillam (adj. ligado a uitam): tranquila
ibi: ali, aí. eis: a eles.
praesertim: sobretudo

54
Carlos Renato R. de Jesus

A segunda declinação (D2) compreende os substantivos, predominantemente


masculinos, de tema em -o. O nominativo pode se apresentar de três maneiras possíveis:
em -us, -er e -um.
As palavras em -us são, na maioria das vezes, masculinas, salvo certos nomes de árvores,
que são femininos. O vocativo das palavras com essa terminação fica em -e.
As palavras terminadas em -er são atemáticas, portanto a essa terminação devem-se
acrescentar as desinências respectivas de cada caso. Lembre-se de que palavras em -er
podem ser sincopadas. Há somente uma palavra em -ir: uir, uiri, m. (homem).
A terminação do nominativo em -um serve para indicar que a palavra é neutra. Porém há
neutros terminados também em -us (cf. adiante).

Observe o paradigma:
D2
Casos M/F Neutro

Nom. us er, ir um
Gen. i
Ac. um um
Dat. o
Abl. o
Voc. e =nom. um
Nom. i a
Gen. ōrum
Ac. os a
Dat. is
Abl. is
Voc. i a Estátua de Augusto

Principais paradigmas de declinação:

legatus, i, m. – mensageiro
condimentum, i, n. – tempero
puer, eri, m. – menino
liber, bri, m. – livro
uir, uiri, m. – homem, varão

S Nom. legatus condimentum puer liber uir


I
N Gen. legati condimenti pueri libri uiri
G Acus legatum condimentum puerum librum uirum
U Dat. legato condimento puero libro uiro
L
A Abl. legato condimento puero libro uiro
R Voc. legate condimentum puer liber uir
Nom. legati condimenta pueri libri uiri
P
L Gen. legatorum condimentorum puerorum librorum uirorum
U Acu. legatos condimenta pueros libros uiros
R Dat. legatis condimentis pueris libris uiris
A
L Abl. legatis condimentis pueris libris uiris
Voc. legati condimenta pueri libri uiri

55
Introdução à Língua Latina

OBS. 1: De modo mais amplo, pode-se dividir as palavras da D2 em 5 grupos:

1) Os masculinos em -us, cujo vocativo singular sai em -e: ex.: legatus (embaixador),
lupus (lobo), etc.

2) Os masculinos em -er, cujo vocativo é igual ao nominativo. Existem formas sincopadas


e não sincopadas, como liber, bri (livro), forma sincopada, e puer, eri (menino), forma
não sincopada.

3) Vir e seus compostos (o vocativo é igual ao nominativo): uir, uiri (homem), triunuir
(triúnviro), etc.

As formas em -er e -ir são atemáticas, isto é, a terminação -er, na


verdade, não é uma desinência, que, neste caso, constitui morfema zero
(Ø). Contudo, nos demais casos e gêneros, à exceção do nominativo e
vocativo singular masculino, as desinências são acrescentadas ao
radical normalmente.
O genitivo plural de uir pode sair em uirum.

4) Os femininos em -us, que compreendem os nomes de plantas e alguns termos de origem


grega. Declinam-se como os do primeiro grupo. Ex.: aluus (ventre), colus (roca), humus
(terra), laurus (loureiro), etc.

5) Os neutros em -um e em -us apresentam nominativo, acusativo e vocativo, singular e


plural iguais entre si. Ex.: oppidum (fortaleza, cidadela), hilum (nada), corium (couro),
pelagus (mar), uirus (veneno), uulgus (povo).

Exemplo:
Singular Plural
N. uulgus uulga
G. uulgi uulgorum
Ac. uulgus uulga
D. uulgo uulgis
Ab. uulgo uulgis
Voc. uulgus uulga

OBS. 2: Se a palavra termina em -ius ou -eus, o vocativo fica em -i.


Ex.: filius > voc. fili; meus > voc. mi; deus > voc. di.

Além disso, substantivos terminados em -ius ou em -ium têm o genitivo singular em -ĭi
ou -ī:
lilium (lírio) > lilĭi ou lilī
notarius (secretário) > notarĭi ou notarī

O nominativo plural, porém, sai sempre em -ii.

56
Carlos Renato R. de Jesus

ATENÇÃO: Não há consenso entre os gramáticos antigos, nem entre os estudiosos


modernos, acerca da posição do acento nas palavras trissílabas com a penúltima breve,
nos casos em que ocorre a contração acima (ii > ī). É possível, então, pronunciar: Vérgĭlī
ou Vergĭ́lī (genitivo ou vocativo de Vergilius); íngĕnī e ingĕ́ nī (genitivo de ingenium).
Porém, sempre Cornḗli (de Cornelius).

OBS. 3: a palavra deus, no plural, tem mais de uma forma em alguns casos.
Nominativo/vocativo: di, dii ou dei; genitivo: deum ou deorum; dativo e ablativo: dis,
diis ou deis.

***

EXERCÍCIO

1) Decline:

a) angelus, i, m.: anjo


b) genius, ii, m.: gênio
c) ager, agri, m.: campo
d) bellum, i, n.: guerra
e) gener, i, m.: genro
f) deus, i, m.: deus
g) uirus, i, n.: veneno

2) Indique o caso, o número, a função sintática e o nominativo singular dos seguintes


substantivos e, em seguida, com o auxílio do dicionário, traduza:

Substantivo Caso Número f. sintática Nom. Tradução


Sing.
causis dativo/ablativo plural ob. ind., compl. causa às causas; com as
nom.; adv causas
umbrarum

statuas

fabulam

fabulis

fabulă

tubarum

argenti

argentorum

seruo

57
Introdução à Língua Latina

mundos

discipulus

uerbum

uerborum

templa

domini

angelis

exempla

Tiberī

deis (m.)

uirus

loco

lupe

animum

uirorum

3) Verta o substantivo destacado para o latim, no caso pertinente e, em seguida, passe-o


para o plural, quando possível (em latim). Veja o modelo.

a) Dei uma oferta a deus.: deo (sing.); dis, diis, ou deis (pl.)

b) Vi o escravo. : ________________________________________________________

c) Surgiu um anjo. : ______________________________________________________

d) A força do homem está em sua palavra: _____________________________________

e) Não temo o lobo. : _____________________________________________________

f) Tem amor a Deus. : ____________________________________________________

g) Ele é forte de espírito. : _________________________________________________

h) Deu exemplos aos alunos. : ______________________________________________

58
Carlos Renato R. de Jesus

i) Fez o mapa do mundo. : _________________________________________________

j) Aconteceram muitas guerras. : ____________________________________________

k) Dê-se honra aos deuses: ________________________________________________

Vocabulário:

angelus, i, m.: anjo, mensageiro exemplum, i, n.: exemplo


animus, i, m.: espírito lupus, i, m.: lobo
bellum, i, n.: guerra mundus, i, m.: mundo
deus, i, m.: deus seruus, i, m.: escravo, servo
discipulus, i, m.: aluno uir, uiri, m.: homem

4) Passe para o latim:

a) Os escravos aterrorizavam o senhor.


b) O filósofo ouvia as palavras da rainha.
c) Os templos são o lugar dos deuses.
d) Deus governa os povos do mundo.
e) O homem faz as guerras.
f) As mulheres e as crianças são exemplos de vida para os homens.
g) O dinheiro move o mundo.
h) A prata arrasta as multidões.
i) Em Roma, o povo orava nos templos.
j) As estátuas dos deuses estavam na Grécia.

Vocabulário:

argentum, i, n.: prata, dinheiro locus, i, m.: lugar Roma, ae, f.: Roma
audio, is, ire: ouvir moueo, es, ere: mover seruus, i, m.: escravo
bellum, i, n.: guerra mundus, i, m.: mundo statua, ae f.: estátua
deus, i, m.: deus oro, as, are: rezar, orar templum, i, n.: templo
dominus, i, m.: senhor, patrão pecunia, ae, f.: dinheiro terreo, es, ere: aterrorizar
exemplum, i, n.: exemplo philosophus, i, m.: filósofo traho, is, ere: arrastar
facio, is, ere: fazer populus, i, m.: povo turba, ae, f.: multidão
femina, ae, f.: mulher puer, i, m.: criança, menino uir, uiri, m.: homem
Graecia, ae, f.: Grécia regina, ae, f.: rainha uita, ae, f.: vida
littera, ae, f.: palabra rego, is, ere: governar, reger

5) Passe para o português:

a) Viri bella non amant.


b) Bella uitam uirorum delent.
c) Philosophorum uerba exempla sapientiae sunt.
d) Magistri fabulas discipulis narrant.
e) Tiberius litteram amicis scribit.
f) In schola, magistri grammaticam docebant.
g) Pueri, discite praecepta deorum.
h) Mundum Deus ministrat.
i) In Graecia, statuae deorum in templis sunt.
j) Non semper bellum faciebat Roma.

59
Introdução à Língua Latina

k) Lupi terrebant agricolas.


l) Magistrum audit discipulus.
m) Marcus et Paulus amici sunt.
n) Pericula belli terrent agricolas prouinciarum.

Vocabuário:

amicus, i, m.: amigo Paulus, i, m.: Paulo


deleo, es, ere: destruir periculum, im, n.: perigo
doceo, es, ere: ensinar praeceptum, i, n.: preceito, ensinamento
grammatica, ae, f.: gramática prouincia, ae, f.: província
magister, tri, m.: mestre schola, ae, f.: escola
Marcus, i, m.: Marcos scribo, is, ere: escrever
ministro, as, are: governar Tiberius, ii, m.: Tibério
narro, as, are: contar, narrar uerbum, i, n.: palavra
Non (adv.): não, nem

6) Faça a tradução das seguintes frases, procedendo à análise morfológica e sintática dos
seus termos.

a) Philosophum non facit barba. (Plut.)


b) Domini seruos fatigant. (Cíc.)
c) Praenuntiat fumus incendium. (Sên.)
d) Feminae lacrima condimentum est malitiae. (P. S.)
e) Dei prouidentia mundum ministrat. (Cíc.)
f) Verba mouent, exempla trahunt. (Af.)
g) Stultitia est morbus animi. (Sên.)
h) In angustiis amici apparent. (Petr.)

7) Traduza o seguinte texto:

As belezas da Grécia

Graecia antiqua est cunae litterarum et poetarum patria. Graeciae autem incolae
agriculturam et mercaturam exercebant. Ibi uirebant oleae, flauebant spicae, rubebat uua
in uineis. Filiae familias indulgebant choris, litteras curabant, delicias amabant uitae. Viri
militiam exercebant patriamque defendebant. Ideo irridebant Persarum minis et potentiae.
(Texto adaptado. In: Borregana & Borregana, 2005)

Vocabulário:

antiqua (adj. ligado a Graecia): antiga


cunae, arum, f.: origens, berço
autem (conj.): porém, por outro lado
exerceo, es, ere: praticar, exercer
ibi (adv.): ali, aí
in (prep. com abl.): em
chorus, i, m.: dança
familias (genitivo grego): de família ilustre
ideo (adv.): por esta razão
irrideo, es, ere (rege dat.): escarnecer de, rir-se de

60
Carlos Renato R. de Jesus

7.4) Adjetivos de 1ª classe:

Adjetivo é a palavra variável que modifica o substantivo, conferindo-lhe uma


qualidade atributiva ou restritiva. Em latim, concorda com o substantivo em gênero,
número e caso. Dividem-se em dois grupos: os de 1ª classe (1c) e os de 2ª classe (2c).
Adjetivos de 1a classe são os que apresentam três formas para os três gêneros do latim.
Não possuem um quadro de declinação próprio, apenas “emprestam” desinências dos
substantivos. Dessa forma, seguem o paradigma da D1 quando forem femininos, e o
paradigma da D2 quando forem masculinos ou neutros.
Assim se dispõem no dicionário:
m f n
Bonus, a, um: bom
Liber, a, um: livre
Pulcher, chra, chrum: belo, bonito

OBS. 1: Atente que, no caso de pulcher, há uma síncope, isto é, a letra e é suprimida no
feminino e no neutro e continuará ausente ao declinarmos essa palavra. No caso de liber,
não houve síncope, e as desinências de masculino e feminino serão simplesmente
acrescentadas ao radical do masculino sem alterações.

OBS. 2: Por concordar em gênero, número e caso com o substantivo a que se refere, será
sempre necessário que o adjetivo acompanhe o substantivo, independente da declinação
a que este pertença. Veja:

Poeta, ae, m. + nouus, a, um (poeta novo)


S Nom. poeta nouus
I
N Gen. poetae noui
G Acus poetam nouum
U
L Dat. poetae nouo
A Abl. poeta nouo
R
Voc. poeta noue
Nom. poetae noui
P
L Gen. poetarum nouorum
U Acu. poetas nouos
R
A Dat. poetis nouis
L Abl. poetis nouis
Voc. poetae noui Retrato da poetisa Safo de Lesbos

OBS. 3: Não se esqueça de que os adjetivos podem ser empregados na função de


substantivos. Assim:

¨ Liberi sunt felices. (Os homens livres são felizes)


¨ Boni in regnum caelorum intrabunt. (Os bons / os homens bons entrarão no reino dos
céus)
¨ Bona uiuenda sunt. (devem-se viver as coisas boas)

61
Introdução à Língua Latina

EXERCÍCIO

1) Decline:

a) Amicus, i, m. + altus, a, um – amigo alto


b) Puer, pueri, m. + piger, gra, grum – menino preguiçoso
c) Bellum, i, n. + saeuus, a, um – guerra violenta
d) Vir, uiri, m. + miser, a, um – homem infeliz

2) Traduza as expressões seguintes e, em seguida, coloque-as no caso solicitado. Veja o


modelo.

a) parua scintilla (acusativo sing.): pequena centelha; paruam scintillam

b) magnum incendium (gen. sing.) : _________________________________________

c) sana uita (abl. pl.) : ___________________________________________________

d) stultus uir (voc. sing.) : _________________________________________________

e) uera amicitia (gen. pl.) : ________________________________________________

f) paruus mundus (abl. pl.) : _______________________________________________

3) Faça a concordância do adjetivo com o substantivo, lembrando que algumas


desinências são comuns a mais de um caso. Veja o modelo.

a) nautae (operosus): nautae operosi (gen. sg.; nom./voc. pl.) / nauta operoso (dat. sg.)

b) discipulorum (bonus): __________________________________________________

c) nautā (incautus): ______________________________________________________

d) bellum (intestinus): ____________________________________________________

e) gladium (acutus): _____________________________________________________

f) lacrimă (paratus): _____________________________________________________

g) numeri (infinitus): ____________________________________________________

h) incendio (paruus): _____________________________________________________

i) dii (magnus): ________________________________________________________

j) templa (paruus): ______________________________________________________

k) uiri (sanus): _________________________________________________________

62
Carlos Renato R. de Jesus

4) Corrija os erros de concordância entre o adjetivo e o substantivo a seguir. Para isso,


parta sempre do substantivo:

a) sana uitam: sanam uitam

b) magno templa: ___________________________________________

c) alte puero: ______________________________________________

d) claras poetas: ____________________________________________

e) paruus serui: ____________________________________________

f) claro animum: ___________________________________________

5) Indique o caso (ou casos), o número, a função sintática e o nominativo singular dos
seguintes substantivos + adjetivos de 1ª classe. Em seguida, traduza:

Substantivo + Nom.
Caso Número F. sintática Tradução
Adjetivo sing.
uiro nouo dat., abl. singular OI, CN, Adv uir nouus homem novo

parua damna

templis magnis

agne tener

magistris liberis
(m.)
pueri aegri

equos altos

poetarum
doctorum
poetis claris

seruo timido

uir alte

theatris magnis

feminā bonā

bello acerbo

63
Introdução à Língua Latina

diis piis

iusto bello

filī impī

6) Passe para o latim:

a) O filho covarde provoca a ira dos grandiosos deuses.


b) O homem segurava a espada afiada.
c) Amigos, tenham uma vida longa!
d) O ilustre poeta está no belo templo dos deuses.
e) Uma guerra antiga e violenta destruía a bela Grécia.
f) O professor envia livros novos aos alunos.
g) Os marinheiros lutavam em uma guerra civil.
h) O homem justo aconselha os filhos pequenos.
i) O agricultor captura tenros cordeiros.
j) A Itália tem grandes templos e belas ilhas.

Vocabulário:

acutus, a, um: afiado habeo, es, ere: ter mitto, is, ere: enviar
agnus, i, m.: cordeiro insula, ae, f.: ilha moneo, es, ere: aconselhar
antiquus, a, um: antigo intestinus, a, um: civil paruus, a, um: pequeno
capio, is, ere: capturar, pegar ira, ae, f.: ira pugno, as, are: lutar
clarus, a, um: ilustre iustus, a, um: justo pulcher, chra, chrum: belo
deleo, es, ere: destruir liber, bri, m.: livro saeuus, a, um: violento
filius, ii, m.: filho longus, a, um: longo teneo, es, ere: segurar, ter
excito,as, are: provocar, causar magister, tri, m.: professor tener, a, um: tenro, jovem
gladium, ii, n.: espada magnus, a, um: grandioso, grande timidus, a, um: covarde

7) Passe para o português:

a) Vir bonus tota praecepta deorum noscit.


b) Antiqui uiri Graeci clari philosophi erant.
c) Dominus seruum pius liberat.
d) Non sempiternae sunt amicitiae humanae.
e) In acerbo prato, puer magnum equum uidet.
f) Laetam uitam habebant incolae insularum Graecarum.
g) Horrendus in prato pulchro lupus habitabat.
h) Laetus uir uitam rusticam amat.
i) Inuidia discordiam in animo humano excitat.
j) ) Magnas deorum statuas uidemus.

Vocabuário:

acerbus, a, um: acerbo, penoso humanus, a, um: humano


amicitia, ae, f.: amizade inuidia, ae, f.: inveja
discordia, ae, f.: discórdia laetus, a, um: alegre
equus, i, m.: cavalo libero, as, are: libertar
excito, as, are: provocar nosco, is, ere: conhecer
Graecus, a, um (adj.): grego pius, a, um: piedoso

64
Carlos Renato R. de Jesus

praeceptum, i, n.: preceito, ensinamento sempiternus, a, um: eterno


pratum, i, n.: prado, campo totus, a, um: todo
rusticus, a, um: rústico, campestre uideo, es, ere: ver

8) Faça a tradução das seguintes frases, procedendo à análise morfológica e sintática dos
seus termos.

a) Parua scintilla magnum excitat incendium. (C. R.)


b) Verae amicitiae sempiternae sunt. (Cíc.)
c) Stultorum infinitus est numerus. (Pet.)
d) Sanam formam uitae tenete. (Sên.)
f) Semper ardua prima uia est. (Ov.)
g) Poetarum libri innumera exempla audaciae et constantiae praebent.
h) Magnum desiderium patriae excruciabat captiuos.
i) Adde paruum paruo et magnus aceruus erit*. (Ov.)
j) Auarum irritat, non satiat pecunia. (P. S.)
k) Parua paruas capiunt animas. (Ov., adap.)
l) Vita rustica parsimoniae, diligentiae, iustitiae magistra est. (Cíc.)
m) Immodica ira gignit insaniam. (Sên.)
n) Diuitiarum et formae gloria fluxa est. (Sal.)
o) Saepe creat teneras aspera spina rosas. (Ov., adap.)

*erit (p3 idft1 de sum): haverá

9) Coloque os adjetivos destacados nas frases acima nos casos indicados a seguir, singular
e plural, juntamente com os substantivos com os quais concordam.

a) Genitivo: paruae scintilae / paruarum scintilarum; sanae formae/ sanarum


formarum; magni acerui / magnorum aceruorum.

b) Ablativo: ____________________________________________________________

______________________________________________________________________

c) Dativo: _____________________________________________________________

______________________________________________________________________

d) Acusativo: ___________________________________________________________

______________________________________________________________________

e) Vocativo: ____________________________________________________________

______________________________________________________________________

65
Introdução à Língua Latina

10) Traduza o texto:

Como é natural acontecer entre quaisquer línguas, alguns


verbos latinos possuem regência específica, que nem sempre
coincide com o português. É o caso de studeo e utor. O
primeiro pede complemento no dativo, e o segundo pede
complemento no ablativo. Fique atento às indicações que o
dicionário oferece.

A maneira de falar dos romanos

Romani pueri linguae latinae student primo et eam discunt, postea ludunt et rident in
scholae atrio. Nunc pueri docti non sunt, quondam uero docti uiri erunt. Tunc aliqui eorum
etiam magistri erunt et linguam latinam docebunt. Patriciorum filii bene linguam latinam
loquuntur; seruorum tamen filii semper in agris laborant et linguae latinae non student
ideoque ea non utuntur elegantiā.
(Texto adaptado. In: Borregana & Borregana, 2005)

Vocabulário:

studeo, es, ere (rege dativo): estudar aliqui (nom. pl.): alguns
primo (adv.): primeiramente eorum (pron. dem., gen. pl.): deles
eam (pron. pess.): a, a ela docebunt: ensinarão
postea (adv.): depois bene (adv.): bem
quondam (adv.): um dia, mais tarde loquuntur (verbo dep., rege ablativo): falam
uero (adv.): em verdade tamen (conj.): contudo
erunt (p6 idft1 de sum): serão ideoque (adv.): e por isso
tunc: então ea non (...) utuntur: não usam dela, não a utilizam

11) Traduzir as seguintes fábulas:

A raposa e a máscara de tragédia

Personam tragicam forte uulpecula uidet: “Quam pulchra


es, inquit, sed cerebrum non habes!” Haec fabella illis
scripta est quibus Fortuna formam tribuit, sed
intelligentiam abstulit.

