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DATA: 10/07/2016
A reflexão de hoje é sobre um tema que tem ficado cada vez mais
escasso em nossas igrejas, um assunto árduo, principalmente para o
público que a teologia moderna batizou de Igreja Contemporânea.
O público da Igreja Contemporânea é centrado em sua própria
necessidade, em sua própria definição de como se relacionar com Deus
e principalmente na relativização das verdades bíblicas, em parte, fruto
das verdades propagadas pelo Iluminismo, que colocou o homem no
centro do universo, enaltecendo o egocentrismo. Essa igreja
Contemporânea, quando não atendida nestes princípios, simplesmente
se dá o direito de não querer se relacionar com esse Deus que não
“evoluiu”, com esse evangelho que não se modernizou e simplesmente
dá as costas para aquilo que é imutável, O Deus Eterno e o seu plano
de resgatar o homem para Si.
Este é um dos motivos pelos quais determinados temas sumiram de
algumas igrejas, dos púlpitos, das escolas dominicais, dos programas
televisionados, dos livros e da música cristã... o evangelho tem sido
pregado para agradar e não para transformar o homem. A
“autoajuda gospel” está focada em acariciar o ego de consumidores da
fé, ao invés de apresentar o evangelho que resgata, transforma e salva
a natureza pecadora do homem... Homem pecador, como eu, como
você, como toda a humanidade, conforme Paulo mesmo reconhece:
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o
bem.
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Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço
Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Romanos 7:18-19 e 24
Essa é a realidade, somos pecadores! É bem verdade que fomos
resgatados do pecado e em Cristo, fomos transformados em nova
criatura, como o capítulo 8 de Romanos nos ensina (Portanto, agora
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não
andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Romanos 8:1), mas
ainda sim, temos que lidar diariamente com o pecado e não podemos
fingir que isso não faz parte de nossa realidade. Precisamos lidar com o
pecado, para permanecer em Cristo... Permanecendo em Cristo,
conseguimos lidar com o pecado...
Se alguém me perguntar como é minha relação com o pecado e eu
pudesse avaliar um período qualquer da minha vida, seja uma hora, um
dia, uma semana ou um mês, provavelmente eu poderia representar a
minha relação com o pecado da seguinte forma: uma verdadeira
montanha russa, com altos e baixos, cometendo seguida e
alternadamente pecados e virtudes, mas essencialmente diria que
estarei sempre tentando acertar!. Veja o que diz o texto de 1João:
Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que
vive pecando não o viu, nem o conheceu (…) Aquele que pratica o
pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o
princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as
obras do diabo. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática
de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse
não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. (1Jo.2.7-9).
A vida de um discípulo de Jesus deve ser voltada para busca de uma
vida correta, pela busca da justiça e da retidão. O pecado deve ser
sempre a exceção, não a regra.
Vamos a um dos principais textos de hoje. Lucas 22.31-34:
Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar
como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não
desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus
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irmãos. Ele, porém, respondeu: Senhor, estou pronto para ir
contigo, tanto para a prisão como para a morte. Mas Jesus lhe
disse: afirmo-te, Pedro, que, hoje, três vezes negarás que me
conheces, antes que o galo cante.
Todas as vezes que a bíblia chama alguém pelo seu nome 2 vezes,
encontramos uma advertência quanto a algo importante que já deveria
ter acontecido ou que vai acontecer em relação à própria pessoa. Não
foi à toa também que Jesus o chamou pelo nome original. A tradução
literal para “Simão”, nome antigo de Pedro é “Cana Rachada”, fazendo
uma clara alusão a situação de Pedro naquele momento e a profecia de
Isaias 42 a respeito de Jesus, que não esmagaria a cana rachada e
nem apagaria o pavio que fumega...
Seguindo, o texto apresenta alguns elementos curiosos. O primeiro é o
fato de o Senhor dizer que Satanás requer a vida dos discípulos para
peneira-los como ao trigo. Sempre tive uma imagem romanceada do
trigo. Trigo é aquele que será recolhido com o joio, mas para um fim
digno, afinal, apesar de parecidos, trigo e joio são diferentes e terão
destinos diferentes. O trigo é a base do pão, tantas vezes citado na
bíblia, inclusive na alusão ao corpo de Jesus. O que talvez não tenha
passado por nossas cabeças é que o trigo, para virar pão, passa por
um processo que vai além da peneira. Tente imaginar o ciclo do trigo da
plantação até chegar a nossas mesas: O trigo é arrancado do solo
(MORTE), com raiz e tudo, depois colocado para secar ao sol, depois é
amarrado em feixes, em seguida o agricultor pega os feixes e bate com
eles firmemente no chão para separar os grãos que estão presos ao
caule. Depois de uma longa “surra”, o que sobrou vira palha para ser
queimada no fogo, e os grãos, agora separados no chão, são varridos e
juntados para então passarem por mais um tratamento: A peneira!
Agora o hábil agricultor, coloca pequenas quantidades de trigo na
peneira, balançando rapidamente da direita para esquerda, da
esquerda para a direita e num rápido movimento joga para cima os
grãos para que o movimento e o vento possam separar a casca dos
grãos. Entendeu a comparação da Igreja com o Trigo? Entendeu que
para ser separado do Joio é necessário que haja uma ruptura, seguido
de açoites e bordoadas e por fim ser peneirado? Percebe que Jesus diz
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apenas que rogou, certamente ao Pai, para que apenas a fé deles não
desfalecesse? A bíblia não diz que Jesus rogou para que eles não
fossem peneirados... Percebe isso? Alguma semelhança com Jó?
