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PROBLEMAS RESOLVIDOS DE

MECÂNICA E ONDAS

Filipe Rafael Joaquim


IST

Maio, 2017

1
NOTA INICIAL

Os enunciados dos problemas resolvidos contidos neste texto coincidem em grande


parte com os que são propostos para resolução nas aulas práticas da unidade curricular
de Mecânica e Ondas para os cursos de Engenharia Quimica, Quimica e Engenharia
Biológica. Estes enunciados foram retirados das séries de problemas originalmente
apresentadas ao longo dos anos por Jorge C. Romão, José Mourão e José Sande
Lemos. Caso sejam detectados erros/gralhas pede-se por favor que me comuniquem
para filipe.joaquim@tecnico.ulisboa.pt.

2
INDICE

1. Sistemas de coordenada e cinemática 2

2. Dinâmica da partícula material 20

3. Trabalho e energia 34

4. Momento linear e colisões 50

5. Momento angular e momento de forças.


Conservação do momento angular. 66

6. Oscilações harmónicas 67

7. Relatividade restrita 83

7. Ondas 87

3
1. SISTEMA DE COORDENADAS E CINEMÁTICA
PROBLEMA 1.1

Considere uma partícula material que se move em linha recta ao longo do eixo dos xx
de acordo com a lei:
x(t ) = a + bt + ct 2 + dt 3 (m) .

a) Determine as dimensões das constantes a, b, c e d .


b) Determine a velocidade da partícula no instante t=1s.
c) Determine a aceleração como função do tempo.

Resolução:

a) Para determinar a dimensão das constantes temos de ter em conta que os termos do
lado direito da lei do movimento têm de ter dimensões de comprimento visto que
[ x(t )] = L . Assim sendo, é fácil de ver que:

[ a ] = L , [b] = LT -1 , [c ] = LT -2 , [ d ] = LT -3 .
( L e T designam, respectivamente, as dimensões de comprimento e tempo).

b) A velocidade da partícula é determinada por v(t ) = x! (t ) . Derivando x(t ) em ordem ao


tempo obtém-se v(t ) = b + 2ct + 3dt 2 . No entanto, visto que a velocidade é uma grandeza
!
vectorial, esta só fica bem definida ao apresentarmos o vector v(t ) , que neste caso
será1:
! !
v(t ) = (b + 2ct + 3dt 2 ) u x (ms -1 ) (1.1.1)

(repare que o movimento da partícula é realizado em linha recta).


Para determinar a velocidade para t=1s, basta substituir o tempo por 1s na Eq.(1.1.1).
Obtemos então:

! !
v(t = 1s) = (b + 2c + 3d ) u x (ms -1 )

c) A aceleração em função do tempo determina-se derivando o vector velocidade dado


em (1.1.1) em ordem ao tempo, o que dá:

!
! d v(t ) "
a (t ) = = (2c + 6dt ) u x (ms -2 )
dt

1
De agora em diante usaremos a notação X! para designar a derivada temporal da quantidade X
sempre que for conveniente.

4
PROBLEMA 1.2

Considere um ponto material que se move de acordo com a lei

x(t ) = bt sin(wt ) + c cos(wt ) (m)

onde b, c e w são constantes. Determine a velocidade e a aceleração da partícula.

Resolução:

Os vectores velocidade e aceleração são dados por:


! ! ! !
v(t ) = x" (t ) u x , a(t ) = ""
x(t ) u x . (1.2.1)

A partir de x(t ) tem-se

x! (t ) = (b - cw ) sin(wt ) + btw cos(wt )


x(t ) = w (b - cw ) cos(wt ) + bw cos(wt ) - btw 2 sin(wt )
!!
= (2bw - cw 2 ) cos(wt ) - btw 2 sin(wt )

Usando agora a Eq.(1.2.1) obtemos finalmente:

! !
v(t ) = [ (b - cw ) sin(wt ) + btw cos(wt ) ] u x (ms -1 ),
! !
a (t ) = éë(2bw - cw 2 ) cos(wt ) - btw 2 sin(wt ) ùû u x (ms -2 ).

PROBLEMA 1.3

Um ponto material move-se em linha recta com aceleração:

a (t ) = a0 + bt 2 (ms -2 )
Determine:

a) A velocidade do ponto material para t=1s, sabendo que a velocidade para t=0s é
nula.
b) A posição do ponto material para t=1s, sabendo que a sua posição inicial é x0 .

Resolução:

a) Ao contrário dos dois problemas anteriores, é-nos agora dada a aceleração da


partícula em vez da posição. Para obter a velocidade da partícula para t=1s vamos obter
a lei das velocidades para qualquer t.

5
bt 3
v(t ) = ò a (t ) dt = ò (a0 + bt ) dt = a0t +
2
+K (1.3.1)
3

Onde K é uma constante de integração a determinar pela condição inicial v(t = 0) = 0 .


Substituindo t = 0 na Eq.(1.3.1) obtém-se

bt 3
v(t = 0) = K = 0 Þ v(t ) = a0t + (ms -1 ) (1.3.2)
3
Portanto, o vector velocidade em função do tempo será dado por:

! æ bt 3 ö !
v(t ) = ç a0t + ÷ux (ms -1 )
è 3 ø

donde se tira para t=1s:


! æ bö!
v(t = 1s ) = ç a0 + ÷ u x (ms -1 ) (1.3.3)
è 3ø

b) A posição para t=1s é determinada considerando primeiro que

æ bt 3 ö a0t 2 bt 4
x(t ) = ò v(t )dt = ò ç a0t + ÷ dt = + + K1 (1.3.4)
è 3 ø 2 12

A constante de integração K1 é determinada sabendo que x(0) = x0 e portanto:

a0t 2 bt 4 ! æa b ö!
x(t = 0) = K = x0 Þ x(t ) = + + x0 (m) Þ r (t = 1s ) = ç 0 + + x0 ÷ u x (m)
2 12 è 2 12 ø

PROBLEMA 1.4

Uma partícula material move-se no plano XY segundo as equações:

x(t ) = 2t 3 - 3t 2
(m)
y (t ) = t 2 - 2t + 1
Determine:

a) Os instantes de tempo em que a velocidade é paralela ao eixo dos XX.


b) Os instantes de tempo em que a aceleração é nula.
c) Os instantes de tempo em que a partícula passa pela posição inicial.
d) Os instantes de tempo em que o vector aceleração faz um ângulo de 30º com a
horizontal.

6
Resolução:
! ! !
a) Temos que v(t ) = x" (t ) u x + y" (t ) u y . Tendo em conta que x! (t ) = 6t 2 - 6t , y! (t ) = 2t - 2 ,
obtém-se ! ! !
v(t ) = (6t 2 - 6t ) u x + (2t - 2) u y

Para que a velocidade seja paralela ao eixo dos XX terá que se anular a componente
em Y da velocidade, ou seja y! (t ) = 2t - 2 = 0 Þ t = 1s . No entanto, é fácil de ver que a
componente em X da velocidade se anula para t=1s já que x! (t = 1s ) = 0 . Concluímos
então que não há nenhum instante em que a velocidade da partícula seja paralela ao
eixo dos YY.

! ! !
b) A aceleração é a (t ) = "" x(t ) u x + "" x(t ) = 12t - 6 , !!
y (t ) u y . Tendo em conta que !! y (t ) = 2 ,
! ! !
tem-se a (t ) = (12 - 6) u x + 2 u y . Para que a aceleração seja nula, ambas as suas
componentes têm que se anular. Visto que a componente em Y da aceleração ! !é
constante e não nula para qualquer t, nunca se poderá verificar a condição a (t ) = 0 .
Logo, não há nenhum instante de tempo em que a aceleração se anule.

c) A posição inicial da partícula é determinada por x(0) = 0 e y (0) = 1 . Para determinar os


instantes de tempo em que a trajectória passa por este ponto, basta resolver o sistema

ïì x(t ) = 2t - 3t = 0 ìt = 0 Ú t = 3 / 2
3 2

í Þ í
ïî y (t ) = t - 2t + 1 = 1 ît = 0 Ú t = 2
2

O que nos mostra que o único instante em que a partícula passa no ponto inicial é o
próprio ponto inicial.

PROBLEMA 1.5

Uma partícula é lançada do centro de uma mesa rectangular com dimensões 4m x 3m.
Sobre a mesa a partícula tem aceleração constante dada por ax = 0.2 ms -2 , a y = 0.1 ms -2 .
Ao fim de 1 segundo as componentes em X e Y da velocidade valem
vx1 = 0.2 ms -1 , v y1 = 0.1 ms -1 .

y a) Calcule ao fim de quanto tempo a


partícula cai da mesa.
x
b) Faça um gráfico da trajectória da partícula.

7
Resolução:

a) Para resolvermos este problema teremos de obter as leis do movimento da partícula,


isto é, x(t ) e y (t ). Para isso teremos de partir da aceleração já que sabemos que
x(t ) = ax = 0.2 ms -2 , !!
!! y (t ) = a y = 0.1 ms -2 . Então, temos que

x! (t ) = ò !!
x(t ) dt = ò ax dt = axt + K1 e y! (t ) = ò !!
y (t ) dt = ò a y dt = a y t + K 2 (1.5.1)

As constantes de integração K1 , K 2 determinam-se considerando os valores das


velocidades em X e Y, dadas para t=1s no enunciado do problema. Sendo assim, e
usando a Eq.(1.5.1) obtemos

ìï x! (1) = ax + K1 = vx1 Þ K1 = vx1 - ax


í! .
ïî y (1) = a y + K 2 = v y1 Þ K 2 = v y1 - a y

Substituindo agora em (1.5.1) tem-se

x! (t ) = ax (t - 1) + vx1 , y! (t ) = a y (t - 1) + v y1 . (1.5.2)

Para obter as expressões de x(t ) e y (t ) temos agora que fazer

ì (t - 1) 2
ï
ï
x (t ) = ò !
x (t ) dt = ò[ x
a (t - 1) + v x1 ] dt = a x
2
+ vx1t + K 3
í . (1.5.3)
ï y (t ) = y! (t ) dt = é a (t - 1) + v ù dt = a (t - 1) + v t + K
2

ï
î
ò òë y y1 û y
2
y1 4

As constantes K 3 , K 4 são determinadas lembrando que:

ì ax ax ì t2
ïï x(0) = 2 + K 3 = 0 Þ K 3 = - 2 ïï x (t ) = a x
2
+ (vx1 - ax )t
í Þ í (1.5.4)
ï y (0) = a y + K = 0 Þ K = - a y
2
ï y (t ) = a t + (v - a )t
ïî 2
4 4
2 ïî y
2
y1 y

Repare-se que como vx1 > ax e v y1 > a y , tem-se que x(t ), y (t ) > 0 para qualquer t. Isto quer
dizer que a trajectória da partícula se dá no 1º quadrante da mesa e que x(t ), y (t ) estão
a aumentar com o tempo. Para que a partícula caia da mesa é necessário verificar-se
x(t ) > Lx ou y (t ) > Ly . O instante de tempo em que se dá a queda é aquele em que se
verificar primeiro uma das condições anteriores. Temos então que resolver o sistema

8
ì (ax - vx1 ) ± (ax - vx1 ) 2 + 2ax Lx
ì t2 ït1 = ! 2.6 s
ïï x (t ) = a + (vx1 - ax )t = Lx ax
x
2 ï
í 2
Þ í
ï y (t ) = a t + (v - a )t = L ï ( a y - v y1 ) ± ( a y - v y1 ) 2 + 2 a y L y
ïî y
2
y1 y y
ït2 = ! 3.8 s
î a y

O que quer dizer que a partícula cai 2.6 s depois de iniciar o seu movimento num ponto
com y menor que 1.5 m.

b) A trajectória da partícula será desenhada considerando as equações (1.5.4) no


intervalo de tempo até 2.6 s. O resultado é dado na figura abaixo. Como já foi dito a
partícula cai do lado direito da mesa, no primeiro quadrante.

PROBLEMA 1.6

Uma partícula move-se rectilineamente, verificando-se a relação !! x = -k x! 2 entre a


aceleração e a velocidade. No instante t=0s a partícula encontra-se na posição x=0.4
m, e a sua velocidade é 2.5 m/s. Obtenha a lei do movimento.

PROBLEMA 1.7

Considere o movimento de uma partícula material no espaço bidimensional.

a) Obtenha o vector velocidade em coordenadas polares.


b) Obtenha o vector aceleração em coordenadas polares.

Resolução:

Considera-se que o movimento da partícula é caracterizado em coordenadas


cartesianas pelo par x(t ), y (t ) e em coordenadas polares por r (t ), q (t )

9
a) Tendo em ! conta a figura !abaixo, o! vector !posição da partícula em coordenadas
cartesianas r (t ) é dado por: r (t ) = x(t ) u x + y (t ) u y (m) enquanto que em coordenadas
! !
polares se tem r (t ) = r (t )u r . Para obter o vector velocidade em coordenadas polares,
deve derivar-se o vector posição de tal modo que:
! !
! d r (t ) d ! ! du r
v(t ) = = [r (t ) u r ] = r"(t )u r + r (t ) (1.7.1)
! dt dt dt
uy !
uq !
! Para obter as derivadas dos versores radial u r e tangen-
ur !
cial uq temos em conta as relações:
!
r (t ) ! ! !
! u r = cos q (t ) u x + sin q (t ) u y
ux ! ! ! (1.7.2)
uq = - sin q (t ) u x + cos q (t ) u y

De tal modo que:


!
du r ! ! !
= -q"(t ) sin q (t ) u x + q"(t ) cos q (t ) u y = q"(t ) uq (1.7.3)
dt

Note-se
! ! que ao derivar a equação anterior se teve em conta que os versores cartesianos
u x e u y são constantes e portanto as suas derivadas são nulas. Finalmente, tendo em
conta a Eq.(1.7.1) obtém-se:
! ! !
v(t ) = r"(t )u r + r (t )q"(t ) uq (1.7.4)
!
b) Para obter o vector aceleração a (t ) basta derivar o vector velocidade obtido na alínea
anterior em ordem ao tempo. Assim sendo,
" ! !
" d v(t ) ! du r ! ! duq
a (t ) = = ##
ru r + r# # ##
+ r#q uq + rq uq + rq# (1.7.5)
dt dt dt

Tendo agora em conta a Eq.(1.2.3), e que:


!
duq ! ! !
= -q"(t ) cos q (t ) u x - q"(t ) sin q (t ) u y = -q"(t ) u r , obtida derivando a segunda equação
dt
em (1.7.2), obtém-se:

" ! !
r - rq# 2 ) u r + (rq## + 2r#q#) uq (ms -2 )
a (t ) = (## (1.7.6)

" !
r - rq# 2 ) u r (ms -2 ) , e a
Desta expressão, identifica-se a aceleração centrípeta a c (t ) = (##
"# !
aceleração tangencial at (t ) = (rq$$ + 2r$q$) uq (ms -2 ) .

10
PROBLEMA 1.8

Uma partícula move-se segundo a lei r (t ) = 0.4t 2 + t (m) , q (t ) = 0.6t 2 (rad). Calcule a
aceleração centrípeta para t=10s.

Resolução:

Vimos no problema ! anterior que a aceleração centrípeta é dada por


"
r - rq# ) u r (ms ) . Tendo em conta as leis para r (t ) e q (t ) dadas no enunciado
a c (t ) = (## 2 -2

do problema temos que:

r (t ) = 0.8 , q!(t ) = 1.2t


r!(t ) = 0.8t + 1 , !! (1.8.1)

A partir do qual obtemos para a aceleração centrípeta:

" ! ! !
a c (t ) = éë0.8 - (0.8t + 1)(1.2t ) 2 ùû u r = éë0.8 - 2.1t 3 - 2.6t 2 ùû u r = -1295 u r (ms -2 )

PROBLEMA 1.9

Uma ponto material descreve um movimento circular de raio R=0.5m. No instante ! t=0 s
!
tem-se q = p / 2 rad. A velocidade em função do tempo é dada por v (t ) = 2t uq (m/s) .
2

Escreva a lei do movimento em coordenadas polares e cartesianas.

Resolução:

No problema 1.7 vimos que a velocidade em coordenadas polares é dada por:


" ! !
v(t ) = r#(t ) u r + r (t ) q#(t ) uq (ms -1 ) . (1.9.1)

! !
No presente caso a velocidade da partícula é: v (t ) = 2t 2 uq (m/s) . A componente radial
da velocidade é nula como seria de esperar já que o raio da trajectória é constante e
!
portanto r!(t ) = 0 . Assim sendo, a expressão geral para v (t ) neste caso é:
" !
v(t ) = Rq#(t ) uq (ms -1 ) . Comparando com a lei das velocidades dada no enunciado, tira-
se que:

2t 2
q!(t ) = (rad s -1 ) Þ q!(t ) = 4t 2 (rad s -1 ) . (1.9.2)
R

O deslocamento angular q (t ) é obtido integrando a equação anterior

4
q (t ) = ò q!(t )dt = ò 4t 2 dt = t 3 + K (1.9.3)
3

A constante de integração determina-se usando a informação dada q (t = 0) = p / 2 rad.

11
4
q (t = 0) = K = p / 2 Þ q (t ) = t 3 + p / 2 (rad) (1.9.4)
3

A
! lei do ! movimento
! em coordenadas polares é simplesmente dada por:
r (t ) = R u r = 0.5 u r (m) . Em coordenadas cartesianas esta será dada como já vimos por:
! ! !
r (t ) = x(t ) u x + y (t ) u y . (1.9.5)

Sabendo que para o movimento circular se verifica: x(t ) = R cosq (t ) , y (t ) = R sinq (t ) , e


tendo em conta a lei de variação temporal de q (t ) dada em (1.9.4) tem-se a partir de
(1.9.5)

! é æ4 ö ! æ4 öù !
r (t ) = 0.5 êcos ç t 3 + p / 2 ÷ u x + sin ç t 3 + p / 2 ÷ ú u y (m)
ë è3 ø è3 øû

PROBLEMA 1.10

O braço AO gira em redor de O e o seu movimento é definido pela relação


q (t ) = A - t 2 (rad) . O cursor desliza ao longo do braço sendo o seu deslocamento em
relação a O dado por r (t ) = 1 - Bt 2 (m) . Determinar a velocidade e aceleração do cursor
após este ter girado um ângulo q1 .

Resolução:

No problema 1.7 encontrámos


" ! ! " ! !
v(t ) = r#(t ) u r + r (t ) q#(t ) uq (ms -1 ) e a(t ) = ( r## - rq# 2 ) u r + ( rq## + 2r#q#) u q (ms -2 ) (1.10.1)

r (t ) , q!(t ) e q!!(t ) . Através das expressões de r (t ) e q (t )


Temos então que encontrar r!(t ) , !!
é fácil de obter

r (t ) = -2 B , q!(t ) = -2t , q!!(t ) = -2


r!(t ) = -2 Bt , !!
r (t )
Para obter os vectores velocidade e aceleração
basta substituir estas relações na Eq.(1.10.1). O
resultado é:
q (t )
" ! !
v(t ) = -2 Bt u r - 2t (1 - Bt 2 ) uq (ms -1 )
" ! !
a (t ) = éë 2 B - 4t 2 (1 - Bt 2 ) ùû u r + éë10 Bt 2 - 2 ùû uq (ms -2 )

Temos agora que encontrar o instante tempo t1 que corresponde ao intervalo de tempo
que o braço demorou a rodar q1 . Para isso, usamos a lei q (t ) = A - t 2 (rad) . Para t=0s
temos q (0) = A (rad) então q1 = q (t1 ) - q (0) = -t12 . Isto implica que t1 = q1 . Para

12
determinar a velocidade e a aceleração neste instante de tempo basta substituir t por
! !
t1 em v(t ) e a (t ) . Tem-se então:

" ! !
v(t ) = -2 B q1 u r - 2t (1 - Bq1 ) uq (ms -1 )
" ! !
a (t ) = [ 2 B - 4q1 (1 - Bq1 ) ] u r + [10 Bq1 - 2] uq (ms -2 )

PROBLEMA 1.11

Uma pedra é lançada, na vertical, com uma velocidade v0 = 2 m/s , ficando sujeita à
! ! !
aceleração da gravidade a = - g u y = -9.8 u y (ms -2 ). Calcule:

a) A altura máxima atingida pela pedra.


b) A velocidade com que chega ao solo.
c) O tempo que demora a ir e vir.

