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Alimentos comercializados
Procurando disciplinar a venda de alimentos nas cantinas localizadas dentro das
escolas, tanto públicas quanto particulares, alguns governos estaduais, municipais e
distritais regulamentaram, via leis ou portarias, a venda de produtos considerados não
adequados para o consumo, sobretudo diminuindo o acesso à alimentação inadequada
e favorecendo escolhas alimentares mais saudáveis, buscando proteger, assim, a saúde
dos estudantes.
69,6
60,3
59,0
54,8
54,5
52,7
52,4
51,5
37,3
28,9
25,1
24,1
22,3
21,7
20,3
18,1
16,9
15,4
14,1
5,4
Leite ou bebida a
Balas, confeitos,
doces,chocolates,
Refrigerante
natural de frutas
Suco/refresco
Bebidas
açucaradas
base de leite
Salgados fritos
Salgados de forno
ou doces
Frutas frescas ou
salada de frutas
Salgadinhos
sorvetes e outros
Sanduiches
industrializados
bolachas salgadas
Biscoitos ou
Privada Pública
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
35,0
31,4
31,0
25,7
24,5
23,6
21,6
21,0
20,7
19,4
18,1
17,6
16,9
16,1
15,6
15,0
13,8
12,9
9,4
8,7
3,5
3,5
natural de frutas
Leite ou bebida a
Balas, confeitos,
doces,chocolates,
Refrigerante
Suco/refresco
Bebidas
Frutas frescas ou
salada de frutas
açucaradas
base de leite
Salgados fritos
Salgados de forno
Salgadinhos
ou doces
sorvetes e outros
Sanduiches
industrializados
bolachas salgadas
Biscoitos ou
Privada Pública
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
2
Para informações complementares sobre o assunto, consultar o documento: BRASIL. Ministério da Saúde. Política
nacional de alimentação e nutrição. 2. ed. rev. Brasília, DF, 2003. 48 p. (Série B. Textos básicos de saúde). Disponível em:
<http://www4.planalto.gov.br/consea/documentos/saude-e-nutricao/politica-nacional-de-alimentacao-e-nutricao-pnan>.
Acesso em: maio 2013.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Outras características
A maior parte dos adolescentes estuda em escolas que informaram possuir política
sobre proibição do uso do tabaco (89,3%), não sendo significativa a diferença entre as
esferas administrativas pública (90,3%) e privada (84,6%) (Tabela 1.4.1). Em relação
às escolas onde o diretor ou responsável referiu conhecimento quanto ao consumo de
cigarro, na escola, por professores, ou alunos, essas ocorrências atingiram os percentuais
de 15,8% dos escolares, para o caso de consumo de cigarro por professores, e de 19,6%
dos escolares, para esta ocorrência entre os alunos. Em ambas as situações, a diferença
entre as esferas administrativas das escolas foi significativa, com proporções de 5,9%
de escolares na rede privada e 17,8% na rede pública, para o caso de consumo de
cigarro por professores, e de 3,3% e 22,9%, respectivamente, para o caso de consumo
de cigarro por alunos. Essas proporções apresentaram variações importantes entre as
Grandes Regiões. As Regiões que apresentaram as maiores proporções para o consumo
de cigarro pelos professores foram Nordeste (23,3%) e Centro-Oeste (20,1%); para a
ocorrência de consumo de cigarro pelos alunos, foram as Regiões Centro-Oeste (32,1%),
Sul (20,7%) e Norte (20,6%) (Tabelas 1.4.2 e 1.4.3).
A PeNSE 2012 também levantou informações quanto à situação de risco, em
termos de violência, na região onde se encontra a escola. Esta informação foi obtida
através do questionário do ambiente escolar, respondido pelo diretor ou responsável
pela escola. Tendo em vista aqueles que informaram que a escola estava situada em
área considerada como de risco para a violência, a maior parte do tempo ou todo o
período, nos últimos 12 meses, 17,9% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental
estudavam em escolas consideradas em áreas de risco, nas proporções de 5,5% para a
rede privada e de 20,4% para a rede pública (Tabela 1.4.4). Quanto às Grandes Regiões,
apesar de não serem estatisticamente significativas as diferenças entre as proporções,
elas oscilaram entre 27,8%, no Centro-Oeste, e 10,9%, no Sul. Diferenças significativas
foram obtidas para as capitais, com proporções que variaram de tal forma que as maiores
foram observadas em Belo Horizonte (46,2%), Maceió (45,9%) e Salvador (41,6%) e as
menores proporções, em Cuiabá (8,2%), Rio Branco (10,9%) e Rio de Janeiro (11,0%).
estimada segundo a dependência administrativa da escola foi composta por 2 611 931
(82,8%) alunos que estudavam em escolas públicas e 541 384 (17,2%), em escolas
privadas (Tabela 2.1.1).
A estrutura etária3 observada entre os participantes da pesquisa revelou que 86,0%
dos escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental tinham 13 a 15 anos de
idade, segmento etário preconizado pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World
Health Organization - WHO) como referência para os estudos de adolescentes escolares.
Cabe ressaltar que 45,5% tinham 14 anos de idade. As estimativas de escolares no grupo
de 13 a 15 anos de idade, por Grandes Regiões, somaram os seguintes percentuais: Sul
(91,1%), Sudeste (89,%), Centro-Oeste (86,4%), Nordeste (79,9%) e Norte (76,7%).
O maior percentual de escolares com idade igual ou inferior a 13 anos foi encontrado
na Região Nordeste (1,7%). Nas Regiões Norte (22,3%) e Nordeste (18,4%), foram
encontrados os maiores percentuais estimados para idade igual ou superior a 16 anos
(Tabela 2.1.2).
