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Instituto Superior Técnico

Departamento de Matemática

Álgebra Linear
Cursos: LMAC e LEFT
Exercı́cios sobre o determinante
(Os exercı́cios marcados com ∗ têm um conteúdo mais teórico.)

1. Qual é a área da imagem pela função f (x, y) = (x + 2y, 3x − y) do paralelogramo com


vértice na origem e arestas (1, 3) e (2, 5)?
2. Calcule os seguintes determinantes indicando se as matrizes em questão são invertı́veis
−1 2 1 7
−1 2 1
−1 2 −3 2 −1 5
(a) (b) −3 2 −1 (c)
3 1 1 4 3 2
1 4 3
−1 2 1 7
2 0 1 1 6
0 2 1 2
0 1 −1 5 1
−3 0 −1 0
(d) (e) 0 0 3 2 −3
0 1 3 0
0 0 0 7 1
−1 2 1 1
0 0 0 0 −1
(f) Uma matriz n × n tal que a soma das entradas de cada linha seja 0.
3. Calcule o seguinte determinante usando o método de Gauss para reduzir o cálculo ao do
determinante de uma matriz triangular
0 −1 1 1 0
1 1 −1 2 1
−1 0 3 2 −3
−2 1 0 1 1
1 0 2 0 −1
   
−1 2 0 2
4. Sendo A = eB= , calcule det(AT B −2 AB T A−2 (AT )3 ).
1 1 −1 3
 
−1 2 1
5. Considere a matriz A =  1 2 −1  Mostre que não existe uma matriz (real) B tal
1 4 3
que A = BB T nem tal que A = B 2 .
a 0 b c
c i l
d 2 e f
6. Sabendo que = 6, determine b − 3c h − 3i k − 3l
g 0 h i
2a 2g 2j
j 0 k l

1
7. Sem calcular o determinante, ache o coeficiente de x3 nas seguintes expressões
x 1 1 −2
−1 x 1
−1 0 x 0
(a) x 2x −1 (b)
0 x −x 1
1 4 3x
−x 3 1 1
8. (O determinante de Vandermonde). Sejam x1 , . . . , xn escalares. Mostre que

1 x1 x21 ··· xn−1


1
1 x2 x22 ··· xn−1
2
.. .. .. = (x2 −x1 ) · · · (xn −x1 )(x3 −x2 ) · · · (xn −x2 ) · · · (xn −xn−1 )
. . .
1 xn−1 x2n−1 ··· xn−1
n−1
1 xn x2n ··· xn−1
n

pelo que o determinante se anula se e só se xi = xj para algum i ̸= j.


Sugestão: Sendo Ci a coluna i da matriz, subtraia x1 Cn−1 a Cn , depois x1 Cn−2 a Cn−1 ,
e assim por diante de forma a ficar com uma expressão para o determinante pretendido
dada pelo determinante de uma matriz em que a primeira linha é (1, 0, . . . , 0). Use as
propriedades do determinante e indução.
 
0 1 1 −2
 −1 0 2 0 
9. Calcule a entrada 23 da inversa da matriz 
 0

1 0 1 
1 −1 1 1
10. Seja A ∈ Mn×n (K). O traço de A é a soma das entradas diagonais da matriz.

tr A = a11 + a22 + . . . + ann

(a) Mostre que dadas A, B ∈ Mn×n (K) temos tr(AB) = tr(BA).


(b) Usando a alı́nea anterior conclua que se S é invertı́vel, então tr(SAS −1 ) = tr(A).

11. Considere uma função A : R → Mk×l (R) definida por

A(t) = [aij (t)] 1≤i≤k


1≤j≤l

portanto A consiste em kl funções reais de variável real t 7→ aij (t). Define-se a derivada
de A(t) entrada a entrada. Isto é, A é diferenciável se cada aij (t) é diferenciável e então
A′ (t) é, por definição, [a′ij (t)].

(a) Mostre que a regra de derivação do produto se mantém, isto é que dadas duas
funções matriciais A(t) e B(t) então
d
(A(t)B(t)) = A′ (t)B(t) + A(t)B ′ (t)
dt
2
(b) Mostre que se A : R → Mn×n (R) é diferenciável em t = 0 e A(0) = In então
d
(det A(t))|t=0 = tr A′ (0)
dt
Sugestão: Use a expressão para o determinante em termos de uma soma indexada
por permutações e considere primeiro o caso em que as funções aij (t) são afins (isto
é da forma α + βt com α, β ∈ R).
 