Alguma semelhança com o que o próprio Jesus sofreu? É diferente do
que Ele disse que a Igreja iria sofrer? Isso é ser peneirado como o
Trigo...
O segundo elemento interessante é o fato de Jesus dizer para Pedro
que ele iria passar por um processo de conversão... O que significa
isso? Como Pedro, após passar 3 anos com Jesus, ainda não tinha se
convertido? Como alguém poderia passar 3 anos com o Senhor e não
se converter? A vida de Pedro até então era uma montanha russa,
oscilando entre momentos de fé e devoção extrema e momentos de
fraqueza e explosão emocional que o levava a pecar. Nada diferente de
nossas vidas, afinal, tenho a sensação de ter subido no mesmo carrinho
de montanha russa que Pedro.
Veja a trajetória de altos e baixos de Pedro:
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O terceiro elemento no texto que me chama a atenção diz respeito ao
pecado de Pedro, previamente sinalizado por Jesus. Ele pecaria contra
o Senhor, mentiria ao ser indagado sobre a relação com o Senhor e
trairia o seu Mestre. Mesmo sendo avisado que pecaria, Pedro não foi
capaz de superar o pecado quando ele chegou.
Vale ressaltar que a bíblia, de modo geral, costuma usar a palavra
pecado de duas formas. Geralmente quando no singular, a palavra
pecado diz respeito a nossa condição, de homem caído, conforme
lemos em 1 João:
Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós
mesmos, e a verdade não está em nós.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os
nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.
1 João 1:8,9
Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o
pecado é iniquidade.
E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e
nele não há pecado.
1 João 3:4,5
Mas a bíblia fala também de pecados, no plural. Os pecados tem a ver
com o que a gente faz ou deixa de fazer, fala ou deixa de falar, pensa
ou deixa de pensar. Pecados são normalmente vistos e tratados como
quebras de regras morais. Os mandamentos Bíblicos expressam o
caráter de Deus, isto é, porque Deus é verdadeiro e fiel, o ato de mentir
e a infidelidade são pecados. Deus é santo e o pecado é algo
absolutamente incompatível com a natureza de Deus e nos afasta Dele.
Mas como lidar com o pecado? Como fugir do pecado? Vamos
buscar do Espírito Santo a resposta para estas perguntas:
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Voltando ao contexto...
Vamos usar o exemplo de Pedro para entender o que significa viver
uma vida em luta contra o pecado.
Vamos ler este mesmo texto de Mateus, agora sob a narrativa de
Lucas, que em minha humilde opinião, faz toda a diferença na mudança
de postura de Pedro e o ponto mais importante de tudo que falamos até
aqui. Vamos ler:
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homem abatido e recolhido tendo que lutar contra os seus fantasmas?
Traidor, mentiroso e covarde?
Jesus sabia que precisava resgatar a Pedro... Mas ide e dizei a seus
discípulos, E A PEDRO!!!
É fantástica a forma como Jesus nos trata, como cura nossas feridas,
como nos dá oportunidade de levantar após uma queda. Após negar
Jesus por 3 vezes, Jesus dá a Pedro a oportunidade de reiterar o seu
amor por Ele, também por 3 vezes. É como se Jesus dissesse, está
pago! Você não me deve mais nada Pedro, vá, tua dívida está paga!
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Você quer abandonar o medo? Quer deixar de se parecer com o Pedro
da Páscoa e ser como o Pedro do Pentecostes?
Entenda o que Pedro entendeu: Jesus é Poderoso e mesmo que as
circunstâncias se mostrem totalmente desfavoráveis, Ele está no
controle. Apenas confie.
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E essa mudança aconteceu porque Pedro criou intimidade com Jesus
Cristo, o Senhor. Alguém que está interessado em salvar o pecador,
muito mais do que abençoar e prosperar o ser humano.
Quando desenvolvemos intimidade com o Jesus, o Senhor.
Entendemos que as bênçãos não são o principal, que esta vida e este
corpo não são o principal. Automaticamente depositamos nossa fé e
nossa esperança na eternidade, e isso lança fora todo o medo e toda
covardia. Foi o que aconteceu com Pedro.
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Fiquem de pé por favor...
Eu quero fazer uma oração. Minha oração é para que você seja
despertado pelo seu galo interior. Que o Espírito Santo tenha em sua
vida a precisão do galo que acusou a consciência de Pedro. Que você
tenha da parte de Deus o despertamento para identificar o pecado que
bate à porta, em tempo de receber o olhar Dele. Não o olhar de
condenação, mas o olhar que lembra que Ele morreu por você, que
enquanto Ele estava sendo humilhado no pátio do Sumo Sacerdote,
lembre-se, Ele estava ali fazendo isso por você. Mesmo em um
momento de dor, Ele não deixou de se preocupar com você, de te
procurar com o Seu olhar... E que quando Ele voltar, e Ele vai voltar,
que Ele possa chamar pelo seu nome, assim como fez com Pedro. Ele
vai te chamar, porque sabe que você chorou amargamente quando se
sentiu afastado Dele. E que nesse reencontro, você possa dizer:
Senhor, o Senhor sabe que o amo. Queremos que você tenha
oportunidade de fazer isso agora. Não sabemos o dia que Ele irá
chamar o nosso nome, portanto, não deixe passar essa oportunidade
de dizer para o Senhor que você não tem compromisso com o pecado e
que você o ama!
Amém!
Pr. Anderson Ferreira
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