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PRIMEIRO COVEIRO (Luan)—Roupa preta.

SEGUNDO COVEIRO(Bia)—Roupa preta.

HAMLET(Mateus)—Jeans escuro, camisa azul escura e uma


capa.

LAERTES(Hugo)— Qualquer jeans e uma camiseta.

HORÁCIO(Clara)—Jeans escuro, camisa vinho e um


chapeuzinho.

RAINHA(Bia)—Um vestido e uma coroa.

REI(Luan)—Jeans clara, camisa escura e uma coroa.

OFÉLIA(Isadora)—Enrolada em um lençol.

Precisaremos de duas pás, uma caveira

ATO V
Cena I
Um cemitério. Entram dois coveiros, com alviões e pás.

PRIMEIRO COVEIRO —Podem dar uma sepultura cristã,


se foi ela quem procurou a salvação?

SEGUNDO COVEIRO — Digo que sim: então, abra logo


essa sepultura; o magistrado já fez investigações, tendo concluído
pelo sepultamento em chão sagrado.

PRIMEIRO COVEIRO — Como assim, se ela não se


afogou por defesa própria?

SEGUNDO COVEIRO — Foi o que decidiram.

PRIMEIRO COVEIRO — Então foi se ofendendo; não


pode ter sido de outro modo, que o ponto principal é o seguinte:
se eu me afogar voluntariamente, pratico um ato; um ato é
composto de três partes: agir, fazer e realizar. Logo afogou-se
porque quis.

SEGUNDO COVEIRO — Mas ouvi, compadre coveiro...

PRIMEIRO COVEIRO — Com licença. Imagine a agua;


bem. Agora, imagine o homem; bem. Se o homem vai para a água
e se afoga, é ele, quer ou não queira, ele vai até lá. Tem noção de
seus atos. Mas se a água vem até ele e o afoga, não é ele que se
afoga. Logo, quem não é culpado de sua própria morte, não
encurta a vida.

SEGUNDO COVEIRO — E isso lá é lei?

PRIMEIRO COVEIRO — É, de acordo com as conclusões


do magistrado.
SEGUNDO COVEIRO — Você quer que eu seja sincero?
Se não estivéssemos falando de uma senhorinha de importância,
não lhe dariam sepultura cristã.

PRIMEIRO COVEIRO —Isso mesmo ... é, pena que neste


mundo os grandes tenham mais direito de se enforcarem e
afogarem do que os seus irmãos em Cristo. A dá logo essa pá.
Não há nobreza mais antiga do que a dos jardineiros, dos
abridores de fossas e dos coveiros; todos exercem a profissão de
Adão.

SEGUNDO COVEIRO — Adão era nobre?

PRIMEIRO COVEIRO — Foi o primeiro que usou armas.

SEGUNDO COVEIRO — Como, se não as tinhas?

PRIMEIRO COVEIRO — Quê! Tu é pagão? Como é que


interpretou a Escritura? A Escritura diz que Adão cavou. Como
poderia ele cavar, se não tinha nenhuma arma? Vou fazer-te outra
pergunta; se não responder certo, terá que confessar que é...

SEGUNDO COVEIRO — Pois então mande a pergunta.

PRIMEIRO COVEIRO — Quem é que constrói mais


solidamente do que o pedreiro, o carpinteiro e o construtor de
navios?

SEGUNDO COVEIRO — O que levanta carrascos, porque


suas construções sobrevivem a milhares de anos.

PRIMEIRO COVEIRO — Realmente, aprecio a tua


vivacidade. O carrasco faz bem. Mas, para quem ele faz bem?
Para os que fazem mal. Por isso, fez mal em dizer que o carrasco
é mais sólido do que a Igreja. Logo o carrasco te faria bem.
Vamos, responde logo.

SEGUNDO COVEIRO — Quem é que constrói mais


solidamente do que o pedreiro, o carpinteiro e o construtor de
navios?
PRIMEIRO COVEIRO — Justamente. Responde isso e de
essa canga.

SEGUNDO COVEIRO — Desta vez vou acertar.

PRIMEIRO COVEIRO — Vamos ver.

SEGUNDO COVEIRO — Com esse mau humor não


conseguirei mesmo.

(Hamlet e Horácio aparecem no fundo)

PRIMEIRO COVEIRO — Não fale assim, que o teu asno


preguiçoso não andará mais depressa com as chibatadas. Quando
te fizerem de novo essa pergunta, responde que é o coveiro,
porque a casa que êle constrói dura até o dia do Juízo. Corre à
hospedaria e traga-me uma caneca de aguardente.

