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A BELEZA QUE HÁ EM MIM

Por onde começar? Mesmo com tanto a dizer me faltam palavras para expressar o que sinto
por meio de um livro. Eu, acostumada que estou com textos e poesias, falas prolixas e sem
compromisso ainda que comprometidas com a verdade. Mas discorrendo solto sobre um tema
qualquer que envolvesse Deus, espiritualidade, beleza ou o sentido da vida... qualquer um
desses me era adequado e transformador. Desde quando? Bom... eu não sei dizer o momento
exato em que me vi como gente e percebi que o mundo era gigante, mas eu estava nele viva e
respirando, fazendo coisas e pensando... Eu me dei conta ser um ser pensante muito, muito
cedo. Tão cedo que já sentia a dor existencial de que mais tarde vir a descobrir ser ideias de
Sartre. De tudo que aprendi durante os anos de minha vida foi que o conhecimento já estava
dentro de mim. De alguma forma quando comecei a estudar livros de psicologia e filosofia já
entrando no início da minha adolescência nada daquilo me era estranho ou indiferente. Era
como se eu tivesse encontrado pessoas que pensassem coisas semelhantes as minhas, como
se estivesse em casa pela primeira vez. Mas não porque eu realmente já tinha pensado tais
ideias, algumas nem tinham me ocorrido até ver escritas nas linhas daqueles papéis. Mas era
como se fosse a única coisa a se pensar, não havia qualquer equívoco de que estavam a dizer
coisas verdadeiras.
A ESTRADA PARA O AMOR

De tanto aceitar migalhas de amor, de amizade... muitas vezes nos colocamos em promoção
na vida. Como se merecêssemos apenas um pouco, mesmo quando nos doamos por completo.
Temos dificuldade até mesmo em reconhecer que o que chega esta pela metade e você por
não se amar por inteiro, não ter amor o suficiente por si, acha que o amor que vem, basta.
Nos nivelamos por baixo e muitas vezes usamos desculpas para aceitar menos. O outro com
todos os seus traumas chega e está em evolução. E você tentando evoluir aceita e desculpa
porque ele está machucado. E você com todas as suas dores vividas, põe elas no bolso e
tentando não projetar em quem chega os medos e anseios daqueles que o fizeram mal, lhe dá
um lugar de honra em seu banquete pessoal. Você aceita que ele não chegue inteiro. A conta
não fecha. E você terá novamente apenas uma parte de alguém. Por se amar tão pouco você
desculpou o que não desculparia de si mesmo. Então... por você se mostrar tão necessitado de
tudo o outro mal te olha, mal te enxerga. E como ele vê que você aceita pouco, nem faz
questão de lhe dedicar por inteiro e tudo que você entregou para um avaliador errado foi
posto no lixo. Você vendeu ouro num mercado de peixes no qual ninguém sabia o verdadeiro
valor. Da próxima vez... porque não se engane sempre haverá uma próxima vez. Deus em sua
infinita misericórdia repetirá a lição quantas vezes forem necessárias até que seja aprendida.
Então... dá próxima vez. Não se doe menos. Mas se doe para você primeiro. Assuma que se dar
inteiro merece inteireza daqueles que chegam. E assuma um preço compatível para seu valor.
Se você dá pérolas aos porcos eles vão comer como lavagem. Mas se você faz um banquete e
convida quem está disposto a sentar a mesa e comer com você trazendo um bom vinho e a
sobremesa. Esse vai apreciar o cardápio. Deus criou o céu e a Terra e viu que tudo era bom. Se
você sabe que você é bom e com certeza você é. Primeiro assuma isso para você. Seja o
primeiro a sentar a sua mesa e apreciar o seu banquete e só permita que se sente ao seu lado
quem realmente estiver disposto a fazer o mesmo.

Então eu quero explicar aqui o que significa estar suficientemente curado para receber e
reconhecer o amor. Dessa vez não falarei de forma poética, por histórias ou parábolas como
normalmente eu gosto de fazer. Mas como Jesus explicava no privado para seus discípulos,
vou tentar de uma forma torta e limitada que eu tenho, explicar o que é curar-se de si mesmo.
Eu falo do amor romântico, da paixão e dos relacionamentos amorosos? Sim, mas não
somente eles, assim serão as amizades e todos os demais relacionamentos. Salvo algumas
particularidades que cada um entenderá conforme a sua história pessoal, o que move nossos
relacionamentos quando não estamos curados são as repetições. E para repetição entenda
como carma ou qualquer outro nome que souber a respeito desse conceito. Mas é fato de que
elas existem e você facilmente pode identificar isso em seus relacionamentos. Vou falar dos
relacionamentos amorosos por ser algo mais proeminente, mas vale para os demais, somente
busque pelas repetições é será fácil compreender o que digo. Mas como carma é uma palavra
que se tornou até popularizada entre entendimentos não espíritas, vou abordar a partir desse
nome. Carma é aprendizado. Tão somente isso. Deus não busca jogar dados com o universo ou
ficar brincando de ferir seus filhos sempre do mesmo jeito. Você quer muito um
homem/mulher com determinadas características na sua vida, companheiro/companheira que
o incentive e caminhe ao seu lado te amando e proporcionando crescimento. É o que todos
queremos. Mas então um relacionamento após o outro você conhece e se apaixona por aquele
cara, aquela mulher... que vai ser diferente. Mas novamente em algum momento você é
traído, algum momento você reconhece que ela assim como as outras só tinham interesse em
explorar, que ele ou ela começa a te oprimir ou ficar obcecado, ciumento, abusivo... Seja qual
for a repetição. Ela volta sempre. E não importa você dizer, nunca mais fico com homem ou
mulher assim, agora eu aprendi. Eu quero outro tipo de pessoa ao meu lado. E você sabe de
cor todas as características que busca em alguém, mas... quando finalmente aquela pessoa
aparece na sua vida. Porque ela vai aparecer. Vai aparecer inúmeras vezes. Mas você não
ficará com ela. Você vai me dizer... não, impossível. Se eu encontrar alguém assim eu me caso
na hora. Não casa não. Você ainda não está pronto para identificar o amor. Lembra do que eu
falei... se você não estiver suficientemente curado de si mesmo o amor vai bater a sua porta e
por você não saber de verdade o que é o amor você não vai reconhecê-lo. Claro, essa é a
forma poética para dizer que essa pessoa aparece e ela não vai te dar o frio na barriga, não vai
te atrair... não vai trazer borboletas para seu estômago. Você até pode achar a pessoa bacana,
legal, mas não “bateu” como dizem por aí. E ela vai embora. E aí você pode me perguntar, mas
devo ficar com essa pessoa caso eu veja que ela tem todas as características mas eu não me
atraí? Claro que não. Porque não tem como pular etapas. É necessário se curar primeiro para
então reconhecer essa pessoa quando ela aparecer e realmente ter o que relacionamento que
se busca com tanto fervor, mas que nunca acontece. E não existe mágica. Técnicas para a
conquista daquele ser amado. Técnicas para mudar a visão de alguém em relação a você e
para se apegar em você... tudo bem, pode até ser que funcione. Eu nunca experimentei algo
do tipo e de verdade, não quero um amor assim para minha vida. Então o que quero? Cuidar
dos meus traumas, das minhas repetições... porque as minhas repetições não falam do outro,
falam de mim. Quando eu digo que Deus em sua infinita misericórdia repetirá a lição quantas
vezes forem necessárias é isso que digo. Por que você atrai um relacionamento abusivo? Por
que você atrai um relacionamento por interesse? Por que você atrai um relacionamento cheio
de ciúmes ou pessoas que acabarão traindo você? É castigo de Deus? Não. De jeito nenhum.
Um pai não colocaria um filho a caminhar antes de ele ter aprendido a engatilhar primeiro.
Então não... você está no processo e terá que passar por todo ele. É carma? Sim... se desejar
chamar dessa forma. Eu gosto de pensar que é a misericórdia de Deus em ação. Imagina se
você tivesse apenas uma possibilidade de aprender a lição na sua vida? Apenas uma vez e você
não conseguisse? O que fazer então? Ser condenado ao fogo do inferno para todo sempre?
Não... Deus não é o carrasco que fica ao seu lado só contabilizando seus erros. Ao contrário,
ele como qualquer bom pai quer ver o filho crescer e florescer em idade, sabedoria e graça.
Então ele sabe até onde seu filho já é capaz de chegar. Não dará lições do segundo ano se a
sua criança ainda não aprendeu as do primeiro. Ele dará novas oportunidades, infinitas
oportunidades para que ela alcance o conhecimento e possa enfim passar de ano. Então... por
mais belo e altruísta que seja você desejar que o seu parceiro mude, mas a mudança das
questões dele, mesmo as que causam sofrimento a você, são questões dele. Não tem uma
relação direta com o seu sofrimento. Tem relação com o seu aprendizado. Você trocará de
parceiro e se não se curou primeiro, a lição vai retornar infinitas vezes se for necessário. Então
você me diz, não quero mais sofrer, vou ficar sozinho. Não quero mais sofrer, preciso ficar com
alguém que não me traia, não abuse dos meus sentimentos, não fique comigo por interesse.
Você está focando no resultado e não na doença. A doença é anterior ao resultado. Diz
respeito a parte que falo que você precisa se curar de si mesmo. Sua alma está gritando dentro
de você que precisa ser vista, que quer vir a tona com a beleza e a intensidade da sua luz. Mas
você só ouve gritos de vozes internas dizendo o quanto você não é bom o suficiente, o quanto
você não é merecedor, o quanto não é amado, o quanto é triste ser você. Então, você tenta
abafar tais vozes, você coloca tantas coisas para que isso não grite mais forte, a música alta, os
filmes, os churrascos, as festas e conversas infinitas regadas a bebida e talvez outras drogas.
Tudo para abafar a verdade dessas vozes que não param de gritar e você não saber o que fazer
com elas. Apenas tenta fingir que não existem. E no meio disso você conhece alguém, que traz
um alivio momentâneo para as vozes, parece até que elas deixaram de existir porque a paixão
tomou conta de todo o seu ser. Nesse meio tempo você começa um novo projeto, um novo
emprego, uma nova amizade e essas coisas todas te trazem um êxtase que abafa aquelas
vozes ensurdecedoras e você segue vivendo feliz até a próxima traição, até a próxima
demissão, até a próxima decepção... até... que você retorne no caminho e comece a ouvir o
que as vozes falam, comece a confrontá-las com a realidade da sua alma e quando você
conseguir chegar ao fundo do seu ser e primeiro, identificar o que te causa tanto medo, você
começa o primeiro estágio da cura de si mesmo. Identificar o medo não é curá-lo. Identificar o
medo é saber exatamente com o que se está lidando. É compreender como aquelas vozes
surgiram dentro de você e então confrontá-las uma a uma. Até que comece a brotar a verdade
do seu ser. A beleza inigualável que existe dentro de cada um de nós. Até que enfim você
aprenda aquela lição. E trazendo não mais uma fantasia, uma máscara de si mesmo. Você
possa ser em essência e então aquela pessoa que você tanto ansiava encontrar chegue e você
a reconheça e a ame como deveria ser. E tendo vencido essa primeira etapa, poderá ingressar
na segunda série onde outros desafios irão novamente mobilizá-lo para curas mais sutis... e
assim você irá evoluindo. Não existe outro caminho. O caminho que você busca, por mais que
você queira teimar em não olhar, é o caminho de dentro. Esse é o caminho que nos conecta e
nos une a Deus e a toda a sua criação. E só ele pode trazer o amor de volta. Não em 3 dias, ou
em 7 dias, ou em 10 dias... ele pode trazer o amor de volta para a eternidade.
O SENTIDO DA VIDA

