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Autores de teologia e religião que a esquerda precisa explorar

Em sua entrevista no programa Roda Viva em ... de 2012 o filósofo e psicanalista Slavoj
Zizek afirmou...

A ideia, pouca ventilada naquela ocasião, receberá do filósofo um desenvolvimento de


fato aprofundado em O Absoluto Frágil, onde, tão ateísta quanto sempre, deixa claro a
importância de costurar-se uma solidariedade revolucionária com todos aqueles
dispostos a lutar por uma sociedade sem classes. Ecoa, assumidamente, uma ideia já
trabalhada por outra lacaniano marxista Alain Badiou – sim, ateu, mas que também
ressalta na obra Paulo a importância do legado cristão para a luta por um mundo justo.
Pouco discutida entre nós fora da Academia, deploravelmente polarizada nas redes
sociais, a relação de crentes e não crentes na esfera política divide o debate imediato
sobre a superação do neofascismo bolsonarista e a pertinência de ouvir-se aqueles
que, baseados na fé, abraçam conosco a agenda de esquerda. Mas para além do
televangelismo de sábados de manhã, o mundo do pensamento produziu intelectuais
brilhantes no campo da teologia, não poucos com reconhecimento de respeitosos
interlocutores seculares. Explora-los, discuti-los, divulga-los para uma elevação do
nível do debate e plena união de esforços, me parece uma necessidade hoje. Tenho
minhas dúvidas quanto à pertinência de um ceticismo estridente de um Richard
Dawkins que em tudo ressoa um fundamentalismo invertido. O que é lamentável, já
que o ceticismo de um David Hume, de um Nietzsche (que também cevou um
reacionarismo medonho) pode muito contribuir para a crítica inteligente da religião.
Más é um bom objetivo conhecer para unir e unir sem converter. A lista é, por óbvio,
não exaustiva, arbitrária, seletiva até a medula mas deixo claro aqui o critério: autores
que não escreveram apenas para seus pares, que dialogam com a modernidade sem
execrá-la, e alguns, inclusive, a subscrevem, como veremos em seguida. Abaixo uma
bibliografia brevemente comentada, de interesse para os que não crêem em Deus,
mas entendem a necessidade da convivência democrática sem a redução do outro ao
mesmo e dos que crêem em Deus, e cansaram de ser confundidos com os malafaias e
felicianos da vida. Nem reacionarismo pseudocristão, nem ateísmo lacrador.
Estudemos mais.

Gianni Vattimo

Hans Kung

Harold Kushner

Harvey Cox

Jean Claude Guillebaud


John Hick

John Shelby Spong

Jon Sobrino

Peter Berger

René Girard

Juan Estrada

Quem sabe a compreensão assim dignamente esclarecida não nos ajude a ensaiar um novo
slogan: A constituição acima de todos. O respeito mútuo acima de tudo. Deus onde cada um
quiser.

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