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UTILIZAÇÃO DE SEMINÁRIOS CRIATIVOS NA DISCIPLINA DE PROFISSÃO DOCENTE


COMO POSSIBILIDADE DO DESENVOLVIMENTO DA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
DOCENTE DE LICENCIANDOS

OLIVEIRA, Mylena França1


BERTO, Mirian Rachel de Araújo2
ALVES, Maria Dolores Fortes³

RESUMO
Este estudo tem como temática central a discussão em torno da construção da identidade docente de
licenciados do primeiro período do curso de Ciências Sociais, a partir da investigação sobre a vivência
em ciclo de seminários criativos na disciplina de Profissão Docente, na Universidade Federal de
Alagoas. Tem como intuito a reflexão e difusão da utilização de seminários criativos como uma
possibilidade de recurso que possibilita uma melhoria no ensino-aprendizagem e na construção da
identidade docente. A metodologia da pesquisa, é de natureza descritiva e qualitativa, tendo como
sujeitos participantes 5 estudantes, o instrumento para coleta de dados constituiu-se de um formulário
criado no google forms. Concluímos enfatizando a relevância do uso dos seminários criativos em salas
de aula como uma possibilidade de desenvolvimento da autonomia, criatividade cooperação, identidade
docente e afins.
Palavras-chave: Seminários criativos. Formação de professores. Identidade docente.

INTRODUÇÃO

Sabemos que nos últimos anos a profissão docente no Brasil está sendo cada vez
mais desvalorizada socialmente, seja por questões de remuneração, como também de
discursos e status. Devido a essa desvalorização da Profissão Docente o número de
estudantes que optam por cursos de licenciaturas tem diminuído. Podemos observar essa
diminuição de estudantes que optam pelos cursos de licenciatura através do Censo da
Educação Superior 2021, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Entre 2020 e 2021, segundo o CENSO DA
EDUCAÇÃO SUPERIOR (2021, p.16): “houve um aumento no número de ingressantes no
grau de bacharelado (3,9%). [...] o grau de tecnológico apresentou a maior variação positiva,
com 19,2% de ingressantes em 2021. Já os cursos de licenciatura registraram uma queda de
-12,8% nesse mesmo período;
Tendo em vista esse cenário, discutir estratégias que proporcionem a motivação e a
permanência dos estudantes nos cursos de licenciatura é fundamental. Ao ingressar nos
cursos de licenciatura na Universidade Federal de Alagoas, os estudantes têm como disciplina
obrigatória do primeiro período a disciplina de Profissão Docente, que tem como ementa a
abordagem do trabalho e da educação como atividades humanas essenciais, que se
constituem princípio e base de construção das práxis do educador e do ser profissional da

1Mylena França de Oliveira. Universidade Federal de Alagoas. mylenafranca5@gmail.com, https://orcid.org/0000-


0001-5575-6399, http://lattes.cnpq.br/7886034367506371.
2Mirian Rachel de Araújo Berto. Universidade Federal de Alagoas. mirian.berto@cedu.ufal.br,
https://orcid.org/0000-0003-1224-8671, http://lattes.cnpq.br/6627573964822559;
3 Maria Dolores Fortes Alves. Universidade Federal de Alagoas. mdfortes@gmail.com, https://orcid.org/0000-0002-

2292-8518, http://lattes.cnpq.br/4130544132802418.
educação. Através dessa disciplina os estudantes devem refletir sobre a profissão docente,
seus campos, possibilidades, áreas de estudo e atuação.
Levando esses dados em consideração, este texto tem como temática central a
discussão em torno da construção da identidade docente de licenciados do primeiro período
do curso de Ciências Sociais, a partir da investigação sobre a vivência em ciclo de seminários
criativos na disciplina de Profissão Docente, em uma universidade pública de Maceió, como
também visa investigar como estes seminários contribuíram para a construção de sua futura
prática pedagógica. Tivemos como perguntas norteadoras as seguintes questões: Como os
seminários criativos podem colaborar para a permanência do discente no curso de
licenciatura? Como os Seminários criativos podem contribuir para a construção da identidade
docente dos discentes, sua autonomia, autoria, criatividade e mudança de perspectiva em
relação a profissão docente.
Para composição deste resumo expandido, realizamos uma pesquisa através do
Google Forms com os estudantes do curso de Licenciatura em Ciências Sociais com o objetivo
de investigar como os seminários criativos foram importantes para os mesmos. Assim como
pesquisamos autores que nos dessem suporte na construção teórica. Desta maneira,
encontramos artigos e livros publicados que incentivam o uso de estratégias pedagógicas no
nível superior, dentre estas estratégias está o benefício dos seminários no fortalecimento do
protagonismo dos estudantes das licenciaturas.
A relevância deste estudo será a composição de textos construído a partir de
observações na aula de profissão docente e das vozes dos estudantes da licenciatura. Tem
como intuito a reflexão e difusão da utilização de seminários criativos como uma possibilidade
de recurso que possibilita uma melhoria no ensino-aprendizagem e na construção da
identidade docente. Os seminários criativos também possibilitam a superação do modelo de
educação bancária. Portanto, este texto está dividido em quatro momentos: no primeiro
momento introduzimos a pesquisa, no segundo momento destacamos o caminho
metodológico, no terceiro momento trouxemos as fundamentações teóricas e os resultados
da coleta de dados. E por fim, trouxemos algumas considerações sobre a temática em
questão.