Resolução:

a) Para resolver o problema temos de y !


t1 a
encontrar a lei do movimento vertical da pedra.
Para
! isso
! partimos do vector aceleração
a = - g u y . Para obter a velocidade integramos
!
a , o que dá:
hmax
! !
v(t ) = (- gt + K ) u y (1.11.1)

É fácil de ver que a constante K não é mais do !


que v0 e portanto: v0 t2
!
! ! v2
v(t ) = (- gt + v0 ) u y (1.11.2) t = 0s

Do mesmo modo obtemos a lei do movimento integrando o vector velocidade:

! é gt 2 ù!
r (t ) = ê - + v0t + K1 ú u y (m) (1.11.3)
ë 2 û

A constante de integração não é mais do que o o valor da coordenada y no instante


inicial que consideramos ser y=0, logo K1 = 0 e

! é gt 2 ù! gt 2
r (t ) = ê - + v0t ú u y (m) Þ y (t ) = - + v0t (m) (1.11.4)
ë 2 û 2
Para calcular a altura máxima atingida pela pedra temos de calcular o instante de tempo
em que a sua velocidade se anula e calcular o valor da coordenada y nesse instante de
tempo. Temos então:

13
! ! ! v gt 2 v2
v(t1 ) = (- gt1 + v0 ) u y = 0 Þ t1 = 0 (s) , hmax = y (t1 ) = - 1 + v0t1 = 0 (1.11.5)
g 2 2g

Substituindo os valores dados no enunciado hmax ! 0.2 m.

b) Para determinar a velocidade com que a pedra chega ao solo, temos de encontrar o
instante de tempo em que y=0. Para isso, basta resolver a equação

gt22 2v
y (t2 ) = - + v0t2 = 0 Þ t2 = 0 Ú t2 = 0 (1.11.6)
2 g

Obviamente o instante de tempo que nos interessa é t2 = 2v0 / g . Temos agora de


!
determinar v(t2 ) . Pela Eq.(1.11.2)

! ! é 2v ù ! !
v(t2 ) = (- gt2 + v0 ) u y = ê - g 0 + v0 ú u y = -v0 u y (ms -1 ) , (1.11.7)
ë g û
! !
ou seja, v(t2 ) = -2u y (ms -1 ) . Concluímos então que a pedra chega ao solo com
velocidade de módulo igual à velocidade de lançamento. Isto é de esperar já que existe
conservação de energia no sistema.

c) O tempo que a pedra demora a ir e vir não é mais do que t2 = 2v0 / g ! 0.4 s . Repare-
se que o tempo total de percurso é o dobro do tempo de subida, isto é: t2 = 2t1 .

PROBLEMA 1.12

Um canhão que faz um ângulo a com o solo dispara um projéctil com uma velocidade
inicial cujo módulo é v0 , calcule:

a) A altura máxima atingida pelo projéctil


b) O alcance do projéctil.
c) O valor de a para o qual o alcance é máximo.

Resolução: y
t1
a) O movimento em questão é realizado a duas
dimensões. Portanto, a trajectória da partícula é
caracterizada pelas coordenadas x(t ) e y (t ).
Para obter as leis de movimento começamos
novamente pela lei das acelerações:
hmax
x(t ) = 0 , !!
!! y (t ) = - g !
v0
a x
(repare-se que o projéctil está apenas sujeito à
aeleração da gravidade). t2

14
Tal como nos problemas anteriores, obtemos as leis das velocidades integrando as
acelerações. Deste modo:

ì x! (t ) = K1
í (m/s) (1.12.1)
î y! (t ) = - gt + K 2

As constantes de integração K1 e K 2 são respectivamente as componentes da


velocidade inicial em X e em Y, respectivamente. Decompondo o vector
! ! !
v 0 = v0 cos a u x + v0 sin a u y

temos que : K1 =v0 cos a , K 2 = v0 sin a . Substituindo em (1.12.1) obtém-se:

ì x! (t ) = v0 cos a
í (m/s). (1.12.2)
î y! (t ) = - gt + v0 sin a

As leis do movimento extraem-se integrando as equações acima.

ì x(t ) = v0 cos a t + K 3
ï
í t2 (m). (1.12.3)
ï y (t ) = - g + v0 sin a t + K 4
î 2

K 3 e K 4 são agora x(0) e y (0) , respectivamente. Então:

ì x(t ) = v0 cos a t
ï
í t2 (m). (1.12.4)
ï y (t ) = - g + v0 sin a t
î 2

A altura máxima é atingida quando a componente em y da velocidade se anula, isto é


y! (t1 ) = 0 . Usando a Eq.(1.12.2) verifica-se que esta igualdade é verificada para

v0 sin a
y! (t1 ) = - gt1 + v0 sin a = 0 Þ t1 = (s) (1.12.5)
g
Consequentemente:

2
gt 2 g æ v sin a ö v0 sin a
hmax = y (t1 ) = - 1 + v0 sin a t1 = - ç 0 ÷ + v0 sin a Þ
2 2 è g ø g

v02 sin 2 a
hmax = (m)
2g

b) O alcance A é a distância entre o ponto de lançamento e o ponto onde o projéctil cai.


Para o calcular, temos de encontrar o instante de tempo em que o corpo atinge o solo.

15
t22 2v sin a
Ponto onde atinge o solo: y (t2 ) = - g + v0 sin a t2 = 0 Þ t2 = 0 Ú t2 = 0 .
2 g

O alcance é calculado substituindo t2 na equação para x(t ) em (1.12.4).

æ 2v sin a ö
A = x(t2 ) = v0 cos a t2 = v0 cos a ç 0 ÷
è g ø

Tendo em conta que 2sin a cos a = sin(2a ) , tem-se:

v02 sin(2a )
A= (m)
g

c) Para um dado valor de v0 , o alcance será máximo quando for máxima a função sin(2a )
. Obviamente, isto verifica-se para a = p / 4 .

PROBLEMA 1.13

Um jogador de basketball com 2 m de altura está colocado a uma distância de 10 m de


uma tabela e lança uma bola com uma velocidade de valor igual a v0 e segundo um
ângulo de 40º com a horizontal. Determine o valor de v0 de modo que o jogador marque
cesto sem a bola bater na tabela.

Resolução:

Observe o esquema do problema:

Sabemos que x(t1 ) = x1 = 10 m e y (t1 ) = y1 = 3.05 m . O vector velocidade inicial é


! ! ! ! !
v 0 = v0 x u x + v0 y u y = v0 cos a u x + v0 sin a u y (1.14.1)

As equações da trajectória obtem-se tal como foi feito nos problemas anteriores.

16
ì x1
ì x(t ) = v0 xt ïï x (t1 ) º x1 = v0 x t1 Þ t1 =
ï v0 x
í 1 2 (m) Þ í (1.14.2)
ïî y (t ) = y0 + v0 y t - 2 gt ï y (t ) º y = y + v t - 1 gt 2
ïî 1 1 0 0y 1
2
1

Substituindo t1 na segunda equação tem-se

2
1 æ x ö 1 æ x ö g
y1 = y0 + v0 y t1 - gt12 = y0 + v0 y ç 1 ÷ - g ç 1 ÷ Þ v0 x = x1
2 è v0 x ø 2 è v0 x ø 2( y0 - y1 + x1 tan a )

(lembre-se que v0 y / v0 x = tan a ). Tendo em conta que v0 = v0 x / cos a , obtemos

x1 g
v0 x = ! 10.7 ms -1
cos a 2( y0 - y1 + x1 tan a )

Para determinar a altura máxima atingida pela bola procede-se do mesmo modo como
no problema 1.12., ou seja hmax = y (t2 ) onde t2 é o instante de tempo em que a
v sin a
componente em y da velocidade se anula. Como já foi visto, t2 = 0 (ver problema
g
1.12).
2
gt22 g æ v sin a ö v0 sin a
hmax = y (t2 ) = y0 - + v0 sin a t2 = - ç 0 ÷ + v0 sin a
2 2 è g ø g
v 2 sin 2 a
Þ hmax = y0 + 0
2g

Substituindo valores tem-se: hmax ! 4.4 m.

PROBLEMA 1.14

Um navio A colocado a uma distância de 2500 m de uma montanha de altura 1800 m,


pode disparar projécteis com velocidade inicial igual a 250 m/s e segundo um ângulo
que pode ser ajustado pelos operadores de armas do navio. Do lado Oeste. A linha de
costa situa-se a 300 m do pico da montanha (ver figura)

Determine:

a) A distância mínima que um navio B deverá manter em relação à linha de costa


Oeste para que esteja a salvo dos bombardeamentos do navio A.
b) Se o navio B estiver atracado na linha de costa Oeste, com que ângulo deverão
os operadores apontar o canhão para que atinjam o navio B.

17
Resolução:

a) O esquema é:

Sabemos que o ponto P tem que pertencer à trajectória do projéctil. Interessa-nos


estudar as trajectórias limite em que o projéctil passa a rasar no pico da montanha. Estas
são representadas na figura por A e B e correspondem aos trajectos de alcance mínimo
e máximo, respectivamente. O ponto P tem coordenadas x1 = 2500 m e y1 = 1800 m .
Suponhamos que o projéctil passa pelo ponto P no instante de tempo t1 . As equações
de movimento são:

ì x1
ì x(t ) = v0 xt ï x(t1 ) º x1 = v0 xt1 Þ t1 = v
ï ï 0x
í 1 2 (m) Þ í 2
ïî y (t ) = v0 y t - 2 gt ï y (t ) º y = v t - 1 gt 2 Þ y = v x1 - 1 g æ x1 ö
ï 1 1 0y 1 1 1 0y ç ÷
î 2 v0 x 2 è v0 x ø

A segunda equação pode ser escrita na forma (tem-se em conta que v0 y / v0 x = tan a )

æ gx 2 ö æ gx 2 ö
tan 2 a ç 1 ÷ - v02 x1 tan a + ç y1v02 + 1 ÷ = 0 .
è 2 ø è 2 ø

As soluções desta equação são:

v02 x1 ± v04 x12 - 2 gx12 ( y1v02 + gx12 / 2)


tan a = Þ tan a = 3.9 Ú tan a = 1.2
gx12

Obviamente a trajectória que corresponde ao alcance máximo é a que tem tan a = 1.2 ,
que corresponde a um ângulo de lançamento de a ! 50.2º . Podemos agora determinar
o alcance.

v02 sin(2a )
A= ! 6830.4 m (ver problema 1.12).
g

18
Então, a distância mínima da costa a que o navio B está a salvo é
d min = A - x1 - 300 = 4030 m.

b) Para que os operadores acertem no navio B quando este está atracado na costa
Oeste, o ângulo de lançamento tem que ser tal que os pontos P e D pertençam à
trajectória do movimento.

P : ( x1 , y1 ) x(t1 ) º x1 = 2500 m , y (t1 ) º y1 = 1800 m


D : ( x2 , y2 ) x(t2 ) º x2 = 2800 m , y (t2 ) º y2 = 0 m

Usando as equações de x(t ) tem-se: t1 = x1 / v0 x , t2 = x2 / v0 y . Substituindo na equação de


y (t ) dá

ì x1 1 æ x1 ö
2
1 æ x1 ö
2

ï y1 = v0 y - gç ÷ Þ y1 = x1 tan a - g ç ÷
ï v0 x 2 è v0 x ø 2 è v0 x ø
í 2 2
ï x2 1 æ x2 ö 1 æ x2 ö
ï0 = v0 y - gç ÷ Þ 0 = x2 tan a - g ç ÷
î v 0 x 2 è v0 x ø 2 è v0 x ø

Multiplicando a primeira equação por x22 , a segunda por x12 e subtraindo os resultados

y1 x2
y1 x22 = x1 x2 ( x2 - x1 ) tan a Þ tan a = Þ a ! 81.5º
x1 ( x2 - x1 )

O ângulo com que os operadores devem apontar o canhão é 81.5º.

PROBLEMA 1.15

A 10 m da rede de um campo de ténis e a 0.5 m do chão foi batida uma bola. Sabendo
que a bola passa a rasar a rede que tem 1 m de altura e cai a 5 m desta, determine o
vector velocidade com que a bola foi batida e a altura máxima atingida pela mesma.

Resolução: y

ì x(t ) = v0 x t
ï
í t2 (m).
ï y (t ) = y 0 - g + v0 y t
î 2 !
v0 t1
Usando as equações da trajectória a
y0 y1
x t2
x(t2 ) º x2 = v0 xt2 Þ t2 = 2 x
v0 x
x1
x
x(t1 ) º x1 = v0 x t1 Þ t1 = 1 x2
v0 x
Usando as equações de y (t ) e substituindo t1 e t2 :

19
ì t12 t12 g æ x1 ö
2
x1
ï y1 = y0 - g + v0 y t1 Þ y1 = y0 - g + v0 y t1 = y0 - ç ÷ + v0 y
ï 2 2 2 è v0 x ø v0 x
í 2
ï t22 t22 g æ x2 ö x2
ï y2 = y0 - g + v0 y t2 Þ y2 = y0 - g + v0 y t2 = y0 - ç ÷ + v0 y
î 2 2 2 è v0 x ø v0 x

Tendo em conta que v0 y / v0 x = tan a , e usando o mesmo método do problema anterior


para resolver o sistema, obtemos
x22 y1 + y0 ( x12 - x22 )
y0 ( x12 - x22 ) + x1 x2 ( x1 - x2 ) tan a = - x22 y1 Þ tana =
x1 x2 ( x1 - x2 )
2
gæ x ö
Esta equação, em conjunto com y0 - ç 2 ÷ + x2 tan a = 0 , obtém-se
2 è v0 x ø
gx22
v0 x = , v0 y = v0 x tan a
2( y0 + x2 tan a )
Substituindo os valores tem-se:

tan a ! 0.2 , v0 x = 17.1 ms -1 , v0 y = 3.7 ms -1


! ! ! ! !
Logo, o vector velocidade inicial será v 0 = v0 x u x + v0 y u y = 17.1 u x + 3.7 u y (ms ) .
-1

PROBLEMA 1.16

Uma partícula move-se rectilineamente, verificando-se a relação !!x(t ) = - K x! 2 (t ) entre a


aceleração e a velocidade. No instante t=0s a partícula encontra-se no ponto x0 e a sua
velocidade é v0 . Obtenha a lei do movimento.

Resolução:

!!
x(t )
A relação dada pode ser escrita como: - = K . Integrando a equação obtém-se:
x! 2 (t )
!!
x(t ) 1 1
- ò 2 dt = ò K dt Þ = Kt + C Þ x! (t ) =
x! (t ) x! (t ) Kt + C

A constante de integração C é determinada tendo em conta que x! (0) = v0 . Logo


1 1 v0
x! (0) = = v0 Þ C = Þ x! (t ) = (m/s)
C v0 v0 Kt + 1

Para obter a lei do movimento integra-se x! (t ) , ou seja


æ v0 ö 1
x(t ) = ò x! (t ) dt = ò ç ÷ dt = ln(v0 Kt + 1) + C2
è v0 Kt + 1 ø K

20
A constante de integração C2 obtém-se sabendo que x(0) = x0 Þ x(0) = C2 = x0 . Pela
equação acima obtemos então para a lei do movimento.

1
x(t ) = ln(v0 Kt + 1) + x0 (m)
K

PROBLEMA 1.17

Uma gota de chuva cai verticalmente com velocidade constante e de módulo vc na


!
extremidade A de um tubo AB que se desloca com velocidade horizontal v . Qual o valor
de v de modo que a gota caia sem tocar nas paredes laterais do tubo.

Resolução:
y
A
!!!" !!"
vc / t vc

! x
v
B a

!!"
vc - velocidade da chuva em relaçao à Terra
!
v - velocidade do tubo em relaçao à Terra
!!!"
vc / t - velocidade da chuva em relaçao ao tubo.

Pela lei da composição das velocidades temos:


!!!" !!" " !!!" !!" !!"
vc / t = vc - v Û vc / t = - v u x - vc u y .

Para que a gota não toque as paredes do tubo, a velocidade da gota em relação ao tubo
tem que fazer um ângulo - a com a horizontal como indica a figura. Da equação anterior
é fácil de ver que:
v v
tan a = c Þ v = c (m/s) .
v tan a

21
2. DINÂMICA DA PARTÍCULA MATERIAL

PROBLEMA 2.1
!!" !!"
Duas forças constantes F1 e F2 actuam sobre um ponto
material de massa m, como indica a figura. Determine: !!"
F2
a) A aceleração do ponto material.
a
b) A velocidade do mesmo para t=1s, sabendo que v0
! !!" !!"
e que v 0 tem a mesma direcção e sentido de F2 . F1

Resolução:
!!" " !!"
a) Para determinar a aceleração usamos a lei de Newton Ft = ma em que Ft é a
!!" !!" !!"
resultante das forças que actuam na partícula. Neste caso Ft = F1 + F2 . Para isso,
!!" !!"
convém decompor os vectores F1 e F2 nas suas componentes.
!!" " !!" " "
F1 = F1 u x , F2 = F2 cos a u x + F2 sin a u y (2.1.1)
!!" !!" !!"
Efectuando a soma Ft = F1 + F2 tem-se:
!!" !!" !!" " "
Ft = F1 + F2 = ( F1 + F2 cos a ) u x + F2 sin a u y
!!" !!" !!"
" F F + F F + F cos a " F " (2.1.2)
Þ a= t = 1 2
= 1 2
u x + 2 sin a u y
m m m m

b) A velocidade determina-se a partir da aceleração como foi visto no capítulo anterior.


Tendo em conta o que foi obtido na alínea anterior obtemos:

! æ F + F2 cos a ö ! æ F sin a ö!
v(t ) = ç 1 t + K1 ÷ u x + ç 2 t + K2 ÷ u y . (2.1.2)
è m ø è m ø

As constantes de integração
!
determinam-se a partir das condições iniciais que!!"
descrevem o vector v 0 . Dado que este tem a mesma direcção e sentido do vector F2
tem-se que:
!!" " "
v0 = v0 cos a u x + v0 sin a u y Þ K1 = v0 cos a , K 2 = v0 sin a .

! æ F + F2 cos a ö ! æ F sin a ö!
Logo: v(t ) = ç 1 t + v0 cos a ÷ u x + ç 2 t + v0 sin a ÷ u y (m/s).
è m ø è m ø

! æ F + F2 cos a ö ! æ F sin a ö!
Para t=1s dá: v(t ) = ç 1 + v0 cos a ÷ u x + ç 2 + v0 sin a ÷ u y (m/s)
è m ø è m ø

22
PROBLEMA 2.2

Considere o sistema indicado na figura.

!" !!"
!" T1 a2
a1 !!"
T2
m1
!" m2
P1
!!"
P2
Determine:

a) A aceleração das massas m1 e m2 .


b) A tensão na corda.

Resolução:

Neste problema desprezam-se as massas do fio e da roldana, e considera-se !" o fio


inextensível.
!" As forças que actuam em cada uma das massas são o peso P e a tensão
T . Visto que se está a desprezar o movimento rotacional da roldana, T1 = T2 = T . Além
disso, como o fio é inextensível tem-se a1 = a2 º a isto é, as acelerações dos dois corpos
são iguais em módulo, tem a mesma direcção
!!" " mas sentidos contrários. Para resolver o
problema aplicamos a lei de Newton Ft = ma para cada um dos corpos. Tem-se então
(considerando o sentido positivo do eixo dos YY como sendo de baixo para cima):

ì m - m1
ï a= 2 g
ìT - P1 = m1a ìT - m1 g = m1a ï m1 + m2
í Û í Ûí
îT - P2 = -m2 a îT - m2 g = -m2 a ïT = 2m2 m1 g
ïî m1 + m2
Assim sendo temos que:

!" !!" !!" m - m !!" !" !!" 2m m !!"


a1 = -a2 = au y = 2 1
g u y (ms -2 ) , T = T u y = 2 1
g u y (N)
m1 + m2 m1 + m2

NOTA: Repare-se que o sinal obtido para a aceleração depende da relação entre as
massas. No presente caso, o sentido positivo escolhido é consistente com a relação
m1 > m2 . Se m1 < m2 , o sinal da aceleração vem negativo, o que quer dizer que

23
escolhemos mal o sentido do movimento do sistema. Esta questão dos sinais não
influencia o resultado final, se a lei de Newton para cada um dos corpos for aplicada
consistentemente.

PROBLEMA 2.3

Considere o sistema indicado na figura (despreze as forças de atrito, a massa da roldana


e do fio e considere o fio inextensível).

!" !" !!"


a1 T1 T2
a b !!"
m2 a2
m1
!" !!"
P1 P2

Determine a aceleração dos corpos e a tensão na corda (repare que este problema lhe
permite resolver muitos outros que geralmente se encontram onde os ângulos tomam
valores específicos).

Resolução:

Pelas mesmas razoes apresentadas no problema anterior, também neste caso temos
T1 = T2 = T e a1 = a2 º a . O movimento dos corpos é agora a duas dimensões.
Escolhemos um sistema de referencia composto por um eixo paralelo à direcção do
movimento (XX) e outro perpendicular ao primeiro (YY). Para calcular a tensão e a
aceleração, aplicamos a lei de Newton aos dois corpos, consistentemente com os
sentidos escolhidos. Trataremos então as duas direcções separadamente. Repare-se
que na direcção YY não há movimento, logo a aceleração em YY é nula e, portanto, o
somatório das forças será zero.

y
!!"
R1 !"
T1 ì XX : Fx = P1x - T = m1a Û m1 g cos a - T = m1a
ï
!" m1 í
a1 a !" ïYY : F = R - P = 0 Û R - m g sin a = 0 Û R = m g sin a
î y 1 1y 1 1 1 1
P1
y
x
ì XX : Fx = P2 x - T = -m2 a Û m2 g cos b - T = -m2 a !!" !!"
ï T2 R2
í !!"
ïYY : F = R - P = 0 Û R - m g sin b = 0 Û R = m g sin a m2 a2
î y 2 2y 2 2 2 2
b
x
!!"
P2
24
As duas equações a reter para resolver o problema são. O resultado é:

ì m1 cos a - m2 cos b
ï a = g (ms -2 )
ìT = m1 ( g cos a - a ) ï m1 + m2
í Ûí .
îT = m2 ( g cos b + a ) ïT = m1m2 (cos a + cos b ) g (N)
ïî m1 + m2
Assim sendo temos:

m1 cos a - m2 cos b m m (cos a + cos b )


a= g (ms -2 ) , T = 1 2 g (N)
m1 + m2 m1 + m2

PROBLEMA 2.4

Considere o sistema da figura que se encontra em equilíbrio. O corpo suspenso tem


massa m . Determine as tensões na corda.

a b
Resolução:

Escolhemos origem do referencial o ponto de


encontro das três cordas. Como o sistema está
em equilíbrio, o somatório das forças terá de se
anular. m

!!" Para o corpo de massa m vê-se


!" T2 automáticamente que
T1
a b T3 - P = 0 Û T3 - mg = 0
!!" x
T3
o que dá:
T3 = mg (N) .
!!"
T3
As restantes
!" !!" !!tensões
" " determinam-se tendo em conta
!" que T1 + T2 + T3 = 0 .
P

Decompondo os vectores em componentes tem-se:


!" !!" !!"
T1 = -T1 cos a u x + T1 sin a u y
!!" !!" !!"
T2 = T2 cos b u x + T2 sin b u y
!" !!"
T1 = -T3 u y

25
!" !!" !!" "
A condição T1 + T2 + T3 = 0 implica:

ì-T1 cos a + T2 cos b = 0


í
îT1 sin a + T2 sin b - T3 = 0 Û T1 sin a + T2 sin b - mg = 0

O sistema tem duas equações e duas incógnitas. É fácil de obter a solução:

mg mg cos a
T1 = , T2 = , T1 = mg (N)
cos a tan b + sin a sin(a + b )

PROBLEMA 2.4

Considere um corpo de massa m colocado sobre um plano inclinado. O corpo encontra-


se preso pela extremidade de uma corda indeformável e de massa desprezável cuja
extremidade oposta está persa ao topo do plano inclinado (ver figura).
Determine:
y
a) A tensão na corda. a
b) A reacção que o plano exerce sobre o corpo. !"
T !"
c) A aceleração com que o corpo desce o plano R
inclinado se se cortar a corda.
a
!" x
P

Resolução:

a+b) Nas condições desta alínea o corpo está em repou-


so. Portanto, o somatório das forças é nulo em am-
bas as direcções XX e YY. É fácil de ver que:

ìï Px - T = 0 ì P cos a - T = 0 ìT = mg cos a
í Ûí Ûí (N)
ïî R - Py = 0 î R - P sin a = 0 î R = mg sin a

c) Ao cortar-se a corda o corpo inicia o seu movimento sob a acção do seu peso.
Aplicando a lei de Newton temos que:

Px = ma Û mg cos a = ma Û a = g cos a (ms -2 ) .


