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Curso Ler o Brasil
Curso Ler o Brasil
"Aqui uma coisa é o escravo, outra coisa é a cor do escravo" (José Bonifácio).
Constituição de 1823
> Categorização da sociedade pela cor da pele (hierarquização - negros são cidadãos de segunda
categoria).
Questão 1
“Existe uma hierarquização da cidadania e ela se faz pela cor da pele”, afirmou Edson Cardoso em nossa
primeira aula. Você gostaria de escrever um pequeno texto, compartilhando no fórum sua compreensão
desta frase? Pode ser um poema, um relato pessoal, uma carta ou o que fizer sentido para você
aprofundar esta reflexão e compartilhar com colegas de curso.
2.ª Categoria (19/11/2022)
É muito prazeroso poder fazer um curso com professores de tão alta categoria. Professor Edson Cardoso,
nos abrilhantou de forma singela, porém profunda, sobre a dificuldade de se discutir fora do Movimento
Negro o tema racismo e negritude. Também nos informou documentalmente a questão da exclusão do
negro já na constituição do Brasil como nação, e as propostas de José Bonifácio, que embora fosse um
defensor da libertação dos escravizados, também considerava a escravização como uma mancha
indelével (mancha esta que aflige nossa sociedade até hoje através do racismo estrutural) onde em dois
artigos do documento da constituinte de 1823, o 6.ª e o 94, afirma que o negro liberto é um cidadão,
porém que não pode exercer o poder do voto, mesmo tendo as condições financeiras necessárias ao
voto censitário do império brasileiro, colocando o negro desde o nascimento do Brasil-Nação como um
cidadão de segunda categoria.
> A decisão registra "a superior vantagem em empregar gente branca, livre e industriosa"
> O governo imperial brasileiro assenta colonos europeus com recursos advindos da escravidão
> Proíbe a presença de negros escravizados ou libertos na região do Vale dos Sinos
> Preservação da identidade como imigrantes (estudo da língua e dos costumes) e implantação de
pequenas propriedades rurais
> Pessoas escravizadas ou libertas na região do Vale dos Sinos eram transferidas para a corte (Rio de
Janeiro)
> Os Movimentos Sociais Negros - Políticas reivindicadas pelo movimento são de natureza reparatória e
compensatória
> O Estado brasileiro precisa compensar e reparar os danos causados às populações negras
> A economia do Brasil era baseada na força de trababalho escravizada e era ela que gerava a riqueza
inclusive para a implementação de políticas públicas
> O Estado brasileiro desenha o formato branco do país desejado pela elite
Quando fui prefeito de Porto Feliz por dois mandatos (2005 – 2012) implementamos o cargo de assessor
de políticas raciais, nomeou-se pela primeira vez o Conselho do Negro, criado em 1988, mas que só
funcionou de 2005 a 2012, implementamos a política de cotas para afrodescentes no funcionalismo
público municipal de Porto Feliz, assim como o feriado com atividades educacionais e culturais do Dia da
Consciência Negra no dia 20 de novembro.
No romance "Leite Derramado" de Chico Buarque, o avô do personagem principal defende que os
negros descendentes de escravizados deviam voltar para a África por que não serviam para mais nada.
1909 - Isaías Caminha - personagem jovem, negro, inteligente e bem preparado de Lima Barreto.
Lima Barreto com sua obra quer rebater a tese que os negros são inferiores biologicamente.
Para Lima Barreto a inferioridade não é congênita, mas tem origem nas relações sociais injustas e
desiguais.
Para Isaías Caminha a cor é um obstáculo para todas suas tentativas de ganhar a vida.
Isaías Caminha, por exemplo, é supeito de roubo sem ter nenhuma culpa, apenas pela sua cor.
Isaías Caminha passa por uma série de situações vexatórias devido sua cor.
Por exemplo, um padeiro diz que Isaías Caminha: - Não serve para o trabalho de carregar os balaios de
pães.
