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TÍTULO

Empreendedorismo
Manual do Aluno 11º Ano

AUTOR
Ministério de Educação de Cabo Verde

ASSINTÊNCIA TÉCNICA
UNIDO - Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial

CAPA & DESIGN GRÁFICO


Edmilson Brito Rosa

REVISÃO E ADAPTAÇÃO
Maria dos Reis Monteiro Gomes

COORDENAÇÃO GERAL E TÉCNICA


Luis Óscar Pino
Anilda Soares

EDITOR
Ministério da Educação

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

Este livro respeita as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

©2016.
Ministério da Educação
APRESENTAÇÃO

Prezad@ Alun@

Este é o teu Manual de Empreendedorismo do 11º Ano de escolaridade. O


empreendedorismo é uma abordagem nova e mais abrangente sobre o papel
dos(as) cidadãos(ãs) na família, na escola, na comunidade, no trabalho e na
sociedade em geral, visando a realização pessoal e o bem-estar comum.

Este tema visa promover uma cultura empreendedora, desenvolver critérios


para tomada de decisões, desenvolver a capacidade de análise critica, motivar
o planeamento, estabelecer prioridades, calcular riscos, fazer um bom uso de
recursos, identificar e aproveitar as boas ideias para realizar projetos de inter-
venção na comunidade.

Os conteúdos do teu manual estão agrupados em cinco unidades temáticas,


nomeadamente:

• Unidade 1: Empreendedorismo

• Unidade 2: Dignidade do Trabalho

• Unidade 3: Identificação de Oportunidades de Projetos

• Unidade 4: Atitudes no Uso do Rendimento e do Tempo

• Unidade 5: Empresa

Cada unidade está estruturada em diversos temas e no final de cada tema


encontrarás algumas atividades a desenvolver antes de avançares para o
tema seguinte.

No teu manual encontrarás também estudos de caso, pensamentos de


grandes personalidades, exemplos de pessoas empreendedoras a nível
nacional e internacional e algumas imagens ilustrativas que servirão de
base para complementares ou aprofundares os conteúdos tratados em
cada tema ou unidade.
Índice
UNIDADES CONTEÚDOS

1
UNIDADE 1: EMPREENDEDORISMO
1. O QUE É SER EMPREENDEDOR(A)?.............................................................08
I. Breve introdução..........................................................................................08
II. Conceito de empreendedor.........................................................................09
III. Contexto histórico do empreendedorismo................................................10
IV. A pessoa nasce empreendedora ou torna-se empreendedora?................12
2. CARATERÍSTICAS E ATITUDES DO(A) EMPREENDEDOR(A)..........................15
3. INTRAEMPREENDEDOR(A)..........................................................................19
4. EMPREENDEDORISMO SOCIAL....................................................................23
I. Conceito........................................................................................................23
II. Qual a diferença entre o empreendedor(a) e(a) empreendedor(a) social?..23
III. Exemplos de empreendedorismo social......................................................24
6. EMPREENDEDORISMO E O MERCADO DE TRABALHO.................................28
7. IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO PARA A SOCIEDADE.................31

2
UNIDADE 2: DIGNIDADE DO TRABALHO
1. DIGNIDADE DO TRABALHO.........................................................................36
I. Conceito da Dignidade do Trabalho.............................................................36
II. Conceito de Trabalho..................................................................................37
III. Diferença entre Trabalho e Emprego.........................................................37
IV. Tipos de Trabalho.......................................................................................40
2. MITOS E CONVICÇÕES SOBRE A NATUREZA DO TRABALHO......................44
I. O que são mitos?..........................................................................................44
II. Mitos e convicções sobre a natureza do trabalho.........................................44
III. Mitos Culturais Baseados no Género.........................................................45
3. ESTATUTO SOCIAL DO TRABALHO................................................................51
I. Valor do trabalho..........................................................................................51
II. Atributos pessoais no trabalho para sucesso na vida.................................52
4. EMPREENDEDORISMO X EMPREGABILIDADE.............................................56
I. Conceito de Empregabilidade......................................................................56
II. Pilares da empregabilidade.........................................................................56
5. EMPREGO....................................................................................................59
I. Conceito de Emprego...................................................................................59
II. Tipos de Emprego........................................................................................59
III. Vantagens e Desvantagens do Trabalho por Conta Própria e por Conta de
Outrem...........................................................................................................61
IV. Mercado de Emprego.................................................................................62
V. Carreira Profissional.....................................................................................64
3
UNIDADE 3: IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS
1. IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS .................................72
I. Conceito de Oportunidade de Projeto.........................................................73
II. Convicções e Valores Positivos e Negativos sobre Negócios......................74
III. Importância dos Negócios.........................................................................76
IV. O Negócio e a Família.................................................................................76
V. Tipos de Necessidades.............................................................................77
VI. Identificação de oportunidades a partir de bens e serviços consumidos localmente.80
VII. Identificação de Oportunidades a partir de Problemas das Comunidades...82
VIII. Projeto e Feira Escolar..............................................................................83
2. SELEÇÃO E AMBIENTE DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS........................86
I. Conceito da Análise FOFA..........................................................................86
II. Fatores Básicos na Seleção da Oportunidade..............................................86
III. Aplicação da Análise FOFA na Seleção de Projetos...................................88
IV. Ambiente de oportunidades de um Projeto..............................................88
V. Seleção de melhor Projeto..........................................................................89

4
UNIDADE 4: ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO
1. CONCEITO E FORMAS DE RENDIMENTO.....................................................94
I. Conceito de Rendimento.............................................................................94
II. Formas de Rendimento...............................................................................94
III. Formas de uso de Rendimento..................................................................95
2. RELAÇÃO ENTRE CONSUMO, POUPANÇA E INVESTIMENTO.....................99
I. Relação entre o Rendimento e o Consumo...............................................99
II. Relação entre o Consumo e a Poupança.....................................................99
III. Relação entre a Poupança e o Investimento............................................100
IV. Relação entre o Consumo e o Investimento.............................................102
3. PLANO DE POUPANÇA...............................................................................104
I. Como elaborar um Plano de Poupança?.....................................................104
4. CLUBE DE POUPANÇA................................................................................108
5. ATITUDES NO USO DO TEMPO..................................................................109
I. Conceito de tempo.....................................................................................111
II. Tempo como Recurso Escasso...................................................................111
III. Ritmo de vida ou de trabalho..................................................................112
IV. Sinais de Má Gestão do Tempo................................................................113

5
UNIDADE 5: EMPRESA
1. EMPRESA..................................................................................................120
I. Conceito de Empresa.................................................................................120
II. Importância das Empresas no bem-estar da Comunidade.......................120I
II. Classificação das Empresas.......................................................................121
IV. Associativismo e sua Importância..........................................................125
2. PROCESSO DE LEGALIZAÇÃO DE EMPRESAS.............................................129
I. Formalidades Principais a cumprir na Constituição duma Empresa...........129
II. Constituição da Empresa No Dia (END)....................................................129
3. A EMPRESA, A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE.....................................132
I. Relação entre a Empresa e o Meio Ambiente............................................132
II. Relação entre a Empresa e a Sociedade.....................................................132
III. Impactos da Empresa sobre o Meio Ambiente............................................134
IV. Interação entre a Empresa, a Sociedade e o Meio...................................135
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

OBJETIVOS

No final desta unidade o(a) aluno(a) deverá ser capaz de:

1. Explicar o conceito de empreendedorismo;


2. Contextualizar o conceito de empreendedorismo em Cabo Verde;
3. Caraterizar a personalidade do(a) Empreendedor(a);
4. Descrever as competências empreendedoras pessoais;
5. Diferenciar os conceitos de empreendedor (a) e intraempreendedor(a);
6. Reconhecer a importância do empreendedorismo social;
7. Conhecer a importância do(a) empreendedor(a) na sociedade;
8. Adotar atitudes empreendedoras em casa, na escola e na comunidade;
9. Entender a necessidade de desenvolver competências empreendedoras.
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

1. O QUE É SER EMPREENDEDOR(A)?

I. Breve introdução

Certamente já ouviste histórias de pessoas,


jovens ou menos jovens, que criaram uma
empresa de sucesso ou tiveram uma ideia
brilhante e com ela ganharam milhões. Se
o nome Mark Zuckerberg não te diz nada,
com certeza que o nome Facebook não te é
indiferente. Em 2004, com apenas 20 anos
de idade, Mark Zuckerberg co-fundou a rede social Facebook. Uma pequena
brincadeira entre amigos universitários transformou-se na maior rede social da
atualidade.

Uma pequena pesquisa na internet, pode revelar-te milhares de histórias de


pessoas, desempregadas ou não, que decidiram implementar as suas ideias
e projetos, não tiveram medo de se arriscar. Pessoas audazes, que quiseram
revolucionar conceitos e fazer parte da história social, económica, cultural e
política.

Alavancadas pelas suas ideias inovadoras, estas pessoas não têm medo de
enfrentar novos desafios e de aproveitar novas oportunidades. Estas pessoas
são designadas empreendedoras.

Ser empreendedor(a) é tudo isso e muito mais! O(a) empreendedor(a) não se


conforma com a segurança oferecida ao trabalhar por outrem, o (a) empreende-
dor(a) quer ser livre e independente para implementar as suas próprias ideias.
O(a) empreendedor(a) troca o conforto do salário fixo mensal, pela aventura de
construir a sua empresa ou negócio, de gerar o seu próprio lucro e arriscar-se a
cada dia para realização do seu sonho. Para o(a) empreendedor (a), o dinheiro
é um indicador de desempenho, mas não é o foco. Antes de mais, procura
atender a uma necessidade ou problema específico de uma comunidade de
melhor forma, gerando valor para a sociedade.

O desafio de desenvolver empreendedores(as) é o desafio de formar indivíduos


proativos, responsáveis não apenas pelo próprio futuro, mas também pelo futu-
ro das comunidades em que vivem, é o desafio de formar indivíduos verdadeira-
mente comprometidos com uma sociedade mais justa e feliz, onde todas e cada
uma das pessoas se sentem acolhidas, respeitadas e valorizadas.

8
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

II. Conceito de empreendedor

Ser empreendedor(a) significa ser ousado(a), quer nos sonhos e nas am-
bições bem como na forma como busca concretizá-los. O(a) empreende-
dor(a) faz uso das suas capacidades e potencialidades para transformar,
criar e inovar conceitos e processos. Ser empreendedor(a) é ser eterna-
mente inconformista e ser capaz de ver as dificuldades como oportuni-
dades chave para o desenvolvimento pessoal, económico, político, social
e cultural.

Com certeza que deves conhecer pessoas que tenham estas caraterísticas, ou
se calhar, tu próprio identificas-te com a definição acima. Um(a) bom/boa em-
preendedora(a) é atento e observa tudo quanto lhe rodeia, pois só assim é que
consegue compreender o que faz falta, o que pode ser mudado, o que pode ser
transformado. Só assim é que surgem ideias brilhantes!

Portanto, pensa por alguns segundos! Observa tudo e todos os que estão à tua
volta e que fazem parte do teu mundo! Quantos(as) empreendedores(as) é que
tu conheces? Quais são as ideias mais geniais que transformaram a tua cidade
ou a tua sociedade?

Enquanto vais pensando, deixamos-te alguns exemplos que te podem ajudar a


entender melhor o que é ser empreendedor(a):

• Os produtores de aguardente, em especial os pequenos produtores, reutili-


zam milhares de garrafas de vidro, que são deitadas ao lixo, para armazenar o
nosso famoso “grogue”.
• Em Cabo Verde, a distribuição da água potável é um problema sério e que
afeta milhares de pessoas. As deslocações ao chafariz são uma constante na
vida da maioria dos cabo-verdianos e o transporte da água faz-se em baldes e
pequenos boiões de plástico que são reutilizados.
• Normalmente, a meio da manhã e a meio da tarde, os Serviços e as Repartições
são invadidos por senhores e senhoras que disponibilizam, a bom preço e sa-
bor, pastéis, rissóis, pães recheados, iogurtes, cuscus… Enfim uma imensidão
de ofertas para fazer calar o estômago naquele horário de pausa.

Estes três exemplos retratam a prestação de um serviço ou criação de um


material em falta. Podendo dar lucro ou não, as soluções empreendedoras
conseguem transformar a nossa qualidade de vida e a nossa sociedade.

Repara, os produtores de aguardente, ao reutilizarem as garrafas de vidro, con-


tribuem para a redução de lixo no ambiente e diminuem os custos de produção.

9
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

A produção e o consumo, moderado e responsável, de aguardente são um fator


importante na economia e na cultura cabo-verdiana.

III. Contexto histórico e surgimento do termo Empreendedorismo

Nos três exemplos referidos no ponto II pag. 9 é possível aplicar a Teoria da


Destruição Criativa.
Nota histórica:

O termo “empreendedor”

(entrepreneur) tem origem


francesa e quer dizer aquele
que assume riscos e começa
algo novo. Esta ligação do
risco ao termo empreende-
dor surge no século XVIII,
quando os economistas de
então, Richard Cantillon
(1755) e Jean–BaptisteSay
(1800), declararam a asso-
ciação do risco à atividade
empreendedora.

Fonte:http://querodicas.com/wp-content/uploads/2015/04/lustre8.jpg

Foi o economista austríaco Joseph Schumpeter (1883-


1950) que popularizou esta teoria no seu livro Capitalismo,
Socialismo e Democracia em 1942. Schumpeter afir-
mou que o empreendedor é o indivíduo “que reforma ou Richard Cantillon
(1680-1734)
revoluciona o processo criativo por meio de desenvolvi-
mento de nova tecnologia ou aprimoramento da anti-
ga”. Na opinião do economista, o(a) empreendedor(a)
é aquele que destrói a ordem económica existente pela
introdução de novos produtos e serviços, pela criação
de novas formas de organização ou pela exploração de
novos recursos naturais”.
Jean–Baptiste Say
(1767-1832)

“A essência do empreendedorismo está na percepção e aproveitamento das novas


oportunidades no âmbito dos negócios […] tem sempre que ver com a criação de uma
nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados do seu em-
prego tradicional e sujeitos a novas combinações”.
Joseph Schumpeter

10
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

IV. A pessoa nasce ou torna-se empreendedora?

Para o Professor Fernando Dolabela1, o(a) empreende-


dor(a) é alguém que sonha e busca transformar o seu
sonho em realidade. Numa entrevista concedida ao Jor-
nal Expresso das Ilhas, Nº 759, de 15 de Junho de 2016,
Dolabela afirmou que qualquer um(a) pode ser em-
preendedor(a), atendendo a que o “Empreendedorismo
é o potencial da espécie humana […] Basta que utilize
esse potencial da espécie. E esse potencial é disparado
pela emoção […] quando se torna persistente”.

Na verdade, a persistência é a regra de ouro para o(a) empreendedor(a). Já


dizia Charlie Chaplin: “A persistência é o caminho do êxito”.Um(a) empreende-
dor(a) procura acompanhar as mudanças culturais e tecnológicas, de modo a
identificar novas oportunidades de projetos que satisfaçam as exigências atuais
do mercado.

O(a) empreendedor(a) age sobre algo novo, identifica uma oportunidade nova,
planea um novo empreendimento, procura os recursos necessários e luta para
concretizar o seu sonho. É otimista e insiste mesmo quando todos dizem que
a tarefa é difícil. É um agente de inovação e mudança, capaz de desencadear
o desenvolvimento económico e social.

E esse potencial é disparado pela emoção […] quando se torna persistente”.


Na verdade, a persistência é a regra de ouro para o(a) empreendedor(a). Já dizia
Charlie Chaplin: “A persistência é o caminho do êxito”. Um(a) empreendedor(a)
procura acompanhar as mudanças culturais e tecnológicas, de modo a identi-
ficar novas oportunidades de projetos que satisfaçam as exigências atuais do
mercado.

Para Dolabela (2003) “O espírito empreendedor é um potencial de qualquer ser


humano e necessita de algumas condições indispensáveis para se materializar
e produzir efeitos. Entre estas condições estão no ambiente macro: a democra-
cia, a cooperação e a estrutura de poder tendendo para a forma de rede.”

1
Criador dos maiores programas de ensino de empreendedorismo do Brasil na educação básica e universitária. É Consultor e
Professor da Fundação Dom Cabral, Ex-Professor da UFMG, Consultor da CNI-IEL Nacional, do CNPq, e da AED (Agência de
Educação para o Desenvolvimento) e dezenas de universidades, participa com publicações nos maiores congressos nacionais
e internacionais. Dolabela é autor de nove livros.

11
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

Segundo Pombo2:

“Ninguém nasce empreendedor. O contacto com família, escola, amigos, trabalho, sociedade
vai favorecendo o desenvolvimento de alguns talentos e características de personalidade e
bloqueando ou enfraquecendo outros. Isso acontece ao longo da vida, muitas vezes ao acaso,
pelas diversas circunstâncias enfrentadas. O empreendedor é um ser social, e assim sendo é
fruto da relação constante entre os talentos e características individuais e o meio em que vive.”

Ainda a este respeito, Hashimoto3 afirma que os “estudos académicos já aban-


donaram esse debate e admitiram que não existe um perfil empreendedor, ou
seja, não é possível elencar atributos que sejam obrigatórios para o sucesso.
Portanto, a primeira lição sobre o ensino de empreendedorismo é que a falta
de alguma característica inata não impede a pessoa de ser um grande em-
preendedor”.

Ser empreendedor(a) tem várias vantagens, das quais se destacam as


seguintes:

Liberdade e Autonomia Realização profissional Motivação constante

Gratificação financeira

Mas é bom reter que o proveito destas vantagens exige muito esforço, muito
trabalho, muita dedicação e, sobretudo, muita persistência, paixão, e deter-
minação em avançar custe o que custar, enfrentando os riscos e aprendendo
com os erros.

V. Conceito de Empreendedorismo

O termo Empreendedorismo associa-se normalmente à criação de empresas e


aos conhecimentos de gestão comercial. Atualmente, alargou-se o seu âmbito
para o setor da economia social, conforme se pode verificar nas recomendações
do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu, de 18 de Dezembro de 2006,
sobre as competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida:

2
Adriane Alvarenga da Rocha Pombo. O que é ser empreendedor, www.bibliotecas.sebrae.com.br (junho 2016).
3
Marcos Hashimoto é professor de empreendedorismo da ESPM, consultor e palestrante, www.marcoshashimoto.com (junho 2016).

12
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

“O empreendedorismo deve ser entendido, no seu sentido mais lato, como a capacidade para
transformar ideias em ações; O espírito e as competências de empreendedorismo podem
ser adquiridos, aprendidos e desenvolvidos por cada indivíduo; O empreendedorismo é um
importante motor de crescimento económico e de criação de emprego […]; As culturas que
valorizam e recompensam competências empresariais e condutas empreendedoras, como a
criatividade, a inovação, a iniciativa, os riscos calculados, a independência de raciocínio e a
identificação de oportunidades, bem como as qualidades de liderança, promovem a aptidão
para desenvolver novas soluções para os desafios económicos, sociais e ambientais mediante
a integração na educação de componentes do conhecimento que reúnem a teoria e a prática,
reduzindo assim as barreiras existentes entre a experiência empresarial e a educação.”
http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+REPORT+A8-2015-0239+0+DOC+XML+V0//PT (Julho 2016)

SAIBA MAIS

ALGUMAS FRASES DE ILUSTRES PERSONALIDADES


1.Albert Einstein (1879-1955)
“No meio de toda dificuldade encontra-se a oportunidade”
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original”
“Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento”
“Só quem não procura se livra do erro”
“Procure ser uma pessoa de valor, em vez de ser uma pessoa de sucesso”
http://quemdisse.com.br/tema/frases-albert-einstein/34/5/

2. Charlie Chaplin (1889-1977)


“Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos nascem
as estrelas”
“A persistência é o caminho do êxito”
http://www.desistirnunca.com.br/melhores-frases-de-charles-chaplin-desistir-nunca/

3. Dalai Lama (1935)


“Nunca ria dos sonhos de outras pessoas”
“ A mais profunda raiz do fracasso em nossas vidas é pensar, “como sou inútil
e fraco.” É essencial pensar poderosa e firmemente, “Eu consigo”, sem osten-
tação ou preocupação…”
http://www.mundodospensamentos.com.br/autor.php?id=Dalai%20Lama

4. Fernando Pessoa (1888-1935)


“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”
“O êxito está em ter êxito e não em ter condições de êxito. Condições de palácio
tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?”.
https://pensador.uol.com.br/frases_de_fernando_pessoa_sobre_tropecos_sonhos_e_sucesso/

5. William Shakespeare (1564-1616)


“Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem
garanta que nem todas, só as de Verão. No fundo, isso não tem importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o
homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano,
dormindo ou acordado.”
http://livrespensantes.blogspot.com/2015/01/a-caixa-do-tempo.html (julho 2016)

13
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

AGORA EU SEI QUE…

1. O(a) Empreendedor(a) é um indivíduo que detém uma forma inovadora de se dedicar às


atividades de organização, administração e execução, principalmente na criação de riquezas, na
transformação de conhecimentos e bens em novos produtos, mercadorias e serviços, gerando
um novo método com o seu conhecimento.

2. Empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e


esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e
recebendo as consequentes recompensas económicas e sociais, de forma individual e coletiva.

3. Ter um comportamento empreendedor implica ter o desejo de mudar as coisas, de fazer algo
novo ou de melhorar o que já existe.

4. Eu também posso e devo desenvolver o espírito empreendedor, fazendo acontecer as coisas


/os sonhos para a minha satisfação pessoal e para o bem-estar da minha família, da minha
comunidade e do meu país.

ATIVIDADE 1

Escolhe a opção que te parece mais correta assinalando com uma cruz

A. Ser empreendedor(a) é:
□ Gerir uma empresa
□ Fazer negócios
□ Transformar ideias em oportunidades
B. Empreendedor (a) é alguém que:
□ Transforma as oportunidades em negócio de sucesso
□ Transforma o mundo do seu jeito
□ Gasta todo o seu dinheiro em coisas banais.
ATIVIDADE 2

Em grupos de 3 a 4 elementos, investiguem o seguinte:

a) Como se vê o(a) empreendedor(a) em Cabo Verde


b) Empreendedores(as) de referência em Cabo Verde

De forma inovadora e ousada, façam uma apresentação à turma, de não mais


de 5 minutos, dos resultados da vossa pesquisa.

14
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

2. CARATERÍSTICAS E ATITUDES DO(A) EMPREENDEDOR(A)

“O empreendedor é alguém capaz de identificar, agarrar e aproveitar opor-


tunidade, buscando e gerenciando recursos para transformar a oportuni-
dade em negócio de sucesso.” (Timmons)

Com base na definição apresentada por Timmons (1994)4 sobre o conceito


de Empreendedor(a) podem-se elencar os principais atributos que carateri-
zam a personalidade de um(a) empreendedor(a):

Criatividade
Aceitação de riscos Autoconfiança

Resolução de Caraterísticas e atitudes de Otimismo


problemas um(a) empreendedor(a)

Energia Persistência
Habilidades
interpessoais

4
Jeffry A. Timmons é considerado uma das maiores autoridades mundiais em empreendedorismo. É Doutor em Adminis-
tração de Empresas, Professor emérito de empreendedorismo do Babson College e autor do livro New Venture Creation, um
dos dez mais da lista da revista Inc. dos EUA.

15
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

Ao observarmos verdadeiros(as) empreendedores(as), podemos identificar


os seguintes aspetos que lhes são muito próprios:

1. Os(as) empreendedores(as) são peritos em identificar, explorar e comer-


cializar oportunidades.

2. São excelentes na arte de criar (novos produtos, serviços ou processos).

3. Conseguem pensar “fora do quadrado”: e considerar novas formas de


abordar problemas e perspetivar a realidade.

4. Pensam de forma diferente: os(as) empreendedores(as) têm uma perspe-


tiva diferente das coisas; adivinham problemas que os outros não veem ou
que ainda nem existem; descobrem soluções antes mesmo de outros sen-
tirem essas necessidades.

5. Veem o que os outros não veem: o(a) empreendedor(a) vê oportunidades


que escapam aos outros, ou as que os outros não atribuem relevância.

6. Gostam de assumir riscos: acreditam nos seus palpites e seguem-nos.

7. Os(as) empreendedores(as) competem consigo próprios e acreditam que


o sucesso ou o fracasso dependem de si. Na sua maioria, não desistem e
nunca param de lutar pelo sucesso.

8. Aceitam o insucesso: embora nenhum(a) empreendedor(a) goste de falhar,


sabe que a possibilidade de fracassar é inerente ao risco que qualquer ativi-
dade empreendedora comporta. O insucesso é encarado como uma possibi-
lidade de aprender e evoluir e de previnir futuros fracassos.

9. Observam o que os rodeia: a grande maioria das ideias e inovações


bem-sucedidas foram desenvolvidas a partir de uma realidade próxima ao(à)
empreendedor(a) – no âmbito profissional, familiar e de lazer.

10. Os(as) empreendedores(as) nunca se reformam.


Fonte: http://www.anje.pt/system/files/items/73/original/Empreendedorismo-v10-final.pdf (julho 2016)

16
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

SAIBA MAIS

Principais caraterísticas de um(a) empreendedor(a)

1. Boas ideias são comuns a muitas pessoas. A diferença está naqueles que conseguem
transformar as ideias em realidade, isto é implementar as ideias. A maioria das pessoas fica
apenas na “boa ideia” e não avança para a ação. O empreendedor passa do pensamento à
ação e faz as coisas acontecerem;

2. Todo(a) empreendedor(a) tem uma verdadeira Paixão por aquilo que faz. Paixão faz a
diferença. Entusiasmo e Paixão são as principais caraterísticas de um(a) empreendedor(a);

3. O(a) empreendedor (a) é aquele/aquela que consegue escolher entre várias alternativas e
não fica pensando no que deixou para trás. Sabe ter foco e fica focado(a) no que quer;

4. O(a) empreendedor(a) tem profundo conhecimento daquilo que quer e daquilo que faz e
esforça-se constantemente para aumentar esse conhecimento;

5. O(a) empreendedor(a) tem uma tenacidade incrivel. Ele/ela não desiste!

6. O(a) empreendedor(a) acredita na sua própia capacidade. Tem alto grau de autoconfiança;

7. O(a) empreendedor(a) não tem fracassos. Ele/ela vê os “fracassos” como oportunidades de


aprendizagem e segue em frente;

8. O(a) empreendedor(a) faz uso de sua imaginação. Ele/ela imagina-se sempre vencedor;

9. O(a) empreendedor(a) tem sempre uma visão de vários cenários pela frente. Tem, na cabeça,
várias alternativas para vencer;

10. O(a) empreendedor(a) nunca se acha uma “vítima”. Ele/ela não fica parado(a), reclamando
das coisas e dos acontecimentos. Ele/ela age para modificar a realidade!