! ""!
Portanto, o corpo passa a mover-se com aceleração igual a a = g cos a u x (ms -2 ) .

26
PROBLEMA 2.5

Um corpo de massa m1 move-se sobre uma mesa horizontal com movimento circular
uniforme (raio l ) de velocidade angular w =constante, e está ligado por um fio (sem
massa) a uma massa m2 como indica a figura. Determine a velocidade angular que deve
ter o corpo de massa m1 para equilibrar a massa m2 .

m1

m2

Resolução:

Como o movimento é circular uniforme, o corpo de massa m1 tem apenas aceleração


!!" !!" !!" !!"
centrípeta ac ,e portantourestará sujeito a uma força centrípeta Fc = mac .

Aplicando a lei de Newton a m1 temos:

!" !!" !!" !!" !!" !!" !!"


T = Fc Fr = Fc = m1 ac = -m1lw 2 ur = -T ur (ver problema 1.7).

Isto implica que: T = m1lw 2 .

Tendo em conta que queremos que o corpo de massa m2 permaneça em repouso,


temos que o somatório das forças que nele actuam seja nulo. Ou seja:

!" T - P2 = 0 Û T = m2 g (N) .
T
m2 Considerando que a tensão foi calculada como sendo T = m1lw 2 , temos
!!" então que: m1lw 2 = m2 g pelo que:
P2
m2 g
w= (rad/s).
m1l

PROBLEMA 2.6

Considere um copo hemisférico. Supondo que se deixacair de q = p / 2 , um corpo de


massa m = 0.1 Kg e sabendo que a tensão máxima que o corpo suporta é Tmax = 2
N, determine o ângulo q para o qual o copo parte (considere que o copo tem raio l ) .

27
!"
R
q !"
P

Resolução:

A força resultante que actua sobre o corpo é dada


por:

!!" !" !!" !!"


!" P = P cos q ur - P sin q uq
R uq !" !!"
T = -T ur
!!" !" !" !!" !!"
Fr = P + T = (mg cos q - T ) ur - mg sin q uq
q
!" !!" Por outro lado, a aceleração é dada por :
P ur
" ! ! ! !
r - rq# 2 ) u r +(rq## + 2r#q#) uq = lq# 2 u r +lq## uq (ms -2 )
a (t ) = (##

!!" "
Pela lei de Newton Fr = ma obtemos:

ì !! mg sin q
""# ""#
!
#
!!
# ïq = (2.6.1)
(mg cos q - T ) ur - mg sin q uq = lq u r +lq uq Û í
2
l
ïT = m( g cos q + lq! 2 ) (2.6.2)
î

dq! dq! dq ! dq!


Fazendo: q!! = = =q , e tendo em conta a equação (2.6.1), tem-se:
dt dq dt dq

dq! mg sin q mg sin q


q! = Û q!dq! = dq
dq l l

Integrando a equação acima:

q! 2 mg cos q
ò ò
mg sin q
q!dq! = dq Û = +C (2.6.3)
l 2 l

A constante de integração C é determinada sabendo que o corpo foi deixado cair com
velocidade nula, e logo q! = 0 rad/s , da posição q = p / 2 . Usando então a Eq.(2.6.3)

28
mg cos(p / 2) 2mg cos q
0= + C Þ C = 0 Þ q! =
l l

Substituindo na Eq.(2.6.2). obtém-se:

2mg cos q
T = mg cos q + l = 3mg cos q (2.6.4)
l

Para encontrarmos o ângulo q a partir do qual o copo parte temos de considerar que a
força que o corpo exerce sobre o copo é igual, em módulo, à reacção que o copo exerce
sobre o corpo. Sendo assim, o ângulo para o qual o corpo exerce a tensão máxima
suportável pelo copo é, pela Eq.(2.6.4),

æ Tmax ö
q = arcos ç ÷ ! 47º
è 3mg ø

PROBLEMA 2.7

Um objecto é atirado ao longo de um plano horizontal com velocidade v0 . O atrito é dado


!!" !!"
por uma força oposta à velocidade e proporcional ao peso do objecto: Fat = - µ mg u x (N)
.

a) A que distancia do ponto de lançamento o objecto pára.


b) Determine a posição e a velocidade em função do tempo.

Resolução:

a+b) A única força que actua sobre o corpo na direcção do movimento é a força de atrito.

!!" !!" " " !!" !!" !


Fr = - µ mg u x = ma Û a = - µ g u x Fat v

! ""!
Daqui obtém-se a lei das velocidades: v(t ) = (- µ gt + v0 ) u x .
O instante de tempo em que o corpo pára é aquele que corresponde ao anulamento da
velocidade, isto é t1 = v0 /µ g (s) .
A posição em função do tempo é obtida integrando a lei das velocidades.

! æ t2 ö ""!
r (t ) = ç - µ g + v0t ÷ u x (m)
è 2 ø

Para determinar a distancia que o corpo percorre até parar calcula-se x(t1 ) , ou seja,

2
t12 µ g æ v0 ö v0 v02
x(t1 ) = - µ g + v0t1 = - ç ÷ + v0 = (m) .
2 2 è µg ø µ g 2µ g

29
v02
Assim sendo, o corpo pára após percorrer Dx = (m) .
2µ g

PROBLEMA 2.8

Um objecto é lançado na horizontal com velocidade inicial v0 estando sujeito a uma força
!!" !!"
de atrito proporcional à velocidade: Fat = -kh x# u x (N) , em que h é a viscosidade e k o
factor de forma. Escreva a equação de movimento e determine o espaço percorrido pelo
corpo até parar.

Resolução:

A resolução deste problema é semelhante à do problema anterior (veja o esquema).


Temos agora que
!!" !!" " !!" kh
Fr = -kh x# u x = ma = mx## u x Û ##
x=- x#
m

A equação anterior permite-nos determinar a lei das velocidades do seguinte modo:

ò ò
!!
x !!
x kh kh
= -kh Þ dt = - dt Û ln x! = - t + C
x! x! m m
.
æ kh ö æ kh ö
Û x! (t ) = exp ç - t + C ÷ º A exp ç - t ÷
è m ø è m ø

Para encontrar a constante A , considera-se:

æ kh ö
x! (0) = v0 = A Þ x! (t ) = v0 exp ç - t ÷ . (2.8.1)
è m ø

A lei do movimento x(t ) obtém-se integrando x! (t ) , o que dá:

ò ò
æ kh ö mv æ kh ö
x(t ) = x! (t )dt Þ x(t ) = v0 exp ç - t ÷ dt = - 0 exp ç - t ÷ + K .
è m ø kh è m ø

Quanto à constante K , esta determina-se sabendo que x(0) = x0 , pelo que:


mv0 mv mv é æ kh ö ù
x(0) = x0 = - + K Þ K = x0 + 0 Þ x(t ) = x0 + 0 ê1 - exp ç - m t ÷ ú (m)
kh kh kh ë è øû

A distância que o corpo demora a parar é:

mv0 mv
Dx = x(t ® ¥) - x0 = x0 + - x0 = 0 (m) .
kh kh

30
PROBLEMA 2.9

Um pêndulo cónico consiste numa esfera de massa


m que se movimenta segundo uma trajectória
circular no plano horizontal como se indica na figura.
Durante o movimento, o comprimento do fio de q y
comprimento l que suporta a esfera mantém um l
ângulo q com a horizontal. Determine:
!"
a) A tensão no fio. T q
b) A velocidade angular com que a esfera roda.
!!"
Resolução: !" ur
P
a) A força resultante que actua sobre a esfera (que
consideramos ser um ponto material) é dada por:
!" !!"
P = - Pu y
!" !!" !!"
T = T cos q u y - T sin q ur
!!" !" !" !!" !!"
Fr = P + T = (T cos q - P ) u y - T sin q ur

Visto nao haver movimento na direcção Y obtém-se automaticamente:

mg
T cos q - P = 0 Û T = (N) (2.9.1)
cos q

b)Aplicando a lei de Newton na direcção radial:

!!" !!" !!" !!" T sin q


Fc = mac = -ml 'w 2 ur = -T sin q ur Û w = (rad/s) (2.9.2)
ml '

l ' é o raio da trajectória que é dado por: l ' = l sin q . Substituindo isto na Eq.(2.9.2), e
tendo em conta a expressão para T dada em (2.9.1) tem-se:

mg sin q g
w= = (rad/s)
cos q ml sin q l cos q

PROBLEMA 2.10

Considere
!!" !!novamente
" o problema 2.3. Suponha que existe uma força de atrito do tipo
Fat = - µ R u x , onde µ é o coeficiente de atrito entre o corpo e o plano, e R é o módulo
da reacção normal que o plano exerce sobre o corpo. Determine a tensão na corda e a
aceleração do sistema.

31
Resolução:

Procedemos do mesmo modo descrito no problema 2.3 tendo agora em conta as forças
de atrito e considerando os coeficientes de atrito entre os corpos e cada um dos planos
como sendo diferentes, isto é, µ1 e µ2 . Aplicando a lei de Newton tem-se:

y !"
!!!" T1 ì XX : Fx = P1x - T - Fat1 = m1a Û m1 g cos a - T - µ1R1 = m1a
!!" Fat1
R1 ï
í
m1 ïYY : F = R - P = 0 Û R - m g sin a = 0 Û R = m g sin a
!" î y 1 1y 1 1 1 1
a1 a !" y
P1
x !!" !!"
T2 R2
ì XX : Fx = P2 x - T + Fat 2 = -m2 a Û m2 g cos b - T + µ2 R2 = -m2 a !!"
!!!" a2
ï m2 Fat 2
í b
ïYY : F = R - P = 0 Û R - m g sin b = 0 Û R = m g sin a
î y 2 2y 2 2 2 2
x
!!"
P2

Tendo em conta as expressões para R1 e R2 , e substituindo nas primeiros equações dos


sistemas acima, obtém-se:

ì m1 (cos a - µ1 sin a ) - m2 (cos b + µ 2 sin b )


ï a = g (ms -2 )
ìT = m1 ( g cos a - a - µ1 g sin a ) ï m1 + m2
í Ûí
îT = m2 ( g cos b + µ2 g sin a + a ) ïT = m1m2 (cos a + cos b - µ1 sin a + µ 2 sin b ) g (N)
ïî m1 + m2

que, no limite µ1 = µ2 = 0 reproduz os resultados do problema 2.3.

PROBLEMA 2.11
!
Considere um comboio que se move em linha recta com aceleração constante a . Preso
ao teto do comboio encontra-se um pêndulo de massa m , sendo o comprimento do fio
igual a l . Devido ao movimento acelerado do comboio, o fio faz um ângulo q com a
vertical. Determine q .

Resolução:
l !
Consideremos o problema do ponto de q a
!!" !"
vista de um observador dentro do Fin T
comboio.
!"
P

32
Para este o pêndulo encontra-se !!" em "repouso. Este facto explica-se recorrendo ao
conceito de força de inércia Fin = -ma . Repare-se que, se assim não fosse, um
observador solidário com o pêndulo não conseguiria explicar o anulamento !!" !" !" da "
resultante das forças. Assim sendo, a lei de Newton permite-nos escrever: Fin + T + P = 0
. Decompondo as forças nas suas componentes tem-se:
!!" !!" " !!" !!" "
(- Fin + T sin q ) u x + (T cos q - P) u y = 0 Û ( -ma + T sin q ) u x + (T cos q - mg ) u y = 0 .

Isto implica:
ìT sin q = ma a æaö
í Þ tan q = Û q = arctan ç ÷ (rad) .
îT cos q = mg g ègø

(resolva agora o problema do ponto de vista de um observador fora do comboio e


verifique o mesmo resultado).

PROBLEMA 2.12

Considere um corpo de massa m que se encontra apoiado na parede lateral de um


cilindro (de raio r ) que roda com velocidade angular constante w . Determine a
velocidade angular mínima do cilindro de modo que o corpo não escorregue na vertical.
Resolução:
!!"
Queremos saber qual a velocidade angular que garante uy
o anulamento das forças
!" !!" na" direcção vertical, ou seja, !!"
quando se verifica P + Fat = 0 . Para a direcção radial !" Fat !!"
R ur
temos:
!!" !!" !!" !!" !"
Fc = mac = -mrw 2 ur = - R ur Û R = mrw 2 P

!!" !!" !!" !" !!" "


Sendo assim, a força de atrito é: Fat = µ R u y = µ mrw u y . A condição P + Fat = 0 implica
2

então:
g
µ mrw 2 = P = mg Þ w = (rad/s) .
µr

PROBLEMA 2.13

Um corpo de massa m mantém-se em !" m


equilíbrio nas condições da figura ao lado F
devido à acção
!" de uma força horizontal
constante F . Determine o valor do ângulo a .
a

33
Resolução:
!!"
!!" !" !" !" " uy
Como o corpo está em equilíbrio, tem-se Fr = F + R + P = 0 .
Usando o esquema ao lado: !" !"
R F
!!" !" !" !" "
Fr = F + R + P = 0
!!" !!" " !!"
ux a
Û ( P sin a - F cos a ) u x + ( R - P cos a - F sin a ) u y = 0
!"
Esta equação permite escrever: P

F
P sin a - F cos a = 0 Û F cos a = mg sin a Û tan a = ,
mg
æ F ö
o que implica: a = arctan ç ÷ (rad) .
è mg ø

!!"
ur

34
3. TRABALHO E ENERGIA
PROBLEMA 3.1

Considere um corpo de massa m por uma mola. Sabendo que a mola actua no corpo
!" !!"
com uma força: F ( x) = -(k1 x + k2 x 3 ) u x (N) . Considere k1 = 1 N/m , k2 = 1 N/m3 .
Determine:

a) O trabalho realizado pela mola quando o corpo se desloca de x1 = 1 m a x2 = 2 m


.
b) A variação da energia cinética DK durante esse movimento supondo que a força
da mola foi a única força aplicada

Resolução:

a) O trabalho realizado pela força no trajecto AB é dado por:

!" !!"
WAB = ò F .dr
AB
!!" !!" !!"
Como o movimento é a uma dimensão o deslocamento infinitesimal dr é: dr = dx u x .
Logo:
x2
!" !!" x2 !!" !!" x2
é x2 x4 ù
WAB = ò F .dr = ò éë -(k1 x + k2 x ) u x ùû. éë dx u x ùû = ò -(k1 x + k 2 x )dx = - êk1 + k 2 ú
3 3

AB x1 x1 ë 2 4 ûx
1

æ x 2 - x22 ö æ x14 - x24 ö


= k1 ç 1 +
÷ 2çk ÷ # -5.3 J
è 2 ø è 4 ø

Como seria de esperar o trabalho é negativo já que a força é resistiva (contrária ao


movimento).

b) Para determinar a variação da energia cinética DK podemos usar o teorema do


trabalho e energia que diz que o trabalho realizado pela resultante das forças é igual à
variação
!" da energia cinética. Como neste caso a única força que actua no corpo é a
força F ( x) , então DK = WAB = ! -5.3 J .

PROBLEMA 3.2

Considere um ponto material de massa m em movimento do ponto x1 = 0 m a x2 = 1 m


com velocidade dada por x! (t ) = bx 2 (t ) . Determine:

a) O trabalho realizado pela força resultante que actua no ponto material usando o
teorema do trabalho-energia ( b = 2.0 m -1s -1 ).
b) O trabalho realizado pela força resultante que actua no ponto material ,sem usar
o teorema do trabalho-energia.

35
Resolução:

a) Pela teorema do trabalho-energia DK = K ( x2 ) - K ( x1 ) = WAB . Para determinarmos a


energia cinética em cada um dos pontos notamos que:

1 1 1
K = mx! 2 = mb 2 x 4 Þ DK = K ( x2 ) - K ( x1 ) = mb 2 ( x24 - x14 ) = 1 J
2 2 2
!!" !!"
b) Vamos agora determinar o trabalho usando a definição: WAB = ò Fr .dr . A força
AB
resultante é:
!!" " dx# (t ) !!" d !!" !!"
Fr = ma = m u x = m éëbx 2 (t ) ùû u x = 2mbx(t ) x# (t ) u x
dt dt .
!!
" !!"
= 2mbx(t ) éëbx 2 (t ) ùû u x = 2mb 2 x 3 (t ) ux

!!"
A partir desta expressão para Fr calculamos o trabalho fazendo:

x
!!" !!" x2 !!" !!" x2
é mb 2 x 4 ù
2
mb 2 4
WAB = ò Fr .dr = ò éë 2mb x u x ùû. éë dx u x ùû = ò 2mb x dx = ê
2 3 2 3
ú = ( x2 - x14 ) = 1 J ,
AB x1 x1 ë 2 û x1 2

que é o mesmo resultado que o obtido na alínea anterior.

PROBLEMA 3.3

Um ponto material de massa m move-se de acordo com a lei x(t ) = bect (m) . Determine:

a) O trabalho realizado pela força resultante no movimento entre os instantes


t0 e t1 = t0 + Dt , usando o teorema do trabalho-energia.
b) O trabalho realizado pela força resultante no movimento entre os instantes
t0 e t1 = t0 + Dt , usando a definição de trabalho.

Resolução:

a) Pela teorema do trabalho-energia DK = K (t1 ) - K (t0 ) = WAB . Para determinarmos a


energia cinética em cada um dos pontos notamos que:

1 1 1 1
2 2 2
(2
)
K = mx! 2 = mb 2 e 2 ct Þ DK = K (t1 ) - K (t0 ) = mb 2 e 2 ct1 - e 2 ct0 = mb 2e 2 ct0 ( e 2 cDt - 1) (J)
!!" !!"
b) Vamos agora determinar o trabalho usando a definição: WAB = ò Fr .dr . A força
AB
resultante é:
!!" " dx# (t ) !!" d !!" !!"
Fr = ma = m u x = m éëbect ùû u x = mbect u x
dt dt

36
por outro lado:
!!"
!!" !!" !!" dr !!" "
WAB = ò
AB
Fr .dr = òAB Fr . dt dt = ABò Fr .v dt .
! ! ""! ""!
A velocidade v é determinada tendo em conta: v(t ) = x# (t ) u x = bect u x . Então,

!!" " t1
!!" !!" t1
mb 2 2 ct t1
WAB = ò Fr .v dt = ò ë mbe u x û. ëbe u x û dt = ò mb e dt =
é ct
ù é ct
ù 2 2 ct
ée ù
2 ë û t0
AB t0 t0
,
2
mb 1
= éëe 2 ct1 - e 2 ct0 ùû = mb 2 e 2 ct0 ( e 2 cDt - 1) (J)
2 2

que é o mesmo resultado da alínea a).

PROBLEMA 3.4

O bloco de massa M na figura parte da posição de equilíbrio x0 = 0 com velocidade


!!"
inicial v0 dirigida da esquerda para a direita percorrendo nesta direcção uma distância
L até parar. A constante da mola é k e o coeficiente de atrito entre o bloco e o plano é
µ . Determine:

c) O trabalho realizado pela força de atrito.


d) O trabalho realizado pela força elástica da mola.
e) O trabalho realizado pela reacção normal do plano sobre o bloco.
f) O trabalho total realizado pelo peso do bloco.
g) Determine L usando o teorema do trabalho-energia.

