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A PUTA

Thiago Nascimento

O meu nome tá na boca do povo

Tá na boca da favela

Tá na cena da novela

Tá no tempero da panela

E ainda tem gente que diz que não me conhece

Não me conhece, mas conhece o meu produto

A minha mercadoria

O meu negócio

O meu negócio é negociar

Injeta o teu veneno que eu falo o meu preço

Vendo no varejo

No atacado faço promoção

Em dias vermelhos tô em liquidação

Aproveita que o meu negocio acaba a minha loja fecha

A minha porta só se arreganha em noites frias

Nas quentes eu perambulo pelas ruas da cidade

E ainda tem gente que diz que não me conhece

Não me conhece, mas conhece o meu filho a minha filha o meu prazer

Prazer, eu sou a PUTA que te pariu

Eu também sou filha

Filha única municipal

A fornecedora

Eu vendo a maçã que a Eva mordeu

Eva - Ela

A primeira
A primeira a vender amor de qualidade

Vendeu por prazer e não por necessidade

O fruto proibido caiu na moda

Ele anda solto por aí

O que eu tenho aqui é importado

Satisfação garantida e ainda dou certificado

A serpente mordeu a língua quando duvidou

Lambeu o próprio veneno e se lambuzou

A PUTA, como me chamam

É apenas uma filial dessa multinacional

Quem me quer bem me quer

Sou flex, sou turbo, sou equipada

Só não sou invisível

Essa roupa ainda não me serve

Eu sou aberta sou escangalhada

Chupeteira delicada

Boca úmida amanteigada

Pele seca e esquentada

Minha pilha já vem carregada

O meu produto não

Ele acaba

Essa coisa que anda por aí é reciclada

Na verdade

Eu sou o brilho no olhar do menino

Não riam de mim se estou descabelada

A minha aparência é jogo de sedução

Porque mesmo ultrapassada


Eu vendo amor em tonelada

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