Fonte :https://www.primecursos.com.br/openlesson/9990/101072/ (junho 2016)

17
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

AGORA EU SEI QUE…

1. Um(a) empreendedor(a) carateriza-se fundamentalmente pelos seguintes atributos: A per-


severança, o desejo e vontade de traçar o rumo da sua vida, a competitividade, a autoestima,
o forte desejo de vencer, a autoconfiança e a flexibilidade.

2. O(a) empreendedora(a) deve procurar desenvolver continuamente as competências emocio-


nais, o autoconhecimento e a criatividade;

3. O(a) empreendedor(a) deve ser recetivo(a) à inovação e criatividade de forma a conseguir


identificar oportunidades.

4. O(a) empreendedor(a) transforma as ideias em realidade, passa do pensamento à ação e


faz as coisas acontecerem.

5. Para eu ser empreendedor(a) tenho que competir comigo mesmo(a), nunca parar de lutar
pelo sucesso, acreditar que o sucesso ou fracasso dependem de mim, e encarar o insucesso
como uma oportunidade de aprender e evoluir cada vez mais.

ATIVIDADE 3

A. Uma das caraterísticas do(a) empreendedor(a) é ser:

□ Criativo(a)
□ Mentiroso(a)
□ Pouco inovador(a)
B. Aponta três caraterísticas de um(a) empreendedor(a) que achas serem
mais importantes.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________

ATIVIDADE 4

Identifica na tua comunidade uma pessoa que consideras ser um(a)


empreendedor(a) e justifica a tua escolha, através de um pequeno texto
que deverás entregar ao(à) teu/tua professor(a).

18
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

3. INTRAEMPREENDEDOR(A)

Conceito de Intraempreendedor

O termo intraempreendedor foi introduzido por Gifford Pinchot III5,


em 1985, e significa uma pessoa empreendedora dentro de uma
organização.

Com o estabelecimento do conceito de intraempreendedorismo, começou-se


a tomar a consciência da necessidade de se investir numa competência
organizacional, ou seja, desenvolver a capacidade de intervenção dos(as)
trabalhadores(as), facilitando liberdade e recursos financeiros e criando um
clima psicológico favorável à produção e transformação de ideais inovadoras
em projetos de sucesso.

Atualmente, verifica-se um aumento exponencial


da concorrência entre as empresas e as orga-
nizações, e, com muita frequência, vêm surgin-
do empresas com ideias inovadoras, com em-
preendedores(as) dedicados(as) e com muito
dinheiro para investirem.

Daí o facto de as empresas e organizações estarem interessadas em pessoas


empenhadas e dedicadas que possam ser uma mais valia e que trabalhem
como verdadeiros sócios da empresa ou organização, contribuindo com ati-
tudes proativas e com ideias ousadas e inovadoras, para a realização de pro-
jetos de investimento que possam tornar a sua empresa ou organização cada
vez mais competitiva.

O que é o intraempreendedorismo?

É uma modalidade de empreendedorismo praticada por funcionários(as) den-


tro da empresa ou organização em que trabalham, os(as) quais se destacam
pela sua capacidade de analisar cenários, criar ideias, transformar as ideias
em produtos e serviços, inovar e buscar novas oportunidades para a sua em-
presa ou organização.

5
Gifford Pinchot III é um empresário americano, autor e co-fundador do Instituto Superior Bainbridge, atualmente chamado
Pinchot University (BGI, em 2002, a primeira escola BGI, em 2002 ( a primeira escola de pós-graduação nos Estados Unidos
para oferecer um MBA em Negócios Sustentáveis) ​​. Atribui-se-lhe a invenção do conceito de intraempreendedorismo, a partir
de um artigo que ele e a esposa escreveram, em 1978, intitulado Intra- Empreendedorismo Corporativo, enquanto frequenta-
vam a Escola Tarrytown para os empresários, em Nova Iorque.

https://en.wikipedia.org/wiki/Gifford_Pinchot_III (junho 2016)

19
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

Principais caraterísticas do(a) intraempreendedor(a)

• O(a) intraempreendedor(a) é ousado(a) e criativo(a);

• Destaca-se pela busca da novidade, não tem medo de arriscar, de não ter o
sucesso desejado;

• É apaixonado(a) pelo que faz. Sempre persistente e dedicado(a), descobre


oportunidades ocultas;

• É autoconfiante;

• Decide por conta própria;

• Simula os erros e riscos;

• Está sempre atento(a) às novas ideias;

• É Proativo(a) e inovador(a);

• É mestre na arte de convencer os outros da boa fundamentação da sua


visão;

• É orientado(a) para a ação, mas pronto(a) para o compromisso;

• É persistente, sabendo que faz de tudo para que o negócio dê certo e


dissemina a ideia para os outros colaboradores, atuando como o líder da
equipe e encorajando-os a continuar;

• Ele/ela tem prazer em ensinar aos outros o que sabe, gerando efeito cascata,
formando outros executivos empreendedores, pois é quase impossível uma
empresa funcionar com apenas um(a) empreendedor(a).

20
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

SAIBA MAIS

Como ter pessoas apaixonadas dentro da organização?

1. Procure entender num aspeto mais amplo quem são as pessoas que estão do seu lado,
transcenda dos aspetos técnicos: Qual a história de vida dessas pessoas? Tente identificar
quais foram as escolhas que elas fizeram, que riscos tomaram para realizarem as suas es-
colhas. Por exemplo: algumas pessoas passam por restrições financeiras para conseguirem
concluir a graduação desejada, ou usaram formas criativas num trabalho onde foi preciso en-
frentar bastante resistência e, mesmo assim, não desistiram;

2. Tente entender que temas são aqueles que brilham os olhos das pessoas. Para isso, não
tente enquadrar qualquer conversa, deixe-as fluírem e tente observar quais são os pontos que
as entusiasmam;

3. Tenha sempre momentos onde se possa entrar na informalidade – a informalidade permite


acessar o que existe de mais genuíno nas pessoas e gerar ambiente de confiança;

4. Estimule encontros periódicos para falar com as pessoas sobre como elas se vêem na orga-
nização, se realmente existe alinhamento entre as expetativas dos dois lados;

5. Caso não haja alinhamento, se esforce para tratar a situação com maturidade. Isso significa
que, caso alguém não se veja na organização, ela não precisa sair ou ser demitida imediata-
mente. Uma saída planificada pode garantir uma transição sem ruturas para os dois lados e
a continuação da relação, já que no futuro esse profissional poderá ter o que contribuir para
sua organização como um fornecedor, um cliente ou até novamente como um profissional da
empresa.

Fonte: Cláudio Garcia, https://endeavor.org.br/os-dois-lados-do-intraempreendedorismo/ (julho 2016)

AGORA EU SEI QUE…

1. O(a) intraempreendedor(a) é aquela pessoa que empreende dentro da sua própria insti-
tuição ou local de trabalho;

2. Empreender dentro das organizações é apresentar ideias, soluções, projetos, colocar em


prática essas ideias, gerar resultados e obter novos êxitos;

3. Qualquer pessoa que possua um perfil empreendedor pode desenvolver as habilidades de


um(a) intraempreendedor(a).

21
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

ATIVIDADE 5

Relativamente às caraterísticas do (a) intraempreendedor (a), aponta:

a) As que consideras possuir;


b) As que gostarias de possuir;
c) As que consideras muito importantes.

ATIVIDADE 6

Demonstra como é possível concretizar a seguinte afirmação:

“Um(a) cabeleireiro(a), um(a) professor(a) e um(a) peixeiro(a) podem ser em-


preendedores(as) nos seus respetivos trabalhos”.

22
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

4. EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Ao pensar em empreendedorismo, normalmente, pensamos em empresas bem
sucedidas, ideias inovadoras, criação de emprego, geração de lucro e ganho
financeiros. Mas nem sempre essa associação está correta. Muitas empresas
empreendedoras têm como o seu principal objetivo a redução da pobreza e/ou
das desigualdades sociais. Outras fazem da proteção do ambiente e dos recur-
sos naturais o seu maior foco, abdicando-se de qualquer benefício financeiro.

Neste tema vamos clarificar o conceito de empreendedorismo social e analisar


o impacto que pode ter na transformação e no progresso de uma sociedade.

I. Conceito

É um conjunto de ações empreendedoras levadas a cabo por indivíduos com


soluções inovadoras para os problemas mais críticos da sociedade, visando a
mudança e o progresso das suas localidades /cidades, países e até do mundo.

Algumas caraterísticas do(a) empreendedor(a) social:

• Tem ambições e é persistente;


• É simultaneamente visionário(a) e muito realista, preocupando-se fundamental-
mente com a aplicação da sua visão;
• Apresenta as suas ideias de forma simples, acessível e com ética, com o objetivo
de obter o maior apoio possível das pessoas na implementação das suas ideias.

Se bem reparares, as caraterísticas mencionadas de um(a) empreendedor social


coincidem com as caraterísticas de qualquer empreendedor(a).
Será que existe alguma diferença entre o(a) empreendedor(a) e o(a) empreende-
dor social?

II. Qual a diferença entre o empreendedor(a) e o(a) empreendedor(a) social?

Na verdade, não existem grandes diferenças nos sonhos dos(as) empreende-


dores(as) e empreendedores(as) sociais, já que o(a) bom /boa empreendedor(a)
tem sempre presente o bem comum, e qualquer atividade empreendedora repre-
senta um ganho para a sociedade, pois ela oferece novos serviços e bens que
promovem o desenvolvimento económico e social.

Para que possas compreender melhor vamos dar-te o exemplo da Associação


Bons Amigos, sediada na Ponta d’Água , Cidade da Praia.

23
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

A Associação Bons Amigos é um centro de atendimento veterinário que providen-


cia cuidados básicos aos animais, bem como pequenas cirurgias a baixo custo,
o que veio colmatar a lacuna que existia na capital do país, em termos de locais
de cuidados médico-veterinários. A Associação promove várias campanhas de
castração de animais por toda a cidade contribuindo, assim, para a promoção
da saúde pública e do bem estar animal. A Associação Bons Amigos criou um
sistema de adoção responsável de animais domésticos. Esta atividade deveras
empreendedora, emprega vários trabalhadores, providencia bens e serviços e
beneficia a sociedade em geral.

Como podes ver, toda a atividade empreendedora tem um impacto na sociedade


e contribui para o seu desenvolvimento!

“Do mesmo modo que os empreendedores em geral mudam a face dos negócios,
os empreendedores sociais atuam como agentes de mudança da sociedade,
aproveitando as oportunidades que outros deixam passar e melhorando os siste-
mas, inventando novas abordagens e criando soluções capazes de mudar a so-
ciedade para melhor. Enquanto um empreendedor privado pode criar indústrias
inteiramente novas, um empreendedor social propõe soluções novas para os
problemas sociais e implementa-as em grande escala”.

Fonte :http://portugal.ashoka.org/o-que-%C3%A9-um-empreendedor-social (julho 2016)

III. Exemplos de empreendedorismo social

Caso 1:

Bernardino Gonçalves é natural da Praia, nasceu a 11 de


Março de 1982. Reside desde a sua infância em Safende,
um dos bairros considerados mais perigosos da cidade da
Praia. É formado em Economia e Gestão e trabalha atual-
mente no Programa Nacional Luta Contra a Pobreza. Es-
teve, desde o inicio, envolvido no processo que deu vida
ao Espaço Aberto Safende e é representante da Comuni-
dade Religiosa “Santo Egídio” em Cabo Verde. É também
responsável pelo Secretariado Diocesano da Juventude e
líder de vários grupo juvenis católicos. É visto por muitos como um ativista e
um empreendor social pelo trabalho que vem desenvolvendo no seu bairro,
enquanto jovem cidadão. Em 2016 foi selecionado para participar no Programa
Mandela Washington onde teve a oportunidade de se encontrar com o Presidente
norte-americano Barack Obama e partilhar experiências com jovens de diferentes
cantos do mundo (países de Africa).

24
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

A sua participação na Jornada Mundial da Juventude, em 2000, em Roma,


amadureceu a sua fé e fê-lo desenvolver esse espírito empreendedor, tor-
nando-o, hoje, num empreendedor social reconhecido a nível nacional.

Em 2008, juntamente com os jovens de-


nominados thug’s do bairro de Safende
conseguiu financiamento para a construção
de uma placa desportiva para ocupação
do tempo livre dos jovens da comuni-
dade. Em parceria com a Associação Zé
Moniz, obteve apoio para a construção
do “Espaço Aberto Safende”, centro de
intervenção comunitária de referência a
nível nacional, que desenvolve algumas ações no bairro, em prol de uma co-
munidade mais segura e mais desenvolvida. Através da Comunidade Santo
Egídio, que ele representa, várias ações de promoção da cultura da paz vêm
sendo desenvolvidas com o intuito de combater a insegurança que tem dene-
grido a imagem do bairro de Safende, com destaque para a Escola da Paz que
promove a inserção escolar das crianças desfavorecidas.

Atualmente exerce uma intensa atividade no movimento “Safende Tudora” que


visa consciencializar a população em geral, e, particularmente, os jovens a
amarem o seu bairro, prestando serviços sociais em benefício de tod@s.

Bernardino sonha com um Safende seguro. O seu maior sonho é não ver mais
jovens a morrerem violentamente e a irem para a prisão.

Caso 2:

Com uma rápida pesquisa na internet, encontramos


empresas como a Grameen Danone que são con-
sideradas empresas sociais. Porquê? Esta empresa
produz iogurtes nutritivos que são vendidos a baixo
preço. Desta forma, a população mais pobre consegue
comprar iogurtes. Esta empresa é um exemplo de em-
preendedorismo social:

1. A sua atividade gera grande benefício para a sociedade e contribui para a


redução da pobreza;

2. Esta empresa não foi criada com o objetivo de gerar lucro. Neste caso espe-
cífico, os acionistas da Grameen Danone não podem retirar qualquer dividendo

25
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

dos lucros e os resultados da empresa são avaliados pela quantidade de crianças


desnutridas que foram auxiliadas pelo seu produto.

É inegável que esta ideia é genial e empreendedora e contribui diretamente


para a melhoria da qualidade de vida de milhares de crianças. Mas neste caso,
a atividade não é lucrativa.

SAIBA MAIS

Exemplos Históricos de Empreendedores Sociais Líderes:

Susan B. Anthony (1820-1906) Lutou pelos Direitos das Mulheres nos Estados Unidos, incluindo
o direito de controlar os bens, e ajudou a liderar o processo de aprovação da 19ª emenda.
http://portugal.ashoka.org/o-que-%C3%A9-um-empreendedor-social

Vinoba Bhave (1895-1982): Fundador e líder do Land Gift Movement (Movimento de Doação
de Terras), levou à redistribuição de mais de 17.300.000 hectares de terra para ajudar os
intocáveis e os sem-terra da Índia. Foi sucessor espiritual de Mahatma Gandhi e defensor da
Não-Violência e dos Direitos Humanos na Índia.
http://portugal.ashoka.org/o-que-%C3%A9-um-empreendedor-social

Jean Monnet (França) Responsável pela reconstrução da economia francesa após a Se-
gunda Guerra Mundial, incluindo a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
(CECA). A CECA e o Mercado Comum Europeu foram precursores diretos da União Euro-
peia.
http://portugal.ashoka.org/o-que-%C3%A9-um-empreendedor-social

Margaret Sanger (EUA) Fundadora da Planned Parenthood Federation of America (Federação


Americana do Planeamento Familiar) dirigiu o movimento em prol do planeamento familiar em
todo o mundo.
http://portugal.ashoka.org/o-que-%C3%A9-um-empreendedor-social

Amílcar Cabral (1924-1973): Agrónomo e líder político que comandou a luta de libertação
nacional da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

26
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

Nelson Mandela (1918-2013): O mais poderoso símbolo da luta contra o regime segrega-
cionista do Apartheid, sistema racista oficializado em 1948, e modelo mundial de resistência.
Vencedor do prémio Nobel da Paz de 1993.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Mandela

Martin Luther King (1929-1968): Pastor protestante e ativista político estadunidense. Tor-
nou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos
Estados Unidos e no mundo.
https://www.ebiografia.com/martin_luther_king/

(julho 2016)

AGORA EU SEI QUE…

1.O empreendedorismo social é um conjunto de ações empreendedoras que visam a melhoria


da sociedade, onde os(as) empreendedores(as) adotam medidas que podem ser ao mesmo
tempo lucrativas e sociais.

2. O empreendedorismo social procura implementar nas comunidades medidas sustentáveis


que conciliem os avanços tecnológicos e outros progressos com um meio ambiente saudável e
boas condições de vida para todos.

3. O(a) empreendedor(a) social, com a sua ação, constitui um(a) grande impulsionador(a)
da economia e contribui significativamente para a diminuição da exclusão social e demais
problemas sociais e económicos

ATIVIDADE 7

Identifica na tua zona de residência, na tua cidade ou no teu país um (a)


empreendedor(a) social e escreve um pequeno texto sobre o seu trabalho,
enquanto empreendedor(a) social.

27
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

6. EMPREENDEDORISMO E O MERCADO DE TRABALHO

Atualmente, obter um trabalho tornou-se muito difícil.


Por isso, muitas pessoas tentam se alocar no mercado
de trabalho de uma outra forma, ou seja, criando o seu
próprio emprego, aproveitando oportunidades. Muitas
vezes essas pessoas conseguem criar empregos para
si e para outras pessoas.

Mercado de trabalho - O que é?

Mercado de trabalho relaciona aqueles que procuram


emprego e aqueles que oferecem emprego num sistema
típico de mercado onde se negocia para determinar os
preços e a quantidade de um bem, o trabalho.

O famoso cantor cabo-verdiano Norberto Tavares


(1956-2010) já dizia “Nu djunta mon nu kompu nos
terra, ka nu spera so pa Stadu nau”. O que quererá
Norberto dizer com esta passagem? Com isto ele
quis dizer que o Estado não deverá ser o único em-
pregador das pessoas. Nós podemos também criar
empregos, e gerar novos postos de trabalhos, utilizando a nossa imaginação e
transformando as nossas ideias num bom negócio.

Tudo começa a partir de um sonho. Se não sonharmos, não seremos em-


preendedores(as). Só empreende aquele que sonha, aquele que tem ideias,
porque as oportunidades de negócio são criadas a partir de ideias.

Muitos têm tentado agarrar as oportunidades para investir, mas não conseguem.
Porque será que uns conseguem e outros não? Onde estão as oportunidades?
Como agarrá-las?

28
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

SAIBA MAIS

Transcreve-se a notícia de 24 de Julho de 2016:

Fornecido por NOTÍCIAS AO MINUTO

“Pedro Jorge foi um dos jovens concorrentes que saiu este domingo,
dia 24, do programa ‘MasterChef Júnior’ da estação de Queluz de
Baixo.

Apesar de ter conquistado os portugueses, não conseguiu ser um


dos finalistas do concurso culinário, e foi eliminado pela segunda vez.

Triste por ter abandonado a competição, mas feliz por ter participado nesta aventura, o menino
usou a sua página do Facebook para escrever um texto dedicado ao avô, que foi quem lhe
ensinou a cozinhar.

“Quis que a minha mãe me inscrevesse no ‘Master Chef Júnior’ porque gosto de cozinhar, e de
comer, como já todos perceberam, mas sobretudo para dar o meu melhor e provar ao meu avô
Zé que tudo o que ele me ensinou valeu a pena. Há coisas de que não me recordo, era muito
pequenino, mas os meus pais contam que aos 5 anos comecei a cozinhar com a ajuda do avô
que começou a perceber a minha paixão pela cozinha, pelas facas. O meu maior sonho era
ganhar o programa, surpreender o meu avô Zé, provar-lhe que tudo o que me ensinou afinal
valeu a pena. Mas não consegui. Avô, isso só significa que ainda preciso de ti, que tenho muito
para aprender. Que temos de passar ainda mais tempo juntos, que ainda tens muito para me
ensinar. Por isso, não fiques triste. Perdi o programa, mas ganhei muitos amigos e tenho a
certeza de que muitas outras coisas boas ainda estão por vir. Obrigado avô Zé!”, disse o jovem
concorrente.”
Fonte: www.noticiasaominuto.com (julho 2016)

AGORA EU SEI QUE…

1. No mercado contemporâneo as atitudes empreendedoras fazem diferença, pois diante de


um mercado tão dinâmico é importante conseguir acompanhar as mudanças, sabendo identi-
ficar as necessidades e propondo soluções diferenciadas, utilizando a criatividade e inovação
visando um crescimento económico e social sustentável de Cabo Verde e do Mundo;

2. Em Cabo Verde, apesar de o Estado ser o maior empregador, já é notável a mudança de


atitude dos(as) cabo-verdianos(as) em relação ao empreendedorismo e mercado de trabalho,
graças às novas políticas de educação, formação e emprego;

3.O empreendedorismo não consiste somente em fazer dinheiro e se enriquecer, mas em con-
seguir a realização pessoal e o bem estar comum.

4. A oportunidade de mercado é que impulsiona o(a) empreendedor(a) a montar o seu negócio.

5. Tudo começa a partir de um sonho ou uma ideia que, com dedicação, trabalho árduo e paixão,
é possivel transformar o sonho ou a ideia em realidade.

29
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

6. As caraterísticas mais importantes das boas oportunidades são diversas. Vejamos algumas:

- A demanda de mercado;
- O tamanho do mercado e o seu potencial de crescimento;
- A solidez e constância das margens de lucro e o contínuo fluxo de caixa positivo;
- Um mercado imperfeito (poucos concorrentes);
- Vácuos, deficiências, descontinuidades, baixa qualidade, tempo.

ATIVIDADE 8

Das afirmações abaixo indicadas, aponta a que julgas ser mais correta:
1. Mercado de trabalho é a relação entre o subordinado e o patrão;

2. Mercado de trabalho relaciona aqueles que oferecem força de trabalho com


aqueles que a procuram-na, num sistema típico de mercado, onde se negocia
a fim de determinar os preços e as quantidades a transacionar.

3. Mercado de trabalho relaciona aqueles que procuram emprego e aqueles


que oferecem emprego sem qualquer negociação.

ATIVIDADE 9

Qual é o teu sonho? O que vais fazer para transformar o teu sonho em reali-
dade?

30
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

7. IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO PARA A SOCIEDADE

Essa fila de de-


sempregados pode
diminuir ou deixar
de existir se cada
um desses jovens
decidir empreender
agora. Empreender
significa melhorar
a sua condição de
vida.

O(a) empreendedor(a) é “um excelente identificador de oportunidades, sendo


um indivíduo curioso e atento às informações, pois sabe que as suas chances
melhoram quando seu conhecimento aumenta.”

É possível ser empreendedor(a) em todas as circunstâncias porque o em-


preendedor(a) é aquele/aquela que cria, inventa e inova. Se todos nós temos
esse dom de empreender, porque esperar pelo Estado?

Quando se fala em empreendedorismo, geralmente, o que nos vem à mente é


a figura de uma pessoa que criou uma empresa de sucesso. No sentido restrito
do termo, sim, o(a) empreendedor(a) é isso, mas num sentido mais amplo, em-
preendedor(a) é toda a pessoa capaz de implementar, de mudar uma situação
existente, de mobilizar pessoas e recursos para a execução de determinado
objetivo.

São igualmente empreendedores(as) pessoas que mobilizam a sociedade para


uma causa social (empreendedores(as) sociais), as pessoas que mobilizam
lideranças de um país para implementação de mudanças em amplos aspetos,
(empreendedores(as) políticos(as)).

Pode-se afirmar que a riqueza de uma nação é medida pela sua capacidade
de produzir os bens e serviços necessários ao bem-estar da população. Sendo
assim, um dos principais motores da sociedade moderna é o(a) empreende-
dor(a).

É ele/ela que, através dos seus negócios, gera riqueza e bem-estar. É ele/ela
quem gera empregos e renda para as pessoas sobreviverem e consumirem os
produtos oferecidos pelas empresas.

31
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

Para Filion6 (1999), um(a) empreendedor(a) é


uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza
as visões. As ideias de “inovação” e iniciativa
estão contidas na palavra original entrepre-
neurship e, sendo assim, o(a) empreende-
dor(a) é inovador(a) (cria soluções, produtos e
serviços) e tem iniciativa (faz as coisas acontecerem). Numa perspetiva filosó-
fica, poderíamos dizer que o empreendedorismo é uma das manifestações da
liberdade humana.

Qual é a importância dos(as) empreendedores(as) na sociedade?

1. Retração no nível de emprego em todo o mundo;

2. Alterações profundas no mercado de trabalho;

3. Mudanças radicais nas empresas – Unidades de gestão, particionamento de cadeias pro-


dutivas, etc, terceirização, etc;

4. Novos conceitos de empregabilidade – autónomo, cooperado, terceirizado, etc;

5. Sociedade mais justa e mais igualitária;

Para um otimista, isto é um copo meio cheio e para um pessi-


mista, isto é um copo meio vazio.

Um(a) empreendedor(a) nunca deve ser pessimista. Ser


otimista significa ver a oportunidade em tudo, mesmo onde
não existe.