Resolução:
!!"
Fel !"
a) A força de atrito é dada por: R !!"
v0
!!" !!" !!" M
Fat = - µ R u x = - µ Mg u x (N) .
!"
P
O trabalho realizado pela força de atrito entre
x
x0 e x1 é dado por:
x0 = 0 x1 = L
!!" !!" x1 !!" !!"
Wat = ò
AB
Fat .dr = ò éë - µ Mg u x ùû. éë dx u x ùû = - µ Mg ( x1 - x0 ) = - µ MgL (J) .
x0

!!" !!"
b) A força elástica da mola é: Fel = -kx u x (N). Então, o trabalho realizado pela força de
atrito é:

x1
!!" !!" x1 !!" !!" é x2 ù k kL2
Wel = ò Fel .dr = ò éë -kx u x ùû. éë dx u x ùû = - ê k ú = ( x02 - x12 ) = - (J)
AB x0 ë 2 û x0 2 2

37
!"
c) O trabalho realizado por R é nulo já que esta força é perpendicular à direcção do
movimento (lembre-se que para realizar trabalho uma força tem que ter componente na
direcção da trajectória).
!"
d) Pela mesma razão da alínea anterior, o trabalho realizado pelo peso P é nulo.

e) O trabalho total realizado sobre o bloco é:


kL2
Wtot = Wat + Wel + WR + WP = - µ MgL - (J)
2
f) Pelo teorema do trabalho e energia:
1 1
Wtot = DK = K f - K i = 0 - Mv02 = - Mv02
2 2

Igualando ao resultado da alínea anterior:

2
1 kL2 2 µ Mg Mv02 µ Mg æ µ Mg ö Mv0
2
- Mv02 = - µ MgL - Û L2 + - =0 Û L=- ± ç ÷ + .
2 2 k k k è k ø k

2
µ Mg æ µ Mg ö Mv0
2
É fácil de ver que a solução correcta é: L = - + ç ÷ + .
k è k ø k

PROBLEMA 3.5

Considere um corpo de massa m em movimento circular de raio r no qual actua a força


!!" !!" !!" !!"
(juntamente com as outras) F1 = y u x - x u y (N). Determine o trabalho realizado por F1
quando o corpo vai de q 0 a q1 .

Resolução:
!!" !!" !!" !!" !!" !!"
A força F1 pode ser escrita como: F1 = y u x - x u y =r (sin q u x - cos q u y ) .
No problema 1.7 vimos que
! ! !
u r = cos q u x + sin q u y
! ! ! .
uq = - sin q u x + cos q u y
!!" "
Podemos então escrever: F1 = -r uq . O trabalho é determinado por:
!!"
!!" !!" q1 !!" dr
W = ò F1.dr = ò F1. dq .
q0 dq
!!"
! ""! ""! dr !!" !!" !!"
Tendo em conta que: r =r (cos q u x + sin q u y ) tem-se: = r (- sin q u x + cos q u y ) = r uq .
dq
O trabalho é então:

38
q1
!!" q1 q1
!!" dr " !!"
W = ò F1. dq = ò ë -r uq û. ë r uq û dq = - ò r 2 dq = r 2 (q 0 - q1 ) (J)
é ù é ù
q0 dq q0 q0

PROBLEMA 3.6
! ""! ""!
Um ponto material de massa m move-se de acordo com a lei r (t ) = t u x +2t u y (m) .
2

Determine:

a) O trabalho realizado pela força resultante no movimento entre os instantes t0 e t1 ,


usando o teorema do trabalho-energia.
b) O trabalho realizado pela força resultante no movimento entre os instantes t0 e t1 ,
usando a definição de trabalho.

Resolução:

a) Pela teorema do trabalho-energia DK = K (t1 ) - K (t0 ) = WAB . Para determinarmos a


energia cinética em cada um dos pontos notamos que:
!
! d r (t ) ""! ""!
v(t ) = = u x +4t u y Þ v 2 (t ) = 1 + 16t 2 (m 2s -2 ) .
dt
1 m
A energia cinética é então: K (t ) = mv 2 (t ) = (1 + 16t 2 ) (J) . Logo, para determinar a
2 2
variação da energia cinética calculamos:

m
DK = K (t1 ) - K (t0 ) = (1 + 16t12 - 1 - 16t22 ) = 8m(t12 - t02 ) (J) ,
2

pelo que: W = DK = 8m(t12 - t02 ) (J) .

!!" !!"
b) Vamos agora determinar o trabalho usando a definição: WAB = ò
AB
Fr .dr . A força

resultante é:
!
""! ! d v(t ) d ""! ""! ""!
Fr = ma = m = m éëu x +4t u y ùû = 4m u y
dt dt
por outro lado:
!!"
!!" !!" !!" dr !!" "
W = ò Fr .dr = ò Fr . dt = ò Fr .v dt .
dt
! ! ""! ""!
A velocidade v foi já determinada na alínea anterior: v(t ) = u x +4t u y Então,

!!" " t1
!!" !!" !!" t1
t1
W = ò Fr .v dt = ò éë 4m u y ùû. éëu x +4t u y ùû dt = ò 16mt dt = éë8mt 2 ùû = 8m(t12 - t02 ) (J) ,
t0
t0 t0

39
que coincide com o resultado da alínea a).

PROBLEMA 3.7

A energia potencial de um ponto material é dada por: U ( x) = 2 x 2 - x 3 (J). Determine a


força que actua no ponto material.

Resolução:
!" !"
A definição da força a partir do potencial é: F = -ÑU . A definição de gradiente de um
campo escalar é:

!" ¶X !!" ¶X !!" ¶X !!"


ÑX = ux + uy + uz .
¶x ¶y ¶z

!" !" ¶U !!" !!"


Neste caso temos: F = -ÑU = - u x = (3x 2 - 4 x) u x (N) . Repare-se que a força só tem
¶x
componente em x já que o potencial depende só desta variável.

PROBLEMA 3.8

Um ponto material
!" move-se !!" ao longo do eixo dos xx no sentido positivo sob a acção de
uma força F ( x) = (2 x - 1) u x . Determine:

a) A variação da energia potencial do ponto material entre os pontos


x0 = 2 m e x1 = 4 m.
b) A energia potencial escolhendo U ( x = 1 m) = 0 J.

Resolução:
!" !" ¶U ( x) !!" !!"
Sabemos que: F ( x) = -ÑU ( x) = - u x = (2 x - 1) u x .
¶x
Isto implica:
¶U ( x)
- = (2 x - 1) Þ U ( x) = x - x 2 + C .
¶x

Para determinarmos a variação da energia potencial fazemos:

DU = U ( x1 ) - U ( x0 ) = ( x1 - x12 + C ) - ( x0 - x02 + C ) = x02 - x12 + x1 - x0 = -10 J

b) A energia potencial em função de x determina-se a partir da lei obtida na alínea


anterior calculando a constante C . Para isso usamos U ( x = 1 m) = 0 J. Logo,

U ( x = 1 m) = C = 0 Þ U ( x) = x - x 2 (J).

40
PROBLEMA 3.9

Considere !"uma mola que não!!"obedece à lei de Hooke, sendo a força que ela exerce
dada por: F ( x) = -(k1 x + k2 x 2 ) u x (N) .
! ""!
O afastamento da mola da sua posição de equilíbrio é dada por r = x u x .

a) Calcule o trabalho necessário para distender a mola de x0 a x1 .


b) Suponha que na extremidade da mola se prende uma massa m na posição x2
(com velocidade nula). Determine a velocidade do ponto material num ponto x3 .
c) Calcule a energia potencial escolhendo U ( x = 0) = 0 J.

Resolução:

a) O trabalho determina-se por:


x1
!" !!" x1 !!" !!" é x2 x3 ù
W = ò F .dr = ò ë -(k1 x + k2 x ) u x û. ë dx u x û = - ê k1 + k2 ú
é 2
ù é ù
AB x0 ë 2 3 ûx
0

k1 2 k
= ( x0 - x12 ) + 2 ( x03 - x13 ) (J).
2 2

b) Como sobre o corpo só actuam forças conservativas, podemos aplicar o princípio da


conservação da energia mecânica, isto é: DE = DK + DU = 0 , ou seja DK = -DU . A
variação da energia cinética é, pelo teorema do trabalho-energia:

x3
!" !!" x1 !!" !!" é x2 x3 ù
DK = W = ò F .dr = ò ë -(k1 x + k2 x ) u x û. ë dx u x û = - ê k1 + k 2 ú
é 2
ù é ù
AB x0 ë 2 3 ûx
2

k1 2 k
= ( x2 - x32 ) + 2 ( x23 - x33 ) (J).
2 2

Por outro lado:


1 1
DK = K ( x3 ) - K ( x2 ) = m éëv 2 ( x3 ) - v 2 ( x2 ) ùû = mv 2 ( x3 ) .
2 2

Tendo agora em conta o resultado obtido anteriormente para DK , temos:

1 2 k k k k
mv ( x3 ) = 1 ( x22 - x32 ) + 2 ( x23 - x33 ) Þ v( x3 ) = 1 ( x22 - x32 ) - 2 ( x23 - x33 ) (ms -1 ) .
2 2 2 m m

!" !" ¶U ( x) !!" !!"


c) A energia potencial calcula-se por: F ( x) = -ÑU ( x) = - u x = -(k1 x + k2 x 2 ) u x . Daqui
¶x
tiramos que:

¶U ( x) x2 x3
= k1 x + k2 x Þ U ( x) = k1 + k2 + C .
2

¶x 2 3

41
A constante de integração C determina-se usando: U ( x = 0) = 0 J , o que dá:

x2 x3
U ( x = 0) = C = 0 Þ U ( x) = k1 + k2 (J).
2 3

PROBLEMA 3.10

Um bloco de massa m cai sobre uma mola de uma altura h . Determine, desprezando o
atrito, a deformação máxima da mola.

Resolução:

As únicas forças que actuam no bloco são o


peso e a força elástica da mola, ambas
conservativas. Logo, podemos aplicar o
princípio da conservação da energia mecânica. y
A
Então: E A = EB . Na situação A o bloco encontra-
se em repouso a uma altura h do solo. Quando v=0
chega a l0 começa a comprimir a mola até ao
ponto em que a velocidade do bloco se anula h
(situação B). Este ponto corresponde ao ponto B
de compressão máxima da mola. A quantidade
que queremos determinar é portanto Dx = l0 - d v=0
. Repare-se que em A a mola não está l0
d
comprimida ( U elA = 0 ) e o corpo está em repouso
( K A = 0 ). Em B o corpo está em repouso ( K B = 0
).

Tendo em conta o que foi dito, podemos escrever:

E A = EB Û U gA = U gB + U elB ,

onde U g é a energia potencial gravítica dada por U g = mgy e U el é a energia potencial


elástica U el = kx 2 / 2 , em que x é a deformação da mola. Então:

k2 2mg 2mgh
( l0 - d ) Þ ( l0 - d ) ( l0 - d ) -
2 2
mg (h + l0 ) = mgd + - = 0.
2 k k

Como a quantidade que queremos determinar é Dx = l0 - d , a equação acima fica:

2
2mg 2mgh mg æ mg ö 2mgh
Dx -
2
Dx - = 0 Û Dx = ± ç ÷ + .
k k k è k ø k

É fácil de ver que a verdadeira solução é:

42
2
mg æ mg ö 2mgh
Dx = + ç ÷ + .
k è k ø k

Um pequeno objecto de massa m é deixado cair do ponto A, a uma h do solo,


deslocando-se sem atrito
!!" ao longo de uma parede curva, saindo em B com uma
velocidade horizontal v0 , quando está a uma altura b do solo. O objecto cai finalmente
no ponto C.

a) Mostre que o módulo da velocidade em C é independente da altura b .


b) Determine a altura b de modo que o alcance Dx seja máximo.

Resolução: A
vA = 0

a) Neste problema a única força em jogo é o


peso. Como este é uma força conservativa,
podemos aplicar o princípio de conservação !!"
da energia. Deste modo, podemos escrever: v0 B h

1
E A = EC Û U gA = K C Û mgh = mvC2 , C b
2 vC = 0

de onde se tira: vC = 2 gh (m/s) . Está assim


provado que a velocidade em C é independente da altura b . Dx

b) Para determinarmos o alcance temos de calcular a velocidade com que o objecto sai
no ponto B. Para isso aplicamos o princípio de conservação da energia entre A e B:
1
E A = EB Û U gA = K B + U gB Û mgh = mv02 + mgb , de onde se tira: v0 = 2 g ( h - b ) .
2
1
A trajectória do objecto a partir de B é caracterizada por x(t ) = v0t , y (t ) = b - gt 2 . Para
2
determinar o alcance temos de encontrar o instante t1 para o qual y (t1 ) = 0 . É fácil de
ver que:
1 2b
y (t1 ) = 0 Û b - gt12 = 0 Û t1 = (s).
2 g
O alcance Dx será então:

2b
Dx = x(t1 ) = v0t1 = 2 g ( h - b ) = 2 b ( h - b ) (m) .
g

O valor de b para o qual Dx é máximo calcula-se através de:

¶Dx -2b + h h
=0Û = 0 Û b = (m)
¶b b (h - b) 2

43
Então, o alcance é máximo se b = h / 2 . Para este valor de b :

hæ hö
Dxmax = 2 ç h - ÷ = h (m) ,
2è 2ø

ou seja, o alcance máximo verifica-se para b = h / 2 e é Dxmax = h (m).

PROBLEMA 3.11

a) Determine a velocidade de escape de um objecto lançado da superfície da Terra.


b) Que energia por Kg é necessária fornecer a um objecto para colocá-lo numa órbita
circular a uma altitude h ?

Resolução:

a) A velocidade de escape vesc é a velocidade mínima com que se deve animar um corpo
de modo que este se liberte da atracção da Terra. Ou seja, corresponde à situação em
que

1 2 M m
K +Ug = 0 Û mvesc - G T = 0
2 RT

onde M T = 5.99 ´1024 Kg e RT = 6.38 ´106 m são, respectivamente, a massa e o raio da


Terra, e G a constante da Gravitação Universal ( G = 6.67 ´10-11 m3s -2 Kg -1 ). Da equação
anterior obtemos:
2GM T
vesc = (m/s) .
RT

Repare-se que a velocidade de escape é independente da direcção de lançamento.

b) A única força a actuar é a força gravítica entre a Terra e o objecto. Suponhamos que
a energia cinética inicial que se fornece ao corpo é K i . Então, a energia total inicial é:
M m
Ei = K i - U gi = K i - G T .
RT
Quando está em órbita a uma altura h com velocidade v f , a energia final do objecto é:

1 2 M m
E f = K f - U gf = mv f - G T .
2 RT + h

Usando agora o princípio da conservação da energia:

MT m 1 2 M m
Ei = E f Û K i - G = mv f - G T .
RT 2 RT + h

44
A quantidade pedida é a energia inicial fornecida por Kg, ou seja, K i / m . Dividindo a
equação acima por m tem-se:

Ki M 1 MT
= G T + v 2f - G . (3.10.1)
m RT 2 RT + h

Falta-nos, no entanto, determinar v f . Para isso temos em atenção que a força de


atracção entre a Terra e o corpo corresponde à força centrípeta, isto é:

MT m GM T GM T
mw 2 ( RT + h ) = G Þ v 2f = ( RT + h ) w 2 =
2
Û w2 = .
( RT + h ) ( RT + h ) RT + h
2 3

Substituindo agora na Eq.(3.10.1) obtém-se:

Ki M 1 GM T MT 1 GM T
=G T + -G = ( RT + 2h ) (J/Kg) .
m RT 2 RT + h RT + h 2 RT ( RT + h )

PROBLEMA 3.12

Que campo de forças corresponde à energia potencial: U ( x, y, z ) = -bx 2 + cxy + z ?

Resolução: !" !"


Como já vimos anteriormente: F = -ÑU . Neste caso:

!" !" ¶U ( x, y, z ) !!" ¶U ( x, y, z ) !!" ¶U ( x, y, z ) !!"


F ( x, y, z ) = -ÑU ( x, y, z ) = - ux + - uy + - uz
¶x ¶y ¶z
!!" !!" !!"
= 2bx u x - cx u y - u z (N).

PROBLEMA 3.13
!" !!" !!" !!"
Um campo de forças é dado por: F ( x, y, z ) = yz sin( xy ) u x + xz sin( xy ) u y - cos( xy ) u z (N).
!" !"
a) Calcule Ñ ´ F . A força é conservativa?
b) Se a energia potencial no ponto de referência (0,0,0) for U (0, 0, 0) = 0 J , determine
U (1,1,1).

Resolução:
!" !!" !!" !!" !" !"
a) O rotacional de um campo escalar A( x, y, z ) = Ax u x + Ay u y + Az u z , Ñ ´ A é:

45
!!" !!" !!"
ux uy uz
!" !" ¶ ¶ ¶ æ ¶Az ¶Ay ö !!" æ ¶Ax ¶Az ö !!" æ ¶Ay ¶Ax ö !!"
Ñ´ A = =ç - ÷ ux + ç - ÷ uy + ç - ÷ ux .
¶x ¶y ¶z è ¶y ¶z ø è ¶z ¶x ø è ¶x ¶y ø
Ax Ay Az

!" !" æ ¶F ¶Fy ö !!" æ ¶Fx ¶Fz ö !!" æ ¶Fy ¶Fx ö !!"
Sendo assim, temos que: Ñ ´ F = ç z - ÷ ux + ç - ÷ uy + ç - ÷ ux .
è ¶y ¶z ø è ¶z ¶x ø è ¶x ¶y ø

As derivadas parciais necessárias!" para o cálculo do rotacional determinam-se a partir


da definição do campo de forças F dada no enunciado. Temos:

¶Fz ¶Fy ¶ [ - cos( xy ) ] ¶ [ xz sin( xy ) ]


- = - = x sin( xy ) - x sin( xy ) = 0;
¶y ¶z ¶y ¶z
¶Fx ¶Fz ¶ [ yz sin( xy ) ] ¶ [ - cos( xy ) ]
- = - = y sin( xy ) - y sin( xy ) = 0;
¶z ¶x ¶z ¶x
¶Fy ¶Fx ¶ [ xz sin( xy ) ] ¶ [ yz sin( xy ) ]
- = - = [ z sin( xy ) + xyz cos( xy ) ] - [ z sin( xy ) + xyz cos( xy ) ] = 0.
¶x ¶y ¶x ¶y
!" !" "
Concluímos então que Ñ ´ F = 0 , o que quer dizer que a força é conservativa.

b) Se a força é conservativa, existe um potencial de tal modo que:

!" !" ¶U !!" ¶U !!" ¶U !!"


F = -ÑU = ux + uy + uz .
¶x ¶y ¶z
Comparando esta expressão com a definição do campo de forças em questão,
concluímos que:

¶U ¶U ¶U
= - yz sin( xy ) , = - xz sin( xy ) , = cos( xy ) .
¶x ¶y ¶z
Integrando cada uma das equações:

U ( x, y, z ) = z cos( xy ) + F1 ( y, z )
U ( x, y, z ) = z cos( xy ) + F2 ( x, z ) .
U ( x, y, z ) = z cos( xy ) + F3 ( x, y )

As equações acima implicam que: F1 ( y, z ) = F2 ( x, z ) = F3 ( x, y ) . É fácil de ver que estas


igualdade só se verificam se F1 ( y, z ) = F2 ( x, z ) = F3 ( x, y ) = C , onde C é constante. Então,
a energia potencial é:
U ( x, y, z ) = z cos( xy ) + C (J) .

A constante C determina-se tendo em conta que U (0, 0, 0) = 0 J . Logo,

U (0, 0, 0) = C = 0 Þ U ( x, y, z ) = z cos( xy ) .

46
PROBLEMA 3.14
!" !!" !!"
Um campo de forças é dado por: F ( x, y, z ) = -k ( x - z ) u x - u z
2
( ) (N).
a) Mostre que a força é conservativa.
b) Determine a energia potencial, sabendo que U (0, 0, 0) = 0 J .

Resolução:
!" !" "
a) Para mostrar que a força é conservativa temos que mostrar que Ñ ´ F = 0 . Vimos no
problema anterior que:

!" !" æ ¶F ¶Fy ö !!" æ ¶F ¶F ö !!" æ ¶Fy ¶Fx ö !!"


Ñ´ F = ç z - ÷ ux + ç
x
- z ÷ uy + ç - ÷ ux .
è ¶y ¶z ø è ¶z ¶x ø è ¶x ¶y ø

Como o campo de forças em questão não tem componente em y , a expressão


simplifica-se para:
!" !" ¶F !!" æ ¶F ¶F ö !!" ¶F !!"
Ñ ´ F = z ux + ç x - z ÷ u y + x ux .
¶y è ¶z ¶x ø ¶y

Determinando as derivadas parciais tem-se:

¶Fz ¶
= ék ( x - z ) ù = 0
2

¶y ¶y ë û
æ ¶Fx ¶Fz ö ¶ é ¶
÷ = ë - k ( x - z ) ùû - éë k ( x - z ) ùû = 2k ( x - z ) - 2k ( x - z ) = 0
2 2
ç -
è ¶z ¶x ø ¶z ¶x
¶Fx ¶ é
- k ( x - z ) ù = 0.
2
=
¶y ¶y ë û

!" !" "


Então, Ñ ´ F = 0 , pelo que a força é conservativa.

!" !" ¶U !!" ¶U !!" ¶U !!"


b) O potencial é determinado por: F = -ÑU = ux + uy + u z . Comparando com
¶x ¶y ¶z
a expressão do campo de forças:

¶U ¶U ¶U
= k (x - z) , = -k ( x - z ) ,
2 2
=0,
¶x ¶y ¶z

O que nos permite obter:


k (x - z)
3

U ( x, y , z ) = + F1 ( y, z )
3
U ( x, y, z ) = F2 ( x, z )
k (x - z)
3

U ( x, y , z ) = + F3 ( x, y ).
3

47
Estas equações implicam F1 ( y, z ) = F3 ( x, y ) = F4 ( y ) . Por outro lado,

k (x - z)
3

+ F4 ( y ) = F2 ( x, z ) Þ F4 ( y ) = C .
3

k (x - z)
3

Sendo assim, U ( x, y, z ) = + C . A constante C determina-se tendo em conta que


3
U (0, 0, 0) = 0 J . Logo,
k (x - z)
3

U (0, 0, 0) = C = 0 Þ U ( x, y, z ) = (J) .
3

PROBLEMA 3.15

A interacção entre duas partículas nucleares pode ser aproximada pelo potencial de
Yukawa:
x æ xö
U ( x) = -U 0 0 exp ç - ÷ ,
x è x0 ø
onde U 0 e x0 são constantes e x é a distância entre as duas partículas. Determine a
expressão da força de interacção entre as partículas em função de x .