(Sai o segundo coveiro)

PRIMEIRO COVEIRO (canta, continuando a cavar):

Quando rapaz amei, amei bastante


Quão doce me sabia
tudo aquilo! Que tempo! Um só instante
mais que tudo valia.

HAMLET — Esse sujeito não terá o sentimento da


profissão, para cantar, quando está abrindo uma sepultura?

HORÁCIO — O hábito facilitou a tarefa.

HAMLET — É isso; as mãos que trabalham pouco são mais


sensíveis.

PRIMEIRO COVEIRO (canta):

Mas a idade, com passo de ladrão,


nas garras me apanhou,
tirando-me do mundo folgazão;
e tudo se acabou.
(Joga um crânio)

HAMLET —Houve tempo em que aquele crânio teve língua


e podia cantar; agora, esse velhaco o atira ao solo, como se fosse a
mandíbula de Caim, o primeiro homicida. É bem possível que a
cabeça que esse asno maltrata desse jeito seja de algum político
que enganava ao próprio Deus, não parece?

HORÁCIO — É bem possível, senhor.

HAMLET — Ou de algum cortesão que sabia dizer: “Bom


dia, meu doce senhor! Como está, meu senhor?” Talvez a de lorde
Fulano, que elogiava o cavalo de lorde Cicrano, quando tinha a
intenção de pedir, não é verdade?

HORÁCIO — É isso mesmo.

HAMLET — E agora, depois de pertencer a lorde Verme,


que comeu as carnes, este sujeito lhe bate com a enxada no
maxilar. Se pudéssemos acompanhá-lo em todas as fases,
surpreenderíamos nisso uma bela revolução. Levou tanto tempo
para esses ossos se formarem, só para virem a servir de bola! Só
de pensar em tal coisa, sinto doer os meus.

PRIMEIRO COVEIRO (canta)

Uma enxada e uma pá bem resistente,


mais um lençol bem-feito
e uma cova de lama indiferente,
fazem do hóspede o leito.

(Joga outro crânio)

HAMLET — Mais um crânio. Por que não há de ser o de


um jurista? Onde foram parar as sutilezas, os equívocos? Por que
consente que este homem rústico lhe bata com está enxada suja, e
não lhe arma um processo por lesões pessoais? Hum! É bem
possível que esse sujeito tivesse sido um grande comprador de
terras, com suas escrituras, hipotecas, multas, endossos e
recuperações. Não lhe arranjaram seus fiadores, com as fianças
duplas, mais espaço do que o de seus contratos? Os títulos de suas
propriedades não caberiam em seu caixão; não obterão os
herdeiros mais do que isso?

HORÁCIO — Nada mais, senhor.

HAMLET — Pergaminho não é feito de pele de carneiro?

HORÁCIO — Perfeitamente, príncipe; e também de


bezerro.

HAMLET — Não passam de carneiros e de bezerros os que


procuram segurar. Vou falar com este homem. De quem é essa
cova, meu bom homem?

PRIMEIRO COVEIRO — É minha, senhor. É uma cova


qualquer, indiferente do hóspede que está nela.

HAMLET — Estou vendo que é sua, de fato, porque está


dentro dela.

PRIMEIRO COVEIRO —Estou fora, meu senhor; assim,


não te pertence. Quanto a mim, embora não esteja deitado nela,
posso dizer que é minha.

HAMLET — Não é certo dizer que te pertence porque está


dentro dela. Sepultura é para os mortos, não para os vivos. Então,
está mentindo.

PRIMEIRO COVEIRO — Uma mentira viva, que voltará


de mim para o resto.

HAMLET — Para que homem está cavando essa sepultura?

PRIMEIRO COVEIRO — Não é para nenhum homem,


senhor.

HAMLET — Para que mulher, então?

PRIMEIRO COVEIRO — Não é para mulher, tampouco.


HAMLET — Quem é que vai ser enterrado então?

PRIMEIRO COVEIRO — Alguém que foi mulher, senhor,


e que — Deus a tenha e a abençoe — já faleceu.

HAMLET — Como esse sujeito é meticuloso! Precisamos


falar com a bússola na mão; qualquer equivoco poderá ser fatal
para nós. Por Deus, Horácio, tenho observado que nestes três
últimos anos o mundo se torna cada vez mais sutil, delicado. O pé
do camponês toca tão de perto no calcanhar do nobre, que até
esfola. Há quanto tempo você coveiro?