Não basta ser otimista, é preciso ter atitude para empreender e buscar
novas oportunidades.

6
Louis Jacques Filion é Professor Titular na Universidade de Quebéc e na Escola de Negócios HEC de Montréal (Canadá).
Em 2005 o Conselho Internacional de Pequenas Empresas atribuiu-lhe a sua mais alta distinção “Wilford White Fellow” pelas
suas contribuições no avanço do empreendedorismo no mundo. Filion já produziu uma centena de publicações, sendo uma
vintena de artigos e uma quinzena de livros. Ele é autor e co-autor de mais de 150 estudos de caso e já fez conferencias sobre
empreendedorismo nos cinco continentes

32
UNIDADE 1 - EMPREENDEDORISMO

SAIBA MAIS

“Não seja apenas mais um em seu trabalho. Seja único e bom no que faz, pois, o mercado de
trabalho está cheio de pessoas iguais. Precisamos de pessoas que façam a diferença, que pense
diferente. Precisamos de REVOLUCIONÁRIOS.”
Lucas Victor
https://pensador.uol.com.br/mercado_de_trabalho/

TRABALHE ENQUANTO
ELES DORMEM.
ESTUDE ENQUANTO
ELES SE DIVERTEM.
LUTE ENQUANTO
ELES DESCANSAM.
E DEPOIS VIVA O QUE ELES
SEMPRE SONHARAM.
@inspirando.Sucesso
https://br.pinterest.com/pin/32158584819076900/
(JUlho 2016)

AGORA EU SEI QUE…

1.Cada vez mais a nossa sociedade e o nosso mercado de trabalho torna-se mais exigente e
mais competitivo.

2. É preciso mudar de atitude para pudermos mudar o mundo. O mundo precisa de uma nova
visão, de novas descobertas e de novos olhares.

3. Os(as) empreendedores(as) desempenham um papel muito importante na sociedade. São


eles/elas que têm contribuído para a diminuição da taxa de desemprego no mundo.

ATIVIDADE 10

Redige um pequeno texto (uma página) demonstrando a importância do em-


preendedorismo na sociedade cabo-verdiana.

ATIVIDADE 11

Identifica problemas e necessidades da tua escola e/ou da tua comunidade. A


partir das ideias identificadas, tenta encontrar uma oportunidade que poderá vir
a ser transformada num bom emprego.

33
UNIDADE 12 - EMPREENDEDORISMO
DIGNIDADE DO TRABALHO

34
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

OBJETIVOS

No final desta unidade o (a) aluno (a) deverá ser capaz de:

1. Explicar o significado do trabalho;


2. Descrever os tipos de trabalho;
3. Descrever os diferentes mitos e convicções sobre a natureza e o estatuto
social do trabalho;
4. Explicar a importância do trabalho;
5. Descrever os atributos pessoais que levam ao sucesso no trabalho e na
vida;
6. Estabelecer a relação entre o empreendedorismo e a empregabilidade;
7. Explicar o conceito de carreira profissional;
8. Identificar as diferentes oportunidades de carreiras profissionais;
9. Explicar o conceito de emprego;
10. Identificar os tipos de emprego;
11. Relacionar profissão, trabalho e emprego, focando a igualdade do género
e o empoderamento da mulher na sua implementação;
12. Identificar as vantagens e desvantagens do trabalho por conta própria e
por conta de outrem versus empregabilidade.

35
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

1. DIGNIDADE DO TRABALHO

Muitos trabalhos são estigmatizados pela sociedade, sendo que muitos são
considerados, de certa forma, mais prestigiantes de que outros. Por exemplo, o
trabalho de um(a) médico(a) ou de um(a) advogado(a) é muito mais valorizado
do que o trabalho de um(a) varredor(a) de ruas ou de um limpador de esgotos,
tanto a nível do prestígio social como a nível da remuneração que recebem.
No entanto, todos estes trabalhos são de extrema importância para garantir a
saúde, a higiene e a segurança da nossa sociedade, pelo que todos, sem ex-
ceção, devem ser valorizados. Já dizia o ditado “o trabalho dignifica o Homem”,
e todo o tipo de trabalho deve ser respeitado.

Neste tema, clarificaremos o conceito de trabalho, analisaremos os tipos de


trabalho, discutiremos sobre mitos e convicções relacionados com a natureza
do trabalho e abordaremos o valor do trabalho, bem como os atributos pessoais
no trabalho para o sucesso na vida.

Comecemos este capítulo com um pequeno diálogo:

Samira e Paula frequentaram e concluíram junto o curso médio de agro-


pecuária. A Samira conseguiu um emprego como professor em Santo Antão
e a Paula, como extensionista agrária em Santa Cruz, na ilha de Santiago.
Depois de 3 anos sem se avistarem, eis que um dia se cruzam na Praia.
Paula: - Que bom te ver Samira! Já estás a trabalhar?
Samira: - Ainda não. Só estou a dar aulas. E tu, trabalhas?
Paula: - Sabes, eu não fui feita para estar no campo junto de camponeses.
O meu lugar é num escritório. Mas um dia vou conseguir um bom emprego!

Será que a Samira e a Paula valorizam ou dão importância aos seus em-
pregos? Certamente que não. Eles não dignificam os trabalhos que fazem.

I. Conceito da Dignidade do Trabalho

Existem tantas pessoas que não valorizam os seus trabalhos, por isso acabam
por prestar serviços com pouca qualidade. Certamente, este não é o teu caso!

Dignidade do trabalho – é a importância ou valor que se atribui ao nosso


próprio trabalho.

36
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Quando valorizas algo, um livro por exemplo, procuras conservá-lo muito bem
para não se rasgar. Se valorizas o que fazes, procuras fazê-lo muito bem e
com muito amor.

As respostas aos “porquês” representam o valor ou a importância do que fazes


ou tens. Procura responder as seguintes questões:

1. Porque é que eu estou a ler este livro, ou seja, qual é o valor ou a importância
deste livro para mim?

2. Porque é que eu estou a estudar, ou qual é o valor ou a importância da


escola para mim?

3. Porque é que eu estou a trabalhar, ou qual é o valor do trabalho para mim?

II. Conceito de Trabalho

Quando dizes que estás a procurar trabalho, na verdade estás à procura de


utilizar as tuas capacidades para produzires alguma coisa que traga benefícios
ou vantagens para ti e também para os que te rodeiam a nível familiar e social.
Trabalho é “ criação, fortuna, felicidade e realização dos homens”. (Codo,
1994).

Trabalho é o “resultado do esforço, do dispêndio de energias, física e mental,


que produz bens e serviços e que, para além de satisfazer as necessidades
individuais e bem-estar pessoal, contribui ainda para a manutenção e desen-
volvimento da sociedade como um todo”. (Lapo & Bueno, 2002).

III. Diferença entre Trabalho e Emprego

O trabalho é muito mais do que um mero emprego. O emprego exige, de ma-


neira geral, um contrato por determinado período de tempo e o pagamento de
um salário para desempenhar determinadas funções ou atividades. O conceito
de trabalho é mais abrangente e pode ser ou não remunerado. Por exemplo, o
trabalho doméstico (desempenhado pelo pai ou pela mãe), por exemplo, exige
esforço e dedicação para manter o lar limpo e confortável para todos os que lá
habitam, entretanto, está isento de qualquer compensação monetária.

Trabalho é tudo o que se faz, independentemente de ser pago ou não, que


visa satisfazer as nossas necessidades, melhorar tudo o que está à nossa vol-
ta, melhorar as condições de vida pessoal, familiar e social. O propósito último

37
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

do trabalho é o bem-estar pessoal e de todos os que me rodeiam: na minha


casa, no meu bairro, na minha escola e na minha cidade.

Exemplos:

• Cuidar da horta lá de casa para que na época da colheita, possamos ter frutos
e vegetais saborosos;

• Participar nas campanhas de limpeza ou pintura da escola, para que fique


bonita e confortável;

• Ajudar na limpeza da minha rua ou zona para combater a proliferação de


mosquitos e combater as doenças contagiosas.

O trabalho é necessário para nos desenvolvermos a nível cognitivo,


afetivo e de atitudes e comportamentos.

No trabalho posso identificar oportunidades. Por exemplo, ao ajudar nos tra-


balhos domésticos posso descobrir que tenho jeito para cozinhar, aplico-me
mais e acabo por pensar em abrir um pequeno café ou lanchonete; uma empre-
gada doméstica, descobre que passa bem a ferro e poderá pensar em prestar
esse serviço em vários lugares ou até em abrir uma pequena lavandaria.

O trabalho ajuda a adquirir competências, tais como ser responsável, ser orga-
nizado, ser criativo, entre outras. (ver figuras 1, 2, e 3).

Só com o trabalho podemos criar as condições para a nossa vida e a vida


da comunidade, pois só o trabalho é que nos permite satisfazer as nossas
necessidades e as necessidades dos outros.

Neste ambiente é possível realizar algum trabalho?

Figura 1

38
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

A organização do espaço melhora o desempenho no trabalho.

Figura 2 Figura 3

Qual a importância do trabalho?

O trabalho é uma atividade central na criação do bem-estar das pessoas, das


comunidades e das nações. Constitui a principal fonte de vida, de criação de
riqueza e de oportunidades.

Que precisas para trabalhar?

Para trabalhar e fazer a diferença no trabalho, não é preciso ter necessaria-


mente um diploma ou uma formação específica. Basta ter os seguintes recursos:

Mãos para agir Cabeça para pensar Coração para sentir

Exemplos:

Em casa - Posso e devo ajudar nas lides caseiras, ter o meu quarto limpo e
arrumado, limpar a casa de banho, lavar a louça e estar disponível sempre
que solicitado(a);

Na comunidade - Posso contribuir para a dinamização dos centros comu-


nitários e/ou centros sociais, ou posso criar um serviço em falta na minha co-
munidade;

Na escola - Se a Matemática não me dá dores de cabeça, devo auxiliar os


colegas com mais dificuldades e disponibilizar-me para aulas de apoio.

39
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Trabalho é a utilização da capacidade física e/ou mental com a fina-


lidade de fazer ou produzir algo que seja benéfico para nós e para as
outras pessoas, a nível familiar, profissional e social.

Todo o trabalho, remunerado ou não, deve ser feito o melhor possível,


com muito amor e entusiasmo.

O trabalho não prejudica a ninguém, mas sim, traz benefícios para todos. Vê
alguns exemplos:

Os(as) técnicos(as) que fazem furos nos terrenos


agrícolas, para obtenção de água, ou que fazem a
instalação elétrica nas nossas casas, utilizam a sua
capacidade física e mental para “produzirem” algo (a
fonte de água para a comunidade e a eletricidade na
nossa casa);

Os(as) professores(as) de Inglês que dão aulas par-


ticulares de explicação na tua comunidade, utilizam
a sua capacidade mental para produzirem algo (o
conhecimento da língua pelos explicandos);

Arranjar o jardim da escola ou da casa, arrumar a


casa, lavar a louça, limpar a casa de banho e varrer
a rua exigem o dispêndio de alguma energia e a uti-
lização de algumas capacidades físicas e/ou mentais,
tudo em prol de um ambiente saudável em termos
psicológicos e higiénicos (não são atividades pagas
com dinheiro, mas contribuem para o bem-estar pessoal e social).

IV. Tipos de trabalho

Tal como aprendeste antes, trabalhar significa usar a tua capacidade mental
ou física, as tuas competências para produzires e/ou fazeres alguma coisa,
com qualidade e utilidade para ti e para o coletivo.
O trabalho pode ser classificado em dois tipos: Trabalho físico e trabalho men-
tal ou inteletual.

40
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Trabalho físico – Usa-se fundamentalmente o corpo (atividade física) para


cumprir uma certa tarefa. A atividade muscular é muito intensa, no entanto,
o uso do raciocínio lógico é também necessário. Por exemplo: escavações,
construção de estradas, fabrico de tijolos, transporte de carga, etc.

Trabalho mental – Utilizam-se fundamentalmente as capacidades cognitivas


para executar uma dada tarefa. O indivíduo usa a sua capacidade de raciocí-
nio para determinar o decurso do trabalho. Por exemplo: trabalho no computa-
dor, secretariado, escritor, docência ou educador comunitário.

Muitos trabalhos exigem o uso combinado das capacidades mentais e


físicas, isto é, requerem o emprego simultâneo do esforço físico e men-
tal (reflexão). Por exemplo: carpintaria e escultura.

SAIBA MAIS

O presente texto elucida a origem e o significado da palavra “trabalho”:

A palavra trabalho deriva do latim, da palavra tripalium, originariamente um instrumento de


tortura do exército romano composto por três paus. Enviar alguém ao tripalium era sinónimo de
obrigar ao sofrimento e cansaço – ideias ainda hoje muito associadas ao trabalho profissional.
Como muitas pessoas se sentiam, ao longo da vida, “obrigadas” a trabalhar para sobreviver,
ocorreu a generalização do termo e do sentido intrínseco de trabalho como algo penoso. Daí,
a melancolia do domingo à noite, afinal amanhã é segunda-feira, dia de voltar ao sofrimento,
ao tripalium.

Os gregos, hedonistas, por sua vez, utilizavam a palavra póiesis (inicialmente com o signifi-
cado de criação, ação, confeção, fabricação e, posteriormente, arte da poesia e faculdade
poética), que em português deu origem à palavra poesia, recuperando o sentido helénico de
atividade que revela a beleza do espírito, envolvendo, portanto, prazer e satisfação!
No livro “O Banquete” da autoria do filósofo Platão”, encontramos o termo póiesis como a ma-
neira pela qual o Homem atinge a imortalidade. Neste texto são apresentados três caminhos
para póiesis:

1) A póiesis natural, associada a ter filhos;

41
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

2) A póiesis social, associada ao heroísmo;

3) A póiesis da alma, associada ao cultivo de uma vida virtuosa e voltada ao conhecimento

A maneira como fazemos as coisas e a qualidade dos resultados que obtemos depende das
razões que nos levam a fazê-las, do nosso grau de entusiasmo e paixão ao realizá-las. Imprimi-
mos o nosso estado de espírito em tudo o que fazemos.

Encontra o significado especial do teu trabalho em relação à tua vida e à vida das pessoas que
fazem parte da tua vida em casa, na escola e na comunidade. Como te sentes em relação ao
teu trabalho? Porquê?

Procura encontrar os melhores “porquês” e “para quês”. Preenche a tua vida de póiesis e elimi-
ne o tripalium. Afinal, o fato de que possa haver dor e sofrimento em vários momentos da vida,
não pode e nem deve transformar a nossa vida numa tortura.

A vida é feita de escolhas. O que vivemos e como vivemos é sempre uma consequência
natural. Façamos as melhores escolhas, não somos prisioneiros do destino, somos poetas
da criação, co-autores da história do mundo!”.

Texto adaptado (Carlos Hilsdorf, 2012)


(http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/colunistas/carlos-hilsdorf/tripalium-x-poiesis (julho 2016)

AGORA EU SEI QUE…

1.Dignidade do trabalho é a importância ou o valor que se atribui ao nosso próprio trabalho.

2. O trabalho é uma atividade central na criação do bem-estar das pessoas, das comunidades
e das nações.

3. Trabalho é a utilização da capacidade física e/ou mental com a finalidade de fazer ou produzir
algo que seja benéfico para si e para todos (as) em diferentes espaços, nomeadamente, familiar,
profissional e comunitário.

4. Ao trabalhar, tenho a oportunidade não só de desenvolver as capacidades que tenho, mas


também, de adquirir novas capacidades.

5. Todo o trabalho é útil e necessário para a felicidade e bem-estar pessoal e social

6. Devo valorizar todo o trabalho que eu faço e que as outras pessoas fazem, independente-
mente de ser um trabalho remunerado ou não.

42
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

ATIVIDADE 1

A Rosa identifica trabalho com tripalium. O Jailson identifica trabalho


com póiesis.

Na tua opinião quem é mais feliz? Justifica a tua escolha.

ATIVIDADE 2

Tendo em conta o significado e a importância do trabalho, discute, em


grupos de 3 elementos, a seguinte afirmação:
“Roubar não é nenhum tipo de trabalho”.

ATIVIDADE 3

Comenta a resposta da Denise.

A Kátia fez a seguinte pergunta à Denise sobre o Adilson:


- Onde trabalha o Adilson?
A Denise respondeu:
- Ele não trabalha, ele vende roupas usadas no mercado de Sucupira.

43
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

2. MITOS E CONVICÇÕES SOBRE A NATUREZA DO TRABALHO

I. O que são mitos?

São convicções ou ideias pré-concebidas amplamente dissemi-


nadas, mas erradas, sobre certos aspetos.

Existe uma variedade de mitos que podem ser sobre:

O trabalho A superioridade racial A perfeição humana

A alimentação A aquisição de conhecimentos

II. Mitos e convicções sobre a natureza do trabalho

Muitos justificam os sucessos dos outros dizendo que eles nasceram para tal
efeito. Por exemplo, se conseguires realizar os teus projetos com sucesso, os
outros dirão que nasceste para ser projetista.

Ninguém nasce para ser projetista. Ninguém nasce predestinado para ser seja
o que for (Professor, Mecânico, Policia, médico, etc). Cada um deve se es-
forçar em ser aquilo que deseja ser na vida. Vê a seguir alguns mitos sobre
determinados tipos de trabalho na sociedade cabo-verdiana:

Tomar conta de crianças é trabalho Os empresários não se fazem, mas


para mulheres. nascem predestinados a sê- lo.

O comércio é o último recurso de-


Não se pode iniciar uma empresa a pois de não se ter triunfado nos es-
não ser com muito dinheiro. tudos ou por não se ter outra alter-
nativa de trabalho.

44
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Vê um exemplo de como foi ultrapassado esse preconceito:

Manuela, a ardina (vendedora de jornais)

Manuela vive num dos subúrbios da cidade e é uma senhora com um nível de vida aci-
ma da média na sua zona, mas a forma como enriqueceu é o que todos na sua aldeia
ainda se perguntam. Manuela começou a vender jornais quando ainda era estudante
do ensino secundário numa das escolas secundárias, perto do seu local de residência.
Ela frequentava a escola à tarde e aproveitava as horas livres durante a manhã para
fazer este trabalho.

Manuela enfrentou muitos ‘desafios ao vender jornais; o pior foi o facto de os seus
colegas lhe chamarem alguém que não tem um trabalho específico, mas faz trabalhos
que os outros desprezam. Como Manuela valorizava o que fazia, ignorava-os e con-
centrava-se cada vez mais no seu trabalho.

Assim, para surpresa de muitos, quando Manuela estava nas férias do 12º ano foi-lhe
feita a proposta de transportar e distribuir um dos principais jornais da cidade. Ela aceitou
de boa vontade, com a ajuda de pessoas a quem deu emprego; desempenhou esse pa-
pel de modo satisfatório para os seus clientes e empregadores.

Enquanto estudava na universidade, Manuela teve ainda outra oportunidade de dis-


tribuir o mesmo jornal por todo o país. Isso permitiu-lhe aumentar os seus rendimentos
e enriquecer, apesar de ter ainda o estatuto de estudante.

Quando concluiu os seus estudos universitários, Manuela não se preocupou em procu-


rar emprego pois já estava a trabalhar. Em vez disso, ela deu trabalho a alguns dos
colegas com os quais tinha estudado, inclusive aqueles que costumavam desprezá-la.
No fim dos seus estudos, a maioria dos colegas cobiçava a sua “sorte” e desejava es-
tar no seu lugar. Na verdade, alguns chegaram a pedir-lhe emprego.

III. Mitos Culturais Baseados no Género

A Igualdade entre mulheres e homens é uma questão de direitos humanos


e uma condição de justiça social, sendo igualmente um requisito necessário
e fundamental para a igualdade, o desenvolvimento e a paz. A igualdade de
género exige que, numa sociedade, homens e mulheres gozem das mesmas
oportunidades, rendimentos, direitos e obrigações em todas as áreas.

Na nossa sociedade as mulheres, normalmente, têm mais sobrecarga de tra-


balho em relação aos homens, porque, para além das suas responsabilidades
profissionais, elas têm o dever de cuidar de casa, das tarefas domésticas e
das crianças.

45
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Já reparaste que em Cabo Verde alguns trabalhos não são muitos valorizados
como por exemplo trabalho doméstico, limpeza em geral, recolha de lixo, guar-
da, e vendas ambulantes?

Há alguns anos, as mulheres não chegavam jogar futebol, alegando que este tipo
de desporto era unicamente para os homens. O cenário hoje é bem diferente,
temos equipas femininas que representam esse desporto no nosso país. Reali-
zam-se campeonatos mundiais de futebol feminino, onde as mulheres demostram
a suas capacidades. Todos podemos trabalhar de igual para igual e ter acesso às
mesmas oportunidades.

Fotos: internet

Questões para reflexão

O que representam essas imagens para ti? O que provocou esta mudança?
Existem trabalhos específicos para mulheres e para homens?

Já reparastes que em algumas comunidades ou em algumas famílias, os tra-


balhos são divididos de acordo com o sexo? Os rapazes não lavam a loiça,
não varrem a casa, não carregam água pois, tradicionalmente, são “trabalhos
para mulheres”. Esta forma de pensar representa um mito.

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UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Vejamos alguns casos de pessoas que conseguiram vencer os preconceitos e


convicções falsas sobre determinados tipos de trabalho baseados no género:

Caso 1: Adélcia um exemplo de determinação e força

Fotos: internet

Natural do concelho de São Domingos, ilha de Santiago, Adélcia Tavares de


32 anos é exemplo de determinação e força. Esta jovem mulher que, em meni-
na sonhava ser psicóloga, integra hoje a equipa de Mecânica da Electra, em-
presa de eletricidade. Grávida de 3 meses, Adélcia iniciou a sua formação em
Mecânica no antigo Instituto Superior de Engenharia e Ciências do Mar em
São Vicente. A jovem mãe teve de ultrapassar inúmeras barreiras para chegar
onde está hoje, não só por estar a “intrometer-se numa área de homens” mas
também, por ser uma jovem mãe estudante, batalhando pelo sonho de con-
cluir a sua formação.

Em 2008 fez o seu estágio curricular na Cabnave – empresa de reparações


navais – e é com orgulho que afirma ter sido “a primeira aluna a estagiar na
área de Mecânica nessa empresa!”

Iniciou o seu percurso profissional em 2008, tendo sido relegada ao trabalho


na área comercial, uma vez que, segundo a Direção da Empresa, não havia
condições de trabalho para as mulheres na Mecânica. Mas a força de vonta-
de de Adélcia prevaleceu e, em 2012, a sua persitência foi recompensada.
Ela convenceu a Direção da Empresa a dar-lhe um voto de confiança, uma
vez que lugar dela é na oficina. Hoje, Adélcia Tavares é Mecânica efetiva da
Electra Santiago Sul e cimenta a sua conquista: está a fazer o Complemento
de Graduação em Engenharia Mecânico-Industrial na Universidade de Cabo
Verde.

47
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Caso 2: A história de dois jovens peixeiros

Danilo Rosa Freire (Mick) “direita”, natural da ilha do


Maio, e Danielson Patrick Silva Barros (Dany) “esquer-
da,” natural da cidade da Praia, são dois jovens em-
preendedores que desafiaram as probabilidades e
tomaram rédeas do seu destino.

Mick estava desempregado e sem qualquer perspeti-


va de vida. No entanto, incentivado pelos amigos, Mick
corajosamente decidiu mudar de vida e começou a
vender peixe nas ruas da capital. Ele conseguiu tam-
bém convencer o seu amigo Dany a juntar-se nesta
aventura. Dany confessa que incialmente a vergonha
era muita, pois vender peixe era considerado trabalho
exclusivo das mulheres. Entretanto, com o passar do
tempo, foi superando os desafios do seu trabalho e hoje sente-se totalmente
confortável como jovem peixeiro, “sem nenhum preconceito!”

Orgulhosos da sua profissão, Mick e Dany têm no suor do seu trabalho a


sua fonte de rendimento! Amplamente aceites pela comunidade, estes jovens
peixeiros dão um tom mais grave à “cavala fresku” que passeia pelas ruas da
capital cabo-verdiana e desafiam as tramas do desemprego.

Juntos, estes dois inovadores sonham abrir uma empresa de venda de peixe e
levar o seu comércio a todos os cantos de Cabo Verde.

Caso 3: Carpinteira de sucesso

Mariza de Ponta d’Água é o exemplo de uma mulher que escolheu uma


profissão considerada para homens e que a desempenha há mais de 20 anos,
por amor. Mariza, é carpinteira de profissão e é natural do município de São
Domingos. Quando veio para a Praia nos anos 80, começou por trabalhar na
Câmara Municipal, antes de ser ajudante de carpinteiro na cofragem das ca-
sas. Nunca gostou do trabalho doméstico, por isso, decidiu ser carpinteira.
Depois de mais de 20 anos, decidiu criar a sua própria empresa e tem
pessoas a trabalharem para ela. Graças ao seu trabalho árduo conseguiu
construir a sua casa e criar os filhos.

(in sapocv, 20 de setembro 2014)

48
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Não menosprezes qualquer tipo de trabalho. Não existe nenhuma atividade


predestinada para alguém, uma classe social ou grupo de pessoas. Muitas
vezes, é o trabalho menosprezado que gera maior rendimento, enquanto a
maior parte das pessoas o evitam.

AGORA EU SEI QUE…

1. Os mitos são convicções ou ideias pré-concebidas amplamente disseminadas, mas


falsas, sobre certos aspetos.

2. Os mitos constituem uma grande barreira ao desenvolvimento dos direitos das


mulheres e dos homens. Há alguns anos, determinados trabalhos eram reservados
unicamente às mulheres e outros aos homens. Existiam trabalhos específicos para
homens e para mulheres. Hoje este facto é muito menos visível, mas ainda existem
certas pessoas que resistem à mudança.