E então em um dia qualquer o amor acontece e por não vir cravejado de diamantes e luzes
você as vezes nem o percebe. Porque amor de verdade, por sua precariedade, ao menos no
plano onde vivemos, não vem com o felizes para sempre. Ao contrário, ele aparece e nos exige
tantas renúncias... mas equivocadamente renunciamos muitas vezes as coisas erradas para
vivê-lo. Porque amor de verdade não é perfeito, a perfeição está em querer demonstrar todos
os dias de forma consciente a melhor versão de si mesmo. Amor de verdade é um amor
consciente, por isso dá trabalho. A vida de hoje nos exige uma dinâmica e rotina que nos faz
automatizar tudo para corrermos com os dias e as horas. Mas para o amor não funciona assim.
Coloca ele no automático e você o perde. Amor de verdade é sempre um aspirante a motorista
que precisa pensar a cada ação, para que o carro se ponha em movimento. Amor de verdade
dá trabalho, exige esforço, exige a renúncia da preguiça do pensar o si mesmo e o outro
sempre e todos os dias... e assim precário que é o nosso amor, ele pode ser divino, por nunca
se esquivar de ser todo ele em sua inteireza e plenitude. Ser sempre um pouco mais a cada
dia. Não ser tudo, mas fazer-se santo na busca incessante de sua melhor versão.

Qual é o sentido da vida? A pergunta fundamental e primeira que deveríamos ora ou outra nos
confrontarmos com ela para sabermos estar no caminho certo. E nela está implícita outra
pergunta ainda mais fundamental que deve ser respondida todos os dias. Qual o sentido da
sua vida, da minha vida? O sentido da vida é a evolução. E aqui começamos a trilhar por uma
estrada que nos leva novamente ao capítulo anterior: o Carma. Muitas vezes ficamos uma vida
brigando e lamentando os nossos carmas que esquecemos que eles são apenas coadjuvantes
no teatro da existência. E se eles são apenas o papel de apoio, quem afinal é o protagonista da
nossa história, da história de todos nós? Continuando na mesma linha que venho empregando,
falaremos então de Darma. Uma palavra bem menos usual e garanto que pouco conhecidas
entre os meios desatentos. Porém, Darma e Carma são partes de uma mesma realidade.
Enquanto o Carma é a misericórdia de Deus em ação, nos levando inexoravelmente a evolução
o Darma é a própria evolução, ou seja, a viga mestra de nossa jornada na Terra. Quando você
responde à pergunta: Para que você está nesse mundo? Qual a sua missão nessa Terra? O que
Deus quer de você? Qual o propósito primordial de sua existência? Você está falando em
Darma: o sentido da vida. Aquele caminho que você pode fugir, mas em algum momento terá
de retornar e dizer... é para isso que estou aqui então não vou me furtar de fazer o que vim
fazer nessa Terra. A missão que Deus me confiou. Os talentos que ele me entregou para que
eu os multiplicasse. O Darma é a forma que Deus tem de dizer... ok, você tem muito que
aprender ainda, seus Carmas podem te ajudar na escola da vida. Mas não foi só para vencer
desafios que te coloquei nesse mundo. Você também já tem coisas maravilhosas que precisam
ser partilhadas para o bem comum e o desenvolvimento de seu ser em essência e graça.
Então... no fim das contas nossos Carmas estão também em serviço do Darma e em última
instância: a serviço de Deus. A lei da vida é: aprender, transmutar, compartilhar e seguir. Todo
Carma vencido se transforma em bençãos compartilhadas... se assim não for o sentido da vida
não se concretiza. Porque não evoluímos somente para nós mesmos. A evolução é um mistério
concreto individual e coletivo. Porque em última instância tudo já nos foi dado e somos todos
irmãos e centelhas de Deus. Em todas as nossas células existe a informação de todo o universo
e toda a história da humanidade. Em apenas uma célula temos tudo que precisamos para
sermos Deus em potencial. E isso não é Heresia porque o próprio Deus nos chamou a
santidade, nos disse que somos a sua menor parte. Então se somos parte de Deus, somos
todos Deuses em potencial. Porque tudo nos foi dado, porém não atingimos a sabedoria se
não trilharmos todo o caminho do aprendizado. E essa máxima do sentido da vida serve para
tudo. Porque o universo está em evolução. Mesmo aqueles que não acreditam em Deus, não
sejam cristãos ou não comungam a mesma fé podem compreender isso que digo. A cada um à
sua verdade. A cada um que busca, aprende, cresce e evolui um pouco mais todos os dias. E
ninguém pode ser furtar de cumprir a sua missão. E por missão podemos entender qualquer
palavra que caiba em fazer o que o teu coração pede que seja feito por você e pelo mundo.
Hoje em dia existe muita falta de sentido para a vida porque as pessoas deixaram de pensar o
que o coração delas tem pedido e como essa ausência é preenchida desde muito cedo por
tantas distrações, coisas materiais, festas, riquezas, prazeres tudo em função de nos
auxiliarmos a superar nossos carmas que aprendemos que o sentido da vida é vencer os
desafios e conquistar espaço. Conquistamos riquezas, amigos, seguidores e isso parece ter o
fim em si mesmo e não nos damos conta do que está como plano de fundo de tudo isso. E nos
sentimos vazios a cada conquista. Porque estamos conquistando pelos motivos errados.
Conquistamos tudo... até os corações alheios pelos motivos errados.
Eu gosto de pedalar. Não curto academia e dançar me traz uma sensação inigualável de leveza.
Porém, desde que vim morar nessa cidade linda a beira mar eu tenho encontrado um prazer
cada vez maior em pedalar ao lado das águas. O motivo é simples e ao mesmo tempo
profundo. Pedalar virou minha maior e melhor oração. Pedalar me aproxima de Deus. E eu
estando aqui depois de ir e vir, decidi parar e compartilhar o que ocorre em meu interior...
CONTINUA NOS COMENTÁRIOS DA PUBLICAÇÃO.

Gosto de falar sobre espiritualidade. Sobre o sentido da vida. E acho necessário e justo
pensarmos com a mesma seriedade a vida e a morte.

Então temos Deus... o grande mistério, um reservatório de energia e criação que não
conseguimos definir senão por sentimentos e palavras, ora ineficientes para abarcar tudo que
realmente é. Por isso Jesus foi tão certo e profundo em afirmar: Eu sou. E para explicar apenas
disse: Eu Sou aquele que Sou. E sendo tudo... Deus está na vida tanto quanto está na morte. E
fiquei pensando sobre a máxima: e se soubermos que vamos morrer daqui a 30 minutos, daqui
a 3 dias, daqui a 4 semanas? O que de verdade faríamos? Quais escolhas seriam significativas
para nós? Com quem decidiríamos gastar nosso tempo restante? Essa é uma pergunta clichê e
até retórica porque todos nós nos fazemos até em rodas de amigos. Elas correm nas redes
sociais e procuram nos ensinar algo sobre como vivemos.

Enfim... estamos vivendo períodos distintos em termos globais. Guerras acontecem em uma
parte do mundo, fome, tragédias ambientais e Carnaval em outras tantas partes. Será que
existe equívoco em tudo isso? Claro, uma guerra nunca é benéfica. É a ignorância da
humanidade.

Porém... vamos pensar na ideia de saber-se a beira da morte. Porque quando vamos para uma
guerra a certeza maior é de que não voltaremos vivos. Ao menos não para essa vida. Qual é a
sensação daquele que tem a certeza de que vai morrer? Que tem os dias abreviados pela
notícia da morte iminente?

Será isso uma maldição como muitos querem crer? Ou podemos supor que é uma benção
disfarçada? O sentido da vida é evoluir... Então tudo que existe ao nosso redor. Toda a Matrix
da vida está a serviço da evolução coletiva e individual.

