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Ce ea ee Cee a eae anes pa um lugar de destaque entre as obras de Pere eee Coat tam, sob angulos diversos, da origem de nos De eee ear eee ae eee ee ee Cee eee ee ee eked ee a ee ed ents Cee eee nd le escreveu aos dezessete anos de idade, no Cr een Pee en ences RIEDRICH IETZSCHE | |GENEALOGIA 7. oRAL Uma olémica GENEALOGIA DA MORAL MOCO On RR tay oo fom ‘As ets dasereagbes que ‘compéem esta Genedlogia sto, ‘no que toca a expresso, incenco carte da surpresa caver o que ‘de mals inquietante até agora +8 escreveu- Dionisio, como se sabe, ¢ também o deus das trevas. ‘A cada ver um comego calaodo para desoriencar fia, cientica, Indnico mesmo. intencionalmente fachada intencionalmente temporizador.Aos poucos, mais agitagio;relampagos isolados; verdades bem desagradiveis, snunciando-se a0 longe com surdo zumbido — acé ser enfin aleangado um tempo feroce em {que tudo se langa adiante com tremenda tensio. No final, a cada ver, entre detonagées terivels inceiramente, uma verdade novo ‘faz vsvel ern melo a espessas ‘A verdade da primeira Aissertapto 6 a psicologa do cristaniemo: 0 nascimento do cristanisme do espirivo do ressentimento no, como se cr, do esprit.” — um antimovimento er sua esséncia, a grande revolta contra a domina¢io dos valores obres,A segunda dissertagion ‘oferece a prcologa da consince: ‘esa ndo 6, como se eré,"a vor de Deus no homem” — & 0 Insnto de crueldade que te volta para ers, quando jd nto pode se descarregar para fora,A crueldade pela primeira vez revelada como ‘um dos mais antigose indeléveis substrates da cultura. A terceira csserragao aa resposta a questio de onde procede o tremendo poder do ideal asétieo, do ideal sacerdotal,embora ele seja 0 Ideal noc por exceléncia, uma vontade de fin, um ideal de decadence. Resposts: no porque Deus atve por tris dos sacerdotes, mas im foute de ‘mieux [por faka de coisa melhor) = porque foi até agora o tnico ideal, porque no tnha ‘concorrente."Pois © homem psicélogo, preliminares a uma tresvaloracio de todos os valores. Friedrich Nietzsche, ‘em Ecce homo, 888 coLrcAo nas ounas De IET2SCHE FRIEDRICH NIETZSCHE 'ENEALOGIA DA MORAL Uma polémica os rampnesto Caritas pane pa OR Tore Aucoin ‘cit rig nt dar INDICE stony Préogo. Primera diseragio. “Boe ma one a Segunda dseragdo Cham comet coins Teri dseriag: qe scam en ano cements Notas. ulate ate Apandice- Fado e isa mes Peni, a ae Tecisdhsendtegsoreeradand aun Ps 2 2 ecu sn 151 163 169 1 PROLOGO [Nos omens do conhecimento, do nos coahecemos; de nds mesmos somos desconecidos —e nio sem motivo, Nana nos procursmos: como poderiaacontecer que um dia nos encontrssemos? Com azioalguém disse “onde esiver teu tesouro, estar tambéen teu coragi0™! Nassotesouro est ‘onde esto as colmetas do nosso conhecimento, Estamos sempre acaminbo dels, sendo por natreza craturasaladas ‘ecoletoras do me! doespinto, tendo no coragzo apenas um propesto —levar algo ‘par ast". Quanto a0 mais da vida, 45 chamadlas “vivencas, qual dens pode leas a séno? Outer tempo para ela Nas experiéncias presenes, ecco, estamos sempre "ausentes nels nao temas nosso Crago = pur elas niotemeos ouvidos, Antes, como aguem diving mente disperse meso ema quem os snos acaba de cesondear no ouvido as doze hatdas do meio-lia, sthito cord e se pergunta Yo que foi que soou” também nds por ‘vere abrimos depossosouvcos pexguntamos,sapresos perplexosineamente, o que fi que vivemo", também “quem somos realmente”, em seguida contamos, depois, como disse, 38 doze vibrates bats da nos viva, oss via, nosS0 ser — ae contamos erado.. ois