3. Em Cabo Verde, assim como em outras paragens, existem vários mitos sobre o
trabalho que impedem os cabo-verdianos e as cabo-verdianas de realizarem os seus
sonhos. Com as políticas públicas direcionadas para a problemática de igualdade e
equidade de género, os cabo-verdianos e as cabo-verdianas passaram a gozar dos
mesmos direitos de oportunidades e as nossas mulheres começaram a se sentirem
mais úteis, participando com mais dinamismo na vida social e ocupando lugares que
antes eram considerados somente para os homens.

4. Devo superar e ajudar os outros a superarem os mitos e preconceitos sobre a na-


tureza do trabalho.

ATIVIDADE 4

1. Assinala com uma cruz a resposta que consideras ser correta

1.1. Os mitos são:

a. Ideias preconcebidas e erradas sobre determinados aspetos □


b.Ideias preconcebidas e justas sobre determinados aspetos □
c.Ideias transformadas num negócio de sucesso □

49
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

ATIVIDADE 5

Ao longo da tua vivência na comunidade, família e/ou com amigos, de


certeza que encaras certos tipos de mitos. Faz um levantamento dos mi-
tos e convicções erradas sobre a natureza do trabalho que são comuns
na tua comunidade;

ATIVIDADE 6

Em grupos de três elementos, identificar na comunidade, uma mulher


ou um homem que conseguiu enfrentar os preconceitos e realizar o seu
sonho a nível profissional.

ATIVIDADE 7

Estudo de Caso

a) A Manuela iniciou o seu negócio vendendo jornais, enquanto estudava;

b) Inicialmente, os(as) colegas menosprezaram o trabalho dela e muitos fizeram


troça daquilo que ela fazia;

c) No fim dos seus estudos, eles/elas ficaram surpresos(as) com o sucesso da


Manuela, e alguns/algumas colegas, que antes a desprezavam, foram pedir
emprego à mesma.

d) A Manuela é guerreira, otimista, autoconfiante, humilde e tem alto autoestima


etc.

Que lições tiras da história da Manuela?

50
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

3. ESTATUTO SOCIAL DO TRABALHO

Gostaria de ser Professor(a)? Comerciante? Médico(a)?

Já percebeste que algumas profissões ou algumas atividades são mais valo-


rizadas que as outras?

A sociedade tende a atribuir um estatuto específico a certos tipos de trabalho,


sendo alguns deles priorizados comparativamente a outros. Por exemplo, ser
guarda, empregado(a) doméstico(a) e engraxador de sapatos são menospreza-
dos enquanto que ser médico(a), engenheiro(a) e advogado(a) são profissões
altamente valorizadas. Contudo, todas as atividades ou profissões encon-
tram-se inter-relacionadas e complementam-se. .

Todo trabalho tem valor independentemente da sua natureza. Ser médico(a) e


limpar o escritório envolvem a prestação de serviços de saúde.

Geralmente, os indivíduos procuram um trabalho que:

• Promova o seu estatuto na sociedade;


• Contribua para serem consideradas honestas pelo público;
• Lhes confira respeito.

É essencial que cada indivíduo desenvolva uma atitude mental e convicções


positivas para consigo próprio e para com o seu trabalho.

I. Valor do trabalho

Normalmente, quando se pensa em trabalhar, o primeiro ganho imediato no


qual mais se pensa é o dinheiro. Porém, existem muito mais valores ou ganhos
que se podem obter a partir de qualquer trabalho ou profissão, independente-
mente da sua natureza, nomeadamente:

AUTOEMPREGO - Algumas pessoas preferem trabalhar por conta própria


(autoemprego), tornando-se patrão e empregado de si mesmo. O autoem-
prego pode elevar a autoestima, a autoconfiança e a independência financeira
dessa pessoa.

RECONHECIMENTO SOCIAL - Algumas pessoas fazem o seu trabalho com


muito amor e honestidade, dedicando-se e empenhando-se bastante. Por isso

51
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

ganham respeito, consideração e reconhecimento no seio das comunidades


em que estão inseridas.

MAIOR RENDIMENTO - Quando fazemos trabalhos com boa qualidade, muitas


pessoas procuram-nos para lhes prestar mais serviços. Isso permite-nos obter
um elevado rendimento.

MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA - Com o rendimento adicional que o tra-


balho vai gerar, o (a) trabalhador (a) pode adquirir bens e serviços que dantes
não tinha acesso. Pode melhorar a sua alimentação, cuidados de saúde, etc.
e, por conseguinte, melhorar o seu nível de vida.

SER ÚTIL À SOCIEDADE - Quando as pessoas trabalham, produzem bens


ou prestam serviços que a sociedade necessita.

DESENVOLVER TALENTOS - O trabalho pode ajudar a desenvolver cada


vez mais o talento ou a descobrir outros talentos. Desta forma, pode contribuir
para o seu próprio bem - estar e evolução profissional e, por conseguinte, o
bem – estar da sociedade.

PRESERVAÇÃO DA CULTURA - Outras pessoas trabalham para preservar e


promover a cultura. Por exemplo, promoção de espetáculos, teatros, etc.

CONCORRÊNCIA - O espírito de concorrência obriga as pessoas a trabalhar


no sentido de adquirirem os melhores bens ou maiores rendimentos possíveis
ou a produzirem bens de maior qualidade.

II. Atributos pessoais no trabalho para sucesso na vida

Já observaste que quando se inicia um projeto, algumas pessoas são


bem-sucedidas e outras fracassam? Afinal, o que pode determinar o sucesso
ou o fracasso nos projetos?

As qualidades do (a) empreendedor (a) são determinantes para o sucesso dos


seus projetos.

Atributos pessoais - conjunto de qualidades que constituem um pré-requisito


para o sucesso no trabalho.

52
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

De entre esses atributos destacam-se os seguintes:

• TRABALHO ÁRDUO

Para que tenhas sucesso, deves dar o melhor de ti aplicando um esforço


acrescido em tudo o que fazes (espírito de sacrifício). Ao dedicares mais tem-
po, recursos e maior empenho nos teus projetos ou atividades, aumentas as
possibilidades de alcançar o que desejas num espaço de tempo mais curto.

• PERSISTÊNCIA

Não desistas logo à partida! Procura diferentes formas para alcançares os


teus objetivos.

• CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO

Deves criar ideias originais e desenvolver a capacidade de análise crítica


das situações. Deves criar novas formas de trabalho, produtos e serviços, de
acordo com as necessidades locais e os recursos disponíveis.

• TRABALHO BASEADO EM TAREFAS

Quando tiveres um trabalho enorme divida-o em tarefas simples e pequenas.

• INICIATIVA

Não esperes que sejas dito ou mandado. Toma a iniciativa de fazeres algo.

• PREOCUPAÇÃO PELA QUALIDADE E EFICIÊNCIA

Deves fazer as coisas corretamente e com maior rapidez e economia de


custos.

Já reparaste que os atributos pessoais se assemelham muito às caraterísticas


do(a) empreendedor(a)? A persistência, a criatividade, a inovação, a iniciativa, a
qualidade e a eficiência devem constituir as bases para um bom desempenho,
enquanto empreendedor(a).

Um(a) verdadeiro(a) trabalhador(a) deve desenvolver as atitudes empreendedoras.

53
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

SAIBA MAIS

ALGUNS PENSAMENTOS SOBRE O TRABALHO

John Ruskin (1819-1900) - “A maior recompensa pelo nosso trabalho não é o que nos pagam
por ele, mas aquilo em que ele nos transforma”.
http://kdfrases.com/autor/john-ruskin

Pablo Picasso (1881-1973) - “A inspiração existe, mas tem que encontrar você trabalhando”
http://kdfrases.com/frase/132877

Frank Lloyd Wright (1867-1959) - “Eu sei o preço do sucesso: dedicação, trabalho duro, e uma
incessante devoção às coisas que você quer ver acontecer”.
https://pensador.uol.com.br/frase/OTAwNzky/

Madre Teresa de Calcutá (1910-1997)- “Eu sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas
sem ele, o oceano seria menor”.
http://kdfrases.com/frase/150216

Ayrton Sena (1960-1994) - “Eu não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e
competência”.
https://pensador.uol.com.br/frase/MTEyODg2MQ/

Istvan Széchényi (1761-1860) - “ Trabalho com consciência e aplicação. Se me cortarem as


asas, irei a pé; se me amputarem as pernas, caminharei com as mãos; se, por sua vez, mas
tirarem, rastejarei sobre o ventre: desde que possa ser útil”.

Simone de Beauvoir (1908-1986) - “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância
que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência con-
creta“.
http://www.citador.pt/frases/e-pelo-trabalho-que-a-mulher-vem-diminuindo-a-dis-simone-de-beauvoir-1423

(Julho 2016)

AGORA EU SEI QUE…

1. Para além do dinheiro, existem muito mais valores ou ganhos que se podem obter,
a partir do trabalho, tais como: autoconfiança, autoemprego, reconhecimento social,
desenvolver talentos, ser útil à sociedade, melhor nível de vida, maior rendimento,
preservação da cultura e concorrência.

2. Atributos pessoais constituem um conjunto de qualidades ou pré-requisitos


necessários para o sucesso profissional, nomeadamente, trabalho árduo, persistência,
iniciativa, trabalho baseado em tarefas, preocupação pela qualidade e eficiência, cria-
tividade e inovação.

54
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

ATIVIDADE 8

Indica dois tipos de valores ou ganhos obtidos por uma pessoa que
realiza os trabalhos seguintes:

a) Engraxar sapatos;

b) Fazer potes, vasos e bindes com barro ou argila.

ATIVIDADE 9

Comenta a atitude de cada um dos seguintes jovens:

a) Lucas concluiu o Curso de licenciatura em Biologia - vertente Ambiente e


permaneceu um ano sem conseguir o emprego. Um vizinho propôs-lhe a se-
guinte ocupação: Cuidar dos pais dele. Lucas aceitou a proposta.

b) Zuleica gosta de cuidar das crianças. Durante os estudos superiores no Brasil,


ela aproveitava as férias para tomar conta das crianças, não por necessidade de
dinheiro, mas para aumentar o seu rendimento.

55
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

4. EMPREENDEDORISMO X EMPREGABILIDADE

Para responder às novas exigências do mercado do


trabalho, o(a) trabalhador(a) deve ter uma boa for-
mação académica e profissional, e procurar desen-
volver caraterísticas e habilidades comportamentais,
como honestidade, assertividade, integridade, cria-
tividade, proatividade, competitividade, inovação,
domínio de, pelo menos, duas línguas estrangeiras,
trabalho em grupo, decisão, resolução de problemas e comunicação.

I. Conceito de Empregabilidade

A empregabilidade é um conjunto de habilidades e capacidades que o(a)


trabalhador(a) adquire de forma continua e progressiva, que o(a) valorizam
no mercado de trabalho. Quanto mais capacitado(a) for o(a) trabalhador(a),
maior seram as chances de manter ou progredir na sua carreira ou, então, de
encontrar um trabalho mais rentável.

II. Pilares da empregabilidade

• Adequação da profissão à vocação


• Competência profissional
• Idoneidade
• Saúde física e mental
• Reserva financeira e fontes alternativas de aquisição de rendas
• Relacionamentos

56
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

O Relatório sobre a promoção do empreendedorismo jovem através da edu-


cação e da formação, elaborado pela Comissão de Cultura e da Educação do
Parlamento Europeu, de Julho de 2015 considera o seguinte:

“O espírito empreendedor melhora a empregabilidade dos jovens, incutindo-lhes


qualidades essenciais para superarem os desafios nos planos profissional e pessoal,
e contribui para evitar um aumento da pobreza e da exclusão social; considerando
que o acesso a mecanismos de microfinanciamento pode ajudar a atingir estes
objetivos”.
“A educação e a formação profissional no seu conjunto são da maior importância
para o desenvolvimento pessoal de cada indivíduo, devendo, por conseguinte, ser
suficientemente vastas, a fim de lançar os alicerces para o desenvolvimento ao longo
da vida, o aprofundamento de conhecimentos e a aquisição de competências trans-
versais, bem como suficientemente práticas, possibilitando assim que o indivíduo
tenha uma carreira genuína e uma boa vida profissional e privada; considerando que
há uma correlação direta entre a conjugação bem-sucedida destes dois aspetos da
educação e a redução do risco de desemprego jovem”.

SAIBA MAIS

Emprego é fonte de renda e trabalho é fonte de vida.


Meu trabalho é minha obra. A noção grega de obra é poiesis. De
onde vem poesia, que é o que você elabora.
Eu gosto dessa idéia. Tanto que não há estresse no meu trabalho, só
cansaço. Cansaço resulta de um esforço intenso e estresse resulta
de um esforço para o qual você não vê sentido. Cansaço se cura
descansando. Estresse só se cura se houver mudança de rota.
Mario Sergio Contella
https://pensador.uol.com.br/frase/MTIxOTE0OQ/

Fatores que aumentam a empregabilidade

- Visão do negócio
- Formação académica
- Domínio de um terceiro idioma
- Rede de relacionamentos atualizada
- Experiência internacional
- Leitura diária
- Facilidade de adaptação em ambientes de mudança constantes
- Flexibilidade
http://slideplayer.com.br/slide/8933217/

57
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

AGORA EU SEI QUE…

1. A empregabilidade é a capacidade de conseguir um emprego, conservá-lo e,


havendo necessidade, encontrar outro emprego.

2. Para ter um bom emprego e manter-me empregado é preciso reciclar-me e investir


em mim, da mesma maneira que uma empresa investe nos seus produtos, procurando
cada vez melhor qualidade e tecnologia avançada.

ATIVIDADE 10

Aponta três caraterísticas que consideras serem importantes para a tua melhor
inserção no mercado de trabalho contemporâneo. Justifica a tua escolha.

ATIVIDADE 11

Considera as afirmações seguintes: verdadeira ou falsa?


a. O trabalhador contemporâneo não precisa desenvolver nenhuma caraterística
específica para se adaptar no mercado de trabalho.

b. Para uma melhor integração no mercado laboral o trabalhador contemporâneo


precisa desenvolver determinadas competências básicas.

c. A empregabilidade é a capacidade de oferecer um emprego a alguém.

d. A empregabilidade é a capacidade de conquistar e conservar uma vaga de


trabalho.

58
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

5. EMPREGO

Quando tens uma profissão, ou seja, sabes fazer alguma coisa concreta, numa
certa área de trabalho, surge uma necessidade de uma ligação permanente
com esse trabalho. Isto é, tu precisas de um emprego para desenvolveres a
tua carreira profissional e garantires a obtenção de rendimentos para a tua
autossuficiência.

I. Conceito de Emprego

Emprego - Refere-se ao envolvimento, por um período de tempo longo,


numa determinada área de trabalho, que te permite desenvolver a tua
profissão e garantir a obtenção de rendimentos para a tua autosuficiência.

II. Tipos de Emprego

Há dois tipos principais de emprego, a saber: autoemprego e trabalho por


conta de outrem.

Para desenvolveres a tua carreira profissional, garantindo também rendimentos


para a tua auto-suficiência, tens estas duas opções.

Quando és empregado(a) de ti mes-


mo(a). Pode ser num Negócio ou
Por Conta própria Empresa Pessoal, uma Associação
(Autoemprego) ou uma Sociedade.

Emprego

Por Conta de Outrem Quando trabalhas para que te pa-


guem salário. Pode ser Estado, Em-
presa Pública ou Privada ou Organi-
zação da Sociedade Civil.

Emprego por conta própria

Certamente conheces muitas pessoas que têm a sua própria carpintaria, outros
têm uma serralharia ou um estabelecimento comercial. Todos estes fazem parte
do setor privado e trabalham no autoemprego, também chamado emprego por
conta própria.

59
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Emprego por conta própria (autoemprego) - significa enveredar pelo


setor privado por meio de recursos próprios com vista a montar o seu próprio
negócio ou empresa.

O emprego por conta própria pode variar entre o negócio de uma única pessoa
e um negócio de grande envergadura que empregue muita gente.

Emprego por conta de outrem

Deves ter reparado que muitas pessoas trabalham no aparelho do Estado,


Ministérios e Instituições como escolas, hospitais ou outras empresas públicas,
nomeadamente, TACV, ASA, ELECTRA, CABNAVE e NOVO BANCO.

Outros podem não trabalhar para o Estado, mas num privado (taxistas e em-
pregadas de limpeza por exemplo). Estes trabalham para uma outra pessoa ou
instituição, ou seja, por conta de outrem.

Emprego por conta de outrem - implica trabalhar para outra pessoa, Empresa,
Governo, Organização não Governamental, Igreja, etc., e é remunerado sob a
forma de salário numa base periódica.

O trabalho por conta de outrem requer o estabelecimento de um contrato entre


o(a) empregado(a) e o(a) empregador(a). Em Cabo Verde, estes contratos
podem ser:

• Contrato de trabalho por tempo indeterminado - Neste tipo de contrato


não há prazos predeterminados. O(a) empregado(a) pode ser demitido numa
semana (se assim se justificar) ou pode trabalhar ali até a reforma.

• Contrato de trabalho temporário ou por tempo determinado - Há um prazo


para o fim do contrato. Findo o prazo, o(a) empregado(a) é automaticamente
desligado da empresa.

60
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

III. Vantagens e Desvantagens do Trabalho por Conta Própria e por Conta


de Outrem

Tipo de Emprego Vantagens Desvantagens


- Ganhar um estatuto so-
cial na sociedade;
- Horário de trabalho longo
- Melhorar a segurança do
e irregular;
rendimento;
- Melhorar o nível de vida
- Insegurança de rendimento;
devido ao elevado rendi-
Emprego por conta
mento;
própria - Modo de vida difícil devido
- Oferta de produtos e
ao trabalho árduo;
serviços ao público
- Ser o seu próprio chefe;
- O rendimento é incerto.
- Desenvolver autoconfi-
ança;
- Criar auto emprego.
- Ganhar um estatuto so-
cial na sociedade;
- Cumpre ordens e instruções
- Responsabilidades espe-
rígidas;
cíficas assumidas;
- Rendimento seguro;
- Rendimento fixo e por vezes
- Possíveis benefícios;
Emprego por conta de inflexível, independentemente
- Horário de trabalho fixo e
outrem da produtividade;
possivelmente favorável;
- Futuro mais certo;
- Difícil em termos de imple-
- Existência de plano de con-
mentação de ideias.
trolo adequado;
- Riscos mínimos.

61
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

IV. Mercado de Emprego

O que é Mercado de Emprego?

Mercado de emprego é uma instituição física ou virtual em que se pratica


a compra e venda de serviços da força de trabalho.

Como sabes, a produção dos bens e serviços que consumimos requerem a


combinação de diversas capacidades. Essa produção é dependente de várias
pessoas com diferentes especialidades. A impossibilidade de reunir todos os
requisitos de trabalho numa única pessoa e a necessidade de especialização
sustentam a procura e a oferta de trabalho. Simplificando, um agricultor para
vender as suas verduras, precisa de transportar o seu produto do interior para
os postos de venda. Para isso, é necessário que tenha uma estrada com as
mínimas condições, precisa de comprar cestas ou sacos para o transporte
higiénico das verduras, precisa de um posto de venda ou mercado para expor
o seu produto, etc, etc. Todas estas estruturas ou produtos foram produzidas
por outras indústrias (construção, plastificação, etc).

Em Cabo Verde, o Mercado de Emprego não é uma unidade uniforme; en-


contra-se segmentado em função dos ramos e setores de atividades que re-
querem determinadas habilidades. Deste modo, a tua entrada no Mercado de
Emprego pode ser num dos seguintes ramos de atividades:

• Agricultura;
• Pesca;
• Comércio;
• Indústria;
• Prestação de serviços.

Dentro dos ramos de atividades há vários setores de atividade que podem


ser explorados por empresas tais como: setor alimentar, vestuário, mobiliário,
transportes, etc. Vê no quadro seguinte:

62
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Exemplos de Setores de Atividade

Tipos de empresas Ramo de atividade Setor de atividade


Fábrica de colchões Indústria Mobiliário
Agências de viagem Serviços Turismo
Instalações elétricas Serviços Eletricidade
Venda de peças Comércio Metalúrgica
Estruturas metálicas Indústria Metalúrgica

Atores do Mercado de Emprego

Quem são os principais atores do Mercado de Emprego?

O Mercado de Emprego é composto pelos seguintes atores principais:

a) Instituições e Empresas - Este grupo de atores realiza a procura da mão


de obra, isto é, possui postos de empregos que são preenchidos pela mão
de obra. É geralmente denominado por empregadores. Assim, neste grupo
encontramos:

• Estado (Administração Pública e Empresas Públicas)


• Empresas com economia mista (Estado e Privados);
• Empresas privadas;
• Cooperativas e Associações;
• Organizações Não-Governamentais (nacionais e estrangeiras)

b) Mão de obra - É constituída por pessoas com diferentes aptidões que realizam
a oferta ou venda de serviços. Na mão de obra podemos distinguir:

• Qualificada, aquela que tem uma preparação ou qualificação específica para


desempenhar determinadas tarefas;
• Não qualificada, aquela que não possui preparação específica.

c) Intermediários(as) - Este grupo é constituído por instituições ou empresas


que preparam, condicionam ou facilitam a ligação entre empregadores(as) e
empregados(a). Neste grupo distinguimos:

• Ministério da Economia e Emprego e suas representações - Regula o Mercado


do emprego e promove o seu acesso.

63
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

• Instituições de ensino e centros de formação profissional - Podem ser públicos


ou privados. Preparam e especializam a mão de obra;
• Centros de Emprego - Estabelecem a ligação entre candidatos(a) a emprego
e empregadores(as) e, em troca, são pagos pelo serviço prestado.

Contudo, tu podes escolher a forma de como queres entrar no mercado do


emprego. Isto é, podes ser empregador(a), empregado(a) ou intermediário(a).

d) Fontes de Informação sobre o Mercado de Emprego - São diversas as


fontes de informação sobre o Mercado de Emprego: Centros de emprego,
jornais, rádio, internet e as próprias empresas.

• Os centros de emprego têm um interesse particular de encontrar candidatos


mais apropriados e melhorar os seus negócios. Por isso, mantêm contacto com
empresas que demandam mão de obra.
• As empresas que não recorrem aos centros de emprego, usam os seus
próprios meios para publicitarem a disponibilidade de vagas. Como deves sa-
ber, recorrem com frequência a jornais, internet, ou anúncios no próprio local
de trabalho para assegurarem o recrutamento.
• Muitas pessoas procuram informações sobre emprego, contactando tra-
balhadores(as) ou gestores(as) de empresas. Contudo, é comum a pessoa
ficar a saber da existência de uma vaga de emprego a partir de uma pessoa
amiga ou de outrem.

V. Carreira Profissional

Alguns dos(as) teus/tuas colegas crescem pensando em ser professores(as),


outros enfermeiros (as), mecânicos(as), etc. Na realidade, eles/elas estão a es-
colher a carreira profissional que gostariam de seguir depois dos seus estudos
e que lhes vai dar a possiblidade de um emprego.

Tu também podes escolher uma carreira profissional. À medida que evoluis ao


longo do sistema de ensino, pensa sobre o que farás depois de concluíres os
estudos.

O QUE É CARREIRA PROFISSIONAL?

Carreira Profissional - corresponde à atividade em que as pessoas se envolvem


por escolha, resultante duma orientação, talento ou influências de outros, tendo em
vista o alcance dos seus anseios profissionais e sociais. Algumas pessoas escolhem
ensinar, seguindo, assim, a carreira de professores(as). Outras optam por tratar de
pessoas doentes, tornando-se enfermeiros(as) médicos(as) ou técnicos de
medicina, e outras ainda, se tornam homens e mulheres de negócio.

64
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Tu não podes exercer todo o tipo de atividades. Por isso, escolhe uma profissão
de acordo com a tua inclinação ou talento.

OPORTUNIDADES DE CARREIRA

Existem várias oportunidades de carreira dependendo da tua inclinação (talento),


orientação académica, entre outros.

Vê o quadro abaixo:

Tabela 1: Oportunidades de Carreira

Setor Oportunidades de Carreira


Existem vários tipos de professores(as) assim como tipos de
instituições que funcionam nos diferentes níveis de ensino.
EDUCAÇÃO
Pode-se, portanto, decidir ser professor(a) de qualquer nível de
ensino.
As diferentes profissões existentes no setor da saúde abrangem
médicos(as), enfermeiros(as), parteiras, técnicos(as) e assis-
SAÚDE
tentes de laboratórios, farmacêuticos(as), distribuidores(as) de
medicamentos, dentistas, técnicos(as) de radiologia, etc.
As oportunidades de carreira neste domínio incluem a marinha,
SEGURANÇA
a polícia, prisões e empresas privadas de segurança.
Aqui, as diferentes oportunidades de carreira disponíveis são
JUSTIÇA
advogados(as), magistrados(as), juízes(as), entre outras.
As oportunidades de carreira compreendem a gestão em
HOTELARIA E “frontoffice”, divisão de espaços, operações, marketing, en-
TURISMO genheiros, chefes, agentes de viagens, emissão de bilhetes,
caixas, guias turísticos, guarda florestal, etc.

65
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Este setor tem também uma grande variedade de oportuni-


INDÚSTRIA E dades de carreira, nomeadamente, gestores(as), contabilistas,
COMÉRCIO secretárias, funcionários(as) bancários(as), engenheiros(as),
etc.
As oportunidades de carreira nesta área incluem:
- Locutores(as)
- Jornalistas
- Repórteres
INFORMAÇÃO - Operadores(as) de Câmara da TV
- Impressores(as) e Engenheiros(as)
- Compositores(as), Editores(as) e Designers de Lay-Out
- Editores(as) e subeditores(as)
Em complemento às obras, existem três áreas principais, a saber:
- Arquiteto(a), Engenheiro(a), Mestre-de-obras, Canalizador(a)
CONSTRUÇÃO e Eletricista;
- Empreiteiro(a);
- Trabalhador(a) de construção.