A distribuição estimada dos escolares segundo a cor ou raça, no País, mostra
maiores proporções de pardos (42,2%) e brancos (36,8%). Nos demais grupos de
cor ou raça, as proporções foram: 13,4% para pretos, 4,1% para amarelos e 3,5%
para indígenas. Na distribuição por Grandes Regiões, tem-se os maiores percentuais
de declaração da cor branca na Região Sul (57,8%), da cor parda na Região Norte
(57,3%) e da cor preta na Região Sudeste (15,6%), embora seja Salvador, na Região
Nordeste, a capital com o maior percentual de escolares que informaram a cor preta
(32,7%) (Tabela 2.1.3).
Aspectos socioeconômicos
Os fatores socioeconômicos exercem papel fundamental no desenvolvimento físico,
psicológico e social das crianças e adolescentes. As desigualdades socioeconômicas
são importantes determinantes sociais da saúde da população em geral e deste
segmento especificamente. Isso porque, de fato, são as condições econômica, cultural,
biológica e ambiental, nas quais os indivíduos e grupos familiares estão inseridos, que
se constituem em fatores diferenciais da situação de saúde. Os estudos que enfatizam
as desigualdades sociais e a saúde dos adolescentes são recentes e ainda carecem de
medidas mais adequadas para este grupo etário, uma vez que é difícil obter informações
de adolescentes sobre a posse de bens e serviços e de outros dados socioeconômicos,
resultando em percentual elevado de respostas em branco ou incompletas, segundo a
Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) (CURRIE et
al., 2008a, 2008b).
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 levantou alguns aspectos
socioeconômicos dos escolares de modo a obter indicadores que estabeleçam diferenciais
das condições de vida do público-alvo estudado. Neste sentido, investigou-se a
escolaridade dos pais, o número de residentes no domicílio do estudante, o trabalho entre
os escolares, o número de banheiros do domicílio, a posse de bens e a disponibilidade
do serviço doméstico no domicílio do escolar.
3
A amostra não foi calculada para desagregar as informações por grupos etários.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
28,7
25,2
19,2
17,8
14,8
10,2
9,7
9,1
8,4
7,0
6,2
4,9
4,8
3,2
0,9
Ensino médio ou 2º
grau completo
Ensino fundamental ou
1º grau incompleto
Ensino fundamental
ou1º grau completo
grau incompleto
Ensino superior
incompleto
Ensino médio ou 2º
Sem instrução
Ensino superior
Privada Pública
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
27,0
27,0
24,6
23,5
19,4
14,2
13,6
10,1
8,6
7,6
5,4
5,4
5,1
4,0
2,5
2,0
Ensino médio ou 2º
grau completo
Ensino fundamental ou
1º grau incompleto
Ensino fundamental
ou1º grau completo
grau incompleto
Ensino superior
incompleto
Ensino médio ou 2º
Sem instrução
Ensino superior
Privada Pública
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
29,5
elevação conforme o aumento
28,0
da idade. Dentre os estudantes 24,5
21,2
14,4
9,9
9,9
8,1
7,8
7,5
4
A legislação recente sobre o trabalho admissível para as crianças e adolescentes no Brasil encontra-se incorporada nesta
Consolidação, no Título III, Capítulo IV - Da proteção do trabalho do menor. Para informações complementares sobre o
assunto, consultar: BRASIL. Decreto nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário
Oficial [dos] Estados Unidos do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, ano 82, n. 184, 9 ago. 1943. Seção 1, p. 11937.
Com alterações posteriores. Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/legislacao>. Acesso em: maio 2013.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
99,3
99,0
98,6
95,7
89,8
86,9
78,9
72,3
71,6
71,8
69,9
66,0
64,5
62,9
60,4
59,9
56,3
50,2
46,0
44,5
42,9
41,5
31,3
31,1
12,1
10,1
10,0
10,7
10,2
9,4
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Empregado(a) doméstico(a)
Carro
5 ou mais dias da semana
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Contexto familiar
A concepção e a estrutura familiar têm atravessado mudanças expressivas, por
diversas razões, dentre as quais se destacam a redução da fecundidade, a mudança
das composições e formatos de família, o crescimento dos divórcios e o aumento do
percentual de famílias monoparentais. Há, também, o aumento dos conflitos entre pais
e filhos e a mudança nas relações de poder em decorrência dos adolescentes assumirem
papel mais ativo na tomada de decisões na família. Esta transição tende a ser mais
fácil quando existe comunicação entre pais e filhos e compartilhamento de tempo e
experiências (RODRÍGUEZ et al., 2005).
Com o propósito de analisar o contexto familiar dos estudantes, a Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 investigou os alunos do 9º ano do ensino
fundamental e mediu indicadores como: presença dos pais ou responsáveis na residência,
conhecimento dos pais ou responsáveis sobre o tempo livre dos filhos, falta às aulas
sem o consentimento dos pais ou responsáveis, e presença dos pais ou responsáveis
durante as refeições. Nesta edição da pesquisa, foram também acrescentadas variáveis
relacionadas a questões como: verificação dos deveres (lições) de casa pelos pais
ou responsáveis, entendimento dos pais ou responsáveis quanto aos problemas e
preocupações dos filhos e atitude dos pais ou responsáveis no que diz respeito a mexer
em algo pessoal dos filhos sem a sua concordância.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Utilizando dados da PeNSE 2009, alguns autores concluíram que residir com ambos
os pais teve efeito protetor quanto aos hábitos de fumar, beber ou usar drogas. Além
disso, a supervisão familiar também foi importante na prevenção desses hábitos. Práticas,
tais como fazer pelo menos uma refeição com os pais ou responsáveis, na maioria dos
dias da semana, e o fato de os pais ou responsáveis saberem o que os adolescentes
faziam em seu tempo livre, mostraram-se de efeito protetor quanto a hábitos de risco
(MALTA et al., 2011a; OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2013).