PRIMEIRO COVEIRO —Sou todos os dias do ano, iniciei


a profissão no dia em que o nosso defunto Rei Hamlet venceu a
Fortimbrás.

HAMLET — E quanto tempo faz isso?

PRIMEIRO COVEIRO —Não sabe não? Qualquer bobo


poderia dizer: foi no dia em que nasceu o moço Hamlet, aquele
que ficou louco e que mandou para a Inglaterra.

HAMLET — Ah, sim? E por que o mandaram para a


Inglaterra?

PRIMEIRO COVEIRO — Ora, porque ficou louco. Lá, ele


tem de recuperar o juízo; mas se o não, pouco importa.

HAMLET — Por que pouco importa?

PRIMEIRO COVEIRO — É que ninguém vai perceber;


todos por lá são tão loucos quanto ele.

HAMLET — E como foi que ele enloqueceu?

PRIMEIRO COVEIRO — Por um modo muito estranho.

HAMLET — Como assim estranho?

PRIMEIRO COVEIRO — Ora, perdendo o juízo.


HAMLET — E onde foi isso?

PRIMEIRO COVEIRO — Ora, aqui na Dinamarca. Entre


rapaz e homem feito, sou coveiro há trinta anos.

HAMLET — Quanto tempo pode uma pessoa ficar na terra,


sem apodrecer?

PRIMEIRO COVEIRO — A grande fé, se já não


começamos a apodrecer em vida, hoje em dia então, há muitos
bexiguentos que mal esperam pela sua sepultura, poderá durar
coisa de oito anos ou nove; um curtidor demora nove anos.

HAMLET — E por que ele tem mais tempo que os outros?

PRIMEIRO COVEIRO — Ora, senhor, é que a profissão


lhe endurece a pele, então a torna impermeável à água, que é o
destruir dos cadáveres. Temos aqui outro crânio, que ficou na
terra vinte e três anos.

HAMLET — De quem era este crânio?

PRIMEIRO COVEIRO — Do mais extravagante louco que


já se viu. De quem pensa que fosse.

HAMLET — Não sei.

PRIMEIRO COVEIRO —Era uma loucura! Um dia este


sujeito atirou uma garrafa de vinho em minha cabeça. Esse crânio
aí, esse crânio ai, senhor, era o crânio de Yorick, o bobo do rei.

HAMLET — Este?

PRIMEIRO COVEIRO — Isso mesmo.

HAMLET — Deixa eu ver. (Toma o crânio) Pobre Yorick!


Eu o conhecia, Horácio; um sujeito de uma fantasia ‘’diferente’’.
Sinto engulho. Era aqui que se encontravam os lábios que eu
beijei não sei quantas vezes. Onde estão agora as canções, os raios
de alegria que faziam explodir a mesa em gargalhadas? Não
sobrou uma, para rir da sua careta? Tudo descarnado! Vai agora
no quarto da senhora e fala que mesmo ela passando aquilo tudo
de reboco no rosto, um dia vai cair tudo. E a faça rir . Horácio por
favor me diga uma coisa.

HORÁCIO — O que é, príncipe?

HAMLET — Acredita que Alexandre, depois de enterrado,


tinha esse mesmo jeito?

HORÁCIO — Igual, igualzinho, príncipe.

HAMLET — E este cheiro? Aaahhh! (Joga o crânio)

HORÁCIO — Igual, príncipe. Eca.

HAMLET — A que uso misero temos de nos prestar,


Horácio. Por que não acompanhar a imaginação as nobres cinzas
de Alexandre, até a gente encontrar e servindo para tapar um
barril?

HORÁCIO — Calma que é ir muito longe pensar desse


modo Hamlet.

HAMLET — De forma alguma. Foi mais ou menos deste


jeito: Alexandre morreu; Alexandre foi enterrado; Ai virou pó. O
pó é terra; da terra fazemos argila; por que, então, não poderá
tapar um barril de cerveja com a argila que ele virou? Afastem-
se . Aí vem o rei.

(Entram o corpo de Ofélia, Laertes, o Rei, a Rainha) O


povo, a rainha! Agora, vamos ficar quietos e observar. (Retira-se
com Horácio)

LAERTES — Que cerimônia é essa?

HAMLET — Esse é Laertes, jovem da alta classe; observe


esse homem.

LAERTES — Que cerimônia é essa?


