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As Divisées Blindadas Almir dos Santas* uando, em 1914, teve inicio a Primei- ra Guerra Mundial, o mundo conheceu trés novas ¢ poderosas armas de ataque: ‘9 submarino, 0 avido¢ 0 tan- que de guerra. O submarino, jd com uma estratégia bem- definida, fe transporte maritimo. O aviiio ¢ 0 tanque, porém, tiveram aluagées discretas. O avitio fazia parte de uma guerra particular entre nobres e ca- valheiros (vide o Bardo Ver- melho), e 0 tanque foi muito mal-aproveitado, uma vez que no havia uma doutrina de como utilizi-lo. Ainda em relagao aos tan- ques, terminada a guerra, em 1918, havia um lugar-co- * Professor da Escola Naval. 0 artigo relata episodios da Segunda Guerra _4 Mundial ligados ao emprego dos blindados, se- mum na concepgao estraté- gica de uma batalha: os tan- ques niio poderiam ser tili- zados isoladamente; somen- te como arma de apoio a in- fantaria. Em 1939, porém, quando se iniciou a Segun- da Guerra Mundial, a Ale- manha surpreendeu o mun- do com as imbativeis Divi- sées Blindadas (divisdes Panzer). As ripidas vitrias sobre a Poldniae a Frangae a grande arrancada até as portas de Moscou, foram, sem ddvida alguma, provo- cadas por uma perfeita dou- trina de como se utilizar um blindado em batathas. No perfodo entre as duas guerras, os americanos, os ingleses ¢ os franceses, por nao perceberem a forga de ataque que aquela arma po- deria dara um exército, nao gundo as concepgées de Heinz Guderian. mais se intefessaram pelo assunto. Na Alemanha, po- rém, se deu o contrario, Em 1923, alguém no Estado- Maior do Exército deu ao Major do Exército alemao, Heinz Guderian, a incumbén- cia de criar uma unidade motorizada com tanques. Tratava-se de uma fungio buroeratica, uma vez que, por forga do armisticio que pos fim a Primeira Guerra Mundial, era vetado & Ale- manha © direito de possuir tanques de guerra em seu exército. Mesmo assim, a fungao agradou a Guderian Estudando tudo que havia sobre o tema, pereebeu algo que ninguém estaya vendo: a importancia do tanque de guerra numa batalha Depois de wés anos de estudo, Guderian convenceu ‘A DEFESA NACIONAL 784 ~ 2° QUADRIMESTRE DE 1999 AS DIVISGES BLINDADAS. o comandante do Exécito a comprar dez tanques da Su- écia, para que pudesse por em pratica todas as teorias que desenvolvia nas mesas do seu escritério. Estando cada vez mais entusiasmado com os blindados, a partir de 1930 comegou a fazer pales- tras nas diversas unidades do Exército, defendendo sua tese sobre: as divisdes blin- dadas ¢ a guerra mével. As palestras foram um fracasso total. O pensamento dos mi- litares alemiies niio se dife- renciava dos militares ingle- ses, franceses e americanos. Eles ainda achavam que otan- que tinha de ser um dispositi- vo auxiliar da infantaria. Em 1934, jd no governo de Hitler, 0 novo chanceler quis conhecere assistirauma demonstragiio de suas tropas motorizadas. A exibigio aconteceu, mas nio foi feita com tanques e sim com al- guns veiculos estranhos que eram na realidade tratores armados de canhio. O chanceler, que era ex-infan- te, gostou da exibigdo e dis- se: é disso que eu preciso. S6 que nada fez pelo projeto. Preferiu investir nos avides de mergulho por acreditar na tese do amigo, Hermann Goering, comandante da Lufiwaffe (Fora Aérea), que dizia: hombardeando as po- pulagées civis, coloca- remos qualquer nagdo de joelhos. Continuando sua peregri- nagiio, em 1937, Guderian escreveu um livro intitulado Actung Panzer, onde deu os conceitos fundamentais da guerra mével, que tinha, como a principal arma de um exército, o tanque de guerra. Nesse livro, ele expunha to- das as suas idéias de como um tanque deveria ser utili- zado numa batalha. Dentre essas idéias trés pensamen- tos podemos lembrar agora. Primeiro: 