Você está na página 1de 42

Execução de aterro em solo

mole com Poliestireno


Expandido
EPS

Obras de Modernização e Ampliação da Capacidade Rodoviária da BR –


101/SC. Estudo de caso: Aterro de EPS no Viaduto Acesso ao Centro de
Tubarão/SC – Km 334+722
Execução de aterro em solo mole com Poliestireno
Expandido - EPS
• Histórico da obra
• Soluções apresentadas para este estudo de caso
• Vantagens na utilização do EPS nesta Obra
• Poliestireno Expandido
• Construção do aterro
• Controles realizados durante a execução do aterro em solo mole com
EPS

• Exigências do contratante
• Entrega, armazenamento e manuseio
• Análise das Tensões Verticais
• Exemplos de outras obras com utilização do EPS para aterro em solos
moles
Histórico da Obra
O principal Viaduto de acesso a cidade de Tubarão (aterro do
encontro sul) foi projetado pela Empresa STE S.A. – Serviços
Técnicos de Engenharia S.A. longitudinalmente a rodovia entre os Km
4+814 ao Km 5+290, com comprimento de 480,00m, fazendo parte do
lote 26/SC das obras de duplicação da BR-101Sul.
A obra foi iniciada a obra pelo lado norte. Quando o Viaduto LE
estava sendo construído no lado sul foi feita a escavação para execução da
fundação do muro de arrimo próximo ao encontro do viaduto (a 20,00m do
eixo) e foi constatada a presença de solo mole (ver Figuras 1 e 2).

O problema foi apresentado ao Eng.º Prof. Ph.D. em Geotécnica da


Universidade Federal de Santa Catarina, Marciano Maccarini, que
inicialmente apresentou 4 possíveis propostas para solução deste
problema:

• Prolongamento do viaduto mais aterros de acesso c/ geogrelha e


cinza
• Aterro com EPS(poliestireno expandido) total sem prolongamento
do viaduto
• Aterro com solo e cinza com técnica CPR (Consolidação Profunda
Radial)
• Aterro com solo e cinza com técnica JET ROUTING
Figura 1 - Seção transversal do Km 5 +300
Figura 2 - Seção longitudinal do Km 5 + 300
Foi selecionado então para aterro do Viaduto Acesso ao Centro de
Tubarão/SC – Km 4+814 a utilização de Poliestireno Expandido – EPS que
oferece as seguintes vantagens sobre as demais, nesta obra:

• Não causaria qualquer preocupação nas edificações adjacentes à


marginal do lado esquerdo, devido ao seu baixo peso específico.

• Não houve necessidade de intervenção na estrutura de nenhuma


parte do viaduto, já construído, ou seja, adotou-se as alturas
previstas no projeto original (7,1m da cabeceira até solo).

• Essa solução permitiu o início do aterro imediatamente, enquanto


que as técnicas com utilização de CPR e JET GROUTING, por
exemplo, necessitavam primeiro reforçar a camada de argila cinza
mole para posteriormente iniciar a construção do aterro.
•O tempo de construção com o emprego de EPS, tento em vista
que as outras técnicas necessitam de tempo maiores de
execução previstas de 8 a 12 meses e o aterro com EPS foi
construído em 3 meses.

•Financeiramente também apresentou vantagens entre as outras


técnicas.
Poliestireno Expandido – EPS
• Material descoberto na em França 1930
• Em 1950 BASF inicia sua produção industrial: STYROPOR ®
• É considerado um material celular rígido, resultado da
polimerização do estireno em água contendo em sua estrutura
aproximadamente 98% de ar.
Características EPS
 Baixa Condutividade Térmica
 Baixo Peso Específico (23 kg/m³)
 Resistência Mecânica Alta (70 a 250kPa)
 Baixa Absorção de Água
 Facilidade de Manuseio
 Versatilidade
 Resistência ao Envelhecimento
 Absorção de Choques
 Resistência a Compressão
 Excelente isolamento térmico
 Amortização de impacto
 100% reciclável
Pesos Específicos de Materiais Leves Para Aterro

Material Peso Específico


(kg/m³)
Poliestireno expandido (EPS) 15 a 30

Pneus picados 400 a 600

Argila expandida 500 a 1000

Serragem 800 a 1000


Construção do aterro de EPS de acordo com
Especificação de Serviço EP – TE – 03 (Lote 26 BR 101)

Escavação da fundação: Nivelar a base de colocação dos blocos de EPS.