Resolução:

A força será dada por:


!" !" ¶U ( x) !!" é x æ xö x 1 æ x ö ù !!"
F ( x) = -ÑU ( x) = - u x = - êU 0 02 exp ç - ÷ + U 0 0 exp ç - ÷ ú u x .
¶x ë x è x0 ø x x0 è x0 ø û
!" U æ x ö æ x ö !!"
Simplificando dá: F ( x) = - 0 ç1 + 0 ÷ exp ç - ÷ u x (N)
x è xø è x0 ø

PROBLEMA 3.16

Um corpo de massa m é deixado cair de uma altura h (situação A na figura). Depois de


descer o plano inclinado, o corpo percorre uma certa distancia na horizontal e entra em
contacto com uma mola de constante de elasticidade k , comprimindo-a. Desprezando
qualquer tipo de atrito, determine a deformação máxima da mola.
A
vA = 0

h B v =0 h
B

48
Resolução:

O ponto de deformação máxima da mola corresponde ao ponto B onde a velocidade do


corpo se anula. Para determinarmos a deformação máxima da mola d max , aplicamos o
principio da conservação da energia, já que as forças em jogo são conservativas. Sendo
assim, e tendo em conta que a energia cinética em A e B é nula:

1 2
E A = EB Û U gA = U elB Û mgh = kd max .
2
2 ghm
Daqui tiramos automaticamente que a deformação máxima da mola é: d max = (m)
k
.

PROBLEMA 3.17
!" " "
Mostre que se a resultante das forças aplicadas a um corpo for dada por F = Ku ´ v ,
! !
onde K é constante, u é um vector unitário qualquer e v é a velocidade do corpo, então
a energia cinética do corpo mantém-se constante.

Resolução:
!" " " !" !
Dado que F = Ku ´ v , então F é perpendicular a v . Isto quer dizer que a aceleração
tangencial do corpo é nula, já que a força resultante não tem componente na direcção
da velocidade. Se a aceleração tangencial é nula, quer dizer que o módulo da velocidade
é constante e portanto também o será a energia cinética.
Outro modo de chegar à mesma conclusão é lembrar que o trabalho realizado pela
resultante das forças que actuam sobre um corpo entre dois pontos A e B é dado por:
!!"
!!" !!" !!" dr !!" "
WAB = ò
AB
Fr .dr = ò r dt ABò Fr .v dt .
AB
F . dt =

!!" " " !!" " " " "


Neste caso, Fr = Ku ´ v , o que dá: WAB = ò
AB
Fr .v dt = ò
AB
é Ku ´ v ù.v dt = 0 .
ë û

Pelo teorema do trabalho-energia, concluímos que a variação da energia cinética entre


quaisquer dois pontos da trajectória é DK = WAB = 0 .

PROBLEMA 3.18

Um pêndulo gravítico simples foi construído ligando uma pequena esfera de massa m a
um fio de comprimento l , inextensível e de massa desprezável. O pêndulo é
abandonado da posição A em que o fio está horizontal. Quando o fio vai a passar pela
vertical, toca no prego P e inicia um movimento circular de raio menor. Determinar, em
função de l , o valor mínimo da distância d entre o prego e o ponto de suspensão S, de
tal modo que a esfera passe a descrever uma trajectória circular com centro em P.

49
Resolução:
A S
Na situação limite, para que a esfera C
descreva uma trajectória circular em P,
verifica-se que a tensão no fio é nula. d
Nesta situação, o peso da esfera P
corresponde à força centrípeta, isto é: l

mvC2 m
P = Fc Û mg = mwC2 r =
r
B
Û vC = rg = (l - d ) g .

Concluímos então que, para que o pêndulo descreva ainda uma trajectória circular em
C, a velocidade mínima com que chega a este ponto terá que ser vC = (l - d ) g .
Aplicamos agora a conservação da energia entre A e C. Tem-se:

1 1 3
E A = EC Û mgh = mvC2 + 2mgr Û mgl = mg (l - d ) + 2mg (l - d ) ,donde se tira: d = l (m).
2 2 5
3
Repare-se que de facto este é o valor mínimo de d , já que se d < l ter-se-á uma valor
5
maior para r = l - d e portanto a velocidade em C seria menor que o valor necessário
para que o pêndulo descreva a circunferência.

50
4. MOMENTO LINEAR. COLISÕES.

PROBLEMA 4.1

Considere dois corpos de massas m1 e m2 ligados por uma mola de como mostra a
figura. Suponha eu os blocos são afastados da posição de equilíbrio, sendo depois
libertados com velocidade inicial nula. Que parte da energia cinética do sistema terá
cada um dos blocos para qualquer instante posterior (despreze as forças de atrito).

Resolução:

Como
!!" !!"a resultante das forças é nula, podemos usar a conservação
!!" " do momento linear
p A = pB . Como em A os blocos estão em repouso tem-se p A = 0 .

A B
m1 m2 !!" m1 m2 !!!"
k v1B k v2 B
v1 A = 0 v2 A = 0

!!" !!" !!!" !!" !!" " m


Logo, pB = m1 v1B + m2 v2 B = m1v1B u x - m2v2 B u x = 0 . Isto implica: v1B = 2 v2 B . A energia
m1
cinética de cada um dos corpos é:

2
1 1 æm ö 1 m22 2 1
K1 = m1v12B = m1 ç 2 v2 B ÷ = v2 B , K 2 = m2v22B
2 2 è m1 ø 2 m1 2

1 é æ m2 ù m
2
1 1 ö æ m ö
K tot = K1 + K 2 = m1v1B + m2v2 B = ê m1 ç v2 B ÷ + m2v22B ú = 2 v22B ç1 + 2 ÷ .
2 2

2 2 2 ê è m1 ø úû 2 è m1 ø
ë
A fracção de energia cinética de cada um dos corpos é:

1 m22 2 1
v2 B m2 v22B
K1 2 m1 m2 K2 2 m1
= = , = = .
K tot m2 2 æ m2 ö m1 + m2 K tot m2 2 æ m2 ö m1 + m2
v2 B ç1 + ÷ v2 B ç1 + ÷
2 è m1 ø 2 è m1 ø

PROBLEMA 4.2 y

Na figura ao lado estão representados três m2


pontos materiais e as forças exteriores que !!"
!!" F1
sobre eles actuam. F2 a
m1
x
Determine a posição e a aceleração do m3
centro de massa.
!!"
F3
51
Resolução:

A posição do centro de massa é determinada por:


ì
ï
åi mi xi
!" x =
!!!" å i im r ï CM
ï
åi mi
rCM = i
Þí
åi mi ï å mi yi
ï yCM = i
ï
î
åi mi
!!!" !!" !!"
com rCM = xCM u x + yCM u y . Vamos considerar neste problema:

m1 = 8 Kg , m2 = 4 Kg , m3 = 4 Kg , F1 = 16 N , F2 = 6 N , F3 = 14 N
x1 = 4 m , x2 = -2 m , x3 = 1 m , y1 = 2 m , y2 = 3 m , y3 = -2 m.

A posição do centro de massa determina-se usando a definição e tendo em conta os


valores acime apresentados:

ì
ïx = i
å mi xi m1 x1 + m2 x2 + m3 x3
= = 1.75 m
ï CM
ï
å i
mi m1 + m2 + m3
!!!" !!" !!"
í Þ rCM = 1.75u x + 1.25u y (m).
ï å i i m1 y1 + m2 y2 + m3 y3
m y
ï yCM = i = = 1.25 m
ï
î
å i
mi m1 + m2 + m3

Para determinarmos a aceleração do centro de massa temos em conta que.


!!" !!" !!" !!" !!"
!!!" å F ( )
!!" !!" !!"
i
F1 + F2 + F3 F1 cos a u x + sin a u x - F2 u x + F3 u x
a = i
= =
åm
CM
i m1 + m2 + m3 m1 + m2 + m3
i
!!" !!"
( F3 + F1 cos a - F2 ) u x + F1 sin a uy !!" !!"
= # 1.7 u x + 0.7 u y ( m/s 2 )
m1 + m2 + m3

PROBLEMA 4.3

Uma granada de massa M cai verticalmente e explode em dois fragmentos de massa


M / 2 quando se encontra a 2000 m de altura. No instante da explosão a velocidade é
! ""! ""!
v = -vu y = -60u y . Após a explosão, um dos fragmentos desloca-se para baixo com uma
velocidade (em relação ao centro de massa) v1B ' =80 m/s. Determine:
a) A posição do centro de massa 10 s após a explosão.
b) O momento linear total do sistema em função do tempo.
c) Determine o instante de tempo em que o segundo fragmento atinge o solo.

52
Resolução:

a) Durante a queda, o centro de massa do sistema está sujeito à aceleração da


!!!" !!"
gravidade aCM = - g u y . Considerando o instante t=0s como sendo o da explosão, a
!!!" !!"
velocidade do centro de massa é: vCM (t ) = - ( v + gt ) u y , onde v é a velocidade da granada
no instante da explosão. Da lei das velocidades obtemos a lei do movimento:

!!!" æ t 2 ö !!" !!!" !!"


rCM (t ) = ç h - vt - g ÷ u y Þ rCM (t = 10s) = 900 u y (m) .
è 2ø

!!!" !!!" !!"


b) O momento linear total do sistema é: ptot = M vCM (t ) = - M ( v + gt ) u y .

c) Aplicamos a conservação da quantidade de movimento imediatamente antes


(situação A) e depois (situação B) da explosão. Considerando que:
!!"
v1B - velocidade do fragmento 1 após a colisão
!!!"
v2B - velocidade do fragmento 2 após a colisão

podemos escrever:
!!" !!" !!" M !!" M !!"
p A = pB Û - Mv u y = v1B u y + v2 B u y Û v2 B = -2v - v1B .
2 2

Por
!!!" outro lado,
!!" sabemos
!!" que a velocidade do primeiro fragmento em relação ao CM é:
v1B ' = -v1B ' u y = -80 u y (m/s) . Pela lei da composição das velocidades, e tendo em conta
!!!" !!" !!"
que no momento da explosão vCM = -vu y = -60u y , temos que:

!!!" !!" !!!"


v1B ' = v1B - vCM Û -v1B ' = v1B + v Û v1B = -v - v1B ' .

Substituindo v2 B = -2v - v1B na equação anterior:

v2 B = -2v - v1B = -2v - ( -v - v1B ' ) = -v + v1B ' = -60 + 80 = 20 m/s ,


!!!" !!" !!"
O que quer dizer que o segundo fragmento tem uma velocidade v2 B = v2 B u y = 20 u y (m/s)
.

c) A equação do movimento para o segundo fragmento depois da explosão é:


1
y2 (t ) = h + v2 Bt - gt 2 .
2
O instante de tempo para o qual o segundo fragmento atinge o solo é tal que y2 (t ) = 0 .
Então:
1 v ± v22B + 2 gh
y2 (t ) = 0 Û h + v2 B t - gt 2 = 0 Û t = 2 B ! 22.3 s .
2 g

53
PROBLEMA 4.4

Uma criança dentro de um carrinho, lança para trás pedras


!" sempre na mesma direcção
e aproximadamente com a mesma velocidade relativa ve . Admite-se que o carrinho está
inicialmente em repouso e que não há atrito entre o mesmo e o solo.

a) Calcule a velocidade do carrinho após a criança ter lançado a segunda pedra.


b) Teria sido mais vantajoso lançar duas pedras de uma só vez? Justifique.
c) Calcule a velocidade do carrinho depois de ter lançado a n-ésima pedra.

Resolução:

a) Consideramos que inicialmente o conjunto criança+pedras+carrinho tem uma massa


total igual a M . Como a resultante das forças na direcção do movimento é nula,
podemos aplicar a conservação do momento linear. O lançamento das duas pedras está
representado na figura abaixo.

A B C
! ! !" !" !" !!"
v=0 ve v1 ve v2

A! primeira
! ! !pedra é lançada com uma velocidade em relação à Terra igual a:
v eT = v e + v = v e .
Aplicando a conservação do momento linear (não há forças na direcção do movimento)
temos:
!!" !!" " " !" " mve
p A = pB Û 0 = mv eT + ( M - m)v1 = 0 Û v1 = .
M -m
! ! "! ""!
Para o segundo lançamento, v eT = v e + v1 = ( -ve + v1 ) u x . Pela conservação do momento
linear:
!!" !!" !" " !!" "
pB = pC Û ( M - m)v1 = mv eT + ( M - 2m)v2 = 0 Û ( M - m)v1 = m ( -ve + v1 ) + ( M - 2m)v2

Tendo em conta o valor de v1 obtido no lançamento anterior:


m æ 1 1 ö
v2 = v1 + ve = mve ç + ÷ (m/s).
M - 2m è M - m M - 2m ø
c) Lançando duas pedras ao mesmo tempo, teríamos para o primeiro lançamento:

!!" !!" " " !!" " 2mve


p A = pB Û 0 = 2mv eT + ( M - 2m)v1' = 0 Û v1' = .
M - 2m

É fácil de ver que a velocidade v2 obtida na alínea anterior é menor que v1' porque:

54
1 1 2
+ < .
M - m M - 2m M - 2m

d) Ao fim de n pedras lançadas a velocidade do carrinho será:

æ 1 1 1 ö
vn = mve ç + + ... + ÷.
è M - m M - 2m M - nm ø

PROBLEMA 4.5

Uma nave espacial afasta-se do sistema solar com uma velocidade constante. Ligando
os reactores começa a expelir combustível a uma velocidade relativa vesc = 3.0 ´103 m/s .
A massa da nave no momento em que liga os reactores é M 0 = 4.0 ´104 Kg e a
aceleração a que fica sujeita é igual a a0 = 2.0 m/s 2 .

!" M - dm
v1 !!"
v2
dm

a) A força de propulsão dos reactores.


b) A taxa de expulsão do combustível.

Resolução:

a) A força de propulsão determina-se por Fprop = M 0 a0 = 8 ´ 104 N .

b) Este é um típico problema em que existe um sistema de massa variável.


Consideremos o elemento de massa infinitesimal dm expulso no intervalo de tempo
dt . Sabemos que o momento linear total do sistema em relação ao CM tem que ser
nulo. Sendo assim, aplicando a conservação do momento linear antes e após a
propulsão tem-se:
!!" !!" " !!" !!" !!" "
( )
dm v1' + ( M - dm ) v2' = 0 Û dm v1' - v2' + M v2' = 0 ,

!!" !!"
onde v1' e v2' são as velocidades de dm e ( M - dm) , em relação ao CM. É fácil de ver
!!" !!" !" !!" !" !!"
que v1' - v2' = v1 - v2 , em que v1 e v2 são as velocidades em relação à Terra. Por outro
!" !!"
lado, v1 - v2 representa a velocidade relativa de dm em relação a ( M - dm) , ou seja, é a
!!!"
velocidade de escape do combustível vesc . Então, a equação acima fica:

!!!" !!" " !!" dm !!!"


dm vesc + M v2' = 0 Û v2' = - vesc .
M

55
!
O acréscimo de velocidade d v no intervalo dt , considerando o instante antes da
!!" " ! ""!
expulsão de dm em que v2' = 0 , é d v = v2' . Sendo assim, pela equação acima,
podemos escrever:
! !
! dm """! dv 1 dm """! dv dm """!
dv = - vesc Þ =- vesc Þ M =- vesc .
M dt M dt dt dt
!
dv
O termo M representa uma força. Esta força surge devido à ejecção da massa dm
dt
e tem sentido oposto à velocidade de escape. Além disso, esta força determina a
!
dv
aceleração da massa sobrante e designa-se por força de propulsão.
dt

!!!!" dm !!!"
Fprop = - vesc ,
dt
dm
é a taxa de expulsão do combustível. Como a força de propulsão foi determinada
dt
na alínea a) e a velocidade de escape é dada, temos:

dm Fprop 8 ´104
=- =- = -27 Kg/s .
dt vesc 3.0 ´103

PROBLEMA 4.6

a) Um vagão move-se sem atrito em linha recta sobre um plano horizontal. A sua massa
é M = 500 Kg. No instante inicial a sua velocidade é v0 = 7 m/s. Nesse instante começa
a receber areia que cai verticalmente sobre o vagão. A massa total de areia recebida é
m =200 Kg. Qual a velocidade do vagão no instante em que deixa de receber areia.

b) Considere agora que o vagão começa a esvaziar a areia através de um tubo vertical.
Qual a velocidade do vagão no instante em que já perdeu m1 =100 Kg de areia?

Resolução:

a) A areia cai sobre o vagão na vertical, logo o momento linear da areia que cai não tem
componente segundo a direcção do movimento. Então,

!!" !!" M
p A = pB Û Mv0 = ( M + m ) v1 Û v1 = v0 = 5 m/s.
M +m
!"
b) A massa de areia que sai do vagão sai com velocidade v1 . Sendo assim:
!!" !!"
pB = pC Û ( M + m ) v1 = m1v1 + ( M + m - m1 ) v2 Û v2 = v1 = 5 m/s.

56
PROBLEMA 4.7

Um rapaz encontra-se numa das extremidades de um carro cujas rodas estão


perfeitamente lubrificadas, permitindo desprezar o atrito entre o carro e o chão.
Poderá o rapaz ir até à outra extremidade do carro sem que este se mova?

Resolução:

Como não existem forças a actuar na direcção do movimento podemos aplicar a lei da
conservação do momento !!" " linear. Tendo em conta que inicialmente o sistema está em
repouso, tem-se que p A = 0 . Depois de o rapaz começar a andar, o momento linear total
!" !"
é: p rapaz + p carro . Então,
!" !" !" !"
p rapaz + p carro = 0 Þ p carro = - p rapaz ,

o que quer dizer que mal o rapaz se move o carro inicia um movimento em sentido
contrário.

PROBLEMA 4.8

Dois pontos materiais massas m1 = m2 = m =2 Kg colidem. As velocidades antes da


!!" !!" !!" !!!" !!" !!"
colisão são: v1 A = 15 u x + 30 u y (m/s) e v2 A = -15 u x + 5 u y (m/s) . Depois da colisão, a
!!" !!" !!"
velocidade da massa m1 é: v1B = -5 u x + 20 u y (m/s). Determine:

a) A velocidade final da massa m2 .


b) A variação da energia cinética durante o choque.

Resolução:

a) Pela conservação do momento linear temos:


!!" !!" !!" !!!" !!" !!!"
p A = pB Û m1 v1 A + m2 v2 A = m1 v1B + m2 v2 B .
!!" !!!" !!" !!!"
Como m1 = m2 = m , esta equação implica: v1 A + v2 A = v1B + v2 B . Logo,
!!!" !!" !!!" !!" !!" !!" !!" !!"
v2 B = v1 A + v2 A - v1B = (15 - 15 + 5 ) u x + ( 30 + 5 - 20 ) u y = 5 u x + 15 u y (m/s) .

b) A variação da energia DK = K B - K A é dada por:

1 1
(
DK = K B - K A =
2
m1v12B + m2v22B - m1v12A - m2v22A ) = m ( v12B + v22B - v12A - v22A ) = -700 J .
2
O sistema perde 700 J durante o choque.

57
PROBLEMA 4.9
!!"
Um projéctil de massa m movendo-se horizontalmente com velocidade v0 embate num
pêndulo de massa m .

a) Se as duas massas permanecerem ligadas, qual a altura máxima atingida pelo


pêndulo?
b) Se a colisão for elástica e segundo a linha do movimento, qual será a altura
máxima atingida pelo pêndulo?

Resolução:

a)

A B C

2m

!!" !" hmax


v0 v1

m m 2m

!"
Em primeiro lugar vamos determinar a velocidade v1 com que o conjunto das duas
esferas sai após a colisão. Para isso aplicamos a conservação do momento linear:

!!" !!" !!" !" v


p A = pB Û mv0 = 2mv1 Û v1 = 0 .
2

Para determinar a altura máxima atingida pelo pêndulo, aplicamos o princípio da


conservação da energia entre os pontos B e C (em C a velocidade do pêndulo é nula).
1 v2 v2
EB = EC Û mv12 = mghmax Û hmax = 1 = 0 (m) .
2 2g 8g

b) Suponhamos agora que a colisão!!"


é elástica
!!" e!!!
que
" as !!velocidades
" do projéctil e do
pêndulo após a colisão são: v1B = v1B u x e v2 B = v2 B u x , respectivamente. Pela
conservação do momento linear temos então:
!!" !!" !!" !!" !!!"
p A = pB Û mv0 = mv1B + mv2 B Û v0 = v1B + v2 B (4.9.1)

Como o choque é elástico, existe conservação da energia cinética, isto é,

1 2 1 2 1 2
K A = KB Û mv0 = mv1B + mv2 B Û v02 = v12B + v22B . (4.9.2)
2 2 2

58
Temos então que:

ìïv1B = v0 - v2 B
Û ( v0 - v2 B ) = v02 - v22B Û 2v22B - 2v2 B v0 = 0 Û v2 B = 0 Ú v2 B = v0 .
2
í 2
ïîv1B = v0 - v2 B
2 2

Concluímos que após a colisão o pêndulo sai com uma velocidade igual à velocidade
do projéctil antes do choque. Isto seria de esperar já que as massas são iguais e o
choque é elástico e frontal. A velocidade do projéctil após a colisão é:
v1B = v0 - v2 B = v0 - v0 = 0 .