(Fedro. Adaptação, in: Furlan, 2006) Máscaras do teatro antigo

Vocabulário:

quam (adv. exclamativo): quão, quanto


inquit (p3idpr de inquam, inquis): disse
haec (pron. dem.: hic, haec, hoc): esta
illis (pron. dem.: ille, illa, illud): àqueles
scripta est: foi escrita
quibus (pron. rel.: qui, quae, quod): aos quais
abstulit (de aufero): retirou

66
Carlos Renato R. de Jesus

O asno e o lobo

Fonte : https://fablesofaesop.com/the-ass-and-the-wolf.html

Non semper qui stultus apparet, uere est. Olim asinus in prato otiosus errabat. Repente
famelicum lupum uidet. Tunc asinus non fugit, sed false claudicat et multas lacrimas
efundit. Lupus, auida fera, appropinquat et dicit: “Amice, cur tam maestus es?”.
Respondet asinus: “Asperam spinam in talo sentio nec ambulare possum: extrahe spinam,
bone lupe!”. Lupus annuit: stultum iudicat asinum et iam praedam praegustat. Sed dum
incautus paruam spinam in talo asini quaerebat, ruina sua inuenit, quia repente callidus
asinus uehementer calcitrat et stulti lupi maxillam frangit. Hoc modo saepe callido dolo
uitam seruamus.
(Esopo. Texto adaptado. In: Cardinale & Calamaro, 2009)

Vocabulário:

qui (prom. rel.): quem, aquele que


uere (adv.): verdadeiramente
olim (adv.): certo dia, outrora
repente (adv.): de repente
tunc (adv.): então (mas então)
sed (conj.): porém
false (adv.): dissimuladamente
cur (adv. interr.): por quê?
tam (adv.): tão
nec: e não, nem
possum (p1 idpr, v. irreg.): posso
dum (conj.): enquanto
sua (pron. poss.): sua (ligado a ruina)
inuenit (de inuenio): aconteceu, chegou
quia (conj.): porque
uehementer (adv.): violentamente
hoc modo: assim, deste modo
saepe (adv.): frequentemente, muitas vezes

67
Introdução à Língua Latina

7.5) A 3ª declinação

Apresenta bastante complexidade e variedade lexical. Possui diversas formas para o


nominativo singular e se divide em dois grupos: o de tema consonantal e o vocálico (em
i). Observe:

D3
Consonantal Vocálico (i)
M / Neutro M/F Neutro
Casos F

es, is,
várias ar, e, al *ATENÇÃO: s e x somente se o radical
Nom. (s,x)*
terminar em mais de uma consoante: mens,
Gen. is is mentis (mente); nox, noctis (noite). Para as
Ac. em =nom. em =nom. terminações em is também há algumas
Dat. i i exceções. Ex.: canis, is (cão), que faz
Abl. e e i canum no genitivo plural.
Voc. =nom. =nom. =nom.
Nom. es a es ia
Gen. um ium
Ac. es a es ia
Dat. ibus ibus
Abl. ibus ibus
Voc. es a es ia

Exemplos de declinação:

a) opinio, onis, f. – opinião


b) finis, is, m. – fim; objetivo
c) nox, noctis, f. – noite
d) rex, regis, m. – rei
e) mens, mentis, f.: mente
e) mare, is, n. – mar

D3 cons. D3 voc. D3 voc. D3 cons. D3 voc. D3 voc.


S Nom. opinio finis nox rex mens mare
I
N
Gen. opinionis finis noctis regis mentis maris
G Acus opinionem finem noctem regem mentem mare
U Dat. opinioni fini nocti regi menti mari
L
A Abl. opinione fine nocte rege mente mari
R Voc. opinio finis nox rex mens mare
Nom. opiniones fines noctes reges mentes maria
P Gen. opinionum finium noctium regum mentium marium
L Acu. opiniones fines noctes reges mentes maria
U
R Dat. opinionibus finibus noctibus regibus mentibus maribus
A Abl. opinionibus finibus noctibus regibus mentibus maribus
L
Voc. opiniones fines noctes reges mentes maria

68
Carlos Renato R. de Jesus

Decline:

a) uates, is, m. – adivinho c) corpus, oris, n. – corpo


b) mus, muris, m. – rato d) uox, ocis, f. – voz

OBS. 1: Costuma-se dividir os substantivos da D3 em parissilábicos e imparissilábicos.


Contudo, a divisão acima, de Furlan & Bussarello (1993), soa-nos mais conveniente e
menos propensa a exceções.

OBS. 2: Alguns substantivos podem seguir mais de uma declinação. É o caso de uesper
(tarde), que pode declinar-se pela D3 ou pela D2. Ou então a palavra iegerum (geira,
medida agrária), que segue a D2 no singular e a D3 no plural.

OBS. 3: Mesmo com mais regularidade quanto à forma das palavras, quando se divide a
D3 da forma como foi apresentada, ainda ocorrem algumas exceções. Veja as mais
frequentes:

• Um pequeno grupo de substantivos que têm o genitivo singular igual ao


nominativo singular (-is) apresentam acusativo em -im:

sitis, is, f. (sede): ac. sg. > sitim


tussis, is, f. (tosse): ac. sg. > tussim, etc.

Exceção: ignis (fogo) tem o acusativo singular em -em: ignem.

• Parens (pais, genitores) e canis (cão) têm genitivo plural em -um e não em -ium,
como deveriam.
• Apis (abelha), mensis (mês) e sedes (sede, assento) têm o genitivo plural tanto em
-um quanto em -ium.
• Bos, bouis (boi) faz boum no genitivo plural e bubus ou bobus (e não bouibus) no
dativo e ablativo plural.
• Rus (campo) conservou o antigo caso “locativo”: ruri significa “no campo”.

OBS. 4: Alguns substantivos se declinam de maneira completamente anômala:

Vis, uis, f. iter, itineris, n. Iuppiter, Iouis, m.


(força) (caminho) (Júpiter)
Singular Plural Singular Plural Singular
Nom. uis uires iter itinera Iuppiter
Gen. roboris* uirium itineris itinerum Iouis
Ac. uim uires iter itinera Iouem
Dat. robori* uiribus itineri itineribus Ioui
Ab. ui uiribus itinere itineribus Ioue
Voc. uis uires iter itinera Iuppiter

69
Introdução à Língua Latina

*Na verdade, o substantivo uis é defectivo, faltando-lhe as formas do genitivo e dativo


singular. Nesses casos, são substituídas pelas respectivas formas de robur – que significa
literalmente “carvalho” (ONIGA, 2007, p. 77).

OBS. 5: Para todas as terminações da D3 (e não apenas para as formas irregulares) não é
sempre fácil chegar ao nominativo singular partindo dos outros casos. Contudo, podemos
adquirir uma certa prática se prestarmos atenção na consoante final do tema da
declinação que, como sabemos, é obtido ao retirarmos a desinência dos respectivos casos.
As dicas abaixo, podem auxiliar a encontrar o tema de muitas palavras da D3.

• Se o tema for em r, o nominativo singular será em -er, -or, -us, -is, -os. Ex.: uer –
ueris (primavera), labor – laboris (trabalho), uulnus – uulneris (ferida), flos –
floris (flor).

• Se for em n, a nasal cai. Ex.: sermo – sermonis (discurso), opinio – opinionis


(opinião).

• Se for em l, o nominativo é em l. Ex.: pugil – pugilis (lutador), uigil – uigilis


(guarda).

• Se for em p ou b, o nominativo é em ps ou bs. Ex.: inops – inopis (fraco), trabs –


trabis (trave).

• Se for em t ou d, a dental cai, e o nominativo será em s. Ex.: lapis – lapidis (pedra),


lis – litis (litígio), fraus – fraudis (fraude), poples – poplitis (joelho).

• Se for em c ou g, o nominativo perde a gutural e ficará em -x. Ex.: pax – pacis


(paz), lex – legis (lei), corax – coracis (corvo).

***

EXERCÍCIO

1) Encontre, no dicionário, o nominativo das seguintes formas lexicais:

a) ueritatem: __________________ f) ordinibus: ___________________

b) apice: _____________________ g) amores: ____________________

c) lucibus: ____________________ h) consulem: ___________________

d) uoluptates: __________________ i) urbis: _______________________

e) lumini: _____________________ j) plebes: ______________________

70
Carlos Renato R. de Jesus

k) strigis: ______________________ s) auctoritatem: __________________

l) honores: _____________________ t) mores: _______________________

m) rationis: _____________________ u) uetustatis: ____________________

n) temporum: ___________________ v) quietis: _______________________

o) iudice: ______________________ w) fluminis: ______________________

p) mentis: ______________________ x) ciuium: _______________________

q) senectutum: ___________________ y) uirtutem: ______________________

r) luminis: ______________________

2) Indique o caso e o número expressos nos seguintes substantivos (pode haver mais de
uma possibilidade). Traduza-os:

a) patrum: genitivo plural; dos pais.

b) florem: _______________________________________________________

c) animalium: ____________________________________________________

d) testis: ________________________________________________________

e) tempora: ______________________________________________________

f) uoluptates: ____________________________________________________

g) exemplaria: ___________________________________________________

h) ruri: _________________________________________________________

i) sitim: ________________________________________________________

j) Ioui: _________________________________________________________

k) ui: ___________________________________________________________

l) maria:_______________________________________________________

m) rege: ________________________________________________________

n) mos: _________________________________________________________

o) oris: _________________________________________________________

71
Introdução à Língua Latina

3) Depois de retirar a desinência do genitivo singular, -is, das palavras abaixo, indique o
radical e os casos solicitados, conforme o exemplo abaixo:

Substantivo Radical Ab. sg. Nom. pl. Gen. pl.

iudex, icis, m. iudic- iudice iudices iudicum


(juiz)
amor, oris, m.
(amor)
opinio, onis, f.
(opinião)
dolor, oris, m.
(dor)
lex, legis, f.
(lei)
auis, is, f.
(ave)
cor, cordis, n.
(coração)
mater, tris, f.
(mãe)
mons, montis, m.
(monte)
accipiter, tris, m.
(gavião)
uirtus, tutis, f.
(virtude)
calcar, is, n.
(espora)
lux, lucis, f.
(luz)
gens, gentis, f.
(gente)
altare, is, n.
(altar)
ciuitas, tatis, f.
(cidade)
flumen, inis, n.
(rio)
nix, niuis, f.
(neve)
hospes, itis, m/f.
(hóspede)
corpus, oris, n.
(corpo)
uectigal, alis, n.
(imposto)
gigas, antis, m.
(gigante)

72
Carlos Renato R. de Jesus

4) Verta o substantivo destacado para o latim, no caso latino adequado e, em seguida,


passe-o para o plural, quando possível (ainda em latim):

a) Falou com amor. : amore; amoribus

b) Sempre seguiu a lei. : ___________________________________________________

c) Seguiu os preceitos da virtude. : ___________________________________________

d) Os rios seguem seu rumo. : ______________________________________________

e) Não tem resistência à dor. : ______________________________________________

f) Agiu com virtude. : ____________________________________________________

g) Ele é juiz de si. : ______________________________________________________

h) Entregou o espírito e o corpo a Deus.: _____________________________________

i) Sofreu com a dor da partida. : _____________________________________________

j) As cidades crescem. : ___________________________________________________

Vocabulário:

lex, legis, f.: lei


uirtus, tutis, f.: virtude
flumen, fluminis, n.: rio
dolor, oris, m.: dor
iudex, icis, m.: juiz
corpus, oris, n.: corpo
dolor, oris, m.: luz
urbs, urbis, f.: cidade

5) Passe para o latim:

a) O poeta conhece a força das palavras.


b) Os inimigos destroem a cidade com fogo.
c) A história é a luz da vida.
d) A boa opinião aparece nos homens bons.
e) O juiz sábio defende as leis da cidade.
f) Os cavalos do patrão têm sede.
g) O gavião pega a jovem pomba.
h) No altar dos deuses, as mulheres entregam o cordeiro a Júpiter.
i) O coração do homem bom está cheio* de amor.
j) O rei defende a cidade e destrói os inimigos dos cidadãos.
k) Os agricultores veem o alto monte no campo.

Vocabulário:

accipiter, tris, m.: gavião appareo, es, ere: aparecer


agnus, i, m.: cordeiro campus, i, m.: campo
altus, a, um: alto capio, is, ere: pegar

73
Introdução à Língua Latina

ciuis, is, m. ou f.: cidadão mons, montis, m.: monte


columba, ae, f.: pomba nosco, is, ere: conhecer
cor, cordis, n.: coração opinio, onis, f.: opinião
defendo, is, ere: defender plenus, a, um (adj.): cheio
deleo, es, ere: destruir poeta, ae, m.: poeta
do, das, dare: dar, entregar rex, regis, m.: rei
equus, i, m.: cavalo sitis, is, f.: sede
habeo, es, ere: ter tener, era, erum: jovem
homo, inis, m.: homem uerbum, i, n.: palavra
hostis, is, m. ou f.: inimigo uideo, es, ere: ver
ignis, is, m.: fogo uis, uis*, m.: força
Iuppiter, Iouis, m.: Júpiter

6) Passe para o português:

a) Amorem et odium sentimus.


b) Gladiator riualem occidit.
c) Iudex legem defendere debet.
d) Cicero, scriptor Romanus, laudat antiquos oratores.
e) Consules Romani apud templum sunt.
f) Puer flumen Tiberim cum patre mirat.
g) Galli magnam multitudinem nauium colligebant.
h) Opimi Romani magnam turbam seruorum habebant.
i) Sacerdos magnam panis copiam miseris ciuibus cotidie distribuit.

Vocabulário:

amor, oris, m.: amor nauis, is, f.: navio


apud (prep. com acus.): junto a occido, is, ere: matar
Cicero, onis, m.: Cícero odium, ii, n.: ódio
colligo, is, ere: reunir opimus, a, um: rico
consul, ulis, m.: cônsul orator, oris, m.: orador
copia, ae, f.: quantidade, abundância panis, is, m.: pão
cotidie (adv.): diariamente pater, tris, m.: pai
cum (prep. com abl.): com riualis, alis, m.: rival
debeo, es, ere: dever Romanus, a, um: romano
distribuo, is, ere: distribuir sacerdos, otis, m.: sacerdote
finio, is, ire: terminar, finalizar scriptor, oris, m.: escritor
Gallus, i, m.: gaulês sentio, is, ire: sentir
gladiator, oris, m.: gladiador tempus, oris, n.: tempo
laudo, as, are: elogiar Tiberis, is, m.: (rio) Tibre
miro, as, are: admirar, olhar turba, ae, f.: multidão
miserus, a, um: pobre uoluntas, atis, f.: vontade
multitudo, inis, f.: quantidade, multidão

7) Traduza as sentenças:

a) Opinio ueritati cedit. (Af.)


b) Amor ordinem nescit. (S. Jer.)
c) Exceptio regulam probat. (Af.)
d) Ratio lux lumenque uitae est. (Cíc.)
e) Apex est autem senectutis auctoritas. (Cíc.)
f) Clarorum uirorum senectus, inuiolata et tuta sit. (Liv.)
g) Vinum et musica cor hominis laetificant. (Ecl.)

74
Carlos Renato R. de Jesus

h) Amori finem tempus, non animus, dat.


i) Amor crescit dolore repulsae. (Ov.)
j) Romani bonos mores colunt. (Cíc.)
k) Obsequium amicos, ueritas odium parit. (Ter.)
l) Historia uero est testis temporum, lux ueritatis, uita memoriae, magistra uitae, nuntia
uetustatis. (Cíc.)
m) Seditio ciuium hostium est occasio. (P. S.)
n) Nobilitat stultum uestis honesta uirum. (Prov. medieval)
o) Inuia uirtuti nulla* est uia. (Virg.)
p) Voluptas est inimica uirtutis. (Cíc.)
q) Principium sapientiae timor Domino; et scientia sanctorum, prudentia. (Vulg.)
r) Eloquentia metum incutit, amorem conciliat, industriam excitat, imprudentiam
exstinguit, uirtutem cohortatur [= incita], uitia confutat. (Front.)
s) Sapientes abscondunt scientiam, os autem stulti confusioni proximum est. (Vulg.)
t) Gladiator in harena consilium capit. (Sên.)
u) Amicus uerus, auis rara. (Af.)
v) Diuturna* quies uitiis alimenta ministrat*. (Disticha Catonis)
w) In ciuitate libera lingua* et mens* liberae esse debent*. (Suet.)
x) Habes somnum, imaginem mortis. (Cíc.)
y) Non mortem timemus, sed cogitationem mortis. (Sên.)

*nullus, a, um (pron. adj.): nenhum


diuturnus, a, um: prolongado
ministro, as, are: fornecer
lingua, ae, f.: língua, palavra, expressão
mens, mentis, f. mente, pensamento
esse debent (loc. verbal): devem ser

8) Traduza os textos:

Os caranguejos

Cancer dicebat filio: “Mi fili, non oblique incede, sed recta uia perge.” “Mi pater”,
respondit filius, “libenter tua consilia oboediam, si idem prius facies.” Adulescentiam
exempla instruunt, non praecepta.
(Esopo. Adaptação)
Vocabulário:

mi (voc. sing.): meu


oblique: de modo enviesado
libenter (adv.): de bom grado
tua: teus
oboediam: obedecerei
si idem prius facies: se antes fizeres o mesmo.

75
Introdução à Língua Latina

Prometeu entrega o fogo aos homens

Prometheus hominis corpus luto formauit.


Tum homines in siluis uitam in miseria et in
egestate degebant; bacis famem sedabant et
assidue belluas metuebant. Sed Prometheus,
magna animi benignitate, uitae humanae
conditiones subleuare ualde desiderabat. Tum
ex officina Vulcani dei dolo ignem subtrahit
atque hominibus donat. Cito hominum uita
mutat: igne enim cibos coquere discunt,
tenebras dispellere, aes fundere, arma parare.
Armis uero belluas necabant sed etiam bella
facere homines discebant. Propter ignis
furtum, Iuppiter in rupe Caucasi montis
Prometheum ligat: interdiu uultur Promethei
iecur mordebat; sed noctu iecur iterum Prometeu acorrentado. Quadro de Theodoor
crescebat. Rombouts (1597-1637)
(Texto adaptado. In: Cardinale & Calamaro, 2009)
Vocabulário:

formauit: criou coquere discunt (loc. verbal): aprendem a cozinhar


tum (conj. ou adv.): naquele tempo, então facere... discebant (loc. verbal): aprendiam a fazer
assidue (adv.): frequentemente propter (prep. com acusativo): por causa de
ualde (adv.): muito interdiu (adv.): durante o dia
ex (prep. com ablativo): de, a partir de noctu (adv.): durante a noite
cito (adv.): rapidamente iterum (adv.): de novo
enim (conj.): de fato

A formiga e a mosca

Olim formica acriter cum musca contendebat. Musca sic dicebat: “Ego perlustro deorum
templa, uictimarum exta praegusto. In capite regum sedeo et matronarum delibo oscula.
Nihil laboro et multis bonis gaudeo”. Respondet formica: “ego autem granum congero
studiose in hieme et cibum abudantissimum paratum habeo semper, etiam cum bruma
uenit. Et cum frigida hiems te occidit, me recipit et seruat copiosa domus.
(Esopo, adaptado)

Vocabulário:

olim (adv.): certa vez studiose (adv.): cuidadosamente


acriter (adv.): acirradamente abundantissimus, a, um (adj. superl.): muito
cum (prep. com abl. ou conj.): com; quando abundante, em abundância
contendo, is, ere: lutar, brigar etiam (conj.): traduza como “mesmo”
sic (adv.): assim frigidus, a, um: gélido
ego (pron.): eu te (pron. pess.): te, a ti, para ti
exta, orum, n.: vísceras me (pron. pess.): me, a mim
nihil (pron. indef.): nada, não copiosus, a, um: farto
bonis (abl. de bonus): traduza como “bens”

76
Carlos Renato R. de Jesus

8) SISTEMA VERBAL: tempos do infectum – continuação

Na seção 6, vimos alguns dos tempos do infectum, isto é, os tempos de ação inacabada,
derivados do tema do presente do indicativo. Agora, vamos conhecer os demais tempos
que pertencem a esse grupo. Na tabela a seguir, foi incluída a C3 mista.