Deste modo, saber-se morrendo não será, ao contrário do que muitos pensam, uma benção?
Deus em sua infinita misericórdia diz a você... Ei... seu tempo na Terra está acabando. Não está
na hora de viver melhor? E aí começam duas forças dentro de você. Se o medo vence, o
aprendizado é perdido. Mas se para além do medo você valorizar e ressignificar sua história,
ressignificar a vida, as emoções e o que realmente há de valor no mundo. Você terá ganho um
presente que não é dado para qualquer um. Saber-se morrendo muda definitivamente o olhar.
Mas e a guerra? E o que nos abrevia de forma estúpida? Ainda assim será benção saber-se
morrer, não para todos, para quem tiver olhos de ver. Não podemos calcular as privações, a
ansiedade, as confusões mentais e o medo. Mas não existe equívoco. Ele foi para guerra e
você não foi? Essa não é a sua lição. Concentre-se na sua lição no seu porquê de estar vivo.
Talvez para você "restou" o Carnaval. Ok... existe lições por todas as partes para quem deseja
ver.

Sabe o filme tão comentado no passado: "Titanic". Uma linda história de amor. A dinâmica
desigual entre ricos e pobres, a soberba de se achar invencível aos olhos de Deus, o dinheiro
querendo comprar a vida, um lugar... muitas lições para aprendermos. Mas essa, para mim,
não foi a maior. A lição ímpar do filme foram os músicos que ao saberem-se a beira da morte
continuaram tocando. Continuaram fazendo o que faziam de melhor.

Então voltemos a ideia de sabermos morrendo. Todos sabermos finitos. Poucos tem a
oportunidade de saber-se morrendo. Mas aquela pessoa no auge dos seus 30, 40 e poucos
anos que dormiu e acordou... e fez planos para aquela semana, para aquele dia, para a
próxima hora e não chegou até lá. Um acidente de carro, um infarto fulminante, uma queda
abrupta e você não chega no próximo minuto. Esses todos, nem imaginavam que “o fim”
estaria tão próximo. Será que deu tempo de ressignificar? Será que conseguiram passar a
limpo e voltar-se para a vida em plenitude? Não podemos saber... cada pessoa é um mundo e
tudo que vemos são apenas sombras da realidade última de cada ser.

Porém, se a pessoa soubesse que iria morrer. Nesses casos saber-se morrendo poderia ser
uma grande benção para quem soubesse aproveitar. Porém, você não sabe se não está
morrendo. Vivemos como se não estivéssemos, mas você tem certeza disso? Porque a moral
da história é exatamente essa. Pode não ser em uma hora, um dia ou um mês... alguns anos
talvez. Mas todos nós estamos morrendo. Morremos todos os dias em inúmeros aspectos, mas
não é disso que estou falando... Todos estamos morrendo literalmente, só não temos uma
data marcada. E se sabemos que a morte é iminente porque não ressignificamos a nossa vida?
Mudar tudo agora mesmo? Por que não escolhemos diferente? Por que não escolhemos
melhor? E qual é a melhor escolha para a vida? Para quem sabe-se finito, para quem sabe-se
morrendo? Viver o seu melhor. Fazer o seu melhor. Tornar-se a sua melhor versão. Deixar
morrer o que não serve mais e abrir espaço para o renascimento.

Só saberemos de verdade que estamos fazendo as melhores escolhas e nos tornando nossa
melhor versão quando perguntarem: O que você gostaria de estar fazendo agora se soubesse
que morreria daqui alguns minutos? E você dissesse... Eu gostaria de continuar aqui tocando a
minha música até a morte. Fazendo o que sei fazer de melhor. E então em paz e certo de que
você amou tudo que podia amar, disse todos os “Eu te amos possíveis”, deu todos os abraços e
permitiu mergulhar fundo na vida de todos que passaram ao seu redor, você estará livre para
morrer em qualquer lugar. Morrer com qualquer pessoa e fazendo o que quer que esteja
fazendo. Porque você se saberá inteiro e saberá que os que ficam ficarão com a sua melhor
parte, não importando se não te verão mais.
Nós cristãos temos um hábito de querer ser servo e instrumento de Deus na Terra. Não, pera...
não somente nós cristãos, todas as pessoas que se dizem espiritualizadas, que praticam uma
filosofia ou querem ser pessoas de bem gostam de ser reconhecidos como tais. Ou seja, como
pessoas boas, confiáveis e evoluídas. Após experimentarmos o mel da vida, o êxtase da
comunhão em Deus, nessa energia potente e criadora, ninguém mais quer dar um passo atrás.
Mas existe um equívoco nisso tudo. Ter experimentado algo não quer dizer estar
constantemente envolvido por esse algo. Se assim não fosse, já estaríamos "pulando de nuvem
em nuvem" com Deus. Não. Ainda estamos aqui. E tenho certeza que vocês sabem tão bem
quanto eu que as pessoas mais evoluídas já não estão mais nesse plano. Salvo alguns poucos
anjos que realmente dedicaram a sua vida pela humanidade e esses, vocês também sabem,
são a exceção e não a regra.

Então vamos nos concentrar em nós mesmos, meros mortais, humanos, demasiadamente
humanos. Se você está aqui comigo é porque precisa aprender muito ainda. Então deixemos
de hipocrisia e admitamos ainda não termos chegado lá. Ou você imagina que toda inveja,
soberba, ganância, orgulho e medo que você sentia antes, deixaram de existir porque você
resolveu que será alguém melhor? Na, na, na... estão todos aí. Te acompanharam junto com a
mudança de olhar. Mas então não vale a pena mudar, escolher melhor, buscar a sua melhor
versão todos os dias? É claro que vale. Mas se você incorrer no erro de achar que todas essas
emoções e sentimentos ficaram para traz, você terá dois tantos de caminho a percorrer. E o
primeiro é o que leva a todas esses sentimentos tão pouco nobres que existe dentro de você.
Dentro de mim...

Mas veja! Se você trilhou esse caminho até as profundezas de suas sombras, já está um
degrauzinho acima. Já pode se concentrar em perceber diariamente todas as vezes que você
ainda não conseguiu ser santo. Não conseguiu realmente estar nos sentimentos mais elevados.
Saber identificar onde você constantemente erra, qual desses vícios sentimentais é o seu
calcanhar de Aquiles e mais ainda ver como você caiu nele novamente por causa que ele veio
todo bonitinho disfarçado de bondade, esse é o nosso maior aprendizado. Talvez o único nessa
Terra afim de realmente chegarmos na nossa melhor versão. Porque se você identificar
quando ocorre e quais as inúmeras formas que uma mesma dificuldade se mostra para você.
Poderá sim escolher não cometer o mesmo erro. Você ainda não tem isso de forma plena em
você. O impulso, o vício, permanecem, mas você escolhe não fazer.

Pensemos na ideia de sermos instrumentos de Deus. Todos nós gostamos de nos imaginar
sendo o próprio Anjo Gabriel enviado por Deus para Maria para anunciar a boa nova. Só que
no caso fazemos isso com nossos irmãos, vizinhos e amigos e até desconhecidos. Pronto.
Acabou o aprendizado. Nossa recompensa já foi ganha só por termos acreditado que estamos
realmente fazendo algo pelo outro de relevante.

Você já percebeu que Deus te usa como instrumento somente quando você está distraído?
Como distraído? Eu explico. Quando você não tem a menor intenção de ajudar aquela pessoa.
Quando você as vezes nem percebe que deliberadamente ajudou. Ali é Deus em ação. A
maioria das outras vezes, senão todas, é apenas o seu ego falando para você o quanto você é
bom. É o orgulho, a vaidade, travestidos em roupagem espiritual e religiosa nos trazendo a
lição que precisamos aprender. Porque ajuda de verdade só acontece quando de fato você não
"ganha" nada com isso. E vamos combinar que ajudar o outro por si só nos coloca numa
posição de superioridade. Eu já sou tão bom que posso até doar de mim para o outro. E você é
tão pobre que precisa que eu esteja aqui como um verdadeiro super-herói para te socorrer em
suas mazelas.
Não. Isso não é caridade. Isso não é amor. Isso somos nós em construção da nossa melhor
versão. Mas com uma imagem torta. Achando que porque ingressamos no primeiro ano da
escola das energias espirituais já podemos até andar sobre as águas. Ou estando no primeiro
ano para ser alfabetizado por Deus, crer que já podemos resolver a fórmula de baskara.

Mas então não tem jeito? Vamos errar sempre? Primeiro, nenhuma lição é perdida. Mas
precisamos ter coragem na vida para admitir que estamos muito aquém do final dessa jornada.
Se identificarmos nossos vícios, poderemos aí sim lidar com eles. Quanto ao erro, não se
preocupe. Já disse para vocês antes: Deus sendo tão imenso, uma energia tão vastamente
desconhecida está em tudo, e estará em seu erro também. Como assim? Deus está no meu
erro? Sim... e no seu acerto também. No seu acerto ele está quando você faz algo lindo e
maravilhoso para você e para o mundo sem nem perceber que fez porque já é você, já está em
você. A sensação que vem é de uma plenitude imensa. Leveza... sem nenhum desejo, sem
nenhum pensamento. Quase uma brisa que passa por você que de tão conhecida você só
sente sua respiração leve.

Agora o erro. Seja ele deliberado ou camuflado de bondade te trazem sentimentos diferentes.
O primeiro, pode trazer ansiedade, angústia, medo; o segundo uma sensação de poder, de
orgulho, de vaidade e até de superioridade. Mas Deus está nisso também. Lembra da máxima:
Deus irá, em sua infinita misericórdia, repetir a lição quantas vezes forem necessárias até que
você tenha aprendido. Quando você acerta Deus é aquele que mantém, aquele que diz: Isso!!!
Esse é o meu (minha) garoto (a). Quando você erra ele é o que esgota, o que vai mostrar em
200 roupagens diferentes o mesmo vício até que você olhe e diga: Tá, tá... já entendi, pode
parar de fantasiar isso de tudo quanto é coisa.

