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O segundo assunto que não era tão importante, eram eles mesmos.
Pedro faz questão de tirar o foco deles próprios para levar para Cristo.
Isso nos ensina algo importante: temos que parar de nos preocupar com
coisas que são acessórias e voltar nossa atenção principal para Jesus.
Exemplos simples são:
mais um ensinamento para nós, onde devemos nos lembrar que éramos
pecadores. Que Deus nos salvou através de Jesus por conta de seu plano
maravilhoso e infinito amor. Não foi mérito nosso, não exigiu nenhuma
ação nossa além do nosso aceite.
Peça à classe que pense em como seria estar no lugar do homem coxo.
“Pedro não tinha dinheiro, mas tinha riquezas: ‘o que ele tinha’ incluía todas as chaves do reino de
Deus na Terra, o poder do sacerdócio de levantar os mortos, fé para fortalecer ossos e nervos, a
mão direita forte de fraternidade cristã. Ele não podia dar prata nem ouro, mas podia dar aquilo que
sempre se compra ‘sem dinheiro e sem preço’ (Isaías 55:1) — e ele deu” (“The Lengthening Shadow
of Peter” [A Grandiosidade da Influência de Pedro], Ensign, setembro de 1975, p. 30).
Atos 3:7. “E tomando-o pela mão direita, o levantou”
O Élder Bruce R. McConkie, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou que o relato de Pedro
curando o homem coxo ilustra a verdade que os portadores do sacerdócio agem em nome de Jesus
Cristo quando ministram bênçãos:
“Pedro não pediu ao Senhor que curasse o coxo; ele não orou a Deus para que Ele manifestasse
sua graça virtuosa e restauradora sobre o coxo. Em vez disso — agindo em nome do Senhor e
devido à autoridade do sacerdócio que ele possuía — ele mesmo ordenou que o milagre
acontecesse. Pedro foi o servo do Senhor, Seu representante e agente; ele agiu no lugar e em
nome de Cristo, fazendo o que o Mestre faria Se estivesse lá” (Doctrinal New Testament
Commentary [Comentários Doutrinários do Novo Testamento], 3 vols., 1965–1973, vol. II, p. 46).
“Agora, imaginem aquela nobre alma, o líder dos apóstolos, talvez com o braço sobre os ombros do
homem, dizendo: ‘Meu bom homem, tenha coragem, vou dar alguns passos junto com você. Vamos
caminhar juntos, e eu asseguro que você conseguirá andar, pois recebeu uma bênção pelo poder e
pela autoridade que Deus concedeu a nós, seus servos’. Então, o homem saltou com alegria.
Não podemos erguer outra alma se não estivermos em terreno mais alto do que ela. Você precisa
ter certeza, se for resgatá-la, de que sua conduta servirá de exemplo para o que você gostaria que
ela fosse. Não podemos acender uma chama em outra alma a menos que ela esteja ardendo dentro
de nossa própria alma” (“Stand Ye in Holy Places” [Permanecei em Lugares Santos], Ensign, julho
de 1973, p. 123).
Hoje a Lei não impede ninguém de se achegar a Deus, porque Jesus se fez o
caminho (João 14.6), porém, existem diversas pessoas que se desviam dEle,
porque são coxos dentro do templo.
ontudo esses dois eram de naturezas contrárias; o grande caraterístico de João
era seu amor, o de Pedro era sua visão prática. Há grande vantagem em
procurarmos a companhia dos irmãos de natureza contrária a nossa, para
colher aprendizados juntos.
“Mais uma manhã comum, ele acorda cedo para chegar antes dos primeiros
judeus que iam subir ao templo, sem força nos seus pés por ser coxo, pede a
ajuda para alguém o colocar sentado, depois de aproveitar seus poucos
momentos, clama para alguém o colocar na porta do Templo.
Assim que chega, começa a pedir esmola, um passa por ele menosprezando, o
outro, nem olha. Assim por diante se passa a vida dele.”
Que miserável pensar nessa condição, más quem será que estava em real
estado de miséria? seria só o coxo ou todos aqueles que subiam ao templo,
porém, não se preocupavam com o próximo? Irmãos, triste dizer, estamos tão
preocupados as vezes em ter a igreja mais bonita e rica, com dízimos altos
Na cura do aleijado, a palavra “templo” aparece seis vezes (At 3,1.2.3.8. 10).