Há várias oportunidades de educação superior e de alternativas de espe-


cialização que levam a diferentes oportunidades de emprego. Estas espe-
cializações são ministradas em várias instituições de ensino público e priva-
do. São exemplos disto:

Universidades, institutos técnicos e outras. Nestas instituições podem-se tirar


vários cursos, a saber:

Professorado, a níveis diferentes do ensino, medicina, enfermagem, engenha-


ria, biologia, física, matemática, filosofia, psicologia, sociologia, direito, secre-
tariado, inglês, francês, estudos cabo-verdianos e portugueses, história e
geografia.

Mas, em qualquer delas é necessário o espírito empreendedor para seres


melhor profissional.

Vê na tabela que se segue alguns cursos que podes frequentar em Cabo


Verde:

66
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

Tabela 2: Exemplos de Cursos e Carreiras

Oportunidades de
Instituição Carreira Profissional
Carreira
Licenciatura em Ciências da
Docente / Gestor(a) Educacional
Educação
Licenciatura em Psicologia Psicólogo(a)
Licenciatura em Enfermagem Enfermeiro(a)
Universidade
Licenciatura em Ciências
de Cabo Verde Biólogo(a)
Biológicas
(Uni-CV)
Licenciatura em Economia e Economista, Gestor(a), Contabi-
Gestão lista
Engenheiro(a) Mecânico(a), In-
Licenciatura em Engenharias formático(a) e Engenheiro(a) de
Construção Civil
Instituto Licenciatura em Ensino de
Universitário de Estudos Cabo-verdiano e Professor(a) de Português
Educação (IUE) Português
Instituto
Superior de Licenciatura em Ciências
Jurista/Advogado(a)
Ciências Jurídi- Jurídicas
cas e Sociais (IS-
CJS)

Universidade de Cabo Verde Instituto Superior de Instituto Superior de


(Uni-CV) Educação (IUE) Ciências Jurídica e Social
(ISCJS)

Fatores a considerar na escolha duma carreira profissional

A remuneração esperada é um fator fundamental na escolha de carreira porque


é sobre ela que assentam as suas possibilidades de sustentar a si e à sua
família. Além das condições específicas do mercado do trabalho, a sua remu-
neração será condicionada pelos seguintes fatores:

• Tipo de trabalho a executar;


• Grau académico;
• Política do emprego;

67
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

• Nível de rendimento do país;


• Nível de desenvolvimento económico do país;
• Rentabilidade do(a) empregador(a), etc.

Há também outras motivações que determinam a escolha duma carreira


profissional, tais como:

• Segurança no emprego - é a certeza que a pessoa tem sobre a continuidade


na empresa;
• Tendência familiar - Algumas famílias têm tendências a favor ou contra algu-
mas carreiras ou profissões. Por consequência, encorajam ou desencorajam
os filhos a segui-las;
• Procura – Refere-se a uma situação em que há necessidade de busca duma
dada profissão no mercado;
• Interesse pessoal - O seu interesse também é muito importante na escolha
de uma carreira;
• Satisfação no emprego - Esta é uma situação em que a pessoa precisa sen-
tir-se satisfeita com o seu trabalho, sobretudo quanto às suas expetativas em
termos salariais, condições de trabalho, natureza do trabalho, segurança no
emprego, perspetivas futuras, etc.

SAIBA MAIS

68
UNIDADE 2 - DIGNIDADE DO TRABALHO

AGORA EU SEI QUE…

1. Há dois tipos de emprego: Autoemprego e Emprego por conta de outrem.

2. No autoemprego, a pessoa estabelece a sua própria empresa.


Quando não há uma empresa estabelecida ou registada e a pessoa pode vender na
rua ou ter uma oficina atrás da casa, chama-se emprego informal.

3. No emprego por conta de outrem, a pessoa trabalha para alguém que pode ser
Empresa Privada, Governo, ONG`s, Igreja, etc. Neste tipo de emprego, há um con-
trato entre o(a) empregador(a) e o(a) empregado(a). O contrato pode ser por tempo
indeterminado ou determinado.

4. Os principais atores do Mercado do Emprego são: Instituições e Empresas (empre-


gadores(as)), Mão de obra (empregados(as) ou candidatos(as)), Intermediários(as)
e empresários(as).

5. Eu posso escolher a forma como quero entrar no mercado de emprego: como em-
pregado(a), como mão de obra ou como intermediário(a) ou empresário.

ATIVIDADE 12

Com base no tipo de instituições existentes na tua localidade ou município:

a) Faz uma lista de tipos de profissões mais comuns;

b) Identifica o tipo de profissão que corresponde às tuas aspirações;

c) Identifica os tipos de empregos mais frequentes;

ATIVIDADE 13

Visita o Centro de Emprego mais próximo da tua localidade trabalho e procura


saber sobre:

a) Tipos de profissões mais procuradas pelas empresas e instituições;

b) Tipos e natureza de apoios disponíveis para o autoemprego.

69
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

OBJETIVOS

No final desta unidade o (a) aluno (a) deverá ser capaz de:

1. Explicar o que é oportunidade de Projetos Sociais/Negócios;


2. Identificar os Mitos e convicções sobre o negócio;
3. Identificar as formas de ultrapassar falsos juízos sobre negócios;
4. Distinguir obrigações do empreendedor(a) face ao negócio e à sua família;
5. Explicar a importância do negócio para a Sociedade;
6. Identificar Oportunidades de Projetos/Negócios a partir de:
- Inovação
- Recursos Sociais
- Bens e Serviços consumidos localmente
- Proposta de solução a problemas nas comunidades e/ou escola
7. Implementar um Projeto Escolar e/ou Social
8. Caraterizar os fatores básicos de seleção de oportunidade de projetos;
9. Aplicar de forma elementar a análise FOFA na escolha das oportunidades.

70
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

71
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

1. IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS


Neste tema, irás aprender o que é oportunidade de projeto, as convicções e os
valores sobre negócios, a importância dos negócios, as formas de ultrapassar
falsos juízos sobre negócios, a relação entre o negócio e família, quais são
os tipos de necessidades das pessoas e como identificar oportunidades de
projetos.

Deverás usar estes conhecimentos para implementar um projeto e organizar


uma feira escolar.

Sabias que, na zona da barragem do Poilão, na ilha de Santiago, há boas


condições para a prática da agricultura e pecuária? Sabias também que ilhas
como Sal, Boa Vista e Maio oferecem boas condições para a prática do turismo
de praia?

As ilhas de Santiago, Santo Antão, São Nicolau, Brava e Fogo são ideais para
quem quer aventurar-se pelas montanhas. Já a ilha de S. Vicente conquis-
ta-nos com a oferta de várias atividades culturais e recreativas.

Barragem do Poilão Brava Fogo Maio


Santiago

Boavista Sal São Nicolau Santo Antão São Vicente

Já percebeste que as necessidades podem variar de uma região para a outra


ou de indivíduo para o indivíduo? A identificação das necessidades não
satisfeitas ou parcialmente satisfeitas, de uma certa região, é uma das
principais etapas para a identificação de oportunidades de projeto.

72
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Ana e Carla são duas jovens que pretendem identificar uma oportunidade de
projeto nas ilhas de Santiago e Boa Vista.

Diálogo:

Ana: - Estou há algum tempo sem emprego, por isso preciso iniciar um projeto de
autoemprego no concelho de Santa Cruz, mas não sei o que posso fazer.

Carla: - Também estou na mesma situação, porém eu pensei em fazer alguma coisa
na Boa Vista.

Ana: - Mas o que farás? Tens algum projeto em vista?

Carla: - Olha, o segredo é tentar. O meu avô é escultor e faz lindas esculturas. Acho
que vou abrir um local de venda de objetos desse tipo para os turistas.

Ana: - É verdade; é uma zona turística. Acabaste de me dar uma ótima ideia. Como
fiz o curso de serralheiro, vou produzir enxadas, pás e regadores. Assim, posso
vendê-los, em Santa Cruz, para os agricultores da localidade.

Carla: - Esta é a nossa grande oportunidade de projeto. Acabou o desemprego.

I. Conceito de Oportunidade de Projeto

As oportunidades de projetos começam como OPOR


TUNID
ideias que os(as) empreendedores(as) têm. Os ADE
OPOR
TUNID
(as) empreendedores(as) olham sempre para ADE

uma situação fazendo a pergunta: “Onde está a OPOR


TUNIDADE

oportunidade nisto?”

Então depois disto, o(a) empreendedor(a)


começa a pensar, a sonhar e a produzir ideias
sobre possíveis projetos que possam resultar de
uma dada situação.

Oportunidade de projeto – É a expetativa de fazer um projeto bem-sucedido motiva-


do por vazios identificados nos utentes ou por necessidades de utentes que não estão
a ser satisfeitas.

73
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Uma oportunidade de projeto é uma situação ou oportunidade identificada que


pode ser transformada num projeto real e viável.

II. Convicções e Valores Positivos e Negativos sobre Negócios

O negócio é muitas vezes subvalorizado em muitos lugares de Cabo Verde


incluindo na tua comunidade. Alguns estão convictos de que quem faz negócio
é porque não tem capacidade para fazer uma outra coisa (como se o negócio
fosse a última alternativa de sobrevivência) ou é um fracassado académico.

Fazer negócio não significa apenas vender objetos. Toda a empresa que pro-
duz bens ou serviços também realiza um negócio.

Existem convicções e valores que as pessoas tendem a relacionar com os


negócios. Estas convicções são, por vezes, positivas e, como tal, promovem
ideias e crescimento dos negócios. Outras vezes, elas são negativas e aca-
bam por impedir o crescimento dos negócios.

a) Convicções e valores positivos sobre negócios:

- A carreira de empresário habilita a pessoa a satisfazer as suas próprias


necessidades e a oferecer bons serviços à comunidade;

- Os homens e as mulheres de negócios têm dinheiro e podem, portanto, ser


“chefes” de si mesmos(as), produzindo riqueza e contribuindo com impostos
para o desenvolvimento social e económico do país;

-Ser “chefe” de si mesmo(a);

- Os homens e as mulheres de negócios são financeiramente independentes,


pois ganham o seu próprio dinheiro;

- O negócio é a principal fonte de rendimento e cria postos de trabalho. É uma


alternativa ao emprego por conta de outrem que proporciona independência e
uma utilização mais criteriosa do potencial do indivíduo;

- Qualquer pessoa pode montar um negócio;

74
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

b) Convicções e valores negativos sobre negócios:

- Os(as) empresários(as) não se fazem, mas nascem predestinados(as) para


sê-lo;

- Os(as) empresários(as) são indivíduos fracassados academicamente que


não conseguiram arranjar um emprego no Estado ou numa Empresa Privada;

- Os(as) empresários(as) são vigaristas para ganharem riqueza depressa;

- Os(as) empresários(as) usam sorte para atrair clientes e são supersticio-


sos(as);

- O(a) empresário(a) é mais um(a) homem/mulher da máfia;

- Os(as) empresários(as) querem que o espetáculo seja apenas para eles/elas;

- Em negócio, as pessoas passam por muito stress e pagam um elevado preço


pelo sucesso;

- Montar um negócio é arriscado e resulta quase sempre em fracasso;

- Só se pode começar um negócio quando se tem muito dinheiro.

c) Formas de ultrapassar falsos juízos sobre negócios

A forma como percebemos a vida e tudo que nos rodeia é muito dependente
das influências externas (socioculturais) que sofremos no nosso dia a dia.
Por isso, as nossas visões acerca do negócio variam bastante de região para
região, de cultura para cultura e, por conseguinte, de pessoa para pessoa.

Contudo, se decidires fazer negócios, precisarás de desmistificar tais con-


vicções negativas e falsos juízos, procurando agir da seguinte forma:

- Ignora as convicções negativas e avança com a tua decisão, cumprindo as


etapas necessárias na tomada de decisões;

- Estuda e adquire uma formação empresarial e aprende a conhecer as reali-


dades sobre negócios e empresários;

- Encara os negócios como uma carreira e não como um passatempo ou


“biscate”;

75
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

- Interaje com as pessoas que assumiram os negócios como uma carreira e


foram bem sucedidas, e enriquece a partir da experiência delas.

- Dedica mais tempo a pensar no progresso do teu negócio, sempre acreditan-


do que podes ir mais além.

III. Importância dos Negócios

Todos nós temos algumas necessidades humanas básicas que devem ser
satisfeitas para vivermos com dignidade. Precisamos de comida, água, abri-
go, vestuário, etc. Também precisamos de uma base para sustentar as nossas
relações, paz, saúde, sentir que pertencemos a algum lugar seguro e ter liber-
dade para fazermos as nossas próprias escolhas e decisões. Se as nossas
necessidades básicas não estiverem satisfeitas, a vida torna-se difícil.

O negócio tem grande importância pelas seguintes razões:

- O negócio permite a satisfação das necessidades próprias e da comunidade;

- Gera dinheiro para ti e a tua família, garantindo um bem-estar;

- Gera postos de emprego para ti e para a comunidade.

IV. O Negócio e a Família

Um dos fracassos mais frequentes nos negócios tem a ver com a maneira
de gerir, gastos supérfluos, uso indevido dos recursos, retirada de produtos,
empréstimos mal parados.

É importante consciencializar a tua família e os teus amigos que, provavel-


mente, não haverá benefícios visíveis logo à partida, pelo contrário, a fase
inicial é um momento que requer sacrifícios e compreensão. A família deve
ajudar-te através de:

- Apoio moral, conselho e encorajamento;

- Contribuição em dinheiro, terreno, instalações, mobília, e outros bens materiais


se os tiverem;

- Mão de obra para a empresa.

Se os membros da família fizerem parte do negócio, eles devem ter responsabi-


lidades claras e participarem no funcionamento do mesmo. Isto ajuda a evitar
76
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

possíveis conflitos e mal-entendidos que podem surgir se os membros da


família não conhecerem as suas responsabilidades nem os seus limites. É
necessário tratar a família e o negócio de forma distinta e separada.

Vê a tabela a seguir:

Obrigações do empreendedor face ao negócio e a família

Obrigações face ao negócio Obrigações face à família


- Esclarecer os objetivos do negócio - Usar o teu salário (fixo) para as despe-
e seu funcionamento; sas da tua casa;
- Esclarecer os papéis e limites dos - Incentivar a tua família a apoir-te;
membros da família envolvidos; - Apoiar parentes a iniciar os seus
- Investir no negócio também com os negócios;
teus recursos; - Definir formas de contribuir em
- Fazer acompanhamento do negócio; preocupações familiares e da comuni-
- Ter o teu salário fixo; dade, sem pôr em perigo a vida ou a
- Garantir a continuidade do teu continuidade do negócio.
negócio.

O processo de criação da empresa é crucial e deve ser aproveitado o máximo


possível. Quando a empresa estiver bem estabelecida, a influência da família
pode ser minimizada e privilegiado o uso de profissionais.

V. Tipos de Necessidades

As oportunidades de projetos baseiam-se nas necessidades das pessoas ou


de grupos de pessoas.

Existem cinco diferentes tipos de necessidades, a saber:

Fisiológicas Segurança Afeto

Estima Auto-realização

Graficamente temos uma pirâmide destas necessidades que obedecem a


uma certa hierarquia - A Pirâmide das necessidades de Maslow.

77
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Pirâmide das necessidades de Maslow

Necessidades
Autorrealização

Necessidades
Psicológicas

Necessidades
Básicas

De acordo com Maslow, as necessidades mais elevadas surgem à medida


que as de nível inferior são satisfeitas.

1ª. - Necessidades fisiológicas ou básicas – São bens e serviços necessários,


para a sobrevivência. São exemplos: alimentação, habitação, o vestuário, o ar,
a água, serviços de saúde e educação;

2ª. - Necessidades de segurança – São as necessidades que envolvem a


proteção contra o perigo, isto é, a necessidade de estar numa situação ou
num ambiente seguro;

3ª. Necessidades psicológicas ou afetivas - São necessidades que se


referem ao desejo de amor e afeto de um indivíduo. Envolvem as necessi-
dades de relacionamento e um sentimento de pertença, atividades sociais e
necessidades espirituais;

4ª. Necessidades de estima – São necessidades que se baseiam no desejo


de respeitar e ser respeitado pelos outros, o que conduz à autoconfiança e
autoestima;

5ª. Necessidades de autorrealização – Estas têm a ver com o desenvolvi-


mento pessoal dum indivíduo e com a criatividade, ou seja, com a capacidade
de alcançar todo o seu potencial para satisfazer as necessidades da comuni-
dade. É o nível mais alto de necessidades que inclui o desejo de autonomia e
independência.

Vê a seguir, exemplos de projetos que procuram satisfazer as cinco classes


de necessidades apresentadas na Pirâmide de Maslow.
78
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Tabela 3: Exemplos de oportunidades de projeto baseadas nas necessidades


de projetos

Nível de necessidade Oportunidades de Carreira


Básico Moageira, confeção de vestuários, clínica
médica, fábrica de telhas, etc.
Extintores, empresa de segurança, guar-
Segurança
das, seguros, etc.
Loja de cosméticos que vende perfumes e
Afeto
desodorizante, floricultura, diversões, etc.
Vender bens e serviços de luxo, por exem-
Estima plo: relógios de ouro, carros de luxo e ca-
sas, iate,bicicleta, motos, perfumes etc.
Prestar serviços de consultoria, relações
Autorrealização
públicas, serviços de assessoria, etc.
São precisos recursos para a produção de bens e serviços a fim de satisfazer as
necessidades das pessoas e instituições numa dada localidade. Podes usar
os recursos disponíveis para produção de bens ou na prestação de serviços
que são precisos na localidade.

Recursos – São os dons naturais que existem numa localidade ou região.

Os recursos classificam-se em:

• Recursos Humanos – referem-se a pessoas. A análise das suas capaci-


dades, conhecimentos e experiência ajuda a determinar a qualidade deste
recurso;
• Recursos Materiais – são recursos físicos como os minerais, a água, as
árvores, os edifícios, os animais, etc.;
• Recursos financeiros – incluem o dinheiro que é usado para adquirir os
inputs ou bens essenciais necessários para iniciar e fazer funcionar um em-
preendimento ou qualquer outro programa de desenvolvimento;
• Tempo – é um recurso escasso fundamental para a realização de qualquer
atividade, por exemplo, poder semear durante o período exato ou época da
sementeira;
• Tecnologia – refere-se a máquinas, equipamentos e ferramentas que são
usados para aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos;
• Informação – é a posse do conhecimento requerido em vários aspetos da
vida, necessário para o desenvolvimento dos membros da comunidade. Um
exemplo de informação é conhecer as medidas tomadas pelo Governo.

79
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Como foi mencionado mais acima, podes usar os recursos existentes para a
produção de bens e serviços para satisfazer as necessidades das pessoas.
Como tal, constituem oportunidades porque podem ser criados projetos com
base neles.

Vê no seguinte quadro, exemplos de projetos que podem ser iniciados com


base nos recursos disponíveis.

Tabela 4: Oportunidades de projetos baseadas nos recursos disponíveis


e nas necessidades das pessoas

Necessidades Projecto /
Recursos Produto
satisfeitas empresa
• Recipientes • Cozinhar • Olaria (potes, vazos e
Argila • Tijolos • Construção bindes)
• Fabrico de tijolos
• Árvores • Construção • Construção, carpintarias
• Areia & lenha, móveis • Agricultura
Terra • Alimentos • Alimentação
• Culturas

• Peixe • Alimentação • Processamento de peixe


• Água • Recreação • Engarrafamento de água
Água • Beber/sede • Produção de energia
• Energia

• Medicamento • Tratamento • Oficina de carpintaria


• Madeira médico (tradicional) • Extração de
Plantas e • Construção medicamentos
• Carvão
árvores
vegetal • Cozinha • Venda de carvão vegetal

VI. Identificação de oportunidades a partir de bens e serviços consumidos


localmente

Localmente são consumidos bens e serviços diferentes por exemplo: nos


lares, escritórios, fábricas, hotéis, hospitais, escolas e muitos outros. Com
base nisso, podes identificar oportunidades de projeto para produzires bens e
serviços localmente consumidos.

80
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Tabela 5: Exemplos de bens e Serviços localmente consumidos

Lares Escritórios Fábricas Escolas


bens:
Sal Canetas Fato-macaco Canetas
Sabão Lápis Botas Lápis
Agua Móveis Água Móveis
Leite Livros Sabão Água
Pão Papeis Refrigerantes
Água Giz
Matériais de higiene Guloseimas
Serviços:
Limpeza Limpeza Limpeza Limpeza
Transporte Transporte Transporte Transporte
Telefone Telefone Telefone Telefone
Eletricidade Eletricidade Portes de correio Portes de correio
Engraxar sapatos Informática Eletricidade, Ensino
Eletricidade

As pessoas que consomem os diferentes bens e serviços, não têm os mes-


mos rendimentos. Por isso as suas necessidades diferem. Comparando os
rendimentos dessas pessoas podemos ter três categorias:

• Pessoas de rendimento baixo


• Pessoas de rendimento médio
• Pessoas de rendimento alto

Podes identificar oportunidades de projetos com base nos bens e serviços


consumidos localmente, mas tendo sempre em atenção os níveis de rendi-
mento de cada grupo de pessoas.

Categorias de consumidores com diferentes níveis de rendimento, bens e


serviços consumidos localmente.

Tabela 6: Categorias de rendimento

Nível de rendimento Produtos consumidos Serviços utilizados


de pessoas localmente localmente
Elevado rendimento Pão, açúcar, carne, Telefone, eletricidade,
gasolina, manteiga, gás etc limpeza a seco
Médio rendimento Sabão, açucar, feijões,
Transporte público
carne, pão, etc
Baixo rendimento
Feijões, cachupa, lenha, etc Transporte de água

81
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

VII. Identificação de Oportunidades a partir de Problemas das Comuni-


dades

Muitas vezes acontece que nas comunidades existem problemas crónicos que
preocupam constantemente as pessoas e contribuem para piorar as condições
de vida.

Exemplos de problemas frequentes nas ilhas de Cabo Verde são:

• Falta de chuva, que resulta na falta de água e pasto para animais;


• Falta de serviços de saúde em algumas localidades, ausência de hospital,
farmácia e ou centros de saúde;
• Problemas de saneamento, lixo e água estagnada;
• Problemas de criminalidade, sobretudo nos centros urbanos. Roubos, assaltos
à mão armada, assassinatos, tráficos de drogas, etc. que afetam a segurança e
a tranquilidade das pessoas;
• Problemas de satisfação do cliente ou do utente por parte de instituições/em-
presas públicas ou privadas;

Estes e mais outros, dependendo de zona para zona, podem constituir oportuni-
dades para implementação de projetos que não só te permitam ganhar dinheiro,
como também contribuir na resolução dos problemas identificados nas comu-
nidades.

Vê a seguir, exemplo de um problema que pode originar várias oportunidades


de projetos.

Tabela 7: Oportunidades de projetos baseadas nos tipos de problemas

TIPO DE PROBLEMA OPORTUNIDADES DE PROJETO


Produção de material de limpeza para escolas (bal-
des, vassouras, etc.)
Lixo que fica espalhado na Classificação e reciclagem de lixo escolar
grande parte das áreas da
escola Produção de fertilizantes a partir do lixo orgânico es-
colar
Campanhas de sensibilização e saneamento escolar

82
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

VIII. Projeto e Feira Escolar

O projeto e a feira escolar são atividades que permitem praticar o Empreende-


dorismo. Nestas atividades, tens a oportunidade de identificar e implementar
iniciativas de projetos, preparar e expor os teus produtos e serviços na feira
escolar. Estas atividades são realizadas com a supervisão do(a) teu/tua profes-
sor(a) e dentro do contexto de ensino e aprendizagem do Empreendedorismo.

Estás agora em condições de identificar uma oportunidade de projeto para ser-


vir como projeto escolar. Como recurso de partida para este projeto, em asso-
ciação com os teus colegas da turma ou escola, podem usar as poupanças do
clube para financiarem o projeto escolar.

Também deverás identificar oportunidades de produtos e serviços para expô-los


na feira escolar.

SAIBA MAIS

Como gerar Novas Oportunidades de Negócios?

Dez chaves para Identificar Novas Oportunidades de Negócio:

1. Clientes Insatisfeitos

2. Ineficiências do Mercado

3.Novos dados demográficos ou do mercado

4. Uso de Novas Tecnologias ou Produtos

5.Eliminar Barreiras Tradicionais

6.Coisas que funcionam em outros Países

7. Novas legislações ou políticas

8. Variáveis competitivas incorretas aplicadas em mercados saturados

9. Busca de Necessidades não Satisfeitas

Fonte: http://es.slideshare.net/mariajosetm17/taller-oport-neg (Traduzido p/ português)

83
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

AGORA EU SEI QUE…

1.Existem várias convicções e juízos falsos acerca do negócio, o que contribui para
que muitos não apostem nele, perdendo oportunidades;
2.O negócio permite a satisfação das necessidades do(a) empreendedor(a) e da
comunidade, gera rendimentos e emprego;
3. O negócio, se for bem gerido, pode ser o garante do bem-estar familiar;

4. Segundo Maslow, as necessidades dos níveis acima surgem quando as do nível


inferior forem satisfeitas;

5. A identificação de oportunidades pode ser feita a partir de:


- Problemas identificados nas comunidades;
- Bens e serviços consumidos localmente;
- Recursos locais.

6. Os recursos são os dons naturais que possam existir na área ou localidade e podem ser:
- Recursos humanos
- Recursos financeiros
- Recursos materiais
- Tempo
- Tecnologia
- Informação

7. O projeto e a feira escolar são atividades que permitem praticar o empreendedo-


rismo;

8. Devo identificar oportunidades de produtos e serviços e expô-los na feira escolar.

ATIVIDADE 1

Conversa com pessoas de entre jovens, mulheres, adultos, idosos(a) e em-


presários(a), e enumera as convicções e valores negativos sobre os negócios
existentes na tua comunidade.

