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Existe outro conceito que

pouquíssima gente tem conhecimento

e, por conta disto, se ilude com a

vastidão do universo. Ora, 98% do

universo é constituído de Hidrogênio e

Hélio, dois elementos cuja simplicidade

lhes impede de estruturar qualquer

coisa, muito menos um complexo

organismo vivo (Qualquer ameba é

muito mais estruturada que

qualquer coisa inorgânica). O universo

pode ter a grandeza que tiver mas

em apenas 2% dele podemos cogitar a

possibilidade de vida, para início de

conversa. Outro argumento

corriqueiro é o grande tempo de

existência do universo. Mas a vida

nem sempre foi possível na história do

universo. O universo era quente e

simples no seu começo. Qualquer um

que se proponha a analisar a

perspectiva de vida no universo deve

levar em conta sua evolução térmica.

A criação de elementos com número


atômico elevado não ocorre antes da

fase de explosão das supernovas. Mas

talvez o principal impedimento à vida

seja a necessidade de um tempo de

evolução longo para a geração de

matéria viva complexa a ponto de

ser considerada inteligente (na Terra

foram necessários 3.8 bilhões de anos

de evolução mesmo diante de

condições excepcionais). Como a

evolução só pode ocorrer em meio

líquido (leia-se, água, pois nenhum

outro líquido sequer chega perto das

capacidades reativas desta), isto cria

uma séria barreira de temperatura

visto que a faixa de temperatura da

água líquida é bastante estreita e

contrasta com as temperaturas

fenomenológicas do universo, de

forma geral. (Na Terra tivemos a

atuação de um termostato natural

muito eficiente, o Ciclo do Carbono).

Corretamente interpretados,

portanto, a imensidão do universo e


seu tempo de existência não são

argumentos muito promissores. Some-

se a isto a necessidade de elementos

com valência 4 (só 2 tem abundância

“assinalável”: carbono e silício), a

necessidade de um gigante gasoso

para servir de anjo da guarda

contra meteoros (nosso Júpiter), da

ancoragem do eixo de rotação do

planeta (obtida, no nosso caso, pela

colisão que formou a lua, um satélite

incomum), de um salto estrutural de

vida unicelular para multicelular

(nada fácil, dos 3.8 bilhões de anos de

vida na Terra, a vida multicelular só

aparece no último bilhão e meio) e de

uma estrela rara, solitária e de

tamanho e massa acima da média,

como é o nosso sol. E tudo isto sem

sequer entrar no mérito dos

raríssimos eventos que ocorreram na

Terra onde, dentre 100 bilhões de

espécies, apenas uma desenvolveu alta

inteligência. Quer dizer, se você acha


que a vida inteligente é uma coisa

banal e que ETs cruzam as imensidões

do espaço só para incomodar os

fazendeiros e seu gado é porque

você não entendeu o quanto a

consciência é incompatível com o

cenário fenomenológico do universo.

Abraços.

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