Modo e tempo C1 C2 C3 (cons.) C3 (mista) C4


am - ā - b - o del - ē - b - o leg - a - m capĭ - a - m aud - ĭ - a - m
Idft1
am - ā - bi - s del - ē - bi - s leg - e - s capĭ - e - s aud - ĭ - e - s
(amarei, am - ā - bi - t del - ē - bi - t leg - e - t capĭ - e - t aud - ĭ - e - t
destruirei, am - a - bĭ - mus del - e - bĭ - mus leg - ē - mus capi - ē - mus aud - i - ē - mus
lerei, tomarei, am - a - bĭ - tis del - e - bĭ - tis leg - ē - tis capi - ē - tis aud - i - ē - tis
ouvirei) am - ā - bu - nt del - ē - bu - nt leg - e - nt capĭ - e - nt aud - ĭ - e - nt
am - e - m del - ē - a - m leg - a - m capĭ - a - m aud - ĭ - a - m
Sbpr am - e - s del - ē - a - s leg - a - s capĭ - a - s aud - ĭ - a - s
(que eu ame, am - e - t del - ē - a - t leg - a - t capĭ - a - t aud - ĭ - a - t
destrua, leia, am - ē - mus del - e - ā - mus leg - a - mus capi - ā - mus aud - i - ā - mus
am - ē - tis del - e - ā - tis leg - a - tis capi - ā - tis aud - i - ā - tis
tome, ouça) am - e - nt del - ē - a - nt leg - a - nt capĭ - a - nt aud - ĭ - a - nt

Sbpt1 am - ā - re - m del - ē - re - m leg - ĕ - re - m cap - ĕ - re - m aud - ī - re - m


(se eu amasse, am - ā - re - s del - ē - re - s leg - ĕ - re - s cap - ĕ - re - s aud - ī - re - s
am - ā - re - t del - ē - re - t leg - ĕ - re - t cap - ĕ - re - t aud - ī - re - t
destruísse, am - a - rē - mus del - e - rē - mus leg - ĕ - rē - mus cap - ĕ - rē - mus aud - i - rē - mus
lesse, tomasse, am - a - rē - tis del - e - rē - tis leg - e - rē - tis cap - e - rē - tis aud - i - rē - tis
ouvisse) am - ā - re - nt del - ē - re - nt leg - ĕ - re - nt cap - ĕ - re - nt aud - ī - re - nt

OBS. 1: Conforme advertimos anteriormente, quando falamos do verbo sum, o futuro do


indicativo (idft1) também pode ser traduzido como futuro do subjuntivo em português.
Ocorre que, como este último não existe em latim, os romanos usavam o primeiro para
designar a ideia que a língua portuguesa expressa pelo subjuntivo. Assim:

Ex.: Audiam si audies. > Ouvirei se ouvires.


Si pugnabis, uinces. > Se lutares, vencerás.

OBS. 2: O mesmo ocorre com o pretérito imperfeito do subjuntivo (sbpt1). Algumas


vezes, esse tempo expressa o que em português é representato pelo futuro do pretérito do
indicativo. Assim:

Ex.: Si pugnares, uinceres. > Se lutasses, vencerias.


Te iuarem, si te iuuares > Eu te ajudaria, se tu te ajudasses.

OBS. 3: Não mencionamos aqui o particípio presente (papr), que também deriva do
radical do presente do indicativo. Por ser uma forma nominal do verbo, será estudado
somente na seção 21.1.1.

77
Introdução à Língua Latina

EXERCÍCIOS

1) Conjugue os seguintes verbos, nos tempos solicitados:

Pugno, as, are, aui, atum: lutar


Moneo, es, ere, monui, monitum: advertir
Duco, is, ere, duxi, ductum: conduzir
Facio, is, ere, feci, factum: fazer
Venio, is, ire, ueni, uentum: vir, chegar

Modo e C1 C2 C3 (cons.) C3 (mista) C4


tempo

Idft1

Sbpr

Sbpt1

78
Carlos Renato R. de Jesus

2) Faça a morfologia completa das seguintes formas verbais, juntamente com a sua
respectiva tradução, a partir da indicação dada:

VOCO, AS, ARE, AVI, ATVM – Chamar

Vocabimus: P4 idft1 C1 - chamaremos

Vocem: ________________________________________________________________

Vocarent: ______________________________________________________________

Vocetis: _______________________________________________________________

Vocares: _______________________________________________________________

Vocabunt: ______________________________________________________________

HABEO, ES, ĒRE, HABVI, HABITVM – Ter

Habebamus: ____________________________________________________________

Habebit: : ______________________________________________________________

Habebitis: ______________________________________________________________

Habeat: ________________________________________________________________

Haberes: _______________________________________________________________

VIVO, IS, ĔRE, VIXI, VICTVM – Viver

Viuam: ________________________________________________________________

Viuetis: _______________________________________________________________

Viuemus: ______________________________________________________________

Viuet: _________________________________________________________________

Viuerem: ______________________________________________________________

MINVO, IS, ERE, VI, VTVM - diminuir

Minuemus: ___________________________________________________________

Minuam _______________________________________________________________

79
Introdução à Língua Latina

Minuant: ______________________________________________________________

Minuetis: ____________________________________________________________

Minueres: ______________________________________________________________

Minuamus: _____________________________________________________________

Minuerent: _____________________________________________________________

VENIO, IS, IRE, VENI, VENTVM – Vir

Veniet: ________________________________________________________________

Veniemus: _____________________________________________________________

Veniretis: ______________________________________________________________

Venias: ________________________________________________________________

3) Passe para o latim:

a) lutarei: pugnabo j) advertissem: ___________________

b) lutaremos:_____________________ k) advertiriam: ___________________

c) lutássemos: ____________________ l) advertirá: ______________________

d) viremos: _______________________ m) fará:__________________________

e) conduzireis: ____________________ n) fizerem: _______________________

f) conduzisse (P1): _________________ o) fizerdes: ______________________

g) conduzas: ______________________ p) fizessem:______________________

h) conduzam: _____________________ q) fariam:________________________

i) advirtais: _______________________ r) façamos:_______________________

4) Com o auxílio do dicionário, faça a análise morfológica completa e a tradução das


seguintes formas verbais:

a) lenies: p2 idft1 c4 - acalmarás

b) darem: ______________________________________________________________

80
Carlos Renato R. de Jesus

c) colligeremus: ________________________________________________________

d) cedam: _____________________________________________________________

e) manebo: ____________________________________________________________

f) ornemus: ____________________________________________________________

g) tribuat: _____________________________________________________________

h) mouerent: ___________________________________________________________

i) noscam: ____________________________________________________________

j) uolabunt: ___________________________________________________________

k) bibes: ______________________________________________________________

l) scribas: _____________________________________________________________

m) dicemus: ____________________________________________________________

n) credent: _____________________________________________________________

o) debeat: _____________________________________________________________

p) dubitabit: ____________________________________________________________

q) uulneraret: ___________________________________________________________

r) dolerem: ____________________________________________________________

s) probabis: ____________________________________________________________

t) credetis: _____________________________________________________________

u) manebunt : ___________________________________________________________

v) laudet: ______________________________________________________________

5) Dê a primeira pessoa do singular bem como o imperativo (P2 e P5) de todos os tempos
estudados dos seguintes verbos:

a) flecto, is, ere, flexi, flectum (dobrar)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

81
Introdução à Língua Latina

b) lenio, is, ire, iui, itum (acalmar)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

c) impero, as, are, aui, atum (imperar)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

d) maneo, es, ere, mansi, mansum (permanecer)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

e) disco, is, ere, didici (aprender)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

f) praebeo, es, ere, ui, itum (fornecer)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

g) cogo, is, ere, coegi, coactum (obrigar)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

h) Fugio, is, ire, fugi, fugitum (fugir)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

i) Do, das, dare, dedi, datum (dar)

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

82
Carlos Renato R. de Jesus

6) Traduzir:

a) Tempus animi dolores leniet. (Af.)


b) Argentum domino dabo. (Pl.)
c) In hortis mala et pira colligent agricolae.
d) Cedant arma togae. (Cíc.)
e) Cedant carminibus reges regumque triumphi. (Ov.)
f) Ignis aurum probabit, miseria uiros. (Sên., adap.)
g) Semper gloria et fama manebunt. (Virg., adap.)
h) Post* prandium stabis, post cenam ambulabis. (Esc. Méd. Sal.)
i) Magister doceat, discipuli discant. (Af.)
j) Ludat puer litteris. (Quint.)

*post (prep. com acus.): depois de

***
9) MORFOSSINTAXE NOMINAL (continuação)

9.1) 4a e 5a declinações

A quarta declinação apresenta tema em u e é composta por substantivos, em sua


maioria, masculinos. Os neutros têm características próprias:

D4
M/F Neutro
Nom. us u
Gen. us
Acus. um u
Dat. ui u
Abl. u
Voc. us u
Nom. us ua
Gen. uum
Acus. us ua
Dat. ibus ibus
Abl. ibus ibus
Voc. us ua
Gladiadores lutando: um retiarius ataca um secutor

83
Introdução à Língua Latina

Decline:

a) genu, us, n.: joelho


b) sensus, us, m.: senso, juízo.
c) senatus, us, m.: senado
d) cornu, us, n.: chifre

OBS. 1: Algumas palavras, entre as quais alguns nomes de plantas, podem ter também o
genitivo singular em -i (como na D2). Ex.: cupressus (gen. sg. cupressus ou cupressi);
exercitus (gen. sg. exercitus ou exerciti), ficus (gen. sg. ficus ou fici); senatus (gen. sg.
senatus ou senati).

OBS. 2: Em algumas palavras, a terminação do dativo e do ablativo plural é em -ubus,


terminação antiga que sobreviveu nos substantivos bissilábicos em -cus e nas palavras
artus (articulações), partus (parto) e tribus (tribo). Em alguns casos, isso evita a confusão
com substantivos semelhantes (mas de significado diferente) da D3, como arx (proteção),
ars (arte) e pars (parte), que fazem arcibus, artibus e partibus. As demais palavras que
fazem dativo plural em -ubus são:

acus (agulha) > acubus


arcus (arco) > arcubus
lacus (lago) > lacubus
quercus (carvalho) > quercubus
specus (gruta) > specubus

OBS. 3: A palavra domus (casa), em alguns casos, declinam-se tanto pela D4 quanto pela
D2:
D4 ou D2

N. domus domus
G. domus x
Ac. domum x
D. domui domo
Ab. domu domo
Voc. domus x

N. domus x
G. domuum domorum
Ac. domus domos
D. domibus x
Ab. domibus x
Voc. domus x

OBS. 4: O substantivo domus conservou o antigo caso locativo em -i: domi, que quer
dizer “em casa”, “na pátria”.

OBS. 5: O nome Iesus, que entrou no vocabulário latino na época cristã, comporta-se de
modo anômalo:

84
Carlos Renato R. de Jesus

N. Iesus
G. Iesu
Ac. Iesum
D. Iesu
Ab. Iesu
Voc. Iesu

Por motivos óbvios, essa palavra só existe no singular .

A quinta declinação, de tema em e, apresenta pouquíssimas palavras, todas


femininas, à exceção de meridies (“meio-dia”, “sul”) e de dies (quando significa “um dia
qualquer”). Quase todas declinam-se apenas no singular.
Os nomes com tema originário em -ie, como acies (ponta) e species (aparência)
têm genitivo em ei, com “e” longo. Já os de tema em -e como fides (fé) possuem o genitivo
em ei, com “e” breve. Isso, evidentemente, tem implicações na posição da sílaba tônica:
paroxítona nos dois primeiros exemplos e proparoxítona do último.
Eis o paradigma das desinências:

D5
M/F
Nom. es
Gen. ei
Acus. em
Dat. ei
Abl. e
Voc. es
Nom. es
Gen. erum
Acus. es
Dat. ebus
Abl. ebus
Banquete romano
Voc. es

Decline:

a) dies, ei, m. ou f.: dia


b) res, rei, f.: coisa
c) species, ei, f.: espécie

OBS. 1: Em algumas situações, o significado da formação res + adjetivo cristalizou-se


em expressões particulares, das quais algumas valem a pena destacar:

res aduersa > a adversidade res pecuniaria > o dinheiro


res familiaris > o patrimônio res publica > o Estado
res gestae > façanhas res rustica > a agricultura
res militaris > a arte militar res secundae > a boa sorte
res nouae > a revolução res uxoria > o dote

85
Carlos Renato R. de Jesus

ALGUNS SUBSTANTIVOS DEFECTIVOS E INDECLINÁVEIS (Cf. Mosca, 2012)

Defectivos:

• Fors (sorte, acaso) é encontrado somente no nominativo e ablativo singular, este último
com valor adverbial:
Fors ita tulit > o acaso quis assim.
Milites forte peruenerunt > os soldados chegaram por acaso.

• Sponte é o ablativo de spons (peso, vontade), substantivo da D3 em desuso, e se traduz


com a expressão “por vontade”; usa-se no genitivo ou como ablativo do adjetivo
possessivo.
Mea sponte > por minha vontade.
Matris sponte > por vontade da mãe.

• Pessum (em ruína) e uenum (à venda) são dois acusativos de direção e, por isso, aparecem
com verbos de movimento (ou movimento figurado); para uenum existe ainda o dativo
ueno, que tem o mesmo significado.
Pessum ire > ir à ruína.
Veno dare domum > vender a casa.

• Pondo é ablativo de pondus (peso), substantivo da D2 em desuso, e se traduz com a


expressão “do peso de”; é muitas vezes acompanhado do substantivo libra (libra):
Auri pondo uncia > uma onça (a peso) de ouro.
Saxum centum libras pondo > uma pedra do peso de cem libras.

Indeclináveis:

• Fas (lícito) e nefas (ilícito) se encontram geralmente em construções nas quais aparece o
verbo esse (ser).

Eos consules uocari fas est > É lícito que eles sejam chamados de cônsules.
Nefas est dictu > Não é lícito dizer.

• Instar significa “aspecto”, “forma”; muitas vezes tem valor de preposição que rege o
genitivo e significa, nesses casos, “de modo igual a”, “à maneira de”.

Instar leonis habet > tem aspecto de um leão.


Lacuna laci instar > uma poça igual a um lago.

• Mane (manhã) apresenta a mesma forma para os mesmos casos.


Vsque ad mane > até de manhã.
Postero mane > a manhã seguinte.
Carlos Renato R. de Jesus

EXERCÍCIO

1) Indique em que caso(s) está(ão) e a que declinação(ões) pertence(m) o(s) seguinte(s)


substantivo(s):

a) exercitui: dativo singular masculino, D4.

b) usus: ______________________________________________________

c) genu: ______________________________________________________

d) uultibus: ____________________________________________________

e) artubus: ____________________________________________________

f) domi: ______________________________________________________

g) rebus: ______________________________________________________

h) re: _________________________________________________________

i) meridiebus: __________________________________________________

Vocabulário para as questões 2 e 3:

animal, alis, n.: animal magistratus, us, m.: magistrado


auctoritas, tatis, f.: autoridade magnus, a, um: grande
bonus, a, um: bom maneo, es, ere: permanecer
ciuis, is, m.: cidadão manus, us, f.: mão
ciuitas, atis, f.: cidade mulier, eris, f.: mulher
dies, ei, m. ou f.: dia nox, noctis, f.: noite
domus, us, f.: casa occido, is, ere: matar
exercitus, us, m.: exército populus, i, m.: povo
facies, ei, f.: face pulcher, chra, chrum: belo
fides, ei, f.: confiança riualis, alis, m. ou f.: rival
gladiator, oris, m.: gladiador Romanus, a, um: romano
habeo, es, ere: ter seruo, as, are: salvar
laudo, as, are: elogiar species, ei, f.: espécie
longus, a, um: longo uerbum, i, n.: palavra
lux, lucis, f.: luz uir, uiri, m.: homem

2) Passe para o latim:

a) As casas na Itália são grandes.


b) As espécies de animais são muitas.
c) Permanecerei na Itália.
d) Os dias são breves, as noites são longas.
e) A palavra de Jesus é a luz dos homens.
f) A confiança dos cidadãos salvará a cidade.
g) Os homens elogiam a bela face da mulher.
h) O povo tem confiança no exército romano.
i) O gladiador matava os rivais com as mãos.
j) O povo elogiava a autoridade dos bons magistrados.

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Introdução à Língua Latina

3) Passe para o português.

a) Fides Populi Romani magna est.


b) Populus Iesum amabat.
c) Magistratus domus Italiae laudant.
d) In Italia longae sunt dies.
e) Facies mulierum pulchrae sunt.

4) Faça a tradução das seguintes frases:

a) Natura non facit saltus. (Lin.)


b) Vultus imago animi est. (Cíc.)
c) Parua necat morsu spatiosum uipera taurum. (Ov.)
d) Fortuna est domina rerum humanarum. (Af.)
e) Formonsa facies muta commendatio est. (P. S.)
f) Manus manum lauat. (Petr.)
g) Arbor bona bonum fructum fert*. (Vulg.)
h) Risus abundat in ore stultorum. (Af.)
i) Vrget diem nox, et dies noctem. (Hor.)
j) Passibus ambiguis, fortuna errat. (Ov.)
k) Paratae lacrimae insidias, non fletum indicant. (P. S.)
l) Sit nox cum* somno, sit sine lite dies. (Marc.)
m) Moribus antiquis res* stat romana uirisque. (Enn.)
n) Nulla dies sine* linea. (Plin. Vel.)
o) Aut insanit homo, aut uersus facit. (Hor.)
p) In thermis sumit lactucas, oua, lacertum,
Et cenare domi se* negat Aemilius. (Marc.)

*fert (p3 idpr de fero): produz


cum (prep. com abl.): com
res, rei, f.: traduzir como “nação”
sine (prep. com abl.): sem
se (pron. pess.): se, a si

5) Passe para o plural as frases c), e) e i).

6) Traduza:

Exército romano em ação

Scipio de Romanorum exercitu sic narrat: Exercitus Romanus plerumque pedidatus est.
Equitatus autem inter auxilia est. In pedidatu legionarii militant. Primum gradum legatus
tenet; secundum, tribuni. In equitatu, summus gradus (para Gloss., traduzir como
‘patente’) est praefecti turmae. Machinis exercitus Romani urbes hostium expugnant.
Conspicua sunt facinora exercitus nostri. Nam, usu armorum, milites superant ceteros
exercitus, omnibus impetibus ceterorum exercituum resistunt. Robur exercitus Romani
est in pedidatu; equitatum nostrum in alis collocamus. Alas exercitus Romani ‘cornua’
nominamus. In cornibus discrimen pugnae est. Consules uniuerso exercitui praesunt;
dextro et sinistro cornui praesunt praefecti. Sonus cornuum (verificar o significado)

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Carlos Renato R. de Jesus

signum impetus dat. Milites Romani arma insignia (para gloss. Insignis, e; insigne,
destacado) habent. Dextra manu hastam aut gladium sinistra scutum portant. Saepe
exercitus noster obnoxius fuit aestui solis, cruciatui uulnerum, luctui mortium, sed uirtute
omnia superauit.
(Texto adaptado. In: Furlan, 2006)

Vocabulário:

autem: mas, por outro lado, além disso.


auxilium, ii, n.: auxílio, apoio.
ceterus, a, um (adj.): restante, (dos) outros.
colloco, as, are: pôr, colocar, estabelecer.
cornu, us, n.: flanco
de (prep. com abl.): a respeito de
dexter, era, erum: direito.
do, as, are: dar, entregar, doar.
expugno, as, are: conquistar.
inter (prep. com acus.): entre, dentre.
nam: portanto.
narro, as, are: narrar, contar
nomino, as, are: nominar, chamar.
nostril (pron. poss. noster, gen. sing., masc., ligado a exercitus): do nosso.
obnoxius, a, um: submetido, exposto a.
plerumque (adv.): em grande parte, majoritariamente.
praesunt (de praesum; rege dat.): comandam.
primus, a, um: primeiro.
resisto, is, ire: parar, resistir.
saepe: frequentemente, muitas vezes.
Scipio, onis, m: Cipião (sobrenome).
secundus, a, um: segundo.
sic: assim.
sinister, tra, trum: esquerda.
summus, a, um: sumo, maior.
supero, as, are: superar, vencer.
teneo, es, ere: ter, possui.
turma, ae, f.: destacamento.
uniuersus, a, um: todo(a) o(a).

89
Introdução à Língua Latina

9.2) Adjetivos de 2a classe

Os adjetivos de 2a. classe seguem o paradigma da D3, do tipo vocálico. Exceção feita ao
ablativo singular, que fica em -i, e não em -e.

Classificam-se em três grupos diferentes, quanto à forma do nominativo singular:


triformes, biformes e uniformes.

a) Triformes: Apresentam 3 formas quanto ao nominativo singular (m / f / n):

m f n
Acer, acris, acre. – agudo, azedo, difícil, austero
Celer, eris, ere. – célere

OBS. 1: São em número de 13, a saber: celĕber, bris, bre (célebre); salūber, bris, bre
(salubre); campester, tris, tre (campestre); siluester, tris, tre (silvestre); terrester, tris, tre
(terrestre); alacer, cris, cre (fogoso); equester, tris, tre (equestre); paluster, tris, tre
(pantanoso); pedester, tris, tre (pedestre); puter, tris, tre (podre); uolucer, cris, cre
(alado).

OBS. 2: Celer é o único dos treze que não é sincopado.

OBS. 3: Celer e uolucer fazem o genitivo plural em -um.