0 comandante panzer tem de ser audacio- so, ndo pode ter medo de tomar decisées e liderar na frente de combate. Num ou- tro ponto afirmava: os pan- zerndo devem ser utilizados isoladamente, mas sim num ataque coordenado com a artitharia e a aviagao. E mais a frente concluia: numa batatha, os panzer devem se movimentar pelos flancos até a retaguarda inimiga, separados das outras unida- des mais lentas. Essa nova filosofia, se fosse implantada, mudaria radicalmente 0 conceito de uma guerra e colocaria a Ale- manha em total oposigiio 4 doutrina militar existente nas Escolas de Estado-Maior dos ingleses, americanos, russos e franceses. Mas os gene- rais do Estado-Maior do Exército (EME) nao admi- tiam, sequer, a existéncia de batalhdes blindados. Para eles as trés armas de um exército continuavam sendo;: a Cavalaria, a Infan- taria e a Artilharia. A oposigio radical do EME A criagdo de unidades blindadas era devido ao fra- casso dos tanques na Revo- lugiio Espanhola. Alegavam que os panzer eram lentos pesados demais, por isso tor- navam-se alvos féceis para as armas antitanque. Irrit do comas criticas, Guderian respondia que, naquela guer- ra, pessoas despreparadas tinham sido colocadas, tanto para operar os blindados como para elaborar as tati- cas. Dizia também que os infantes alemies sabiam dis- so, mas como no queriam perder a importdncia que ti- nham dentro do Exército, ali- mentavam aquela mentira. Quando sugeriu a construgio de pegas de artilharia sobre vefculos autopropulsor, os artilheiros se posicionaram também contra ele. Ironica- mente respondeu: acostuma- dos hd quinhentos anos a transportar seus canhées com a boca para trés, ndo me surpreendeu suas rea- (des ao ver um verculo em ‘A DEFESA NACIONAL N° 784 - 2° QUADRIMESTRE DE 1999 AS DIVISGES BLINDADAS que o canhdo é transporta- do com a boca para frente. O Marechal Von Brau- chitsch, comandante do Exército e o General Beck, chefe do EME,, estavam vi vendo momentos dificeis. Hitler negociava com a In- glaterra e a Franga a anexa- Gao dos Sudetos, regido da Teheco-Eslovaquia, alegan- do que os alemies ali resi- dentes estavam sofrendo persegui¢io polftica. Entre- tanto, secretamente, ordena- ra ao EME um plano para ocupar todo o pais. O Gene- ral Beck, tinha certeza de que, quando isso aconteces- se, ingleses e franceses iri- am a guerra. Para salvar a Alemanha de outro grande conflito, ele e os generais Witzleben, Stulpnagel e Speidel planejavam assassi- nar Hitler. Para um evento dessa natureza, o General Beck, que liderava o complé, precisava manter 0 exército unido e o General Guderian estava dividindo o generalato, com aquela po- Iémica sobre a guerra mével. Para tird-lo de cena, 0 co- mandante do Exército e 0 chefe EME tentaram lhe dar uma carona na promogiio para general-de-divisao. Mas, Hitler interveio e pro- moveu Guderian, mesmo sem a indicagiio de Beck. Depois disso, para deses- pero dos tradicionalistas, o ditador nazista autorizou a criagdo das primeiras unida- des blindadas, utilizando os seguintes tanques: um leve, para missées de reconheci- mento, e dois médios — um. para combate tanque a tan- que e outro para apoio a in- fantaria. Apenas o tanque pesado, que resistisse a todas as armas antitanques, nao foi construfdo, A partir dai, nem a oposigao radical dos gene- rais, nem a mé vontade do novo chefe do Estado-Mai- or, Franz Halder (outro arti- Iheiro), conseguiram prejudi- car o desenvolvimento das divisées blindadas. Em maio de 1939, Hitler ordenou ao chefe do EME um plano para a invasio da Polénia. Halder, um antina zista roxo, a quem, por di- reito, cabia a elaboragao do plano, delegou poderes ao General Manstein, alegando estar muito pessimista no que dizia respeito ao suces- so dessa invasdo. Todos sa- biam que a