METODOLOGIA

A pesquisa segue o caminho da abordagem qualitativa, entendendo a partir de


Chizzoti (2011) busca interpretar o sentido do evento a partir do significado que as pessoas
atribuem aquilo que falam e fazem. Os sujeitos participantes da pesquisa são 29 estudantes
de licenciatura do primeiro período do curso de Ciências Sociais, no entanto apenas 6
estudantes responderam o questionário. O Lócus da pesquisa foi a Universidade Federal de
de Alagoas. Os seminários criativos ocorreram ás quarta-feira, no período de 14 de setembro
de 2022 a 05 de outubro de 2022, na disciplina de Profissão Docente.
O instrumento que utilizamos para a coleta de dados constitui-se de um formulário
no Google Forms com o objetivo de ouvir os sujeitos participantes e investigar se os
seminários criativos colaboraram para o desenvolvimento de sua identidade docente e afins.
Perguntamos aos sujeitos participantes se concordavam em colaborar com a pesquisa sem
divulgarmos sua identidade, todos os 6 sujeitos participantes concordaram, sendo assim
iremos utilizar nomes fantasias no momento dos resultados e discussões da coleta de dados.
Iremos nomear os estudantes por números: Estudante 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Posterior a coleta de
dados, fizemos a análise e discussões a luz de teóricos. Os principais teóricos estudados
foram: Chizzotti (2011); Freire (1987); Freire (1996); Flores (2010); Masetto (2010).
Os seminários criativos que utilizamos na disciplina de profissão docente teve como
texto base o livro “Pedagogia da autonomia” de Paulo Freire. Separamos a sala em sete
grupos de 3 e 4 estudantes por grupo, cada grupo ficaram responsáveis por apresentar alguns
tópicos dos capítulos do livro para o restante da turma, utilizando um recurso criativo que
poderia ser cordel, música, poema, poesia, paródia, teatro e afins, a escolha do recurso ficava
a critério do grupo, porém tinham que apresentar os conceitos dos capítulos. Também
solicitamos para que no seminário desenvolvessem um jogo analógico ou digital sobre o tema.
Esse ciclo de seminários criativos teve duração de 4 aulas, cada grupo teve de 30 a 40 min.
para a apresentação.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E DISCUSSÕES

Discutir sobre estratégias que possibilitem a motivação/ permanência de estudantes