Horácio — Sua morte foi suspeita. Em vez de pias orações,
teriam jogado seixos. Ao invés disso, conseguiram flores sobre a
tumba, a coroa de virgem.

LAERTES —Então não fara mais nada?

Horácio — Não; mancharíamos esse serviço se cantássemos


Réquiem, a prece a ela, como em casos de morte em santa paz.

LAERTES — Coloque-a na terra logo! E que da sua carne


pura nasçam violetas. Padre, te falo que minha irmã vai ser um
anjo, enquanto você ficara se contorcendo aqui em terra.

HAMLET — A bela Ofélia...

A RAINHA — Adeus. Sempre penei que casaria com meu


Hamlet; imagina vocês se divertindo, felizes, não em uma
sepultura.

LAERTES — Olhem esta maldição que caiu sobre Ofélia,


ela também cairá ao assassino dessa pequena menina. (Salta na
cova) Agora podem jogar terra em cima de mim, e assim por
diante ate que vire uma montanha.

HAMLET — Bom, sou Hamlet, sim, o Dinamarquês. (Salta


na cova)

LAERTES — O diabo te levara a alma! Tá sabendo?


(Agarra o pescoço de Hamlet)

HAMLET —Tu não rezou direito então. Larga meu


pescoço! Posso estra guardando algo que você possa não gostar.
Tira essas mãos de mim!

O REI — Ou, pode ir separando ai!

A RAINHA — Hamlet ! Olha o que você vai fazer, presta


atenção!

TODOS — Calma!
HORÁCIO — Príncipe, por favor... (Alguns dos presentes
os apartam; saem da sepultura)

HAMLET — Por motivos lutarei com ele ate eu morrer.

A RAINHA – Tá doido?! Que motivo meu filho?

HAMLET — Eu amava Ofélia, e nem quarenta mil irmão


poderiam ama-la como eu a amei, com todo o seu amor
multiplicado, nenhum tinha o amor que eu lhe dava. O que você
faria?

O REI — Tá louco é?!

A RAINHA — Pelo amor de Deus alguém separa esses


dois.

HAMLET — Pare vai, fala logo o que você faria. Iria


chora? Brigar? Ficar sem comer? Beber vinagre e até engolir um
crocodilo inteiro? Tudo isso eu posso. E você, o que veio fazer
aqui? Ficar gemendo e me ameaçar na cova? Se quer que te
enterrem eu também posso fazer isso. E como você também falo
empolgado.

A RAINHA — Iiiii parem de loucura. Daqui a pouco estão


quietinhos igual pombinhas.(Fala olhando para o Rei e Horácio)

HAMLET — Me responde logo Laertes, por que me tratou


assim se sempre te respeitei? Mas agora pouco me importa, o
gato mia; o cachorro também, assim também terá seu dia. (Sai)

O REI — Horácio por favor, leve ele daqui.(Sai Horácio)


(A Laertes) Fale que de noite damos as resposta, pois vou
conversar com a rainha esse circo (À Rainha) Boa Gertrudes,
cuida de seu filho. (À parte, olhando para o publico) Ainda virá
um hora se quer de sossego, só termos paciência. (Saem todos)
Cena II

Uma sala no castelo. Entram Hamlet e Horácio.

HAMLET — Sobre esse assunto, já basta; agora cuidaremos


do outro. Se lembra de todas as coisas?

HORÁCIO — A eu lembro!

HAMLET — Uma luta em mim se trevou que tirou meu


sono; sofria como um cão. De repente — Viva a temeridade! — É
muito certo que a curiosidade as vezes nos ajuda, quando algo
parece perigoso. Isso mostra que um deus aperfeiçoa nossos
planos, ainda que mal traçados.

HORÁCIO — Deve ser.

HAMLET — Saí do camarote enrolado na toalha, pra achar


eles na escuridão. Pego o pacote e me retiro para meu quarto
novamente. Com audácia, que o medo vence a honra, os selos
quebro da grande comissão, achando, Horácio — oh banditismo
real! — uma ordem clara, com vários argumentos relativos ao
bem da Dinamarca e da Inglaterra e não sei mais que duendes e
fantasmas, no caso de com vida me deixarem, para que na mesma
hora, sem demorar, nem sequer afiar a machadinha, me
decepassem.

HORÁCIO — Oi? Isso é possível?

HAMLET — Aqui ta o mandato. Pode ler com calminha.


Mas não quer que te conte como me decidi?

HORÁCIO — Claro que sim.

