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*_…→Existe toda uma segregação secreta de homens maus. Um homem de erudição


mística me entenderá quando virem as mil faces de mim, contemplarem os segredos da
existência em um sinal vermelho escarlate._*

*_‘Glossário e informações’_*
_•Kraast lê-se Kyrrast._
_•Samael não é a imagem divulgada ontem._
_•Esses eventos aconteceram antes do conto de Fallen. Quando é mencionado sobre uma
presença na mente de alguém, a linha do tempo muda ao presente._

*_~A profecia Darkin._*

No céu, mais precisamente nos Arquivos Memoriais, existiam tarefas específicas para cada
um dos guardiões. E assim como todo ambiente que se preze, existiam regras. Essas que
todos seguiam sem questionar. Todos eles faziam com que suas obrigações fossem as mais
diretas possíveis.

Alguns dos guardiões protegiam os sonhos. Outros, as memórias ensandecidas. Escolhidos


a dedo até mesmo tinham o pleno dever de proteger as memórias futuras, assim como a
virtude da alma.

Entretanto, o pacífico funcionamento começou a definhar. Alguns guardiões se revoltaram


contra os Constellar, pois não aceitavam mais a ordem que lhes foi imposta. A autoridade
de tais foram questionadas assim como suas ações. E assim deu-se início a uma época
sangrenta, onde ocorreu a Primeira Guerra Santa dos céus. Guardiões, antes puros de
coração, se entregaram as suas próprias contrapartes. Algo que os próprios denominavam
de Hollow's. O líder da rebelião não foi ninguém menos que Kraast, o antigo guardião que
guardava as boas memórias dos mortais afim de preservar a sua sanidade. Outrora, um
acontecimento veio a mudar seu senso, seu pensamento, sua interpretação do mundo. E
principalmente, sua justiça.

Kraast foi enviado para uma missão. Uma peculiar dessa vez. Ele foi enviado ao submundo
para poder ver a nova quantidade de mortos, tarefa essa que não era sua de início.
Começando sua jornada, ele encontra o filho de Leviatã, Behemot.

–Outro guardião? Os servos dos deuses não cansam de enviar seres de luz ao inferno?
–Disse o dragão, um pouco irritado.

–Não tenho vontade de falar com você. Deixe-me passar.

–Antes, quero saber somente de uma coisa. Também pretendo lhe avisar. Você não poderá
retirar nada do submundo, independentemente que seja uma ordem. Qual a sua missão,
guardião?
–O soberano Samael me enviou. Estou aqui para contabilizar os novos mortos e me
assegurar do mínimo de sua sanidade no submundo.

Behemot não respondeu nem esboçou reação. Como garantia de que aquele homem não
faria nenhuma gracinha, ele pediu todos os ítens, inclusive suas roupas. Afinal, ele sabia
que os guardiões não eram afetados por sentimentos negativos levando em consideração
suas próprias roupas, já que elas eram mágicas. Kraast o entrega e segue viagem.

No submundo, Kraast passou pelos nove círculos infernais. Todos eles que representam um
pecado em vida, desde a mais simples e pura mentira até o mais grave e solene desafio
(num tom maléfico) aos deuses. O guardião, afim de cumprir o que lhe foi dado, estava
fazendo tudo corretamente. Ele não errou uma anotação, uma alma, um nome. Estava tudo
perfeito. Entretanto, algo ainda viria para o desafiar a crer realmente se o que ele estava
fazendo era o certo.

Por onde Kraast andava, ele via mais e mais o sofrimento dos mortais. Tantas almas
sacrificadas em prol do equilíbrio proposto pelos deuses. Uma forma de manter o livre
arbítrio em funcionamento, balançando corretamente a singularidade da vida e da morte.
Kraast não conseguia entender. Eles eram seres criados pelos deuses. Até mesmo seus
semelhantes, caso desonestos, parariam lá. Demônios não fiéis a sua naturalidade também
sofriam do castigo. Ele já sabia que tudo um dia morre, mas não que a perfeita criação tinha
um lado tão obscuro. Obscuro ao ponto de sacrificar vidas muitas das vezes inocentes,
somente para manter a balança.

Por que? Por que tentar acalmar almas quando elas já estão atormentadas? Por que esse
trabalho, se o que resta a todos eles é a loucura e o sofrimento eterno?

Ele, naquele momento, pensou que o amor talvez não existisse. Que não existia nada
daquilo. E, nessa tese, não existiria tristeza. Se para não existir tristeza não deveria existir
amor, só poderia significar uma coisa.

Todos deveriam sucumbir a loucura.

Com esse pensamento em vista, o mesmo foi constatar Samael, deus que o enviou para
aquela missão. Kraast falou tudo. Seu pensamento, sua ideia. Aquele deus malicioso
aceitou e, juntos, recrutaram rebeldes. Era chegado o momento do terror começar.

Ocorreu então a Guerra Santa. Um evento que durou do ano de 235 a 340, e deu-se fim
com o banimento de Samael do panteão por orquestrar aquela batalha. O antigo deus da
destruição foi rebaixado a demônio e aprisionado no Oblívio. Kraast, antes um guardião, foi
rebaixado a um Darkin e jogado também no Oblívio.

Essa foi a história que estava sendo contada a uma jovem condenada por bruxaria. Aquele
ser falava em sua mente, não sendo notado pelos mortais. Ele, se movendo dentro da
cabeça daquela moça, vulgo Aisha, sorria enquanto uma marca negra e vermelha aparecia
em seu rosto. Aquele ser retirou a venda de seus olhos e possuiu o corpo da jovem bruxa.
“–Que todos vocês congelem no inferno dos piores pecadores e sejam entregues a loucura
do sofrimento eterno.”

Disse a presença controlando o corpo da mulher. A mesma que, após simples movimentos,
fez os seus juízes sumirem. Ela, com um semblante vazio, caminhou até o Oblívio. Lá, a
mesma pôs sua mão dentro. E com um movimento de puxar, sua pele foi consumida. Seus
olhos queimaram e seu grito, por mais que alto e longo, foi contido dentro da construção e
tomado pelo breu eterno. A mesma marca aparaceu diante a ela e, de dentro, saiu um
jovem com cabelos negros e uma venda nos olhos.

“–Sucumba a locura.”

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