Parece que o autor quer ressaltar a importância desse lugar. Não é dentro do
Templo que acontece o milagre, mas no espaço que as pessoas impuras —
pobres, doentes, estrangeiros, aleijados — e os animais podiam entrar (At
3,1-10)
As leis da pureza eram fundamentais. A lei do puro e do impuro definia quem
estava mais perto e quem estava mais distante de Deus (Lv 12). Uma pessoa
doente ou com alguma deficiência física era considerada impura por causa de
algum pecado, uma vez que a doença era vista como castigo de Deus (cf. Ex
20,5; Jo 9,2). O simples contato com pessoas ou coisas impuras já era
suficiente para tornar o outro impuro, impedindo-o de participar do culto no
Templo e, consequentemente, da salvação.
Olhar: O olhar não significa simplesmente ver, perceber, enxergar, mas
também tem o sentido de um encontro existencial: Jesus olha para o jovem
rico com amor (Mc 10,21). Olhar com amor significa olhar atentamente, com
afeição e carinho. É acolher. Isso possibilita compartilhar da vivência da outra
ou do outro. É a tentativa de estabelecer relação com quem é olhado. Vamos
lembrar também o olhar de Jesus a Pedro: “Então o Senhor se voltou, e olhou
para Pedro” (Lc 22,61). Esse olhar leva Pedro a tomar consciência de si… E
Pedro chorou amargamente. Em Atos dos Apóstolos podemos ler o encontro
entre Pedro e o aleijado que primeiramente acontece pelo olhar (At 3,4-5),
deparamos também com o olhar de Paulo que recrimina o mago Elimas (At
13,9) e, mais adiante, o olhar de Paulo que cura o homem paralítico (At 14,9).
Olhar e ser olhada(o). No olhar da outra ou do outro nós nos enxergamos.
Como é bom sentir, nos vários olhares que encontramos no dia a dia,
acolhida e ternura. É um afago no coração. Outra maneira eficaz de nos
aproximarmos das pessoas é o falar.
Falar: A palavra tem a força de criar e recriar: “E o Verbo se fez carne e
habitou entre nós” (Jo 1,14). A palavra é sagrada. Assim nossas comunidades
cantam: “Palavra não foi feita para dividir ninguém. Palavra é a ponte onde o
amor vai e vem”. A palavra pode nos aproximar ou nos distanciar das pessoas.
Uma palavra bem-dita é libertadora, abre novas perspectivas e possibilidades.
A palavra pode curar o outro de sua solidão social. A palavra de Jesus é
eficaz, tem o poder de curar e libertar (cf. Mc 1,21-38; 2,5.11). As curas
realizadas por Jesus são a concretização da palavra: “Dize uma só palavra e o
meu empregado ficará curado” (Mt 8,8). Existe uma unidade entre a palavra e
a ação de Jesus: Deus o enviou para anunciar a boa notícia aos pobres:
“Enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação
da vista; para libertar os oprimidos” (Lc 4,18). As comunidades cristãs
assumem a mesma prática de Jesus: Pedro e João se dirigem ao homem
paralítico e Pedro fala: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu lhe
dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareu, levante-se e comece a andar!” (At
3,6). Com essa palavra eficaz, eles evocam a presença de Jesus, reconhecem
que o nome de Jesus tem o milagroso poder de curar. A cura realizada pelos
apóstolos é precedida pelo olhar, falar, tocar… Tocar o corpo da outra, do
outro, é expressão de carinho, confiança, irmandade…
Tocar: Conforme a Lei de Moisés, o simples contato com uma pessoa ou
coisa impura era suficiente para tornar aquela ou aquele que havia tocado
impuro. Jesus, ao tocar as pessoas, rompe com a barreira do puro e impuro
que separava as pessoas. Há, nos Evangelhos, muitos exemplos que mostram
Jesus tocando as pessoas ou sendo tocado por elas (cf. Mc 1,31; 3,10; 5,41;
6,5; 8,22; 9,27; 10,16; Lc 8,54). Ao tocar as pessoas impuras, em vez de Jesus
ficar impuro, ele as tornava puras: “Jesus ficou cheio de ira, estendeu a mão,
tocou nele e disse: ‘Eu quero, fique purificado’” (Mc 1,41). Ou ainda: “Jesus
se afastou com o homem para longe da multidão; em seguida, pôs os dedos no
ouvido do homem, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele” (Mc 7,33).
Jesus, com esses gestos, se aproximava das pessoas, gastava tempo com
elas… Curava da solidão social, restabelecia as relações fraternas da vida na
casa. No livro dos Atos vemos as seguidoras e os seguidores assumindo as
mesmas atitudes de Jesus (cf. At 3,7; 9,41). Os apóstolos rompem a barreira
do puro e do impuro e tocam o homem paralítico, ajudando-o a se levantar.