A PeNSE 2012 revelou que, considerando os dados do País, 62,1% dos escolares
responderam morar em lares com a presença de pai e mãe; 28,5% informaram morar só
com a mãe; e 4,0%, só com o pai. Os que responderam não morar nem com a mãe nem
com o pai totalizaram 5,4%. Na análise por Grandes Regiões, observa-se que as Regiões
Nordeste (66,3%) e Sul (65,8%) apresentaram os maiores percentuais de escolares
morando com a mãe e o pai. As Regiões Sudeste (31,5%), Centro-Oeste (31,1%) e
Norte (28,0%) concentraram os maiores percentuais de escolares morando apenas com
a mãe. A Região Norte apresentou não só as maiores proporções de escolares morando
só com o pai (5,3%), como também de escolares que não moravam nem com a mãe
nem com o pai (9,2%), valores estes maiores do que a média nacional (Tabela 2.3.1).
72,8
69,5
68,6
67,5
65,7
65,1
58,8
58,4
56,3
56,3
55,6
52,8
Privada Pública
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
34,6
29,6
28,2
26,4
22,9
20,1
15,3
15,2
14,7
14,4
13,8
13,0
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Privada Pública
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Hábitos alimentares
O hábito alimentar é formado de modo gradual ao longo da vida, ocorrendo
principalmente durante a primeira infância (BRASIL, 2005b). Hábitos inadequados
na infância e na adolescência podem ser fatores de risco para doenças crônicas não
transmissíveis na idade adulta (ANDING et al., 1996). Os aprendizados e costumes
adquiridos no período da infância e adolescência repercutem sobre o comportamento
alimentar, a percepção da autoimagem, a saúde individual, os valores, as preferências
e o desenvolvimento psicossocial (OLIVEIRA; SOARES, 2002).
Diversos estudos têm demonstrado hábitos alimentares pouco saudáveis entre
os adolescentes, principalmente entre os que pertencem às classes econômicas mais
favorecidas, (NUNES; FIGUEIROA; ALVES, 2007; LEVY et al., 2010). Este grupo etário
consome alimentos usualmente ricos em gorduras, açúcares e sódio, contando apenas
com uma pequena participação de frutas e hortaliças (TORAL; CONTI; SLATER, 2009).
Entre os adolescentes provenientes de famílias menos favorecidas, o consumo de
alimentos como o arroz e o feijão são mais frequentes (SANTOS et al., 2005; VEIGA;
SICHIERI, 2006).
Ainda no que se refere ao padrão de consumo alimentar dos adolescentes, estudos
internacionais confirmam as linhas gerais sobre o tema apontadas pela Organização
Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), a qual preconiza que é
importante desenvolver hábitos de alimentação saudável entre crianças e adolescentes
para sua manutenção na vida adulta e consequente redução de risco de doenças crônicas
e obesidade (CURRIE et al., 2012). Dentre os hábitos considerados saudáveis, destaca-
se o consumo de frutas e hortaliças como potencial fator de proteção para excesso de
peso, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 (CURRIE et al., 2012).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
5
Os resultados obtidos para os sete últimos dias antes da pesquisa foram considerados como frequência semanal.
6
Hortaliças cruas ou cozidas: abóbora, alface, brócolis, chuchu, couve, espinafre, tomate etc., exceto batata e aipim
(mandioca/macaxeira).
7
Hortaliças cruas: alface, cebola, cenoura, pepino e tomate.
8
Hortaliças cozidas:, abóbora, brócolis, cenoura, chuchu, couve, espinafre, etc., exceto batata e aipim (mandioca/macaxeira).
9
Guloseimas: balas, bombons, chicletes, chocolates, doces, ou pirulitos.
10
Na Tabela 2.4.1, o percentual de hortaliças corresponde ao indicador calculado, considerando as respostas obtidas para
as três perguntas existentes no questionário, referentes ao consumo de hortaliças em geral, cruas ou cozidas.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
Alimentação na escola
A quase totalidade (98,0%) dos estudantes de escolas públicas no País respondeu
que a escola oferece comida. Além disso, esse padrão se mantém de modo semelhante
nas Grandes Regiões brasileiras. Os resultados da PeNSE 2012 demonstram que o
percentual de estudantes que referiram a oferta de alimentação pelas escolas privadas
foi significativamente menor, 41,4%, entretanto, o hábito11 de consumir a comida
entre os escolares não foi elevado, sendo de 22,8% entre aqueles que estudavam em
escolas públicas e de apenas 11,9% para os alunos das escolas privadas. Os escolares
do sexo masculino foram mais frequentes em responder afirmativamente ao hábito de
comer a comida oferecida pela escola do que os do sexo feminino: 18,2% e 13,9%,
respectivamente. Os escolares da Região Centro-Oeste foram os que mais referiram
consumir a comida oferecida pela escola (20,2%), enquanto a menor proporção, 10,7%,
foi observada na Região Sul (Tabela 2.4.9).
11
Considerou-se como hábito de consumir comida na escola a ingestão de merenda/almoço em pelo menos três dias da semana.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Nesta edição, os ativos foram calculados por dois diferentes indicadores: atividade
física acumulada e atividade física globalmente estimada.