paciéncia da Franga e da Inglaterra tinha chegado ao limite. Por isso, atacar a Polénia utilizando um milhao e meio de ho- mens, deixando na retaguar- da, préximo fronteira ale- ma, cinco exércitos france- ses e, ainda, a poderosa For- ga Expediciondria Britanica, era cometer suicidio. Com os alemées dentro da Pol6nia, afirmava Halder, ingleses e franceses, ocupardo toda Alemanha, até Berlim, em 15 dias. Ao receber a missdo, Manstein teve a mesma pre- ocupaciio. Por isso imaginou um plano que pudesse derro- tar os poloneses o mais rapi- do possivel para trazer todo o Exército de volta em pou- cos dias. Esse plano ja exis- tia nos manuais de Guderian, sobre as divisdes panzer. Foi entio que, baseado nesses manuais, Manstein elaborou um ataque no qual, enquan- to a artilharia ¢ a aviagio bombardeavam impiedosa- mente o inimigo, os tanques avangavam pelos flancos e fechavam o cerco na sua re- taguarda. Essa operagiio combinada entre os panzer, a artilharia ¢ a aviagdo, Hi tler chamou de Blitzkrieg. Ao entregar o plano a Halder, Manstein, incluia duas divisdes panzer e suge- ria os comandantes para es- sas divisées. Um dos gene- rais sugerido foi Kleist, fa- moso por sua competéncia e equilibrio, ¢ 0 outro, apesar da pressio contraria de Halder, que o achava um de- magogo, era Heinz Gude- rian. Manstein argumenta- ‘A DEFESA NACIONAL N? 784 ~ 2° QUADRIMESTRE DE 1999 AS DIVISOES BLINDADAS va que nio poderia deixar de fora, no primeiro ataque, justamente o criador das di- visdes. A invasiio foi marcada para as primeiras horas do dia primeiro de setembro de 1939. Horas antes, Hitler te- lefonou para Guderian e dis- se: agora eu quero ver se seus panzer vido funcionar mesmo. Eo Exército partiu. Um milhio e meio de alemies contra, um milhiio e trezen- tos mil poloneses. Uma dife- renga pequena, mas o Exér- cito alemao deu uma exibi- ¢ao de tatica e de estratégia. Foi o confronto do novo con- tra. o velho; do moderno con- ico; do realismo contra um romantismo que isti: is; do tanque de aco de Guderian, contra a Cavalaria. Pertencente ao Grupo de Exércitos do Nor- te, sob o comando do Mare- chal-de-Campo Von Bock, a divisio panzer de Guderian, em 5 dias, tinha derrotado um exército de 200 mil ho- mens usado pelo inimigo para defender o Corredor Polonés. Logo a seguir, des- truiu todos os canhées pesa- dos que os poloneses tinham instalado naquela regiio para defender sua fronteira. Derrotando espetacular- mente o inimigo na frente de batalha, ao contrdrio do que se poderia supor, Guderian comegou a irritar os generais do seu préprio exército. Por nao aceitarem a filosofia da guerra mével e niio entende- rem o que estava acontecen- do, os oficiais generais do EME e do Estado-Maior das Forgas Armadas comegaram acriticd-lo por estar indo ra- pido demais. Halder chegou a ordenar-Ihe que parasse, pois corria 0 risco de ficar sem suprimentos. Entretan- to, dias depois de iniciada a invasiio, observando o pro- cedimento daqueles oficiais que ndo comandavama fren- te da luta e que temiam as- sumir riscos, o EME ¢ 0 Es- tado-Maior das Forgas Ar- madas tiveram de render-se 4 poderosa arma de ataque que aquele génio incompre- endido Ihes pusera nas miios. Guderian atravessou a Prussia Oriental, invadiu a Polénia por tris de Varsévia e,emalta velocidade, ocupou a cidade de Brest-Litovsk, iniciando uma das mais ra- pidas vitéria do Exército ale- mao. Em 20 diz Polénia estava derrotada. Devido ao sucesso dos blindados na guerra com a Polénia, Halder criou um exército de blindados. Na Alemanha, um Grupo de Exército, sob comando de marechais-de-campo, passa aser formando por exércitos de infantaria, e exércitos blindados. Entretanto, colo- cou Kleist para comandar esse exército, ao invés de Guderian. Com isso, ele pre- tendia controlar