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06/03/2020 Origens Religiosas e Corporativas da Maçonaria - Freemason.

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Origens Religiosas e Corporativas da Maçonaria


15/10/2008 origens religiosas

A pesquisa das origens da maçonaria


leva à busca das características das
instituições primitivas. De modo
resumido, estes traços são os
seguintes:

Em primeiro lugar, trata-se de uma


organização de trabalho, a da
construção, onde o trabalho não era
especializado como actualmente,
mas implicava num vasto
conhecimento da Arquitectura.
Esta organização ia além do
carácter estritamente profissional.
Os seus membros deviam se
considerar irmãos e se assistir
mutuamente.
Esta associação, operativa e de
assistência mútua, possuía ritos
tradicionais. A admissão era feita
através de iniciação e as suas
reuniões continham práticas Homem Vitruviano
ritualistas.
A partir do século XVII a
associação passou a aceitar
membros estranhos à sua actividade profissional e, finalmente, assume acentuado carácter universal.

A partir destas características, dois métodos se oferecem ao estudo histórico da instituição maçónica:

O primeiro método limita-se à pesquisa das origens da maçonaria moderna. As fontes estão principalmente na
Inglaterra e nos remetem às Guildas dos séculos XIII e XIV. No entanto, este método não explica a
universalidade da Instituição e a existência, na mesma época, de associações idênticas no continente europeu,
onde os seus ritos pareciam nascidos de uma fonte comum, existente em épocas mais recuadas.
O segundo método leva-nos à pesquisa de grupos ou associações da Antiguidade e da Alta Idade Média cujas
características se aproximem daquelas que levaram ao desenvolvimento da Maçonaria Operativa.

Um facto, porém não deve ser posto em dúvida: a Maçonaria actual nasceu da Maçonaria Operativa e,
portanto devemos estudá-la. Outro facto igualmente certo é que a Maçonaria incorporou influências diversas
em seus ritos, influências estas que também devem ser estudadas.

Para ser completa, uma pesquisa histórica precisará considerar o contexto social, político, económico,
jurídico, religioso e filosófico que condicionou a ocorrência destes eventos. Do ponto de vista cronológico,
estes eventos são os seguintes:

Os Colégios Romanos, seus derivados Galo-Romanos, Italianos e Bizantinos, e seus descendentes da Idade
Média.
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As Associações Monásticas dos Construtores, constituídas pelos Beneditinos, Cistercienses e Templários.


Sob a égide destas associações e sob a forma de confrarias laicas ou de Guildas, ocorre o nascimento e a
formação da Maçonaria Operativa.

AS ANTIGAS CORPORAÇÕES
OS COLÉGIOS DE CONSTRUTORES DE ROMA
Em razão do carácter sempre sagrado do trabalho e da ciência, as associações profissionais foram sempre
sacerdotais entre os povos da antiguidade. No Egipto, os sacerdotes formavam classes separadas e
consagravam-se ao ensino de algum ramo especial do conhecimento humano. Em todos os casos, os alunos
passavam por um noviciado e por provas de iniciação para se assegurar de sua vocação.

Como as demais ciências, a Arquitectura também era ensinada em sigilo. A função sagrada de arquitecto
construtor era exercida pelos sacerdotes, como por exemplo Imhotep, sacerdote do Deus Amon, que era
conselheiro do faraó Sozer (3.800 AC) e que construiu a primeira pirâmide em Sakkarah. Sennemout,
arquitecto da rainha Hatsepout, era o controlador dos domínios de Amon e chefe dos sacerdotes de Monthou,
na cidade de Armant.

O carácter sacerdotal e místico das associações de construtores é encontrado entre os persas, os caldeus, os
sírios e os gregos. A religião também era o fundamento dos Colégios Romanos e de nossas antigas
confrarias. Em Reis V, 13 e seguintes e em VII, versículos 13 e 14, vê-se que Salomão teve, sob a direcção de
Hiram, milhares de obreiros envolvidos na construção do Templo de Jerusalém. Na Grécia, as associações
profissionais eram conhecidas por Hetarias. Uma lei de Sólon de 593 AC e cujo texto consta da obra de
Gaius (sobre os Colégios e as Corporações) permite às Hetarias, ou Colégios, ter seus próprios regulamentos,
desde que não fossem contrários às leis do Estado.