ATIVIDADE 2

Conversa com empresários(as) de sucesso que conheces na tua comunidade


e procura saber como é que enfrentam os falsos juízos em negócios existentes
na comunidade.

84
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

ATIVIDADE 3

Baseando na tua realidade local, identifica oportunidades de projetos a partir de:


- Recursos locais
- Bens e serviços consumidos
- Problemas da tua comunidade

ATIVIDADE 4

Estudo de caso: Uma situação de necessidades não atendidas e identificação


de oportunidades

No percurso Praia - Tarrafal encontram-se zonas em que os restaurantes


e bares têm deficientes condições higiénicas. Os veículos que transportam
mercadorias e passageiros vão, geralmente, a excesso de velocidade.

Há uma movimentação desusada e a população aumentou drasticamente.


Passageiros de diferente estatuto social, económico e político fazem diaria-
mente este percurso.

Os residentes instalaram venda de produtos variados como carne assada,


frango, banana, batata, melão, laranja, mandioca, milho assado, refrigerantes,
leite, água engarrafada, sumos, etc.

Por vezes, as pessoas comem de pé ou dentro das suas viaturas ou dos


autocarros. Certas vezes, os(as) vendedores(as) não oferecem guardanapos
nem água para lavar as mãos.

As instalações sanitárias encontram-se em péssimo estado de conservação


e quando o vento sopra com mais força não é possível escapar-se ao cheiro
nauseabundo que invade o local.

Apesar disso, os negócios denotam boa movimentação.

1. Com base nas questões colocadas, analisa o estudo de caso acima descrito:

a) Elabora um caso em função da tua realidade geográfica.

b) Que oportunidades consegues visualizar a partir do estudo de caso?

85
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

2. SELEÇÃO E AMBIENTE DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Como constataste no tema anterior, é fácil identificar oportunidades, pois elas


estão presentes ao nosso redor. Infelizmente, uma única pessoa não poderia
conseguir implementar todas elas. Existem sempre uma, duas ou três opor-
tunidades que, perante um(a) empreendedor(a), têm maior possibilidades de
sucesso. Uma oportunidade pode ser viável para ser implementada por um(a)
empreendedor(a) e não ser viável para outro(a).

Neste tema, discutiremos sobre os fatores básicos a considerar na seleção de


oportunidades e a aplicação da Análise FOFA.

I. Conceito da Análise FOFA

A análise FOFA é uma técnica amplamente conhecida e que serve como


um instrumento de apoio na tomada de decisão. Podes usar esta técnica na
decisão sobre objetivos e prioridades em vários contextos da vida social e
económica.

II. Fatores Básicos na Seleção da Oportunidade

A Análise FOFA é o processo de comparação de dois tipos de fatores, inter-


nos e externos. Os fatores internos são aqueles que o decisor pode controlar
ou manipular. Os fatores externos estão fora do controlo do decisor.

Tratando-se dum projeto, os fatores internos estão dentro deste, e os externos


estão fora deste.

Ánalise FOFA

86
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Os fatores internos são constituídos por Forças e Fraquezas.


Os fatores externos são constituídos por Oportunidades e Ameaças.

F→Forças
O→Oportunidades
F→Fraquezas
A→Ameaças

Assim, na Análise FOFA, deves comparar os fatores internos e externos. As


forças devem ser usadas com maior proveito, as fraquezas devem ser elimi-
nadas, as oportunidades devem igualmente ser aproveitadas e as ameaças
devem ser evitadas.

FATORES INTERNOS FATORES EXTERNOS


F FORÇAS OPORTUNIDADES
A
T
O
R
P
E
O
S
S
I
P
T
O
I
S
V
I
A
T
S
I
V
O
S
USA-AS! APROVEITA-AS
F FRAQUEZAS AMEAÇAS
A
T
O
R
N
E
E
S
G
A
N
T
E
I
G
V
A
A
T
S
I
V
O ELIMINA-AS!
S
EVITA-AS!

87
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Com base nos princípios da análise FOFA, descreve como é que o Luís pode
concretizar o seu sonho, aplicando a Análise FOFA.

“O Luís, um jovem surfista de Tarrafal de Santiago, quer participar no torneio Sandy


Beach em S. Vicente. O Luís não tem patrocinadores, a sua família tem poucos recur-
sos financeiros, mas o seu sonho e a sua paixão são enormes”.

O Luís deve fazer uma análise FOFA, identificando as forças, fraquezas, opor-
tunidades e ameaças no seu objetivo de participar no torneio.

III. Aplicação da Análise FOFA na Seleção de Projetos

Tomando como ponto de partida um projeto empresarial, isto é, que implica o


estabelecimento de uma empresa, vê os diferentes fatores intervenientes na
ilustração a seguir. Repara que qualquer projeto que for iniciar ou estabelecer,
encontra-se num ambiente de oportunidades.

IV. Ambiente de oportunidades de um Projeto

Transporte
Matéria prima Fornecedores(as)

Clientes Créditos
Empreendedor(a);
Instalações;
Rivais Equipamentos; Mão de obra
Mão-de-obra;
Lei Água

Doenças Eletricidade

Com base na ilustração, tudo o que está dentro do círculo são fatores internos,
isto é, Forças ou Fraquezas. Tudo o que está fora são fatores externos, isto
é, Oportunidades ou Ameaças. Estes fatores podem favorecer ou prejudicar
o projeto.

88
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

Se os fatores internos favorecem, tornam-se forças, se prejudicam, tornam-se


fraquezas.

Se os fatores externos favorecem, tornam-se oportunidades, se prejudicam,


tornam-se em ameaças.

No caso do(a) empreendedor(a), que é um fator interno, se este/esta tiver


visão, experiência e competência, então torna-se uma força para o sucesso
do seu projeto. Se não tiver estas qualidades, então torna-se uma fraqueza
para o seu projeto.

Um projeto, ao ser implementado numa certa região, precisa de autorização,


se a lei impõe obstáculos, constitui uma ameaça e se incentiva, constitui uma
oportunidade.

Um projeto tem que produzir necessariamente benefícios, caso contrário,


deverá ser abandonado.

Um projeto empresarial deve ser capaz de produzir e deve ter necessaria-


mente clientes que comprem os produtos ou serviços.

Se um projeto empresarial não tiver clientes ou mercado, é inviável e deve


imediatamente ser abandonado.

V. Seleção de melhor Projeto

O melhor projeto exige em geral menor investimento e resulta em ganhos


maiores. O melhor projeto é fácil de implementá-lo. O próprio projeto é fácil
gerí-lo.

Num projeto com possibilidades de sucesso, as forças devem ser suficien-


temente relevantes ao ponto de superarem as fraquezas e as ameaças e
nunca o contrário.

Um projeto com muitas e relevantes fraquezas ou ameaças deve ser imedia-


tamente abandonado ou reformulado.

O(a) empreendedor(a) deve usar as suas forças para eliminar as suas fra-
quezas e aproveitar as suas oportunidades.

89
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

O(a) empreendedor(a) deve usar as suas forças para evitar as ameaças do


projeto.

As forças e fraquezas estão dentro do projeto e o(a) empreendedor(a) pode


controlá-las. As oportunidades e as ameaças estão fora do projeto e o(a)
empreendedor(a) não pode controlá-las.

SAIBA MAIS

“Se fizermos um planejamento e estabelercemos metas, o resultado tem de aparecer. Eu não


gosto de bengalas, que é como eu chamo quando a pessoa chega e vai apresentando uma
desculpa. Traga o problema e também uma solução.” – Sonia Hess, Presidente de Dudalina

AGORA EU SEI QUE…

1. A Análise FOFA é o processo de comparação das Forças e Oportunidades, com


as Fraquezas e Ameaças para a avaliação de diferentes oportunidades, de modo a
chegar a uma decisão.

2. As Forças e as Fraquezas são fatores internos e o(a) empreendedor(a) pode con-


trolá-las. As Oportunidades e as Ameaças são fatores externos e o(a) empreendedor
(a) não consegue controlá-las.

3.Um bom projeto requer pouco investimento em comparação com os ganhos que vão
resultar;

4.Um projeto empresarial, se não tiver clientes, deve ser abandonado ou reformulado.
Deve também gerar lucros.

5. Devo escolher um projeto onde as minhas forças constituem o fator mais rele-
vante, através do qual eliminarei as fraquezas, vencerei as ameaças e aproveitarei
as oportunidades.

90
UNIDADE 3 - IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PROJETOS

ATIVIDADE 5

Estudo de caso

O Adriano reparou que estava prestes a re-


alizar-se um festival de Verão, com uma du-
ração de dois dias. Por isso, ele começou
a pensar no que poderia vender no festival
para ganhar algum dinheiro. À sua maneira
criativa, Adriano fez uma longa lista de ide-
ias, desde doces a brinquedos. Finalmente
decidiu vender balões pois ninguém os vendeu no festival durante muitos
anos. Ele achou que esta era uma boa oportunidade porque deviam vir muitas
crianças ao festival. Pensou que vender balões de alumínio seria uma novi-
dade no festival.

Adriano acreditou que podia fazer este negócio devido à sua capacidade de
trabalhar muito, à sua boa compreensão das tendências do mercado, capaci-
dade para fazer o trabalho até ao fim, mesmo em circunstâncias difíceis, e
disponibilidade para correr riscos calculados. Contudo, ele notou alguns dos
fatores que podiam criar-lhe problemas, como dificuldade no funcionamento
da bomba, dificuldades de comunicação e perder a cabeça com facilidade.

Outros fatores que não lhe são favoráveis, são casos de insegurança durante
o festival, eventual ocorrência de chuva e outros imprevistos. O facto de muitas
crianças poderem não estar familiarizadas com este tipo de balões também foi
considerado uma grande ameaça ao projeto do Adriano.

Análise do estudo de caso. Faz a Análise FOFA identificando:

a) Forças
b) Oportunidades
c) Fraquezas
d) Ameaças

Com esta análise o Adriano poderá agora avaliar as implicações dos quatro
fatores - forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de forma completa e
integrada.

Assim, ele pode chegar a uma decisão lógica sobre a conversão ou não desta
oportunidade em projeto.

91
UNIDADE 44 -- ATITUDES
UNIDADE ATITUDES NO
NO USO
USO DO
DO RENDIMENTO
RENDIMENTO EE DO
DO TEMPO
TEMPO

92
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

OBJETIVOS

No final desta unidade o (a) aluno (a) deverá ser capaz de:

1. Explicar o conceito de Rendimento;


2. Descrever as diferentes formas de Rendimento;
3. Interiorizar o conceito de Poupança;
4. Reconhecer a utilidade da Poupança;
5. Explicar a relação entre consumo, poupança e investimento
6. Elaborar um plano de poupança;
7. Implementar um plano de poupança de forma individual ou coletiva;
8. Desenvolver uma cultura de poupança investimento ;
9. Explicar o conceito de Tempo;
10. Explicar porque é que o tempo é um recurso escasso;
11. Elaborar um plano de gestão de tempo e implementá-lo;

93
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

1. CONCEITO E FORMAS DE RENDIMENTO


O Rendimento ou renda refere-se aos ganhos obtidos a partir de qualquer
atividade remunerada. Em geral, é calculado em termos monetários, por
exemplo, escudos, no caso de Cabo Verde.

I. Conceito de Rendimento

Rendimento - proveito que um indivíduo obtém numa atividade remunerada.

O rendimento ganho pode ser sob a forma de dinheiro (como acontece agora
na maioria dos casos) ou o equivalente em bens ou serviços.

II. Formas de Rendimento

Quaisquer que sejam as razões para executar qualquer trabalho, a obtenção de


rendimento constitui um dos aspetos importantes do trabalho o que torna, por
isso, indispensável compreender o significado, tipos e fontes de rendimento.

Vê a seguir alguns exemplos de rendimentos que podem ser obtidos:

Remuneração - É o pagamento recebido em troca de trabalho executado em


função do número de horas, dias, semanas ou meses. Exemplo: Servente de
obras de construção civil (Manebra), Ajudante de transporte público de passageiros
(Hyace), kobador di kaboku1 , consultor(a), professor(a), etc.

Salário - É o pagamento fixo e regular recebido pelo trabalho executado. O


pagamento é previamente determinado com base no tempo. Professores(as),
médicos(as), polícias, diretores(as), contabilistas, taxistas, condutores(as) de
autocarros, etc.

Lucro - Corresponde ao rendimento obtido pelos homens e pelas mulheres


de negócios apenas se o que ganharem com a venda dos seus produtos e
serviços exceder o valor das despesas decorrentes do funcionamento do seu
negócio.

Bónus – É utilizado como complemento de remuneração, especialmente na


realização das vendas. Diz respeito à comissão ganha por um trabalhador(a),
em função do valor dos produtos e serviços que ele/ela vendeu. Por exemplo,

1
Pessoa que, com a ajuda de uma picareta, faz o cabouco que serve de alicerce para a construção de casas/edificios,etc

94
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

se um(a) vendedor(a) de saldos da UNITEL T+ ou da CVTELECOM conseguir


vender uma grande quantidade de saldos num curto espaço tempo, ganha
automaticamente bónus pelo serviço prestado.

Juros - É o retorno obtido por alguém por privar-se dos seus recursos próprios
e permitir que outra pessoa os use. Exemplos disso são os Bancos que em-
prestam dinheiro a alguém que o utiliza e depois reembolsa o montante em-
prestado com juros, ou seja, valor recebido mais o montante correspondente
ao juro. Por exemplo, um Banco pode exigir que o mutuário lhe pague 5% de
juros por mês sobre o crédito concedido.

III. Formas de uso de Rendimento

O rendimento obtido ganha a sua importância dependendo do tipo de apli-


cação ou forma de uso para o qual se destina.

O rendimento que obtiveres de qualquer atividade podes usá-lo de três formas


principais:

Consumo Poupança Investimento

CONSUMO

Muitas pessoas normalmente usam os rendimen-


tos obtidos nas suas atividades para consumo.
O consumo vai desde a compra de artigos para
o lar, vestuário, calçado, alimentos, pagamento
propinas, ir ao cinema, comer guloseimas “fatio-
tas”etc.

POUPANÇA

Outras pessoas, apesar de não terem rendimentos altos, sacrificam-se para


poupar, e ajustam as suas necessidades em função dos rendimentos ganhos.

Poupar não implica deixar-se passar fome (per-


ta-bariga); implica evitar gastos excessivos e
desnecessários, como por exemplo, comprar
roupa mensalmente, consumir álcool diaria-
mente, comer todos os dias num restaurante ao
invés de levar o almoço para o trabalho, ter vários

95
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

aparelhos de televisão em casa; comprar um produto de marca, em vez de


optar por um produto sem marca reconhecida, mas de qualidade.

Em Cabo Verde, muitas pessoas têm o mau hábito de guardar dinheiro de-
baixo do colchão, o que não é aconselhável nem benéfico para a economia
do país. O dinheiro deve ser guardado numa conta bancária, onde o risco de
o perder é muito baixo.

Poupar é reservar o que se ganha para uso futuro (consumo ou investi-


mento)

INVESTIMENTO

Poucas pessoas usam o rendimento ganho para investir. Investir implica aceitar
correr riscos.

Há muitas formas de investir:

- Criar a própria empresa;


- Comprar recursos produtivos (terrenos, animais, casas, etc.);
- Comprar ações noutras empresas;
- Comprar títulos do tesouro;
- Depositar dinheiro no Banco para ganhar juros, etc.

Tudo isto é feito com a finalidade de obter lucros ou juros, melhorando desse
modo os rendimentos.

96
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

SAIBA MAIS

Poupança no dia a dia

• A poupança começa dentro de casa. Adota um consumo consciente - poupa em gastos


domésticos como a água ou a eletricidade e aposta em equipamentos energeticamente efi-
cientes. Opta por tomar o pequeno-almoço em casa e guarde a ida a restaurantes para os
momentos mais especiais.
• Nas compras, sempre que possível, paga com dinheiro vivo, em vez de pagar com o cartão
Vinti4. Assim, tens a noção de quanto estás a gastar; Procura comprar os produtos que apre-
sentem melhor relação entre preço e qualidade.
• Sempre que possível, deixa o carro em casa e prefira os transportes públicos.
• Antes de aderires a um financiamento, analisa bem as taxas de juros oferecidas pelas diferentes
instituições.
• Foge do crédito: evita o recurso ao crédito pessoal, bem como a utilização do período de
pagamento faseado, já que, em qualquer dos casos, as taxas de juro tendem a ser muito altas.
• Privilegia atividades ao ar livre e pesquisa na internet os programas culturais gratuitos.
Fonte: Adaptação do autor

AGORA EU SEI QUE…

1.O rendimento constitui os ganhos que um indivíduo obtém numa atividade remu-
nerada.

2. Salários, remuneração, lucros, juros e bónus são os tipos de rendimento mais co-
muns.

3. Há três formas principais de uso do rendimento obtido: consumo, poupança e inves-


timento.

4. Estas formas de uso de rendimento relacionam-se entre si. Quando o consumo for
maior, a poupança fica menor ou mesmo nula.

5. Quanto mais eu poupar, terei mais possibilidades de investir no futuro.

6. O dinheiro não deve ser guardado debaixo do colchão, ele deve ser guardado no
banco e ganhas juros.

7. Deves evitar fazer gastos excessivos e começar a poupar agora para um futuro
investimento.

97
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

ATIVIDADE 1

De entre as quatro formas de rendimento qual te parece ser a mais impor-


tante? Justifica a escolha.

ATIVIDADE 2

Assinala as afirmações verdadeiras com V e as falsas com F. Justifica as


afirmações falsas.

a) Remuneração é sinónimo de salário.□

b) Bónus é comissão ganha por um(a) trabalhador(a) em função do valor dos


produtos e serviços que ele/ela vendeu.□

c) Lucro é o rendimento obtido pelos homens e pelas mulheres de negócios


com a venda dos seus produtos em que os serviços excedem o valor das
despesas. □

d) Juro é a comissão ganha por um(a) trabalhador(a) em função do valor dos


produtos e serviços que ele/ela vendeu. □

98
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

2. RELAÇÃO ENTRE CONSUMO, POUPANÇA E INVESTIMENTO

Quando investes, o teu rendimento em qualquer atividade, sacrificas certas


necessidades nas quais poderias ter gasto esse rendimento.

A aplicação do rendimento num investimento implica deixar


de lado outras alternativas ou diminuir os gastos, sobretudo
quando o rendimento é menor para as nossas necessidades
de consumo e de investimento.

Para poderes poupar, precisas controlar e regular os teus gastos (consumo).


Com o dinheiro da poupança podes, por um lado, investir para aumentar os
teus rendimentos e, por outro lado, investir no desenvolvimento da tua zona
ou do teu país. Isto requer tempo, paciência, determinação e persistência.

I. Relação entre o Rendimento e o Consumo

Quando o teu rendimento mudar, afeta o teu padrão de


consumo. Se o rendimento aumentar, podes começar a
consumir produtos e serviços que antes não podias pa-
gar, porque tinhas pouco rendimento. Se o rendimento
diminuir, então sentes-te obrigado a limitar o teu consumo
às necessidades básicas.

II. Relação entre o Consumo e a Poupança

Quando obténs um rendimento, tens duas alternativas,


gastar ou poupar. Se gastares mais poupas menos. O
ideal é poupares, garantindo que as tuas necessidades
básicas estejam satisfeitas (alimentação, habitação e
saúde).

Por exemplo, no mercado cabo-verdiano, existem à venda diferentes tipos


de telemóveis e, por conseguinte, com diferentes preços, dos mais baratos
aos mais caros. No teu caso, certamente comprarias um telemóvel com base
no nível do teu rendimento “mesada8” ou rendimento de algum trabalho para
satisfazeres esta necessidade.

A poupança está ligada à prudência pois, geralmente, só consegue poupar quem conse-
guir ser económico na sua forma de consumir, evitando desperdícios e extravagâncias.

8
Mesada é uma quantia de dinheiro que alguns pais dão aos filhos para pequenas despesas do mês.

99
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

Quando ouvimos falar de poupança, sem querer, pensamos em dinheiro.


Existem várias formas de poupar. Para além da poupança do dinheiro que
geralmente se aconselha a fazer nos Bancos, podemos poupar gastan-
do menos energia e água, conservando e reutilizando o material escolar, o
vestuário e o calçado.

A poupança começa em casa e deve ser feita quotidianamente. Comer nos


restaurantes todos os dias, sair todos os finais de semanas com os amigos,
andar de táxi todos os dias, são sinais de que a pessoa não anda a poupar no
seu dia a dia. Já imaginaste quanto dinheiro poderíamos poupar se levássemos
o nosso farnel para o trabalho ou para a escola, ao invés de irmos comer
nos restaurantes todos os dias ou comprar guloseimas na porta da escola?
Quanto dinheiro poderíamos poupar nas saídas noturnas com “bebedeira” e
deslocações de táxi?

Ser económico não significa ser “txipi9”. Ser “txipi” até um certo ponto tem
algumas vantagens, porque ao seres “txipi”, ou seja, ao controlares os teus
gastos, estarás a contribuir para o aumento da tua poupança. Não tenhas
vergonha de seres chamado “txipi” porque o teu sonho vale mais do que tudo,
vale mais do que ceder à pressão das pessoas e da comunicação social para
gastares o teu dinheiro de forma irracional. Como já dizia o velho ditado “Mais
vale prevenir do que remediar”.

III. Relação entre a Poupança e o Investimento

Só pode poupar mais quem souber controlar os


seus gastos (consumo). Por exemplo: em vez de
comprares um iphone de 40.000 escudos, podes
comprar um smartphone de 10.000 escudos, com
a mesma funcionalidade e finalidade: comunicar.
Assim, podes poupar 30.000 escudos e investir
num projeto.

Quando o teu rendimento aumenta, não precisas aumentar os teus gastos,


mas sim, melhorar o teu nível de vida. Por exemplo, não precisas começar
a desenvolver vícios, nomeadamente, comer num restaurante todos os dias,
porque o teu rendimento aumentou. O mais importante é melhorar a tua ali-
mentação, a tua habitação e cuidar da tua saúde.

Investir é diferente de poupar! Investir é empregar o dinheiro poupado em


aplicações que rendam juros ou outra forma de remuneração ou correção. O
9
Expressão utilizada em Cabo Verde para caraterizar uma pessoa que não gosta de tirar ou gastar o seu dinheiro.

100
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

investimento é tão importante quanto à poupança, pois todo o esforço de cor-


tar gastos pode ser desperdiçado, quando mal investido.

Poupar e investir são duas atitudes relacionadas. Sem poupança, é muito


difícil acumular recursos para realizar investimentos. Por outro lado, um in-
vestimento inadequado ao perfil do investidor pode resultar em prejuízos e,
assim, comprometer os recursos poupados.

É muito importante compreender a diferença entre poupança e investimento


e a importância de cada um, pois dificilmente atingiremos nossos objetivos
financeiros sem utilizarmos ambos os conceitos.

Vê um caso de uma empreendedora que, com a sua poupança e ousadia


investiu na compra de uma empresa pública de transformação de leite, reali-
zando o seu sonho e contribuindo, ao mesmo tempo, para o desenvolvimento
do seu país:

Formada em Engenharia Alimentar, a Sra Maria Fernanda Lopes começou a


trabalhar na Empresa Pública Justino Lopes na década de oitenta. Na altura
produzia-se leite em pequenos sacos de plástico. Com a privatização da
Fábrica de Leite, aproveitou a oportunidade e, recorrendo à sua poupança,
comprou a referida Fábrica. Com muito esforço e trabalho árduo, para além
de viagens à procura de informações, e participação em feiras internacionais
com o intuito de procurar tecnologia adequada para Cabo Verde, conseguiu
fazer crescer a Empresa Iogurel que hoje é uma referência a nível nacional.

A Empresa conta com quarenta e dois trabalhadores e produz 1.000 (mil) Kg


de iogurte por horas. A oferta é feita conforme o gosto do consumidor, num
preço bastante acessível, que quase não varia com o tempo, e com muita
qualidade , pois segundo a Diretora da Empresa, “ O foco foi sempre a quali-
dade. Podemos ser excelentes dentro das nossas condições”.

O seu maior objetivo é servir o


cliente sempre com qualidade
e humildade, já que “ é preci-
so saber fazer e, sobretudo,
saber vender e com muita
humildade”.

Faz sondagem e sempre toma em consideração as sugestões/reclamações


dos clientes. Ainda que seja apenas uma reclamação, ela valoriza as sugestões
e age em consequência.

101
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

IV. Relação entre o Consumo e o Investimento

Caro(a) aluno(a), se desejas investir no futuro tens que diminuir os teus gas-
tos (consumo). Diminuir os teus gastos não significa simplesmente comprar
menos, significa racionalizar todas as tuas dispesas que começam dentro
de casa. Por exemplo poupar nas energias elétricas e no consumo de água,
poupar nas saídas noturnas, poupar nas festas, enfim, evitar gastos exagerados
que poderão ser canalizados para uma poupança. Isto permite-te mais tarde
usar estas poupanças para possíveis projetos de investimento.

Temos vários casos de sucessos na nossa sociedade de pessoas que, com mui-
to esforço, fizeram uma poupança no seu dia a dia e conseguiram investir em
grandes negócios com grandes impactos na sociedade cabo-verdiana. É o caso
acima relatado da proprietária da empresa yogurel sediada na capital do país.

É de se concluir que quanto maior for o teu consumo, menor será a tua
capacidade de investimento.

SAIBA MAIS

O Dia Mundial da Poupança celebra-se anualmente a 31 de outubro.


Origem da data

O Dia Mundial da Poupança foi criado com o intuito de alertar os consumidores para a ne-
cessidade de disciplinar gastos e de amealhar alguma liquidez, de forma a evitar situações de
sobreendividamento. A ideia de criar uma data especial para promover a noção de poupança
surgiu em Outubro de 1924, durante o primeiro Congresso Internacional de Economia, em
Milão. Todos os anos são organizadas diferentes atividades neste dia.