cont- ‘vamos necessariamente estanhos3.n6s mesos, n20 N08 ‘compreendemos, femasque nos malentender, a nésse ah car para Sempre rase:"Cada qual €o mais dstante de si m mesmo" — para nds mesmo somos “homens do desconhe= Meus pensamentos sobre a origem de nensospreconce tos moruis tal €0 tema deste eset polémica — tveram ‘su expresso primeira, modesta e provisorta na coletanes de aorismos que leva 0 tiulo Humano, demasiado bur no. Ui ero para espiritosliores, cj redacio fi iniciada em Sorrento, durante um inverno que me permit fazer Uma patada, como faz umandaho, e dear Ox olhos sobre a te. "vast e perigosa que mew espinio peteowera até eno. Isto aconteceu no iserno de 1876-77, 0s pensamentos mies mos sto mas atgos, Ja eram, no essencial os mesmas que recomo nas dssertagoesseguines — esperemos que ol ' intervalo es tena feito hem, que tenbuim fcado mais adutos, mais clare, fortes, perfettos! © fate de que me ate rho a ees ainda hoje, de que eles mesmos se mantenham juntos de modo sempre ime, eescendoe enrelagando-e, Jstoforalece em mim a feliz confianga em que nl me tenham brotado de maneiaisolada, foruita, spore, ‘as a partir de ums rate comum, de algo que comand na profundera, uma eontade fundamental de conhecimnento ue ala com determinacao sempre maior, exigindo sempre ‘maior preciso, Poissomente asim convém a um dso, io temos 0 direto de amar tsoladamente em nada: no demos errr fsolados, nem solados encontrar verdade, ‘Mas sim, com a necessidade com que uma devo tem seus frucos, nascem em nos nossasidlas, noswos valores, noss08 sinsenios eves e qués —todos relacionados e relatives uns 206 outos, testemunhas de umavvontad, uma side, um terreno, umsol.— Se woedsgostario deses nosso fitos— “Mas que importa isso vores! Que importa isons, solos! 3 Por um eseripulo que me € peculiar, que confesso a conitagosto — diz respeito& moral a todo 0 que até agora foi celebrado a tera come moral — eseropulo qe surgi tao cedo em minha vida, 4 insolickado, 0 incontdo, to ‘em coniradicio com ambiente, idade, exemplo, procedén ‘Ga, que eu quase podera denominilo meu “aprion? —tan- tominha curiovidade quanto minha suspeita deveram logo ddeterse na questio de onde se origina verdadeiramente nosso bem e nosso mal. De fat, quando ers um goto de treze anos me perseguia 0 problema da origem do bem e do mala ele dedique, numa idade em que se tem "0 coragio Aivgido entre brinquedos e Devs’ minha primera beinca- dir lterri, meu primero exerci ilosico — quanto “solugio" que enconteientio, hem, rendi homenagem 2 Deus, como. just, fazendovo Pat do mal Fra sso queex- ia meu ‘a prion de min? Aquele novo eimoral pelo me os imoralst“a rion, eo "imperative categrico™quenele falava, to anikantian, to enigatico, a0 qual desde entio tenho dado aten¢ao, e mais que atenco...Por fortuna logo aprendi a separtt @ preconceto teologico do moral, eno mais busque a origem do mal por tsdo mundo. Alguma ‘educagao historia e foldgia, antamente com um inato ‘senso sletivo em questoespsicologias, em breve transfor ‘mou meu problema em ous: sob que condigies.o homer inventou para sos izos de valor “bom” "mau? que loc tém eles? Obstrutram ou promoveram até agora o crest ‘mento do homen’ Si inicio de miséra, empobrecimento, degeneracio da vi? Ou, 10 contro, revela-seneesa ple nitude, a forg, a vontade da vida, sua cocagem, sua ceneza, cu futur? Para sso encontre ease! resposts diver |, diferencieépocas, poves, herarquas dos individ, ‘specialize meu problema, das respostas nasceram novas Perguntas, indagagoes, suposicces, probablidades: até que Finalmente eu posaia um pats