Gráfico 10 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por duração semanal
de atividade física acumulada, segundo as Grandes Regiões - 2012
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
2,9 2,2
Sul 8,3 21,9 40,6 24,1
1,9 2,9
1,3 2,7
1,7 3,0
Norte 24,7 40,3 27,5 2,8
1,9 2,7
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
A PeNSE 2012 perguntou também sobre o uso, nos últimos 30 dias, de outros
produtos de tabaco: cigarro de palha ou enrolados a mão, charuto, cachimbo, cigarilha,
cigarro indiano ou bali, narguilé, rapé e fumo de mascar. No Brasil, 4,8% dos escolares
consumiram outros produtos de tabaco. Nas Regiões Sul (7,9%) e Centro-Oeste (7,1%),
estão as maiores proporções de escolares que consumiram esses produtos de tabaco.
Nas Regiões Sudeste, Norte e Nordeste, o consumo de outros produtos de tabaco
pelos escolares foi de 5,8%, 2,2% e 1,6%, respectivamente. Esse consumo se deu
em maiores proporções pelos estudantes do sexo masculino (5,4%) do que entre os
do sexo feminino (4,3%) e não apresentou diferença entre os estudantes das escolas
públicas (4,9%) e das escolas privadas (4,5%) (Tabela 2.6.2).
No Brasil, 59,9% dos escolares declararam que estiveram na presença de
fumantes na semana anterior à pesquisa. A Região Nordeste (62,0%) apresentou o
maior percentual de escolares que estiveram na presença de pessoas que faziam uso de
cigarro e, entre os Municípios das Capitais, São Luís (49,6%) correspondeu ao menor
percentual, enquanto Porto Alegre (63,7%), ao maior. A proporção de meninas (62,4%)
que referiram a presença de fumantes foi maior do que a dos meninos (57,3%). Com
relação à dependência administrativa da escola, 61,5% dos estudantes de escolas
públicas estiveram na presença de pessoas que fumam, contra 52,3% dos escolares
da rede privada (Tabela 2.6.4).
Segundo a PeNSE 2012, 29,8% dos escolares brasileiros que frequentavam o 9º
ano do ensino fundamental informaram que pelo menos um dos responsáveis era fumante.
No Município de Porto Alegre, esta proporção alcançou 40,9% e, em Florianópolis,
34,9%. Os percentuais de escolares do sexo masculino (28,3%) e do feminino (31,2%)
que referiram ter pelo menos um dos responsáveis fumante é praticamente a mesma.
Nas escolas públicas, 32,2% declararam pais ou responsáveis fumantes, e na rede
privada, 18,4% (Tabela 2.6.5).
A PeNSE 2012 investigou a percepção dos escolares sobre qual seria a reação
de sua família caso soubessem que eles eram fumantes. Os dados mostraram que
aproximadamente 91,7% dos escolares no Brasil declararam que sua família se
importaria muito caso soubesse que eles fumavam. Foram constatadas variações entre
a percepção dos estudantes de escolas públicas (91,1%) e de escolas privadas (94,8%).
Entre escolares do sexo masculino (91,4%) e do feminino (92,1%), a diferença não foi
significativa (Tabela 2.6.6).
Dentre os escolares que fumaram nos 12 meses anteriores à entrevista, 65,4%
tentaram parar de fumar. A iniciativa de tentar parar de fumar não apresentou grandes
diferenças entre os escolares dos sexos masculino, 65,2%, e feminino, 65,5%, nem entre
os estudantes de escolas públicas (66,0%) e da rede privada (61,5%) (Tabela 2.6.7).
Álcool
O consumo de bebida alcólica é um dos principais fatores de risco para a saúde
no mundo e está envolvido em mais de 60 diferentes causas de problemas de saúde,
constituindo uma importante questão para os indivíduos e sociedades (PATTON et al.,
2009; RHEM et al., 2009). O álcool pode alterar o desenvolvimento do cérebro nos
adolescentes, influenciando o desenvolvimento cognitivo, emocional e social (TAPERT
et al., 2004). O uso precoce do álcool está associado a problemas de saúde na idade
adulta, além de aumentar significativamente o risco de se tornar consumidor em excesso
ao longo da vida (STRAUCH et al., 2009; MCCAMBRIDGE; MCALANEY; ROWE, 2011).
O consumo excessivo de bebida alcoólica na adolescência está associado a insucesso
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
23,0
Com amigos 20,4
11,2
Em casa 8,8
1,7
Vendedor de rua 4,4
6,1
Outro modo 7,1
%
Masculino Feminino
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Episódio de embriaguez
Cabe ainda ressaltar que 21,8% dos escolares já sofreram algum episódio de
embriaguez na vida. Os escolares da Região Sul apresentaram o maior percentual
(27,4%), e os da Região Nordeste, a menor frequência (17,3%). A proporção de alunos
das escolas públicas com episódio de embriaguez foi maior do que a observada nas
escolas privadas: 22,5% e 18,6%, respectivamente (Tabela 2.6.11).
Nos Municípios das Capitais, 24,3% dos estudantes relataram episódios de
embriaguez em 2012. Houve um aumento em relação a 2009, quando este percentual
foi de 22,1%.
No que diz respeito à percepção dos escolares sobre a reação de sua família, caso
eles chegassem em casa bêbados, 89,7% dos adolescentes afirmaram que a família
se importaria muito, 5,9% se importaria um pouco, 1,7% não se importaria e 2,7%
não souberam responder. A percepção dos escolares sobre a desaprovação dos pais
ou responsáveis em relação à embriaguez dos seus filhos foi maior na Região Nordeste
(91,8%) e menor na Região Centro-Oeste (87,9%). Segundo os dados da PeNSE 2012,
as famílias de grande parte dos escolares da rede privada (91,6%), como das escolas
públicas (89,3%), iriam se importar muito caso os adolescentes chegassem em casa
bêbados (Tabela 2.6.12).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Com relação ao consumo de álcool, 10,0% dos estudantes relataram ter tido
problemas com suas famílias ou amigos, faltaram às aulas ou se envolveram em brigas,
porque tinham bebido. A proporção de escolares que declararam problemas com o
consumo de álcool variou de 11,5%, na Região Centro-Oeste, a 8,4%, na Região
Nordeste. O percentual de escolares que declararam problemas com o consumo de álcool
foi discretamente maior entre as meninas (10,4%) do que entre os meninos (9,5%).