O carácter sagrado dos construtores sobrevive nas lendas dos reis arquitectos como Dédalo, Trophonius e
Agamedes. Um exemplo típico é o dos sacerdotes de Dionísios ou Iachus, o Sol. Estes sacerdotes foram os
primeiros a construir estradas e estádios para os jogos de provas físicas e de ginástica. Em suas cerimônias
secretas, os dionisíacos usavam simbolicamente os seus utensílios de trabalho.

Estrabão, em sua obra Theos, afirma que os reis de Pérgamo (300 AC) tinham uma iniciação particular que
incluía palavras e sinais de reconhecimento. O mais antigo código chegado até nós, o código babilónico de
Hamurabi, (2.000 AC) descoberto em Susa, já menciona as associações dos carpinteiros e dos talhadores da
pedra.

OS COLÉGIOS ROMANOS
Segundo Plutarco, os Colégios de Artesãos foram fundados em Roma pelo rei Numa Pompílio, no ano 715
AC. A influência dos Colégios Romanos foi fundamental nas confrarias de construtores da Idade Média. Sob
Sérvio Túlio (578-534 AC) os Colégios Romanos aparecem com o carácter definitivo de corporação. Cícero

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na sua obra De Oficies (sobre as profissões) coloca os integrantes dos Colégios entre os cidadãos de primeira
classe do Império Romano.

No reinado de Alexandre Severo, apesar de reprimidos pela Lei Iulia, existiam já trinta e dois Colégios em
actividade no Império. Como em todos os povos da antiguidade, o Direito e as Instituições Romanas tinham
base essencialmente religiosa. O carácter sagrado do trabalho tinha por objectivo a divinização do Homem.
Para os membros dos Colégios de Construtores o mundo era um imenso canteiro de obras. O uso de sinais de
reconhecimento garantia e protegia os segredos de sua profissão, herdados dos egípcios, dos gregos, dos
judeus, dos persas e dos sírios.

Os artesãos dos Colégios eram os construtores dos Palácios e das famosas Vilas dos Senadores e nobres
romanos, além dos monumentos nas cidades próximas a Roma, como Pompeia e Herculanum, e na cidade de
Roma – O Coliseu, o Circo Máximo, as Termas de Caracala, os edifícios do Fórum Romano, os Templos dos
Deuses, as muralhas para a defesa da cidade, como as dos Capitólio, etc. Em Bolonha, capital da Reggio
Emilia, ainda se pode apreciar a arte construtiva dos artesãos dos Colégios Romanos, nos subterrâneos do
Metro da cidade, a via Iulia, que levava de Roma a Milano.

Estes artesãos seguiam com as legiões romanas, com a finalidade de construir estradas, pontes, templos,
termas e palácios nas regiões conquistadas pelo Império. Ainda hoje estas construções podem ser vistas em
toda a Europa. Muitas delas, principalmente as pontes, estão ainda em uso. Em Portugal, eles construíram,
entre outras coisas, a cidade Conímbriga, próxima de Coimbra e o Templo dedicado a Diana, na cidade
Évora.

O COLÉGIOS ROMANOS NA GÁLIA CENTRAL (


FRANÇA )
Estes Colégios foram facilmente implantados na Gália, após a sua conquista por Caio Júlio César. No século
IV DC eles já existiam em Marselha, Valência, Nimes, Aix-la-Chapelle, Leão, Narbona e Lutécia (Paris),
onde assumiram grande prestígio com a construção de importantes edifícios. Escavações realizadas em 1715
no subterrâneo da Catedral de Notre Dame de Paris encontraram uma lápide escrita em Latim, cuja inscrição
era um cântico de louvor, dedicado a Júpiter pelos habitantes de Paris. Os Colégios também floresceram em
Trèves, a rica capital dos Gauleses, e na Renânia onde existem numerosos vestígios romanos.