OBS. 4: Consideram-se como pertencentes a esse grupo os nomes de meses que terminam
em -ber: September, bris (m.), October, bris (m.), Nouember, bris (m.), December, bris
(m.).

b) Biformes: Apresentam 2 formas quanto ao nominativo singular: is (m / f) e e (n):

m/ f n
Fortis, e. - forte
Omnis, e. - todo, toda

c) Uniformes: Apresentam uma única forma quanto ao nominativo singular para os três
gêneros. As terminações mais comuns são em x, ns e r (mas há outras):

m/ f/ n gen. sg.
Audax, icis. – corajoso
Ardens, ntis. – ardente
Pauper, eris – pobre
Vetus, ueteris – velho

Paradigma da declinação dos adjetivos de 2ª classe:

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Carlos Renato R. de Jesus

Triformes Biformes Uniformes


Caso masc. fem. neut. m/f neut. m/f neut. m/f neut.
N/V acer acris acre fortis forte ardens ardens audax audax
G acris acris acris fortis fortis ardentis ardentis audacis audacis
Ac acrem acrem acre fortem forte ardentem ardens audacem audax
D acri acri acri forti forti ardenti ardenti audaci audaci
Ab acri acri acri forti forti ardenti ardenti audaci audaci
N/V acres acres acria fortes fortia ardentes ardentia audaces audacia
G acrium acrium acrium fortium fortium ardentium ardentium audacium audacium
Ac acres acres acria fortes fortia ardentes ardentia audaces audacia
D acribus acribus acribus fortibus fortibus ardentibus ardentibus audacibus audacibus
Ab acribus acribus acribus fortibus fortibus ardentibus ardentibus audacibus audacibus

OBS. 5: Quando usados substantivamente, os adjetivos e particípios presentes da segunda


classe mantêm o ablativo em -e e o genitivo plural em -um.

Mas, atenção! Independente da função exercida, alguns adjetivos fazem o ablativo


singular em -e e o genitivo plural em -um. São eles: diues, itis (rico); compos, otis
(possuidor); particeps, ipis (participante); pauper, eris (pobre); princeps, ipis (primeiro);
sospes, itis (salvo); superstes, itis (sobrevivente); uetus, ueteris (velho). Este último faz
uetera no nominativo, acusativo e vocativo plural.

OBS. 7: Não se esqueça de que os adjetivos podem ser empregados na função de


substantivos.

Ex.: Fortuna audaces iuuat. (Virg.) A sorte ajuda os audaciosos.


Fortes uicerunt. Os fortes venceram.

***

EXERCÍCIOS

1) Decline:

a) tempus, oris, n. + breuis, e (tempo breve)


b) silua, ae, f. + uirens, ntis (selva verdejante)
c) lupus, i, m. + uorax, acis (lobo voraz)
d) bellum, i, n. + terrester, tris, tre (guerra terrestre)
e) ars, artis, f. + mortalis, e (arte mortal)

2) No seu caderno, traduza, diga o caso e, depois, passe para o plural ou para o singular,
conforme a situação (há mais de uma possibilidade para algumas respostas) as seguintes
expressões. Veja o modelo.

a) forti iuuene: jovem forte; abl. sing; fortibus iuuenibus

b) felicem hominem: _______________________________________________

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Introdução à Língua Latina

c) acre proelium: _____________________________________________________

d) grauium animorum: _________________________________________________

e) fallacia iudicia: _____________________________________________________

f) omnibus artibus: ____________________________________________________

g) corpus mortale: _____________________________________________________

3) Passe para o latim. Coloque no nominativo singular e plural. Veja o modelo.

Homo, inis, m. (homem); femina, ae, f. (mulher); iudicium, ii, n. (juízo); celeber, bris, bre
(célebre); fortis, e (forte); felix, icis (feliz); grauis, e (rigoroso); simplex, icis (simples).

Homem célebre: homo celeber; homines celebres

Homem forte: ___________________________________________________

Homem simples: ________________________________________________

Homem feliz: ___________________________________________________

Homem rigoroso: _________________________________________________

Mulher célebre: _________________________________________________

Mulher forte: ___________________________________________________

Mulher simples: _________________________________________________

Mulher feliz: ____________________________________________________

Mulher rigorosa: __________________________________________________

Juízo célebre: ___________________________________________________

Juízo forte: _____________________________________________________

Juízo simples: ___________________________________________________

Juízo feliz: _____________________________________________________

Juízo rigoroso: ___________________________________________________

4) Corrija os erros de concordância, colocando o adjetivo no mesmo gênero, número


e caso do substantivo. Pode haver mais de uma possibilidade em alguns casos:

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Carlos Renato R. de Jesus

a) animus dubio: animus dubius

b) medicum intemperanti: __________________________________________

c) labores improbis: _______________________________________________

d) templum ingenti: ________________________________________________

e) rosae asperas: __________________________________________________

f) iudicium fallacem: _______________________________________________

g) omnis artes: ____________________________________________________

h) homines mortalis: _______________________________________________

i) hoedus timido: _________________________________________________

j) tectum altis: ____________________________________________________

k) mundus ingentis: ________________________________________________

l) iudicio simplex: _________________________________________________

5) Passe para o latim:

a) A vida dos homens é breve.


b) Os soldados audazes protegiam com coragem a cidade.
c) Todas as artes são obra dos homens ilustres.
d) Que leis justas protejam todos os cidadãos.
e) Um líder estúpido venceria uma batalha, mas não uma guerra.
f) A justiça e o direito romano são a força da cidade.
g) Os romanos vencerão pela força todas as cidades inimigas.
h) Se os homens tivessem corpo imortal, viveriam sem medo.
i) Um coração bom torna os homens felizes.
j) Na Grécia antiga, os cidadãos protegiam as leis, o direito e a justiça.

6) Traduza:

a) Animus dubiam non habet sententiam grauis. (P. S.)


b) Mundus est ingens deorum omnium templum. (Sên.)
c) Doctrina est fructus dulcis radicis amarae. (Dion. Cat.)
d) Crudelem medicum intemperans aeger facit. (Af.)
e) Patria est communis omnium parens. (Catão)
f) Difficile est longum subito deponere amorem. (Cat.)
g) Omnis dilatio speratae rei longa est. (Sên.)
h) Agnosco ueteris uestigia flammae. (Virg.)
i) Rerum omnium thesaurus memoria. (Cíc.)
j) Acer et uehemens bonus orator. (Cíc.)

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Introdução à Língua Latina

k) Labor omnia uincit improbus. (Af.)


l) Caritas mitiget infelicium tristitiam. (Af.)
m) Saepe creat molles aspera spina rosas. (Ov.)
n) Fragilis et caduca est felicitas. (Sên.)
o) Fallax uulgi iudicium. (Fed.)
p) Iustitia omnium est domina et regina uirtutum. (Cíc.)
q) Omnis ars naturae imitatio est. (Sên.)
m) Omnis homo est mortalis, sed in corpore mortali est animus immortalis.
o) Lex sapientis fons uitae ut* declinet a ruina mortis. (Vulg.)
p) Principium dulce est, at finis amoris amarus. (J. O.)
q) Nihil mortalibus arduum est. (Hor.)
r) Immodicis, breuis est aetas et rara senectus. (Marc.)
s) In omni re uincit imitationem ueritas. (Cíc.)
t) Omnia tempus habent, omnia tempus habet. (J. O.)
u) Omnis mulier intra* pectus celat uirus pestilens:
dulce de* labris loquuntur* corde uiuunt noxio. (A. F.)
v) Nemo mortalium omnia omnibus horis sapit. (Pl. Vel., adap.)
w) Nihil est ab omni parte beatum. (Hor.)
x) Agnosco ueteris uestigia flamae. (Virg.)

*ut (conj.): para que


intra (prep. com acus.): dentro de
de (prep. com abl.): traduza como “com”
loquuntur (v. depoente): falam

7) Coloque os adjetivos sublinhados nas frases acima, juntamente com o substantivo a


que se referem, nos seguintes casos:

a) Genitivo singular: animi grauis; omnis deus; intemperantis aegri.

b) Genitivo plural: _____________________________________________

c) Dativo singular: ______________________________________________

d) Acusativo plural: _____________________________________________

EXERCÍCIO EXTRAS

1) Faça a análise morfológica, a sintática e a tradução das seguintes orações:

a) Habitus non facit monachum, sed professio regularis (Greg. IX).


b) Lex cauet ciuibus, magistratus legibus. (Broc.)
c) Occasio facit latronem. (Af.)
d) Verba non mutant substantiam rerum. (Broc.)
e) In umbra pugnabimus. (Plut.)
f) In oculis animus habitat. (Plin. Vel.)
g) Iniuriarum remedium est obliuio. (P. S.)
h) Membra sumus corporis magni. (Sên.)
i) Antiquus amor cancer est. (Petr.)

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Carlos Renato R. de Jesus

j) Mors ultima rerum linea est. (Hor.)


k) Taciturnitas stulto homini pro* sapientia. (P. S.)
l) Donec eris felix, multos numerabis amicos. (Ov.)
m) Animo uirum feminae pudicae, non oculo eligunt. (P. S.)
n) Spes inopem, res auarum, mors miserum leuat. (P. S.)
o) Sine* pennis uolare haud facile est. (Pl.)
p) Letum non omnia finit. (Prop.)
q) Otium sine litteris mors est et hominis uiui sepultura. (Sên.)
r) Nauta de uentis, de tauris narrat arator, numerat miles uulnera, pastor oues. (Prop.)
s) Heredis fletus sub* persona risus est. (P. S.)
t) Inimici ad* animum nullae conueniunt preces. (P. S.)
u) Sapientes abscondunt scientiam, os autem stulti confusioni proximum est. (Vulg.)

*pro (prep. com ablativo): no lugar de


sine (prep. com ablativo): sem
sub (prep. com ablativo): sob
ad (prep. com acusativo): a, para

2) Traduza:

As mulheres sabinas

Romani Sabinique proelium redintegrant. Tum Sabinae feminae, capillis passis,


uestimentis scissisque, inter tela se locant atque dicunt: “nos causa belli sumus. Iras in
nos uertere debetis”. Tum infestas copias dirimunt, iras dirimunt. Silentium magnum
euenit. Audacia feminarum animos copiarum mouet. Ex pacto, duo populi regnum
consociant atque imperium Romae donant.
(Adaptação de Tito Lívio. In: Soares, 1999)
Vocabulário:

consocio, as, are: unir-se nos (prom. pess.): nós


copiae, arum, f.: tropas, exército passus, a, um (adj.): desgrenhado
dirimo, is, ere: arrefecer. proelium, ii, n: luta, combate
duo (num.): dois redintegro, as, are: recomeçar
euenio, is, ire: resultar, acontecer regnum, i, n: poder, soberania
ex pacto: firmado um acordo Sabinae, arum, f: Sabinas (as mulheres sabinas)
in nos: contra nós scissus, a, um (adj.): rasgado
infestus, a, um (adj.): inimigo se (pron. pess., ac.): se, a si.
inter tela: entre as armas uestimentum, i, n: vestido, roupa

10) GRAUS DO ADJETIVO

Como em português, além de sua forma básica, o adjetivo também pode exprimir uma
gradação de sua característica expressa. Os graus do adjetvo, então, são os mesmos da
língua portuguesa:

a) Positivo (normal):
puer altus > menino alto

b) Comparativo (forma analítica):

95
Introdução à Língua Latina

Igualdade: tam ... quam; ita ... ut; aeque ... ac ou atque
Inferioridade: minus ... quam
Superioridade: magis, plus ... quam

c) Superlativo:
Superioridade
Inferioridade

O grau positivo ou normal já foi visto nas lições anteriores. Estudaremos a partir de agora
o grau comparativo e o grau superlativo do adjetivo.

10.1) Formação do grau comparativo do adjetivo

O comparativo de igualdade se forma empregando um par de advérbios correlativos:

Lucius tam altus quam uelox erat. > Lúcio era tão alto quanto veloz.
Filia aeque pulchra ac/atque mater est. > a filha é tão bela quanto a mãe.

O grau comparativo de inferioridade se forma colocando o advérbio minus antes do


adjetivo:

Altus (alto) > minus altus (menos alto)


Sapiens (sábio) > minus sapiens (menos sábio)

O comparativo de superioridade, em sua forma analítica, também usa um par de advérbios


para se expressar:

Puer magis uelox erat quam puella. > o menino era mais rápido que a menina
Orator plus sapiens erat quam poeta. > o orador é mais sábio do que o poeta.

Na frase em que se encontram, em síntese, os comparativos apresentam a seguinte


estrutura:

Adv. tam, minus, magis + quam + oração comparativa explícita ou implicita (cujo
sujeito deve estar no mesmo caso do suj. da oração principal).

Ex.: Amor tam fortis est quam tempus (est forte).


↓ ↓ ↓ ↓
adv. adjetivo conjunção oração
de intensidade comparativa comparativa

Amor minus fortis est quam tempus (est forte).

Amor magis fortis est quam tempus (est forte).

OBS. 1: A oração entre parênteses fica, muitas vezes, subentendida; portanto, assim como
em português, não aparece geralmente na frase. Mesmo assim, classifica-se como oração
comparativa.

96
Carlos Renato R. de Jesus

OBS. 2: Nos períodos onde existe oração comparativa, os termos que são comparados
são chamados de termos de comparação, assim:

Lucius tam felix est quam Iulia. Lúcio é tão feliz quanto Júlia.
↓ ↓
1º termo de comp. 2º termo de comp.

OBS. 3: O latim omite sempre o segundo termo de comparação quando é idêntico ao


primeiro:

Filii regis magis diues sunt quam (filii) Os filhos do rei são mais ricos do que os
uulgi. (filhos) do povo.

10.2) Formação do grau comparativo de superioridade


O grau comparativo de superioridade pode se expressar de duas maneiras, a analítica,
como visto acima, e a sintética (mais usada), formada com o acréscimo de um sufixo
derivacional (-ior, ius), do seguinte modo:

Radical do genitivo + ior (masc. e fem.) e ius (neut.). Ex.:

Nominativo Rad. genitivo Comp. (m/f) comp. (n) tradução


Altus alt-i alt-ior alt-ius mais alto

Antiquus __________________________________________________________

Pulcher ___________________________________________________________

Acer ______________________________________________________________

Ferox _____________________________________________________________

Potens ____________________________________________________________

Facilis ____________________________________________________________

Doctus ____________________________________________________________

Simplex ___________________________________________________________

Piger _____________________________________________________________

Vorax _____________________________________________________________

Breuis ____________________________________________________________

OBS.1: O grau comparativo de superioridade sintético declina-se pelo paradigma da 3ª


declinação. Como no exemplo:

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Introdução à Língua Latina

Casos Masc. / fem. Neutro


N/V fortior fortius
G fortioris fortioris
Ac fortiorem fortius
D fortiori fortiori
Ab fortiori fortiori
N/V fortiores fortiora
G fortiorum fortiorum
Ac fortiores fortiora
D fortioribus fortioribus
Ab fortioribus fortioribus
Héracles

OBS. 2: O segundo termo de comparação pode ficar:

• Ou no mesmo caso do sujeito da oração principal, precedido de quam.

Ex.: Puer altior est quam puellă.


(O menino é mais alto do que a menina)

• Ou no ablativo sem preposição (ablativo de comparação):

Ex.: Puer altior est puellā.


(O menino é mais alto do que a menina)

Nihil amabilius est uirtute. (Cíc.)


(Nada é mais amável do que a virtude)

Observe que nada muda em relação à tradução. São apenas formas diferentes de se
apresentar o segunto termo de comparação em latim.

***

EXERCÍCIO

Forme o comparativo de superioridade dos seguintes adjetivos, no acusativo singular e


no nominativo plural, nos três gêneros. As traduções entre parênteses estão todas no
masculino singular.

a) Antiquum (antigo): antiquiorem/antiquiores (masc. e fem.); antiquius/antiquiora (n.)

b) Validus (vigoroso): ____________________________________________________

c) Felici (feliz): _________________________________________________________

d) Timidus (medroso): ____________________________________________________

e) Doctam (douto): ______________________________________________________

f) Pigra (preguiçoso): ____________________________________________________

98
Carlos Renato R. de Jesus

g) Mollis (mole): ________________________________________________________

h) Audax (corajoso): _____________________________________________________

i) Liberi (livre): _________________________________________________________

j) Sapientes (sábio): _____________________________________________________

2) Escolha entre as propostas indicadas a seguir a mais adequada para traduzir cada uma
das frases posteriores:

I laboriosior quam ( ) VI tam crudeles quam ( )


II doctior quam ( ) VII minus cautus quam ( )
III tam audaces quam ( ) VIII minus sapientes quam ( )
IV tam magnus quam ( ) IX eloquentior quam ( )
V frigidior quam ( ) X tam pulchrae quam ( )

a) Públio é mais inteligente do que Sérvio.


b) O percurso das estradas de terra é mais laborioso do que o das pavimentadas.
c) Atenas é tão bela quanto Esparta.
d) Os jovens serão sempre menos sábios do que os velhos
e) A honra é tão importante quanto a liberdade.
f) O inverno é mais frio que o verão.
g) As mulheres são tão corajosas quanto os homens.
h) Cícero era mais eloquente que Hortênsio.
i) Os reis bárbaros foram tão cruéis quanto violentos.
j) Lúcio é menos prudente do que Aulo.

3) Dê a forma sintética do grau comparativo de superioridade indicada dos adjetivos a


seguir. Veja o modelo.

a) uelox (“veloz”, nom. pl. neut.): uelociora

b) aluus (“alvo”, gen. sg. masc.): ________________________________________

c) amicus (“amigo”, ac. sg. fem.): _______________________________________

d) liber (“livre”, dat. sg. masc.): _________________________________________

e) potens (“poderoso”, abl. sg. fem.): ______________________________________

f) pulcher (“bonito”, nom. pl. neut.): ______________________________________

g) dulcis (“doce”, ac. pl. masc.): __________________________________________

h) antiquus (“antigo”, ac. pl. neut.): _______________________________________

i) utilis (“útil”, gen. sg. masc.): ___________________________________________

99
Introdução à Língua Latina

j) perennius (“perene”, dat. pl. fem.): ______________________________________

4) Preencha as lacunas com a forma correta dos termos indicados entre parênteses. Veja
o modelo:

a) Aurum minus utile est quam (ferrum) ferrum.

b) Probi aeque cari sunt deis atque (strenuus) .........................................

c) Apennini montes minus (altus) ........................................ sunt quam Alpes.

d) Crassus (expeditus) ......................................................... erat quam Brutus.

e) Latina Lingua (locuples) ..................................................... est quam Graeca.

f) Dii (potens) .......................................................... quam homines.

5) Traduza, identificando, na frase latina, os termos de comparação:

Pronomes indefinidos:
Nihil: nada (nominativo ou acusativo singular neutro)
Nemo: ninguém (nominativo singular m. ou f.)
Nullus, a um: nenhum

a) Fulmen celerius non est mente.


b) Amicus Plato, sed magis amica ueritas. (Cíc.)
c) Amicitia magis elucet inter* aequales. (Cíc.)
d) Morbi animi perniciosiores sunt quam corporis.
e) In libero populo imperia legum potentiora sunt quam hominum. (Lív.)
f) Oratio fluebat dulcior melle. (Cíc.)
g) Nullus locus dulcior est patria. (Cíc.)
h) Antiquior est uita hominum rustica quam urbana. (Var.)
i) Nobilitas morum plus ornat quam genitorum (Af. Medieval)
j) Plus nocet lingua adulatoris quam gladium persecutoris. (Jer.)
k) Nihil est tam uolucre quam maledictum. (Cíc.)
l) Nihil est uirtute pulchrius. (Cíc.)
m) Nihil tam incertum nec tam inaestimabile est quam animi multitudinum. (Lív.)
n) O* dulce otium honestumque ac* paene omni negotio pulchrius. (Plín.)
o) Potentia est in iunioribus, prudentia in senioribus. (Arist.)

*inter (prep. Com acus.): entre


o (interj.): ó
ac (conj.): e

100
Carlos Renato R. de Jesus

6) Reescreva as frases do exercício anterior, substituindo o 2º termo de comparação


iniciado por quam pela forma correspondente do ablativo, quando possível.

***
10.3) Grau superlativo do adjetivo

O grau superlativo indica uma intensificação da qualidade ou atributo expressos pelo


adjetivo. Em português, pode ser relativo (indica o grau de intensidade no interior de um
grupo) e absoluto (indica o máximo grau de intensidade sem comparação). Ambos
apresentam a mesma forma em latim:

1) Grau superlativo de inferioridade: Formação > minĭme + adjetivo

Ex.: Minĭme fortis. (O menos forte, pouquíssimo forte)

2) Grau superlativo de superioridade: Formação:

a) Regra geral: Forma-se juntando o radical do gentivo do adjetivo (1a ou 2a classe) + o


sufixo -issimus, a, um.

Exemplos:

Altus > altissimus, a, um ( muito alto, altíssimo, o mais alto)


Antiquus > antiquissimus, a um (muito antigo, antiquíssimo, o mais antigo)
Ferox > ferocissimus, a, um ( muito feroz, ferocíssimo, o mais feroz)
Potens > potentissimus, a, um (muito poderoso, poderosíssimo, o mais poderoso)

b) Adjetivos terminados em -er: acrescenta-se ao nominativo o sufixo -rimus, a, um:

Ex.: Asper > asperrimus, a, um (muito áspero, aspérrimo, o mais áspero)


Pulcher > pulcherrimus, a, um (muito belo, belíssimo, o mais belo)
Acer > acerrimus, a, um (muito acre, acérrimo, o mais acre)

c) Adjetivos terminados em -ilis: Seis ao todo, acrescenta-se ao radical do genitivo o


sufixo -limus, a, um:

Ex.: Facilis, e > facillimus, a, um (muito fácil, facílimo, o mais fácil)


Difficilis , e > difficillimus, a, um (muito difícil, dificílimo, o mais difícil)

Similis, e _______________________________________________________

Dissimilis, e ____________________________________________________

Humilis, e ______________________________________________________

Gracilis, e ______________________________________________________

101
Introdução à Língua Latina

OBS. 1: Lembre, então, que todos os adjetivos no grau superlativo de superioridade


possuem apenas uma forma para três possíveis traduções em Português.