Regularização do subleito para assentamento do EPS: Aplicar uma
camada de areia com cerca de 10cm de espessura sobre o solo para
acomodação e nivelamento da primeira camada de blocos.
Colocação dos blocos de EPS: Acomodar a primeira camada de blocos,
tomando cuidado de não permitir espaços vazios entre eles. Caso ainda
apareçam espaços vazios preencher com EPS.
Sobrepor às camadas subseqüentes. Quando se fizer necessário, poderão
ser executados cortes das peças de EPS com serra de fio de arame frio,
para garantir o encaixe das mesmas.
Não deverão ocorrer juntas continuas entre os blocos. A diferença de
altura entre os blocos da mesma camada não deve exceder 5mm.
Fixação das peças: Os blocos de EPS, tanto a mesma camada
(horizontalmente) ou de camadas adjacentes (verticalmente) devem ser
solidarizados através de fixadores/grampos de aço diâmetro de 10mm.
Esses grampos além de unirem as peças também têm função de aumentar
a resistência entre as mesmas e assim dificultar as deformações, pois os
pontos francos se formam entre os espaços vazios das peças (curva).
Geometria: O EPS deve ser fornecido na forma de blocos cúbicos, com
dimensões mínimas aceitáveis de 4,00m x 1,00m x 0,5m (nesta obra). O
desvio máximo aceitável das dimensões lineares sã de+/ 0,5%.
Armazenagem: Os blocos que ficarão expostos durante a noite ou em
finais de semana devem ser cobertos no final de cada dia para evitar
possíveis danos causados por pessoas, ventos, veículos ou mesmo
animais.
Manta Sintética: A superfície externa do conjunto de blocos de EPS, topo
e laterais, deve ser coberta por uma manta sintética de polietileno, com
espessura mínima de 0,25mm para proteger de eventual derramamento
de produtos químicos.
Taludes laterais verticais: Devido a existência de vias marginais, em
ambos os lados da rodovia, houve a necessidade de construção de muros
laterais. Os mesmos têm a função de proteger o EPS contra eventuais
colisões de veículos e aumentar o confinamento dos blocos de EPS.
Após a colocação da manta foi adicionado camada de cinza e camada de
areia para finalização do aterro e a construção do pavimento. Calcula se a
espessura do aterro em função das tensões futuras ali aplicadas. Em locais
de baixo tráfego e cargas, essa espessura será menor do que em áreas de
elevado tráfego. A espessura de pavimento utilizada no Viaduto V – 02 foi
de: 0,56m.
Nesta obra foram utilizados aproximadamente 13.000,00m³ de EPS.
A última etapa da obra foi a execução do pavimento, concluída com
a colocação da camada de revestimento asfáltico, o que permitiu a
liberação ao tráfego
Controles realizados durante a execução do aterro em solo
mole com EPS
• Resistência a Compressão de amostras de EPS NBR 8082/1983
(10% >= 120KPa)
• Nivelamento das Camadas e EPS. A diferença máxima de cotas entre
as peças de uma mesma camada é de 5mm)
• Controle de Densidades Aparente Mínima ABNT NBR 11949 (0,0200
g/cm³)
• Controle de Espaçamento e Descontinuidade das Juntas do EPS (1,5
cm)
• Controle Geométrico das Peças
• Determinação da Absorção de Água NBR 7973/1983 (<=1%)
• Determinação da Massa Especifica Aparente NBR
11949/1981(20kg/m³)
• Acompanhamentos Topográficos
Exigências do contratante
• Uma declaração na qual consta o tipo, a composição e o método de
produção do material;
• O nome do fabricante, endereço, número de telefone e nome da
pessoa de contato, constato a experiência na fabricação dos blocos
de EPS;
• Certificado de garantia das propriedade físicas e mecânicas do
material;
• Características de envelhecimento e durabilidade, incluindo a
resistência à degradação química, biológica e contra raios
ultravioletas;
• Cada bloco do mesmo lote de produção deve estar estampado com
o mesmo código de produção, mostrando a identificação da fabrica,
tipo e data de produção e deve estar isento de defeitos que possam
afetar a trabalhabilidade.
Entrega, armazenamento e manuseio

O contratante deve proteger o EPS da exposição da luz do sol


para evitar a ação de raios ultravioleta sobre o mesmo, sempre de acordo
com as especificação do fabricante.
Proteção de materiais e serviços contra danos causados pelo
tempo, tráfego, pátio da obra, fogo ou vandalismo e outras causas são de
responsabilidade de contratante.
Garantias
Qualidade
Uma certificação de qualidade para cada lote de produção
fornecido, mostrando estar de acordo com as exigências estabelecidas
nessas especificações deve ser obtido pelo contratante e esse submeter
ao administrador de contrato, antes da colocação.

