Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Roteiro da Exposição
Golpear um coco com uma pedra, para quebra-lo, é proeza que os homens
compartilham com os primatas. Contudo prender a pedra em um bastã o, criando
o primeiro martelo, é um dos pontos em que os hominídeos se separam dos
outros primatas. O impacto da mesma pedra, agora amarrada em um pau, é
incomparavelmente maior do que a pedra na mã o.
Cria-se aqui uma conexã o com a Exposiçã o dos Materiais. É a reduçã o do bronze
e do ferro que geram a possibilidade de uma variaçã o ilimitada de manifestaçõ es
do martelo (o mesmo vai se dar com outras ferramentas). Portanto, o domínio do
ferro, há menos de cinco mil anos AC, traz um aumento exponencial na
especializaçã o das ferramentas. Evoluem as formas dos martelos, com a
crescente especializaçã o das suas funçõ es. Há dezenas de tipos diferentes.
Machados
Facas
Golpeia-se, tanto com o machado quanto com o martelo. Por isso, tendem a ter
um cabo relativamente longo, para aumentar a impulsã o. Em paralelo, aparece
nas mesmas épocas pré-histó ricas uma terceira ferramenta que nã o é golpeada: a
faca, com todas as suas variedades. Tradicionalmente é uma ferramenta que era
usada para cortar madeira. Contudo, na marcenaria, seu uso é substituído tende
a ser substituído por ferramentas especializadas.
Formão
Normalmente, as facas tem sua superfície cortante paralela à sua dimensã o mais
longa. Mas aparecem também outras ferramentas cujo corte está na extremidade
e tem um cabo reto que é a continuaçã o das lâ minas. Sã o os formõ es, em toda a
sua variedade.
Plaina
Serras
Todas as ferramentas até aqui descritas tem uma lâ mina cortante lisa. Mas bem
cedo aparece uma alternativa: as lâ minas serrilhadas. Em vez de cortar, raspam a
madeira. Em outras palavras, serram, uma operaçã o tecnicamente distinta.
Quando feitas de pedaços de rocha ou metal, seu uso é muito restrito. Mas com o
aparecimento do metal e, em particular, o aço, as serras tornam-se mais eficazes.
O uso do movimento giratório
Furar
Em outra versã o, há um volante pesado e a corda vai atada aos extremos de uma
peça furada no meio e enfiada no eixo. Funciona no mesmo princípio do ioiô . O
operador empurra a peça para baixo, desenrolando o cabo. Ao chegar ao fim do
curso, o volante propele o eixo, enrolando no sentido oposto. Assim, o operador
empurra e espera a corda se enrolar de novo, sucessivamente.
Em ambos os casos, a broca é uma haste de metal, com uma superfície cortante;
A tecnologia vai evoluindo, com cortes mais eficazes. Mas para que fure, sempre
se requer o peso da mã o do operador, ou o peso do volante.
O trado é mecanicamente mais simples, nã o passa de uma haste com uma trave
no extremo superior. Já na Idade Média, aparecem os trados em forma de colher.
Mas, na verdade, nã o furam, apenas alargam um furo pré-existente .
Historicamente, o trado para furar veio bem depois, pois requer um cone
rosqueado na sua extremidade. Isto resulta das dificuldades de produzir esse
cone rosqueado, que requer um domínio bem mais avançado do trabalho em
metal. Tecnicamente, é um Parafuso de Arquimedes, semelhante aos parafusos
para madeira, até hoje usados. Este parafuso penetra na peça, forçando a
superfície cortante a desbastar a madeira, como se fosse um formã o. O parafuso
dispensa a pressã o externa para furar.
É somente no século XIX que se populariza o trado. Desde entã o, todos os furos
para os parafusos de fixaçã o dos trilhos nos dormente foram feitos com trados.
Só muito recentemente aparecem alternativas motorizadas. Apesar da sua
singeleza, ainda é usado, por exemplo, na construçã o de jangadas.
Um variante do trado usa o arco de pua, cujo desenvolvimento se dá no século
XV. Trata-se de uma manivela com um mandril na extremidade. Até hoje existe,
sendo mesmo usado por marceneiros sofisticados que preferem o maior controle
oferecido por ele, comparado com a eficiência das alternativas mais modernas.
Furadeiras elétricas devem estar disponíveis para permitir aos visitantes fazer
furos em tábuas, sobre as bancadas.
Tornear
Como mencionado, furar com uma haste girada pelas palmas das mã os é algo que
o homem faz há quase vinte mil anos. Mas há um segundo uso do movimento
girató rio que também vem de longa data: tornear.
Por volta de mil anos AC, foram encontrados na ilha de Miscenas, fragmentos de
objetos torneados. Mais adiante, há também evidência de objetos torneados
etruscos, de resto, com ó timo nível de sofisticaçã o.
Progressivamente, o torno é aperfeiçoado. O primeiro avanço é a maneira de
transmitir movimento ao eixo. Antes, como nas furadeiras, isso se fazia através
de uma correia de couro, com duas voltas em torno dele. Um assistente retesa
um lado e puxa a cinta, iniciando o movimento. Solta entã o, e sem pressã o sobre
o eixo, retorna a cinta para a posiçã o inicial, repetindo entã o o movimento.
Devem ser construídas duas furadeiras, copiando algum modelo antigo, de tal
forma a permitir aos visitantes impulsionar o eixo, pelos dois sistemas.