OBS. 2: Todos os adjetivos no grau superlativo funcionam e se declinam como um


adjetivo de 1a classe.

OBS. 3: Os adjetivos terminados em eus, ius, uus, como idoneus (idôneo), serius (sério),
arduus (árduo), rejeitam a formação sintética do comparativo e do superlativo em favor
da analítica, para a qual se valem de advérbios: magis e plus para o comparativo; maxime
(maximamente), multum, ualde (muito) e outros de valor semelhante para o superlativo;
ex.: magis idoneus ... quam (mais idôneo ... do que); maxime idoneus (muitíssimo idôneo).

OBS. 4: Alguns adjetivos, no comparativo e no superlativo, são formados a partir de


preposições, não de adjetivos:

Grau normal masc./ fem. neutro superlativo


bonus, a, um
melĭor melĭus optĭmus, a, um
(bom)
malus, a, um
peior peius pessĭmus, a, um
(mau)
paruus, a, um
minor minus minĭmus, a, um
(pequeno)
magnus, a, um
maior maius maxĭmus, a, um
(grande)
Multi
plures plura plurĭmi e plerīque
(muitos)

OBS. 5: A alguns comparativos e superlativos corresponde, no grau positivo, não um


adjetivo (pelo que se dizem defectivos), mas uma preposição.

Preposição Comparativo Superlativo


extra (fora de ) exterior, ius extremus, a, um
intra (dentro de) interior, ius intimus, a, um
infra (em baixo de ) inferior, ius infimus, a, um
supra (em cima de) superior, ius supremus e summus, a, um
post (atrás de) posterior, ius postremus e postumus
prae (diante de) prior, prius primus, a, um
citra (aquém de) citerior, ius #
ultra (além de) ulterior, ius ultimus, a, um
prope (perto de) propior, ius proximus, a, um
de (de, desde) deterior, ius deterrimus, a, um

OBS. 6: Os adjetivos prouidus, egenus e ualidus e aqueles terminados em –dicus, -ficus


e -uolus apresentam o comparativo em –entior e o superlativo em –entissimus:

Prouidus (previdente) > prouidentior > prouidentissimus


Egenus (necessitado) > egentior > egentissimus

102
Carlos Renato R. de Jesus

Validus (forte) > ualentior/ualidior > ualentissimus


Beneficus (generoso) > beneficentior > beneficentissimus
Fatidicus (fatídico) > fatidicentior > fatidicentissimus
Maleuolus (malévolo) > maleuolentior > maleuolentissimus

OBS. 7: Nas frases em que ocorrem as formas do superlativo relativo, o termo de relação
é expresso: ou pelo genitivo, ou pelo ablativo com preposição ex ou de, ou pelo acusativo
com preposição inter:

Ex.: Cicero fuit eruditissimus oratorum. (gen.)


(Cícero foi o mais erudito dos oradores)

Cicero fuit eruditissimus ex [de] oratoribus (abl.)


(Cícero foi o mais erudito dentre os oradores)

Cicero fuit eruditissimus inter oratores. (acus.)


(Cícero foi o mais erudito entre os oradores)

Orador romano
OBS. 8: Particularidades de alguns comparativos e superlativos:

Adjetivo Comparativo Superlativo


uetus (velho) uetustior uetustissimus/ueterrimus
senex (velho) senior/maior natu admodum senex/maximus natu
iuuenis (jovem) iunior/minor natu admodum iuuenis/minimus natu
adulescens (jovem) adulescentior maxime adulescens
diues (rico) ditior/diuitior ditissimus/diuitissimus
sacer (sagrado) sanctior sanctissimus
ferus (feroz) ferocior ferocissimus
nouus (novo) recens nouissimus

***

EXERCÍCIOS

1) Indique o tema, o comparativo de superioridade e o superlativo dos seguintes adjetivos,


com a respectiva tradução:

Adjetivo Tema Comp. Superioridade Superlativo


cererior, ius celerrimus, a, um
celer, eris, ere
célere
celer celérrimo, muito célere, o mais
mais célere
célere

103
Introdução à Língua Latina

amplus, a um
amplo

malus, a, um
mau

grauis, is
grave

sapiens, entis
sapiente

bonus, a, um
bom

magnus, a, um
grande

tutus, a, um
seguro

dubius, a, um
duvidoso

similis, e
símile

acer, acris, acre


acre

iniquus, a, um
iníquo

2) Insira nas frases seguintes o grau normal, o grau comparativo ou o superlativo do


adjetivo indicado entre parênteses, conforme o sentido ou a forma mais conveniente.

a) (Antiquus) antiquis temporibus homines minus (altus) alti quam hodie erant.
b) Saepe pauperes (beatus) ............................................ quam diuites putamus.

104
Carlos Renato R. de Jesus

c) Equi (agilis) .......................................... quam asini sunt.


d) Bellum (atrox) .................................................. necessario fuit.
e) Lucius atque Seruius (senex) .................................................. quam Aulus erant.
f) (Diues) ...................................... dominus est seruo.

3) Faça a análise morfológica, a tradução e a análise sintática das seguintes orações:

a) Victoria facilis ex difficillimis rebus accidit.


b) Amor magister est optimus. (Plin.)
c) Bonarum rerum consuetudo pessima est. (P. S.)
d) Grauissima est probi hominis iracundia. (P. S.)
e) Socrates sapientissimus omnium Graecorum fuit.
f) Melior et tutior est certa pax quam sperata uictoria. (Liv.)
g) Iniustissimum est iustitiā mercedem quarere. (Cíc.)
h) Ingrato homine terra peius nihil creat. (P. S.)
i) Non faciunt meliorem equum aurei freni. (Sên.)
i) Emendatio pars studiorum longe utilissima. (Quint.)
j) Corruptisima re publica, plurimae leges. (Tác.)
k) Ego poeta sum, et, ut* spero, non humillimi spiritus. (Petr.)
l) Maiores cadunt altis de montibus umbrae. (Virg.)
m) Video meliora proboque, sed deteriora sequor*. (Ov.)

*ut (conj.): assim


sequor (verbo dep.): sigo

4) Traduza:

Um antigo elogio da Campânia

Omnium regionum non modo* Italiae sed etiam totius* orbis terrarum Campania
pulcherrima est. Nullum* caelum est mollius Campaniae caelo, nullum solum est uberius
Campaniae solo. In Campania sunt nobiles portus: Caieta, Misenus, Baiae; amoeni lacus:
Lucrinus et Auernus; montes uitibus laeti: Gaurus, Falernus, Massicus et, pulcherrimus
omnium, Vesuuius, Aetnaei ignis imitator. Celeberrimae et copiosae urbes maritimae sunt
Formiae, Cumae, Puteoli, Neapolis, Herculaneum, Pompeii. Maxima omnium Campaniae
urbium est autem Capua, quondam non minus clara quam Roma et Carthago.
(Texto adaptado. In: Cardinale & Calamaro)
*non modo... sed etiam: não apenas... mas também
totius (gen. sing. de totus) : de todas
nulum (de nullus, a, um): nenhum

11) ADVÉRBIOS

São palavras não flexionáveis (embora admitam grau), que se modificam o verbo, um
adjetivo, outro advérbio ou mesmo uma frase inteira.

105
Introdução à Língua Latina

Em latim, são, muitas vezes, antigos casos de substantivos ou adjetivos cristalizados em


uma função particular. Podem, por exemplo, ser formas de antigos acusativos (certatim
> à porfia) ou antigos ablativos (subito > subitamente), bem como derivados de nomes
com sufixo -tus, -ter, -iter (breuiter > brevemente; penitus > profundamente) ou da fusão
de complementos indiretos com preposições ou atributos (magno + opere = magnopere
> muito), ou ainda da fusão de formas verbais (scire + licet = scilicet > naturalmente).

Quanto ao significado, distingue-se em advérbios de modo, quantidade, lugar, tempo,


afirmação, negação, dúvida e interrogação. Por enquanto, vamos nos concentrar mais
detidamente no primeiro tipo.

11.1) Formação do advérbio de modo

Servem para determinar a qualidade da ação e são quase todos derivados de adjetivos de
primeira e segunda classes.

Formação:

a) Adjetivos de 1ª classe: radical do adjetivo + e


Ex.: iustus, a, um > iust + e = iuste (justamente)
altus, a, um > alt + e = alte (altamente)
sacer, cra, crum > sacr + e = sacre (sagradamente)

b) Adjetivos de 2ª classe: nominativo em -is ou -x: radical + iter


nominativo em -ns: radical + (t)er

Ex.: breuis, e > breu + iter = breuiter (brevemente)


fortis, e > fort + iter = fortiter (fortemente)
uelox, cis > ueloc + iter = uelociter (velozmente)
prudens, ntis > prudent + er = prudenter (prudentemente)

Essa divisão não é rigorosa. Existem advérbios de modo terminados em -ter formados de
adjetivos de primeira classe e, do mesmo modo, advérbios em -e derivados da segunda
classe de adjetivos. E ainda, existem advérbios que admitem ambas as formações.
Exemplos:

Opulentus > opulenter (opulentamente)


Violentus > uiolenter (violentamente)
Alius > aliter (de outro modo)
Facilis* > facile (facilmente)

*MAS difficiliter ou difficulter (dificilmente, de difficilis)

Impunis > impune (impunemente)


Firmus > firme e firmiter (firmemente)
Humanus > humane e humaniter (humanamente)
Largus > large e largiter (com largueza)

106
Carlos Renato R. de Jesus

Há, ainda, outras formações possíveis do advérbio de modo:

a) A partir do ablativo, em -o, ou do acusativo, em -um.


Ex.: continuō (continuamente), falsō (falsamente), meritō (merecidamente),
necessariō (inevitavelmente), perpetuō (eternamente), postremō (por fim), rarō
(raramente), serō (tarde), subitō (subitamente), tutō (seguramente); ceterum
(ademais), tantum (tanto), multum (muito), plurimum (muito).

b) Advérbios substantivais, com terminação em -tim e -sim:


Ex.: aceruātim (em grande quantidade), certātim (com rivalidade), gradātim
(gradualmente), paulātim (pouco a pouco), statim (imediatamente), carptim (em
pedaços), raptim (de repente), passim (aqui e ali), sensim (devagar), cursim
(precipitadamente), uicissim (de novo), particulatim (um pouco de cada vez), etc.

c) Advérbios em -am e -as, advindos do acusativo feminino da D1:


Ex.: clam (secretamente), cōram (em público), palam (abertamente), perperam
(incorretamente), aliās (em outro lugar), forās (fora), etc.

d) Advérbios não derivados de casos:


crās (amnhã), nunc (agora), ōlim (outrora), herī (ontem), fere (quase), paene
(próximo), prope (perto), uix (dificilmente), forte (casualmente), admodum
(muito), nimis (excessivamente), parum (pouco), fortasse (talvez), etc.

OBS. 1: As exceções mais comuns são: bene (bem, de bonus), male (mal, de malus),
ualde (muito, de ualidus), cito (rapidamente, de citus), modo (somente, de modus),
audacter (audaciosamente, de audax).

***

11.2) Grau comparativo de superioridade do advérbio de modo

É formado do radical do adjetivo (grau positivo) + ius. Ex.:

sanus, a, us > sanius (mais saudavelmente)


altus, a, um > altius (mais altamente)
acer, cris, cre > acrius (mais dificilmente)
facilis, e > facilius (mais facilmente)
grauis, e > grauius (mais gravemente)
uelox, cis > uelocius (mais velozmente)
potens, ntis > potentius (mais poderosamente)

OBS. 1: Não se deve confundir o grau comp. de sup. do adv. de modo com o grau
comparativo de superioridade NEUTRO do adjetivo simples. Embora tenham a mesma
terminação, o advérbio se refere, no mais das vezes, ao verbo, e o adjetivo se refere ao
substantivo. Além disso, observe a concordância nominal: será adjetivo neutro se houver
algum substantivo também neutro por perto; se não, será certamente advérbio.

107
Introdução à Língua Latina

Ex.: Lucius dulcius (adv.) solito locutus est.


Lúcio conversou mais agradavelmente do que de costume.
Mel dulcius (adj.) quam poma est.
O mel é mais doce que a fruta.

OBS. 2: Nas formas perifrásticas, o comparativo se forma antepondo magis ao advérbio.


Ex.: strenue (valorosamente) > magis strenue (mais valorosamente)

OBS. 3: É preciso reiterar que a forma do grau comparativo de inferioridade do adv. de


modo também existe. Funciona somente com a forma analítica.

Ex.: Hoc non est minus facile dictum.


Isto não é menos facilmente dito.

11.3) Grau superlativo de superioridade do advérbio de modo

Forma-se a partir da base do grau superlativo do adjetivo + e: Ex.:

Fortissimus > fortissim + e > fortissime (muito fortemente, fortissimamente)


Acerrimus > acerrim + e > acerrime (muito azedamente, azedissimamente)
Facillimus > facillim + e > facillime (muito facilmente, facilimamente)

OBS. 1: Às vezes, o superlativo do advérbio ocorre a partir da forma de superlativo neutro


do adjetivo, usado adverbialmente.

Plurimum > muitíssimo


Potissimum > sobretudo

OBS. 2: Particularidades:

Grau positivo Comparativo Superlativo


parum (pouco) minus (menos) minime (muito menos)
diutīus (durante muito diutissime (durante muitíssimo
diu (durante muito tempo)
mais tempo) tempo)
nuper (recentemente) - nuperrime (muito recentemente)
saepius (mais saepissime (muito frequentemente,
saepe (frequentemente)
frequentemente) muitíssimas vezes)
11.4) Outros advérbios

1) Advérbios de tempo

hodie: hoje interdiu: de dia (n)umquam: nunca


cras: amanhã olim: outrora iam: já
heri: ontem denique: finalmente saepe:frequentemente
mane: de manhã totiens: muitas vezes simul: ao mesmo tempo
uespere: de tarde nunc: agora diu: por longo tempo

108
Carlos Renato R. de Jesus

postea: depois quando: quando adhuc: até agora


(de)inde: em seguida antea: antes nuper: há pouco

2) Advérbios de lugar (muitos derivam de pronomes):

hic: aqui unde: de onde ubīque: em toda parte


illic: ali supra: acima prope: perto
ibi: aí retro: para trás, atrás sursum: para cima
procul: longe intro: dentro aliquo: em qualquer
hinc: daqui alĭbi: em outro lugar outro lugar
inde: de lá quo: para onde passim: aqui e lá
ubi: onde ibīdem: aí mesmo

3) Advérbios de quantidade:

Multum, ualde: muito Satis, sat: bastante


Paulum, parum: pouco Nimis: demais
Magis, plus: mais Vix: apenas, dificilmente
Fere: quase
4) Advérbios de afirmação:

ita, sic: (as)sim (e)quidem: na verdade


sane: com certeza certe: certamente
profecto: sem dúvida

5) Advérbios de negação:

Haud, non, ne: não Nondum: ainda não


Minĭmo: de modo nenhum Nec, neque, neue: nem, e não

6) Advérbios de interrogação:

Ne...quidem: nem... sequer Quantum?: quanto?


Ne?: por acaso (enclítico)? Vbi?: onde?
Num?: porventura? Quomŏdo?: como
Cur, quid, quare?: por que (razão)? Quo: para onde?

EXERCÍCIO

1) Partindo dos adjetivos abaixo, forme o advérbio correspondente. Depois, traduza:

a) laetus: laete (felizmente) e) strenuus: ____________________

b) timidus: _____________________ f) clemens: _____________________

c) amplus: _____________________ g) mansuetus: ___________________

d) uehemens: ___________________ h) iustus: _______________________

109
Introdução à Língua Latina

i) moderatus: ___________________ k) acutus: ______________________

j) sapiens: ______________________ l) parcus: ______________________

2) Traduza as formas do advérbio de modo a seguir e, depois, escreva o adjetivo no grau


normal do qual cada um se formou. Veja o modelo.

Advérbio Significado Adjetivo - grau normal

beneuolentius mais bondosamente beneuolens, ntis

breuissime

celeriter

clare

difficillime

saepissime

saepius

clementer

placate

moderate

parce

3) Faça como no modelo:

Grau positivo G. comp. sup. adj. Grau superl. Adj. Adv. de modo G. comp. adv. G. sup. adv. de
adj. modo modo
fortissimus,a,um fortissime
fortis, e fortior, ius fortiter fortius
(muito forte, fortíssimo, o (muito fortemente,
(forte) (mais forte) (fortemente) (mais fortemente)
mais forte) fortissimamente)
liber, a, um
(livre)

110
Carlos Renato R. de Jesus

piger, gra, grum


(preguiçoso)

facilis, e
(fácil)

diligens, ntis
(diligente)

rectus, a, um
(correto)

strenuus, a, um
(ativo)

uorax, acis
(voraz)

111
Introdução à Língua Latina

ocultus, a, um
(oculto)

4) Faça a tradução das seguintes orações:

a) Fugit irreparabile tempus. (Virg.)


b) Rex eris si* recte audies. (Hor.)
c) Facilius in morbos incidunt adulescentes, et grauius aegrotant. (Cíc.)
d) Secreto amicos admone, lauda palam. (P. S.)
e) Homines amplius oculis quam auribus credunt. (Sên.)
f) Canis timidus uehementius latrat quam mordet. (Q. C.)
g) Cur hominem flagitiosissimum nequissimumque tam strenue defendis? (Cíc.)
h) Veritas est uiaticum uitae certissimum. (Af.)
i) Fides sicut anima, unde abiit, numquam redit. (P. S.)
j) Mors cottidie imminet. (Cíc.)
k) Pauper saepius et fidelius ridet quam diues. (Sên.)
l) Vbi leges ualent, ibi populus potest* ualere. (P. S.)
m) Clementer, mansuete, iuste, moderate, sapienter, factum audimus. (Cíc., adap.)
n) Cresce oculte, sicut arbor aeuo. (Hor., adap.)
o) Omnes res humanas placate et moderate uiuamus. (Cíc.)
p) Lauda parce et uitupera parcius. (Cíc.)
q) Vbi est superbia, ibi erit et* contumelia; ubi autem est humilitas, ibi et* sapientia.
(Vulg.)

*si (conj.): se
potest (p3 idpr de possum, ‘poder’): pode
et (conj.): também

5) Traduza os textos:

Texto 1: Os romanos antigos

Initio romani simplicius et modestius uiuebant quam multi alii populi. Haud facile uictum
sibi comparabant. Nam magna pars agrorum parum frugifera erat. Praeterea agros
saepissime bella, non raro uis tempestatum uastabant. Sed quo pauperior populus est, eo
diligentius et ardentius deos plerumque colit. Etiam Romani pii et industrii erant; agrestia
numina initio potissimum adorabant. Sed plus et diutius quam ceteros deos penates suos*
colebant. “Penates nostros* non minus diligimus quam parentes et liberos”. Id* rectissime

112
Carlos Renato R. de Jesus

Seneca dixit, aequalis imperatoris Neronis. Ante simulacra eorum* tota familia crebo
immolabat, cottidie orabat. Praecepta religionis romani semper diligentissime
obseruabant.
(Texto adaptado. In: Cardilale & Calamaro, 2009)
Vocabulário:

alii (nom. pl.): outros


sibi: para si.
quo... eo: quanto mais... tanto mais.
suos: seus
nostros: nossos
(referem-se a penates)
id: isto
ante (prep. com abl.): diante de
eorum (pron. dem.): deles

Tutor romano e seus alunos

Texto 2: Os grandes poetas gregos

Homerus omnibus eloquentiae partibus exemplum et ortum dedit. Non solum poetica, sed
etiam oratoria uirtute eminentissimus fuit; utriusque operis ingressu in paucissimis
uersibus legem proemiorum constituit. Nemo narrat breuius quam Homerus, nemo
significantius. Omnes et in omni genere eloquentiae superauit Homerus, epicos poetas
praecipue: nam in materia simili clarissima est comparatio. Summa in Archilocho est uis
elocutionis. Stesichori ualidum ingenium ostendunt etiam materiae; maxima enim bella
et clarissimos duces cecinit. Lyricorum Graecorum princeps fuit Pindarus sententiis,
figuris et beatissima rerum uerborumque copia.

(Texto adaptado. In: Borregana & Borregana, 2005)


Vocabulário:
Non solum... sed etiam: não apenas... mas também
utriusque (pron. indef.): de cada uma
significantius (adv. comp. sup. de significanter): mais significativamente, com mais expressividade
praecipue (adv.): principalmente
materia, ae, f.: assunto, tema
res, rei, f.: tema

***

113
Introdução à Língua Latina

12) PRONOMES RELATIVOS

Estudaremos agora o pronome relativo exclusivamente na sua função de introdutor de


oração adjetiva ou relativa. Suas demais funções serão estudadas posteriormente. O
pronome relativo qui, quae, quod, tal qual em português, concorda com seu antecedente
em gênero e número, mas fica no caso da função sintática que exerce na oração relativa.

Caso M F N Tradução
N/V qui quae quod que, quem, o/a qual
GEN. cuius cuius cuius de que, de quem, do/da qual, cujo/cuja
AC. quem quam quod que, quem, o/a qual
DAT. cui cui cui a que, a quem, ao/à qual
ABL. quo qua quo por que, por quem, por o/a qual, etc.
N/V qui quae quae que, quem, os/as quais
GEN. quorum quarum quorum de que, de quem, dos/das quais, cujos/cujas
AC. quos quas quae que, que, os/as quais
DAT. quibus quibus quibus a que, a quem, aos/às quais
ABL. quibus quibus quibus por que, por quem, por os/as quais, etc.