Amostragem
A quantidade suficiente de material deve ser coletada de forma
aleatória para cada lote de produção, assim que o mesmo chegue ao local
da obra. Um mínimo de 3 blocos deverá ser ensaiado.
A reprovação de qualquer dos blocos por não satisfazer qualquer
uma das exigências estabelecidas na especificação é motivo para rejeição
do lote de produção do qual a amostra foi obtida. A reposição dos blocos
rejeitados deverá ser por conta do fornecedor.
Controle Deflectométrico – Cabeceira Sul – Aterro com EPS

KM LOCAL Deflexão Dezembro Deflexão Outubro


2010 (10-2) 2012 (10-2)

335+300 PISTA DIREITA - LADO 34,70 23,34


ESQUERDO

335+320 PISTA DIREITA - LADO 34,70 35,01


ESQUERDO

335+340 PISTA DIREITA - LADO 34,70 35,01


ESQUERDO

335+360 PISTA DIREITA - LADO 34,70 35,01


ESQUERDO

335+380 PISTA DIREITA - LADO 30,72 38,90


ESQUERDO

335+400 PISTA DIREITA - LADO 30,72 39,02


ESQUERDO

MÉDIA 33,37 34,38

OBS.: A deflexão de referência para CBUQ 3 é de 40 x 10-2 mm.


Controle Deflectométrico – Cabeceira Sul – Aterro com EPS

45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
Deflexão Dezembro
20,00 2010 (10-2)
15,00 Deflexão Outubro
10,00 2012 (10-2)

5,00
0,00
Controle Deflectométrico –CBUQ 3
LOCAL Cabeceira Norte Cabeceira Sul (Com EPS)
(Sem EPS) Deflexão Deflexão Novembro 2012
Novembro 2012 (10- (10-2)
2)
PISTA ESQUERDA 38,90 23,34
LADO ESQUERDO
PISTA ESQUERDA 38,90 35,01
LADO ESQUERDO
PISTA ESQUERDA 35,01 35,01
LADO ESQUERDO
PISTA ESQUERDA 23,34 35,01
LADO ESQUERDO
PISTA ESQUERDA 27,23 38,90
LADO ESQUERDO
MÉDIA 32,68 33,45

OBS.: A deflexão de referência para CBUQ 3 é de 40 x 10-2 mm.


Controle Deflectométrico – Cabeceira Sul (Com Aterro em EPS) x
Cabeceira Norte (Sem Aterro em EPS)

45,00

40,00

35,00

30,00
Cabeceira Norte (Sem
25,00 EPS) Deflexão
Novembro 2012 (10-2)
20,00 Cabeceira Sul (Com
EPS) Deflexão
15,00
Novembro 2012 (10-2)
10,00

5,00

0,00
1 2 3 4 5
Monitoramento do Adensamento – Cabeceira Sul – Pista Direita
Aterro de EPS
Estaca 1º Leitura 2º Leitura Diferença da 1º 3º Leitura Diferença da
16/12/2010 20/01/2011 Cota para 2º 08/11/2012 1º Cota para
Cota 3º Cota
005+300

BE 14.096 14.051 0.045 14.051 0.045


BD 14.367 14.326 0.041 14.317 0.050
005+320

BE 13.598 13.541 0.057 13.398 0.200


BD 13.843 13.798 0.045 13.658 0.185
005+340

BE 12.963 12.914 0.049 12.741 0.222


BD 13.259 13.220 0.039 13.070 0.189
005+360

BE 12.320 12.274 0.046 12.103 0.217


BD 12.598 12.565 0.033 12.430 0.168
Monitoramento do Adensamento – Cabeceira Sul – Pista Esquerda
Aterro de EPS

Estaca 1º Leitura 2º Leitura Diferença da 3º Leitura Diferença da 1º


16/12/2010 20/01/2011 1º Cota para 08/11/2012 Cota para 3º
2º Cota Cota
005+300
BE 13.804 13.730 0.074 13.692 0.112
BD 14.028 13.980 0.048 13.983 0.045
005+320
BE 13.321 13.252 0.069 13.044 0.277
BD 13.546 13.491 0.055 13.320 0.226
005+340
BE 12.785 12.730 0.055 - -
BD 12.934 12.885 0.049 12.708 0.226
005+360
BE 12.093 12.042 0.051 11.835 0.258
BD 12.255 12.209 0.046 12.025 0.230
Exemplos de outras Obras com utilização de aterro em
EPS
Aterro em Baixada – Estrada em Solo Mole - JAPÃO
Aterro em Estrada - NORUEGA
I93 Ramp Big Big - BOSTON – MA
Alto Pista Central – SANTIAGO CHILE
Cabeceira do Rio Preto – PARAÍBA - BRASIL: Duplicação BR –
101/ Nordeste
Aterro acesso a Ponte: PERNAMBUCO - BRASIL: Duplicação
BR – 101/ Nordeste
OBRIGADO!
Engª. Mariana Salvan Franco
(48) 3626-3340/96210201
mariana.franco@dnit.gov.br/mariana.salvan@hotmail.com

Você também pode gostar