meu, um chi propio, um mundo lente, prosper, florescente, como um aim secre {odo qual ninguém suspeitase,..Oh, como somos feliz, 6s, homens do conhecimento, desde que shames manter silénio por algum tempol 4 © primeiroimpulso pars divulgir algumas das minhas hipoteses sobre procedénca da moral me foi dado por um livia claro, limpo e sagaa —e maoxo —, ro qual uma cespécie contra © perversa de hipotese genealgica, sua “especie propriamente ingles, pela primeira ver me apare ‘et niidamtente,€ que por isso me atid — com aque Fors de atrago que possi tudo 0 que € opto e antipot, (titulo do iveino era erigom das impresses mona seu autor, od, Paul Ree,’ o-ano de seu aparecimento, 1877. Talvez cu janis tenia ido sigo que disses "no" de ‘madlo,sentenca por sentenga, conclusio por conclusdo, Como a esse lito: Sem taco de ietagio ou impaciencia, porém. Na obra acima mencionada, ea qual trbalhava nto, et me felro, oportuns einoportunamente, As teses dese liso, no para refutilas — que tenbo eva ver com. refutagbes! —mussim, como conve num espinto postivo, para substiuiro improvive pelo mais provi, ecctsionl: ‘mente um cero por outro, Fol enti que, como disse, pela primeira ver apresenet as hipsteses sabre origensa que si edicadas esa dissertagdes, de maneiea canhestrs, como ‘sera 0 thtimo a negar, ainda sem Uberdad, sem ingeagem _ropria para essis coisas pits, e com recadas hesit oes diversas. Confia-se, em particular, o que digo em Humano, demasiado bumano (pacigrato 45) sobre a dupla eé-histria do bem e do mal a saber, ma esera das nobres na dos escravos)jgualmente (136) sobre valor ecrigem dx mora ascétia;igualmente (595,99, vou, 89), sobee 2 moralidade docostume aque especie de moral mais nt fete primordial, que cifere toto coe diametralmentel do ‘modo de valorzar alusta (que o de. Rée, como todos 0s enealogisas da moral ngleses v8 como 0 modo devalocar ems igualmente (§92), Oundarlbo(§ 26), Aurora(§ 112), sobre origem da justica como um acento entre poserosos ‘mais ou menos iguais (0 equilcio comeo peessuposto de todo contro, portanto de odo direito}; do mesmo modo, O andarilbo (522,33), sobre a origem do castigo, 20 qual Finalidade de ivimidagto nao @ essencial nem primordial (como pers od. Rée — ela the ist sim, enxerada em ‘determinidascircunstncias,e sempre como algo acess, ‘icionado s. No fundo interessava-me algo hem mais importante do ‘querevolverhipéteses, minhas ou alheas, acerca da origem dha monl (mais precisamente sso me snteressava apenas ‘com vista um fim para © qual er um meio entre mos), Para mim, tatava-se do ealorda moral —e nso eu tina de me defrontar sobretudo com 0 meu grande mest Schopenhauer, ao qual aquele lio, a paixdo ea seceta ‘oposigae daquce ivr se dnigem, como. um contempord- ‘neo também ele era um esrio polemico"). Tratavse, fem especial, do valor do "nio-egoismo", dos instntos de ‘ompaisao, abnegagto, scale, que preisamente Scho- ppenhauer havia dour, dvinizado, leaizado,’ por tao Tongo tempo que afinal eis Ie ficaram como "valores em com base nos quais ele disse nda vide 2 St mesmo. Mas precisimente contra estes instinios manifestava-se em ‘mim ma desconfianga cada vex mas radical, um ctcismno ‘ada ver mais profundo! Precisamente nisso enxengc © “grande perigo paras humanidade, sa mas sublime sed- (lo e tentagio — 1 qué? ao nada? —; precisimente isso ‘enxergueio comego do fim, porto most, © cansaco que ‘olha par tras, a vontade que se volta contra va, a iia ‘doenga anunciando-se tera e melancélica- eu compreendt ‘4 moral da compaisao, ca vez mais se alarando, eapeu- rand e tomando doentes ae