OBS. 1: Se o antecedente do relativo for um pronome demonstrativo ou indefinido,


frequentes vezes se omitem esses antecedentes, caso estejam no nominativo ou no mesmo
caso em que está o relativo. Ex.:

Non probo (id) quod dicis. Não aprovo (aquilo) que dizes.
(Is) qui non est hodie cras minus (Aquele) que ( = quem) não está preparado hoje,
aptus erit. não estará amanhã. (Ov.)
Quae ( = ea quae) sunt Caesaris, Aquelas coisas que são de César, (dai) a César.
Caesari.
Qui ( = is qui) amat, curat. Quem (aquele que) ama, cuida.

OBS. 2: No pronome relativo ocorrem dois processos muito significativos.

• O primeiro é a prolepse (antecipação) do relativo, isto é, a subordinada relativa


se encontra antes da principal. Para traduzir, deve-se reordenar o período:

Quem recitas meus est, o Fidentine, libellus;


sed male cum recitas, incipit esse tuus. (Marc.)

O livrinho que recitas, Fidentino, é meu.


Mas, como o recitas mal, passa a ser teu.

• O segundo é o nexo relativo, quando a frase se inicia com um pronome relativo


que não introduz uma relativa; em português, traduz-se, normalmente, com um
pronome demonstrativo precedido de “e” ou “mas”:

Quae cum dixissent, hostes arma tradiderunt.


E, depois de ter dito essas coisas, os inimigos entregaram as armas.
EXERCÍCIO

114
Carlos Renato R. de Jesus

1) Dê a função sintática dos seguintes pronomes relativos, em português, e, em seguida,


indique o caso latino correspondente:

a) O reis temem o inimigo que não conhecem.( objeto direto - acusativo )

b) Os reis que não veem o inimigo não governam sabiamente. ( __________________ )

c) O rei de que tanto falam é sábio. ( ______________________ )

d) O povo cujo rei é sábio, é feliz. ( ______________________ )

e) O povo cujos governantes são sábios, é feliz. ( ______________________ )

f) O rei a quem o povo deve temer não é sábio. ( ______________________ )

g) O rei a quem o povo deve se submeter não é sábio. ( ______________________ )

h) Os reis aos quais o povo deve submissão não são sábios. ( ___________________ )

i) Feliz é o rei a quem o povo oferece louvores. ( ______________________ )

j) O rei ao qual o povo é favorável, é justo. ( ____________________________ )

2) Preencha os espaços com o pronome relativo correto:

a) Amicus quem amo sapiens est. (qui, quo, quos, quem)

b) Vir ............................. uides amicus meus est. (quae, quibus, cuius, quem)

c) Vir .............................. poeta est, sapiens est. (qua, cui, qui, quo)

d) Poeta est ....................... carmina facit. (qui, quo, quocum, qua)

e) Poeta ......................... amici sapientes sunt, sapiens est. (quibus, quos, cuius, quorum)

f) Video poetam ................................. ambulat per uiam. (quam, quem, qui, quod)

g) Video feminas ............................... ambulant per uiam. (qui, quae, qua, quas)

h) Ecce uia per* ...................... ambulat poeta. (qua, quam, quo, quibus)

i) Felix erit .......................... parentes ament. (quam, qui, quem, quod)

j) ........................ parentes amat felix est. (quos, quem, qui, quid)

*per (prep. com acus.): por

4) Passe para o latim:

115
Introdução à Língua Latina

a) A amizade que temos é verdadeira.


b) O homem a quem fazes um favor é desonesto.
c) O homem que vêsé desonesto.
d) Aquilo que eu aprendo hoje ensinarei amanhã.
e) Quem lê bons livros é um homem sábio.
f) Roma tem muitos senadores, dos quais Fabio é o mais honesto.
g) São péssimos os reis que temem o povo.
h) São péssimos os reis que o povo teme.
i) Conheço os soldados com quem os inimigos lutam.
j) Cícero elogia o livro cujo autor é cultíssimo.

4) Traduzir:

a) Qui multum habet, plus cupit. (Af.)


b) Amicitia, quae desinere potuit*, uera numquam fuit. (Cíc.)
c) Bene dormit, qui non sentit quam* male dormit. (P. S.)
d) Bis dat qui cito dat. (P. S.)
e) Non turpis est cicatrix, quam uirtus parit. (P. S.)
f) Caelum non animum mutant qui trans* mari currunt. (Hor.)
g) Multos timere debet, quem multi timent.
h) Libenter homines in quod uolunt* credunt. (Cés.)
i) Improbe* Neptunum accusat qui iterum naufragium facit. (P. S.)
j) Grauius est malum omne, amoeno quod sub* aspectu latet. (P. S.)
k) Inopi beneficium bis dat, qui dat celeriter. (Af.)
l) Non qui parum habet, sed qui plus cupit pauper est. (Sên.)
m) Qui sero sapit, frustra sapit. (Af.)
n) Beatus est uir, cui non imputauit Dominus peccatum.
o) Dolet uere qui sine teste dolet. (Marc.)
p) Iracundiam qui uincit, hostem superat maximum. (P. S.)
q) Quae Marcus nuntiabat, tristissima erant.

*potuit: pôde
quam (adv.): o quanto, quão
trans (prep. com abl.): através de, por
uolunt: querem
improbe (adv.): injustamente
sub (prep. com abl..): sob

116
Carlos Renato R. de Jesus

13) SISTEMA VERBAL

13.1) Tempos do perfectum

Os tempos do perfectum são aqueles tempos derivados do radical do pretérito perfeito do


indicativo (idpt2). São também conhecidos como tempos de ação acabada. São seis ao
todo (incluindo o próprio idpt2).

Formação:

Pretérito perfeito do indicativo (idpt2) Ø amaui = amei


Pretérito perfeito do subj. (sbpt2) Ø amauerim = (que eu) tenha amado
Pret. mais-que-perf. do indic. (idpt3) Ø amaueram = (eu) amara/tinha amado
Pret. mais-que-perf. subj. (sbpt3) Ø amauissem = tivesse/teria amado
Futuro perfeito do indic. (idft2) Ø amauero = terei/tiver amado
Infinitivo perfeito (ifpt2) Ø amauisse = ter amado

OBS. 1: A respeito do ifpt2 falaremos posteriormente, na seção 15.

OBS. 2: Note bem que para todos os tempos acima mantém-se o radical do pretérito
perfeito do indicativo.

As desinências do idpt2 são:

-i
- isti
- it
- imus
- istis
- erunt

OBS. 3: Um problema que o estudante pode encontrar é o seguinte: como o radical do


idpt2 só é registrado, no dicionário, normalmente, na 4ª posição (amo, as, are, aui, atum),
poderá ser difícil saber, de imediato, de que verbo se trata, caso o verbo já esteja
conjugado numa das formas do perfectum, dentro de uma frase. Por exemplo:

Dixit Deus: “Fiat lux, et lux facta est”.

A forma verbal dixit é de um dos tempos do perfectum. Como sabemos disso? A resposta
não é muito simples. Com o tempo, o aluno se acostumará, aos poucos, com os verbos
latinos e saberá reconhecer as suas formas do presente e do perfeito. Enquanto isso,
apenas para iniciarmos o reconhecimento do radical do perfeito, podemos fazer o
seguinte: ao procurarmos as formas dixo ou dixi no dicionário, perceberemos que essas
formas são inexistentes, ao menos como entrada do verbete. Isso acontece porque, como
já mencionado antes, o dicionário registra, em primeiro lugar, o idpr. Seja lá qual for o
verbo em questão, o radical dix- só aparecerá depois, na 4ª posição, normalmente. Então
como encontrar, no dicionário, um verbo que, na frase, apareceu com um radical do
perfectum? Sabemos que existem regras morfofonêmicas que explicam a transformação
do radical do presente para o radical do pretérito. Conhecendo essas regras, pode-se fazer

117
Introdução à Língua Latina

o caminho inverso e chegar ao radical do presente, o qual, como sabemos, é registrado no


dicionário, na maioria das vezes, primeiro lugar, logo na entrada do verbete.
No caso de dixit, a formação do radical dix- se explica pela regra de formação do perfeito,
especificamente no caso da C3, com temas em gutural (c, g, q + s = x). Então, o radical
do presente desse verbo será dico, digo, ou, levando ao extremo, diqo. Fica fácil localizar
o verbo dico, is, ĕre, dixi, dictum = dizer. Portanto, dixit está na p3 do idpt2, e significa
disse. Esse método, bastante eficiente, depende do conhecimento de regras fonologias do
latim, algo que não pretendemos abordar neste manual. Contudo, como estamos num
curso introdutório, usando de poucos verbos, vamos encontrar, aos poucos, as formas de
cada um. Com isso, o aluno poderá apreender paulatinamente os radicais constituintes de
cada verbo estudado.

OBS. 4: A formação dos tempos do perfectum é bastante simples, porque se verifica


uma completa uniformidade de estrutura. As desinências modo-temporais e número-
pessoais são exatamente as mesmas para as quatro conjugações. Observe:

TERMINAÇÕES DOS TEMPOS DERIVADOS DO TEMA DO PRETÉRITO


PERFEITO
Pretérito-m-q Pretérito-m-q Pretérito Futuro
Pretérito perfeito
perfeito do perfeito do perfeito do perfeito do
do
Indicativo Subjuntivo Subjuntivo Indicativo
Indicativo (Idpt2)
(Idpt3) (Sbpt3) (Sbpt2) (Idft2)
i ĕra-m īsse-m ĕri-m ĕr-Ø-o
īsti ĕra-s īsse-s ĕri-s ĕri-s
it ĕra-t īsse-t ĕri-t ĕri-t
ĭmus erā-mus issē-mus erĭ-mus erĭ-mus
īstis erā-tis issē-tis erĭ-tis erĭ-tis
ērunt ĕra-nt īsse-nt ĕri-nt ĕri-nt

***

EXERCÍCIOS

1) Dados os seguintes verbos, faça o que se pede:

Do, as, dāre, dĕdi, datum: dar Cano, is, ĕre, cecĭni, cantum: cantar
Deleo, es, ēre, eui, etum: destruir Sentio, is, īre, sensi, sensum: sentir

a) Conjugue, no seu caderno, cada um dos verbos nos 5 tempos do perfectum, com a
respectiva tradução.

b) Traduza para o português, indicando pessoa, número, tempo e modo das seguintes
formas verbais:

¨ Dedisti: P2 idpt2 C1 – tu deste

¨ Dederunt: _______________________________________________________

¨ Dedisses: _______________________________________________________

118
Carlos Renato R. de Jesus

¨ Deleuerim: ______________________________________________________

¨ Deleuerimus: ____________________________________________________

¨ Deleuerant: ______________________________________________________

¨ Cecinissent: _____________________________________________________

¨ Cecini: _________________________________________________________

¨ Cecinistis: _______________________________________________________

¨ Sensimus: ________________________________________________________

¨ Sensero: _________________________________________________________

¨ Senseramus: ______________________________________________________

c) Passe para o latim as seguintes formas verbais do perfeito (verbos dare e esse):

¨ demos: dedimus ¨ teria dado: _____________________

¨ tinham dado: ___________________ ¨ terias sido: _____________________

¨ tínheis dado: ___________________ ¨ teríamos sido: __________________

¨ tivesses dado: __________________ ¨ fomos: ________________________

¨ tenhais dado: ___________________ ¨ foras: _________________________

¨ terá dado: ______________________ ¨ tenha sido: ____________________

¨ destes: ________________________ ¨ teríeis sido: ____________________

¨ teríamos dado: __________________ ¨ fôreis: ________________________

¨ tiveres dado: ___________________ ¨ tiver sido: _____________________

¨ teremos dado: __________________ ¨ estivestes: _____________________

¨ tenham dado: ___________________ ¨ tivessem sido: _________________

d) Dê as formas verbais solicitadas do verbo deleo, com a respectiva tradução:

¨ P2 idpt2: deleuisti (deste) ¨ P1 idft2:_______________________

¨ P3 sbpt2: ______________________ ¨ P1 idpt3:_______________________

¨ P4 sbpt3:_______________________ ¨ P1 sbpt2:_______________________

119
Introdução à Língua Latina

¨ P6 sbpt2:______________________ ¨ P4 idft2:_______________________

¨ P3 idpt2:______________________ ¨ P4 idpt2:_______________________

¨ P5 sbpt3:_______________________ ¨ P2 sbpt2:_______________________

2) Com o auxílio do dicionário, faça a análise morfológica completa e a tradução das


seguintes formas verbais:

a) pugnauisses: P2 idppt3 C1 – tivesses/terias lutado

b) scripserunt:__________________________________________________________

c) tribuissem:__________________________________________________________

d) posuerunt:___________________________________________________________

e) misimus:____________________________________________________________

f) fregerat:_____________________________________________________________

g) posuerimus:__________________________________________________________

h) plausit:_____________________________________________________________

i) sederant:____________________________________________________________

j) spopondisset:________________________________________________________

k) traxistis:____________________________________________________________

3) Complete usando os verbos entre parênteses nas forma indicadas.

a) Si Milites bene in proelio ____________________, bellum ____________________.


(pugno - sbpt3; uinco – sbpt3)

b) Spectatores _________________________ gladiatores. (plaudo – idpt2)

a) Litteras _____________________ ut (= para que) magistri nostri eas (= a elas)

__________________. (mitto – idpt2; lego – sbpt3)

b) Leones ceruum ____________________ (capio – idpt2)

c) Vtĭnam ciuitas consuli honorem ___________________. (tribuo – sbpt2)

d) Duces castra _____________________ (uideo – idft2)


4) Faça a análise morfológica, a tradução e a análise sintática das seguintes orações:

120
Carlos Renato R. de Jesus

a) Imperatores musarum delubra coluerunt. (Cíc.)


b) Minus habeo quam speraui; sed fortasse plus speraui quam debui. (Sên.)
c) Exegi monumentum aere perennius. (Hor.)
d) Veni, uidi, uici. (Cés.)
e) Annosus stultus non diu uixit, diu fuit. (P. S.)
f) Semper plus metuit animus ignotum malum. (P. S.)
g) Parua saepe scintilla magnum excitauit incendium. (Q. C.)
h) Qui dedit beneficium taceat; narret qui accepit. (Sên.)
i) Nihil sine magno labore dedit natura mortalibus. (Hor.)
j) Diuina natura dedit agros, ars humana aedificauit urbes. (Var.)
k) Dum uixi, bibi libenter. Bibite uos*, qui uiuitis! (Epit.)
l) Si* muti fuissent Cicero et Demosthenes, diutius uixissent et leuius obiissent*. (Sên.)
m) Notatio naturae et animaduersio peperit artem. (Cíc.)
n) Non recordor* unde ceciderim, sed unde surrexerim. (Cíc.)
o) Omnia promittis cum* tota nocte bibisti;
Mane nihil praestas. Pollio, mane bibe. (Marc.)

*uos (pron. pess.): vós


si (conj.): se
obiissent (de obeo, com síncope do u)
recordor (p1 idpr, v. depoente): recordo-me
cum (conj.): quando

5) Traduza os textos:

Texto 1:
A pomba e a formiga

Beneficium dare nunquam est irritum.


Columba super ramum fagi, quae iuxta stagni ripam erat, olim insederat. Forte uidit
paruam formicam, quae ceciderat in aquam. Tunc columba, quia fuerat mota misericordia,
admouit paleam formicae. Formica extemplo enatauit, gratias egit et inter ripae herbas
sese* insinuauit.
Post paucos dies, prope stagnum erat agricola, cui semper placebat degustare teneras
columbas. Sagittam sine mora parauit agricola, cuius talum subito formica momordit.
Dum agricola talum quassabat, columba aduolauit. Sic columbae misericordia frustra non
fuit.
(Fedro. Adaptação. In: Rezende, 2003)
Vocabulário:

super (prep. com acus.): sobre gratias egit: agradeceu


iuxta (prep. com acus.): perto de inter (prep. com acus.): entre, por entre
in (prep. com acus.): para, em direção a sese (pron. pess. reforçativo): se, a si
quia (conj.): porque post (prep. com acus.): depois de
mota misericordia: movida pela piedade prope (prep. com acus.): perto de

121
Introdução à Língua Latina

Texto 2:

O pomo da discórdia

In Graecia olim habitabat Peleus, uir ualidus


et intrepidus et deis carus. Clamauit
Iuppiter: “Thetis, dea marina, erit nupta
Pelei”. Itaque Peleus, ubi nuptias suas
celebrauit, conuiuium magnum parauit. Ex
Olympo descenderunt dei deaeque et dona
pulchra Peleo dederunt. Magnum erat
gaudium Pelei nuptaeque. Sed deam
Discordiam ad conuiuium non inuitauerunt,
nam in nuptiis Discordia non grata est. Inde
dea irata pomum aureum fabricauit et in
turbam conuiuarum iactauit. Sic Discordia
conuiuas ad rixam magnam excitauit; nam
deae multae clamabant: “Meum erit pomum
pulchrum, non tuum”, et ira animos dearum
mouit. Tandem deae Iuno et Minerua et Venus ad Olympum uenerunt. “O Iuppiter,
clamant, rixae nostrae eris arbiter, nam ob pomum aureum discordia magna est”. Sed
Iuppiter sapientia magna: “In rixa, inquit, dearum magnarum arbiter non ero:
Alexandrum, Priami filium, in terra uidetis: Alexander deam pulcherrimam deligat et
pomum aureum illi det”. Itaque deae ex Olimpo ad Alexandrum descenderunt.

(Adaptado. In: Cardinale & Calamaro, 2009)

Vocabulário:

suas (ac. pl., refere-se a nuptias): suas (dele) ob (prep. com acus.): por causa de
non grata est: não era bem-vinda inquit: diz
tandem (adv.): finalmente illi (pron. dem. dat. sg.): a elas
meum (ac. sing. n., refere-se a pomum): meu ex (prep. com ablativo): de (procedência)
tuum (ac. sing. n.): teu ad (prep. com acusativo): para
nostrae (gen. sg. fem., refere-se a rixae): nossa

***

13.2) Conjugação completa do verbo esse: sum, es, esse, fui (ser, estar, existir)

Já tivemos a oportunidade, em vários momentos deste curso, de apresentar diversas formas


do verbo sum (ser, estar, existir). Sua conjugação se fundamenta sobre dois temas verbais:

• es-, que se torna s quando seguido de u ou de i. Entre duas vogais, o s muda para r.

• fu-, tema do perfeito do qual deriva também o particípio futuro futurus, a, um (cf.
Seção 23.3.3).

122
Carlos Renato R. de Jesus

Sistema do presente (infectum) – tema em es-


(Idpr) (Idpt1) (Idft1) (Sbpr) (Sbpt1) (Ippr)

(sou, (era, estava, (serei/for, (seja, esteja, (fosse/seria, (sê, sede,


estou, existia) estarei/estiver, exista) estivesse/estaria, etc.)
existo) etc.) etc.)
sum eram ero sim essem
ĕs eras eris sis esses P2 esto
est erat erit sit esset P3 esto
sŭmus erāmus erĭmus sīmus essēmus P5 estōte
estis erātis erĭtis sītis essētis P6 sunto
sunt erant erunt sint essent

Abaixo, veja também as formas de sum nos tempos do perfeito:

Sistema do perfeito (perfectum) – tema em -fu


(Idpt2) (Idpt3) (Sbpt3) (Sbpt2) (Idft2)

(fui, estive) (fora, estivera) (tivesse/teria sido, (tenha sido, tenha (tiver/terá sido,
(tinha sido, tinha tivesse/teria estado) tiver/terá estado)
estado) estado)
fui fuĕram fuīssem fuĕrim fuĕro
fuīsti fuĕras fuīsses fuĕris fuĕris
fuit fuĕrat fuīsset fuĕrit fuĕrit
fuĭmus fuerāmus fuissēmus fuerĭmus fuerĭmus
fuīstis fuerātis fuissētis fuerĭtis fuerĭtis
fuērunt fuĕrant fuissent fuĕrint fuĕrint

13.3) Derivados de sum

Os verbos derivados de sum são vários. Normamente sáo formados a partir da união com um
advérbio ou uma preposição. Eis alguns deles:

• absum, abes, abesse, afui (abfui) (estar ausente)


• adsum, ades, adesse, adfui (estar presente)
• desum, dees, deesse, defui, (faltar)
• insum, ines, inesse, fui in (infui) (estar em)
• intersum, intěres, interesse, interfui (estar entre, assistir)
• obsum, obes, obesse, obfui (estar contra, ser prejudicial)
• praesum, praees, praeesse, praefui (estar à frente de)
• prosum, prodes, prodesse, profui (ser útil, aproveitar)
• subsum, subes, subesse, fui sub (estar debaixo)
• supersum, superěs, superesse, superfui (sobrar, sobreviver)
• possum, potes, posse, potui (poder)

OBS. 1: Todos esses derivados se conjugam como sum, a exceção de possum.

123
Introdução à Língua Latina

OBS. 2: Em prodesse, a formação do verbo derivado se dá por meio da mesma preposição.


