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NIKITA KHRUSHCHOV

Nikita Serguêievitch Khrushchov (nascido em 15 de


abril de 1894 em Kalinovka, Rússia e falecido em 11 de
setembro de 1971 em Moscou na Rússia). Foi um
político soviético que liderou a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS) de 1953 a 1964 e
presidiu o Conselho de Ministros de 1958 a 1964.

Infância, Juventude e militância no Partido Comunista

Filho de camponeses, conhecido no ocidente por


Nikita Kruschev, nasceu na pequena aldeia de russa
de Kalinovka, perto da fronteira com a Ucrânia. Aos 14
anos, Nikita em 1909, se mudou com a família para a
cidade mineira ucraniana Yuzovka, onde se tornou
aprendiz de metalúrgico e realizou outros trabalhos
temporários.

Kruschev ingressou no exército do imperador


russo, o czar, durante a participação russa na Primeira
Guerra Mundial, lutando no conflito. Mudou de lado e
ligou-se aos comunistas apenas em 1917, quando
ingressou nas fileiras da Guarda Vermelha, mas não
participou efetivamente da Revolução Russa que
derrubou o Império.
Em 1918, Nikita Kruschev se envolveu em
atividades sindicais e ingressou no Partido
Bolchevique (ala que daria origem ao Partido
Comunista da União Soviética, anos depois), onde a
principal liderança era de Vladmir Lênin – trabalhando
em várias funções políticas em Donbass e Kiev, na
Ucrânia, e organizando uma sede do Partido Comunista
na Ucrânia.

No ano de 1929, Kruschev se mudou para Moscou,


atual capital da Rússia onde ascendeu na hierarquia
do Partido Comunista. Foi na mudança que Kruschev
passou a se aproximar de Josef Stalin. Em 1935 foi
nomeado por Stalin primeiro secretário do comitê do
partido da cidade de Moscou. Três anos depois
alcançou o cargo de líder do Partido Comunista na
Ucrânia e em 1939 chegou ao Comitê Executivo do
Partido Comunista Soviético.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Kruschev


mobilizou tropas para lutar contra a Alemanha Nazista
na Ucrânia e em Stalingrado (cidade que atualmente
se chama Volgogrado). Após a guerra ajudou a
reconstruir o campo devastado ao mesmo tempo em
que combateu a dissidência nacionalista ucraniana.
Cada vez mais próximo da linha de frente do
partido, Kruschev, com o passar dos anos, foi atuando
para ser o próximo líder da sigla. No entanto, ele não
fazia ideia que seus planos virariam realidade em tão
pouco tempo.

Nikita Kruschev Ascende ao Poder da URSS

Pouco mais de uma década após o fim da Segunda


Guerra, e alguns anos após o início da Guerra Fria (que
teve início em 1947 e durou até 1991), em 1953, Josef
Stalin, figura histórica para os soviéticos por ter
atuado na Revolução Russa, ter vencido o nazismo e
ser o principal articulador no fortalecimento da União
Soviética como uma potência mundial na primeira
metade do século XX, falece em 5 de março.

Como a morte do poderoso Stalin, Nikita Kruschev


participa e vence a disputa interna pela sucessão do
líder morto, tornando-se Secretário-Geral do Partido
Comunista, cargo de maior importância na liderança
da sigla.

No início, Kruschev e outros oficiais de alto


escalão governam por meio de uma forma de liderança
coletiva. Contudo, em 1955, Kruschev organizou a
destituição do primeiro-ministro Georgi Malenkov e
substitui-o por um aliado, Nikolai Bulganin. Com a
manobra, Nikita Kruschev ascendeu ao posto de líder
máximo da União Soviética (governando, diferente dos
primeiros anos após a morte de Josef Stalin, de forma
autônoma).

Porém, ao contrário do que os soviéticos e


membros partidários pensavam, ao assumir o poder,
Nikita Kruschev não atuou para a continuação do
trabalho de seu antecessor. Contrariamente, ele
procurou enterrar a história de Stalin, causando uma
ruptura histórica na URSS.

Os anos de liderança de Kruschev foram


responsáveis pela ruptura histórica conhecida como
“desestalinização”, pois o novo líder fez de tudo para
tirar Stalin da mentalidade dos russos. Durante o 20.º
Congresso do Partido Comunista, realizado em 1956,
por exemplo, Kruschev denunciou a figura de Stalin
através do que chamou de “Crimes de Stalin”,
procurando manchar a memória como figura histórica
do líder anterior.