mesmo os filsotos, como © mais inquietante sintoma dessa nossa inquietante cultura ‘curopéit, como o seu camino sinuosa em diregao a um ‘novo budismo?a um budismo europeu? a um— nulsme ois essa mosdrna preferénciae superestimacio da compa ‘do por parte dos filsofos € algo novo: justamente sabre 0 ndo-talor da compaixto 0s filésofos esigvan até agora de Acordo, Menciono apenas Platio, Spindza, La Rochefou- ‘auld Kant, quatro espirites to diversos quanto possivel ‘um do outro, mas undnimes em um porto: ra pov estima da compaixao, — 6 Este problema do ralorda compaixio e a moral da ‘compaitio (— eu sou um adversirio do amolecimento moderno dos sentiments —)4 primeira vista parece ser Algo solado, uma interrogacao 2 parte, mas quem neste Ponto se deter, quem agui aprende a questionar, a este sucederi 9 mesmo que acorreua mim —uma perspectiva Imensa se abre para ele, uma nova possbliade dele se apodera como uma vertigem, toda espécie de desconfia ‘a, suspeitae temor sata adante cambaleia a renga a ‘moral, em toda moral — por fim, una nova exigéncia se faz ouvir Enunciemo-la est nora exci: necesstamos de ‘uma erica dos valores moras, opriprio valor dese valo- ‘res deverd se colocado em questdo— para ito € necessi- ‘io um conecimento das condigdes ¢ circunstcas nas {quai nasceram, sob as quais se desenvolverame se modi ficaram (moral como consequncia, como stoma, misc +a, tartfice doenca, mal-entendido; mas também moral como causa, medicament, estimulante,iibigio, veneno), tum coahecimento tal como até hoje aunea existiv nem foi Aesejado, Tomava-se 0 nalordesses “valores” como dado, como efetivo, como além de qualquer uestionamento; até hoje nao houve divida ou hestago em asbuir ao “bom” valor mais elevado que 20 "mau", mais elevado no setido dda promocao, utlidade, ifluéncia fecunda para o boment (io esquecendoo futuro do homem). Ese 0 contri fo sea verdade? E se no “bom” houvesse um sintoma regres. na ‘vo, como um perigo, uma seduc20, um weneno, um nar: esto, mediante 0 qual o presente vivesse como que ds expensas do futuro? Talvex de maneira mais cOmoda, ‘menos perigosa, mas tambem num estilo menor, mak bine. De modo que precisamente a mors ser culpa de que jamais se aleancasse 0 supremo bilo epotinciada tipo homem? De modo que precisimente-4 moral sera 0 perigo ene os perigo 7. Em suma, deve que para mim se abriu essa perspectiva, tive uzbes paaolharemtorno,em busca de camaradasdou- tos, ousados etabalhadores aia hoje alo) O objetivo & percorrera imensa longinguaerecdndtaregito da moral — {dr moral que realmente houve, que realmente se viveu — ‘com novas perguntas, com novos olhos: sto nao sigaiica praticamente descobriressa regio? Se para sso pense 0 ‘mencionado de. Rée entre otros, so ocorteu por mio duv dar que a natute7a mesma das suas questOes 0 levaia a métodos mais comets para aangarasrespostas. Tria me ‘enganado asso? Meu deseo, em todo o «aso, era dara um ‘oliar tao agdo e imparcial uma diecio melhor a deedo Gu efetiva bistna da moral, pevenindo-o a tempo contra tessa hipéeeses inglesas que se perdem sioazt Pols € v0 “quetums out cor deve ser ms impontante para Um genes logis da moral ocinza, sto 6, a cosa documenta, o ele tivamente constative,orealente havo, ama pala, 2 Tonga, quase indecitrivel escrita hieroglfica do passado ‘moral humano! — Ode Rée no sabia de sia exiténca mas cle havi ldo Darwin — e assim, em soas hipéteses, de ‘manera no mimo diver, abesta darwinana eo moder: issimo, modesto fracote moral dag-se gractosamente a8 :mdos, este com expresso de hondosa refirada indolncia ‘no rosto, qual se mistur