A B
12. Mostre que o determinante da matriz triangular por blocos (com A e C
0 C
matrizes quadradas) é igual a det(A) det(C).
Sugestão: Considere a função multilinear das linhas de C definida por
A B
f (C) =
0 C
Aproveite para calcular os seguintes determinantes
1 −5 4 10 7
2
2 1 −5 4 10
2 −1 −1 −3 8
1
0 3 6 −1 −3
0 0 −2 3 −3
1
(i) 0 7 8 −2 3 (ii)
0 0 −2 1
0 3
0 0 0 1 3
0 0 0 0 2 1
0 0 0 −3 1
0 0 0 0 1 4
 
A B
13. Considere uma matriz por blocos com A e D quadradas e A invertı́vel. Mostre
C D
que
A B
= det(A) det(−CA−1 B + D)
C D
   
A B I X
Sugestão: Multiplique a matriz por uma matriz da forma apropriada
C D 0 I
de forma1 a que o produto seja uma matriz triangular inferior por blocos.
∗ 14. Seja V um espaço vetorial sobre o corpo K. Uma função h : V ×V → K diz-se bilinear se
para cada v ∈ V , as funções w 7→ h(v, w) e w 7→ h(w, v) são lineares (isto é, pertencem
ao dual de V ). Diz-se também que um tal h é uma forma bilinear.
(a) Sendo B = (v1 , . . . , vn ) uma base ordenada para V com n elementos, mostre que
existe uma única matriz A ∈ Mn×n (K) tal que
h(v, w) = [v]TB A[w]B
Diz-se que a matriz A representa a função bilinear h com respeito à base B.
1
Essencialmente está a aproveitar-se o facto de A ser invertı́vel para eliminar B com operações elementares
sobre as colunas.

3
(b) Considere a função de h : V → V ∗ de V para o seu dual, definida por

v 7→ h(v, ·)

Mostre que se trata de uma transformação linear que é representada pela matriz
transposta à da alı́nea (a) quando se toma para base de V ∗ a base B ∗ dual 2 à base
B de V .
(c) Diz-se que a forma bilinear h : V × V → K é não degenerada se

h(v, w) = 0 para todo o w ⇒ v = 0

Mostre que h é não degenerada se e só se a transformação linear h da alı́nea


anterior é um isomorfismo. Portanto uma forma bilinear não degenerada dá uma
identificação de um espaço vetorial com o seu dual.
(d) Determine a matriz que representa a função bilinear h : R3 × R3 → R definida por

h((x, y, z), (u, v, w)) = xu + 3xw − yv + 2yw + 5yu − 3zu + zw

com respeito à base canónica de R3 . Esta forma é não-degenerada?

15. Usando a regra de Cramer determine a componente y da solução do sistema linear



x + 2y − z = 2

x − y + 3z = 1

x − 2z = 1

16. Calcule os seguintes produtos externos

(i) (1, 0, 2) × (2, 0, 1)


(ii) (1, −1, 1) × (1, 2, 4)
(iii) (2v1 + 3v2 ) × (−v1 + v2 )

17. Use o produto externo para achar a equação cartesiana do plano que passa pelo ponto
(0, 1, 3) e que é paralelo a L({(1, 1, 2), (−1, 0, 1)}).

18. Seja u = (a, b, c) e considere a transformação linear T : R3 → R3 definida por T (v) =


u × v. Determine a representação matricial de T com respeito à base canónica de R3 .

19. Dados u, v, w ∈ R3 , mostre que u × (v × w) = ⟨u, w⟩v − ⟨u, v⟩w.


2
Ver o exercı́cio 30 da ficha sobre transformações lineares.

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∗ 20. Os quaterniões. A multiplicação dos números complexos pode ser vista como uma
multiplicação de vetores de R2 . Em 1843, depois de tentar durante 20 anos encontrar uma
multiplicação de vetores de R3 com propriedades análogas às dos números complexos,
Hamilton descobriu a seguinte multiplicação em R4 que, com esta multiplicação se designa
por conjunto dos quaterniões ou números de Hamilton.
Escrevemos um elemento (t, x, y, z) ∈ R4 como t+v com v = (x, y, z) ∈ R3 . t chama-se
a parte real do quaternião q = t + v e v chama-se a parte vetorial de q. Define-se o
produto de dois quaterniões pela fórmula3

(t + v) · (s + w) = (ts − ⟨v, w⟩) + (tw + sv + v × w) (1)

(a) Considere os quaterniões com parte real nula i = 0 + (1, 0, 0), j = 0 + (0, 1, 0) e
k = 0 + (0, 0, 1). Verifique que a fórmula (1) implica as relações

i2 = j2 = k2 = −1, ij = k = −ji, jk = i = −kj, ki = j = −ik.

Reciprocamente, as relações acima juntamente com o requerimento que a multi-


plicação dos quaterniões com parte vetorial nula coincida com a multiplicação dos
números reais e que o produto seja linear sobre os reais em cada uma das variáveis
implicam a fórmula (1).
(b) Verifique que os quaterniões da forma a + bi são uma cópia dos números complexos.
(c) Verifique que a multiplicação dada por (1) é associativa e tem 1 + 0 como elemento
neutro mas não é comutativa.
(d) Define-se opconjugado de q = t + v por q = t − v e o comprimento (ou norma) de q
por ∥q∥ = t2 + ∥v∥2 . Mostre que se q ̸= 0 então q tem um inverso multiplicativo
dado pela fórmula
q
q −1 =
∥q∥2

3
Foi esta multiplicação dos quaterniões que deu origem ao produto interno e externo de vetores de R3 e
a formulação inicial das leis do Eletromagnetismo por Maxwell era inteiramente em termos de operações com
quaterniões!

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