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5. Conceitos Básicos
Exemplo 5.1. Retome-se o exemplo 1.1. que considera uma caixa com 10 envelopes com
prémio de 100 euros e 10 envelopes com um prémio de 500 euros. Consideremos agora a
seguinte experiência aleatória:
E: escolhem-se três envelopes ao acaso e com reposição, e regista-se o valor em euros dos
três envelopes escolhidos.
Definimos agora a variável aleatória, v.a., X que representa a soma dos valores dos prémios
constantes nos 3 envelopes escolhidos.
A variável X é aleatória, porque a soma dos 3 valores não é conhecida a priori, ou seja,
depende dos resultados da experiência aleatória de retirar 3 envelopes de 20, com
reposição.
O conjunto de todos os resultados possíveis para X é uma função dos acontecimentos que
podem ocorrer aquando da experiência aleatória.
A variável X só pode tomar um número finito de valores, sendo 4 no total, então é uma v.a.
discreta. Cada resultado de X terá uma probabilidade de ocorrência, como seria de esperar.
São exemplos de v.a. contínuas os seguintes: a duração de vida em horas de uma lâmpada
(a escala do tempo é uma escala contínua); o comprimento em metros da fila de clientes
para uma certa caixa de supermercado; a área, em hectares, de floresta ardida anualmente
na estação mais quente; o peso dos indivíduos de uma população qualquer; a idade dos
indivíduos que são inquiridos para uma sondagem eleitoral (apesar de usarmos a idade em
anos inteiros no dia a dia, não podemos esquecer que a idade corresponde à passagem do
tempo, que é contínuo. Não é possível “saltar” dos 20 para os 21 anos sem passar por todos
os instantes intermédios, ou frações de tempo, que são infinitas).
Neste módulo de Introdução às Variáveis aleatórias estuda-se apenas o caso das v.a.
discretas.
Nas secções anteriores indicámos que o valor que uma variável aleatória toma depende do
resultado de uma experiência aleatória. Sendo assim, é possível associar uma probabilidade
de ocorrência a cada xi possível para X.
Recorrendo novamente ao exemplo anterior, é possível determinar a probabilidade de X
tomar cada um dos seus valores possíveis (300 euros, 500 euros, 1100 euros, 1500 euros).
No fundo trata-se de calcular a probabilidade de ocorrerem determinados acontecimentos
do espaço de resultados da experiência aleatória.
A probabilidade de X tomar o valor 300, ou seja, a probabilidade da soma do valor dos 3
envelopes ser igual a 300 euros é formalmente indicada por P(X=300) e significa que
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É possível calcular a probabilidade anterior desta forma direta (nº de casos favoráveis/nº
total de casos possíveis) porque as escolhas são com reposição e porque a probabilidade de
sair 100 euros no envelope é igual à probabilidade de sair 500 euros (P(sair 100 num
envelope)=P(sair 500 num envelope)=1/2- metade dos envelopes é de 100 e a outra é de
500). Se assim não fosse era necessário adaptar os cálculos.
a) 0 ≤ f(x) ≤ 1 para qualquer x (uma vez que para cada x, f(x) é uma probabilidade);
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(repare-se que não há nenhum valor negativo e que a soma das probabilidades é 1, para que
seja uma função de probabilidade). Representando graficamente a função de probabilidade
temos:
P(X=0)=f(0)=0,5;
a probabilidade ser não negativa tem dois casos possíveis: 0 e 1. Então P(X≥0)=0,5+0,25=0,75
(na linguagem “comum” diz-se que há 75% de probabilidade de X tomar um valor não
negativo)
Exemplo 5.2 Considere a variável aleatória que representa o número de acessos que o
Professor faz à UC de Estatística na plataforma Moodle até encontrar uma dúvida colocada
por um aluno sobre Probabilidades. Determinar a função de probabilidade desta variável
aleatória.
A variável tem possibilidades num número infinito numerável o que significa que a v.a. X é
uma v.a. discreta.
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De cada vez que o professor acede à página da UC ele pode ter apenas 1 dos seguintes
resultados:
S – encontra uma dúvida de probabilidades (sucesso!)
N – Não encontra uma dúvida de probabilidades (insucesso!!)
Suponhamos que a probabilidade de encontrar uma dúvida colocada por um aluno de cada
vez que acede à página da UC é pequena (para sermos próximos da realidade..), p=0,07 (7%),
digamos. A probabilidade de não encontrar uma dúvida de probabilidades é complementar
desta, ou seja (1-p)=1-0,07=0,93 (93%)
Então, assumindo que as tentativas (acessos) realizadas pelo professor são independentes
umas das outras, a probabilidade do professor ter que aceder 5 vezes à página da UC até
encontrar uma dúvida de probabilidades é determinada através do seguinte raciocínio:
A função distribuição dá-nos a probabilidade de uma v.a. discreta assumir valores iguais ou
inferiores a um x e também é designada Função Cumulativa de Probabilidades.
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c) e
d) Probabilidade de um intervalo –
P[x1< X ≤ x2] = F(x2) – F(x1) para qualquer x2 > x1
Resolução:
a) No enunciado é dada a função de probabilidade da v.a.
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b) A probabilidade de, num dia escolhido ao acaso, terem sido vendidos no máximo 2
automóveis escreve-se do seguinte modo: P(X ≤2).
5 5 5
P( X 2) P( X 0) P( X 1) P( X 2) 0.8 0 0.2 5 0.810.2 4 0.8 2 0.2 3
0 1 2
0.0000 0.006 0.051 0.57
Nota: aplica-se o cálculo combinatório.
xi 0 1 2 3 4 5
P(X= xi) 0.000 0.006 0.051 0.205 0.410 0.328
A Função Distribuição, F(x), de uma v.a discreta é a Função cumulativa para cada xi
(acumulando por valores à esquerda de xi). A função cumulativa traduz-se em somar as
probabilidades pontuais P(X≤xi). O domínio da Função distribuição varia de - até + .
O último valor do quadro tem de ser sempre igual a 1, pois corresponde a acumular todas as
probabilidades do universo de X;
O primeiro valor do quadro é a probabilidade acumulada desde - até x=0; o segundo valor
do quadro é a probabilidade acumulada para x’s no intervalo em que x está entre 1 e 2, mas
exclui o 2. Então, é o mesmo que acumular as probabilidades até x=1 (porque só interessam
aqui os valores inteiros); o último valor é a probabilidade acumulada para todos os valores x
≥ 5. Como não há probabilidades para x’s superiores a 5, a acumulada vai ser sempre igual a
1, para todos os x’s que existam à direita de 5.
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19. Considere a experiência aleatória que consiste retirar ao acaso e sucessivamente duas
lâmpadas de uma caixa com 6 lâmpadas. Sabe-se que a caixa tem 2 lâmpadas defeituosas
que não funcionam.
a) Descreva o espaço de resultados desta experiência.
b) Descreva, justificando, qual é o domínio de valores da variável aleatória que representa –
“número de lâmpadas boas nas duas selecionadas”
(solução de a): definindo-se os acontecimentos B-lampada boa e D-lâmpada defeituosa,
tem-se ={BB, BD, DB, DD}
(solução de b): X pode tomar os valores 0, 1 e 2, ou seja, as possibilidades para número de
lâmpadas boas em duas retiradas da caixa)
21. Admita que a v.a. X, representa o número de vezes que um estudante da UAb vai ao
cinema durante um mês. A função de probabilidade é definida como se segue:
Valores de X
0 1 2 3 4 5
P (X= xi) 0.25 0.25 a 0.1 0.05 0.05
FIM
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