Deste modo Deus, sempre te escolhe, em todos os momentos. Na maioria das vezes como
instrumento para você mesmo. Mas em alguns poucos momentos, quando você se encontra
um pouco distraído, você produz o milagre e pode ser que nunca você venha a ter
conhecimento disso. Afinal, a mão direita sua não precisa saber o que a esquerda de Deus está
fazendo.

Então alguns desavisados podem imaginar que não vale a pena fazer as "boas ações
disfarçadas". Não pense uma coisa dessas! Sempre vale a pena qualquer coisa que contribua
ao bem. E afinal, se você ficar se escondendo para não mostrar suas fragilidades? Como
poderá aprender então? Já disse, as lições nunca são perdidas. E existe um segredinho nisso
tudo. O fluxo da vida, Deus... enfim... vou chamar de Deus que me soa mais familiar. Deus é
bem sapeca nesse aspecto, porque as vezes você está lá fazendo uma boa ação disfarçada e se
distrai um pouquinho fazendo outra legítima. E o milagre acontece e você nem percebe. E
então, você ajuda sim o outro, não necessariamente com o que acha que ajudou, mas talvez
com algo que você nem saiba. E assim, praticando o bem que vem com o disfarce das nossas
fragilidades, você vai se tornando aquilo que pratica, aos poucos, em conta gotas. Mas vamos
combinar que para ter excelência em qualquer prática na vida, precisamos de muito, muito
treino. E... Deus sabe disso.

Temos que ter paciência e persistência se quisermos extrair o melhor de nós e o melhor da
vida. Uma planta acometida pela doença que teve todas as suas folhas arrancadas, com
cuidado, carinho e tratamento pouco a pouco volta a trazer folhas, agora saudáveis. Na
pedalada nossa de cada dia... hoje não tem foto do mar. Mas tem reflexões... vou publicar no
face para ficar um texto corrido. Dão uma olhada lá...
MEDO

Vamos falar sobre o Medo. Poderia abordar o medo sob diversos aspectos, mas quero me
aventurar a dizer que qualquer medo provem de um original, o mais arcaico... o medo de ficar
sozinho. E com isso vem a ideia de não ser amado, não ser querido, não ser importante ou
significativo para alguém ou para o mundo.

E medo existe porque ainda somos todos “homens de pouca fé”, como diria Jesus em seu
evangelho. E por fé eu não falo apenas na ideia de algo religioso e espiritual, mas a fé por
princípio passa pela confiança. A confiança que temos em nós mesmos e, naqueles que nos
deram a vida. Sim... a fé é o prenúncio do amor que tivemos ou não tivemos desde o momento
da nossa concepção. Se fomos suficientemente amados e validados em nossa forma de ser e
de agir, pressupondo uma educação bem equilibrada, nos tornaremos adultos fortalecidos em
nosso sentido de ser, em nossa fé em nós mesmos. E isso facilitará a construção de uma fé na
vida, nos outros e em Deus de forma bem mais eficiente.

Porém, a grande verdade é que uma boa parte de todos nós tivemos experiências pouco
engrandecedoras e capazes de nos validar como pessoas dignas de amor. Não me levem a mal
não estou dizendo que nossos pais foram péssimos e que não nos amaram como puderam ou
souberam... É, na verdade, como nós significamos dentro o que aconteceu do lado de fora.
Estou dizendo que por não terem sido validados por seus próprios pais e estes por seus... uma
grande bola de neve tem se formado e se acumulado geração após geração. Porque como
sabemos, ninguém dá, o que não tem.

Pois bem... não tivemos essa educação e, por consequência, a grande maioria de nós tem
dificuldade em ficar só, porque se sente solitário. Aqui tem uma distinção básica desse
conceito. Estar só, não é estar solitário. Mas sim, você pode estar com muita gente e se sentir
solitário e estar sozinho e se sentir inteiro, preenchido. Mas, devido ao medo, você pode se
sentir imensamente solitário quando se vê sozinho. Nesse caso, você precisa
desesperadamente retirar o desconforto que te assola a alma nesse momento. E você procura
preencher ele o mais rapidamente que puder. De que forma? As mais usuais são com coisas ou
pessoas.

Vamos falar sobre a segunda. Você terminou um relacionamento. Está solteiro, vulgo:
“sozinho”. E por algo dentro de você gritar a plenos pulmões: Ei... vai ser isso mesmo, você vai
morrer sozinho, você não é bom o suficiente, você não é digno de ter amor e ser feliz. Então
você vai “a caça” você precisa preencher esse lugar seja como for. Então você conhece alguém
que julga ser o cara, a guria ideal. E precisa conquistar aquela pessoa. Eu ando bem
impressionada com a quantidade de anúncios que dizem trazer o amor de volta, fazer a pessoa
se apaixonar por você, ficar louco e obcecado, obcecada... isso me chamou tanta atenção que
quis saber que técnicas são essas. Que frases são essas que fazem um homem ou uma mulher
sair da zona do: não estou interessado, para a zona do: estou louco por você. E eu, bem
descrédula dessas fórmulas mágicas, quis saber se fazia algum sentido. Bom, são muitas as
pessoas a oferecerem esse tipo de serviço. Não podia ser algo tão absurdo. Sabem o que eu
conclui? Funciona sim, com toda certeza deve funcionar. Eu não testei, nem vou... mas com
toda certeza funciona. Sabem porquê? Porque quando falamos para o outro exatamente o que
ele quer ouvir, criamos uma zona de aproximação.
Essas técnicas nos dizem: diga ao homem que você se sente protegida ao seu lado, crie
mistério com suas palavras, nunca diga tudo. E, normalmente, o mistério é criado com coisas
que causam um certo desconforto no outro. “Eu gostei de estar com você, mas senti algo
estranho” E depois você simplesmente não esclarece. Claro, o outro que teve a mesma
infância que você, se sente tão pouco amado e validado que vai sim querer saber o que há de
errado. Você garante um novo encontro. Um interesse no que você tem a dizer sobre... “Valide
o quanto o trabalho que ele faz, a forma como age é importante para você”. Todos queremos
ser validados em quem somos. Mas existe sim no homem um instinto bem antigo (nas
mulheres também). Quando dizem o homem precisa se sentir um herói, isso nada mais é do
que um instinto arcaico de proteger a tribo, a aldeia, a família, dos ataques externos. Ainda
que hoje os perigos não sejam os mesmos, homens e mulheres têm dentro de si as
características básicas da época das cavernas, dos nossos ancestrais mais remotos. A mulher é
a cuidadora, a reconciliadora e o homem o protetor, o provedor, “o macho alfa”. Se
passarmos a vida sem um olhar para dentro de nós mesmos, sem o devido cuidado e atenção
aos nossos medos mais primitivos, isso vai com certeza reagir na sua vida e quiçá comanda-la.

É preciso ser assim? Claro que não. Quem protege também precisa ser protegido. Quem cuida,
também precisa ser cuidado. Mas isso só vai ocorrer se estes dois estiverem em um outro
caminho de encontro. E, pasmem, o caminho do encontro é o de estar só. Somente quando
você estiver só o suficiente e trouxer para a sala de estar essas agonias e conseguir nomeá-las
uma a uma, você poderá lidar com o medo e ultrapassá-lo. E aí então, construir um
relacionamento não baseado em instintos primitivos mas em uma sabedoria, uma consciência
evoluída de si mesmo onde o masculino e feminino, essas duas energias poderosas bailam
diante de vocês e, assim consigam morar um dentro do outro se revezando e se alimentando
de verdades e não mais das fragilidades mal trabalhadas de cada um.

Eu acredito piamente que se eu jogar o jogo das palavras certas eu venço a partida. Você
também. Terá vários homens e mulheres interessadas em você para massagear sua vaidade. E
a vaidade é um ótimo tapa buraco do medo. Mas e aí? Você trouxe “o amor”. Aquele ser tão
alquebrado quanto você? O que você faz em seguida? Vai alimentar a vaidade do outro
eternamente? Quando você poderá trazer a relação para um nível mais real e profundo? Ou
vai querer se fantasiar eternamente como a mulher frágil que carece de um super-herói para
resgata-la? Ou vai querer ser eternamente o provedor e a pessoa que não necessita de
proteção e nem ser ouvido em suas fragilidades porque o macho alfa não chora? Se é isso que
desejam...

Mas se desejarem construir algo diferente e parar de reproduzir para as próximas gerações e
para si mesmos as ausências e a falta de amor e reconhecimento, fique só um tempo mais.
Mas fique só mesmo. Porque não ter alguém. Decidir não se envolver porque se acha
machucado ou desiludido ou com medo de dar errado novamente não é ficar só. Porque
nesses casos, as pessoas normalmente preenchem suas agonias nunca ficando sozinhas. Para
elas estar sozinhas em casa ou em qualquer lugar que não tenha um barulho externo para
abafar a algazarra interna, é aterrorizante. Mas, se não formos capazes de fazer esse exercício,
esse enfrentamento, jamais poderemos quebrar o ciclo das repetições dos relacionamentos
que se formam pelos motivos errados. Relacionamentos que unem duas pessoas alquebradas
que irão educar outras pessoas inseguras e com uma falta de confiança em si mesmas e, por
consequência, capazes de fazer qualquer coisa para se sentirem minimamente amadas e
reconhecidas.
De minha parte eu dispenso qualquer relacionamento assim. Já chega disso! E acho que vocês
também deveriam fazer o mesmo... Deus nos criou em toda sua grandiosidade para sermos
grandes e fecundos. Mas fecundos de dentro para fora. Que a fecundidade que há em mim
saúda a fecundidade que há em você e assim possamos compartilhar sem reservas nossas
vitórias e nossas derrotas. O interior de uma pessoa já é por demais misterioso para que ela
precise encenar mais mistério para conquistar um coração alheio. A vida já traz suas
sincronicidades e suas intuições que são por demais mágicas e misteriosas para precisarmos
acariciar egos imaturos sedentos de aprovação e validação de quem são.