Levantar: Em geral, a palavra “levantar” refere-se às curas de pessoas
consideradas impuras. A proposta de Jesus é gerar vida nova: ressuscitar.
Quebrar o jugo da Lei que mantém as pessoas escravas, dependentes, passivas
e quase sem vida. Em Cafarnaum, Jesus cura um paralítico: “Levante-se,
pegue a sua cama e vá para a casa” (Mc 2,11). Jesus cura o homem que tinha a
mão atrofiada: “Levante-se e fique no meio” (Mc 3,3). Ele ressuscita a filha
de Jairo: “Jesus pegou a menina pela mão e disse: ‘Menina — eu lhe digo —
levante-se!’” (Mc 5,41). Jesus devolve a essas pessoas a vida social. Levante-
se! Essa ordem é repetida muitas vezes. Em Mc 16,6 encontramos a mesma
palavra para falar da ressurreição de Jesus: “Ele ressuscitou! Ou seja,
levantou! Não está aqui!”. A comunidade cristã é chamada para levantar,
ressuscitar, viver e fazer acontecer a vida nova. No livro dos Atos dos
Apóstolos testemunhamos a comunidade cristã levantando e fazendo outras
pessoas levantarem-se (cf. At 3,7; 10,26; 12,7 etc.). O amor, a solidariedade, o
compromisso com as pessoas tem o milagroso poder de ressuscitá-las e
também de ressuscitar aquela(e) que foi capaz de estender a mão à outra, ao
outro. Como dizia Santo Irineu: “A glória de Deus é a vida do ser humano”.
Olhar, falar, tocar, levantar… Essas atitudes estão muito presentes no
relacionamento de Jesus com as pessoas e nos revelam algo mais da
personalidade de Jesus: um homem que tem sentimentos e sabe expressar sua
afetividade. Uma pessoa que ama e se deixa amar pelas pessoas. Um Jesus
muito mais humano do que, em geral, aquele que nos foi transmitido. As
comunidades cristãs, por volta do ano 85, tentaram vivenciar as mesmas
atitudes de Jesus — um bom exemplo a seguir em nossos trabalhos pastorais:
não ter medo de amar, aproximar, tocar, falar, olhar e olhar de novo…
Novamente volta à nossa mente o olhar do homem que veio ao nosso encontro
pedindo ajuda. Que olhar triste… Um ser humano destituído de sua dignidade,
aí jogado nas ruas, sem eira nem beira. Nessa mesma situação encontram-se
milhares de pessoas. Só no Brasil, calcula-se que 32 milhões vivem na mais
completa pobreza.
Os rostos sofridos são inúmeros: crianças abandonadas, jovens sem trabalho e
sem condições de estudar, menores na prostituição, exploração do trabalho
infantil, desempregados e subempregados, mulheres violentadas dentro de sua
própria casa, muitas mulheres e homens sem-teto, sem-terra, amontoadas(os)
debaixo dos viadutos das grandes cidades, pessoas idosas abandonadas… A
todo momento deparamos com pessoas que contam suas tristes histórias,
inventadas ou não, pouco importa; o fato é que temos seres humanos à nossa
frente sem condições dignas de vida.
Dia a dia cresce o número de paralíticos em nossa sociedade neoliberal e
excludente. Como cristãs e cristãos, seguidoras e seguidores da proposta de
Jesus, o que podemos fazer diante dessa realidade? Muitas vezes nos
encontramos sem perspectivas e paralisadas(os) diante das dificuldades que
vivemos. Não podemos ficar paradas(os)! Como as primeiras comunidades
cristãs, precisamos renovar a certeza de que o poder do amor, traduzido em
gestos concretos, é capaz de ressuscitar a outra ou o outro.
É importante acreditar nos pequenos projetos e somar nossas forças com todos
os grupos que estão lutando em defesa da vida ameaçada. Desenvolver um
olhar amoroso, capaz de restabelecer a igualdade. Ir ao encontro do outro ou
da outra com palavras capazes de reerguê-lo(a). Tocar o outro ou a outra com
nossas mãos, superando as barreiras do individualismo e do egoísmo. “Ouro e
prata não temos”, mas, como continuadoras(es), da prática de Jesus, temos
outra riqueza a partilhar: a herança que ele nos deixou. Que possamos olhar,
falar, tocar, levantar a outra, o outro. Que os nossos gestos possam produzir
sementes de vida nova. Que esta seja a nossa riqueza, o nosso presente para
todas e todos.