OS COLÉGIOS ROMANOS NA INGLATERRA


Uma vez que a Maçonaria moderna teve sua origem na Inglaterra, devemos conhecer em maior profundidade
a história dos seus Colégios de Construtores. No ano 43 DC o imperador Cláudio enviou à ilha algumas
brigadas dos Colégios de Construtores então estacionadas com as legiões romanas ao longo do rio Reno, na
Gália. O seu objectivo foi construir as defesas romanas dos ataques do celtas do norte (os escoceses).

Na época ainda não existiam cidades nem castelos na Grã-Bretanha. Os Colégios foram encarregados de
construir campos fortificados para as legiões. Em pouco tempo estes campos se transformaram em cidades
dotadas de termas, templos e palácios. Uma destas cidades foi York, então chamada de Eboracum, célebre na

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história da Maçonaria. Os Colégios de Construtores edificaram também três grandes muralhas no norte do
país, na intenção de conter os ataques dos celtas.

Em 287 DC, Carausius, comandante da frota romana na Gália Superior (Bélgica), declara-se imperador da
Inglaterra e confirma todos os antigos privilégios dos Colégios de Construtores que foram estabelecidos ao
tempo de Numa Pompílio e de Sérvio Túlio. Em 306 DC Constantino assume o poder em Roma e proclama o
cristianismo a religião oficial do Império. Durante um século a nova religião se expande na Inglaterra, onde
os celtas finalmente conseguiram expulsar os romanos, no início do séc. V DC. Na mesma época toda a
Europa caía no domínio dos chamados bárbaros, os Godos, Visigodos e Ostrogodos.

OS COLÉGIOS ROMANOS E AS INVASÕES


BÁRBARAS – GODOS E VISIGODOS
Na Gália, as leis romanas subsistiram nos reinos dos Visigodos e dos Burgúndios, através da Lex Romana
Visigothorum ou Breviário de Alarico. Este código de leis, que também vigorava na Aquitânia, no
Languedoc e em Narbona, protegia os Colégios dos Construtores. Com a sobrevivência destas instituições
também no Loire, nos vales do Reno e do Saône, várias construções de grande porte foram realizadas, como
por exemplo a catedral de Clermont (450-460 DC) cujos muros tinham gravados os utensílios usados na sua
construção.

Entre 475 e 550 DC os Construtores edificaram muitos palácios e monumentos, como por exemplo as
Colunas de Auvergne, a Catedral dos Santos Apóstolos em Rouen e a magnífica igreja de São Vicente em
Paris, no bairro de Saint-Germain-de-Pres. Ao final do século VII e início do século VIII os Anglo-Saxões
recrutaram mestres construtores de Roma e da Gália, herdeiros dos Colégios Romanos e organizados em
forma de associações.

Na época, as basílicas da Gália já mostravam estilo diferente das romanas, devido às influências orientais
introduzidas pelos Godos e pelos Visigodos, trazidas do Egito, da Palestina, da Síria e da Pérsia sassânida.
Em 568 DC os Visigodos Lombardos invadiram a Itália e fundaram um reino que só seria vencido por Carlos
Magno em 774 DC. Nesta época, somente Roma, Ravena e Veneza permaneceram livres e ligadas ao Império
Romano do Oriente, em Bizâncio (Constantinopla/Istambul). É no reino Lombardo que surgem os Mestres
Comacinos, da região de Côme, reconhecidos como excelentes artesãos da arte de construir. Estes Mestres
Comacinos herdaram o conhecimento dos artesãos dos Colégios Romanos e tornaram-se os seus sucessores.
A sua acção influenciou o desenvolvimento da Arquitectura no norte da Itália entre os séculos VII e XII. A
sua organização era semelhante à dos Colégios do Império Romano do Oriente.