O avanço seguinte, datado do século XIII DC, é o uso de um pedal e de uma mola
de madeira. O pedal puxa a corda que impele o eixo. A mola retorna o conjunto à
posiçã o inicial. Essa mudança também permitiu ao torneiro trabalhar de pé, e
nã o sentado no chã o.
A serra circular
Milênios atrá s, aparecem serras feitas com diferentes materiais. Com os avanços
da metalurgia, surgem o serrote e suas variantes. Até hoje, ainda sã o usados. Em
contraste, o uso do movimento circular para serrar madeira teve que esperar
pelo domínio de formas de energia mais poderosas do que os mú sculos humanos.
É somente no final do século XVIII que aparecem as primeiras serras circulares.
Em suas formas mais incipientes, sã o movidas pelos moinhos de vento. Com a
evoluçã o da roda d’á gua, tornam-se mais comuns e eficientes. Naturalmente, com
as má quinas a vapor e, depois, com os motores elétricos, passam a dominar todas
as operaçõ es brutas de abrir troncos e cortá -los em pedaços.
Evitam-se esses acidentes mediante regras simples a serem seguidas por todo e
qualquer operador. Cada vez mais, exigem-se cursos de certificaçã o para operar
uma serra circular.
Como aconteceu com muitas outras má quinas, motores menores e mais leves
permitiram a criaçã o de serras portá teis. Igualmente, a evoluçã o das baterias
elimina o fio elétrico.
Uma característica inerente à serra circular é que somente serra em linha reta.
Daí o aparecimento de uma outra serra que faz curvas, a serra de fita.
A ideia de usar uma banda metá lica circular e flexível nã o ocorreu muito depois
do aparecimento das serras circulares. Ou seja, vem do início do século XIX.
No entanto, o aço existente nã o resistia à s exigências do trabalho e as soldas,
ainda menos. Assim sendo, somente em meados do século XIX torna-se possível
produzir uma serra de fita eficiente e confiá vel.
Plaina e desengrosso
Mais recentemente, em paralelo com furadeiras e serras portá teis, a plaina tem a
sua versã o manual. É a tupia.
Conceber e projetar
Nasce neste momento, o desenho técnico, a planta. É a vida da peça, antes de ter
vida real.
Se queremos fazer uma cadeira ou uma mesa, é preciso que os quatro pés
tenham a mesma dimensã o. Se a porta vai entrar justa no marco, é preciso que
tenha as medidas corretas. Assim sendo, medir e marcar sã o tarefas essenciais e
diuturnas da construçã o em madeira.
Sendo assim, trabalha-se, quase sempre, com superfícies planas e arestas retas. A
curva pode ser necessá ria por razõ es prá ticas ou estéticas, mas é um estorvo na
oficina.
Por esta razã o, um dos instrumentos mais necessá rios é uma régua, para
assegurar que a peça é reta. As primeiras réguas nã o passavam de um sarrafo,
tã o reto quanto se conseguisse produzir. Mais adiante, para facilitar o transporte,
passa a ser dobrá veis. O avanço dos metais leva ao uso deste material, muitas
vezes em lâ minas flexíveis.
Na mesma ló gica inexorá vel da linha reta das construçõ es em madeira vem o
â ngulo reto. É indisputá vel a facilidade de construçã o, com madeiras retas,
cortadas e encaixadas em â ngulo reto. Pensemos em um simples caixote, cujos
â ngulos nã o sã o retos. Com as ferramentas que temos, será muito mais difícil
construí-lo.
Sendo assim, impõ e-se um instrumento para marcar e verificar â ngulos retos.
Trata-se do esquadro. Pela sua simplicidade e singeleza, oferece pouco espaço
para aperfeiçoamento. Apenas os materiais podem variar.
O compasso é uma ferramenta ambidestra. Tanto serve para traçar círculos como
para comparar distâ ncias. Seu desenho, de tã o simples, nã o admite muitas
variaçõ es.
Com pouca frequência usamos â ngulos que nã o sejam 90º ou 45º. Mas quando
necessá rio, as sutas podem medi-los ou reproduzi-los.
Se preciso de duas peças do mesmo tamanho, posso cortar a primeira e usá -la
para marcar o tamanho da segunda. Essa é a manifestaçã o mais simples das
medidas. A pró pria peça de referência serve como medida. O salto da imaginaçã o
existe, mas é ínfimo.
Se isto nã o é possível, posso marcar o seu tamanho dela uma em uma ripa de
madeira e usar o intervalo definido para dimensionar a segunda.
Mas nã o era bem assim, pois no século XVIII, cada cidade europeia tinha o seu rei
e a medida do seu pé. Dentro da cidade, nã o havia dificuldades para medir e
expressar as medidas por nú meros correspondendo ao pé do rei. Mas quando se
tratavam de especificar objetos, em cidades diferentes, nã o era fá cil comparar,
pois os pés dos reis tinham tamanhos diferentes.
Para obter um padrã o universal, foi escolhido um submú ltiplo da distâ ncia entre
meridianos. Mas acabou sendo uma ideia infeliz, pois com o aperfeiçoamento das
medidas terrestres, descobriu-se que o metro era uma aproximaçã o grosseira. A
soluçã o foi definir o metro, simplesmente, como a distâ ncia entre duas marcas
em uma barra de platina iridiada, mantida em temperatura constante em um
edifício pú blico em Paris.
Nos Estados Unidos, a ciência usa o Sistema Métrico, mas o povo continua no
Imperial. Ilustrativo das dificuldades de conviver com dois sistemas foi o
acidente com uma nave espacial, cuja gaxeta de vedaçã o tinha o diâ metro errado,
por uma confusã o entre os dois sistemas.