nos cursos de licenciaturas é fundamental, pois diversos estudantes optam por mudar de
curso ou desistem da profissão docente nesse primeiro contato na formação inicial. Acerca
dos resultados obtidos com a coleta de dados sobre a utilização de seminários criativos
durante as aulas da disciplina de Profissão Docente com os discentes de Ciências Sociais,
notamos a autonomia, a complexidade e a criticidade na fala dos estudantes que colaboraram
com esta pesquisa. Decidimos então investigar a partir de um questionário como tinha sido
essa vivência para os estudantes.
Partindo para os resultados da coleta de dados, a primeira indagação constituiu de
investigar a perspectiva deles sobre a profissão docente, pois durante as apresentações no
primeiro dia de aula da disciplina, muitos deles tinham uma visão bancária da educação e não
queriam ser educadores devido à desvalorização da profissão docente no Brasil. Indagamos:
Qual era a perspectiva deles sobre a profissão docente e o papel do professor antes de
ingressar na disciplina. Vamos destacar apenas três respostas, devido ao limite de páginas:
“Tinha muito a visão de uma educação bancária ainda. Pouquíssimas vezes tive uma troca
interessante com professores. ” (Estudante 2); “Tinha uma visão um pouco diferente. Imaginei
que seríamos levados a pensar criticamente, mas que o ensino da docência seria mais voltado
à como ensinar com métodos mais categóricos.” (Estudante 4); “Visão de uma existente
barreira entre o docente e discente.” (Estudante 5);
Podemos observar através das respostas o que tínhamos notado no primeiro dia de
aula, que os discursos deles iam ao encontro de uma visão bancária da educação, no qual os
educadores mantinham relação distante com o estudante, sem diálogo, apenas transmitindo
conteúdo. Esperavam, portanto, conteúdos prontos como receitas de bolo, assim como na
educação bancária, essa visão de educação Segundo Freire (1987, p.32): “[...] conduz os
educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os
transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá
“enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. [...]” É de
fundamental importância que os estudantes se reconheçam como construtores de saberes,
mudando sua perspectiva sobre a educação para que não reproduzam na sua prática
pedagógica essa visão bancária da educação e para que desenvolvam autonomia e
criticidade a serviço da libertação de si e dos seus futuros educandos.
Essa mudança na perspectiva é fundamental se quisermos romper com um modelo
tradicional, onde os professores só reproduzem e transmitem conhecimentos, para que esse
modelo educacional seja superado é necessário que acha uma mudança nos cursos de
formações, segundo Flores (2010, p.186): “[...] têm de ser organizados em função dessa
realidade, colocando de lado processos e práticas de formação dominados[...]. Um ensino de
qualidade exige professores [...] que demonstrem destrezas para enfrentar a complexidade e
mudança. ”
A criatividade está presente com maior frequência na Educação Infantil, a decorrer das
etapas da Educação Básica ela vai sendo cortada pouco a pouco do ambiente escolar, como
se não fosse possível construir conhecimento de uma maneira prazerosa e levando em
consideração os saberes dos estudantes. Percebemos que durante a explicação sobre o ciclo
de seminários criativos os estudantes tinham um certo receio quando falávamos que teriam
de apresentar de uma maneira criativa. As perguntas que mais surgiam era: como devemos
apresentar? Utilizando qual recurso? Tivemos que falar diversas vezes que a apresentação
ficava ao critério do grupo, era como se estivessem perdidos e não conseguissem ter
autonomia para criar. Houve muita estranheza por parte deles, porque realmente é difícil
assumir autonomia, sair de uma perspectiva da educação bancária que apenas reproduz.
Ao decorrer dos seminários, sentimos que a turma foi se encontrando em cada
apresentação e que os próximos grupos tentavam sempre utilizarem mais criatividade nas
apresentações. Durante os seminários percebemos uma maior interação nas aulas,
cooperação entre os grupos, autonomia e criatividade do grupo que estavam apresentando,
percebemos que os jogos que solicitamos incentivavam todos os estudantes a lerem os textos,
pois todos participavam das dinâmicas. A segunda pergunta que trouxemos para análise foi
se: Os seminários criativos privilegiaram o desenvolvimento de sua criatividade? Se
sim, de qual maneira?,
Observamos que todos responderam que os seminários tinham auxiliado no
desenvolvimento da sua criatividade. O estudante 6 respondeu que “Sim, tive a oportunidade
de usar minha criatividade nas apresentações e também ajudando meus colegas”. O
estudante 3 respondeu que: “ Sim, eles ajudaram a ser mais criativa e aberta à novas
experiências e dinâmicas.” Dessa forma, percebemos que o uso do seminário no decorrer das
aulas, não só se mostrou como um fortalecedor da identidade docente, mas, auxiliou no
processo-aprendizagem destes alunos, na interação com os outros membros da equipe assim
como tornaram os estudantes mais abertos, e flexíveis para o novo e tornaram-se criadores,
estimulando sua autoria. Segundo Masetto (2010) e Severino (2002), o seminário é
ferramenta estratégica que produz o conhecimento, permite a troca de ideias e experiências,
desenvolve a criatividade, criticidade e comunicação dos alunos, além de possibilitar as
primeiras habilidades de pesquisas dos discentes.
A terceira pergunta que queremos destacar neste resumo expandido, é sobre se: os
seminários criativos contribuíram para a construção da identidade docente dos
discentes? se sim, de qual maneira? iremos destacar duas respostas que nos chamaram
atenção: “Sim! eu tive um olhar mais amplo do que de fato é ser professora e que existe
diversas formas de trabalhar a educação, a relação do educando e educador.” (Estudante
1) É notório que os seminários criativos colaboraram para a construção da identidade
docente, pois através deles puderam refletir sobre a prática pedagógica e mudar a
perspectiva sobre o papel do professor. Segundo Freire (1996, p.22): “ [...] na formação
permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática.É
Pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.”
O estudante 2 fala que: “Sim! Apresentando os seminários criativos me fez ter mais amor à
docência. Foi maravilhoso participar e ver os outros discentes tão participantes, engajados e
animados.” Observando esse discurso, é notório que os seminários também motivaram o
contato direto com pesquisas que levaram os estudantes a experimentarem a sua
intencionalidade enquanto docente e motivaram a sua afetividade e permanência na docência.
A quarta pergunta que queremos destacar é se: os seminários criativos
potencializaram a construção da autonomia e autoria dos discentes? se sim, de qual
maneira? Queremos destacar as seguintes respostas: “Autonomia de trazer uma visão
diferente de qual tinha muito interesse e possivelmente talvez não conseguiria colocar em
prática se não fosse o seminário. ” (Estudante 2); “Sim. Os seminários criativos também nos
colocavam para lidar com nossas responsabilidades, já que tínhamos a liberdade de
escolhermos a maneira de apresentar como absorvemos os conteúdos, nos colocando na
posição de julgar a melhor forma e cumprir com os prazos. ” (Estudante 4). Podemos observar
através dos discursos que os seminários criativos também colaboram de maneira significativa
para que os estudantes assumam sua autonomia e autoria. Segundo Freire (1996, p. 67) “ [...]
A autonomia vai se constituindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo
tomadas. [...]. Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. [...] autonomia tem de estar
centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade [...].”
A última pergunta que traremos para discussão é: Qual a sua perspectiva sobre a
profissão docente e o papel do professor posterior os seminários criativos?
Queremos destacar 2 respostas: “consegui ter uma visão da profissional que pretendo ser.
E que o professor nunca sabe demais, assim como o aluno, é um conjunto, uma junção, os
dois aprendem juntos e isso torna a aula agradável.” (Estudante 1). Podemos observar que
o estudante mudou sua perspectiva sobre a educação, pois considera que ambos ensinam
e aprendem. “os professores desempenham um papel crucial na formação de alunos
críticos e conscientes nos ajudando a pensar mais, questionar e refletir sobre aquelas
coisas que são ditas como únicas, nos ajuda a expandir nosso olhar à enxergar além...”.
(Estudante 5). Podemos notar através deste discurso que os seminários também
possibilitaram o desenvolvimento da criticidade dos estudantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo para algumas considerações conclusivas, é possível afirmar que os