HAMLET — Cercado assim por tantos seres baixos, mesmo


antes de eu poder dizer o prólogo, representava o cérebro. Sentei e
escrevi com capricho nova carta. Já pensei, como os nossos
estadistas, que é feio escrever bem, tendo insistido, até, em
desaprender; mas, nessa hora muito bom me foi isso. Que sabe
qual o conteúdo da mensagem?

HORÁCIO — Yep, príncipe.

HAMLET — Pedi a atenção do rei, considerando que a


Inglaterra era subordinada, que o amor entre os dois povos
deveria florescer como flor, união entre as coroas, e outros
consideram de igual porte. O assunto principal era que os
portadores fossem mortos logo, só isso mesmo.

HORÁCIO — Bem; e o selo?

HAMLET — Nisto Deus me ajudou. Tinha na bolsa o


carimbo que foi do meu pai e que serviu de norma para o selo da
Dinamarca. Após, dobrada a carta, e tudo mais eu botei ela no
lugar da outra, sem rastro de troca. No outro dia aconteceu o
combate. Já sabe o resto.

HORÁCIO — Desta arte, Rosencrantz e Guildenstern


seguiram seu caminho.

HAMLET — Oxe, homem, foi eles que estavam


desesperados no emprego. Não sinto peso na consciência nenhum
por ter feito isso. Quem mandou ser xereta. É perigoso, para a
gente baixa, ficar entre quem é poderoso.

HORÁCIO — E se diz rei!

HAMLET — Não gostou? Ele tirou meu pai, prostituiu


minha mãe, se meteu entre a escolha do povo e meus anelos e
ainda queria me matar. Se você acha que eu estou errado o
problema é seu.

HORÁCIO — Dentro de pouco tempo vai chegar notícias


da Inglaterra sobre isso.

HAMLET — Até lá o problema é meu. Eu te amo muito


mas tem hora que meu deus você me deixa pistolado.

HORÁCIO — Tá, mas olha quem ta vindo. (Entra Osrico)

OSRICO — Voce é muito bem-vindo à Dinamarca.

HAMLET — Humildemente te agradeço, meu senhor. (À


parte, a Horácio) conhece ele?

HORÁCIO — (à parte, a Hamlet) Não, príncipe.

HAMLET — Que bom. Ele é rico mas suas terras são


grandes extensões.

OSRICO —Se você tiver tempo, faço uma comunicação da


parte de Sua Majestade.

HAMLET — Vou receber com muita atenção. A, e chapéu


vai na cabeça.

OSRICO — Te Agradeço ; mas ta um calor do inferno.

HAMLET — Ao contrário; faz muito frio; é vento norte.

OSRICO — é, está fazendo bastante frio.


HAMLET — Mas ao mesmo tempo parece um pouco
abafado.

OSRICO — Senhor, Seu superior me mandou dizer que


apostou uma grande quantia em você. O caso é o seguinte...
Laertes chegou à corte há pouco tempo; um cavalheiro.

HAMLET — o seu elogio não vale nada, só encontraria


alguém assim se olhando no espelho. Qualquer outra tentativa de
descrever ele ia resultar na sua sombra.

OSRICO — Você fala com convicção.

HAMLET — Ta, mas por que envolvemos ele na discussão?

OSRICO — Quanto você sabe manejar uma arma?

HAMLET — E qual é a sua arma?

OSRICO — Florete e adaga.

HAMLET — Seriam, então, duas. Mas, continue.

OSRICO — O rei empenhou seis cavalos, Laertes joga seis


espadas francesas.

HAMLET — E o nome disso é?

HORÁCIO — Já sabia que ele ia escolher isso.

HAMLET — Uma aposta da França contra a Dinamarca.


Mas, pra que fazer tudo isso?

OSRICO — O rei, apostou que você, não levará mais do


que três de vantagem; Laertes aposta que vai te tocar nove vezes
de doze, o que poderá ser posto imediatamente à prova, se você
responder eles.

HAMLET — E se eu não quiser?

OSRICO —Ele vai expor você.


HAMLET — Senhor, vou descansar um pouco nessa sala.
Tragam as espadas, então. OSRICO — Posso responder a eles
então?

HAMLET — Sim.

OSRICO — Muito obrigado.

HAMLET — A minha, a minha. (Sai Osrico) Fez ele muito


bem em se recomendar.

HORÁCIO — Esse bobo fugiu do ninho com a casca do


ovo na cabeça.

HORÁCIO — O rei, a rainha e toda a corte tão vindo.