AS ASSOCIAÇÕES MONÁSTICAS
Ao final do Império Romano, com o aparecimento dos pequenos Estados suseranos, as antigas instituições
foram gradualmente desaparecendo, substituídas pelas classes dos homens livres, dos aldeãos e dos servos.
Para garantir a sua sobrevivência, os Mestres Construtores se refugiaram nas igrejas, nos mosteiros e nos
conventos que haviam construído na alta Idade Média. A história das Associações Monásticas está ligada à
das Ordens Religiosas, em particular à Ordem dos Beneditinos e à Ordem do Templo. O papel dos
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Templários está intimamente ligado ao surgimento da Maçonaria Moderna. Para conhecer a extensão da
influência dos Templários, seria necessário analisar a formação das Associações Monásticas nas regiões
góticas, assim como a sua actuação na transição da arte romana para a arte gótica.

Na Inglaterra, as confrarias monásticas se desenvolveram sob a protecção dos Beneditinos de Santo André.
Entre os anos de 856 e 1307 DC diversas igrejas e catedrais foram construídas na Inglaterra pelas associações
monásticas de construtores, comandadas por mestres notáveis como Santo Augustin, São Dunstan, arcebispo
de Canterbury, Gauthier Gifford, arcebispo de York e Gauthier Stapleton, bispo de Exeter.

Uma destas associações monásticas, a dos Colideus, relacionou-se com o rei Athelstan, que iria ter papel
decisivo na história da Maçonaria.

Em sua origem, os Colideus eram um pequeno grupo de cristãos. Foram os primeiros a introduzir o
cristianismo na Inglaterra e em sua organização adoptaram os princípios dos Colégios Romanos, existentes
na Inglaterra até à saída dos romanos da ilha britânica.

A LENDA DE YORK
Esta Lenda é contada no Poema Regius ou Manuscrito de Halliwel, datado do final do século XIV e
descoberto em 1838 no Museu Britânico por James Halliwel. Athelstan governou a Inglaterra de 924 a 940
DC. Ele completou a conquista dos pequenos reinos iniciada por seu avô, Alfredo o Grande, e tornou-se o
primeiro rei de toda a Inglaterra.

Athelstan utilizou os serviços dos Colideus na construção de vários castelos, abadias e mosteiros. Em 926
DC, em sua passagem por York ( a Eboracum dos romanos) após vitoriosa campanha militar contra os
escoceses, o rei se reúne com os Colideus na catedral de São Pedro. Para manter a ordem nos trabalhos
construtivos e para punir os transgressores da lei, o rei proclamou um édito dirigido a todos os maçons,
determinando que todos os Colideus deveriam reunir-se anualmente em York, para tratar dos assuntos de
interesse da associação.

A Lenda conta que na mesma ocasião – 926 DC – o filho adoptivo de Athelstan, o príncipe Edwin, concedeu
Carta Constitutiva à Loja de York e tornou-se o seu primeiro Venerável Mestre. Esta Loja teria permanecido
activa até 1172 DC, quando teria sido fechada pelo rei Henrique II. O artigo Arte Céltica inserto no
Dicionário de Arqueologia Cristã, de Dom Cabral, fornece a lista dos edifícios, mosteiros e igrejas
construídos pelos membros da Loja de York. Eles foram os introdutores do estilo gótico ou ogival. Um dos
principais exemplos deste estilo na Inglaterra é a Abadia de Westminster, em Londres.

AS GUILDAS
As Guildas tiveram sua origem nos Colégios Romanos e receberam em sua formação a influência das ideias
cristãs de fraternidade. Dividiam-se em Guildas Religiosas ou Sociais, Guildas de Mercadores e Guildas de
Artesãos.

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Elas já são mencionadas nas Iudicia Civitatis Londoniae redigidas no reinado do rei Athelstan. As Guildas de
Artesãos são já influentes na Inglaterra no reinado de Henrique I (1100-1133), descendentes que eram de
uma confraria de construtores que os Templários trouxeram da Terra Santa para construir a sua Igreja de
Fleet Street em Londres (Saint Paul).