Porém, utiliza-se o prefixo prod- antes de vogal e pro- antes de consoante: prosum (sou útil),
prodes (és útil), etc.
A seguir, veja o paradigma de conjugação dos derivados de sum, com o verbo adsum:

Sistema do presente (infectum)


Paradigma: adsum, ades, adfui, adesse (estar presente)
(Idpr) (Idpt1) (Idft1) (Sbpr) (Sbpt1) (Ippr)
(estou (estava (estarei/estiver (esteja (estivesse/estaria
presente) presente) presente) presente) presente) Presente Futuro
(esteja (haver de estar
presente) presente)
ad-sum ad-ěram ad-ěro ad-sim ad-ēssem
ad-es ad-ěras ad-ěris ad-sis ad-ēsses P2 ad-ēsto
ad-est ad-ěrat ad-ěrit ad-sit ad-ēsset P2 ad-es P3 ad-ēsto
ad-sŭmus ad-erāmus ad-erĭmus ad-sīmus ad-essēmus P5 ad-ēste P5 ad-estōte
ad-ēstis ad-erātis ad-erĭtis ad-sītis ad-essētis P6 ad-sūnto
ad-sunt ad-ěrant ad-ěrunt ad-sint ad-ēssent

Sistema do presente (perfectum)


Paradigma: adsum, ades, adfui, adesse (estar presente)
(Idpt2) (Idpt3) (Sbpt3) (Sbpt2) (Idft2)
(estive presente) (tinha estado (tivesse/teria (tenha estado (tiver/terá estado
presente) estado presente) presente) presente )

ad-fŭi ad-fuěram ad-fuīssem ad-fuěrim ad-fuěro


ad-fuīsti ad-fuěras ad-fuīsses ad-fuěris ad-fuěris
ad-fŭit ad-fuěrat ad-fuīsset ad-fuěrit ad-fuěrit
ad-fuĭmus ad-fuerāmus ad-fuissēmus ad-fuerĭmus ad-fuerĭmus
ad-fuīstis ad-fuerātis ad-fuissētis ad-fuerĭtis ad-fuerĭtis
ad-fuērunt ad-fuěrant ad-fuīssent ad-fuěrint ad-fuěrint

OBS. 3: O verbo possum é um composto de sum, mas mantém o paradigma regular apenas
nos tempos que derivam do tema do presente.

Funciona assim: a raiz pot- conserva o t diante das formas de sum que se iniciam por
vogal. No entanto, ocorre processo de assimilação de t diante de s (pot-sum > pos-sum).

Sistema do presente (infectum)


Paradigma: possum, potes, potui, posse (poder)
(Sbpt1)
(Idpr) (Idpt1) (Idft1) (Sbpr)
(pudesse/
(poaao) (podia) (poderei) (possa)
poderia)

pos-sum pot-ěram pot-ěro pos-sim pos-sem


pot-es pot-ěras pot-ěris pos-sis pos-ses
pot-est pot-ěrat pot-ěrit pos-sit pos-set
pos-sŭmus pot-erāmus pot-erĭmus pos-sīmus pos-sēmus
pot-ēstis pot-erātis pot-erĭtis pos-sītis pos-sētis
pos-sunt pot-ěrant pot-ěrunt pos-sint pos-sent

OBS. 4: O verbo possum não apresenta imperativo, nem gerúndio, nem particípio, nem
supino.

124
Carlos Renato R. de Jesus

OBS 5: Os tempos do sistema do perfectum se formam regularmente a partir do tema pot-


.

Sistema do presente (perfectum)


Paradigma: possum, potes, potui, posse (poder)
(Idpt2) (Idpt3) (Sbpt3) (Sbpt2) (Idft2)
(pude) (tinha podido) (tivesse/teria (tenha podido) (tiver/terá podido)
podido)

potui potuěram potuīssem potuěrim potuěro


potuīsti potuěras potuīsses potuěris potuěris
potŭit potuěrat potuīsset potuěrit potuěrit
potuĭmus potuerāmus potuissēmus potuerĭmus potuerĭmus
potuīstis potuerātis potuissētis potuerĭtis potuerĭtis
potuērunt potuĕrant potuīssent potuěrint potuěrint

***

EXERCÍCIOS

1) Passe para o latim as seguintes formas verbais (verbo possum):

a) Que eu tenha podido: ___________________________________________


b) Ele teria podido: _______________________________________________
c) Se nós pudéssemos: ____________________________________________
d) Tínheis podido: _______________________________________________
e) Poderás: _____________________________________________________
f) Possam: _____________________________________________________
g) Quando ele tiver de poder: _______________________________________
h) Puderam: ____________________________________________________
i) Poderão: _____________________________________________________
j) Pudeste: _____________________________________________________
k) Possamos: ____________________________________________________
l) Teremos podido: ______________________________________________
m) Se ele tivesse podido: ___________________________________________

2) Faça a análise morfológica, indique a primeira pessoa do indicativo presente e, depois,


traduza as seguintes formas verbais:

a) desit: P3 SBPR de absum - “que ele esteja ausente”


b) deestis: ____________________________________________________________
c) deerunt: ____________________________________________________________

125
Introdução à Língua Latina

d) infuisti: ____________________________________________________________
e) inerat: ______________________________________________________________
f) intersunt: ____________________________________________________________
g) interfuissem: _________________________________________________________
h) intererat: ____________________________________________________________
i) profuero _____________________________________________________________
j) profuerim: ___________________________________________________________
k) profuimus: __________________________________________________________
l) prosit: _______________________________________________________________
m) prosimus: ___________________________________________________________
n) suberatis: ____________________________________________________________
o) suberunt: ____________________________________________________________
p) abessem: ____________________________________________________________
q) abfuerint: ____________________________________________________________
r) abfuissent: ___________________________________________________________
s) adsimus: _____________________________________________________________
t) adestote: _____________________________________________________________
u) praesitis: ____________________________________________________________
v) praeerimus: __________________________________________________________

3) Traduza:

a) Inopiae desunt pauca, auaritiae omnia. (P. S.)


b) Nullum esse librum tam malum ut non aliqua parte prodesse. (P. S.)
c) Inter bina castra flumen intererat. (Cés. adap.)
d) In oratore insit diligens cognitio rerum.
e) Absentem laedit, cum ebrio qui litigat. (P. S.)
f) Nemini uirtus obest. (Sên.)
g) Felix qui potuit rerum conoscere causas. (Virg.)
h) Nihil est quod Deus efficere non possit. (Cíc.)
i) Iustitia sine prudential multum poterit: sine iustitia nihil ualebit prudential. (Cíc.)
j) Allis consilium, aliis animum, aliis occasion defuit, uoluntas nemini. (Cíc.)
k) Superant montes atque itinera difficilia atque angusta excipiebant. (Cés.)
l) Dabo operam, ne [= para que não] mea ualetudo tuo labori desit. (Cíc.)
m) Athenienses creauerunt decem praetores, ut [= para que] exercitui praeessent, in eis
Miltiadem. (Nep.)
n) Aut prosunt aut delectant poetae.
o) Non omnia possumus omnes. (Virg.)

126
Carlos Renato R. de Jesus

p) Non desunt rei publica uires: nos, nos consules, desumus. (Cíc.)
q) Paruola formica ore trahit quodcumque potest atque addit aceruo. (Hor. adap.)
r) Quod donare potes, gratis concede roganti. (Catão)
s) Improbi sumus, si amicis non prosumus. (P. S.)
t) Inopiae desunt multa, auaritia omnia. (P. S.)

4) Traduza o texto:

Ulisses e Polifemo

Vlixes ad specum cuiusdam cyclops peruenit. Hic cyclops, cui nomen erat Polyphemus,
tunc aberat. Vlixes in eius speluncam cum sociis intrat. Sed mox cyclops adfuit. Vlixes
eum blandis uerbis compellat: “Esto nobis misericors et clemens, cyclops: iamdiu a patria
absumus. Ego unus fui ex iis ducibus, qui Troiano bello interfuerunt. Nihil tibi uel tuis
bonis oberimus. At omnia, quae uitae necessaria sunt, nobis desunt. Nobis adesto,
cyclops; si crudelis erga nos fueris, dei tibi irati erunt; si autem clemens fueris et
misericors, iidem dei tibi propitii erunt”.
(Texto adaptado. In: Cardilale & Calamaro, 2009)

***

EXERCÍCIOS

1) Complete com as formas verbais corretas da voz passiva, usando os verbos entre
parênteses nos tempos indicados.

a) Puella amata est a parentibus. (amo – idpt2)

b) Puer __________________________ a parentibus. (amo – idpt2)

c) Homines _______________________ a ducibus. (duco – idpt3)

d) Templa ________________________ a hoste. (deleo – idpt2)

e) Si templum non _____________________ a hostibus. (deleo – sbpt3)

f) Castra _____________________________ a ducibus. (deleo – idft2)

g) Si urbs ______________________________ a ciuibus. (erigo – sbpt3)

h) Si urbes _____________________________ a ciuibus. (erigo – sbpt3)

i) Bella ______________________________ ab imperatoribus. (facio – idpt2)

j) Amicitia nobis _______________________ a diis. (do – idpt2)

k) Dolores ______________________ tempore. (lenio – idft2)

127
Introdução à Língua Latina

2) Proceda como no exemplo:

Morfologia
Tradução ativa Voz passiva Tradução passiva
ativa

docuissent P6 sbpt3 c2 tivessem ensinado docti essent tivessem sido ensinados

deleuerat

interfecit

exstruxerunt

finxistis

immolauit

imbueramus

posuerit

duxerant

donauisset

3) Traduza as seguintes frases e, depois, transforme-as em passivas. A seguir, traduza a


forma passiva.

a) Milites castra exstruxerunt.


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

b) Procella onerarias naues deleuit atque nautas interfecit


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

c) Sculptor fictilem statuam callide ac perite finxit.


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

128
Carlos Renato R. de Jesus

d) Tyranni humanas uictimas immolauerunt.


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

4) Passe para o latim:

a) Feliz é o homem que já foi amado.


b) Se os reis tivessem protegido a cidade, os inimigos não teriam vencido a guerra.
c) Quando o professor chegar, os exercícios já terão sido feitos.
d) Os embaixadores romanos tinham sido enviados para a Grécia.
e) Tudo terá sido dito amanhã.
f) Quem tiver sido escolhido pelo povo, deve governar com sabedoria.
g) Ninguém foi mais amado do que Catulo.
h) As estátuas foram feitas pelos escultores romanos.

5) Faça a tradução das seguintes orações:

a) Difficile est emendare homines qui uitiis imbuti sint.


b) Verum decus in uirtute positum est. (Cíc.)
c) Gallia omnis diuisa est in partes tres. (Cés.)
d) Nullum est iam dictum, quod non sit dictum prius. (Ter.)
e) Si dux prudentior fuisset, milites nostri in proelio uulnerati non essent.
f) Homo uitae commodatus est, non donatus est. (Sên.)
g) Bellis ciuilibus aerarium romanum exhaustum est.
h) Vt uirtutum adiutrix amicitia a natura data est, non uitiorum comes. (Cíc., adap.)
i) Nullum frustra cadit telum quod in confertum agmen immissum est. (Sên.)
j) Res publica agitata erat seditionibus. Sed a ciuibus aedificia sacra breui tempore
reparata sunt.
k) Varie per* omnem exercitum laetitia, maeror, luctus, atque gaudia agitabantur. (Sall.)
l) P. Claudio Pulchro, L. Iunio Consulibus, (= sendo cônsules P. Cláudio Pulcro e L.
Júnio), Claudius contra* auspicia pugnauit, et a Carthaginiensibus uictus est. Nam
ex* ducentis et uiginti nauibus, cum* triginta fugit; nonaginta cum pugnatoribus,
captae sunt; demersae caeterae. Alius* quoque Consul classem naufragio amisit,
exercitum tamen saluum habuit, quia* uicina litora erant. (Eutr.)

*per (prep. com acusativo): por


contra (prep. com acus.): contra
ex (prep. com abl.): com
alius (pron. indef., ligado a consul): outro
quia (conj.): porque

6) Traduza:

O imperador Antonino Pio

129
Introdução à Língua Latina

Fuit uir forma conspicuus, ingenio clarus, moribus clemens, nobilis, uultu placidus,
eloquentiae singularis, praecipue* sobrius, diligens agri cultor, mitis, largus. Merito
comparatur Numae Pompilio. Pius a Senatu cognominatus est, uel quoniam* iussit
infinitos et imensos honores tribui Hadriano, cui post mortem successerat, uel quoniam
clementissimus fuit. Patris patriae nomen ei* tributum est a Senatu; diuus autem
appellatus erat, cum* ab omnibus eius* pietas, clementia, ingenium laudabantur. Attributi
etiam ei* omnes honores qui optimis princibus antea assignati erant.
(Eutrópio. Adaptado. In: Calamaro & Cardinale)

*praecipue (adv.): principalmente, particularmente


uel quoniam... uel quoniam: seja porque... seja porque
post (prep. com acusativo): depois de
cum (conj.): porque
ei: a ele
eius: sua (dele)
antea (adv.): anteriormente

17) SISTEMA VERBAL: formas do imperativo


Na seção 6.1 deste curso, falamos brevemente a respeito do imperativo. Na
ocasião, apenas mostramos as formas do imperativo presente e futuro. Vamos, a seguir,
relembrar essas formas, acrescentando as formas do imperativo passivo, do imperativo
negativo e algumas outras particularidades.

Imperativo presente Imperativo futuro


Ativo Passivo Ativo Passivo
P2 laudā-to (louves)
P2 laudā-tor
Laudo P2 laudā (louva) P2 laudā-re (sê louvado) P3 laudā-to (louve ele)
P3 laudā-tor
P5 laudā-te (louvai) P5 lauda-mĭni (sede louvados) P5 lauda-tōte (louveis)
P6 laudā-ntor
P6 laudā-nto (louvem)
P2 delē-to (destruas)
P2 delē-tor
P2 dele (destroi) P2 delē-re (sê destruido) P3 delē-to (destrua ele)
Deleo P3 delē-tor
P5 delē-te (destruí) P5 dele-mĭni (sede destruidos) P5 dele-tōte (destruais)
P6 delē-ntor
P6 delē-nto (destruam
P2 leg-ĭ-to (leias)
P2 leg-ĭ-tor
Lego P2 leg-e (lê) P2 leg-ĕ-re (sê louvado) P3 leg-ĭ-to (leia ele)
P3 leg-ĭ-tor
P5 leg-ĭ-te (lede) P5 leg-i-mĭni (sede louvados) P5 leg-i-tōte (leiais)
P6 leg-ū-ntor
P6 leg-ū-nto (louvem)
P2 cap-ĭ-to (pegues)
P2 cap-ĭ-tor
Capio P2 cap-e (pega) P2 cap-ĕ-re (sê pego) P3 cap-ĭ-to (pegue ele)
P3 cap-ĭ-tor
P5 cap-ĭ-te (pegai) P5 cap-i-mĭni (sede pegos) P5 cap-i-tōte (pegueis)
P6 cap-i-ū-ntor
P6 cap-i-ū-nto (peguem)
P2 tribu-ĭ-to (atribuas)
P2 tribu-ĭ-tor
Minuo P2 tribu-e (atribui) P2 tribu-ĕ-re (sê atribuído) P3 tribu- ĭ-to (atribua ele)
P3 tribu- ĭ-tor
P5 tribu-ĭ-te (atribuí) P5 tribu-i-mĭni (sede atribuídos) P5 tribu-i-tōte (atribuais)
P6 tribu-ū-ntor
P6 tribu-ū-nto (atribuam)
P2 audī-to (ouças)
P2 audī-tor
Audio P2 audi (ouve) P2 aud-ī-re (sê ouvido) P3 audī-to (ouça ele)
P3 audī-tor
P5 aud-ī-te (ouvi) P5 aud-i-mĭni (sede ouvidos) P5 audi-tōte (ouçais)
P6 audi-ū-ntor
P6 audi-ū-nto (ouçam)

OBS. 1: Veja que a forma passiva apresenta terminação -re para a segunda pessoa do
singular.

130
Carlos Renato R. de Jesus

OBS. 2: A tradução do futuro passivo segue normalmente as regras da voz passiva.

OBS. 3: As formas do imperativo dos verbos depoentes são as mesmas da passiva.

OBS. 4: O imperativo futuro só se emprega em leis, sentenças e testamentos, ou quandoa


ordem se refere ao futuro (Almendra & Figueiredo, 1996);

Ex.:
Salus populi suprema lex esto. (???)
Seja a salvação do povo a suprema lei.

Bacillum propter me ponitote. (Cíc.)


Ponde uma vara junto de mim (quando eu morrer).

OBS. 4: O imperativo passivo também é raramente usado; além disso, a maior parte dos
verbos não tem imperativo futuro passivo. Alguns não têm o imperativo presente,
somente o imperativo futuro ativo com valor de presente.

Particularidades:

IMPERATIVO PRESENTE
P2 P5
dico (digo) dic (diz) dicĭte (dizei)
eo (vou) i (vai) ite (ide)
fero (levo) fer (leva) ferte (levai)
sum (sou) es (sê) este (sede)
facio (faço) fac (faze) facite (fazei)
scio (sei) scito (sabe) scitote (sabei)

IMPERATIVO FUTURO
P2 P5
habeo (tenho) habēto (terás/tenhas) habetote (tende/tenhais)
memini (recordo) memento (recorda) mementote (recordai)
scio (sei) scito (saiba) scitote (saibam)

***
17.1 O imperativo negativo

Antigamente, o imperativo negativo era expresso com a forma do presente precedido pela
conjunção “ne”. Posteriormente, notabilizou-se a forma do subjuntivo perfeito, sempre
precedido de “ne”, e ainda, a forma do imperativo de nolo seguido pelo infinitivo presente
do verbo principal:

Ne lauda
Ne laudaueris não louves!
Noli laudare

131
Introdução à Língua Latina

Ne laudate
Ne laudaueritis não louveis!
Nolite laudare

Há, ainda, a forma do imperativo negativo na 3ª pessoa do presente do subjuntivo:

Ne laudes > não louves!


Ne laudent > não louvem!

***

EXERCÍCIO

Dê as formas possíveis do imperativo:

Imperativo presente Imperativo futuro


Ativo Passivo Ativo Passivo
P2:
do, das, dare, dedi, datum
P5:
(dar)
P6:
P2:
Ago, is, ere, egi, actum
(agir) P5:

P6:

P2:
Caueo, es, ere, caue, cautum
(evitar) P5:

P6:

P2:
Facio, is, ere, feci,P5:
factum
(fazer)
P6:

P2:
Fugio, is, ire, fugi,P5:
fugitum
(fugir)
P6:

P2:
Dico, is, ere, dixi, P5:
dictum
(dizer)
P6:

132
Carlos Renato R. de Jesus

P2:
Minuo, is, ere, ui, P5:
utum
(diminuir)
P6:

2) Passe as frases a seguir para o imperativo negativo, traduzindo-as:

a) Dic ueritatem mihi.

__________________________________________________________________

b) Audite parentes tibi!

__________________________________________________________________

c) Ferte has dolores!

__________________________________________________________________

d) Vede amicos tuos!

__________________________________________________________________

e) Este fortes!

__________________________________________________________________

f) Habeto uirtutem!

__________________________________________________________________

g) Amatote parentes uobis!

__________________________________________________________________

3) Traduzir:

a) Age, i tu secundum (Pl.)


b) Prende furem! (Petr.)
c) Vel taceas uel meliora dic silentio. (P. S.)
d) Quod tibi non opte, alii ne feceris ulli. (Cat.)
e) Libros tuos caue cuiquam tradas: nobis eos conserua. (Cíc.)
f) Nihil ignoueris. Nihil gratiae causa feceris. Misericordia commotus ne scis. (Cíc.)
g) Viue et amicitias regum fuge. Viue et amicitias nimio fulgore nitentes fugito. (Sên.)
h) Vindictam recognosce, infortunium intellege, aerumnas computa. (Apul.)
i) Tu a nobis crecras litteras exspecta; sed pluris etiam ipse mittito. (Cíc.)

133
Introdução à Língua Latina

j) Absconde pueros, defende, fac ut incolumes ad adulescentiam perducas. (Cíc.)


k) Noli parricidio nuptias auspicare. (Apul.)
l) Nolite a me commoueri uelle; uosmet ipsi uobiscum recordarmini. (Cíc.)
m) Quod tibi fieri nolueris alteri ne faceris. (S. Jer.)
n) Si quis dat mannos, ne quare in dentibus annos. (S. Jer.)
o) Dic, mea uxor, quid tibi aegre est? (Pl.)
p) Pacem cum hominibus, bellum cum uitiis habe. (P. S.)
q) Malum alienum ne feceris tuum gaudium. (P. S.)
r) Ne irrideas hominem in amaritudine animae. (Vulg.)
s) Memento, homo, quia puluis es, et in puluerem reuerteris. (Vulg.)
t) Vt ameris, amabilis esto. (Ov.)