HAMLET — ótimo.

HORÁCIO — A rainha quer que você seja educado e


cumprimente Laertes antes da partida.

HAMLET — é um conselho relativamente bom.

HORÁCIO — Você vai perder essa partida, príncipe.

HAMLET — Nah; desde que ele foi para a França, eu


pratico esgrima; vou ganhar dentro do possivel...

HORÁCIO — É né...Se seu coração traz alguma dúvida,


deve escutar, eu falo pra eles que você não se sente bem.

HAMLET — NÃO, de jeito maneira; Quanto antes melhor.

(Entram o Rei, a Rainha, Laertes, nobres, Osrico, e


ajudantes, com floretes, etc)

O REI — Sejam educados. (O Rei coloca a mão de Laertes


sobre a de Hamlet)
HAMLET — Desculpe se te ofendi. Foi loucura. Foi eu que
ofendi Laertes? Não. Ou seja, quem causou essa dor a ele, então?
Sua própria loucura. Logo, eu sou o ofendido.

LAERTES — Hm, ok, Aceito sua amizade.

HAMLET — Ótimo. Agora eu aceito uma espadinha!

LAERTES — Quero uma, também.

O REI — Jovem Osrico, entregue as armas pra eles, sabe as


regras, Hamelet?

HAMLET — Aham. Eu sou café com leite. (Colocam-se)

O REI —Eu vou beber se Hamelet ganhar

HAMLET — Vamos.

LAERTES — Em guarda, príncipe.

HAMLET — Uma.

LAERTES — Não.

HAMLET — O juiz que decide.

OSRICO — Tocado, não há dúvida.

LAERTES — De novo.

O REI — Descansem; tragam vinho. Hamlet, ganhou essa.


Saúde! Dê a taça para ele. (Soam trombetas; disparos de canhões
no fundo)

HAMLET — Depois; primeiro vamos terminar. Vamos.


(Lutam) Novamente tocado; que fala?

LAERTES — Fui tocado, confesso.

O REI — Nosso filho vai ganhar.


A RAINHA — Você esta suado, toma meu lencinho se
limpe. Me de um pouco de vinho.

HAMLET — Nobre senhora!

O REI — Não, não bebe, Gertrudes.

A RAINHA — Mas eu quero.

O REI (à parte) — A taça envenenada, criatura; agora já foi


né.

HAMLET — Não quero ainda, senhora; mais um pouco.

A RAINHA — Vem até aqui, para enxugar seu rosto.

LAERTES — Pretendo, tocá-lo.

O REI — Não creio.

LAERTES (à parte) — Contudo, é quase contra minha


própria consciência.

HAMLET — Peça uma terceira rodada e desta vez ganhe.

LAERTES — É assim? Pois bem. (Lutam)

OSRICO — De parte a parte, nada.

LAERTES —Cuidado agora. (Laertes fere a Hamlet;


depois, no afogo da luta, trocam as armas e Hamlet fere a
Laertes)

O REI — Separo! Estão exaltados demais!

HAMLET — Não! Não! Em guarda! (A Rainha cai)

OSRICO — Oh! A rainha!

HORÁCIO — Os dois estão feridos. Como tá, príncipe?

OSRICO — Como tá, Laertes?


LAERTES —Péssimo.

HAMLET — Que aconteceu com a rainha?

O REI — Desmaiou por ter visto sangue.

A RAINHA — Não é isso... a bebida...A bebida... a


bebida... envenenada... (Morre)

HAMLET — Oh! Vilania! Fecha as portas! Traição! Ah!


Procuremos os culpados! (Laertes cai)

LAERTES — Fui eu, mas sua espada estava envenada


também e parece que o jogo virou. Tua mãe.., envenenada. Não
posso mais... O rei... É ele o culpado.

HAMLET — A ponta envenenada? Então, veneno, é seu.


(Fere o Rei)

TODOS — Traição! Traição!

O REI — Amigos, me ajudem! Estou apenas ferido.

HAMLET — Assassino maldito, bebe, bebe tua parte,


também. (O Rei morre)

LAERTES — Justo. O veneno era dele. Me perdoe (Morre)

HAMLET — Eu já estou morto Horácio, adeus amigo.

HORÁCIO — Não, não faça isso, na taça ainda há veneno.

HAMLET — Horácio larga essa taça, Horácio. Fique vivo


para contar a todos essa história.

HORÁCIO — Um bom coração morreu. Boa noite, meu


bom príncipe. Que os anjos te guardem.

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