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Uma alegria intensa enchia lhe por inteiro, e tamanha era a força daquela
alegria, era tão intensa, que seus ossos doíam comprimidos por essa sensação de alegria.
Deste canto onde as trevas estavam em paz plena, sem morbidez, sem
violência, sem riscos e sem conflitos, na ritmância de um brisa leve, surgiu indefectível
personagem. Seu corpo feminino de beleza rara e emocionante, sua pele de trevas e luz
exibia uma luminosidade argêntea que lembrava as cores da aurora ao desvanecer no
horizonte em dia nublado. Nem escura nem clara, mas a perfeita combinação de ambos
os tons que refletia um fulgor bestificante fazendo sua pele a coisa mais sedutora do
mundo. Seus olhos, eram luminosos em plenitude, olhos e sorriso. O corpo robusto e
vigoroso, não era magricela como tida a norma vigente de beleza feminina, não! Seu
corpo era corpo bem feito, em formas plenas e abundantes, sem excessos, sem falhas,
sem defeitos... Seus seios lindos irmãos gêmeos, que encantavam em suas formas e
tamanhos. Sorriso de sol do meio dia em pleno verão, olhos de luz branca como a luz do
luar em noite de lua cheia no sertão bravio, compondo a mais plena e bela figura que
seus olhos já conceberam.
Por um breve fragmento de centésimo de segundo, um fio de perfídia
roçou-lhe a face e ele duvidou, questionou-se estava sonhando. E assim já livre da
dúvida viu sair das trevas a bela figura que em silêncio olhando lhe nos olhos, o
iluminou por dentro e por fora.
Vendo ela que ele olhava insistentemente para o que ela trazia a mão.
Estendeu-lhe os braços e ofereceu-lhe aquele buquê de flores, folhas e ramos. Olhando
o detalhadamente viu ele que era uma peça mágica, místicas, fantástica, combinando
símbolos que narravam uma história, a história do universo, daquele universo. Decorado
com rosas lindas, apresentava numa ponta um botão de rosa, na outra um coração que
pulsava voraz e era quente, febril como os lábios que o tacara a pouco.
Na face oposta do buquê, uma adaga. Uma afiada adaga, uma espada
que representava sua dignidade de “anjo domador de trevas”. Armas e rosas, trevas e luz
em harmonia em plenitude...
Acordou pesaroso por romper o vínculo estabelecido com o elã vital, criador,
que lhe possuiu intima e profundamente em sonho. Ou teria sido acordado? Já sem
saber se sonhou ou se viveu, se viveu em sonho ou acordado, sente apenas o imperativo
vital que lhe imprime vigor em seguir. E no silêncio absoluto do universo recebe os
impulsos do elã vital a sussurrar lhe... Ame, ame, ame... e um rosto fulgurante e
luminoso, misto de trevas e de luz rememorara-se em seus sentidos e em cada instância
de seu ser, sob a insígnia de um nome, Elãme, Elãme, Elãme... o rosto onírico do “Anjo
Domador de Trevas”.