Ainda na comparação dos resultados para estudantes dos Municípios das Capitais
do País, observa-se que, em 2009, a proporção de estudantes de escolas públicas que
fizeram uso de drogas ilícitas atingiu 9,0%, e a da rede privada foi de 7,6%. Em 2012,
as proporções de estudantes por esfera administrativa da escola alcançaram 10,6%,
entre os alunos da rede pública, e 7,8%, entre os da rede privada.
Nesse sentido, a primeira edição da PeNSE, realizada em 2009, teve como objetivo
ampliar o conhecimento sobre a saúde dos escolares, com relação às orientações recebidas
na escola sobre saúde sexual, DSTs e AIDS, prevenção de gravidez e aquisição gratuita de
preservativos. Sob esses aspectos, a PeNSE 2009 mostrou que 89,4% dos estudantes das
escolas particulares e 87,5% dos alunos das escolas públicas responderam ter recebido
orientação sobre DSTs e AIDS. Com relação a receber informações sobre gravidez na
adolescência, 82,1% dos escolares da rede privada e 81,1% da pública responderam
positivamente. Quanto a orientações sobre como adquirir gratuitamente preservativos,
71,4% dos alunos de escolas públicas e 65,8% de escolas privadas disseram receber
tais informações.
Iniciação sexual
As pesquisas têm mostrado que a iniciação sexual de adolescentes do sexo
masculino é mais precoce do que a observada para o sexo feminino. Pesquisa realizada
no Estado de Lara, na Venezuela, com 2 070 estudantes do 7º, 8º e 9º anos demonstrou
que 27,0% dos meninos e 3,8% das meninas já haviam tido relações sexuais. Deste
contingente, 54,9% dos alunos e 23,5% das alunas tiveram sua primeira relação
sexual aos 12 anos de idade (GRANERO; PONI; SÁNCHEZ, 2007). Estudo realizado na
Europa e na América do Norte, Global School-Based Student Health Survey - GSHS,
pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), apontou
que 26,0% dos escolares com 15 anos de idade já haviam tido relação sexual (CURRIE
et al., 2012).
No Brasil, dados da PeNSE 2009, para o conjunto dos Municípios das Capitais,
revelaram que 30,5% dos escolares do 9º ano do ensino fundamental já haviam tido
relação sexual alguma vez na vida, sendo em maior proporção para os meninos (43,7%)
do que para as meninas (18,7%), bem como entre aqueles que estudam em escola
pública (33,1%) e com idade acima de 15 anos (47,3%). O uso do preservativo na
última relação sexual foi de 75,9%, e também foi a “camisinha” (74,7%) o método
contraceptivo mais utilizado na última relação sexual.
Os resultados da PeNSE 2012, para o Brasil, revelaram que 28,7% dos escolares
já tiveram relação sexual alguma vez na vida. As proporções deste indicador foram de
40,1% entre os meninos e de 18,3% para as meninas. Com relação à dependência
administrativa da escola, 30,9% dos estudantes de escolas públicas e 18,2% dos
estudantes de escolas privadas declararam que tiveram relação sexual. A Região Norte
apresentou o maior percentual (38,2%) de escolares para este indicador, seguida das
Regiões Centro-Oeste (32,1%), Sudeste (29,1%), Sul (27,3%) e Nordeste (24,9%)
(Tabela 2.7.1).
Uso de preservativos
Quanto à informação sobre o uso de preservativos, os dados da PeNSE 2009
mostraram que, no conjunto dos Municípios das Capitais do País, dentre os 30,5% de
escolares que tiveram relação sexual, 75,9% disse ter usado preservativo na última
relação sexual. Segundo dados de estudo divulgado pela OMS, realizado em mais de
40 países, em 2005 e 2006, entre adolescentes com 15 anos de idade, 77,0% relatou
o uso de preservativo na última relação. Nos Estados Unidos, um inquérito realizado em
2007, entre alunos do 9º até o 12º ano (equivalente ao Ensino Médio), verificou que,
entre escolares que tiveram relação sexual, 61,5% usou preservativo durante a última
experiência (CURRIE et al., 2008a; MALTA et al., 2011b).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
13,3
12,9
11,7
11,5
11,0
11,0
9,6
9,3
9,2
8,8
8,4
7,8
Masculino Feminino
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Violência no trânsito
Os acidentes de trânsito constituem uma das principais causas de morte e
hospitalizações de jovens e adolescentes no Brasil. Tanto os resultados da PeNSE 2009
como os da PeNSE 2012 revelaram que parcela significativa de alunos do 9º ano do
ensino fundamental não respeitavam as leis de trânsito ou se expunham a riscos. Fatores
como o não uso de cinto de segurança em veículos motorizados, a não utilização de
capacete em motocicletas, a direção de veículo motorizado, assim como o transporte
em veículos conduzidos por pessoas que ingeriram bebida alcoólica foram relatados nas
duas edições da pesquisa. “Os resultados estão de acordo com as elevadas taxas de
morbimortalidade de jovens no país por [acidentes de transporte terrestre] (ATT), o que
reforça a importância de ações educativas para adolescentes [...], além de fiscalização
rigorosa” (MORAIS NETO et al., 2010, p. 3043)
Bullying
O bullying (do Inglês, bully = valentão, brigão) compreende comportamentos
com diversos níveis de violência, que vão desde chateações inoportunas ou hostis
até fatos francamente agressivos, sob forma verbal ou não, intencionais e repetidas,
sem motivação aparente, provocados por um ou mais alunos em relação a outros,
causando dor, angústia, exclusão, humilhação, discriminação, entre outras sensações.