inclusive um gr de pessimism ede cansico, como se no pagasse a pena levar todas esis coisas — 0s problemas da moral — Wo 2sério. A mim me us pec, muito xo contro, que nfo existe ois que mai Compensom sere evadas sta recompenss es pot exer, eau verse poss im dia levir tis na brine thiraajoaldade Pom avalide, o, para cizéo com Sink inguagem, aga enc, uma fecompensa un pagumeno por uma nga, valent, aborens e aubernes eda, ur tal qu, acini no para todos. No di, porta, enque comndo ocofaiodaseios. avant Rema ost veka mora € ota de come” teremos dica iniclaiva que ofereceram 0s judeus, com essa mais radical das declaragies de query, recordo 2 conclusio a ‘que cheque! num ouso moments lim do bem edo mal, § 195) — de que com os judeus pincpia a revota dos esera- os na moral. aquelarebelio que tem ats de 8 dos il anos de historia, © que hoje perdemos de vst, porque — Toivitorioss 8 — Mas voeés nio compreendem? Nao tém olhos para algo que necesstou dois mil anos para alcancar a vite? ‘io de admin tudoo queé fongo Gail de ver, verve ro, Mas ita 0 que aconteceu: do tronco daquelaSevore dt ‘inganga e da dio, do édio judeu — 0 mais profundo & sublime, 0 édio crador de iets ececriador de valores, ‘Como jamais exist sobre terra — dele broto algo igual ‘mente incomparivel, um novo amor, © mais profundo & sublime de todos 0s ips de amor —e de que outro tonco. poderia ee terbrotade.. Mas nao se pense que tena surg ‘docomo a negacio daquela avidez de vinganga, come aan tese do odio judeu! Nio, o contri € @ verdade! O amor brotou dele como sua coroa,tiunfanteestendendo-se sem re mais na mas pursclaridade e plenstude solar, uma coro ‘que no reing da uz e das altura buscava as mesmas metas laquele 6dio, vitria, espélio, sedugio, com o mesma ‘mpalso com que sizes daquele iio mergulhavam, sem re mais profundas vidas, em tudo que possuia profund- dade era mau. Esse Jesus de Nazare,evangelho vivo do amor, esse redentor"postador da vitora da bem-avent- ane aos pobres, aos doentes eas pecadores — nio eracle a seducao em sta forma mais inguietante e iresistivel, a Seducio e a via sinuosa para justamente aqueles valores Iudeuse inovages judaicas do idea? Nao tera Issel alean- ‘cdo, porvia desse“redentor’, desseaparente antagonists € Aesintegrador de Ise, a derradeira meta de sua sublime Asia de vinganca? Nao seria proprio da cia oeulta de ‘uma realmente grande politica da vingange, de uma ving ¢tlongividente, subtertines, de paseoslentose premeit os, fata de que Ismael mesino tives de negare pregar na ‘cruz oautéaico nsirumento dea vinginca, ante o mundo intir, como un inimigo moral, para que o “mundo intel. 10 ou seats asadversiros de Israel, peste despeo- ‘cupacamente morder tl ica? E porventura sepa possive, usando-se too refinamentodoespitivo,conceber uma sca ‘mais pergsa® Algo que em for arativa, nebriante, exon teante, compion,igualasseaquee simiolo da “er sa: a’, aguele aterador paradoxo de um "Deus na ent", que mistrio de ura inimaginivel, lim, extema cre. dade eautocruciacio de Deus para salva de bomen. Certo, quando menos, que sub boc sgnasob este igo), ‘com sia vinganga e sua tesvaoragao dos valores sel até agora sempre thunfou sabre todes 0 outros ideas, sobre todas os ideas mass nobres — 9. = Mas que quer ainda voce com ideals mais nobret Swjeltemo nos 405 ftos 0 pov venceu — ou 'os esceaes, ‘u's plebe ou 0 rebanho!, cu come quiser casio — se 'stoaconteceu grigis.os deus, mito bem!jamais um povo {eve miso mator na bisa universal. Os senhores foram. bolidesa moral dohomem comumvenceu. Ames te 'o, esa vil6ria pode ser tonala como um envenenamento {do sangue (ela misturou entre sas ragas) — no contest; ras indubsiavelmence ess atoxiacio fot bomsucedida. redengio’ do género humana (do igo dos ‘senhores) esti bem encaminhada:tudo se judaiza, estianiaa, plebeiza vise velmente (que mpontamas palaveas). A marcha desseenve- rnenamento através do corpo ineito a humanidade parece iesistel, sua cadéncia e seu passo podem inclusive ser mais lentos doravante, mais refines, caueloss,inaudiveis haitempo bastnte.. ainda possutaIgre et propési- ‘o, uma tate neces a cumprit, um cet exiténcis? ‘Quaeritur(Pergunia-se| Esaria ela moderando e obstruindo ssi marcha, em verde aceet a? Ora, eta bem poderia ser Sua utidade,..Sem dvida el final, algo grosseiro ens ico, que epugnaa uma ineligencia mais delicada, am gos- 'o proprlamente moderna. Nio deveria 20 menos reinarse ‘um pouce?.. Atualmente ela asta mais do que sed... Qual ‘de nos sera lie-pensacr, se nd houvesse grea? A gre in eque nos epugna, noo seu veneno...Nuoconsiderando 2 ea, ambem ns amames 0 venend.."—esteoeploge {de um “ire-pensador’ a minka fala, um animal honesto ‘como bem notamos, alm disso um democrat; atéenti0 me havi escurado, endo resistin ao me ver cla Pois neste pon to tenho muito oque cal — 10. = Arebelioescrava na moral comer quandoo proprio resentment setorna crore gers valores 0 ressentimen vay to dos sores aos quals & negada a verde reap, a dos tose que apenas por unt vnganca imagination ep raglo. Enguanto ta moral pobee nasce de um tivnfante Sima si mesma, de inicio a moral escrava diz Nao @ um “fora, um “out, tm “eo-eu”—e este No € sat ea dor Esta inversio do olhar que esabelece valores — este necessro ngs para fra, em verde vole para i — algo proprio do ressentimento: a moral escrava sempre rexuer,paranascer, um mundo oposo exterior, para poder agirem absoluto— si a¢20€ no funde reago.O conti suede no modo de valoragio nobre:ele ageeeresce espn. taneamente, busea seu opesto apenas para dizer Si 48) mesmo com ainda mor fabio grit — seu conceit neato, 0"baixo", "comm, "ruim" apenas uma imager de conzast, pda e poster, em relagio ao conceit bs 0, postiv, ineramente perpassad de vidi pbx, "ns, {0 notes, Gs, os bons, os belos, os felizes™- Quando _med de valoragao nobre se equivocae peca contr a ea dade, isso acore com elacioa esfera que nao Ie ¢ Tamir, que ele inlusive se recus bruscamente a canbecer: por vezes mio reconhece a esfera por ele desprezada, 2 do hhomem comum, do pov baito; por out Lado, consider se que oafeto do desprezo, do otha de eima para baixo, do olharsuperiormente, a supor que faseea imagem do des prezado, em todo caso estar mito Tonge do faseamerto ‘com que o 6 entranhado. a vinganca do impotent, atz ‘cari — mefigie, nauralmente — o seu adver, De fo, ro desprezo se acham mescladas demasiada neghgéncia, demasiada ligeiteza, desateneio e impaciéncia, mesmo ‘demasida aegea consigo, para que ele sea capa de rans formar seu objeto em monsto ecaictur, Nao deixemos de ‘ola as quase benévolas nuances que arstocracia Bega, pr exemplo, poe em todasas pals com que esting de $imesma o povo baito; como nels contiauamente se mes la, aguearando-as, uma especie de lamento, considera, Indulgénea, ao ponto de quase todas a palvras que ti dem a0 homem comur terem enfim permanccido como expresses para infelz",lamentivel (ch. beds, etacuos, _xovnpis, uox np lemeroso, info, sltedos, seo), ‘dose itmas caracterizando-o verdaderamente como escr vv do trabalho e besa de carga) — como, por outro lado, “ruim’, “aio”, ine", nea deixaram de soar 40s ouv ‘dos pregos em umtons, com ua timbe no qual “inkl” pre ‘demina: 