A altura máxima é novamente determinada usando a conservação da energia mecânica,


de tal modo que:
1 v2 v2
EB = EC Û mv22B = mghmax Û hmax = 2 B = 0 (m) .
2 2g 2g

PROBLEMA 4.10

Duas bolas de massas diferentes movem-se com velocidades iguais em sentidos


opostos e colidem frontalmente. Uma delas fica parada após a colisão. Se o choque for
elástico, qual a relação entre as massas?

Resolução:

A B
!!" !!" " !"
!!" v1B = 0
v0 -v0 v1
m1 m2 m1 m2

A conservação do momento linear permite-nos escrever:

!!" !!" !!" !!" !" m - m2


p A = pB Û m1 v0 - m2 v0 = m2 v1 Û v0 ( m1 - m2 ) = m2v1 Û v1 = 1 v0 . (4.10.1)
m2

Por outro lado, pela conservação da energia cinética:

1 1 1 m + m2 2
K A = KB Û m1v02 + m2v02 = m2v12 Û v12 = 1 v0 . (4.10.2)
2 2 2 m2

Elevando ao quadrado a Eq.(4.10.1) e igualando a (4.10.2) fica:


2
m1 + m2 2 æ m1 - m2 ö 2
v0 = ç ÷ v0 Û m1 - 3m1m2 = 0 Û m1 = 0 Ú m1 = 3m2 ,
2

m2 è m2 ø

Pelo que, a relação entre as massas é: m1 = 3m2 .

59
PROBLEMA 4.11
!!"
Considere o choque frontal de uma massa m1 , que se desloca com velocidade v0 , com
!!"
uma massa m2 em repouso. Após o choque, m1 desloca-se com velocidade v0 /2 e m2
!!"
com uma velocidade 3 v0 /2.

a) Determine a razão entre as massas.


b) Se o choque for perfeitamente inelástico (as massas ficam ligadas) qual a
velocidade final do conjunto? Qual a variação de energia cinética durante a
colisão?

Resolução:

A B
!!" !!!" " !!" !!"
v2 A = 0 !" !!"
v0 v1 = v0 / 2 v2 = 3v0 / 2
m1 m2 m1 m2

a) A conservação do momento linear permite-nos escrever:


!!"
!!" !!" !!" v0 3 !!" m 3 m
p A = pB Û m1 v0 = m1 + m2 v0 Û m1 = 1 + m2 Û 1 = 3 ,
2 2 2 2 m2
De onde se conclui que m1 = 3m2 .

b) Se as massas seguem juntas após a colisão,


!!" !!" !!" !" 3
p A = pB Û m1 v0 = ( m1 + m2 ) v1 Û 3m2v0 = 4m2v1 Û v1 = v0 .
4
A variação da energia cinética é:

( m1 + m2 ) v12 - m1v02 = 2 ( 4v12 - 3v02 ) = - 2 æç ö÷ v02 = - æç m1v02 ö÷ = - A ,


1 1 m m 3 1 1 K
DK = K B - K A =
2 2 2 2 è4ø 4è2 ø 4
ou seja, dissipa-se 1/4 da energia cinética inicial durante o choque.

PROBLEMA 4.12

Considere os seguintes choques de esferas:

A B C
!!" !" !!"
v0 m m 2m v1 m 3m v2
m

60
Inicialmente só uma esfera está em movimento. Em cada choque as esferas ficam
coladas.
!!"
a) Qual a velocidade final do conjunto v2 .
b) Qual a energia dissipada em todo o processo?

Resolução:

a) Aplicamos primeiro a conservação do momento linear à primeira colisão:

!!" !!" !!" !" v


p A = pB Û mv0 = 2mv1 Û v1 = 0 .
2
!!" !!" !" !!" 2 2 v0 v0
Para a segunda colisão: pB = pC Û 2mv1 = 3mv2 Û v2 = v1 = = .
3 3 2 3
!!" !!"
A velocidade do conjunto será: v2 = v0 / 3 .

b) A variação da energia cinética é:

2
1 1 1 æv ö 1 2æ1 ö 2K A
DK = K C - K A = 3mv22 - mv02 = 3m ç 0 ÷ - mv02 = - ç mv02 ÷ v02 = - ,
2 2 2 è3ø 2 3è2 ø 3

O que quer dizer que o sistema dissipou 2/3 da energia cinética inicial na colisão.

PROBLEMA 4.13

Considere agora a situação reprentada ao lado.


Se todos os choques forem elásticos e o A
movimento em linha recta, calcule as velocidades !!"
das esferas depois do primeiro choque e do 4m v0 m m
segundo.

Resolução:

As velocidades das esferas após os choques sucessivos estão representadas na figura


seguinte.

A B C
!!" 4m !!" !!!" 4m !!" !!!" !!!"
v0 m m v1B m v2B m v1B m v2C m v3C
4m

1ª Colisão: É fácil de ver que a conservação do momento linear e da energia cinética


(os choques são elásticos) conduzem às equações:

61
!!" !!" !!" !!" !!!"
ì p A = pB Û 4mv0 = 4mv1B + mv2 B Û v2 B = 4v0 - 4v1B (4.13.1)
ï
í 1 1 1 2
ï K A = K B Û 4mv0 = 4mv1B + mv2 B Û v2 B = 4v0 - 4v1B
2 2 2 2 2
(4.13.2)
î 2 2 2

Elevando (4.13.1) ao quadrado e subtraindo (4.13.2) obtemos:

3 !!" 3 !!"
5v12B - 8v0 v1B + 3v02 = 0 Û v1B = v0 Ú v1B = v0 Þ v1B = v0 . (4.13.3)
5 5

8 !!!" 8 !!"
Pelas equações (4.13.1) e (4.13.3) temos: v2 B = v0 Þ v2 B = v0
5 5

2ª Colisão: Tal como para a primeira colisão temos:


!!" !!" !!!" !!!" !!!"
ì pB = pC Û mv2 B = mv2C + mv3C Û v2 B = v2C + v3C (4.13.4)
ï
í 1 2 1 2 1 2
ï K B = K C Û mv2 B = mv2C + mv3C Û v2 B = v2C + v3C
2 2 2
(4.13.5)
î 2 2 2

Elevando (4.13.4) ao quadrado e subtraindo (4.13.5) obtemos:


8
2v2C v3C =0 Û v2C = 0 Ú v3C = 0 Þ v3C = v2 B = v0 .
5
Concluímos então que:

!!" 3 !!" !!!" 8 !!" !!!" " !!!" !!!"


v1B = v0 , v2 B = v0 , v2C = 0 , v3C = v2 B .
5 5

PROBLEMA 4.14
y
Considere a colisão representada ao lado (A B
– antes da colisão, B-depois da colisão).
Inicialmente a massa M está parada. O
choque é elástico e a massa m desvia-se A m
!!"
segundo um ângulo a em relação à direcção !!" v1B
inicial. Calcule q e v1B . Considere M = m . v0 M a
m x
v=0
q
Resolução:
M
Aplicamos a conservação do momento linear M
Em ambas as direcções x e y . Temos então:

!!" !!" !!" !!" !!!" ì v = v cos a + v2 B cos q (4.14.1)


p A = pB Û m v0 = m v1B + M v2 B Û í 0 1B
î0 = v1B sin a - v2 B sin q (4.14.2)

Pela conservação da energia cinética:

62
1 2 1 2 1
K A = KB Û mv0 = mv1B + Mv22B Û v02 = v12B + v22B . (4.14.3)
2 2 2

Elevando (4.14.1) e (4.14.2) ao quadrado, e somando os resultados:

v02 = v12B + v22B + 2v1B v2 B ( cos a cos q - sin a sin q ) = v12B + v22B + 2v1B v2 B cos (a + q ) .

Igualando agora a (4.14.3) tem-se:

p
v12B + v22B + 2v1B v2 B cos (a + q ) = v12B + v22B Û cos (a + q ) = 0 Û q = -a .
2

Da equação (4.14.2):
sin a sin a sin a
v2 B = v1B = v1B = v1B = v1B tan a . (4.14.4)
sin q æp ö cos a
sin ç - a ÷
è2 ø
Substituindo em (4.14.1) :

æp ö
v0 = v1B cos a + v1B tan a cos ç - a ÷ = v1B cos a + v1B tan a sin a Û v1B = v0 cos a .
è2 ø

Usando agora (4.14.4) tem-se:


v2 B = v1B tan a Û v2 B = v0 cos a tan a = v0 sin a .

p
Então, o resultado final é: q = - a , v1B = v0 cos a , v2 B = v0 sin a .
2

PROBLEMA 4.15
!
Um objecto de massa M que se move inicialmente com velocidade v , fragmenta-se em
três pedaços cujas velocidades foram medidas no referencial do laboratório conforme
indica a figura.

a) Calcule no referencial do laboratório


a velocidade do objecto inicial.
b) Calcule no referencial do objecto mA
!!"
inicial os momentos lineares de cada vA
um dos fragmentos e represente a !!" mC a
fragmentação nesse referencial. vC
mB
!!"
Considere: vB

mA = 1.0 Kg v A = 3 m/s
mB = 0.5 Kg vB = 2 m/s
mC = 2.0 Kg vC = 1 m/s
a = 45º

63
Resolução:

a) Para resolver esta alínea aplicamos a conservação do momento linear antes e


depois da fragmentação. Temos então que:
!!" !!" !!"
" !!" !!" !!" " m v +m v +m v
M v = mA v A + mB vB + mC vC Û v = A A B B C C

M
!!" !!"
# 0.45 u x - 0.69 u y (m/s).

b) Temos de calcular as velocidades em relação ao referencial


!!" !!" !!"do objecto inicial que
!
tinha velocidade v . Vamos chamar a essas velocidades v A ' , vB ' e vC ' de tal modo que, pela
lei da composição das velocidades:
!!" !!" " !!" !!" !!" !!"
v A ' = v A - v = (3 - 0.45) u x + 0.69 u y = 2.55 u x + 0.69 u y (m/s)
!!" !!" " !!" !!" !!" !!"
vB ' = vB - v = -0.45 u x + (0.69 - 2) u y = -0.45 u x - 1.31 u y (m/s) .
!!" !!" " 2 !!" 2 !!" !!" !!" !!" !!"
vC ' = vC - v = - ux - u y - 0.45 u x + 0.69 u y = -1.16 u x - 0.017 u y (m/s)
2 2

Os momentos lineares em relação ao referencial do objecto inicial são:


!!!" !!" !!" !!"
p A ' = mA v A ' = 2.55 u x + 0.69 u y (Kg m/s)
!!!" !!" !!" !!"
pB ' = mB vB ' = -0.23 u x - 0.655 u y (Kg m/s)
!!!" !!" !!" !!"
pC ' = mC vC ' = -2.32 u x - 0.035 u y (Kg m/s)

O esquema da fragmentação em relação ao


referencial do objecto inicial está
represenado na figura ao lado. Como seria !!!"
!!!" !!!" !!!" pA'
de esperar, a soma vectorial p A ' + pB ' + pC ' é
nula, já que o momento linear total do !!!"
sistema em relação ao referencial do centro pC '
!!!"
de massa é, por definição de centro de pB '
massa, zero.

PROBLEMA 4.16
l
Uma bola de massa m , presa à extremidade
de um fio de comprimento l , é largada com A
m
velocidade nula indo colidir elasticamente com
um bloco de massa M em repouso numa
superfície horizontal sem atrito, como mostra a M
figura ao lado.

64
a) Determine as velocidades da bola e do bloco imediatamente após a colisão.

b) Qual a altura máxima atingida pela bola após a colisão.

Resolução:

a) Primeiro calculamos a velocidade com que a bola chega a B. Para isso aplicamos o
principio da conservação da energia mecânica entre A e B.

1
E A = EB Û mgl = mv12B Û v1B = 2 gl (m/s) . (4.16.1)
2

Aplicando agora a conservação do momento linear antes e depois da colisão, assim


como a conservação da energia:

ìmv1B = mv1C + Mv2C


ï m-M m-M
í1 2 1 2 1 Û v1C = 0 Ú v1C = v1B = 2 gl (m/s) .
ï 2 mv1B = 2 mv1C + 2 Mv2C
2
m+M m+M
î

Repare-se que a bola vai para a frente ou para trás dependendo de a sua massa ser
maior ou menor do que a do bloco. Se M > m e fácil de ver que v1C < 0 e portanto a bola
segue para trás. Para determinarmos a velocidade do bloco após a colisão, usamos

m-M ö
( v1B - v1C ) Û v2C = v1B æç1 -
m m m m
v2C = ÷= v1B = 2 gl (m/s) .
M M è m+M ø m+M m+M

A altura máxima é calculada usando:

m-M ( )
2
1 2 v2 2 gl m-M
mv1C = mghmax Û hmax = 1C
= = l (m) .
2 2g m+M 2g m+M

PROBLEMA 4.17

Uma bala de massa mb é disparada horizontalmente na direcção de dois blocos em


!!" !!"
repouso. A bala colide com o primeiro bloco, que fica com velocidade 1B v = 0.5 u x (m/s) ,
!!"
e atravessa-o ficando com uma velocidade vbB . Posteriormente, a bala colide com o
!!!" !!"
segundo bloco e o conjunto segue com velocidade 2C v = 1.5 u x (m/s) .

A C
!!" m1 m2 m1 !!" m2 + mb !!!"
v0 v1B v2C
mb

65
Determine, desprezando a massa retirada do primeiro bloco pela massa:

a) A velocidade da bala imediatamente depois de sair do primeiro bloco.


b) A velocidade inicial da bala
c) A variação da energia cinética do sistema em cada uma das colisões.

Resolução:

a) A conservação do momento linear aplicada à B


primeira colisão dá:
m1 !!" !!" m2
!!" !!" !!" !!" !!" v1B mb vbB
p A = pB Û mb vb = mb vbB + m1 v1B
m1 (4.17.1)
Û vb = vbB + v1B .
mb

Quanto à segunda colisão tem-se:

!!" !!" !!" !!!" mb


pB = pC Û mb vbB = ( m2 + mb ) v2C Û vbB = v2C = 1126.5 m/s.
m2 + mb

b) Substituindo vbB na Eq.(4.17.1) obtemos:

mb m
vb = v2C + 1 v1B = 1376.5 m/s
m2 + mb mb

c) Variação da energia cinética no primeiro choque:

1 1 1
DK AB = K B - K A = mb vbB
2
+ m1v12B - mb vb2 = -625.6 J .
2 2 2

Variação da energia cinética no segundo choque:

1 1 1 1
DK CB = K C - K B = ( mb + m2 ) v22C + m1v12B - m1v12B - mb vbB2 = -1267.3 J .
2 2 2 2

66
5. MOMENTO ANGULAR E MOMENTO DE FORÇAS.
CONSERVAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR.

PROBLEMA 5.1

Colocou-se, como se indica na figura, uma massa m presa por um fio de comprimento
l . Fez-se girar no plano vertical com velocidade angular inicial q!0 . Sabe-se que o fio
parte quando se suspende uma massa (em repouso) igual ou superior a M .

a) Qual a velocidade angular mínima no ponto


inferior da circunferência para a qual o fio parte.
b) Qual a velocidade angular mínima no ponto
superior da circunferência que assegura um !"
g
movimento circular l
c) Escreva a equação dos momentos. Calcule o
momento adicional que tem que ser aplicado ao m
sistema para manter uma velocidade angular
constante.

Resolução:

a) Temos de determinar a velocidade angular em função da massa suspensa para o


ponto inferior da circunferência. Para isso sabemos que:

!" !" !!" T - mg


T + P = mac Û P - T = -mlw 2 Û w = . (5.1.1) !"
ml T

Sabemos que o fio parte quando se suspende, em repouso, uma massa !"
igual a M . Isto quer dizer que a tensão máxima que o fio suporta é: P
Tmax = Mg . Então, a velocidade angular máxima para a qual o fio não !!"
ur
parte é:
T - mg M -m g
wmax = max = (rad/s) .
ml m l

b) Para garantir que o movimento circular se verifique para o ponto superior da


circunferência, tem que se verificar que a tensão do fio é não nula. A situação limite em
que T = 0 caracteriza-se por:

g
P = mac Û mg = mlwmin
2
Û wmin = (rad/s).
l !!"
uz
c) A equação dos momentos escreve-se tendo !
em conta que o momento das forças exteriores r !
(neste caso o peso) é igual à variação do q r
momento angular, isto é:
!"
P
!"
P q
67
!"
!!!!" !!!" " !" d L
N ext = N P = r ´ P = . (5.1.1)
dt
!!!" " !"
Temos então de determinar: N P = r ´ P . Para isso observe a figura ao lado. Para
calcular o produto externo dos dois vectores podemos utilizar a regra da mão direita.
Sabemos que o resultado tem direcção perpendicular ao plano desta página.
Chamamos a essa direcção a do eixo dos ZZ e convencionamos o sentido positivo
como sendo de dentro para fora da folha. Sendo assim,
!!!" " !" " !" " !" !!" !!"
N P = r ´ P = r ´ P = r P sin q u z = lmg sin q u z (5.1.2)

Por outro lado:


!"
!" !" !!" dL !!" !!"
#
L = I w = - Iq u z Û = - Iq## u z = ml 2q## u z . (5.1.3)
dt
Igualando à Eq.(5.1.2) tem-se:

g
ml 2q!! = -lmg sin q Û q!! + sin q = 0 ® Equação dos momentos .
l
!"
Se q! é constante, L é também constante. Logo, o momento das forças exteriores terá
!!!!" !"
de ser nulo. Neste caso N ext não é nulo, portanto teremos de aplicar uma força F de tal
modo que:
!!!!" !!!" !!!" " !!!" !!!" !!"
N ext = N P + N F = 0 Û N F = - N P = -lmg sin q u z .
!!!" !!"
O momento adicional a aplicar é então: N ad = -lmg sin q u z .

PROBLEMA 5.2

Uma haste homogénea de massa M e comprimento L = 16d apoia-se contra uma


parede vertical e contra o canto de outra parede. Desprezando o atrito, determinar as
reacções em A e B, e a posição de equilibrio da barra, isto é, o ângulo a .
!!"
RB
O
B
!"
a P
!!"
A RA

d
Resolução:

Para que a barra esteja em equilibrio terão de se anular as forças nela aplicadas e os
respectivos momentos, isto é:

68
!!!" " !!!!" "
å ext
F = 0 , å Next = 0 . (5.2.1)

!!" !!"
As forças aplicadas à barra são as reacções em A e B ( RA e RB respectivamente), e o
!"
peso da barra P (aplicado no centro de massa O da barra que está localizado a meio
da mesma visto esta ser homogénea).

!!!" " ì- P + R cos a = 0 ì R cos a = Mg


å Fext = 0 Û í R - R B sin a = 0 Û í RB sin a = R , (5.2.1)
î A B î B A

o que implica:
Mg
RA = Mg tan a , RB = . (5.2.2)
cos a
!!!!" "
A equação å Next = 0 resume-se a:
!!!!" " !!!!" !!!!" !!!" "
å ext
N = 0 Û N RA + N RB + N P = 0 . (5.2.3)

Vamos determinar os momentos em relação ao ponto B. A escolha é irrelevante. No


entanto convém escolher o ponto em relação ao qual o momento !!!!" da força mais
!!"
“complicada” é nulo, neste caso esta força é RB . É fácil de ver que N RB em relação a B
é nulo já que a distância que vai do ponto de aplicação da força ao ponto em relação ao
!!!!" !!!"
qual se calculam os momentos é zero. Temos então de calcular N RA e N P .

!!!!" !" !!" !" !!" æp ö !!" !!"


N RA = r2 ´ RA =| r2 || RA | sin ç - a ÷ u z uz
è2 ø a
!!" a !!"
= r2 RA sin a u z . (5.2.3) !" RA
r2

Considerando que, pela Eq.(5.2.2), RA = Mg tan a tem-se:


!!!!" !!" !!"
N RA = r2 RA sin a u z = Mgr2 tana sina u z . (5.2.4)

!!!" !"
Quanto a N P , este é dado por: !!" r1
uz
!!!" !" !" !" !" !!" !!" a
N P = r1 ´ P =| r1 || P | sin a u z = -r1Mg sin a u z . (5.2.5)
!"
!!!!" !!!!" !!!" " P
A equação N RA + N RB + N P = 0 fica então, usando (5.2.4) e (5.2.5):

!!!!" !!!" " !!" !!" "


N RA + N P = 0 Û Mgr2 tana sina u z - r1Mg sin a u z = 0 ,

O que implica:

69
r2 tana sina - r1 sin a = 0 . (5.2.6)

É fácil de ver pela figura inicial que:


d L d
r2 = OB = e r1 = OA = - r2 = 8d - .
cos a 2 cos a

Substituindo em (5.2.6) fica:

d æ d ö 1
tana sina - ç 8 d - ÷ sin a = 0 Û 1 - 8cos a = 0 Û cos a = Û a = 60º .
3

cos a è cos a ø 2

!!" !!"
As reacções RA e RB determinam-se através da Eq.(5.2.2).

PROBLEMA 5.3

Uma esfera de massa m move-se sem atrito numa mesa horizontal estando ligada a um
ponto O da mesa por um fio que a obriga a descrever uma circunferência centrada em
O. Inicialmente o comprimento do fio é R e o módulo da velocidade é v . Suponha que o
comprimento do fio é reduzido para R ' = R / 2 .

a) Determine o módulo da velocidade final v ' .