OS TEMPLÁRIOS
A Ordem dos Templários, cujo nome correcto é Milícia do Templo, foi criada em Jerusalém em 1118, tendo
como seu primeiro Grão-Mestre Hugues des Pains, sob a protecção de Theocletes, 67º sucessor do apóstolo
São João. Seus membros pronunciavam três votos: Obediência, Pobreza e Castidade e tinha por objectivo
defender o Santo Sepulcro e os peregrinos da Terra Santa. Através de suas numerosas e poderosas
Comanderias espalhadas pela Europa, a Ordem do Templo exerceu forte influência sobre as Associações
Monásticas de Construtores e sobre as Guildas, constituindo confrarias religiosas comparáveis às dos
Beneditinos e Cistercienses.

OS TEMPLÁRIOS E A MAÇONARIA
Quando os Templários, ajudados pelos cristãos, disseminaram as suas comandarias pela Europa, dividiram
com eles os segredos dos ritos tradicionais dos Colégios Bizantinos – os Colégios Romanos do Oriente – e
dos Tarouq Muçulmanos, fundamentados no sincretismo hermético. Em todas as suas possessões os
Templários tinham pedreiros livres a seu serviço, dirigidos por um oficial do Templo. Na Inglaterra, ao início
do séc. XIII já era grande a influência da Ordem do Templo que se beneficiava dos grandes donativos feitos
pelo rei Henrique I. O seu prestígio foi ainda maior no reinado de Ricardo Coração de Leão.

Em sua Cruzada, juntamente com Felipe Augusto, rei de França, ele conquistou Chipre e entregou a ilha à
guarda dos Templários, dos quais se tornou grande aliado e amigo. O poder e a riqueza da Ordem do Templo
eram tais no início do século XIV que os Templários eram temidos e invejados tanto pela Igreja quanto pelo
rei de França, Felipe V, o que acabou provocando a sua extinção.

Com efeito, uma bula do Papa Clemente V, de 2/5/1312, decretou a sua extinção, passando todos os seus
bens para a Ordem do Hospital de São João de Jerusalém, depois Ordem dos Cavaleiros de Malta. Esta
Ordem manteve a protecção aos Mestres Maçons, representada em iconografia do final do séc. XV, que
mostra o Grão-Mestre da Ordem recebendo um Mestre Maçon, seguido de seus Companheiros portando os
seus utensílios de trabalho: o Esquadro, o Compasso, o Malhei e o Cinzel.

Após a dissolução da Ordem, os Templários se introduziram nas corporações dos construtores para se
proteger das perseguições, adoptando seus sinais e palavras, e continuando assim a exercer sua influência na
formação da Maçonaria Moderna. Foi particularmente na Escócia que se refugiaram os Templários ingleses,
onde receberam a protecção do rei Robert Bruce, que tinha parentes Templários. Em 1314 este rei fundou,
em favor dos Maçons, a Ordem de Heredom de Kilwining, concedendo ao mesmo tempo o título de Grande
Loja Real de Heredom de Kilwining à Loja fundada em 1150.

Podemos resumir assim a influência dos Templários na formação da Maçonaria Moderna:

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Os Templários constituíram associações monásticas de construtores, segundo as tradições greco-romanas,


transmitidas pelos Beneditinos e pelos Cistercienses. Eles tiveram ligações estreitas com as associações
arquitectónicas cristãs e muçulmanas do Oriente, das quais receberam influências operativa e iniciática.
Os Templários foram, na Europa, a origem da criação e do desenvolvimento das comunidades de construtores
que deram origem à Maçonaria Moderna.
Após a dissolução da Ordem do Templo, um grande número de Templários se incorporou aos mestrados dos
construtores.

A MAÇONARIA CORPORATIVA NA INGLATERRA


Com a Maçonaria Anglo-saxónica nasceu a Maçonaria Especulativa Moderna. Assim, em sua formação a
Maçonaria Operativa recebeu as seguintes influências:

Os Colégios Romanos, em certa medida os Colideus, as Corporações de Ofício italianas (dos Mestres
Comacinos e dos Mestres da Comuna de Bolonha), os monges Beneditinos e Cistercienses e as Confrarias da
Normandia e das Ilhas Britânicas. A instituição das Guildas oferece um carácter jurídico às Confrarias.