o general rebelde. Mas, quando come- ou a invasiio da Franga, em maio de 1940, os tanques de Guderian partiram outra vez em alta velocidade, inician- do uma arrancada que se tor- naria cldssica na Historia Militar. Nessa arrancada, ele destruiu, em pouquissimo tempo, o Primeiro, o Segun- do e 0 Novo Exército fran- ceses. Com os franceses total- mente desarticulados, Gude- rian continuou avangando levando Halder ao desespe- ro. Ao ser informado, Hitler ordenou que Guderian paras- se para esperar as tropas mais lentas. A ordem chegou a0 Marechal Rundstedt, que a transmitiu a Guderian. Ele respondeu que nao pode parar naquele momento, pois ld na frente de batalha € que se podia ver a situagiio em que se encontrava 0 Exérci- to francés: desertando em massa. Kleist, como seu che- fe imediato, exonerou-o € 0 exército panzer teve de parar. O Marechal Rundstedt. politicamente, reuniu Gude- ‘A DEFESA NACIONAL Nt 784 - 2" QUADRIMESTRE DE 1999 AS DIVISGES BLINDADAS rian e Kleist. Depois de uma longa conversa, tudo ficou acertado. E o controvertido general recuperou ocomando, Avangando dentro dos li- mites estabelecidos pelo Es- tado-Maior, Guderian che- gou ao Canal da Mancha, colocando em fuga 0 Sétimo Exército francés e deixando o mar como tinica saida para a Forga Expediciondria Bri- tanica. ‘Ao verem os ingleses fu- gindo desesperadamente de Dunquerque através do Ca- nal, Halder, Kleist, Runds- tedt e Hitler chegaram a conclusio de que, se nio ti- vessem obrigado Guderian a parar, ele teria cercado tam- bém os ingleses, conseguindo assim a maior vitéria da His- t6ria Militar da Alemanha. No dia 22 de junho de 1941, Hitler iniciou o ataque a URSS com trés Grupos de Exércitos, cada Grupo pos- suindo, agora, um exército blindado. Os exércitos blin- dados ficaram sob 0 coman- do dos generais Mainstein, com o Grupo Norte, Kleist, com 0 Grupo Sul e Guderian, com o Grupo do Centro. A Forga Aérea do Mare- chal Von Bock, comandante do Grupo de Exércitos do Centro, numa manobra bem- sucedida, conseguiu des truir, no chao, 2.500 avides soviéticos, o que Ihe deu to- tal superioridade aérea, abrindo 0 caminho para o exército panzer. Utilizando a velocidade de sempre, Guderian derrotou os russos em Bialystck, Minsk e Smo- lensk. As perdas acumutadas russas foram assustadoras: 4.500 canhées, 4.700 tan- ques, 3 milhées de baixas. A Riissia esta derrotada, foi o que disse, transtorna- do, o embaixador inglés ao presidente americano, num Ultimo esforgo para que a América entrasse na guerra. Entretanto, nesse mesmo dia, como caminho para Moscou praticamente livre, Hitler deu ordem para que Guderian parasse 0 ataque. A ordem causou surpre- sae muita apreensio no Alto Comando. Hitler, porém, chamou os marechais von Bock e Rundstedt e o Gene- ral Guderian para uma reu- nido e disse que nao estava satisfeito com o comando de Kleist no exército panzer no sul da URSS. O motivo era que a cidade de Kiev, capital da Ucrania, ainda nao tinha cafdo. Os trés oficiais retru- caram que isso nao tinha a menor importincia, que o importante naquele momen- to era Moscou e que 0 cami- nho para Id estava totalmen- te livre para Guderian. Hitler passou entio a vi- se de decis Pela primeira vez, seus as- sessores diretos perceberam que ele niio sabia o que fa- zer. Somente a 20 de agos- to, 15 dias depois, Hitler se decidiu; Guderian deveria dirigir-se para o sul e ajudar Kleist no ataque final a Kiev. O EME entrou em pinico. Como Ultima tentativa para reverter a decisiio que con- sideravam uma loucura, Halder e Brauschitsch con- vidaram o Marechal Von Bock e os generais Gude- rian, Hoth e Kluge para uma reunidio com Hitler. Mas de nada adiantou; o ditador fa- lou o tempo todo e garantiu que a Russia estava der- rotada. O exército panzer de Guderian, efetuando