!!"
b) Suponha que o fio era cortado. Calcule o momento angular da esfera L0 e preveja
o movimento da mesma depois do fio ser cortado.

Resolução:

a) Aplicamos a lei da conservação do momento angular (repare-se que as forças que


actuam na esfera são o peso, a reacção do plano e a tensão, todas elas com momento
de força zero). Temos então que:

!!" !!" I mR 2 R2
Li = L f Û I iwi = I f w f Û w f = i wi = wi = wi = 4wi Û v ' = 4v .
If mR '2 ( R / 2) 2

b) Quando o fio é cortado, a esfera passa a ter um movimento rectilíneo com velocidade
v . O momento angular é, por definição:
!!" " !" " " !!" !!" !!"
L0 = r ´ p = mr ´ v = -mrv sin a u z = -mRv sin a u z = -mR 2w u z .

(ver figuras)
!
v
!
! R !!" r
r uz
a a
!"
p

70
Esta equação diz-nos que o momento angular depois de se ter cortado o fio é igual ao
momento angular antes, já que:
!!" !!" !!"
L0 = -mRv sin a u z = Li .

PROBLEMA 5.4
m
Considere o sistema representado na figura !
ao lado. A !massa 2
""! da esquerda bate com m v
velocidade v = 5 u x (m/s) no halter parado, 2
formado pelas massas m / 2 e m , rigidamente
ligadas a uma distância l = 0.5 m. O choque
faz com que as esferas de massa m / 2 se
juntem uma à outra e com que o halter se
comece a mover. Determine:
m
a) O movimento do centro de massa do conjunto.
b) O movimento de rotação do halter depois do choque, no referencial do centro de
massa.
c) A energia dissipada durante a colisão.

Resolução:

a) Aplicamos a conservação da quantidade de movimento do centro de massa antes e


depois da colisão:

!!" !!" m v !!"


pi = p f Û v = 2mvCM Û vCM = = 1.25 u x (m/s)
2 4

b) Antes da colisão, o movimento das três esferas em relação ao referencial do centro


de massa pode ser representado como na figura abaixo.

!!" !!" !!"


As velocidades v1' , v2' e v3' são medidas em m
!!" !!"
relação ao referencial do CM, e são dadas, m v1' v2' 2
usando a lei da composição das velocidades 2
por:
!!" !" !!!" !!" !!"
v1' = v1 - vCM = (5 - 1.25) u x = 3.75 u x (m/s)
!!" !!" !!!" !!" !!" CM
v2' = v2 - vCM = (0 - 1.25) u x = -1.25 u x (m/s) !!"
!!" !" !!!" !!" !!" v3'
v3' = v3 - vCM = (0 - 1.25) u x = -1.25 u x (m/s) m

Podemos aplicar agora a conservação do momento linear à colisão das duas esferas, no
referencial do centro de massa.

71
!!" !!!" m !!" m !!" !!" 1
pi ' = p f ' Û v1' + v2' = mv f ' Û v f ' = ( v1' - v2' ) = 1.25 (m/s) .
2 2 2

A velocidade
!!" !!" da duas esferas juntas depois do choque, em relação ao centro de massa,
é v f ' = 1.25 u x (m/s) . Sendo assim, as duas massas m do halter passam a ter, em relação
ao CM, um movimento de rotação com velocidade v f ' , que corresponde a uma
vf '
velocidade angular w f ' = = 5 rad/s.
l/2

c) Em relação ao centro de massa a energia cinética final está sob a forma de energia
cinética de rotação igual a:

1 2 1é æl ö ù 2
2

Kf = I w f ' = ê 2m ç ÷ ú w f ' = mv 2f ' .


2 2 êë è 2 ø úû

Para a energia cinética inicial podemos escrever:

1m 2 1m 2 1m 2 m 2
Ki = v1' + v2' + v3' = v1' .
22 22 22 3

m 2
Sendo assim, DK = K f - K i = mv 2f ' - v1' = -3 J.
3

PROBLEMA 5.5

Um asteróide esférico de massa específica igual a r e raio Ri executa um movimento


de rotação com velocidade angular wi . Ao longo de alguns biliões de anos vai
absorvendo matéria com a mesma massa específica até que o seu raio duplica. Se em
média esta matéria tiver chegado radialmente, qual será a velocidade angular final w f ?

Resolução:

4
A massa do asteróide é dada por M = rV = rp R 3 .Considerando que existe
3
conservação do momento angular, temos que:

Ii
Li = L f Û I iwi = I f w f Û w f = wi .
If
Supondo que o momento de inércia do asteróide é dado por I = cMR 2 , onde c é um
coeficiente cujo valor é irrelevante para este problema, obtem-se:

5
Ii M i Ri2 Ri3 Ri2 æ Ri ö æ1ö
5
w
w f = wi = wi = 3 2 wi = ç ÷ wi = ç ÷ wi = i .
If M f Rf2
Rf Rf ç ÷
è Rf ø è2ø 32

72
6. OSCILAÇÕES HARMÓNICAS
PROBLEMA 6.1

Um bloco de massa 4 Kg produz uma deformação de 16 cm numa mola elástica vertical.

a) Determine a constante da mola.


b) Suponha que o bloco é substituído por outro bloco de 0.5 Kg que é afastado da sua
posição de equilíbrio. Determine o período das oscilações.
c) Suponha se afasta o bloco da sua posição de equilbrio. Sabendo que na primeira
vez que o bloco passa pela posição de equilbrio tem velocidade de 1 m/s orientada
para cima, determine a sua posição como função do tempo.
d) Determine a amplitude das oscilações usando o princípio da conservação da emergia
e compare com o resultado da alínea anterior.

Resolução:

a) Na posição de equilíbrio, o peso do bloco e a


força de restitutição da mola são iguais em
módulo pelo que:

𝑚𝑔
𝑃 = 𝐹$ ⟹ 𝑚𝑔 = 𝑘ℓ ⇒ 𝑘 = + = 15.7 N/m

b) A frequência de oscilação é dada por

𝑘 2𝜋 𝑚
𝜔 = 5 ⟹ 𝑇 = = 2𝜋+ = 1.1 s
𝑚 𝜔 𝑘

c) A equação para as oscilações harmónicas é:

𝑥̈ (𝑡) = −𝜔@ 𝑥(𝑡) ⇒ 𝑥(𝑡) = 𝐴 cos(𝜔𝑡 + 𝛼) ⇒ 𝑥̇ (𝑡) = −𝐴 𝜔 sin(𝜔𝑡 + 𝛼). (6.1.1)

Sendo a posição de equilíbrio correspondente a 𝑥(𝑡) = 0, e sendo o sentido positivo de


baixo para cima, os dados do problema dizem que a velocidade na primeira vez que o
bloco passa pela posição de equilíbrio (instante 𝑡K ) é 𝑥̇ (𝑡K ) ≡ 𝑣N = 1 m/s. Sendo assim,
temos que 𝜔𝑡K + 𝛼 = 3 𝜋/2 e

𝑥̇ (𝑡K ) = −𝜔 𝐴 sin(𝜔𝑡K + 𝛼) = 𝐴𝜔 (6.1.1)

Temos então que


P
𝜔𝐴 = 𝑣N ⇒ 𝐴 = 𝑣N + $ = 18 cm . (6.1.2)

Como na primeira passagem pela posição de equilíbrio a velocidade está orientada para
cima, tem-se que 𝑥(0) = −𝐴, pelo que 𝛼 = 𝜋. Logo,

𝑥(𝑡) = − 0.18 cos(5.6 𝑡) [cm].

73
d) Pela conservação da energia temos que, nas posições de elongação máxima (A) e
na posição de equilíbrio (B)

1 1 𝑚
𝐸T = 𝐸U ⟹ 𝑘 𝐴@ = 𝑚 𝑣N@ ⟹ 𝐴 = 𝑣N + ,
2 2 𝑘

que coincide com o resultado obtido na Eq. (6.1.2).

PROBLEMA 6.2

Quando consideramos as oscilações veticais de um carro podemos considerar que o


mesmo está montado sobre quatro molas verticais. Suponha que essas molas são
ajustadas de tal modo que as vibrações tenham uma frequência 𝑓 = 3 Hz.

a) Determine a constante elástica das molas se o carro tiver uma massa 𝑀 = 1450 Kg.
b) Qual a frequência das vibrações se dentro do carro estiverem cinco passageiros com
massa média de 𝑚] = 73 Kg.

Resolução:

a) Dado que o carro é suportado por quatro molas, vamos supor que cada mola está
sujeita a uma massa igual a 𝑚 = 𝑀/4. Isto implica que:

𝑘 N
𝜔 = 2𝜋 𝑓 = 5 ⟹ 𝑘 = 𝜔@ 𝑚 = 𝜋 @ 𝑓 @ 𝑀 = 1.3 × 10_ .
𝑚 m

b) A massa total do carro com os passageiros é 𝑀`a` = 𝑀 + 5 𝑚] , pelo que a massa


suportada por cada mola é agora 𝑚b = 𝑀`a` /4. Então, a frequência das vibrações é:

𝜔 1 𝑘 1 𝑘
𝑓= = 5 = 5 = 2.7 Hz .
2𝜋 2𝜋 𝑚′ 𝜋 𝑀 + 5 𝑚]

PROBLEMA 6.3

Um bloco de massa 𝑀 está numa superfície horizontal sem atrito preso a uma mola de
constante elástica 𝑘. Uma bala de massa 𝑚 e velocidade 𝑣⃗ atinge o bloco ficando presa
nele.

74
Determine:

a) A velocidade do conjunto imediatamente após a colisão.


b) A amplitude do movimento harmónico simples resultante.

Resolução:

a) Aplicamos o princípio de conservação do momento linear 𝑝⃗T = 𝑝⃗U , isto é:


𝑚
𝑚 𝑣N = (𝑚 + 𝑀) 𝑣K ⟹ 𝑣K = 𝑣 .
𝑚+𝑀 N

b) Após a colisão temos que


𝑘
𝐹⃗ = (𝑀 + 𝑚) 𝑎⃗ ⟹ − 𝑘 𝑥(𝑡) = (𝑀 + 𝑚) 𝑥̈ (𝑡) ⟹ 𝑥̈ (𝑡) = −𝜔@ 𝑥(𝑡) , 𝜔 = 5
𝑚+𝑀
A solução geral desta equação pode ser escrita como:

𝑥(𝑡) = 𝐴 sin(𝜔𝑡 + 𝛼), (6.3.1)

de onde, escolhendo a origem do referencial o ponto de colisão, se tira 𝑥(0) = 0 ⟹ 𝛼 =


0 (note-se que a solução 𝐴 = 0 não serve). Então:

𝑥(𝑡) = 𝐴 sin(𝜔𝑡) ⟹ 𝑥̇ (𝑡) = 𝐴 𝜔 cos(𝜔𝑡),

que se pode usar para escrever a velocidade 𝑣K do conjunto após a colisão como:
𝑣K 𝑚 𝑣N 𝑚 𝑣N
𝑥̇ (0) = 𝐴𝜔 = 𝑣K ⟹ 𝐴 = = = .
𝜔 𝑚+𝑀 𝜔 g(𝑚 + 𝑀) 𝑘

PROBLEMA 6.4

Considere o pêndulo física representado na figura, constituído por um disco uniforme de


raio 𝑅 = 10 cm e massa 𝑀 = 500 g, preso a uma barra fina e uniforme de massa 𝑚 =
270 g e comprimento ℓ = 50 cm.

Determine:

a) O momento de inércia do pêndulo em


relação ao eixo horizontal de rotação (o
momento de inércia de um disco uniforme
em relação a um eixo que passa pelo seu
centro de massa e que é paralelo ao eixo de
rotação é dado por 𝐼jkl = 𝑀𝑅@ /2). Qual a
distância entre o centro de massa e o eixo de
rotação?
b) Escreva a equação dos momentos e,
considerando oscilações pequenas,
determine o seu período.

75
Resolução:

a) Começamos por calcular o momento de inércia da


barra homogénea em relação a um eixo que passa
por uma das suas extremidades. Tendo em conta a
figura ao lado temos que:
ℓ ℓ
𝑥s 𝑚 ℓ@
𝐼mn @ @
= o 𝑥 𝑑𝑚 = o 𝜆 𝑥 𝑑𝑥 = 𝜆 r t = ,
3 N 3
N

onde se teve em conta que a barra é homogénea com densidade de massa em


comprimento 𝜆 = 𝑚/ℓ.

Para determinar o momento de inércia do disco em


relação a um eixo que passa pelo ponto O
perpendicularmente ao plano de oscilação, usamos o
teorema dos eixos paralelos:

𝑀𝑅@
𝐼jn = 𝐼jkl + 𝑀(ℓ + 𝑅)@ = + 𝑀(ℓ + 𝑅)@ ,
2

pelo que o momento de inércia do pêndulo em relação a um eixo que passa pelo ponto
O é dado por:

𝑚 ℓ@ 𝑀𝑅@ 𝑚 ℓ@ 3 𝑀𝑅@
𝐼n = 𝐼mn + 𝐼jn = + + 𝑀(ℓ + 𝑅)@ = + + 𝑀 (ℓ@ + 2𝑅ℓ) = 0.2 Kg m@
3 2 3 2

A distância do centro de massa do sistema ao ponto O calcula-se usando:


m
𝑚 𝑟vw j
+ 𝑀𝑟vw 𝑚 2 + 𝑀(ℓ + 𝑅)
𝑟vw = = = 0.48 m .
𝑚+𝑀 𝑚+𝑀

b) A equação dos momentos é:

𝑑𝐿y⃗
y⃗{|` . (6.4.1)
=𝑁
𝑑𝑡

Podemos tratar este problema como se se


tratasse de um pêndulo simples com massa igual
à massa total do sistema 𝑚 + 𝑀 e comprimento
de oscilação igual a 𝑟vw (calculado na alínea
anterior). Tendo em conta que a única força
relevante é o peso 𝑃y⃗ , tem-se que

y⃗
𝑑𝐿
y⃗{|` = 𝑁
=𝑁 y⃗}y⃗ = 𝑟⃗vw × 𝑃y⃗ = −𝑟vw (𝑚 + 𝑀)𝑔 sin 𝜃 𝑢
y⃗€
𝑑𝑡

76
y⃗ = 𝐼n 𝜔
Por outro lado, o momento angular é 𝐿 y⃗ = 𝐼n 𝜃̇ 𝑢
y⃗€ . Logo, aplicando a equação dos
momentos (6.4.2) temos:

𝑟vw (𝑚 + 𝑀)𝑔
𝐼n 𝜃̈ = −𝑟vw (𝑚 + 𝑀)𝑔 sin 𝜃 ⟹ 𝜃̈ = − sin 𝜃 . (6.4.2)
𝐼n

Para pequena oscilações, é válida a aproximação sin 𝜃 ≃ 𝜃 e, portanto,

𝑟vw (𝑚 + 𝑀)𝑔
𝜃̈ ≃ − 𝜃 ,
𝐼n

que é uma equação de um oscilador harmónico simples do tipo 𝜃̈ + 𝜔@ 𝜃 = 0, sendo 𝜔 =


2𝜋/𝑇. Comparando com a Eq. (6.4.2) temos finalmente que

2𝜋 𝐼n
𝑇= = 2𝜋5 = 1.5 s .
𝜔 𝑟vw (𝑚 + 𝑀)𝑔

PROBLEMA 6.5

Considere uma barra de comprimento 𝐿 e massa 𝑚


que oscila em torno de um eixo perpendicular ao
plano de oscilação que passa por um ponto O
localizado a uma distância 𝑑 do seu centro de massa
(ver figura ao lado).

a) Escreva a equação dos momentos e,


considerando oscilações pequenas, determine o
período de oscilação em função de 𝐿 e 𝑑.
b) Qual o valor de 𝑑 que corresponde ao valor
mínimo do período de oscilação se 𝐿 = 1 m.

Resolução:

a) Começamos por calcular o momento de inércia da barra homogénea em relação ao


eixo que passa pelo ponto O (ver figura em baixo).

77
Calculamos agora o momento de inércia da barra em relação ao ponto O tal como se fez
no problema 6.4:

ƒj ‚
@ ƒj
𝑥s @ 𝑚 𝐿@
𝐼mn @
= o 𝑥 𝑑𝑚 = @
o 𝜆 𝑥 𝑑𝑥 = 𝜆 r t @
= 𝑚𝑑 + .
3 „…‚„j† 12
‚ @
„… „j†
@

NOTA: Tendo em conta o teorema dos eixos paralelos, e o facto de o eixo estar a uma
distância 𝑑 do CM da barra, podemos concluir que o momento de inércia da barra em
relação a um eixo que passa pelo seu centro de massa é dado por 𝐼mvw = 𝑚𝐿@ /12.

À semelhança da alínea b) do problema anterior,



𝑑𝐿y⃗
= 𝑁 y⃗{|` = 𝑁
y⃗}y⃗ = 𝑟⃗vw × 𝑃y⃗ = −𝑟vw 𝑚 𝑔 sin 𝜃 𝑢
y⃗€
𝑑𝑡

onde 𝑟vw = 𝑑 (distância do CM da barra ao ponto de oscilação). Para pequenas


oscilações temos agora:

𝑚𝑑𝑔 𝑚𝑑𝑔
𝐼mn 𝜃̈ = −𝑚𝑑𝑔 sin 𝜃 ⟹ 𝜃̈ = − n sin 𝜃 ≃ − 𝜃 ,
𝐼m 𝐼mn

onde a última aproximação corresponde ao limite das pequenas oscilações. Desta


equação tiramos que:

2𝜋 𝐼mn 12 𝑑 @ + 𝐿@
𝑇= = 2𝜋5 = 2𝜋5 . (6.5.1)
𝜔 𝑚𝑑𝑔 12 𝑑𝑔

b) Vamos agora determinar a distância 𝑑 que minimiza o período para um dado 𝐿. Para
isso derivamos a Eq. (6.5.2) em ordem a 𝑑:

𝜕𝑇 𝜋 12 𝑑𝑔 12𝑔(12𝑑 @ + 𝐿@ ) − 24𝑑 (12𝑑𝑔)


= 5
𝜕𝑑 g𝑔 12 𝑑 @ + 𝐿@ (12 𝑑 @ + 𝐿@ )@

𝜋 12 𝑑𝑔 𝑔𝐿@ − 12𝑑 @ 𝑔
= 12 5 .
g𝑔 12 𝑑 @ + 𝐿@ (12 𝑑 @ + 𝐿@ )@

Igualando a expressão anterior a zero temos 𝑑Pˆ‰ = 𝐿/√12, que corresponde a um


período mínimo 𝑇Pˆ‰ de:

@
12 𝑑Pˆ‰ + 𝐿@ 𝐿
𝑇Pˆ‰ = 2𝜋 5 = 2𝜋5 = 1.5 s .
12 𝑑Pˆ‰ 𝑔 √3 𝑔

78
PROBLEMA 6.6

Considere um corpo de massa 𝑚 = 1.0 kg


numa superfície horizontal sem atrito preso
a dua molas elásticas iguais de constante
elástica 𝑘 = 2 N/m.

a) Determine a equação de Newton para esse corpo. Qual a solução geral?


b) Determine o movimento do corpo sabendo que ele parte va posição de equilíbrio com
uma velocidade 𝑣N = 2.0 m/s orientada da esquerda para a direita.
c) Se a superfície de apoio for substituída por uma superfície áspera com coeficiente de
atrito 𝜇 = 0.2, determine o afastamento máximo do corpo em relação à sua posição
de equilíbrio, nas condições da alínea anterior. Compare com o resultado da alínea
b).

Resolução:

a) O corpo encontra-se sob a ação das forças elásticas das duas molas que são
semelhantes. Logo, temos que:
2𝑘
𝑀 𝑥̈ (𝑡) = − 𝑘 𝑥(𝑡) − 𝑘 𝑥(𝑡) = −2𝑘 𝑥(𝑡) ⟹ 𝑥̈ (𝑡) + 𝜔@ 𝑥(𝑡) = 0 , 𝜔 = 5 .
𝑀

A solução geral desta equação será:

𝑥(𝑡) = 𝐴 sin(𝜔𝑡 + 𝛼), (6.6.1)

sendo 𝐴 a amplitude do movimento ou, por outras palavras, o afastamento máximo em


relação à posição de equilíbrio.

b) Como o corpo parte da posição de equilíbrio em 𝑡 = 0, e considerando a posição de


equilíbrio correspondente a 𝑥 = 0, temos que 𝑥(0) = 0. Para que esta condição se
verifique, temos que garantir que a Eq. (6.6.1) obedeça a 𝐴 sin 𝛼 = 0, o que implica
𝛼 = 0. Logo, a nossa lei do movimento do corpo é:

𝑥(𝑡) = 𝐴 sin(𝜔𝑡) ⟹ 𝑥̇ (𝑡) = 𝐴𝜔 cos(𝜔𝑡) , (6.6.2)

Como 𝑥̇ (0) = 𝑣N temos, segundo a equação anterior, que:

𝑣N 𝑀
𝑣N = 𝑥̇ (0) = 𝐴𝜔 ⟹ 𝐴 = = 𝑣N 5 = 1 m .
𝜔 2𝑘

A lei do movimento será então: 𝑥(𝑡) = sin(2𝑡) [m].

c) Na presença de atrito temos que, imediatamente depois de partir da posição de


equilibrio 𝐹⃗•Ž = −𝜇 𝑀𝑔 𝑢
y⃗• , pelo que, a lei de Newton implica:

𝑀 𝑥̈ (𝑡) = − 𝑘 𝑥(𝑡) − 𝑘 𝑥(𝑡) − 𝜇 𝑀𝑔 .