As Guildas inglesas apresentavam um carácter profissional e religioso. Não só as Guildas não sofreram
restrições na Idade Média, como foram influenciadas pelos Hermetistas, Pitagóricos, Neo-Platônicos e Rosa-
Cruzes, a partir do momento em que a Maçonaria deixou de ser operativa e passou a admitir grande número
de membros especulativos.

Os documentos mais antigos da Maçonaria Inglesa datam do início do séc. XIII, como por exemplo o de
1212, escrito em Latim, com o título “Sculptores Lapidum Liberorum” (Pedreiros Livres). Também existem
documentos em Francês, de 1292 e 1350. Neste último apareceu pela primeira vez a expressão “Franco-
Maçon ou Pedreiro-Livre”. Outros documentos sobre a Instituição também foram escritos em 1376, 1377,
1381, e 1396, este último escrito pelo arcebispo de Canterbury, o patriarca da Igreja Inglesa.

Data de 1409 outro documento, relativo à construção da Catedral de São Paulo em Londres. Estes
documentos tratam da organização, das normas de trabalho e do ritual maçónico. Deve-se mencionar que no
fim do séc. XVII a maçonaria inglesa era já especulativa e admitia mulheres na instituição, conforme
menciona o Estatuto da Loja de York de 1693, que diz que “aquele ou aquela que se tornasse maçon deveria
fazer seus juramentos colocando a mão sobre a Bíblia.

Em 1472 e em 1481 apareceram documentos sobre a Antiga e Fraterna Ordem dos Maçons e sobre a
Fraternidade dos Franco-Maçons da cidade de Londres. Os dois mais importantes documentos antigos sobre
a Maçonaria são o Manuscrito Cooke e o já referido Poema Regius, que é composto de 794 versos e que
prova que os mistérios da Fraternidade já eram praticados na Inglaterra, no século XIV.

O Poema Regius afirma o carácter religioso e moral da Ordem, a eleição anual de sua administração em
assembleia, menciona a lenda dos Quatro Santos Coroados protectores da Ordem, narra a história da
construção da Torre de Babel, menciona as sete artes liberais, faz recomendações religiosas e contém um
código social.

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O Manuscrito Cooke data de 1430 mas é a compilação de documentos do início do século XIII. Divide-se em
duas partes. Na primeira, conta a história da Geometria e da Arquitectura; na segunda, contém um Livro dos
Deveres, que compreende a organização do trabalho em nove artigos, promulgados pelo rei Athelstan em 926
DC na cidade de York. Também contém artigos de ordem moral, religiosa e social.

A palavra “Especulativo” aparece pela primeira vez, na frase “o filho do rei Athelstan- Edwin – era um
verdadeiro Mestre Especulativo”.

O Manuscrito de Cooke serviu de base a George Paine, segundo Grão-Mestre da Grande Loja de Londres,
para escrever os seus primeiros regulamentos, adoptados no dia de São João (21/06/1721). Foi também a
principal fonte na qual James Anderson se baseou para redigir a Constituição editada em 1723. Importantes
são também as Old Charges – os Antigos Deveres – do século XV e relativos à Maçonaria Operativa ou
Corporativa de Ofício (Guildas de Ofício). Outros documentos maçónicos antigos e importantes foram
destruídos num auto de fé por Desaguilliers, Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, em 21 de Junho de
1719 (há quem afirme que o autor da barbárie foi George Paine).

As Old Charges são iniciadas com a invocação à Trindade Cristã, e seu conteúdo é mais ou menos o
seguinte: “Caros Irmãos, nossa intenção é vos fazer conhecer como começou nossa Venerável Ordem
Maçónica”. Segue-se uma descrição das sete ciências, ressaltando a Geometria como a maior delas. O último
capítulo conta uma lenda, que é a seguinte:

Após o dilúvio, Hermes Trimegisto encontrou uma das duas colunas nas quais estavam os documentos que
continham toda a ciência; ele assimilou tudo o que encontrou e o ensinou à humanidade, tornando-se o pai de
todos os sábios. A segunda coluna foi encontrada, segundo o Manuscrito de Cooke, por Pitágoras. Em
seguida, é mencionada a história de Nemrod, rei da Babilónia, que deu uma régua a seus maçons. Eles
deviam ser fiéis e se amar uns aos outros.

