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Nêmesis (mitologia)

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Némesis (português europeu) ou Nêmesis (português brasileiro) (em
Nêmesis
grego: Νέμεσις), na mitologia grega segundo Hesíodo, era
uma das filhas da deusa Nix (a noite). Pausânias citou
Nêmesis como filha dos titãs Oceano e Tétis. Autores tardios
puseram-na como filha de Zeus e de Têmis. É a deusa que
personifica o destino, equilíbrio e vingança divina.

Apesar de Nêmesis ter nascido na família da maioria dos


deuses trevosos, vivia no monte Olimpo e figurava a
vingança divina. Nêmesis era também chamada "a
inevitável", e era representada como uma bela mulher alada.
Era às vezes fundida com Têmis, deusa da justiça, e com
Afrodite quando esta se vingou de Narciso por ter ferido o
coração de várias meninas. Sua aparência também é similar à
de várias outras deusas como Deméter e Artémis,[1] o que
significa que Nêmesis, como outros deuses que apenas
personificam conceitos abstratos, não recebia culto
individual.

Em Ramnunte, pequena cidade da Ática não muito longe de Nêmesis segura a roda da Fortuna, com
Maratona situada na costa do estreito que separa a Ática da o pé direito apoiado sobre um
Ilha de Eubeia, Nêmesis tinha um santuário célebre, o qual adversário dominado
Estatueta romana de mármore, c.
ao mesmo tempo era um templo de Têmis. As estátuas das 150 d.C.
duas deusas foram esculpidas juntas por Fídias (as mais Pais Segundo Hesíodo: Nix
belas estátuas de Têmis e de Nêmesis) em um bloco de Segundo Pausânias: Oceano e
mármore de Paros trazido pelos persas e destinado a fazer Tétis
um troféu. Segundo a antiga religião grega, os persas
tinham-se mostrado demasiado seguros da vitória denotando desmesura (húbris), e nunca tomaram
Atenas, em favor da qual Nêmesis tomou partido. Nêmesis encorajou o exército ateniense de Maratona.

Outros locais de que Nêmesis era padroeira eram as cidades anatólias de Éfeso e Esmirna (cidade que
pode ter sido a sua origem) bem como a ilha de Samos.

Índice
Etimologia e significado
Significado atual do termo
Mitologia
Local de culto
Referências

Etimologia e significado
A palavra 'nêmesis' vem do grego antigo νέμεσις, derivado do verbo νέμω (némo: 'distribuir'), da raiz
indo-europeia nem-. O termo foi usado com o significado de 'desdém', 'indignação' por Homero (na
Odisseia) e por Aristóteles (na Etica Nicomachea), e com o sentido de 'vingança', 'castigo' por Heródoto,
por Cláudio Eliano (na Varia historia) e por Plutarco. Na Theologumena arithmeticae de Jâmblico
designa o numeral cinco.

A palavra tem também o sentido de justiça distributiva. Originariamente, a deusa grega infligia dor ou
concedia felicidade segundo o que era justo. Portanto, por antonomásia, entende-se nêmesis como a
situação negativa que se segue a um período particularmente favorável, como ato de justiça
compensatória. A ideia que subjaz ao termo é a de que o mundo deve obedecer a uma lei de harmonia,
segundo a qual o bem deve ser compensado pelo mal em igual medida.

Significado atual do termo


Em português, a palavra designa 'alguém que exige ou inflige retaliação' ou, por extensão de sentido, um
'rival ou adversário temível e geralmente vitorioso'[2]. Na cultura inglesa moderna, o termo assumiu o
significado de 'inimigo' ou o pior inimigo de uma pessoa, normalmente alguém que é exatamente o
oposto de si mas que é também, de algum modo, muito semelhante a si. Por exemplo, o Professor
Moriarty é frequentemente descrito como a nêmesis de Sherlock Holmes, isto é, seu arqui-inimigo, pelo
qual, todavia, nutre grande respeito e admiração.

Mitologia
Nêmesis representa a força encarregada de abater toda a desmesura (húbris), como o excesso de
felicidade de um mortal ou o orgulho dos reis, por exemplo. Essa é uma concepção fundamental do
espírito helênico:

“ Tudo que se eleva acima da sua condição, tanto no bem quanto no mal, expõe-
se a represálias dos deuses. Tende, com efeito, a subverter a ordem do mundo,
a pôr em perigo o equilíbrio universal e, por isso, tem de ser castigado, se
pretende que o universo se mantenha como é. ”
Em uma versão do mito da origem de Helena de Troia, Zeus certa vez sentiu uma enorme paixão por
Nêmesis devido à sua beleza e resolveu de todas as formas possuir a deusa. Esta buscou evitar a união
com Zeus transformando-se em uma gansa, mas o deus acabou por tornar-se um cisne e uniram-se. A
gansa pôs um ovo, o fruto dessa união, e o abandonou. Alguns pastores encontraram o ovo e entregaram-
no a Leda, rainha de Esparta para chocá-lo junto aos ovos próprios dela (frutos da sua união com Zeus,
na forma de cisne). Do ovo posto por Nêmesis nasceu Helena de Esparta.

Nêmesis foi a deusa que castigou o rei Creso da Lídia. Creso, que demasiado feliz com suas riquezas, foi
levado por Nêmesis a empreender uma expedição contra Ciro, o que acabou por lhe trazer ruína e
desgraça.
Outra vítima de punição enviada por Nêmesis foi Narciso. Demasiado contente com sua própria beleza,
Narciso desprezava o amor. As jovens desprezadas por Narciso pediram vingança a Nêmesis, que as
ouviu e causou um forte calor. Após uma caçada, Narciso debruçou-se sobre uma fonte para se
dessedentar. Nela viu o seu belo rosto e, apaixonado por sua própria beleza, definhou até a morte pelo
amor impossível.

Local de culto
Um festival chamado Nemeseia (as vezes identificado como Genesia) ocorria em Atenas. O seu
objectivo era neutralizar o inimigo dos mortos, que teria o poder de punir os vivos, caso seu culto tivesse
sido de alguma forma negligenciado.[3]

Em Esmirna houve duas manifestações de Nemesis, mais semelhante a Afrodite do que Ártemis. A razão
para esta dualidade é difícil de explicar. Sugere-se que elas representam dois aspectos da deusa, bondade
e implacável, ou as deusas da cidade velha e da nova cidade refundada em Alexandria. Os Atos
Martirológio de Piônio, situado no "perseguição a Décio" de 250-51 d.c, menciona um cristão de Esmirra
que estava assistindo aos sacrifícios no altar do templo dessas Nêmesis.

Referências
1. Michael B. Hornum observed in Nemesis, the Roman State and the Games, 1993:9.
2. Dicionário Houaiss
3. Sophocles, Electra, 792; E. Rohde, Psyche, 1907, i. 236, nota 1

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