79
Esta equação pode ser escrita como:

2𝑘 𝜇 𝑀𝑔
𝑥̈ (𝑡) + •𝑥(𝑡) + ‘ = 0 . (6.6.3)
𝑀 2𝑘

Definindo
𝜇 𝑀𝑔
𝑦(𝑡) = 𝑥(𝑡) + ,
2𝑘

Podemos escrever a Eq. (6.6.3) como:

2𝑘
𝑦̈ (𝑡) + 𝑦(𝑡) = 0 ⟹ 𝑦(𝑡) = 𝐵 sin(𝜔𝑡 + 𝛼),
𝑀
e escrever:
𝜇 𝑀𝑔 𝜇 𝑀𝑔
𝑥(𝑡) = 𝑦(𝑡) − = 𝐵 sin(𝜔𝑡 + 𝛼) − . (6.6.4)
2𝑘 2𝑘

Por outro lado, para as velocidades temos:

𝑥̇ (𝑡) = 𝐵 𝜔 cos(𝜔𝑡 + 𝛼) .

As condições 𝑥(0) = 0 e 𝑥̇ (0) = 𝑣N levam a:


𝜇 𝑔
⎧ ⎧ tan 𝛼 =
𝜇 𝑀𝑔 𝜔𝑣N
⎪ 𝐵 sin 𝛼 = ⎪
2𝑘 ⟹ . (6.6.5)
⎨ ⎨ 𝑣N 𝜇𝑔 @
⎪𝐵 𝜔 cos 𝛼 = 𝑣N ⎪𝐵 = 𝑣N / (ω cos 𝛼) = 51 + › œ
⎩ ⎩ 𝜔 𝜔𝑣N

A elongação máxima verificar-se-á quando 𝑥(𝑡) for máximo, ou seja, segundo a Eq.
(6.6.4), quando sin(𝜔𝑡 + 𝛼) = 1. Isto implica

𝜇 𝑔 𝑀 𝜇𝑔 @ 𝜇𝑔𝑀 𝑀 𝜇𝑔 @ 𝜇𝑔 𝑀
𝑥P•• = 𝐵 − @ = 𝐴51 + › œ − ⟹ 𝑥P•• = 𝐴 •51 + › œ − 5 ž.
𝜔 2𝑘 𝑣N 2𝑘 2𝑘 𝑣N 𝑣N 2𝑘

Substituindo os valores temos que 𝑥P•• = 0.6 𝐴. Como seria de esperar a elongação
máxima é menor do que no caso da alínea b).

PROBLEMA 6.7

Considere o pêndulo físico representado na


figura, constituído por um quadrado (folha
fina) homogéneo de lado 𝐿 = 0.2 m e massa
𝑀 = 0.1 Kg, e por duas barras de
comprimento 𝑑K = 0.5 m e 𝑑@ = 0.2 m de
massas 𝑚K = 20 g e 𝑚@ = 10 g.

80
O momento de inércia do quadrado em relação ao eixo que lhe é vertical e que passa
pelo seu centro de massa é 𝐼j = 𝑀𝐿@ /6:

a) Mostre que o momento de inércia de uma barra fina homogénea de comprimento 𝑑 e


massa 𝑚 em relação a um eixo vertical à barra e que passa pelo seu centro de massa
é 𝐼m = 𝑀𝑑 @ /12.
b) Determine o momento de inércia do pêndulo em relação ao eixo de rotação, e
determine a distância do centro de massa ao mesmo eixo.
c) Deduza a equação para as ocilações pequenas do pêndulo. Determine 𝜃(𝑡), sabendo
que o pêndulo parte da posição de equilibrio com 𝜃̇ (𝑡) = 2.0 rad/s.

Resolução:

a) Para determinar o momento de inércia da barra em relação a um eixo que passa pelo
seu centro de massa, procedemos da mesma forma que no problema 6.4. Usando o
o referencial indicado na figura ao lado temos
j/@
j/@
@ @
𝑥s 𝑚 𝑑 @
𝐼m = o 𝑥 𝑑𝑚 = o 𝜆 𝑥 𝑑𝑥 = 𝜆 r t = ,
3 „j/@ 12
„j/@

onde 𝜆 é a densidade de massa dada por 𝜆 = 𝑚/𝑑.

b) O momento de inércia em relação ao eixo que passa pelo ponto 𝑂 é:


n n
𝐼n = 𝐼mK + 𝐼mK + 𝐼¢n ,

n
onde 𝐼mK,@ e 𝐼¢n são os momentos de inércia das barras de comprimento 𝑑K,@ e do
quadrado em relação a esse eixo. Usando o teorema dos eixos paralelos, temos que:

n
𝑑K @ 𝑚K 𝑑K@ 𝑚K 𝑑K@ 𝑚K 𝑑K@
𝐼mK = 𝐼mK + 𝑚K › œ = + = = 1.7 × 10„s Kg m@ ,
2 12 4 3

n
𝑑@ @ 𝑚@ 𝑑@@ 𝑑@ @
𝐼m@ = 𝐼m@ + 𝑚@ ›𝑑K + 𝐿 + œ = + 𝑚@ ›𝑑K + 𝐿 + œ = 6.4 × 10„s Kg m@ ,
2 12 2
𝐿 @ 𝑀𝐿@ 𝐿 @
𝐼¢n = 𝐼¢ + 𝑀 ›𝑑K + œ = + 𝑀 ›𝑑K + œ = 3.6 × 10„@ Kg m@ ,
2 6 2

n n
e, portanto, 𝐼n = 𝐼mK + 𝐼mK + 𝐼¢n = 4.48 × 10„@ Kg m@ .
Para determinar a distância do centro de
massa do sistema ao ponto 𝑂 temos:

mK ¢ m@
𝑚K 𝑑vw + 𝑀 𝑑vw + 𝑚@ 𝑑vw
𝑑vw =
𝑚K + 𝑀 + 𝑚@

81
𝑚K 𝑑K /2 + 𝑀 (𝑑K + 𝐿/2) + 𝑚@ (𝑑K + 𝐿 + 𝑑@ /2)
= = 0.56 m
𝑚K + 𝑀 + 𝑚@
c) Tal como no problema 6.4
y⃗
𝑑𝐿 (𝑚K + 𝑚@ + 𝑀)𝑑vw 𝑔
y⃗€ ⟹ 𝜃̈ = −
= −𝑑vw (𝑚K + 𝑚@ + 𝑀)𝑔 sin 𝜃 𝑢 sin 𝜃 ,
𝑑𝑡 𝐼n

que, no limite das pequenas oscilações, dá:

(𝑚K + 𝑚@ + 𝑀)𝑑vw 𝑔 (𝑚K + 𝑚@ + 𝑀)𝑑vw 𝑔


𝜃̈ ≃ − 𝜃 ⟹ 𝜔 = 5 = 4 rad/s.
𝐼n 𝐼n

A solução geral desta equação é:


𝜃(𝑡) = 𝜃N sin(𝜔𝑡 + 𝛼) ⟹ 𝜃̇ (𝑡) = 𝜃N 𝜔 cos(𝜔𝑡 + 𝛼).
Dado que para 𝜃(0) = 0 (o pêndulo parte da posição de equilíbrio), tem-se 𝛼 = 0. Por
outo lado, 𝜃̇(0) = 2 rad/s de onde se tira
2
𝜃̇(𝑡) = 𝜃N 𝜔 = 2 ⟹ 𝜃N = ⟹ 𝜃(𝑡) = 0.5 sin(4𝑡) .
𝜔

82
7. RELATIVIDADE RESTRITA
PROBLEMA 7.1

O período de um pêndulo é 1s no referencial de repouso do pêndulo. Qual é o período


do pêndulo quando medido por um observador movendo-se a uma velocidade 0.99𝑐
relativa ao pêndulo

Resolução:

Para um observador num referencial S, solidário com o referencial próprio do pêndulo, o


período é 𝑇] = 1 s.

Considerando agora um observador num referencial S’ que se move a uma velocidade


𝑣 = 0.99𝑐, o período será:

𝑇] 1
𝑇b = = = 7 s.
@ √1 − 0.99@
+1 − 𝑣@
𝑐

(lembre-se que os intervalos de tempo são mínimos nos referenciais em repouso).

PROBLEMA 7.2

Uma nave espacial tem o comprimento de 50m quando medido numa plataforma. Se a
espaçonave viajar a uma velocidade 0.95𝑐 em relação à plataforma, qual o comprimento
que um observador na plataforma observa?

Resolução:

O comprimento próprio da nave é ℓ] = 50 m.

83
Quando a nave se move com velocidade 𝑣 = 0.95𝑐 em relação à plataforma, um
observador na plataforma mede o comprimento ℓ dado por:

𝑣@
ℓ = ℓ] 51 − = 50g1 − 0.95@ = 15 m .
𝑐@

PROBLEMA 7.3

Duas naves espaciais A e B movem-se na mesma direção, mas em sentidos opostos.


Um observador na Terra mede que a velocidade de A é 𝑣⃗T = 0.75𝑐 𝑢
y⃗• e que a velocidade
de B é 𝑣⃗U = −0.85𝑐 𝑢
y⃗• . Qual a velocidade de B relativamente a A, isto é, qual a
velocidade que um observador na nave A mede para a velocidade da nave B.

Resolução:

No enunciado do problema são dadas as velocidades das naves em relação à Terra.

Usando a expressão para a velocidade relativa temos que a velocidade da nave B em


relação a um observador na nave A é dada por:

𝑣U − 𝑣T −0.85𝑐 − 0.75𝑐
𝑣Ub = 𝑣U 𝑣T = = −0.98𝑐 .
1− @ (−0.85𝑐)(0.75𝑐)
𝑐 1 −
𝑐@

Como seria de esperar, o valor da velocidade dá menor que 𝑐, e o seu sentido é da


direita para a esquerda já que a nave B se está a aproximar de A.

PROBLEMA 7.4

Um eletrão move-se com velocidade 𝑣 = 0.85 𝑐. Qual a energia total e a energia cinética
do eletrão em eV.

Resolução:

A energia em repouso do eletrão é dada por:

𝐸N = 𝑚𝑐 @ = 9.1 × 10„sK (3 × 10¥ )@ = 8.199 × 10„K¦ J.

Tendo em conta que 1 eV = 1.6 × 10„Kª J, temos que

𝐸N = 8.2 × 10„K¦ J = 5.12 × 10_ eV = 0.512 MeV,

(lembre-se que 1 MeV = 10¬ eV).

84
Para a energia total 𝐸 temos:

𝐸N 0.512
𝐸= = = 0.972 MeV.
@ √1 − 0.85@
+1 − 𝑣 @
𝑐

A energia cinética 𝐾 será a diferença entre a energia total e a energia em repouso, isto
é:

𝐾 = 𝐸 − 𝐸N = 0.972 − 0.512 = 0.460 MeV.

PROBLEMA 7.5

A energia total de um protão é três vezes a sua energia em repouso.

a) Qual a energia do protão em eV, sabendo que a sua massa é 𝑚] = 1.67 × 10„@® Kg?
b) Qual a velocidade do protão?
c) Qual a energia cinética do protão?
d) Qual o momento linear do protão?

Resolução:

a) A energia em repouso do protão é dada por:

𝐸N = 𝑚] 𝑐 @ = 1.67 × 10„@® (3 × 10¥ )@ = 1.503 × 10„KN J = 938 MeV ,

(ver o problema anterior).

b) Sabemos que a energia total é 𝐸 = 3𝐸N , logo

𝐸 1 𝑣@ 1 𝑣@ 8 √8
= ⟹ 51 − = ⟹ = ⟹ 𝑣 = 𝑐 = 2.8 × 10¥ m/s.
𝐸N @ 𝑐@ 3 𝑐@ 9 3
+1 − 𝑣@
𝑐
c) Tal como no problema anterior:

𝐾 = 𝐸 − 𝐸N = 3𝐸N − 𝐸N = 2𝐸N = 1876 MeV = 1.876 GeV.

d) Tendo em conta a relação entre energia e momento de Einstein:

𝐸N MeV
𝐸 @ = 𝑝@ 𝑐 @ + 𝑚@ 𝑐 ¦ ⟹ 𝑝@ 𝑐 @ = 𝐸 @ − 𝑚]@ 𝑐 ¦ = 9𝐸N@ − 𝐸N@ = 8𝐸N@ ⟹ 𝑝 = √8 = 2650 .
𝑐 𝑐

PROBLEMA 7.5

A massa do deuterão 𝑑 (ou Hidrogénio pesado), não é igual à soma das massas dos
seus constituintes, o protão 𝑝 e o neutrão 𝑛. Calcule a diferença de massa e determine

85
a energia equivalente. Dados: 𝑚] = 1.007276 u , 𝑚‰ = 1.008665 u , 𝑚j = 2.013553 u ,
1u = 1.66 × 10„@® Kg.

Resolução:

Temos que a diferença de massa Δ𝑚 é:

Δ𝑚 = ³𝑚] + 𝑚‰ ´ − 𝑚j = 0.002388 u = 3.96 × 10„sN Kg .

A energia equivalente será: 𝐸 = Δ𝑚𝑐 @ = 3.56 × 10„Ks J = 2.23 MeV, que corresponde à
energia de ligação.

86
8. ONDAS
PROBLEMA 8.1

Uma onda harmónica numa onda esticada é descrita pela função de onda

𝑦(𝑥, 𝑡) = 0.25 cos(0.1 𝑥 − 20𝑡).

Determine para este movimento ondulatório:

a) O ângulo de fase.
b) A amplitude.
c) A frequência angular.
d) A frequência harmónica.
e) O número de onda.
f) O comprimento de onda.
g) A velocidade da onda.
h) A direção do movimento.

Resolução:

A equação de onda para este movimento oscilatório é:

𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡) 1 𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡)
= , (7.1.1)
𝑑𝑥 @ 𝑣 @ 𝑑𝑡 @

onde 𝑣 é a velocidade da onda. A função de onda que obedece a esta equação é:

𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝐴 sin(𝑘 𝑥 − 𝜔𝑡 − 𝜙),


sendo:

𝐴 − amplitude
𝑘 − número de onda
𝜔 − frequência angular
𝜙 − ângulo de fase

a)+b)+c)+e) Podemos escrever

𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝐴 sin(𝑘 𝑥 − 𝜔𝑡) cos 𝜙 − 𝐴 cos(𝑘 𝑥 − 𝜔𝑡) sin 𝜙 , (7.1.2).

A função de onda dada no enunciado é do tipo 𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝐴 cos(𝑘 𝑥 − 𝜔𝑡) que,


comparando com a equação (7.1.2) permite concluir que:

𝐴 = 0.25 m , 𝜔 = 20 rad/s , 𝜙 = 3𝜋/2 , 𝑘 = 0.1 m„K .

d) A frequência harmónica 𝑓 é determinada tendo em conta que:

2𝜋
𝜔 = 2𝜋𝑓 ⇒ 𝑓 = = 3.18 Hz
𝜔
f) O comprimento de onda 𝜆 determina-se tendo em conta que: 𝑘 = 2𝜋/𝜆 que dá:

87
2𝜋
𝜆= = 20𝜋 m .
𝑘

g) A velocidade da onda é dada por 𝑣 = · = 𝜆𝑓 onde 𝑇 é o período. Tendo em conta
os resultados das alíneas anteriores:

𝑣 = 𝜆𝑓 = 200 m/s.

h) A função para uma onda deste tipo pode sempre escrever-se como:

𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝑦(𝑥 ± 𝑣𝑡, 0),

em que o sinal positivo (negativo) corresponde a uma onda que se propaga para a
esquerda (direita). Podemos escrever,

𝑦(𝑥 ± 𝑣𝑡, 0) = 𝐴 sin[𝑘(𝑥 ± 𝑣𝑡) − 𝜙] = 𝐴 sin[ 𝑘𝑥 ± 𝜔𝑡 − 𝜙 ].

Neste problema estamos perante um caso em que 𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝑦(𝑥 − 𝑣𝑡, 0), concluímos que
a onda se propaga para a direita.

PROBLEMA 8.2

Uma solução de uma equação de onda é 𝑦K (𝑥, 𝑡) = 𝐴 sin(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡). A função de onda
𝑦@ (𝑥, 𝑡) = 𝐴 cos(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡) descreve uma onda fora de fase de 𝜋/2 em relação a 𝑦K (𝑥, 𝑡).

a) Determine se 𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝑦K (𝑥, 𝑡) + 𝑦@ (𝑥, 𝑡) é solução da equação de onda.


b) Determine se 𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝐴 sin(𝑘𝑥)𝐵 cos(𝜔𝑡) .

Resolução:

a) A equação de onda é:

𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡) 1 𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡)
= .
𝑑𝑥 @ 𝑣 @ 𝑑𝑡 @

Temos então:

𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡) 𝑑 @ [ 𝑦K (𝑥, 𝑡) + 𝑦@ (𝑥, 𝑡)]


@
= @
= −𝐴𝑘 @ [sin(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡) + cos(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡)] = −𝑘 @ 𝑦(𝑥, 𝑡)
𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡) 𝑑 @ [ 𝑦K (𝑥, 𝑡) + 𝑦@ (𝑥, 𝑡)]
= = −𝐴𝜔@ [sin(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡) + cos(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡)] = −𝜔@ 𝑦(𝑥, 𝑡)
𝑑𝑡 @ 𝑑𝑡 @

Definindo 𝑣 = 𝜔/𝑘, vemos que

𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡) 𝑘 @ 𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡) 1 𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡)


= = ,
𝑑𝑥 @ 𝜔 @ 𝑑𝑡 @ 𝑣 @ 𝑑𝑡 @

pelo que 𝑦(𝑥, 𝑡) obedece à função de onda.

88
b) Temos agora que:
𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡)
= −𝐴𝐵𝑘 @ sin(𝑘𝑥) cos(𝜔𝑡)
𝑑𝑥 @
𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡)
= −𝐴𝐵𝜔@ sin(𝑘𝑥) cos(𝜔𝑡)
𝑑𝑡 @

Da mesma forma se pode verificar que:

𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡) 𝑘 @ 𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡) 1 𝑑 @ 𝑦(𝑥, 𝑡)


= = ,
𝑑𝑥 @ 𝜔 @ 𝑑𝑡 @ 𝑣 @ 𝑑𝑡 @

E que, portanto, 𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝐴 sin(𝑘𝑥)𝐵 cos(𝜔𝑡) obedece à função de onda.

PROBLEMA 8.3

Um comboio andando paralelamente a uma autoestrada com velocidade 𝑣» = 45 Km/h


toca a buzina, cuja frequência é 𝑓 = 300 Hz. Qual é a frequência 𝑓• ouvida por um
passageiro num carro que se aproxima do comboio com velocidade 𝑣• = 90 Km/h? A
velocidade do som no ar é 𝑣½ = 340 m/s.

Resolução:

Pretende-se determinar a frequência ouvida pelo passageiro do automóvel 𝑓• sabendo


que a frequência da buzina emitida é 𝑓 = 300 Hz .

Considera-se o sentido positivo como sendo do ouvinte para a fonte, neste casa da
esquerda para a direita.Tendo em conta que 𝑣⃗» = −𝑣» 𝑢
y⃗• e 𝑣⃗• = 𝑣• 𝑢
y⃗• , e usando a
expressão geral:

𝑣½ + 𝑣• 340 + (90 × 10s /3600)


𝑓• = 𝑓 = 300 = 334 Hz.
𝑣½ − 𝑣» 340 − (45 × 10s /3600)

PROBLEMA 8.4

Uma onda estacionária é formada pela interferência de duas ondas que se propagam
em sentidos contrários. Cada uma das ondas tem uma amplitude 𝐴 = 𝜋 cm, número de
onda 𝑘 = 𝜋/2 cm„K e frequência angular 𝜔 = 10𝜋 rad/s.

89
a) Calcule a distância entre os dois primeiros anti-nodos.
b) Qual é a amplitude da onda estacionária em 𝑥 = 0.25 cm .

Resolução:

Podemos escrever para as ondas:

𝑦K (𝑥, 𝑡) = 𝐴 sin(𝑘𝑥 + 𝜔𝑡) , 𝑦@ (𝑥, 𝑡) = 𝐴 sin(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡) .

A onda resultante será então:

𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝑦K (𝑥, 𝑡) + 𝑦@ (𝑥, 𝑡) = 𝐴 sin(𝑘𝑥 + 𝜔𝑡) + 𝐴 sin(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡).

Usando a propriedade sin(𝑎 ± 𝑏) = sin 𝑎 cos 𝑏 ± cos 𝑎 sin 𝑏, é fácil de ver que

𝑦(𝑥, 𝑡) = 2𝐴 sin(𝑘𝑥) cos(𝜔𝑡). (8.4.1)

a) As posições dos anti-nodos são tais que sin(𝑘𝑥) = 1 isto é:

(2𝑛 + 1)𝜋 𝑥 (2𝑛 + 1)𝜋 (2𝑛 + 1)𝜆 𝜆 3𝜆 5𝜆


𝑘𝑥 = ⇒ 2𝜋 = ⇒ 𝑥 = = , , , …
2 𝜆 2 4 4 4 4

pelo que a distância entre os dois primeiros anti-nodos é:

𝜆 1 2𝜋 𝜋
Δ𝑥 = = = = 2 cm .
2 2 𝑘 𝑘

b) Podemos ver pela Eq. (8.4.1) que a amplitude para 𝑥 = 0.25 cm será dado por
𝑦P•• (𝑥′ = 0.25 cm), isto é:
𝜋
𝑦P•• (𝑥′ = 0.25 cm) = 2𝐴 sin(𝑘𝑥 b ) = 2𝜋 sin …0.25 † = 0.04 cm.
2

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