Isaías Caminha fica arrasado - Pensa em beber, mas não bebe. Pensa em suicidar-se, mas não suicida-se.
Afinal, Isaías caminha fica desanimado pelas injustiças recebidas.
Quando torna-se empregado do jornal O Globo assiste a mediocridade dos funcionários do jornal,
enquanto ele, Isaías Caminha, inteligente e preparado, é apenas um contínuo.
Lima Barreto demonstra que a República (coisa do povo) não foi feita para os "Isaías Caminha" - devido a
mancha indelével - negritude.
Os negros, naquela sociedade do raiar do século XX, eram para a escravidão, o recado que a sociedade
passa para os negros é "- Fique fora da sociedade!"
Lima Barreto confronta, assim, a tese da inferioridade biológica dos negros e dos seus descendentes.
Lima Barreto, demonstra através do seu Isaías Caminha, vinte anos depois da proclamação da Republica,
que a mancha indelével permanece.
Olá galera, estão todes bem? Como combinado no grupo de Telegram, faremos fóruns oficiais para
concentrar todas as contribuições de vocês, a ideia de concentrar em um único fórum é garantir que
vocês consigam interagir de uma maneira mais prática e mais fácil com as contribuições dos colegas.
Abriremos um fórum por aula.
Estamos felizes com toda a interação que já aconteceu em apenas um dia de curso.
AULA 02
Fórum:
Edson Cardoso nos ensinou nesta aula como políticas de Estado enxergam longe e constroem realidades.
Ele nos deu exemplos tanto do Império, como da República, de como a cidadania foi negada a pessoas
negras na falta de acesso à terra e na falta de oportunidades de emprego. Reflita sobre sua posição
social hoje, sobre a história da sua família, sobre as oportunidades que receberam e as que foram
negadas. É possível afirmar que as políticas públicas foram decisivas para vocês? Topam compartilhar as
reflexões e experiências com colegas de curso?
"Por definição, é claro, acreditamos que alguém com ESTIGMA não seja completamente humano. Com
base nisso, fazemos vários tipos de discriminações, através das quais - efetivamente, e muitas vezes
sem pensar - reduzimos suas chances de vida".
A animalização do outro é eficiente na hora que você quer negar a humanidade a alguém (por isso os
insultos de macaco, elefante, etc...)
· Pele;
· Gênero
· Presidiários
· Deficiente físico
· Profissão
· Peso, etc.
ESTIGMATIZAR = DESUMANIZAR
COMBATÊ-LA = HUMANIZAR
QUESTÕES
Com vimos na aula do professor Edson Cardos, a sociedade brasileira cresceu social e economicamente
colocando à parte desta as mulheres e os negros, logo originando uma cultura machista, patriarcal,
sexista, racista. Desde o primeiro momento de vida do Brasil como Estado Nacional, caracterizou bem, os
chamados “patriarcas”, como é o caso do branco José Bonifácio de Andrada e Silva, que o país tinha uma
“mancha indelével”, advinda do sistema escravocrata, e que os negros, embora cidadãos, eram um
cidadão de segunda categoria, estigmatizado pela sua cor.
Porém, mesmo assim, encontramos o Brasil de hoje com sua população majoritariamente não-branca.
Somos o país fora da África com a maior população negra, e se incluir a África ficamos em segundo lugar,
só atrás da Nigéria. Como, apesar de toda a carga de racismo e preconceito, da estigmatização que
segundo o sociólogo e antropólogo Erving Goffman: “(…) acreditamos que alguém com estigma não seja
completamente humano. Com base nisso, fazemos vários tipos de discriminações, através das quais –
efetivamente, e muitas vezes sem pensar – reduzimos suas chances de vida”.
Como um povo estigmatizado, com a marca indelével da cor, marginalizado, excluído da sociedade
brasileira ainda assim, conseguiu sobreviver?