Durante quatro horas, que foram transcritas em


mais de 57 páginas, Kruschev surpreendeu o mundo
comunista ao denunciar seu antecessor, como um
torturador e assassino, falando sobre os grandes
expurgos, a morte de milhões de camponeses pela
fome na Ucrânia, consequência da planificação
equivocada, entre outras ações criminosas promovidas
por Stalin. Batizado de “Culto à Personalidade e suas
Consequências”, o discurso da então liderança
soviética criticou a idolatria em torno dos líderes
soviéticos, denunciou Stalin e condenou as práticas
autoritárias soviéticas de anos anteriores.

Kruschev também denunciou Joseph Stalin como


um criminoso brutal. De acordo com o novo Secretário-
Geral, o governo de seu antecessor havia praticado,
pro meio de uma “ditadura totalitária, medo e terror”
sobre os soviéticos.

Em decorrência da imagem heróica construída


pelos soviéticos sobre Stalin, a recepção do discurso
foi impactante. Há relatos de casos de infarto e
desmaios entre os espectadores enquanto o então
Secretário-Geral discursava.

A partir do discurso de Nikita Kruschev, a imagem


de Stalin começou a ser transformada radicalmente no
ideário popular soviético. Além do discurso, o governo
Kruschev atuou de outras formas para “desestalinizar”
a URSS. Cidades mudaram de nome, com Stalingrado
(hoje, Volgogrado), imagens foram retiradas e, entre
tantas mudanças, o corpo do líder soviético foi
removido do Mausoléu de Lênin.

O discurso do 20.º Congresso do PCUS foi a


primeira grande polêmica de Nikita Kruschev como
uma liderança soviética e não seria a última.

O Governo Nikita Kruschev

No ano de 1968, Nikita Kruschev, já líder absoluto


da União Soviética, depôs Nikolai Bulganin e assumiu
o cargo de primeiro-ministro da URSS, posto
diplomático da nação (Chefe de Estado).

Dentro do país, Kruschev reduziu o poder da


polícia secreta da União Soviética (KGB – órgão
público cujo objetivo era exterminar opositores do
governo), libertou prisioneiros políticos, relaxou a
censura artística, abriu mais o país para visitantes
estrangeiros.

Kruschev, mesmo ainda sem assumir como


primeiro-ministro inaugurou, em 1957, a era espacial
russa com o lançamento do satélite Sputinik. Já em
1959, atuou na campanha russa que alçou um foguete
soviético à Lua e, em 1961, trabalhou no histórico
lançamento que levou o astronauta soviético Yuri A.
Gagarin a se tornar o primeiro homem a ir para o
espaço em toda a história da humanidade.

Na esfera internacional, Nikita Kruschev tinha um


relacionamento complicado com outros chefes de
Estado. Durante uma viagem aos Estados Unidos em
1959, cujo objetivo era uma reunião de cúpula com o
presidente americano Dwight D. Eisenhower, Kruschev
protagonizou um dos momentos mais “diferentes” do
seu governo e da Guerra Fria.

Na ocasião, ao chegar ao solo estado-unidense, o


líder soviético, além do encontro com o presidente dos
EUA, manifestou o desejo de conhecer Hollywood; e
uma visita foi agendada. O passeio começou nos
estúdios da Twentieth Century Fox Studios. O primeiro-
ministro da URSS foi levado à cabine de som que
gravava a trilha sonora do filme Can Can de autoria de
Cole Porter. Ao saberem de sua presença, o elenco do
filme rapidamente o cercou. A visita de Kruschev
sobrou até para Frank Sinatra, que era o protagonista
da produção e foi chamado para servir como um não
oficial mestre de cerimônia da visita.

No entanto, a situação começou a esquentar


quando o então presidente da Fox, Spyros Skouras,
cutucou Nikita Kruschev. Ao dizer que a União
Soviética iria “enterrar” o capitalismo, Skoura, um
anticomunista, declarou que Hollywood não estava
particularmente interessada em acabar com o sistema
econômico.

Kruschev, cujo temperamento era sabidamente


inflamado, explodiu. Considerou os comentários de
Skoura faziam parte de uma campanha de provocações
com o fim de importuná-lo durante sua visita ao país e
afirmou: “Se você quer prosseguir com a corrida
armamentista, muito bem. Eu aceito o desafio. Com
relação ao lançamento dos mísseis, bem, eles estão
alinhados na rampa. Esta é a questão mais séria. É
questão de vida ou morte, senhoras e senhores, é
questão de guerra e paz”, disse Kruschev a Skouras.