Outros membros da comunidade escolar podem ser afetados pelo bullying, envolvendo
frequentemente os mesmos atores, nas mesmas posições de agente e de vítima. Trata-
se de situações em que se constatam relações de poder assimétricas entre agente(s) e
vítima(s), nas quais se tem dificuldade de defesa. Na literatura especializada, adota-se
também o termo vitimização. Esse tipo de atitude deve ser identificado como violência
pela comunidade escolar e deve ser trabalhada para a construção de um ambiente
saudável (LIBERAL, et al., 2005).
Dados da Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar
(Health Behaviour in School-Aged Children - HBSC), da OMS, para países da Europa e
América do Norte, mostraram que 13,0% dos alunos com 11 anos de idade sofreram
bullying na escola, por no mínimo duas vezes nos dois meses anteriores à pesquisa:
12,0%, aos 13 anos, e 9,0%, aos 15 anos de idade (CURRIE et al., 2012). Estudo
realizado em 50 estados e no Distrito de Columbia, nos Estados Unidos, com 15 503
estudantes, em 158 escolas, revelou que 20,1% dos estudantes foram vítimas de
bullying na escola nos 12 meses que antecederam a pesquisa, sendo ele mais frequente
entre as meninas (22,0%) do que entre os meninos (18,2%), segundo o Centro de
Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention - CDC)
(YOUTH..., 2012).
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 57,6% dos estudantes do 9º ano
do ensino fundamental foram bem tratados pelos colegas quase sempre ou sempre.
Cerca de 62,8% das alunas declararam ter sido bem tratadas pelos colegas, enquanto
entre os meninos esse percentual foi de 52,0% (Tabela 2.8.1).
Em relação ao fato de sofrer bullying pelos colegas de escola, 7,2% dos escolares
afirmaram que sempre ou quase sempre se sentiram humilhados por provocações, no
conjunto do Brasil.
Os percentuais foram maiores entre os estudantes do sexo masculino (7,9%) do
que do feminino (6,5%). Entre os alunos de escolas privadas, a proporção foi de 7,9%
e entre aqueles de escolas públicas, 7,1%.
Os resultados da PeNSE 2012 demonstraram que 20,8% dos estudantes praticaram
algum tipo de bullying (esculachar, zoar, mangar, intimidar ou caçoar) contra os colegas,
levando-os a ficarem magoados, incomodados ou aborrecidos, nos últimos 30 dias
anteriores à pesquisa. Foi observado que a prática de bullying era proporcionalmente
maior entre os estudantes do sexo masculino (26,1%) do que do feminino (16,0%)
(Tabela 2.8.3).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Hábitos de higiene
A promoção dos hábitos de higiene, abastecimento adequado de água e saneamento
básico são componentes que trazem implicações amplas no estado geral de saúde dos
indivíduos (CURTIS, 2000). Nos países em desenvolvimento, as infecções respiratórias
e as doenças diarreicas são responsáveis por um grande número de óbitos em crianças;
ambas as causas podem ser facilmente evitáveis por meio da prática de lavagem adequada
das mãos. Doenças causadas por helmintos e algumas infecções oculares também
podem ser prevenidas por meio da lavagem das mãos, segundo a Organização Mundial
da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) (KRUG et al., 2002). Em pesquisa
conduzida em nove países da África, com escolares de 13 a 15 anos de idade, 62,2%
relatou que lavava as mãos regularmente antes das refeições; 58,4%, após utilizar o
banheiro; e 35,0% higienizava as mãos utilizando sabão (PENGPID; PELTZER, 2011).
Em 2012, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE, realizada com os
estudantes do 9º ano do ensino fundamental, introduziu em seu questionário o módulo
sobre higiene, com as seguintes variáveis: lavar as mãos antes de comer, lavar as mãos
após uso do banheiro ou vaso sanitário, e usar sabão/sabonete ao lavar as mãos.
Lavar as mãos
De acordo com os resultados da PeNSE 2012, em relação aos hábitos de higiene,
15,2% dos escolares responderam que nunca ou raramente lavaram as mãos antes de
comer, nos 30 dias anteriores à pesquisa. Entre os adolescentes do sexo masculino,
este percentual foi de 14,4%; para os do sexo feminino, foi registrada uma proporção
de 16,0%. Em todas as Grandes Regiões, o percentual de escolares que nos últimos
30 dias informou nunca ou raramente lavar as mãos antes de comer foi menor do que
20%, sendo a Região Sul a que apresentou a menor proporção, 13,5% (Tabela 2.9.1).
Por outro lado, a quase totalidade dos alunos pesquisados (91,8%) afirmou ter
lavado as mãos após uso do banheiro ou vaso sanitário. Nas escolas públicas, 8,6%
dos alunos responderam não lavar as mãos após uso do banheiro ou vaso sanitário nos
30 dias prévios à pesquisa. Nas escolas privadas, esse percentual foi de 6,4%. Essa
proporção foi menor para os escolares do sexo feminino (7,0%) do que entre aqueles
do sexo masculino (9,5%). A Região Sul apresentou as menores proporções (6,4%)
(Tabela 2.9.2).