Atividade
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AULA 03
Fórum:
Antes de desenvolver, ao longo da aula, como a desumanização reduz as chances de vida, Edson Cardoso
joga uma pergunta que fica no ar: “Como os negros sobreviveram e são maioria da população?”. O que
podemos compartilhar aqui no fórum que nos ajuda a respoder esta pergunta?
Qual a metodologia?
Quem quer saber se só existe uma pela humana? A que interessa não se discutir?
A ONU encomendou no pós-guerra estudos para dizer que todos os humanos eram iguais!
Livro: Raça e Ciência. Volume 1 e 2. (Marcos Chor Maio & Ricardo Ventura Santos, Orgs.)
O Movimento Social Negro é que foi as ruas dizer que todos são igualmente humanos!
TODOS SÃO IGUALMENTE HUMANOS!
ATIVIDADES AULA 4
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Abriremos um fórum por aula.
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AULA 04
Fórum:
Se Monteiro Lobato é leitura a ser feita criticamente por pessoas adultas, que livros infantis podemos
recomendar às crianças? Que livros infantis vocês conhecem que humanizam pessoas negras, indígenas,
brancas, amarelas e podem ser lidos para crianças de todas as idades?
Quando dou História da África aos meus alunos procuro mostrar a diversidade dentro da própria África e
demonstrar que não existe apenas o negro, mas sim os negros, além de árabes e muitos destes brancos
de origem “semita”. Assim como ao ensinar sobre o Egito demonstrar que são não brancos e os Núbios
são povos negros altamente desenvolvidos. Mas ao recomendar alguns livros infanto-juvenis
recomendo:
Carolina de Jesus
Barack Obama
Rosa Parkinson
Nelson Mandela
Mia Couto
Quarto de Despejo de Maria Carolina de Jesus
Lima Barreto
Fenótipo - é o conjunto de características físicas que se pode observar: cor da pele, traços, tipo de
cabelo, etc. No Brasil é pelo fenótipo que se estabelece a desumanização do racismo.
Combater o racismo é estratégico para qualquer projeto futuro do Brasil.
ATIVIDADE AULA 5
Encerramos com esta aula o primeiro módulo do nosso curso. Como as aulas de Edson Cardoso te
ajudaram a ler o Brasil?
O método do professor Edson nos envolveu dando base para demonstrarmos uma (não a única) das
origens do racismo no Brasil. Logo quando nasce, o Brasil, como Estado-Nação deixa de enfrentar o seu
maior ferimento, a escravidão. E cria um mecanismo, já na constituinte, de criar dois tipos de cidadão,
um cidadão branco, macho e em pleno poder de gozar seus direitos e um cidadão de segunda categoria,
os negros libertos, que não teriam direito ao voto, ou seja, de escolher os seus governantes. Logo, o
Estado brasileiro, já nasce propondo que uma grande parte da sua população tenha uma marca
indelével: a marca da cor da pele. A República, proclamada em 1889, um ano após a abolição da
escravidão, também veio com a marca da hierarquização da sociedade e a pretensa inferioridade das
pessoas que não eram brancas, não fazendo a as pessoas terem iguais chances de concorrer com as
benesses do Estado Brasileiro (Políticas Públicas), assim sendo, a educação, a saúde, o acesso a bens
culturais fica sendo desfrutada por apenas uma pequena parte da sociedade, os brancos, com a tentativa
do embraquecimento através da imigração e de políticas públicas que garantiam emprego e renda para
os imigrantes, que por isso puderam adquirir terras e até empreender nos setores industriais e
comerciais. Uma sociedade baseada na hierarquização de pessoas e das diferenças do fenótipo da sua
gente, passa a ser uma sociedade onde a democracia é para poucos e luta uma constante dos povos
negros e índios para garantirem seus direitos, que é garantir sua sobrevivência, luta essa que levou a
população brasileira, em que pese os privilégios da população branca, ser a população não brancaa que
aumentou ao combater os estigmas e a desumanização levando a humanização dos estigmatizados. E
continuamos em busca de uma sociedade onde todos sejamos iguais não importando a quantidade de
melanina que se tem na sua constituição física.