uma guinada de 90 graus, partiu para o sul, para a Ucrania. Em 14 de setembro, seus panzers, juntamente com os de Kleist, cercaram Kiev ea cidade caiu. Em 15 de setembro, veio a ordem para que Guderian retornasse ao grupo de exér- citos do centro ¢ iniciasse 0 ataque final a Moscou. A 22 de setembro, 0 Marechal Von Bock iniciou a ofens' va. Guderian partiu para o ataque e travou sua tiltima grande batalha, derrotando 0 ‘A DEFESA NACIONAL Ne 784 ~ 2° QUADRIMESTRE DE 195 AS DIVISOES BLINDADAS Exército Vermelho em Vyazma, conseguindo 650 mil prisioneiros. Com 0 exército de Gude- rian nos subtirbios de Mos- cou, houve panico na cida- de. Stalin ¢ seus ministros abandonaram a capital. Mas a situagiio também estava dificil para os alemies. Mos- cou estava cercada de gran- de buracos que dificultavam © avango dos blindados. Guderian tinha perdido mais de sessenta por cento de seus tanques € os motores dos res- tantes ji mostravam sinais de cansago, com muitos pre- cisando de reparos na Ale- manha. A Forga Aérea per- dera todo seu poder de ata- que, por falta de manutengaio e fadiga dos pilotos. E as noites frias, com os ventos cortantes, levavam a tropa ao desespero, temendo o inver- no que se aproximava. E vieram as chuvas que, acompanhadas de muita Jama, pararam totalmente a maquina de guerra alema Guderian fez um memoran- do ao Marechal Von Bock afirmando que, com a lama do jeito que estava, 0 exér- cito panzer poderia ser total- mente destruido se os russos atacassem: por isso, solici- tava um recuo tético. Bock enviou o pedido a Berlim. Hitler teve um ataque histé- rico antes de negar o pedi- do, dizendo-se cercado de incompetentes. Apés muita insisténcia, Von Bock caiu em desgraga e foi substituido por Von Kluge. E a neve chegou. Durante a noite, a tempera- tura atingia 30 graus abaixo de zero. Os alemies morri- am aos milhares. Guderian, desesperado, escreveu outro memorando, agora ao recém-promovido Marechal Von Kluge, supli- cando autorizagiio para recu- ar seu exército até a cidade de Smolensk, pois caso con- trario todos morreriam con- gelados. Berlim voltou a recusar © pedido. Para agravar ain- da mais a situagio, na segun- da semana de dezembro, os Tussos contra-atacaram com um exército descansado e com roupas de frio. Com a gasolina dos blindados con- gelada, era muito dificil co- Jocar os motores dos tanques para funcionar. Pela primei- ra vez Guderian teve de fi- car na defensiva. Vendo 0 desespero de Guderian, Kluge foi direta- mente a Hitler solicitar per- missdo para retornar com as tropas para Smolensk. O pe- dido foi negado. Ao receber a negativa de Hitler, Gude- rian ficou furioso. Voltou a frente de batalha e ordenou a retirada de suas tropas, desobedecendo a Von Kluge € ao préprio ler. Com o seu ato ele salvou 0 exército blindado, mas teve um ata- que cardiaco, foi exonerado e sua carreira de grande guerreiro terminou af. Guderian no foi o tinico nem o maior dos génios no comando de blindados. Os maiores foram, sem dtivida alguma, o General alemao Erwin Rommel, aRaposa do Deserto, e 0 americano George Patton. De uma coi- sa, porém, temos certeza: Heinz Guderian foi o maior reformista do século XX. Os interessados no assunto nado devem deixar de ler as tati- cas desses lenddrios chefes militares. Depois da guerra, Gude- rian foi trabalhar na Divisao de Histéria do Exército ame- ricano, onde passou para o papel todas as suas taticas ¢ técnicas, Em 1950, escreveu 0 livro: As Divisées Panzer, publicado no Brasil pela Bi- blioteca do Exército. Esse li- vro tornou-se um sucesso mundial, vendendo mais de um milhdo de exemplares. Seu autor morreu, em 1954, com uma considerdvel con- ‘A DEFESA NACIONAL Ne 784 - 2° QUADRIMESTRE DE 1999

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