Nós já fomos validados. Nós já fomos escolhidos. Sabe aquela frase: Deus te amou primeiro?
Ok... se nossos pais não conseguiram nos dar essa confiança e os deles também e também e
também os de antes... Tá tudo certo. Mas isso pode parar agora, isso pode parar aqui com
você. Porque agora você já pode fazer diferente. Sabe ser necessário olhar para o que te aflige,
o que te agonia e poderá, ao perceber a verdade de si, descobrir que o medo não passava de
uma ilusão.

Você já nasceu merecedor. Você já nasceu escolhido e amado e bem cuidado e admirado e
protegido e incrivelmente perfeito. E quando você descobrir que apenas é... não precisará da
validação de mais ninguém. Seguirá sozinho, sem necessidade de aplausos ou reforços. Irá ser
o seu próprio observador galgando os degraus da santidade já existente em potencial dentro
de todos nós. E assim desejará ter ao seu lado, como amigos e como companheiro,
companheira de jornada alguém não igual a você, mas que esteja buscando o mesmo. Romper
com o ciclo das não validações e construir relações baseadas na verdade da consciência e não
nos instintos do medo. Isso é o que todos nós deveríamos querer para nossas vidas no dia de
hoje.
Como sabemos o momento certo de nos retirarmos da vida de alguém? Ou retirarmos
alguém da nossa vida? Pode parecer a mesma coisa, porém não é...
Retirar alguém da sua vida é quando esse alguém quer ficar nela, mas por algum motivo não
lhe faz bem essa convivência. Agora, retirar-se da vida do outro é quando você deseja estar
na vida de alguém, porém não existe reciprocidade nessa relação.
A primeira situação, ainda que desconfortável, é mais fácil de ser identificada, já que você
se sente extremamente incomodado com a presença do outro. Pode ser um caso de relação
tóxica e abusiva. A segunda situação é um pouco mais complicada porque envolve um
sentimento, que embora tóxico, é ainda mais vicioso. Porque você encontra-se apaixonado
pelo que você imagina ser o outro. E idealiza um relacionamento que, de fato, não existe. E
pode ser um relacionamento romântico ou mesmo de amizade. Apaixonar-se também é um
ato frequente entre amigos. E o ato de estar apaixonado, como bem sabemos, entorpece
nossos sentidos e temos muita dificuldade em perceber que o outro não faz tanta questão em
nos ter em sua vida. Num mundo de mensagens instantâneas em que o frenesi nos move
ansiosamente pelos risquinhos que enxergamos na telinha, podemos pensar um pouco a
partir dessa situação. Claro que entre uma mensagem ser entregue, ser lida e ser respondida
existe inúmeras nuances de comportamentos e motivos para estender o tempo de espera do
outro. Mas, salvo as questões que deve-se ter bom senso e maturidade para enxergar que o
outro não está a sua disposição para responder os seus anseios tão rapidamente quanto você
gostaria. Podemos ter sim alguns indicativos para iniciarmos o raciocínio. Se você recebe
uma mensagem de sua mãe, de seu pai... a tendência é que você olhe com rapidez e
responda tão log tenha um tempo. Se a mensagem vier da escola do seu filho, talvez você
responda ainda mais rápido do que a anterior... vai depender do teor da mesma. Se for do
seu marido, do seu filho, do seu irmão... todas essas pessoas significativas para você. Você
tende a responder rapidamente.
Então quer dizer que se alguém não me responde tão logo eu escrevo é porque não sou
significativo para ele? Aí devemos analisar o contexto do outro. Mas, isso pode ser um
indicativo de que você não esteja na lista de prioridades dessa pessoa. E está tudo bem.
Todos nós temos uma lista de prioridades ainda que não deixemos ela explícita. E não é
nada para você se envergonhar ou se ressentir, pois você pode estar entre os últimos da lista
de alguém que você considera ou queria perto de você. Mas, com certeza, deve ter colocado
para o final pessoas que gostariam de estar no topo da sua. Isso é um direito inalienável de
todos de fazerem escolhas sobre quem vai ocupar os melhores lugares em suas vidas... então
vocês podem me perguntar: E para que ser essa análise dos risquinhos entre o envio e a
resposta? Com certeza não é para gerar ansiedade. Mas para você ser honesto consigo
mesmo e com o outro e parar de forçar o outro a te dar o que ele deliberadamente não quer.
Não que os risquinhos e as respostas sejam o único sinal. Bem da verdade esse
provavelmente deve ser um dos últimos. Quando chegamos nesse nível, com certeza já
havia um painel luminoso com muitos outros motivos ofuscando sua visão e você se negou
a enxergar. Claro, não leve os risquinhos tão a sério em todas as situações. Tenha
parcimônia e não seja a criança birrenta querendo a atenção do outro a todo custo. Existe
um zilhão de motivos para uma não resposta. Mas se pergunte: Você tem se esforçado
demais para estar no topo da lista de alguém? Você sendo um delicioso morango está
constantemente se fantasiando de banana só para ver se consegue atrair o olhar de alguém?
Se a resposta for sim, arrume a sua mala, junte seus pertences e vá embora da vida dessa
pessoa. É o momento de partir. E se você tiver amor o suficiente com o que se amar, se
você procurar dentro de si, vai perceber que ser um morango é a melhor coisa que podia ter
acontecido na sua vida. Porque é a sua essência. E não demorará muito para que pessoas
que adorem morangos se aproximem de você. Não que ser banana seja ruim. Ruim é gastar
energia sendo o que você não é para agradar quem não quer ser agradado por você.
E enquanto isso pessoas saem o tempo todo de sua vida porque procuram por morangos e só
enxergam você a fantasia que você vestiu de banana. Então... quando você sentir que não é
prioridade: não xingue, não rejeite, não despreze, apenas retire-se. Vá buscar ficar ao lado
daqueles que te colocam no topo da lista. Porque até mesmo Jesus com todo o seu amor e
toda a sua bondade, nunca fez um milagre sequer sem a fé de quem recebia. Relacionar-se
pressupõe reciprocidade. Porque amor que não é recíproco morri sim de inanição. Não
pense romanticamente que amor de verdade não morre. Morre sim. Porque o amor de
verdade é construído nas pequenas gentilezas e atitudes diárias de um relacionamento. E se
leva tempo para ser construído, se não for regado, tal qual uma planta sem luz e sem água,
definha até morrer.
Em qual momento aprendemos a desprezar o diferente? Hoje comecei a pensar sobre uma
história que tomei conhecimento no início desse ano. A mãe foi chamada na escola porque o
seu filho tinha tirado o lanche de um amiguinho para dividir com outro que não tinha.
Aparentemente essa história poderia parecer apenas uma “traquinagem” infantil. Mas toda
vez que penso sobre isso me emociono. Porque aquela criança que fazia as vezes de Robin
Hood não perguntou para o amigo desprovido de lanche se ele pertencia a mesma religião, se
era da mesma classe social, se possuía as mesmas ideias sobre as brincadeiras, se era da
mesma cor de pele ou se pertencia ao mesmo núcleo que o seu. Não. A criança só identificou
que aquele outro ser humano merecia todo respeito e dignidade de ter um lanche como
qualquer amiguinho. Essa história me foi contada pelo adulto que viveu tal episódio. Também
esse adulto não fez referência a qualquer uma dessas características para explicar os fatos.
Porque não importa. O importante aqui é a ideia primeira de que em algum momento o outro
deixa de ser um igual para ser um diferente, ser alguém mal visto, ser alguém não pertencente
ao meu modo de ver e pensar a vida.

Aqui eu gostaria de refletir sobre esses dois aspectos do ser. Sobre o outro que é tão diferente,
mas tão igual e também sobre o papel que assumimos na vida entre vilões e mocinhos,
protagonistas e antagonistas, como prefiro me referir.

Primeiro quero entender a ideia desse diferente. É corriqueira as imagens de pessoas


radiografadas, mostrando os seus esqueletos e refletindo que pela foto não podemos
identificar em absoluto de quem se trata. Qual cor de pele, qual sexo, qual classe social, qual
religião, qual personalidade... não é possível identificar porquanto somos todos pele e ossos.
Então a ideia do preconceito sempre me pareceu por demais ilógica. Essa construção social tão
bem arquitetada que transforma iguais em diferentes e depois disso em estranhos e depois
disso em rivais e depois disso em medo, em antipatia, em fobias e ódio... ela aparece de forma
subliminar e nem sequer nos damos conta do quanto se alastra nos meandros de nossos
próprios pensamentos disfarçados e justificados muitas vezes por crenças religiosas ou por
outros tipos de ideologias professadas em nossa sociedade.

Mas penso naquela criança, aquela criança que só via a necessidade do outro. Só olhava para a
mesma coisa que Jesus também olhava quando via qualquer pessoa em sua frente. Não existe
nenhuma passagem na bíblia que faça referência sobre Jesus ter se negado a sentar,
conversar, conviver com qualquer pessoa que fosse diferente dele. Isso nunca importou. Não
se falava em cor de pele, nem em crença e nem classe social. Jesus só se importava com a alma
de quem ele encontrava no caminho. Se a pessoa trazia ao mundo o seu melhor. Se a pessoa
amava o outro como a si mesmo. Então porque insistimos em desprezar tudo que não
conhecemos como sendo algo ruim? Porque mudamos a essência daquela mesma criança para
entorpecer e moldá-la para uma realidade de exclusão do diferente? Porque preferimos
ignorar as realidades alheias e não damos uma chance de conhecer a fundo o outro em toda a
extensão de seus motivos e particularidades? Aquela criança representa todos nós. Porque já
fomos ela em algum momento. Com mais ou menos intensidade, mais ou menos inocência.
Mas todos nós já fomos essa criança.