seminários criativos realizados na disciplina de profissão docente, é uma estratégia que
possibilita uma melhora no processo de ensino-aprendizagem e é um grande aliado da
construção da identidade docente. Através deles os estudantes podem superar a perspectiva
de uma educação bancária, refletir e observar a prática pedagógica, desenvolver autonomia,
autoria, criatividade, criticidade, solidariedade, cooperação, além de proporcionar um contato
com a pesquisa, sendo assim motivam os estudantes a continuarem na docência.
A partir das nossas observações em sala na disciplina de Profissão Docente e da
coleta de dados, percebemos que os seminários criativos constituíssem de uma excelente
estratégia para trabalharmos com estudantes de todas as licenciaturas, os estudantes fazem
interligações direta do que estávamos trabalhando nos textos com as vivências e com sua
futura prática docente.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).


Censo da Educação Superior 2021: notas estatísticas. Brasília, DF: Inep, 2022.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais (4ª ed.). São Paulo:
Editora Vozes. 2011.

FLORES, Maria A. Algumas reflexões em torno da formação inicial de professores.


Educação‐PUCRS, v. 33, n. 3, p. 182‐ 188, set./dez. 2010

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17a. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1987.

MASETTO, M. T. O professor na hora da verdade: a prática docente no ensino superior.


São Paulo: Avercamp, 2010.

SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 22a ed. São Paulo: Cortez, 2002.

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