Tendo em vista que a maior parte dos alunos declarou lavar as mãos antes de
ingerir alimentos e após uso do banheiro, ressalta-se ainda que 9,1% dos escolares
do 9º ano do ensino fundamental nunca ou raramente usaram sabão/sabonete quando
lavaram as mãos nos 30 dias que antecederam a pesquisa. Essa proporção foi maior
entre os meninos (10,0%) do que entre as meninas (8,3%). Em relação à dependência
administrativa da escola, a maior frequência de escolares que não usaram sabão/
sabonete para lavagem das mãos, ou o fizeram raramente no período, foi de 9,6% nas
escolas públicas e 7,0% nas escolas privadas. O menor percentual entre os estudantes
foi verificado na Região Sul (8,1%) (Tabela 2.9.3).
Saúde bucal
A saúde bucal é modulada pelas atitudes individuais, tanto por fatores de risco
comuns a outras doenças crônicas, como dieta rica em açúcar, uso de tabaco e bebidas
alcoólicas, quanto por fatores de proteção, como exposição adequada ao flúor e boa
higiene oral. A escovação regular dos dentes, pelo menos duas vezes ao dia, é um dos
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
métodos mais eficazes para prevenir cárie dentária e doenças periodontais (ADDY et
al., 1994). Estudos nessa área mostram que indivíduos mais jovens costumam relatar
maior frequência de visitas ao dentista e de higiene oral. Segundo o inquérito nacional
sobre saúde bucal, SB Brasil 2003, realizado pelo Ministério da Saúde (PROJETO...,
2005), 48,5% dos adolescentes relataram visita ao dentista há menos de um ano, e
23,0%, entre um e dois anos.
No estudo de Lisbôa e Abegg (2006), 67,0% dos indivíduos de 15 a 19 anos de
idade relataram visita ao dentista há menos de um ano, no entanto 44,0% afirmaram ir
ao dentista apenas quando têm dor. As mulheres apresentaram percentual de escovação
mais frequente do que os homens. Entre os adolescentes de 14 a 19 anos de idade,
54,0% afirmaram escovar os dentes três vezes ao dia, e 34,0% relataram usar fio dental.
A cárie dentária acomete todas as faixas etárias e é a doença crônica mais comum
em crianças de 5 a 17 anos de idade, ainda que medidas simples, como a higiene oral
adequada, possam evitá-la. Para os jovens, além de causar dor, a cárie dentária pode
afetar o desempenho escolar e social, com grande impacto na qualidade de vida.
Estudos demonstraram que escolares com dor de dente apresentaram maior índice
de dentes cariados, perdidos ou obturados, indicando maior necessidade de tratamento.
Aqueles que não relataram ter sentido dor nos últimos três meses mostraram-se mais
satisfeitos com a aparência de seus dentes (RIHS et al., 2008).
Pesquisa conduzida em nove países da África, com escolares de 13 a 15 anos
de idade, apontou que 77,3% escovava os dentes mais de uma vez por dia. Dados da
Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (Health Behaviour
in School-Aged Children - HBSC), da Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health
Organization - WHO), realizada na Europa e na América do Norte, apontaram que 65,0%
dos alunos com 11 anos de idade escovavam os dentes mais de uma vez por dia. Este
percentual é igual a 64,0% entre os alunos de 13 anos, e 65,0% entre aqueles com
15 anos de idade (CURRIE et al., 2012).
No Brasil, estudo conduzido com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar -
PeNSE 2009, realizada com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, apontou que
a frequência de escovação dentária três ou mais vezes ao dia foi de 73,6% dos escolares,
enquanto 4,8% relatou não escovar os dentes ou escovar apenas uma vez ao dia.
Em 2012, foi incluído no questionário da PeNSE um novo indicador neste módulo:
ir ao dentista nos últimos 12 meses.
de relato de dor de dente, nos últimos seis meses, do que os estudantes de escola privada
(15,1%). Os dados da PeNSE 2012 indicaram que, entre os estudantes do 9º ano do
ensino fundamental das Regiões Centro-Oeste e Sul, 21,0% e 20,5%, respectivamente,
afirmaram ter sentido dor de dente nos últimos seis meses (Tabela 2.10.2).
O exame dos dados de acordo com as Grandes Regiões revela que a proporção mais
elevada de alunos que se achavam gordos/muito gordos, 19,6%, encontrava-se na Região
Sul, seguida pela Região Sudeste, com 17,4% de estudantes que assim se consideravam.
Além disso, cabe ressaltar que as Regiões Norte e Nordeste apresentavam os percentuais
mais elevados de estudantes que declararam ter peso normal, em torno de 64,0%.
Entre os Municípios das Capitais, Porto Alegre foi o que apresentou a maior parcela
de alunos que se percebiam gordos/muito gordos, 22,7%, seguido por Florianópolis, com
21,9%. Em Curitiba, foi observada a maior proporção de estudantes do sexo feminino
que assim se declararam (27,5%), seguindo-se Porto Alegre, com 26,8% de alunas
que se consideraram na mesma situação. Comparando-se os dados de 2012 com os
da edição anterior da pesquisa, realizada em 2009, os percentuais são semelhantes.
38,9
33,9
31,1
21,1 19,6 20,4 19,1
16,0
Masculino Feminino
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Considerando as escolas das redes pública e privada, observou-se que existe uma
diferença de mais de 12 pontos percentuais entre os alunos das escolas particulares que
tentaram perder peso (36,4%) e aqueles que frequentavam escola pública e tomavam
essa atitude (24,2%).
Nas escolas públicas, o percentual de alunos que adotou esse tipo de procedimento
foi cerca de 5,0%, enquanto nas escolas particulares essa proporção atingiu 6,3%,
diferença estatisticamente significativa (Tabela 2.11.3).