0 como heranca do antigo e mais nobre modo de valoragio asocrtico, que umbém no desprezo no nega si mesmo (20s fllogos sa lembrado em que sentido ‘Sousades dupes, voip, ia, ore, Equgope (deplorivel, pobre, miserivel, ser infortunado, dessa. ‘Osthemnascidos se sentiamiesmo como os "elzesees ro tinham de consi aificalmente a sua feicidade, de persuadir-se dela, mentlaparasi,pormeio de umolar 208 Seu inimigos (como costumam fazer os homens do essen timento),e do mesmo modo, senda homens plenos, reple tos de fora © poranto necssariamente atvos, no sabiam separa a felicldade da ago — para eles, ser auvo € pare recess di eliidade rissotem orgem eae fazer bent estar bem) — nado isso 0 opeso da felicidad noni ‘vel dos impotentes, opressos,achacados por Sentimentos hosts evenenosos, nos quats ela aparece essencialmente ‘como natcose, entorpecimento, sossego, paz, "abba" dis tensierdo inimo e relaxamento dos memos, ov, uma palava, passteamente, Enquanto © homem nobre vive com ‘onflange fangera diane des mesmo (yewaios,"nabre cde nascimento", sublinha a nuance de "sincero", etlvez ‘ams “ingénuo"), 0 homem do ressentimento mio & fran ‘co, nem ingénuo, nem honest ero consi. Suaalina olba ‘de raves ele ama os egos, os subterfigios, os caminhos ‘cults, tudo escondido The agrada como seu mundo, sua Sequranga, seu balsamo; ele entende do slénco, do no ‘eaquecimento, da espera, do momentineo apequenamento eda hunilhacio propria Uma raga de tas homens do res ‘Sentimento resulta necessanamente mas ineligente® que ‘qualquer rca nobre venerari.inteligenea numa media ‘muito maior a saber, como ua condicuo de exitencia de primeira ondem, enquanto para os homens nobres ela fc mente aduire um gosto side laxoe refinamento — pos (301 nels ea et longe de ser to essencial quanto a completa ‘cerieza de funcionamento dos insintosreguladore incons- ciemtes, ou mesmo uma cera imprudéncia, como avalente precipagao, se 2 pergo, sea 2 nimigo, ov aquelaexal= {ada impulsividade na cokers, no amor, na venerag20, gati- «dio, vinganca, aa qual se tém reconhecido os homens nobres de todos os tempos. Mesmo o ressentimento do hhomem nobre, quando nele aparece, se consome se ex re numa reagio imedita, por isso no envenena: por outro lado, nem sequer aparece, em inimeras esos em que é ine vitivel nos impotents faces. No conseguit leva a séno por muito tempo seus nimigos, suas desventuras, seus mal- Jeo inclusive — eso indico de natures fortes e lenis, fem que hi um excesso de freaplisica, modeladora, rege ‘neraora,propeiadora do esquecimente (no mundo mode: ‘no, um bom exemplo € Mirabeau," que eo tha meméeia para os insults ebaixezas que sola, e que mio pod des apa simplesmente porque — esqueci). Um home ta sacode de si, com uum movimento, muitos vermes que em ‘uttos se enterarim apenas neste caso & possivel, se for possivel em absolute, © auléntico "amor aos inimigos”." ‘Quanta reveréneia 20s inmigos nao tem wen homem nore! etal everéncia éj uma ponte para o amor... He relama passe inmigo como uma distinglo, ele nao suport ini mmigo que mio aquele no qual nada existe a desprezac, ‘muito venera? Em contapart,imaginemos 0 inimigo" tal come 0 concebe o homem do fessentimento —e prec tment nso est seu feito, sa erago: ele concebeu oi ‘igo mau’, o mau’, eisto coma concetobisico, a patie do ‘qual também elabor, como imagem equivalent, um bom” ete mesmo! an. Precisamente 0 oposto do que sucede com onobre, que primeio e espontaneamente, de dentro de si, concebe a ‘ogobsicade “bom, ea partir dela ea paras uma repre Bu

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