A irritação de Nikita Kruschev cresceu quando ele


soube que não teria permissão de visitar a
Disneylândia. As autoridades do governo estado-
unidense, de acordo com os historiadores, temiam que
eventuais multidões pudessem pôr em risco a
segurança pessoal do primeiro-ministro. Kruschev,
ainda enfurecido pela discussão com Skouras,
explodiu: “E digo, gostaria muito de visitar a
Disneylândia. Mas não podemos garantir sua
segurança, dizem. Então o que eu devo fazer? Cometer
suicídio?”, disse o líder soviético.

Acirramento da Guerra Fria

Nikita Kruschev não tinha laços “saudáveis” com


o ocidente. Por ser um fervoroso comunista, o
primeiro-ministro soviético não digeria bem suas
relações com países capitalistas (especialmente
Estados Unidos). Os primeiros anos de governo
Kruschev, todavia, não foram muito quentes do ponto
de vista da geopolítica, até que na década de 1960 a
situação transfigurou-se.

No ano de 1960, durante uma conferência na


Organização das Nações Unidas (ONU), Kruschev foi
protagonista de um incidente que mostrava com o líder
agia quando contrariado. Discordando do
pronunciamento do delegado das Filipinas, que
acusava a União Soviética de ter “engolido” os países
da Europa Oriental e de ter despojado estes países de
seus direitos, Kruschev interrompeu-o com insultos e
tirou o sapato para bater na mesa para ser ouvido e
chamar a atenção.

Em 1961, o chanceler soviético aprovou a


construção do Muro de Berlim, símbolo do mundo
bipolar e da Guerra Fria, para impedir que os alemães
orientais fugissem para a Alemanha Ocidental
capitalista.

Um ano depois, em 1962, com a divisão entre


Estados Unidos e União Soviética já representada por
uma barreira física, a chamada “Cortina de Ferro”, as
tensões da Guerra Fria chegaram ao ápice. No mês de
outubro do ano, os Estados Unidos descobriram que
havia mísseis nucleares soviéticos estacionados em
Cuba, uma ilha do Caribe, muito próxima do estado da
Flórida (Cerca de 150 km de distância).

O episódio da descoberta dos mísseis ficou


conhecido como “a Crise dos Mísseis”. Na ocasião, se
quisesse Nikita Kruschev poderia ter começado uma
guerra nuclear.

O mundo parecia estar à beira de um conflito


nuclear, mas após um clima de tensão que durou 13
dias, o líder soviético concordou em remover as armas.
Em troca, o presidente dos Estados Unidos, John F.
Kennedy, que um ano antes havia autorizado a invasão
fracassada da Baía dos Porcos, consentiu
publicamente não atacar Cuba.

Kennedy também concordou em retirar as armas


nucleares americanas da Turquia (uma das bases
nucleares americanas mais próximas da URSS). Em
julho de 1963, os Estados Unidos, o Reino Unido e a
União Soviética negociaram uma proibição parcial de
testes nucleares.

Do Ápice à Queda de Nikita Kruschev

O plano de tentar pressionar os EUA com os


mísseis estacionados em Cuba, quase deu certo, mas
os estado-unidenses interceptaram a estratégia que
levou a URSS, a partir de então, ficar para trás tanto
na corrida armamentista quanto na espacial.

O governo de Nikita Kruschev não sobreviveu a


essa virtual derrota. Em outubro de 1964, ele foi
chamado de volta das férias em Pitsunda, Geórgia, e
forçado a renunciar ao cargo de primeiro-ministro e
Secretário-Geral do Partido Comunista. Apesar da
explicação oficial da saída de Kruschev ter sido em
decorrência de sua saúde (debilitada por transtornos
cardíacos), tempos depois se apurou que, entre outros
problemas de sua gestão, a considerada derrota da
União Soviética na Crise dos Mísseis foi o mais
determinante fator para sua destituição.

A saída de Kruschev da liderança soviética


também representou sua falência política. Ele não
conseguiu nem sequer se reeleger membro da
Comissão Central do Partido Comunista e viveu seus
últimos anos no isolamento, morando numa casa de
campo em Ptrovo-Dalneye na Rússia.

Fonte: COSTA, Pedro. Site: Ideias Radicais. Disponível


em: https://ideiasradicais.com.br/quem-foi-nikita-
khrushchev/. Acesso em 21 de jul. 2022.

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