Na maioria das Grandes Regiões brasileiras, a parcela dos estudantes que tomou
essa atitude esteve em torno de 6,4%. A exceção ocorreu na Região Sul, onde uma
proporção menor de escolares utilizou medicamentos, fórmulas ou outro produto com
a finalidade de aumentar o peso ou a massa muscular (4,9%). Nas Regiões Norte
e Centro-Oeste, foram encontradas as maiores diferenças entre os percentuais de
estudantes do sexo masculino e do feminino que se utilizaram desse recurso. Na Região
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Norte, esses percentuais foram de 9,3% entre os meninos e 4,1% para as meninas.
Na Região Centro-Oeste, 9,1% dos meninos e 3,7% das meninas relataram o uso de
medicamentos, fórmulas ou outro produto com o objetivo referido.
O município onde a maior parcela de estudantes lançou mão desse recurso foi Boa
Vista (9,3%), seguido de São Luís (8,0%), Salvador (7,9%) e Macapá (7,7%). O Município
de Cuiabá registrou a maior diferença na proporção de meninos (11,0%) e meninas (3,1%)
que desejavam ganhar peso ou massa muscular através de medicamentos, fórmulas ou
outro produto, 7,9 pontos percentuais, seguido de Macapá (11,7% entre os meninos e
4,1% para as meninas), com 7,6 pontos percentuais (Tabela 2.11.5).
Saúde mental
A Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) define
como saúde mental um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas
próprias habilidades, recuperar-se do stress rotineiro, ser produtivo e contribuir com a
sua comunidade (PROMOTING..., 2004). Há um vínculo entre transtornos de saúde
mental na adolescência e problemas de saúde pública, os quais podem ser classificados
em quatro grupos: emocionais, de comportamento, de concentração e com drogas
(SANTOS et al., 2011).
Sentimento de solidão
Nesse contexto, a análise dos resultados da Tabela 2.12.1 revelou que 16,5%
dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental no Brasil declararam ter se sentido
sozinhos nos 12 meses que antecederam à pesquisa. Contudo, a desagregação por
sexo aponta para resultados bastante diferentes entre meninos e meninas: enquanto
21,7% dos escolares do sexo feminino declararam ter experimentado esse sentimento,
entre aqueles do sexo masculino a proporção foi de 10,7%.
Masculino Feminino
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Existência de amigos
No que se refere às interrelações sociais, a maioria (91,2%) dos escolares do 9º
ano do ensino fundamental no Brasil afirmou ter, no mínimo, três amigos próximos, e
somente 3,5% deles declararam não ter amigos próximos, sendo 4,6%, meninos, e
2,5%, meninas (Tabela 2.12.3).
Os dados obtidos pela PeNSE 2012 mostram que 48,2% dos escolares procuraram
algum serviço ou profissional para atendimento relacionado à própria saúde, nos últimos
12 meses, sendo essa procura mais frequente entre os estudantes do sexo feminino
(49,1%) do que do sexo masculino (47,2%). Quanto à dependência administrativa
da escola, a procura dos serviços de saúde foi maior entre os estudantes de escolas
privadas (55,8%) do que os de escolas públicas (46,6%). As Regiões Sudeste e
Nordeste apresentaram um maior percentual de procura por esses serviços: cerca de
49,0 % dos alunos (Tabela 2.13.1). Entre os escolares que informaram a procura por
algum serviço de saúde (48,2%), o serviço mais procurado por estes alunos foi o Posto
de Saúde (47,9%), figurando, a seguir, o consultório médico particular (22,4%). Quando
a análise considera a dependência administrativa da escola, as proporções se invertem,
ou seja: a procura por estudantes da rede pública é maior ao posto de saúde, enquanto
o consultório médico é procurado mais frequentemente pelos estudantes das escolas
privadas, conforme demonstra o Gráfico 17.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Hospital 12,9
9,6
11,3
Consultório odontológico 6,1
Farmácia 3,9
2,4
Laboratório ou clínica para exames 4,5
complementares 2,1
Consultório de outro profissionalde saúde 2,9
(fonoaudiólogo, psicólogo, etc.) 1,4
3,4
Pronto-socorro ou emergência 1,4
Outro 2,6
2,5
%
Pública Privada
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
Prevalência de asma
A asma é a doença crônica de maior prevalência na infância e adolescência,
caracterizada por inflamação brônquica com hiperresponsividade das vias aéreas
inferiores e limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com uso de
broncodilatadores, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia - SBPT (IV
DIRETRIZES..., 2006). Esta doença acarreta custos elevados para o sistema de saúde,
interfere na qualidade de vida dos indivíduos e no absenteísmo na escola. Além disso,
quando não controlada, pode ser fatal (GLOBAL..., 2000; ROSA, 2009).
A utilização de questionários padronizados, como os do Estudo Internacional sobre
Asma e Alergias na Infância (International Study of Asthma and Allergies in Childhood
- ISAAC), tem sido importante na comparabilidade de inquéritos sobre o assunto, por
apresentarem boa sensibilidade e especificidade na identificação de casos em estudos
populacionais, orientados para escolares da faixa etária de 6 a 7 anos e para adolescentes
de 13 a 14 anos de idade (SOLÉ, 1998).
Em estudo12 realizado em 2007, utilizando o questionário ISAAC em um município
na região da Amazônia Brasileira (Tangará da Serra, em Mato Grosso), observou-se que a
prevalência de asma, nos 12 meses anteriores à pesquisa, entre adolescentes de 13 a 14
anos de idade, foi de cerca de 15,9% (ROSA, 2009). Entre as causas predisponentes da
12
Este estudo foi desenvolvido como produto do projeto de pesquisa "Avaliação dos efeitos da queima de biomassa na
Amazônia Legal à saúde humana", financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Mato Grosso,
Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e do projeto PAPES IV FIOCRUZ/CNPq, vinculado ao
Instituto Milênio, que está inserido à rede de Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia (LBA, Experimento
de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012