Se eu colocar o julgamento no ato, diria que para quem teve o lanche suprimido, a criança
Robin Hood se tornou o vilão, o antagonista da história. E de fato como saber se estamos a
falar com o mocinho ou o bandido? Talvez se formos a fundo na história e nas possibilidades
de vida de cada um, ou se formos ainda mais fundo na espiritualidade e no propósito de vida
de cada um, o protagonista e o antagonista se alternam dependendo de quem conta a história
e de qual lado da história você está. Para quem recebeu o lanche, essa criança com toda
certeza foi o mocinho, o seu herói. Para a escola e a mãe que foi chamada, temos a ideia de
ensinar que não se tira algo do outro que não seja seu, ou sem permissão e vamos educando
para a sociedade, mostrando que o ato em si é ato de um “vilão”. Mas até que ponto a lógica
dessa criança realmente estava equivocada?

E até que ponto ser o antagonista é algo que devamos se envergonhar? Porque de fato todos
nós somos o vilão em algum momento de nossas vidas. Para aqueles que pensam diferente e
então você age contrário ao olhar e julgamento do outro, para este você é o vilão, o bandido. É
só você ser capaz de dizer um não, de não corresponder às expectativas do outro, você vira
automaticamente o antagonista na história alheia. Então entre vilões e mocinhos,
protagonistas e antagonistas todos nós estamos nessa terra em aprendizado. Nascemos gente,
humanos... e vamos desumanizando ao longo do caminho para em algum momento voltarmos
a nos humanizar.

Em algum momento precisaremos fazer o caminho de volta. Precisaremos perceber que o


malvado pode ser apenas diferente. E que o diferente, ainda que nos incomode, por não
estarmos acostumados aos vários pontos de vista, o diferente, ele nos impulsiona. Ele nos tira
do lugar cômodo e confortável da mesmice e nos faz avançar um passo a mais, um passo além
nas virtudes que tanto almejamos. Essas tais virtuais as quais ainda imaginamos, com um olhar
infantil, de que vão ser sopradas em nossas cabeças como pozinhos mágicos por Deus. Quando
na verdade, só podem aparecer em nossas vidas se forem desenvolvidas dia após dia, a cada
novo antagonista que surge nos tirando do lugar. Nos mostrando pontos de vistas diferentes.

E também não é fato de que muitas vezes nós somos o próprio antagonista em nossa família?
Todos em um ciclo familiar vêm caminhando sobre uma linha, sobre um rumo, sobre uma
tradição e então eis que surge o antagonista, a ovelha negra, o fio desencapado. E esse ser tão
rico e sábio em desacomodar a todos sofre uma vida inteira tentando se encaixar no que não é
encaixável. Ou tentando uma vida inteira contrariar e fugir de uma realidade inóspita. Quando
a magia está em transformar o que vinha apenas sendo acomodado.

Porque filmes aparentemente tão inocentes como “Encanto” ou “Coco” fazem tanto sucesso e
causam tanta comoção em todos que veem? Pela magia do antagonista que não se encaixa,
que não é igual aos demais membros da família e que desacomoda, traz o novo olhar, traz a
rebeldia maravilhosa do diferente. Mas não o diferente que aceita. Mas o diferente que não se
conforma em não ser todo ele em sua plenitude. Então, ao não se conformar, ele faz-se ser
visto. Porque não há outra opção para o amor. Claro que a trama da vida está no caminho do
antagonista, até ele perceber o quanto a sua diferença torna mágica a sua vida e a dos demais
ao seu redor. Até que a sua dor, seja toda ela envolvida em amor próprio e assim apaziguada
nos corações dos que ele ama e aja um ponto de encontro, aja uma forma de convivência. E
sim, só poderemos evoluir em espírito e verdade quando encontramos o caminho da
convivência entre iguais e diferentes. Somente poderemos nos denominar cristãos, quando
novamente voltarmos a ser aquela criança que apenas divide o lanche sem perguntar nada
mais ao outro, apenas sabendo que não importa o quão diferente podem ser, ainda assim são
todos iguais. Porque se pensarmos mais profundamente em Cristo, veremos que para toda
uma sociedade e uma cultura do olho por olho, dente por dente. Jesus nasce como o grande
antagonista e se faz diferente para se tornar um igual perante todos, EXATAMENTE TODOS que
passaram pelo seu caminho.
NOSSOS ADORÁVEIS ALGOZES

Dê atenção apenas ao que merece a sua atenção. Dê-me um único bom motivo para que uma
ofensa mereça tratamento privilegiado em seu coração. Por qual razão enchê-lo de porcaria?”.
“Por acaso você pega o lixo da rua para decorar a sua casa?
Desejamos nos esquecer do mal que nos causaram. Esse é um dos erros comuns que nos
impedem de avançar. Não há como esquecer. Apagar a memória não é permitido. Podemos
reprimir ou sufocar uma lembrança desagradável, mas isto é péssimo; seria como esconder um
animal selvagem dentro do coração. Em algum momento, irá nos devorar”. Olhou para estrelas,
por instantes, antes de continuar: “Entenda que a ofensa pertence a quem a envia. Ao chegar na
porta do seu coração, você terá a escolha de a convidar para entrar ou impedir a sua entrada.
Quando coloca lixo para dentro coração, o mal cheiro impregna a mente, fazendo com que a
recordação se torne recorrente. Assim nascem os demônios que nos aterrorizam. Não há razão
para lamentar. São frutos das nossas permissões indevidas
Se não reagirmos a tempo esses “demônios” acabarão por tomar posse da nossa casa, ou seja, o
nosso coração.
É preciso o melhor entendimento, o pensamento sobre o pensamento para que assim possamos
compreender a realidade do que você sente. Nós somos a mistura exata do que pensamos e
sentimos.
Dentro de nós há virtudes e sombras que duelam para dominar nossa mente. O vencedor
definirá quem você é, as delícias e amarguras dos seus dias, assim como o destino próximo.
Trata-se de uma luta minuto a minuto, de um instante para outro, por um pequeno descuido,
entregamos uma batalha que vencíamos. Uma provocação, uma cara feia, uma ofensa, uma
desconfiança podem abrir os flancos das nossas defesas e deixar que, através de uma delas, as
sombras se instalem. Um azedume no coração, se não for logo corrigido com a doçura de ideias
corretas e adequadas, como a necessária faxina que toda casa precisa, irá contaminar a mente
com maus pensamentos em espiral crescente de angustia, tristeza e revolta. A luta restará
perdida, na qual se somarão dias desperdiçados, sonhos interrompidos, projetos inacabados e
alegrias decepadas.
E qual a razão para permitirmos tal invasão dentro de nós? O fato de não sermos livres o
bastante. Não sermos donos de nós mesmos. Mesmo quando julgamos ser livres e fazermos o
que desejamos, quando desejamos isso é uma liberdade relativa. Graus de liberdades permeiam
nossas vidas. Você consegue ser livre até o grau de consciência que tem de si mesmo e de seus
pensamentos e sentimentos. Para além do que você não conhece de si mesmo, você ainda é
escravo das sombras que o dominam.
E se você não é capaz de escolher quais pensamentos e sentimentos direcionam sua vida, você
não pode se dizer livre em absoluto. Enquanto houver pensamentos e sentimentos a aprisionar
você em sofrimentos é porque você não se tem por completo.
Ao permitir que uma ofensa ou provocação atinja o coração, emoções insalubres contaminarão a
mente. A ideia dessa ofensa em você é tão viciante que faz luping incessantes sem que você
consiga distanciar-se. Você tenta reagir, mas a ideia, a cena volta se repetir, de novo e de novo e
de novo...
Com isso você é impedido de viver intensamente mil outras situações oferecidas pela vida,
desenvolva novas ideias e se encante com a magia dos dias. Ao permitir que a atitude de alguém
desperte emoções densas, sem perceber, na sequência, terá a sua consciência encarcerada. Sim,
ficará preso ao sofrimento que foi morar dentro de você. Esse é o efeito limitador a restringir a
liberdade de muita gente.
Como sair dessa prisão individual. Com muito trabalho. Fazendo o caminho ao encontro das
verdades desagradáveis de sua vida, de si mesmo, de sua personalidade e caráter. É preciso
entender o motivo que fez a ofensa fazer morada em sua casa. Não raro, existe dependência
emocional pela aprovação alheia, como se a aceitação por si mesmo estivesse à espera da
confirmação de mais e mais pessoas.
Não são apenas as drogas que viciam; necessidades de aprovação, pertencimento e aplauso
possuem uma enorme legião de viciados. Nada disso é necessário. A sua consciência, quando
em vias de expansão, será o único juízo a lhe conduzir pelo Caminho, corrigir as rotas
necessárias, se refazer das quedas, reparar erros, evitar o mal e semear o bem por onde passar. A
viagem é sua e de mais ninguém. Portanto, perdoe, confie em si e siga em frente