Poupança em tempos de crise

Muitos pessoas alegam que não fazem qualquer tipo de poupança, diária, semanal, mensal
ou anual. Contudo, alguns estudos mostram que é em períodos de crise que se registam os
maiores índices de poupança. Empresas e famílias fazem esforços para reduzirem custos e
conseguirem poupar.
Fonte: http://www.calendarr.com/

102
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

AGORA EU SEI QUE…

1.O investimento é tão importante quanto à poupança.

2.Poupar e investir são dois conceitos intimamente interligados.

3.Sem poupança, é muito difícil acumular recursos para realizar investimentos.

4.Poucas pessoas usam o rendimento ganho para investir.

5.O dinheiro que é poupado hoje dá segurança à pessoa e permite a realização de


futuros investimentos e dos sonhos ou projetos pessoais e/ou sociais.

6. É mais aconselhável guardar dinheiro no Banco, do que debaixo do colchão. Quan-


do o dinheiro é guardado no Banco, para além de dar mais segurança, recebemos
juros, o que aumentará a nossa poupança e nos permite investir em pouco tempo.

7. Também eu tenho que poupar e evitar gastos exagerados. Eu devo gastar com mais
prudência e poupar com mais firmeza e determinação.

ATIVIDADE 3

Escolhe uma entidade bancária cabo-verdiana e pesquisa as opções de


poupança que oferece aos clientes.

ATIVIDADE 4

Lê as afirmações abaixo e diz se elas são verdadeiras ou falsas.

a)A gente só deve poupar em tempos de crise □

b) Todo o investimento implica risco □

c) Sem poupança, é muito difícil acumular recursos para realizar investimen-


tos □

d) Poupar e investir são duas atitudes intimamente relacionadas □

e) O Dia Mundial da Poupança foi criado com o objetivo de promover a


poupança e disciplinar gastos □

f) Quem poupa pouco, terá muita capacidade de investir □

103
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

3. PLANO DE POUPANÇA

Muitos dos teus projetos podem falhar se não forem bem planificados. Para
desenvolveres uma atitude de poupança, tens que planear adequadamente o
uso do teu rendimento. Uma vez que as necessidades (despesas) são normal-
mente superiores ao rendimento, precisas estabelecer prioridades e distribuir
o rendimento de modo a ficares com um saldo que possas poupar.

I. Como elaborar um Plano de Poupança?

A elaboração de um plano de poupança requer uma análise bem feita para


que o mesmo seja concretizado com sucesso.

Existem basicamente duas etapas principais na elaboração dum plano


de poupança:

1ª Etapa 2ª Etapa
Prever como, quando e quan- Fixar um orçamento e escolher as prioridades das
to rendimento vais obter num tuas necessidades. Para tal deves:
determinado período. - Listar as tuas necessidades.
Para isto, tens que fazer uma - Fixar o que pretendes com a poupança.
previsão. - Determinar quanto custa cada necessidade.
Planear uma ação - decidir o - Verificar o custo total das necessidades em relação
que fazer, como fazer e quan- aos teus rendimentos e verificar se o saldo está de
do fazer. acordo com as metas de poupança
- Fazer uma revisão das prioridades, das despesas e
das metas de poupança, de modo a assegurares que
estão cobertas pelos rendimentos.
- Escolher quais são as formas e periodicidade de
poupanças que vais fazer.

Exemplo dum plano mensal de poupança:

A Sra Josefa quer comprar uma televisão Plasma LED, para a casa, que cus-
ta 50. 400$00 (cinquenta mil e quatrocentos escudos), por ocasião do Natal.
Depois de avaliar o seu rendimento, concluiu que pode poupar mensalmente
cerca de 4. 200$00 (quatro mil e duzentos escudos escudos)

104
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

2ª Etapa
Mensal
Meses 1ª 2ª 3ª 4ª Acumulado
Semana Semana Semana Semana
Janeiro
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 4200$00
Fevereiro
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 8.400$00
Março
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 12.600$00
Abril
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 16.800$00
Maio
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 21.000$00
Junho
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 25.200$00
Julho
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 29.400$00
Agosto
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 33.600$00
Setembro
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 37.800$00
Outubro
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 42.000$00
Novembro
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 46.200$00
Dezembro
1050$ 1050$ 1050$ 1050$ 4.200$00 50.400$00

Este exemplo ilustra que, se fores capaz de poupar, por exemplo, 1.050$00
(mil e cinquenta escudos) por semana, a partir de Janeiro, no final do ano, vais
acumular 50. 400$00 (cinquenta mil e quatrocentos escudos).

O valor semanal de 1.050$00 (mil e cinquenta escudos) é uma previsão que


implica um esforço pessoal para cumprires o teu objetivo.

105
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

SAIBA MAIS

Uma das definições mais antigas em economia é o conceito de poupança, que basicamente,
define esta como a parte do rendimento que não é gasto com o consumo. O conceito matemáti-
co de poupança simplifica ainda mais esta definição pois subtrai rendimento com consumo,
nomeadamente:

Poupança = Rendimento – Consumo

Olhando atentamente para esta fórmula matemática, concluímos que a poupança é tanto supe-
rior quanto maior for o rendimento ou menor o consumo, ou seja, aumentando o rendimento em
relação ao consumo, podemos ter uma poupança superior, e reduzindo o consumo em relação
ao rendimento, podemos ter igualmente uma poupança superior.

O rendimento influencia o consumo, permitindo, assim, criar uma espécie de relação direta. Por
outras palavras, um aumento do rendimento leva, na grande maioria das vezes, a aumento de
consumo, tornando fraca a possibilidade de poupança, retirando o efeito de proporcionalidade
à primeira vista existente.

A poupança das famílias acaba por desenvolver outras áreas da economia. Quando as famílias
conseguem poupar dinheiro para constituir poupanças junto dos Bancos, estão literalmente a
financiar a economia. Poupança é o motor da economia familiar e da economia global.

Adaptado,Fonte: www.reorganize.pt/sabe-realmente-o-que-e-poupanca (agosto 2016)

AGORA EU SEI QUE…

1. A poupança é a parte do rendimento que não é gasto com o consumo;

2. Existem duas etapas para a elaboração do plano de poupança nomeadamente:


- Prever como, quando e quanto rendimento vai obter num determinado período
- Fixar um orçamento e escolher as prioridades das suas necessidades;

3. A poupança é tanto superior quanto maior for o rendimento, ou menor o consumo;

4. O rendimento influencia o consumo, na medida em que aumento do rendimento


leva, na grande maioria das vezes, ao aumento do consumo, tornando menor o
aumento da poupança;

5. A poupança das famílias interfere diretamente no crescimento da economia;

6. Poupança é: Planeamento Financeiro, Segurança, Rentabilidade e Desenvolvimento;

7. Se eu poupar, estarei a contribuir também para o desenvolvimento do meu país e


do mundo.

106
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

ATIVIDADE 5

Estudo de caso

Elias, o órfão!
Elias Júnior é um órfão criado pela avó que é pobre. Os pais de Elias Júnior
morreram, há cinco anos, em circunstâncias pouco claras. Embora vivessem
na cidade e tivessem muitos bens, não trouxeram nada; trouxeram Elias à avó
literalmente sem nada.

Aos nove anos, Elias estava a trabalhar, fazendo trabalhos eventuais no seu
bairro, para arranjar comida e algum dinheiro para comprar roupa para ele e
para a avó. Quando Elias estava na segunda classe, os outros meninos da
sua idade estavam na quarta. Felizmente, ele estava consciente disto e deci-
dido a trabalhar com força.

Quando Elias tinha apenas onze anos, aconteceu um novo incidente infe-
liz; desta vez, foi a sua avó que faleceu, deixando-o sozinho. Este incidente
deixou Elias sem nada, pois tinha que trabalhar para ter roupa, comida, pagar
as propinas e outras necessidades. A situação agravou-se devido à cobiça de
alguns colegas da zona, que queriam tirar o pequeno terreno deixado pela
avó de Elias.

A luta das pessoas do bairro e do Elias atraiu a atenção do Padre da paróquia.


Este aconselhou Elias a vender a casa e a ir ficar com ele na paróquia. Foi o
que Elias fez e conseguiu 150.000 $00 (cento e cinquenta mil escudos), com
a venda da casa. Agora tinha dinheiro para comprar tudo aquilo que sempre
quis ter e também para pagar as propinas.

Elias planeou comprar roupa no valor de 2.000$00, um par de sapatos pare-


cidos com os do padre por 500$00, começar uma criação de aves domésticas
com 15,000 escudos. Esta criação começa a dar-lhe 5.000$00 por mês, a
partir do quarto mês. Elias volta à escola e vai pagar 500$00 de propina por
cada período. As outras despesas a fazer na escola são de 500 $00 por perío-
do. Elias tem que poupar dinheiro para as propinas até a 12º ano. Atualmente
está na quinta classe.

a) Ajuda o Elias a elaborar um plano de poupança para alcançar a sua meta.


b) Partindo de situações do dia a dia, elabora um plano de poupança mensal
e implementa-o.

107
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

4. CLUBE DE POUPANÇA

Muitas pessoas, se calhar, pensam que a única forma de poupar dinheiro é


abrir uma conta no Banco e depositar certo montante. Na verdade, existem
várias formas de poupar.

Como podes poupar os teus rendimentos?

- Abrir contas bancárias e depositar as poupanças nessas contas;


- Comprar bens como casas, animais, etc;
- Investir em negócios;
- Comprar terrenos;
- Criação de fundos de associações familiares;
- Empréstimos e reembolsos com juros;
- Clube de poupança na turma;

O clube de poupança é uma atividade prática da iniciativa dos alunos com


objetivo de desenvolver atitude e cultura de poupança individual e em asso-
ciação. Esta atividade permite que combatas e venças os mitos e os precon-
ceitos com relação à poupança e ao uso do dinheiro.

O clube de poupança é um projeto escolar que deve ser liderado por ti e com
os teus colegas de turma, classe ou escola, com a supervisão do (a) teu/tua
professor (a).

Passos para iniciar e implementar um clube de poupança na tua turma


ou escola:

1ª. Reunião constituitiva - Reunir com a turma ou com todos(as) os(as)colegas


que vão participar no clube. Discutir qual será a finalidade da vossa poupança, o
montante ou meta de poupança e o prazo para acumular o dinheiro necessário.

2ª. Criar uma estrutura associativa - o clube de poupança deve ser liderado
por um órgão diretivo encabeçado por um presidente do clube, ambos eleitos
por voto pela assembleia de todos alunos envolvidos. Deve haver tesoureiro e
um conselho fiscal para fiscalizar o trabalho da direção.

3ª. Implementação – Decidir quanto é que cada membro ou aluno (a) vai
contribuir e em que período. Recolher as contribuições e depositar num Ban-
co ou na caixa da Direção da Escola ou num outro local seguro. O montante
poupado pode ser usado para:

108
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

- Compra de material escolar, pagamento de folha de teste ou exames;


- Participar na feira escolar com produtos ou serviços preparados por vocês;
- Investir num projeto escolar;
- Organizar festa da turma, aniversários dos(as) colegas, etc.

Feira de emprego empreendedorismo de Escolas Secundarias

SAIBA MAIS

A necessidade de segurança financeira poderá, em algumas famílias representar um fator


motivacional para alcançar o sucesso financeiro, levando-as a planear o futuro com vista a
melhorar a sua segurança. Do mesmo modo, que nos preocupamos com o planear da refor-
ma, socorrendo-nos de produtos financeiros para o efeito, também outras áreas da nossa vida
financeira devem ser consideradas, como por exemplo, proteção contra a eventualidade de
desemprego, planeamento da educação dos filhos, planear a compra de habitação, proteção
para necessidades de saúde, proteção para emergência de diferentes tipos.

109
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

AGORA EU SEI QUE…

1. Poupar não significa simplesmente guardar dinheiro.

2. Existem três formas principais de uso dos rendimentos obtidos: consumo, poupança
e investimento. Estas formas de uso dos rendimentos relacionam-se entre si. Quando
o consumo for maior, a poupança fica menor ou mesmo nula.

3. Posso poupar investindo num bom negócio que me dará lucro ou fazendo emprés-
timo e reembolso com juros.

4. Na escola também posso poupar juntamente com os(a) colegas, participando no


clube de poupança da escola, que constitui um projeto escolar liderado pelos/pelas
próprios(as) alunos(as) e supervisionado pelos/pelas professores(as).

5. As vantagens de pertencer a um clube de poupança da escola são enormes para


todos(as) aqueles/aquelas que sonham com um futuro melhor.

6.O clube de poupança é uma atividade prática, que permite combater e vencer os
mitos e preconceitos com relação à poupança e o uso de dinheiro.

7. Eu posso poupar fazendo depósito no Banco, comprando bens de valor, criando


associação de poupança, etc.

ATIVIDADE 6

Estudo de caso

O António e o Samuel são alunos do 11º ano. Nas


suas horas livres, os dois lavam carros, no Sucupi-
ra. Com o dinheiro ganho, o Samuel compra roupa
e sapatos, por isso, cada dia leva um sapato novo
para a escola e nos finais de semana está sempre
bem vestido, lindo e à procura de lugares onde haja
uma festa. O António prefere poupar o seu dinheiro e, com essa poupança,
abriu uma conta a prazo num Banco, para ganhar juros, visto que os pais
dele não têm condições financeiras suficientes para custear a sua formação
superior, quando concluir o 12º Ano.

a) Comente a atitude dos dois alunos.


b) Qual deles tem a possibilidade de investimento no futuro? Justifica.

110
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

5. ATITUDES NO USO DO TEMPO


Tu tens apenas vinte e quatro horas por dia. Tudo tem que caber nesse tempo:
Jogar, passear, estudar, trabalhar, descansar, etc. Infelizmente, a maioria de
nós ainda não aprendeu a planear e administrar o tempo para ter mais horas
úteis por dia. Muitos não se importam com o tempo, atrasando ou fazendo
tudo na última hora.

Neste tema, discutiremos sobre o conceito de tempo e falaremos sobre como


podes elaborar um plano de gestão de tempo.

I. Conceito de tempo

Tudo que acontece é contabilizado com base no tempo. Viver, trabalhar,


passear, jogar, aprender, investir, ganhar, chover, nevar, escurecer, etc. Mas
afinal o que é o tempo?

Tempo – é um recurso natural onde tem lugar todas as ocorrências da


humanidade.

Os homens criaram padrões que permitem medir o tempo. O padrão de medi-


da mais pequeno é o segundo, a partir do qual foram convencionados outros
padrões tais como minuto, hora, dia, semana, mês, ano, quinquénio, etc,
sendo que o milénio é o padrão de medida mais longo.

O tempo é um recurso muito importante porque o ser humano tem uma es-
perança de vida limitada. Tudo o que tens a fazer, tem que ser dentro dessa
vida que, em muitos casos, não ultrapassa os cem anos. Outros seres vivos
têm mais e outros têm menos esperança de vida.

II. Tempo como Recurso Escasso

Para além de seres aluno (a), certamente tens outras ocupações. Muitas vezes,
enfrentas um conflito entre a quantidade de atividades que tens para cumprir
e o tempo disponível.
Planeando de forma eficiente o uso do teu tempo, podes fazer mais em
menos tempo.

O tempo é um recurso muito precioso e escasso, que deve ser devida-


mente usado de modo a aumentar a oportunidade de sucesso.

111
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

O uso racional do tempo pode, entre outras vantagens, permitir-te:

a) Administrar o teu tempo de forma inteligente estabelecendo objetivos


concretos;

b) Aumentar a tua produtividade nos estudos e no trabalho.

c) Adquirir novas atitudes e hábitos para conquistares mais qualidade de vida


e resultados positivos nos projetos;

d) Realizar as tuas atividades diárias de modo a equilibrar o tempo gasto com


as atividades, trabalho, estudos, família e lazer.

III. Ritmo de vida ou de trabalho

Cada pessoa tem o seu próprio relógio interno que o ajuda a definir o seu
ritmo de vida. Ficar cansado, sentir-se fresco ou voltar a ficar cansado é uma
questão muito pessoal. Se quiseres trabalhar com eficácia, tenta conhecer
bem o teu próprio ritmo.

Não ignores o teu relógio interno. Aprende a fazer uso dele.

• Pessoas madrugadoras - Tu és o tipo de pessoa que salta da cama nas


primeiras horas da manhã, cheia de energia e entusiamo? Então é muito
provável que consigas trabalhar muito, e eficientemente, logo de manhã cedo.
• Pessoas notívagas - Tu és, pelo contrário, o tipo de pessoa que só ganha
consciência das horas depois do despertador tocar e após vários cafés fortes?
Deixas as tarefas difíceis e trabalhos importantes para o fim da manhã ou
mesmo para a tarde? Independemente de seres um dos dois, o teu nível de
energia e de desempenho flutuam ao longo do dia inteiro.

Convém descobrires quando é que produzes mais e quando produzes menos.


Divide o teu dia com base nisso:

Faz as tarefas mais difíceis quando estiveres com mais energia, e as


tarefas fáceis ou de rotina ficam para quando estiveres mais cansado e
sonolento (depois do almoço por exemplo).

112
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

O teu padrão de energia é, em grande medida, determinado pela tua alimen-


tação:

- Convém iniciares o dia com um bom pequeno-almoço. Para muitos, isso


parece uma missão impossível. Mas vamos ainda muito mais longe: Toma-o
sentado. Basta levantar-te dez minutinhos mais cedo!

- Opta por um almoço leve.


- Evita jantares muito pesados, de modo a evitar insónias e irritabilidade.
- Quem trabalhar todo o dia sem pausas, vai ver o seu nível de energia baixar
drasticamente à noite. Repousa regularmente.

IV. Sinais de Má Gestão do Tempo

Alguns sinais de má gestão do tempo:

• Interrupções telefónicas constantes


• Reuniões excessivas e inconclusivas
• Visitas “casuais” sistemáticas
• Interrupções constantes para atender “urgências”
• Ausência de um plano diário com objetivos e prioridades
• Cálculos irrealísticos do tempo
• Serviços atrasados
• Responsabilidade e autoridades confusas
• Dificuldade em dizer não
• Trabalhos de qualidade inferior

V. Plano de Gestão de Tempo

Para planear bem o teu tempo, tens que aprender a dizer “não” para
algumas atividades. O “não” poderá trazer vários benefícios. No entanto,
é preciso estares consciente de que um “não” mal utilizado pode trazer uma
série de consequências negativas. Por isso, pensa bem antes de negares
uma atividade.

Atitudes na gestão do tempo:

Há atitudes próprias aplicadas na gestão do tempo:

• ATITUDE PROATIVA
• ATITUDE REATIVA.

113
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

Ser proativo significa assumir a responsabilidade do teu próprio destino. Como


fazer?

Verificas se és uma pessoa proativa ou reativa, prestando atenção às palavras


que usas no dia a dia.

Atitudes na gestão do tempo

Atitude Reativa Atitude Proativa

Não há nada que eu possa fazer Vou procurar uma alternativa

Sou assim e pronto Posso tomar outra atitude

Ele (a) irrita-me Posso ignorá-lo

Não consigo levantar-me cedo Vou chegar a horas


Se eu pudesse… Eu vou fazer

As quatro etapas básicas de um plano de gestão do tempo são:

1ª. Definir os objetivos;

2ª. Diagnóstico: Descobrir os reais obstáculos que te impedem de atingir os


teus objetivos;

3ª. Solução: Aplicar o pensamento criativo para gerar várias alternativas e es-
colher as melhores ideias com base em critérios para eliminar o obstáculo
identificado e atingir o objetivo desejado;

4ª. Plano de Ação: Organizar cronologicamente as


ações a serem implementadas: O que fazer, onde
fazer, porque fazer e principalmente quando.

114
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

AGORA EU SEI QUE…

1. O tempo é um recurso natural onde cabem todas as ocorrências da humanidade.

2. O tempo é um recurso muito precioso e escasso. O seu uso deve ser devidamente
planeado.

3. Há dois tipos de atitudes na gestão de tempo: Proativa e Reativa.

4. As quatro etapas básicas dum plano de gestão de tempo são:


a) Definição de objetivos;
b) Diagnóstico;
c) Solução;
d) Plano de ação.

5. Eu devo adotar uma atitude proativa, considerando que tudo é possível.

ATIVIDADE 7

Responda o questionário abaixo

Questionário de auto
Frequentemente Às vezes Raramente
avaliação. Tu e o tempo.
1. Costumas tratar um assunto de
cada vez? □ □ □
2. Inicias e terminas habitual-
mente os projetos dentro do pra- □ □ □
zo?
3. As pessoas sabem qual é o
melhor momento para te procu- □ □ □
rarem?
4. Fazes, a cada dia, alguma coi-
sa que te deixe mais próximo dos □ □ □
teus objetivos de longo prazo?
5. Quanto és interrompido(a),
consegues retornar o teu trabalho □ □ □
sem perderes o ímpeto?
6. Lidas de modo eficaz com in-
terlocutores(as) demorados(as)? □ □ □

115
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

7. Concentras-te na prevenção
dos problemas em vez de na sua □ □ □
solução, após estes acontecerem?
8. Planeas as tuas tarefas de
forma a cumprires, com alguma
folga (sem pressão), os prazos □ □ □
estabelecidos?
9. És pontual na escola no tra-
balho, nas reuniões e em outros □ □ □
eventos?
11. Preparas diariamente uma lis-
ta com as coisas a fazer? □ □ □
12. Costumas realizar todas as
coisas que prevês na tua “lista de □ □ □
coisas a fazer”?
13. Atualizas, por escrito, os teus
objetivos pessoais? □ □ □
14. A tua mesa de estudo ou de
trabalho está limpa e organizada? □ □ □
15. Podes encontrar facilmente o
que procuras nos teus arquivos? □ □ □
Subtotais _____________ _______ ________
Subtotais X4 X2 X0
Total _____________ _______ ________

ATIVIDADE 8

Elabora um plano de melhoria da gestão do teu tempo.

116
UNIDADE 4 - ATITUDES NO USO DO RENDIMENTO E DO TEMPO

117
UNIDADE 5 - EMPRESA

118
UNIDADE 5 - EMPRESA

OBJETIVOS

No final desta unidade o(a) aluno(a) deverá ser capaz de:

1. Explicar o que é Empresa;


2. Explicar a importância das Empresas para a Economia em Cabo Verde;
3. Classificar as Empresas tendo em conta:
- Ramo de atividade, dimensão
- Regime tributário
4. Explicar o que é o associativismo;
5. Reconhecer a importância das redes de empresa e do associativismo para
o desenvolvimento conjunto de empresas e negócios;
6. Explicar importância do exercício da atividade económica na legalidade;
7. Descrever os procedimentos e requisitos para a formalização na criação
de Empresa;
8. Conhecer a relação de parceria Setor Público – privado na promoção do
ambiente empresarial.

119
UNIDADE 5 - EMPRESA

1. EMPRESA
Certamente, tens ouvido falar de muitas empresas que estão no nosso país,
vocacionadas para a produção de diferentes bens e serviços.

Neste tema, discutiremos sobre o significado, importância e classificação de


empresas. Falaremos também sobre o associativismo e a sua importância.

I. Conceito de Empresa

É frequente afirmar-se que nós vivemos numa sociedade de organizações.


Estas organizações são ou não são empresas? Ou seja, afinal o que significa
empresa?

Empresa - É uma forma de organização que funciona com recursos materiais,


humanos e financeiros para satisfazer as necessidades de clientes (consumi-
dores ou utilizadores) produzindo e fornecendo bens e serviços.

As empresas devem-se estabelecer legalmente, o que significa, cumprir todas


as responsabilidades, tais como registo legal, pagamentos de impostos, salários
para os trabalhadores, entre outros.

II. Importância das Empresas no bem-estar da Comunidade

As empresas desempenham um papel importante nas nossas vidas. A maior


parte da nossa vida é apoiada por empresas e gira à volta delas. Os bens e
serviços que usas, a casa onde vives, a carteira na qual estás sentado(a), os
medicamentos que usas para tratar doenças, e muitas outras coisas são todas
produzidas e fornecidas por empresas.

Seja qual for a razão pela qual as empresas são criadas, elas são importantes
para:

- Os seus proprietários;
- Família dos proprietários;
- Comunidades em que se situam;
- Governo;
- Outras empresas.

120
UNIDADE 5 - EMPRESA

Em geral, a importância das empresas pode ser justificada pelas seguintes


razões:

- São uma fonte de rendimento para os seus proprietários;


- Dão emprego às pessoas;
- Produzem bens e serviços de que as pessoas necessitam;
- Trazem os bens e serviços para mais perto das pessoas;
- Fornecem um mercado para os produtos das pessoas;
- Utilizam os recursos locais;
- Acrescentam valor aos produtos e recursos locais;
- Contribuem para programas de desenvolvimento social e económico da co-
munidade;
- Pagam impostos ao Governo, os quais são usados para prestar serviços so-
ciais às pessoas;
- Utilizam coisas que de outra forma seriam inúteis ou prejudiciais ao homem
e ao ambiente;

III. Classificação das Empresas

Quanto ao Ramo de Atividade

O ramo de atividade constitui uma base para classificação das empresas.


Assim sendo, elas podem ser:

• Empresas Agrícolas - São empresas que produzem


produtos agrícolas. São exemplos de empresas
agrícolas a produção de cereais, a criação de animais
e de aves domésticas, etc.

• Empresas Industriais - As empresas que fazem o


processamento de matérias-primas para produzirem
produtos diferentes ou acrescentarem-lhes valor são
conhecidas por empresas industriais. São exemplos de
empresas industriais, oficinas de carpintaria, olarias,
fabrico de esteiras e cestos, alfaiatarias, etc.

•Empresas Comerciais - As empresas que com-


pram e vendem bens/mercadorias são conhecidas
por empresas comerciais. São exemplos de empresa
comerciais os quiosques, a venda ambulante, a venda
nos mercados, mercearias, lojas de venda a retalho,
grossistas, etc.