O personagem seguinte é Abraão. Ele emigrou do Eufrates para o Egipto, onde ensinou as sete ciências.
Euclides foi aluno de Abraão. Com a permissão real, Euclides ensinou a Geometria aos príncipes, filhos do
faraó. Em seguida vem a história de David, que protegeu os maçons. Seu filho, Salomão, termina a
construção do Templo, reunindo na obra 24.000 maçons, entre os quais havia 3.000 mestres. Hiram, rei de
Tiro, tinha um filho chamado Aymon que era o maior dos Mestres.

A lenda pula vários séculos, e conta em seguida que a Maçonaria foi introduzida na Gália por Namus
Groecus, que tinha participado da construção do Templo de Salomão. Ele ensinou a Maçonaria a Carlos
Martel, que por sua vez a ensinou aos seus súbitos. A lenda chega a Santo Alban, patrono dos Maçons, e ao
rei Athelstan cujo filho, Edwin, era Maçon. A interrupção da lenda neste ponto sugere que tenha sido escrita
nesta época. A verdade é que na Inglaterra e na Escócia a Maçonaria se fortificou com o apoio do poder real
e dos bispos e arcebispos da Igreja. Assim é que, em 1495 o rei Henrique VII defende o uso dos sinais de
reconhecimento empregados pelos maçons e, em 24/06/1502, ele preside a reunião da Sociedade dos Maçons
de Londres, na ocasião da colocação da pedra fundamental da reforma da Abadia de Westminster.

É somente após a Reforma religiosa de Lutero e com as mudanças na dinastia inglesa, que os maçons
ingleses e escoceses, até então fiéis à Igreja Católica, ofereceram apoio ao rei Henrique VIII e ao Clero

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Anglicano. Isto viria a contribuir para a criação da Grande Loja de Londres em 1717.

A UNIÃO MAÇÓNICA
O tipo de trabalho realizado pelos maçons tornava-os itinerantes. Devido a isso, era constante a
intercomunicação entre as Lojas, e todo o Maçon tinha o direito de ser recebido na Loja da cidade em que
estivesse. Assim, havia necessidade de possuírem sinais de reconhecimento e técnicas e práticas comuns. No
interesse da Ordem, convinha conservar em segredo estes sinais e práticas. Deste modo, foi instituída uma
organização que se manifestava da seguinte maneira:

Pela realização de sessões periódicas para tratar dos interesses da Ordem


Pelo reconhecimento de Lojas Regulares, pelas Lojas mais antigas ou Lojas-Mãe
Pela instituição de um protector comum, denominado Grão-Mestre

Apesar disto, não havia ainda uma organização legislativa e administrativa permanente, nem uma pré-
figuração das Obediências, que só deviam se materializar em 1717, com a fundação da Grande Loja de
Londres. Na época as Lojas eram livres, não subordinadas a uma Loja-Mãe, como nas Grandes Lojas e
Grandes Orientes Modernos. Na Inglaterra o papel de Loja-Mãe foi por muito tempo realizado pela Antiga
Loja de York, que podia provar ser muito mais antiga que todas as outras. Na Escócia, as Lojas de Kilwining
e de Edimburg possuíam o privilégio de outorgar Cartas Constitutivas a outras Lojas. Este estado de coisas
viria desembocar na fundação da Grande Loja de Londres, a 24.06.1717, quando se juntaram as Lojas The
Goose and Gridiron, The Crown, The Apple Tree, The Rummor and Grapes, sendo George Paine eleito
Grão-Mestre.

António Rocha Fadista – M:.I:., Loja Cayrú 762 GOERJ / GOB – Brasil

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