em caso de provocação, devíamos apenas tratar o ofensor com desprezo. O xamã discordou:
“Trata-se de um erro comum que termina por permitir que ele se hospede em você. O desprezo
é uma triste, porém socialmente aceita forma de agressão. Um revide por intermédio de uma
atitude sem palavra com um suposto e absurdo caráter de superioridade. O prazer de virar o
rosto na primeira oportunidade denota o gosto amargo instalado no coração. Nada mais do que a
odiosa vingança; a barbárie vestida de civilidade. A batalha seguirá perdida
Olhou a dança da fumaça diante dos olhos, após baforar, e falou: “É tudo tão mais simples…”.
Arqueou os lábios em sorriso quase imperceptível e esclareceu: “Faz-se necessário compreender
que a ofensa fala sobre quem a proferiu, o mal revela a alma desorientada daquele que o
praticou, a provocação é o grito desesperado de quem está perdido na escuridão. Nada tem a ver
contigo. Portanto, só irá entrar na sua casa, caso você permita. Todas as vezes que bater à sua
porta, basta dizer com doçura e firmeza, nessa casa só há lugar para a luz, apenas o amor pode
se hospedar. Basta isso, nada mais
Após a faxina profunda se faz necessário uma nova arrumação; alguns móveis precisam mudar
de lugar; depois, não esqueça de perfumar a casa. Para tanto, não olhe para aqueles que o
provocaram ou ofenderam como se fossem algozes. Alvo errado. Eles fizeram da maneira como
sabiam ou conseguiam. Há de existir compaixão, uma linda maneira de compreender
amorosamente a incapacidade alheia. De outra face, você se permitiu atingir por causa do seu
desequilíbrio emocional, razão de não conseguir sustentar os conhecimentos que já adquiriu. Há
de existir humildade, um jeito sábio de aprender sobre quem ainda não se tornou. Do contrário,
não conseguirá compreender os motivos da fragilidade que ainda o acomete. Para ser livre se
faz indispensável assumir o controle absoluto da mente e do coração, sem qualquer interferência
nociva. A sabedoria traz muito poder, mas sem o amor, seguirá sendo uma fonte turva, apenas
um pouco mais sofisticada, de conflitos e sofrimentos. A sabedoria contém a força, o amor
oferece o equilíbrio. Quando juntos, concedem a direção. Então, alcançamos o poder e a magia
sobre quem somos e tudo mais ao redor. As cortinas se abrem para o sol iluminar a casa.
Definitivamente
Acreditar que os outros devem mudar para que os dias se tornem agradáveis é um dos equívocos
mais vulgares. Tudo que nos incomoda em alguém indica algo que precisa de mudança em nós
se os irmãos estavam errados, deles deveria vir a mudança. Concordei. Canção Estrelada
arqueou os lábios em leve sorriso e ponderou: “Sim, seria o ideal. Mas possivelmente não
acontecerá, tampouco você pode ficar à espera de algo que pode demorar um tempo sem fim.
Então, essa dependência trará desconforto e mal-estar. Quando se der conta, a casa voltará a
ficar suja; se demorar, os pilares restarão corroídos tamanha a acidez. Então, tudo desaba. A
teimosia em modificar alguém é exercício dos tolos, seja pela ilegitimidade da exigência, afinal,
sem que cometam crimes, as pessoas têm o direito de ser do jeito que quiserem, gostemos ou
não; seja pela ineficácia da ação, pois enquanto o outro não quiser mudar o seu jeito de se
relacionar, nada surtirá efeito
Entretanto, você também tem o direito de viver sem que as pessoas lhe tragam incômodos e
desconfortos. Para tanto, dois requisitos são fundamentais. Respeito e atitude. O respeito
estabelece os limites dos relacionamentos ao definir o ponto no qual o outro jamais estará
autorizado a ultrapassar. Defina-o com clareza, educação e seriedade. Não se faz necessário
agressividade; se houver briga significa que você ainda não conquistou a força e o equilíbrio
necessários. Gritos são demonstrações de um poder inexistente. Basta um olhar decidido e a voz
serena. Sua vida, suas regras; seja firme, porém, tranquilo, para que não reste dúvida, tanto para
você quanto para qualquer outra pessoa”. Em seguida, concluiu: “Após estabelecer as fronteiras
do relacionamento, aja. Aceite que uma ação é necessária para que você possa sair da
dependência de ficar à espera do comportamento de alguém que não sabe quando, ou mesmo se,
acontecerá. Sem fazer uso de qualquer maldade, tampouco se apoderar de algo que não lhe
pertence, vá em busca daquilo que precisa sem ficar na dependência que lhe entreguem. Então,
encontrará a paz e a liberdade que merece
Cada situação é única, pois envolve diferentes pessoas e condições. No entanto, sempre existirá
uma postura adequada para estabelecer o respeito necessário, além de definir a atitude correta
para desmontar a armadilha na qual está aprisionado. O poder e a magia se ocultam na arte de
arrumar a casa. Essa é a estrada rumo à liberdade e à paz
PERDÃO
COMPAIXÃO, EMPATIA, SOLIDARIEDADE, EQUILÍBRIO
FELICIDADE, OS SENTIMENTOS NOBRES E OS SENTIMENTOS FUGAZES
MEDO
EGO
SOBERBA, ARROGÂNCIA, INVEJA, EGOÍSMO, IGNORÂNCIA, TRAIÇÃO
CONHECE-TE A TI MESMO. RECONCILIAR-SE COM O QUE AINDA NÃO SOMOS.
SABEMOS MAIS DO QUE SOMOS. NÃO PULE ETAPAS. NÃO HÁ ATALHOS.
LEI DE CAUSA E EFEITO
TUDO QUE EXISTE ACONTECE E SERVE A DEUS E A EVOLUÇÃO. NADA ESCAPA
AS LEIS DE DEUS, NEM MESMO O MAL.
NÃO VIVEMOS SOZINHOS, UM PLANETA PARA CADA PESSOA. ENTÃO A GENTE
SOBE O MORRO MAS DEVE DESCER PARA POR EM PRÁTICA.
ORAÇÃO, ESTAR EM ESTADO DE GRAÇA, CONEXÃO
ENERGIA SOB A FORMA DE ESPIRAL
O PODER DA TEIA DA VIDA. SINCRONICIDADE. A BORBOLETA QUE BATE ASAS
EM PEQUIM. O BEIJA FLOR QUE APAGA O FOGO DA FLORESTA. A LIMPEZA DA
CASA. QUALQUER LIMPEZA É MELHOR QUE LIMPEZA NENHUMA
MIL VEZES SER A VÍTIMA DO QUE O AGRESSOR
A INGRATIDÃO NÃO É SUA É DO OUTRO.
FICAR PARADO NÃO É NÃO FAZER NADA. EXISTE MOVIMENTO NISSO
PARA ENXERGAR MELHOR É PRECISO FECHAR OS OLHOS.
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos
conquistar, se não fosse o medo de tentar. William Shakespeare