121
UNIDADE 5 - EMPRESA

• Empresas de Prestação de Serviços - As em-


presas que prestam serviços aos seus clientes são
conhecidas por empresas de prestação de serviços.
São exemplo de empresas de prestação de serviços
os salões de cabelereiro, barbearias, restaurantes,
bares e hotéis, serviços de segurança, etc.

Quanto à Dimensão

As empresas podem ser classificadas, segundo as suas dimensões pois, elas


variam em tamanho. Em Cabo Verde, os fatores mais importantes para deter-
minar as dimensões das empresas são:

- Montante do capital investido na empresa;


- Número de funcionários;
- Volume de vendas durante um dado período;

Usando os fatores e indicadores acima, as empresas podem ser divididas em:

a) Microempresas (muito pequenas)


b) Pequenas Empresas
c) Médias Empresas
d) Grandes Empresas

• MICROEMPRESAS

São empresas que são muito pequenas. Requerem pouco dinheiro para serem
iniciadas e tecnologia muito simples para o seu funcionamento.

Geralmente empregam os serviços dos(as) seus/suas propri-


etários(as) que podem ser auxiliados por até cinco pessoas.
Podem não precisar de instalações fixas para funcionar,
bastando estruturas temporárias. Não têm que se registar
antes de começarem as suas operações, mas podem ter
que obter licenças de funcionamento das Câmaras Municipais antes de inicia-
rem as suas operações. São exemplos de microempresas os quiosques, ven-
das ambulantes, mercearias, etc. O seu alvo é o mercado local ou as pessoas
que se deslocam para aquela zona.

122
UNIDADE 5 - EMPRESA

• PEQUENAS EMPRESAS

Estas empresas funcionam a partir de instalações


fixas que são de caráter permanente, por exemplo,
lojas. Empregam entre seis a dez trabalhadores. Ex-
igem pouco capital para serem criadas. As suas ven-
das periódicas são relativamente mais altas do que as
das microempresas. Podem utilizar alguma tecnologia básica e simples nos
seus sistemas de produção, capaz de abastecer o mercado interno ou externo.
São exemplos de pequenas empresas, Minimercado Matilde, Flor de Laka-
kan, Moldarte, Novatur, Fly, Óptica Djibla, Index Lda, EXACONTA, Restaurante
Panorama, Mercearia Andrade, Salões de Beleza, entre outras.

• MÉDIAS EMPRESAS

São empresas muito bem estabelecidas, que possuem


entre cinco a quinze trabalhadores. Funcionam a par-
tir de instalações permanentes e bem estabelecidas.
Usam tecnologia avançada e produzem relativamente
em grande escala. Requerem muito capital para serem
criadas. Estas empresas podem produzir tanto para o mercado local como para
exportação. São exemplo destas empresas, grandes padarias, empresas de
processamento e embalagem de leite, empresas de moagem e embalagem
de café, empresas de fabrico de colchões e empresas de produção de vinho.
Vejamos algumas médias empresas existentes em Cabo Verde: SUCLA, SO-
CIAVE, MOAVE, UPRA - ANIMAL, SICOR, CABO VERDE ALUMINIO, CON-
FECÇÃO ALVES MONTEIRO, SOPROINF, HOTEL SANTOS PINA, BRAZ AN-
DRADE e CASA RODRIGO, entre outras.

• GRANDES EMPRESAS

Como o próprio nome sugere são empresas que são


grandes. Podem empregar mais de vinte pessoas. Os
seus métodos de produção são especializados e au-
tomáticos e produzem em grandes quantidades. Re-
querem muito capital para serem criadas. Contudo, na
maioria dos casos, resultam de médias empresas que
crescem e se tornam grandes. Funcionam a partir de instalações bem estabe-
lecidas e permanentes. Podem produzir tanto para o mercado local como para
o estrangeiro. São exemplos de grandes empresas, a Cabo Verde Telecom, o
Hotel Riu na ilha da Boa Vista, e a Empresa Tecnicil Indústria, ENAPOR, ENA-
COL, VIVO ENERGY, ADEGA, entre outras.

123
UNIDADE 5 - EMPRESA

3. Com Base na sua Forma Jurídica

À luz do artigo 104º do Decreto-legislativo nº 3/99 de 29 de Março que aprova


o Código das Empresas Comerciais, as Sociedades Comerciais devem adotar
um dos seguintes tipos:

Sociedade em nome colectivo Sociedade por quotas

Sociedade anónima Sociedade em comandita

Sociedade cooperativa

Sociedade em nome colectivo (Artigo 259º) - Na sociedade em nome colecti-


vo, o sócio, além de responder individualmente pela sua entrada, responde pe-
las obrigações sociais ilimitadas e subsidiariamente em relação à sociedade e
solidariamente com os outros sócios. O sócio não responde pelas obrigações
da sociedade contraídas posteriormente à data em que dela sair, mas respon-
de pelas obrigações contraídas anteriormente à data do seu ingresso.

Sociedade por quotas (Artigo 272º) - As sociedades por quotas não poderão
constituir-se com um capital social inferior ao montante fixado em portaria con-
junta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da justiça, comércio
e finanças. Todos os sócios serão responsáveis solidariamente pelo valor das
entradas convencionadas no contrato social. A firma das sociedades por quo-
tas será formada, com ou sem sigla, pelo nome ou firma de um ou alguns dos
sócios ou por uma denominação particular, ou pela reunião de ambos esses
elementos, mas em qualquer caso concluirá pela expressão “Limitada” ou pela
abreviatura “Lda”.

Sociedade em comandita (Artigo 459º) - Na sociedade em comandita cada


um dos sócios comanditários responde apenas pela sua entrada e os sócios
comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos mesmos termos que
os sócios da sociedade em nome colectivo. Na sociedade em comandita sim-
ples não há representação do capital por acções; na sociedade em comandita
por acções só as participações dos sócios comanditários são representadas
por acções.

124
UNIDADE 5 - EMPRESA

Sociedade Anónima (Artigo 342º) - Na sociedade anónima o capital social en-


contra-se dividido em acções, sendo a responsabilidade de cada sócio limitada
ao valor das acções por si subscritas. Salvo os casos expressamente previstos
na lei, as sociedades anónimas constituem-se com um número mínimo de dois
sócios.

Sociedade Cooperativa (Artigo 474º) - As cooperativas são sociedades com


número de sócios e capital variáveis, que exercem a sua actividade com base na
cooperação e entreajuda dos sócios e na observância dos princípios cooperati-
vos. A adesão e a exoneração são livres e o número de sócios não pode ser
limitado senão por razões que decorram da lei ou dos fins e natureza da activi-
dade exercida. Os órgãos sociais são eleitos em sufrágio directo, livre e igual e
devem prestar contas periodicamente do exercício do seu mandato

IV. Associativismo e sua Importância

Uma Associação é um grupo de pessoas, um coletivo voluntário, democrático,


autónomo, cuja finalidade é encorajar os membros a crescer em comunidade
e a agir coletivamente para dar mais poder, voz e acesso a recursos sociais e
económicos que, como indivíduos, os membros não poderiam ser capazes de
acumular para si.

Caraterísticas gerais de uma Associação:

- Não ter fins lucrativos;


- Depender de contribuições voluntárias;
- Ser independente de Governos;
- Ser orientada para a prestação de serviços;
- Não ter interesse partidário;
- Ter um quadro legal.

É importante que as Associações não funcionem duma forma ilegal e fiquem


sujeitos a uma intervenção da justiça.

A Lei nº 25/VI/2003, de 21 de julho, define o regime júridico geral da constituição


de Associações de caráter não lucrativo, garantindo a todos os cidadãos maiores
de 18 anos, o livre exercico do direito de se associarem para fins não contrários
à lei ou à moral pública.

Vejamos algumas associações existente em Cabo Verde:


- Agência de Desenvolvimento Empresarial e Inovação (ADEI)
- Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde (AJEC)

125
UNIDADE 5 - EMPRESA

- Câmara de Turismo de Cabo Verde


- Associação Caboverdiana de Autopromoção da Mulher (MORABI)
- Organização das Associações Comunitárias de São Nicolau (ORAC - SN)

Estrutura Organizacional de uma Associação

Assembleia Geral
Constituída por todos os membros, sendo
eleitos o presidente, o vice-presidente e o
secretário por um determinado periodo de
tempo.

Conselho de Direção Conselho Fiscal


Constituído pelo presidente, vice-presiden- Constituído pelo presidente, vice-presidente,
te, tesoureiro e dois vogais para o funcio- um vogal/secretário para o funcionamento
namento normal. Todos os membros são normal. Todos os membros são eleitos pela
Assembleia Geral.
eleitos pela Assembleia Geral.

Papel ou importância das Associações

As Associações operam para o benefício público e não procuram fazer lucro.


Em geral, o papel das associações inclui:

- Complementar o trabalho do Governo;


- Trabalhar com as comunidades;
- Encorajar a autoajuda;
- Promover o voluntariado.

Associativismo Empresarial

É muito comum encontrar muitas associações empresariais em Cabo Verde.


Algumas podem funcionar a nível da localidade ou da autarquia. Outras são
formadas a nível local, enquanto que outras ainda são formadas a nível nacio-
nal. Algumas associações formadas a nível nacional têm agências a nível das
autarquias e localidades.

São exemplos de associações empresariais de nível nacional, ADEI (Agência


para o Desenvolvimento Empresarial e Inovação), AJEC (Associação de Jovens

126
UNIDADE 5 - EMPRESA

Empresários de Cabo Verde), AMES (Associação das Mulheres Empresárias


de Santiago), Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento.

Os objetivos das associações empresariais variam duma associação para


outra. Há, contudo, objetivos que são comuns à maioria das associações
empresariais e estes incluem o seguinte:

• Garantir ou conseguir mercados locais e estrangeiros para os produtos dos


seus membros;
• Procurar e obter matérias-primas para as empresas dos seus membros;
• Conseguir melhor tecnologia de produção para as suas empresas;
• Conseguir e fornecer programas e meios de formação para os seus membros;
• Conseguir apoio financeiro e técnico dos bancos e de outras instituições de
apoio e do governo;
• Apoiar cada membro em momentos de necessidade;
• Desenvolver e divulgar melhores sistemas de produção e gestão entre os
seus membros;
• Defender em nome dos seus membros e perante o governo um ambiente
melhor que promova as operações empresariais, como incentivos ao investi-
mento, políticas fiscais favoráveis, políticas monetárias e gerais, estabilidade
política e ordem social;
• Ser membro de uma associação empresarial é, na maioria dos casos, um
ato voluntário. Entretanto, os membros pagam uma jóia de entrada e quotas
periódicas (geralmente anuais) para se tornarem e continuarem membros.

SAIBA MAIS

127
UNIDADE 5 - EMPRESA

AGORA EU SEI QUE…

1. Empresa é uma forma de organização que funciona com recursos materiais, hu-
manos e financeiros para satisfazer as necessidades de clientes através dos seus
bens e serviços.

2. Os aspetos que tornam as empresas importantes incluem:


- Gerar emprego e rendimento para os que nela trabalham
- Fornecer bens e serviços a sociedade a partir do uso de recursos
- Contribuir para as receitas do Estado.

3. Na classificação com base no ramo de atividade, as empresas podem ser: agrícolas,


industriais, comerciais e de prestação de serviços.

4. Quanto à sua forma jurídica, as empresas podem ser: em nome individual e socie-
dades.

5. As sociedades podem ser: em nome colectivo, em comandita, por quotas, anónima


e cooperativa.

6. Uma Associação é um grupo de pessoas, um coletivo voluntário, democrático,


autónomo, cuja finalidade é encorajar os membros a crescer em comunidade e a agir
coletivamente.

7. As empresas criam associações para fazerem em conjunto aquilo que não podem
fazer sozinhos, cujo objetivo é tirar benefícios mútuos.

ATIVIDADE 1

Visita uma associação seja empresarial ou não e conheça bem sobre a estru-
tura e funcionamento das associações. Faz um resumo e discute na turma.

ATIVIDADE 2

Visita a Casa do Cidadão ou a Conservatória de Registo Comercial e obtém os


requisitos para constituição de sociedades empresariais.

ATIVIDADE 3

Apresenta 3 exemplos de Associações Empresariais e 3 exemplos de Asso-


ciações não Empresariais de cariz social.

128
UNIDADE 5 - EMPRESA

2. PROCESSO DE LEGALIZAÇÃO DE EMPRESAS

A criação de novas empresas é condição necessária para o desenvolvimento


socioeconómico de qualquer país, pois elas permitem renovar a classe empre-
sarial do país, reforçar a competitividade, explorar novos negócios e criar mais
postos de trabalho.

I. Formalidades Principais a cumprir na Constituição duma Empresa

Para formalização duma empresa, primeiro deve-se escolher a forma jurídica


depois reservar um nome, ter NIF, registar e ter licença de atividade.

Passos para formalização de Empresa

1º Escolha da forma jurídica.


Certificado de Firma. Requer uma certidão de reserva de nome. O nome

escolhido deve ser único.
Abertura de conta bancária. Abrir conta em nome da futura empresa num

banco da praça.
4º Estatuto de sociedade. Apresentar o projeto de estatuto de sociedade

5º Escritura pública.
6º Registo Provisório.
7º Publicação de estatuto no BO
8º Registo Definitivo:
9º Obtenção do NIF – Número Identificação Fiscal
10º Vistoria (se for o caso) das instalações
11º Obtenção do alvará ou licença
12º Declaração de início de atividade
13º Inscrição na segurança social dos trabalhadores
14º Inscrição no regime tributário

II. Constituição da Empresa No Dia (END)

O Código das Empresas Comerciais consagra soluções facilitadoras da criação


de novas sociedades e de agilizar os trâmites burocráticos, regulamentares e
administrativos inerentes à sua constituição.

129
UNIDADE 5 - EMPRESA

Empresa No Dia, é um regime especial de consti-


tuição e início de atividade de sociedades por quo-
tas e anónimas, conforme o estabelecido no De-
creto-Lei n.º 9/2008, de 13 de Março, tornando-se,
assim, possível a criação de uma empresa num só
dia, num único balcão e de forma imediata.

A criação da Empresa num só dia, poderá ser feita através dos balcões da
Casa do Cidadão disponiveis em todos os municipios do país.

No regime Empresa No Dia podem constituir-se quatro tipos de sociedades,


nomeadamente:

Sociedades Sociedades
Sociedades Sociedades
por quotas anónimas
por quotas anónimas
unipessoais unipessoais
“Sociedade “ S o c i e d a d e
“Limitada” ou “Sociedade Uni-
Designação U n i p e s s o a l , Anónima” ou
“Lda” pessoal, S.A.”
lda” “S.A.”
Mínimo de 2 Mínimo de duas
Um único
pessoas singu- pessoas singu-
Nº de sócios sócio, pessoa _________
lares e/ou cole- lares e/ou cole-
singular
tivas; tivas
A responsabli-
Nao inferior a
dade de cada
10.000$00, e
Cotas de acionista é
deve ser di- _________ _________
cada sócio limitada ao valor
visível por
das ações por si
1.000$00
subscritas
Não inferior a
1.000$00 (1
Não inferior a ação) por acion-
Capital social _________ _________
20.000$00 ista.
Ações divisíveis
por 1.000$00

Obs:
1. Uma pessoa singular não pode constituir mais do que uma Sociedade
unipessoal. É vedado a uma sociedade unipessoal por quotas participar na
constituição de outras sociedades comerciais;

2: Devem ser observados todos os requisitos da constituição de sociedades


anónimas na criação de sociedades unipessoais anónimas.
Adaptação: www.portondinosilha.cv (setembro 2016)

130
UNIDADE 5 - EMPRESA

SAIBA MAIS

É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo


correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático,
como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não
vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de
ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de
sua jornada na Terra não agradecem a Deus por terem vivido,
mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela
vida.
Robert Nesta Marley

AGORA EU SEI QUE…

1. Para que uma empresa esteja estabelecida legalmente, deve cumprir as seguintes
formalidades principais:

- Escolha da forma jurídica


- Reserva de nome – na Conservatória de Registo Comercial
- Registo comercial – na Conservatória de Registo Comercial
- Registo fiscal – Repartição das Finanças
- Segurança social – no INPS
- Licenciamento da atividade – Casa do Cidadão ou Serviço Competente (consultar
documentos a respeito)

2. É possivel obter o registo da empresa em apenas num dia, basta exibir o BI e o NIF
e preencher um formulário.

ATIVIDADE 4

Visita a Instituição responsável pela legalização de empresas da tua localidade


ou município:

a) Obtém requisitos para registo e licenciamento de pequenas empresas.


b) Faz um relatório da visita ou das entrevistas.

131
UNIDADE 5 - EMPRESA

3. A EMPRESA, A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE

Qualquer empresa instalada numa determinada região resulta numa interde-


pendência entre ela, a sociedade e o meio ambiente.

Neste tema, discutiremos a relação entre a empresa e a sociedade, empresa e


o meio ambiente, bem como os possíveis impactos de uma empresa no meio
ambiente.

I. Relação entre a Empresa e o Meio Ambiente

As empresas dependem muito do meio ambiente, na medida em que é através


dele que obtêm os recursos necessários para o seu desenvolvimento. As em-
presas precisam do meio ambiente de variadas formas, nomeadamente:

• Matérias-primas - A maior parte das matérias-primas que é usada na pro-


dução de bens e serviços provém do meio ambiente. São exemplos: madeira,
animais, gás, frutos, petróleo, calcário, minerais como cobre, ferro, etc.

• Transporte - O meio ambiente fornece às empresas uma rede para trans-


portes como água, ar, estradas, etc. Sem isto seria muito difícil para os(as)
empreendedores(as) desenvolver os seus projetos.

• Tratamento do lixo - O meio ambiente proporciona à maior parte das em-


presas locais para os seus resíduos sólidos. Estes resíduos são efluentes, lixo,
etc.

• Um lar para os projetos - A terra é o lar da maioria dos projetos. Fornece o


terreno em que são construídas as instalações da empresa e para a agricultura.

II. Relação entre a Empresa e a Sociedade

Uma sociedade é um grupo de pessoas que vivem na mesma área geográfica,


unido por aspetos socioculturais, crenças e valores que tornam possível per-
manecerem juntos.

As principais caraterísticas de uma sociedade são a cooperação, ajuda mútua,


solidariedade, etc. Numa sociedade, todos participam de várias formas para o
bem-estar da mesma.

132
UNIDADE 5 - EMPRESA

Benefícios que a Sociedade obtém das Empresas

- Produção de bens e prestação de serviços - Quando há empresas, estas


fornecem bens e serviços à sociedade. Estes bens e serviços satisfazem as
necessidades das pessoas na sociedade. Por exemplo os transportes facilitam
a deslocação dos membros duma sociedade dum lugar para outro.

- Oportunidades de emprego - As empresas proporcionam oportunidades


de emprego aos membros da sociedade nas suas localidades. São exemplos
disto: pessoas que trabalham em fábricas de refrigerantes e cerveja, campos,
hotéis, restaurantes, etc.

- Atividades de desenvolvimento comunitário - As empresas geralmente con-


tribuem para programas de desenvolvimento comunitário. Esses programas in-
cluem: habitação para pobres, apoio e promoção de desporto, cultura e outros.

- Pagamento de impostos - As empresas apoiam a economia através do pa-


gamento de vários impostos ao governo. O Governo usa as receitas dos im-
postos para prestar serviços sociais como segurança, educação, saúde, etc.
e também para construir estradas que são essenciais para as operações da
empresa e para a economia em geral.

- Limpeza e proteção do ambiente - Normalmente as empresas patrocinam e


participam na manutenção da limpeza e na protecção do meio ambiente. As es-
colas que limpam os jardins públicos e ruas, plantam árvores, protegem as áreas
protegidas, etc. na maior parte dos casos beneficiaram desses patrocínios.

Benefícios que as Empresas obtêm da Sociedade

As empresas são criadas com o fim de trazer soluções para os problemas dos
membros da sociedade. Portanto, sem sociedade não valia a pena iniciar uma
empresa.

Todavia, a sociedade também constitui o meio, no qual a empresa encontra o


suporte para a sua sobrevivência.

Existem vários exemplos que ilustram os benefícios que a Empresa pode


obter da Sociedade:

- Fornece um mercado - Quando os membros da sociedade compram bens e


serviços para satisfazer as suas necessidades, estão a fornecer um mercado.

133
UNIDADE 5 - EMPRESA

- Fonte de mão de obra - As empresas precisam de mão-de-obra para execu-


tar as tarefas inerentes à produção de bens e serviços. Obtêm a mão de obra
na sociedade.

- Fonte de capital - As empresas precisam de capital para comprar o ativo


fixo como as máquinas usadas na produção, móveis, viaturas e fazer face às
despesas diárias da empresa. A sociedade fornece isto à empresa através de
empréstimos ou da compra de ações nessas empresas.

- Seguranças - Para que as empresas funcionem bem, precisam de paz e


estabilidade no local em que operam. Entre os serviços prestados pela socie-
dade, a segurança garantida pelas forças da ordem é um deles. Além disso,
para que uma empresa seja criada e funcione sem dificuldade, tem que ser
aceite pela sociedade.

III. Impactos da Empresa sobre o Meio Ambiente

Os diferentes tipos de empresas requerem diferentes tipos de recursos, têm


processos de produção diferentes, e diferentes produtos e subprodutos. Por
consequência, têm exigências e efeitos no meio ambiente que é onde vão bus-
car os recursos de que precisam (inputs). Os seguintes são alguns dos modos
como os diferentes tipos de empresas afetam o meio ambiente:

- Poluição do Ar - As empresas que emitem muito dióxido de carbono,


fumo, gases que prejudicam o ozono,
bióxido de enxofre, poeira, etc. levam
à poluição do ar. As empresas indus-
triais e as de prestação de serviços de
transporte (em particular as que usam
principalmente camiões, autocarros e
carros) são as principais poluidoras do
ar. As empresas de extração de pedras
e produção de inertes também libertam
muita poeira que polui o ar.

- Poluição da Água - As empresas industriais poluem a água ao libertar os


seus efluentes em cursos de água e sistemas hídricos. As empresas agrícolas
estão à frente na destruição de zonas de captação de água, na erosão do solo
e no uso de pesticidas e fertilizantes e acabam por poluir a água. As empresas
comerciais que usam sacos de polietileno também causam a poluição da água
pois os materiais que não se decompõem acabam por entrar nos sistemas
hídricos e obstruí-los.

134
UNIDADE 5 - EMPRESA

- Degradação do Solo - Más práticas nas empresas agrícolas como a cultura


intensiva e a pastagem, o abate das árvores e a destruição da cobertura do
solo levam à degradação do solo pela erosão e à perda de fertilidade. As em-
presas extratoras como as de produção de inertes, de exploração de terras e
outras também provocam a degradação do solo.

Contudo, nem todas as empresas degradam o meio ambiente. Empresas como


as de viveiros de peixes, viveiros de plantas, agroflorestais, de apicultura, fru-
ticultura, hidroponia, criação de aves domésticas, etc. não são prejudiciais ao
meio ambiente. Normalmente, antes da instalação de qualquer empresa deve-se
fazer um estudo de impacto ambiental, para analisar todas as implicações que
podem resultar da instalação daquela empresa para o meio ambiente. As em-
presas devem garantir a preservação do meio ambiente.

IV. Interação entre a Empresa, a Sociedade e o Meio

Oferta de bens Mercado


de bens

Pagamento recebido pelos bens Oferta e demanda de bens

Subsídios Transferência
Empresas Bens não incluídos no mercado Governo Bens não incluídos no mercado Famílias

Tributos diretos e indiretos Tributos diretos e indiretos

Pagamento e recebimento pelos FP Oferta e demanda de FP

Pagamento pelos FP Mercado


de fatores Oferta de fatores de produção

Fluxo monetário

Fluxo real

135
UNIDADE 5 - EMPRESA

SAIBA MAIS

AGORA EU SEI QUE…

1. As empresas beneficiam do meio ambiente: Matéria-prima, terra, água, entre outros;

2. A sociedade obtém benefícios das empresas, nomeadamente bens e serviços que


consome, postos de trabalho, impostos, etc.;

3. As empresas também obtêm benefícios da sociedade: Mercado de produtos, mão


de obra, etc.;

4. Algumas empresas podem ter impactos negativos no meio ambiente: Poluição de ar,
água e degradação de solos.

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UNIDADE 5 - EMPRESA

ATIVIDADE 5

As empresas podem também contribuir para a degradação do meio am-


biente.

O que fazer?

ATIVIDADE 6

Escolhe uma empresa na tua comunidade e demostra os benefícios que


as pessoas desta comunidade obteve com a instalação desta empresa.

137
As fontes bibliograficas a continuação serão uteis para a consulta do
tema no contexto nacional (Mercado de trabalho, histórias de empreen-
dores, citas.) que ajudam a orientar as nossas metas:

http://www.nosgenti.com/?cat=11 - The publication “NÓS GENTI” provide with


unique examples from Cabo Verde entrepreneurs, which might be very inspiring
for the young generation.

http://ajec.org.cv/ - A AJEC – Associação de Jovens Empresários de Cabo


Verde, an association representing young entrepreneurs of Cabo Verde, should
be a source for quotes and examples.

http://www.pme.cv/index.php/en/dicas/533-artigo-de-opiniao-empreendedoris-
mo-juvenil-em-cabo-verde-o-caso-rosa-andrade - this article about Emedson
Andrade Évora, Cabo Verde entrepreneur, lists general characteristics that an
entrepreneur should have.

h t t p : / / w w w. a d e i . c v / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _ c o n t e n t & v i e w = a r t i -
cle&id=430&Itemid=354

http://www.ine.cv/anuarios/Anuario_CV_2015.pdf Cabo Verde Statistics Data-


base, which allows us to retrieve relevant statistical information in the Cabo
Verde Labour Market and SMEs in the country.

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UNIDADE 5 - EMPRESA

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