4) Traduza os textos a seguir:

Texto 1: Conselhos de Sêneca

Non expedit omnia uidere, omnia audire. Multae nos iniuriae transeant, ex quibus
plerasque non accipit qui nescit. Non uis esse iracundus? Ne fueris curiosus. Qui inquirit
quid in se dictum sit, qui malignos sermones etiam si secreto habiti sunt eruit, se ipse
inquietat. Quaedam interpretatio eo perducit ut uideantur iniuriae; itaque alia differenda
sunt, alia deridenda, alia donanda. Circumscribenda multis modis ira est; pleraque in
lusum iocumque uertantur. Socratem aiunt colapho percussum nihil amplius dixisse quam
molestum esse quod nescirent homines quando cum galea prodire deberent. Non
quemadmodum facta sit iniuria refert, sed quemadmodum lata; nec uideo quare difficilis
sit moderatio, cum sciam tyrannorum quoque tumida et fortuna et licentia ingenia
familiarem sibi saeuitiam repressisse. Pisistratum certe, Atheniensium tyrannum,
memoriae proditur, cum multa in crudelitatem eius ebrius conuiua dixisset nec deessent
qui uellent manus ei commodare et alius hinc alius illinc faces subderent, placido animo
tulisse et hoc inritantibus respondisse, non magis illi se suscensere quam si quis obligatis
oculis in se incucurrisset. (Sêneca, De ira, 3, 11)

Texto 2: Jesus e o centurião

Cum autem descendisset de monte, leprosus ueniens adorabat eum dicens: ”Domine, si
uis potes me mundare”. Et extendens manum tetigit eum Iesus discens: “Volo, mundare!”
Et confestim mundata est lepra eius. Cum autem introisset Capharnaum accessit ad eum
centurio rogans eum et dicens: “Domine, puer meus iacet in domo paralyticus et malo
torquetur”. Et ait illi Iesus: “Ego ueniam et curabo eum”. Et respondens centurio ait:
“Domine, non sum dignus ut intres sub tectum meum, sed tantum dic uerbo et sanabitur
puer meus. Et dixit Iesus centurioni: “Vade et sicut credidisti fiat tibi”. Et sanatus est puer
in hora illa. (Vulg.)

134
Carlos Renato R. de Jesus

26) BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina. São Paulo: Saraiva 1985.
ALMENDRA, Maria Ana; FIGUEIREDO, José Nunes. Compêndio de gramática latina.
Porto: Porto Editora, 2003.
BASSETTO, Bruno Pregni. Elementos de Filologia Românica: História externa das
línguas. 2°. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.
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CARDINALE, A.; CALAMARO, A. Simplex et unum: corso di língua e cultura latina
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Consultado em novembro de 2012.
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FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2a. ed. Brasília: FAE, 1995.
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FUCECCHI, Marco; GRAVERINI, Luca. Lingua latina: fondamenti di morfologia e
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FURLAN, Oswaldo A. Gramática Básica do Latim. Florianópolis: ed. Da UFSC,1993.
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GARCIA, Janete Melasso. Língua latina: a teoria sintática na prática dos textos. Brasília:
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135
Introdução à Língua Latina

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PIMENTEL, Cristina de Souza; PENA, Abel Nascimento. Latim: textos (iniciação).
Lisboa: Edições Colibri: 1994.
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QUINTILIEN. Institutio oratoria. Texte établi et traduit par J. Cousin. Paris: Les Belles
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REZENDE, Antônio Martinez de. Latina essentia: preparação ao latim. 3a ed. rev. ampl.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
ROSÁRIO, Miguel Barbosa. Latim básico. Edição do autor. 2011. Disponível em
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SARAIVA, F.R. dos Santos. Novíssimo Dicionário Latino-Português. Rio de Janeiro:
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SOARES, João S. Latim 1: iniciação ao latim e à civilização romana. 3ª ed. Coimbra:
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VÄÄNÄNEN, Veikko. Introduzione al latino volgare. Traduzione di Annamilla G.
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XAVIER, Ronaldo Caldeira. Latim no Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

Detalhe de pintura em vaso gredo datado do séc. V a. C.

136
Carlos Renato R. de Jesus

28) APÊNDICE

28.1) Como encontrar um substantivo no dicionário?

Percebemos que, de um modo geral, os substantivos aparecem na forma do nominativo


singular no dicionário. Mas e quando a palavra estiver em outro caso, numa frase, por
exemplo? Há muitas maneiras de localizá-la. Veremos aqui uma maneira que parece ser
a mais conveniente. Vale lembrar que, apesar de parecer um tanto lento e complicado
no começo, tal método, se praticado com paciência e atenção durante algum tempo, logo
se tornará automático e bastante eficiente. Observe:

Vulpe

1º) separe a desinência do radical. Para isso você deverá se acostumar com as
desinências da tabela de substantivos.

Vulp-e

2º) Verifique, na tabela, em que casos e/ou declinações você encontra essa desinência.

voc. sg. (m), D2

Vulp - e nom. sg.(m/f/n); abl. sg. (m/f/n), D3

abl. sg, D5

3º) Observe que a palavra pode ser da D2, D3 e D5. A palavra não pode pertencer a mais de uma
declinação (exceto nos casos já vistos). SE consuderarmos que o dicionário registra APENAS o
nominativo e, depois, o genitivo, então a palavra em questão, se for da D2 apresentará a forma
uulpus, uulpum ou ainda uulper e, nas três possibilidades, o genitivo será, com certeza, i; se for
da D3, poderemos até não saber ao certo qual será a desinência de nominativo, já que aí são
várias, mas o genitivo será com certeza is; e se for da D5, vai aparecer no dicionário uulpes e,
logo depois o seu respectivo genitivo ei.
Pronto, você vai ao dicionário e encontra uulpes, is, f. Logo, a palavra uulpe, que você
procurava, é da D3 e está no ablativo singular e seu gênero é feminino.

137
Introdução à Língua Latina

28.2) Como traduzir?

Esta é a parte mais importante do curso e razão última do aprendizado de


qualquer língua estrangeira. Entretanto, não se traduz latim exatamente como uma
língua estrangeira moderna. É preciso seguir algumas etapas básicas para não ter
dificuldades posteriores. Como a ORDEM não é o melhor critério de definição da
função sintática dos termos em latim, nossa análise não será sintagmática, mas sim
radial, ou seja, vamos começar a partir do componente principal da frase, que é o verbo.
Propomos as seguintes etapas, válidas para a tradução de frases, mas que, com o tempo,
podem ser aplicadas ao texto mais amplo. É importante frisar, ainda, que se trata apenas
de uma possibilidade de método. Ao aluno ou ao professor que já tiverem optado por
um sistema mais eficiente para si, a proposta abaixo pode ser dispensável.

1º) Localize, primeiramente, o verbo da oração.

2º) Faça a análise morfológica completa de todos os termos da frase.

3º) Pelo verbo, você decide que tipo de predicado a oração apresenta. Se for nominal,
haverá, além do sujeito, o predicativo do sujeito (dois nominativos, portanto). Se for
verbal, poderá haver o nominativo (para o sujeito) e, conforme a regência do verbo,
pode haver objeto direto (acusativo), objeto indireto (dativo), ou algum tipo de adjunto
adverbial (ablativo) ou outro complemento de frase.

4º) Localizados os casos e suas respectivas funções sintáticas, basta reorganizar a frase,
ainda que mentalmente, pela ordem sintática do Português: S+V+O (sujeito + verbo +
objeto).

5º) Feito isso, dependendo da frase, você terá apenas o esqueleto dela, ao qual deverá
ser acrescentado o restante dos termos também ali presentes, sempre observando um
sentido coerente e razoável na forma final. Não se esqueça de acrescentar os artigos –
inexistentes em latim – à sua tradução, a fim de torná-la mais fluente em português.

suj. adn. o.d. vtd ← análise sintática

Ex.: Oculus domini equum saginat

nom. sg. masc. gen. sg. masc. ac. sg. masc. P3 idpr C1 ← análise morfológica
D2 D2 D2 “engorda”
“olho” “senhor”, “dono” “cavalo”

O olho do dono engorda o cavalo ← tradução

138
Carlos Renato R. de Jesus

28.3) Quadro resumitivo dos adjetivos

1ª Classe 2ª Classe
Casos Terminação em -us Terminação em -er (sinc.) Triformes Biformes Uniformes
M F N M F N M F N M/F N M/F N
N bonus bonă bonum pulcher pulchră pulchrum acer acris acre fortis forte ardens
G boni bonae boni pulchri pulchrae pulchri acris fortis ardentis
Ac bonum bonnam bonum pulchrum pulchram pulchrum acrem acrem acre fortem forte ardentem ardens
Dat bono bonae bono pulchro pulchrae pulchro acri acri acri forti forti ardenti ardenti
Abl bono bonā bono pulchro pulchrā pulchro acri acri acri forti forti ardenti ardenti
Voc bone bonă bonum pulcher pulchră pulchrum acer acris acre fortis forte ardens
N boni bonae bona pulchri pulchrae pulchra acres acres acria fortes fortia ardentes ardentia
G bonōrum bonarum bonōrum pulchrōrum pulchrarum pulchrōrum acrium fortium ardentium
Ac bonos bonas bona pulchros pulchras pulchra acres acres acria fortes fortia ardentes ardentia
Dat bonis bonis bonis pulchris pulchris pulchris pulchris acribus acribus fortibus fortibus ardentibus ardentibus
Abl bonis bonis bonis pulchris pulchris pulchris pulchris acribus acribus fortibus fortibus ardentibus ardentibus
Voc boni bonae bona pulchri pulchrae pulchra acres acres acria fortes fortia ardentes ardentia

139
Introdução à Língua Latina

28.4) Algumas preposições

Em latim as preposições só podem acompanhar ACUSATIVO e ABLATIVO. Algumas


só acompanham acusativo, outras só acompanham ablativo, outras (in, sub e super)
podem acompanhar ambos os casos e, assim como em Português, são conectivos e
estabelecem algum tipo de relação circunstancial com a palavra a que estão ligadas
sintática e semanticamente. Eis algumas preposições:

a, ab, ex, de + Abl. = Adv. de lugar, procedência (de onde? A partir de onde?)
Ex: De domu nostra te uidimus. (Nós te vimos da nossa casa)
Ab iuuentute discire debemus. (Devemos aprender desde a juventude)

• de + Abl. = Adv. de assunto (a respeito de quê?)


Ex.: De mortuis nihil nisi bonum dicamus. (Diógenes Laércio)
(Sobre os mortos, não digamos nada a não ser coisas boas).

cum + ablativo = com.


Ex.: Errare malo cum Platone quam cum istis uera sentire. (Cíc.)
(Prefiro errar com Platão a ter razão com esses)

in + Abl. = Adv. de lugar, indicando permanência (onde?)


Ex: In uino ueritas. (No vinho está a verdade)

• in, ad + Ac. = Adv. de lugar, indicando fim (para onde?)


Ex.: In litoram nauigamus. (Navegamos para a praia)
Ad astra, per aspera. (Para as estrelas, pelas dificuldades)
*Ad também pode significar “junto a”, “até”.
Ex.: Venio ad te. (Venho até ti, junto a ti).

per + acus.: através de, por; durante.


Ex.: Ad astra, per aspera.
(Para as estrelas, pelas (através de) dificuldades)
Longum est iter per praecepta; breue et efficax per exempla. (Sên.)
(Longo é o caminho através dos preceitos; breve e eficaz por meio dos exemplos.)

pro + abl. = em favor de, por; no lugar de; diante de.


Ex.: Dulce et decorum est pro patria mori. (É doce e honrado morrer pela (em favor da) pátria).

propter + acusativo = por causa de.


Ex.: Propter adulescentiam, filii mei, mala uitiae non uidetis. (Ter.)
(Por causa da da pouca idade, meu filho, não percebes os malefícios dos vícios)

sine + ablativo = sem.


Ex.: Beatus autem esse sine uirtute nemo potest. (Cíc.)
(De fato, ninguém pode ser feliz sem virtude)

sub + acus. = sob, em; adv. de lugar, indicando movimento (para onde?)
Ex.: Non sum dignus ut intres sub tectum meum. (Vulg.).
(Não digno que entres na (em direção a) minha morada)

140
Carlos Renato R. de Jesus

• sub + abl.: adv. de lugar (onde?).


Ex.: Sub tegmine fagi. (Virg.) (Sob a sombra de uma árvore)

Outras preposições:

ante + acus. = diante de, antes de

apud + acus. = junto a, perto de

circum + acus. = ao redor de

contra + acus. = contra

erga + acus. = entre, em relação a

extra + acus. = fora de, além de

inter + acus. = entre

intra + acus. = dentro (de), dentre

iuxta + acus. = perto de, de acordo com

ob + acus. = por causa de, diante de

post + acus. = depois de, além de

praeter + acus. = exceto, a não ser

prope + acus. = perdo de, junto a

super + abl. = durante, a respeito de, por meio de

super + acus. = sobre, em cima de

supra + acus. = sobre, acima (de)

trans + acus. = através de, além de

ultra + acus. = além de, do outro lado de

IMPORTANTÍSSIMO
Quando o ablativo estiver sozinho na frase, isto é, sem preposição, poderá ser necessário traduzi-
lo com alguma preposição em Português, a saber: com, para, por, a e em.
Ex.: Venit ad me pace. (veio até mim em paz)
Deleuit uiolentia urbes. (Destruiu as cidades com violência)

141
Introdução à Língua Latina

28.5) Quadro dos tempos do infectum

Modo e tempo C1 C2 C3 (cons.) C3 (mista) C4


Idpr
am-o del-ĕ - o leg-o capĭ - o [tribu-o] aud-ĭ - o
(amo, destruo, leg-i - s cap-i - s aud-i - s
am-a - s del-e - s
leio, tomo, leg-i - t cap-i - t aud-i - t
am-a - t del-e - t
ouço) am-ā - mus del-ē - mus leg-ĭ - mus cap-ĭ - mus aud-ī - mus
am-ā - tis del-ē - tis leg-ĭ - tis cap-ĭ - tis aud-ī - tis
am-a - nt del-e – nt leg-u- nt capĭ-u - nt aud-ĭ - u - nt

Idpt1
am-ā - ba - m del-ē - ba - m leg-ē - ba - m capi - ē - ba - m aud-i - ē - ba - m
(amava, leg-ē - ba - s capi - ē - ba - s
am-ā - ba - s del-ē - ba - s aud-i - ē - ba - s
destruía, lia, leg-ē - ba - t capi - ē - ba - t aud-i - ē - ba - t
am-ā - ba - t del-ē - ba - t
tomava, ouvia) am-a - bā - mus del-e - bā - mus leg-e - bā - mus capi - e - bā - mus aud-i - e - bā - mus
am-a - bā - tis del-e - bā - tis leg-e - bā - tis capi - e - bā - tis aud-i - e - bā - tis
am-ā - ba - nt del-ē - ba – nt leg-ē - ba - nt capi - ē - ba - nt aud-i - ē - ba - nt

Idft1
am-ā - b - o del-ē - b - o leg-a - m capĭ - a - m aud-ĭ - a - m
(amarei, leg-e - s capĭ - e - s aud-ĭ - e - s
am-ā - bi - s del-ē - bi - s
destruirei, leg-e - t capĭ - e - t aud-ĭ - e - t
am-ā - bi - t del-ē - bi - t
lerei, tomarei, am-a - bĭ - mus del-e - bĭ - mus leg-ē - mus capi - ē - mus aud-i - ē - mus
ouvirei) am-a - bĭ - tis del-e - bĭ - tis leg-ē - tis capi - ē - tis aud-i - ē - tis
am-ā - bu - nt del-ē - bu – nt leg-e – nt capĭ - e - nt aud-ĭ - e - nt

Sbpr
am-e - m del-ē - a - m leg-a- m capĭ - a - m aud-ĭ - a - m
(que eu ame, leg-a- s capĭ - a - s aud-ĭ - a - s
am-e - s del-ē - a - s
destrua, leia, leg-a- t capĭ - a - t aud-ĭ - a - t
am-e - t del-ē - a - t
tome, ouça) am-ē - mus del-e - ā - mus leg-a- mus capi - ā - mus aud-i - ā - mus
am-ē - tis del-e - ā - tis leg-a- tis capi - ā - tis aud-i - ā - tis
am-e - nt del-ē - a – nt leg-a- nt capĭ - a - nt aud-ĭ - a - nt

Sbpt1
(se eu amasse, am-ā - re - m del-ē - re - m leg-ĕ - re - m cap-ĕ - re - m aud-ī - re - m
am-ā - re - s del-ē - re - s leg-ĕ - re - s cap-ĕ - re - s aud-ī - re - s
destruísse,
am-ā - re - t del-ē - re - t leg-ĕ - re - t cap-ĕ - re - t aud-ī - re - t
lesse, tomasse, am-a - rē - mus del-e - rē - mus leg-ĕ - rē - mus cap-ĕ - rē - mus aud-i - rē - mus
ouvisse) am-a - rē - tis del-e - rē - tis leg-e - rē - tis cap-e - rē - tis aud-i - rē - tis
am-ā - re - nt del-ē - re – nt leg-ĕ - re - nt cap-ĕ - re - nt aud-ī - re - nt

Ippr
(ama, amai; P2 am-a P2 del-e P2 leg-e P2 cap-e P2 aud-i
destrói, P5 am-ā - te P5 del-ē – te P5 leg-ĭ - te P5 cap-ĭ - te P5 aud-ī - te
destruí, etc.)
Ifpr
(amar,
am-a - re del-ē – re leg-ĕ – re cap-ĕ – re aud- ī - re
destruir, ler,
tomar, ouvir)
Papr
(aquele que am-a - ns del-e - ns leg-e - ns capĭ - e - ns aud-i - e - ns
ama, que am-a - nt - is del-e - nt – is leg-e - nt - is capī - e - nt - ins aud-ī - e - nt - is
destrói, etc.)

142
Carlos Renato R. de Jesus

28.6) Quadro das declinações latinas

D1 D2 D3 D4 D5

Nº CASOS Consonantal Vocálico (i)


M/
M/F M/F Neutro M / Neutro M/F
Neutro M / F Neutro F
F
S es, is, ar, e,
Nominativo ă us er, ir* um várias us u es
I (s,x)** al
N Genitivo ae i is is us ei
G Acusativo am um um em =nom. em =nom. um u em
U
L Dativo ae o i i ui u ei
A Ablativo ā o e e i u e
R Vocativo ă e*** =nom. um =nom. =nom. =nom. us u es
Nominativo ae i a es a es ia us ua es
P
L Genitivo ārum ōrum um ium uum erum
U Acusativo as os a es a es ia us ua es
R Dativo is is ibus ibus ibus ibus ebus
A Ablativo is is ibus ibus ibus ibus ebus
L Vocativo ae i a es a es ia us ua es

*Existe apenas uma palavra terminada em -ir: uir, uiri,m (homem).


**(s,x) somente se o radical terminar em mais de uma consoante: mens, mentis (mente); nox, noctis (noite). Lembre
que para as terminações em is também há algumas exceções. Ex.: canis, is (cão), que faz canum no genitivo plural.
*** O vocativo em -e só acontece se a palavra terminar, no nominativo, em -us. Ex.: lupus, i (lobo), voc.: lupe.

143
Introdução à Língua Latina

144
Carlos Renato R. de Jesus

28.8) Tabelas destacáveis

Quadro de declinações latinas

D1 D2 D3 D4 D5

Nº CASOS Consonantal Vocálico (i)


M/F M/F Neutro M / M/F Neutro M/F
Neutro M / F Neutro
F
S es, is, ar, e,
Nominativo ă us er, ir* um várias us u es
I (s,x)** al
N Genitivo ae i is is us ei
G Acusativo am um um em =nom. em =nom. um u em
U
L Dativo ae o i i ui u ei
A Ablativo ā o e e i u e
R Vocativo ă e*** =nom. um =nom. =nom. =nom. us u es
Nominativo ae i a es a es ia us ua es
P
L Genitivo ārum ōrum um ium uum erum
U Acusativo as os a es a es ia us ua es
R Dativo is is ibus ibus ibus ibus ebus
A Ablativo is is ibus ibus ibus ibus ebus
L Vocativo ae i a es a es ia us ua es

*Existe apenas uma palavra terminada em -ir: uir, uiri,m (homem).


**(s,x) somente se o radical terminar em mais de uma consoante: mens, mentis (mente); nox, noctis (noite). Lembre que para as
terminações em is também há algumas exceções. Ex.: canis, is (cão), que faz canum no genitivo plural.
*** O vocativo em -e só acontece se a palavra terminar, no nominativo, em -us. Ex.: lupus, i (lobo), voc.: lupe.

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Paradigma dos adjetivos !


1ª Classe 2ª Classe
Casos Terminação em -us Terminação em -er (sinc.) Triformes Biformes Uniformes
M F N M F N M F N M/F N M/F N
N bonus bonă bonum pulcher pulchră pulchrum acer acris acre fortis forte ardens
G boni bonae boni pulchri pulchrae pulchri acris fortis ardentis
Ac bonum bonnam bonum pulchrum pulchram pulchrum acrem acrem acre fortem forte ardentem ardens
Dat bono bonae bono pulchro pulchrae pulchro acri acri acri forti forti ardenti ardenti
Abl bono bonā bono pulchro pulchrā pulchro acri acri acri forti forti ardenti ardenti
Voc bone bonă bonum pulcher pulchră pulchrum acer acris acre fortis forte ardens
N boni bonae bona pulchri pulchrae pulchra acres acres acria fortes fortia ardentes ardentia
G bonōrum bonarum bonōrum pulchrōrum pulchrarum pulchrōrum acrium fortium ardentium
Ac bonos bonas bona pulchros pulchras pulchra acres acres acria fortes fortia ardentes ardentia
Dat bonis bonis bonis pulchris pulchris pulchris pulchris acribus acribus fortibus fortibus ardentibus ardentibus
Abl bonis bonis bonis pulchris pulchris pulchris pulchris acribus acribus fortibus fortibus ardentibus ardentibus
Voc boni bonae bona pulchri pulchrae pulchra acres acres acria fortes fortia ardentes ardentia

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