Eu era uma criança inteligente. Desde muito cedo me interessei por questões
filosóficas e existenciais, mesmo que naquela época não fossem entendidas
por mim com essa conotação. Uma aluna exemplar desde sempre. Não sei
dizer em qual momento me encantei com os estudos. Talvez tenha sido no
mesmo momento em que comecei a me sentir inadequada como pessoa. Sim,
ser uma boa menina era o grande dilema da minha infância. Porque eu crescia
me vendo não ser boa o suficiente. Hoje eu não tenho dúvidas de que meus
pais me amavam e fizeram tudo que estava ao alcance deles para me ensinar
a melhor forma de viver nesse mundo. Me ensinaram o valor da honestidade e
do caráter e a importância dos estudos para se ter uma vida digna. Porém, nem
sempre eu acreditei ter sido amada verdadeiramente. Minhas lembranças mais
remotas trazem a memória momentos em que era repreendida pela forma de
me portar, pela forma espontânea com que tudo que vinha na minha mente
saia pela minha boca. Eu não tinha filtros e, não tinha maldade. Contudo, não
era assim que me ensinaram. Parecia sempre haver muita maldade em todas
as minhas palavras ditas de forma despretensiosa sobre algo que eu observara
atentamente. Desde um cheiro esquisito em um banheiro qualquer ou em
incoerências percebidas e desmentidas na frente de pessoas erradas. Eu não
sabia mentir. Tive que aprender a me calar para não falar mais que minha
língua. Aliado a isso havia uma família conservadora e tradicional na qual a
força do patriarcado reinava de forma absoluta. Faço aqui uma ressalva. Não
existe mágoas sobre minha trajetória de vida, apenas um relato fiel dos fatos
tais quais aconteceram e como isso se desenrolou para posteriormente gerar
um ser hesitante perante os maiores obstáculos da vida. Ninguém dá o que
não tem. E meus pais me deram tudo que tinham na medida exata em que
receberam. Então foi o amor por completo, da forma como entendiam e sabiam
amar. Não houve erro, talvez falta de informação e instrumentos, mas erro, não
se pode afirmar. Mas isso não me livrou das consequências para minha
adolescência e o restante da minha vida até aqui.
Eu me sabia inteligente e queria aprender cada vez mais. Ao menos para os
estudos não havia inadequação então a partir de um determinado momento as
disciplinas e a escola viraram o meu refúgio. Sentava-me na primeira carteira.
Tinha sempre todas as tarefas prontas. E não me permitia menos do que obter
as melhores notas. Para além das notas também não me permitia não saber.
Eu precisava saber... Gastava um tempo precioso de meus dias em um único
problema de matemática ou uma disciplina qualquer até desvendar o mistério.
E normalmente, eu conseguia. Me sentia grande por isso. Entre meus colegas
e professores eu era aclamada. Entre minha família, apesar da satisfação que
sentiam, isso corria ao largo. Minhas vitórias acadêmicas sempre tiveram um ar
de obrigação cumprida. Eu sabia disso, mas ainda assim continuava
angariando graus cada vez mais altos na tentativa infrutífera de alcançar um
reconhecimento de quem eu era como pessoa. Remédio Errado. Eu fui me
convencendo a cada dia da grandiosidade e inteligência que tinha em relação
as teorias e as ideias. Ninguém poderia me vencer no discurso. E não vencia.
Eu era realmente boa nisso. Porém, à medida que fui crescendo a minha
inadequação e falta de confiança que tinha em mim mesma ficou cada vez
mais esquecida em meio aos livros, a forma eloquente de falar e a extroversão
nos grupos sociais. Ficou mais difícil manter o personagem.
Quando isso acontece as pessoas tentam adiar indefinidamente o inevitável.
Quando estava me formando na faculdade o mestrado foi a desculpa perfeita
para continuar a alimentar o papel de que precisava. Como eu poderia encarar
o mercado de trabalho se eu tinha medo até da minha própria sombra? Como
eu poderia avançar em qualquer área se eu ainda era aquela mesma menina
assustada que não podia abrir a boca para falar, pois havia olhares de
desaprovação rondando meus passos? Não, eu não conseguia. E não poderia
falar isso em voz alta para ninguém, nem para mim mesma. Então fui me
convencendo de que a melhor alternativa era continuar o que eu fazia de
melhor: estudar. Estudei o máximo que pude e quando não tinha mais jeito e
precisaria começar a trabalhar eu continuei estudando. Me livrei de ficar cara a
cara com diversos setores de RH quando resolvi fazer concurso público. Uma
boa saída pela tangente, já que nesse caso era só estudar, ser a mais bem
colocada e entrar para trabalhar sem precisar falar nada com ninguém.
Ninguém saberia do embuste. Bom, não exatamente. Porque trabalhar por si
só pressupõe conviver com pessoas, tomar iniciativa e atitudes e isso era
insuportável para mim. Então tive toda a sorte de dificuldades. Mesmo assim,
sempre é possível se esconder um pouco mais. E você achará as pessoas
certas para acobertá-lo se assim quiser. Sempre haverá seres dispostos a
comprar as brigas por você, te defender quando percebem o quanto fragilizado
você é para fazer frente a própria vida. Só você não vê que está estampado na
sua cara a fuga. E eu passei fugindo a minha vida toda do propósito ao qual
Deus me confiou desde a mais tenra idade. Fugi por medo de errar. A melhor
forma encontrada por todo ser humano quando não confia suficientemente em
si mesmo para empreender a missão concedida por Deus, pela vida, é a fuga.
Inventamos histórias mirabolantes e temos as desculpas mais refinadas do
porquê não seguimos aquele caminho que nos parecia tão óbvio diante de
todos os nossos talentos. Se eu nunca tentar, nunca terei que enfrentar a
derrota. Se eu nunca tentar, não correrei o risco de falhar. Se eu nunca tentar,
não me sentirei inadequado. Porque de fato eu não acredito que consiga. Por
melhor que eu diga que sou em determinada área da minha vida. Por mais bem
capacitado que eu me autoavalie para os outros. Eu falo em planos projetados
para um futuro que nunca chega. E eu me encarrego de colocar todos os
empecilhos necessários para que não chegue mesmo. Porque assim eu posso
anunciar aos quatro ventos que venho buscando o meu propósito, quando de
fato eu só início e paro pelo caminho por tropeços criados por minha própria
vontade de não avançar.
Sem tratar a causa primeira. Sem retornar ao início de tudo. No momento exato
em que você decretou que não era bom o suficiente e precisava esconder isso
do mundo. Criar um personagem e assim nunca, verdadeiramente se entregar
para o amor, para relacionamentos, para uma carreira, para aquilo do qual
você tanto ama, tanto quer, mas teme não conseguir por medo de não ter todo
o necessário para obtê-lo. Enquanto você não curar essa criança ferida, não
poderá terminar a obra final de sua vida e seu propósito ficará guardado e
esquecido em uma gaveta qualquer da existência enquanto você se convence
que apenas não chegou o momento de o mundo ver você brilhar em espírito e
essência.
Então dia após dia, você se frustra em relacionamentos que acabam, em
trabalhos que te exaurem a alma, em atividades pouco engrandecedoras que
dão conta de te dar uma alegria superficial, uma satisfação momentânea e até
mesmo a ilusão de estar tudo certo e no lugar. Somos exímios construtores de
ilusões. Batemos no peito afirmando que estamos no caminho do autocuidado,
do autoamor, do autoconhecimento. Quando de fato não queremos entrar a
fundo no sentimento primeiro que nos tirou o direito de sermos todo em
essência para errar e acertar e tentar de novo e de novo e mesmo assim falar
com alegria como Thomas Edison proclamava na humildade de seu ser: Nunca
falhei. Apenas descobri 10 mil maneiras que não funcionam. Precisamos
resgatar aquela criança e dizer para ela o quanto ela é perfeita em suas
imperfeições. Dizer para ela que a beleza está no erro tanto quanto no acerto e
de que ela só será feliz quando estiver dentro do seu propósito e que mesmo
nele haverá muitas dificuldades e erros. Porém, errar dentro do que nos
completa nos fará pessoas melhores. Nos fará avançar em virtudes e trará para
nós as dificuldades certas a serem vividas. Dentro do propósito um erro nunca
é um erro é sempre uma forma nova de aprender o que não funciona.
Quando estimulamos nossa glândula pineal através de batimentos binaurais unidos com a
sequência de Fibonacci, enviamos um sinal ao nosso cérebro que imediatamente os reconhece
e começa a entrar em sintonia com a espiral ascendente, abrindo assim nossa conexão ou nos
reconectando com as dimensões superiores e com nossa verdadeira consciência que há muito
tempo foi interrompida pela degeneração de nossa espécie através de padrões e pensamentos
inferiores, vícios, egos, alimentação inadequada e tantos outros comportamentos que nos
aprisionam dentro de uma vida e realidade inconscientes.

E o que significa estimular nossa glândula pineal? Despertar! Quando despertamos para a
verdadeira realidade não ficamos mais reféns das ilusões e das manipulações de toda espécie,
sejam elas religiosas, científicas ou qualquer outra forma que nos aprisione em um mundo
limitado de dores, medos, sofrimentos e ignorância. Esses sentimentos não estão em harmonia
com a sequência de Fibonacci, a divina proporção.

Se entrarmos em sintonia com essa lei de harmonia universal


que é a divina proporção, o número áureo, começamos então
a vibrar amor, paz, felicidade, bem-estar porque é essa a
natureza dessas vibrações. Quando percebemos tudo isso de
forma consciente, aprendemos a evitar todo tipo de
sentimentos inferiores que nos aprisionam nos velhos vícios
de comportamentos corrompidos de uma sociedade que
afunda por não seguir, sentir ou ouvir os padrões naturais dos
quais nascemos.
Por que será que quando estamos em contato íntimo e direto
com a natureza nos sentimos felizes, alegres e radiantes? (Só em escrevermos e imaginarmos
agora, aqui, nossas almas sorriem e sentimos muita alegria e felicidade). Porque a natureza
está totalmente conectada e integrada a essa harmonia universal que é a sequência
matemática e divina de Fibonacci!

Seria maravilhoso continuar falando de todos os benefícios que a sequência de Fibonacci pode
nos proporcionar, mas entraremos a seguir em um assunto de extrema delicadeza e
importância e que todos precisam saber!
Um dia eu acordei sentei na cadeira e chorei. Chorei não por algo que havia
acontecido de fato. Eu chorei por todos os dias que eu precisava dar conta de
tudo e não conseguia. Chorei porque eu acreditava ser a única a não
conseguir. Mesmo sabendo que tantas outras diziam o mesmo. Ainda assim eu
me culpava e me cobrava por não conseguir. E como eu não conseguia,
apenas sentei e chorei. Eu não chorava a responsabilidade que me cabia... Eu
chorava por tudo que eu agregava e não era meu. Dividir um teto, dividir uma
vida, sem dividir “o dar conta” já não mais me cabia. E eu fui ficando estreita
nesse lugar. Porque engana-se quem crê que dividir tarefas basta. Você divide
boletos, você divide faxinas, você divide espaços e acha que basta. Mas não...
Existe uma divisão que não é dita... quando você assume a responsabilidade
de pensar o funcionamento do lar. Tal qual uma engrenagem... você vê se a
casa está em dia, as roupas lavadas, estendidas, dobradas... a louça na pia,
tem pão para o café? O fulano já terminou as tarefas? Preciso marcar um
dentista. Faz 2 meses que não cortamos a grama. Vou separar os legumes da
semana. Ainda não consegui tirar 30 minutos para atividade física. Esqueci a
mochila do fulano na casa da mãe. Amanhã terei que sair mais cedo para
buscar... Tomo banho, como algo e vou deitar em exaustão... vish não tirei a
carne do freezer para o almoço de amanhã. Dividir um teto... é mais que dividir
tarefas, quem divide os pensamentos? Quem divide a carga mental? Isso
também é amor. Não é feito apenas de passeios, carícias e Eu te Amos... Isso
é o amor nu e cru. Então um dia eu acordei e chorei os 50% que não são
meus. E porque não são meus eu acabei acordando noutro dia qualquer e
decidindo que a única urgência que eu tinha era em ser feliz. Era em ser eu
mesma. Que a única e verdadeira urgência que eu tinha era de dar apenas o
que meus braços alcançavam e permitir que todos os demais pudessem
aprender aquilo que não se ensina, mas que move o lar e todos que ali
habitam. Porque se nunca eu me libertar da obrigação e da necessidade de ter
que dar conta. Também os outros jamais vão sentir a necessidade de aumentar
mais a sua carga mental. Então um dia eu acordei e percebi que a única
urgência que eu tinha era de me dar tudo aquilo que me liberta para ser mais,
para ter paz, para ser eu. E que se eu não fizer isso, ninguém ao redor de mim,
ainda que me ame, será capaz de fazê-lo por mim. Então um dia eu acordei e
decidi que nada era mais urgente que a minha felicidade. Nada gritava mais
dentro de mim do que a minha necessidade de estar em paz. Então eu fui
soltando um a um todos os pesos que me vergavam as costas. Fui desatando
as amarras da minha consciência, da minha falta de amor em mim. E fui
permitindo ser um pouco mais. Ir um pouco além. Ser somente eu: livre e feliz.
Se quiser vir comigo... apenas me dê a sua mão e voe também.

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