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Artigo publicado

na edição 13

novembro e dezembro de 2009


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:: artigo

GARGALOS E DEMANDAS DA
INFRAESTRUTURA
PORTUçRIA E OS
INVESTIMENTOS DO PAC
Este trabalho trata das principais quest›es econ™micas que envolvem
!"# $% !&"'$()*($+)*,%*-".*!/$*0*1!*" ") .*2 ".*"3,+,/(+)*,% ". "
setor portu‡rio Ð investimentos pœblicos e privados. Em seguida, s‹o
mostrados os principais problemas e demandas de infraestrutura dos
portos, consubstanciado no Mapeamento IPEA de Obras Portu‡rias,
seguindo-se com uma an‡lise de como o PAC tem atuado sobre estas
demandas. Apresentam-se, tambŽm, os resultados de uma pesquisa
4'56"! 7$*"+!".(3/82.+.*!"*,/ ,%$+.+!"#*2 !"8!89$( !"#+$+" #*$+$"
, !"# $% !"7$+!(2*($ !&"' $"3)-".*!/$*0*)1!*" !"$*!82%+. !":*$+(!". "
estudo.
Carlos Alvares da Silva Campos Neto No comŽrcio internacional, as frotas navais s‹o o
Formado em Economia pela Universidade de Bras’lia (1982) e mestre em principal meio de transporte de cargas, representando
Engenharia Nuclear e Planejamento EnergŽtico pela COPPE/UFRJ (1985). Atua
como coordenador de Infraestrutura econ™mica do Ipea (Diset).
cerca de 80% do transporte global. Juntamente com
carlos.campos@ipea.gov.br
MŽxico e Panam‡, o Brasil Ž um dos pa’ses latino-
americanos que est‹o conectados internacionalmente
Bol’var Pgo Filho
Formado em Economia pela Universidade de Bras’lia (1977) e tem p—s-gradua‹o
!"#$%&!#'(#"%'%#$)*'&(+#'%# !",!-#./&0"&!#1!$2"3&!#
em Planejamento de Sistemas EnergŽticos pela Unicamp (1991). Atua como Indœstria e Servios, 2009). No caso brasileiro, em 2007,
coordenador de Desenvolvimento Urbano do Ipea (Dirur). os portos foram respons‡veis pela movimenta‹o de
bolivar.pego@ipea.gov.br 76,7% do comŽrcio internacional, perfazendo um valor
Alfredo Eric Romminger Mestre em Economia pela Universidade de aproximadamente US$ 214 bilh›es em transa›es
de Bras’lia (2009). Atua como bolsista do Programa Nacional de Pesquisa e '%# $%"3('!"&(-# .1($ !-# 4%,!5# %,# (+65# 7889(:6# ;&*'(#
Desenvolvimento do Ipea (Diset).
assim, o Brasil possui um potencial aquavi‡rio quase
alfredo.eric@ipea.gov.br
inexplorado, com cerca de 40 mil km de rios naveg‡veis
Ians‹ Melo Ferreira e aproximadamente sete mil km de costa mar’tima com
Formada em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (2006) e
mestre em Economia pela Universidade de Bras’lia (2009). Atua como bolsista do
forte potencial de transporte de cargas e passageiros.
Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Ipea (Dirur). ;--&$5#!#%-,)'!#-%#<)-,&=3(# %+(#&$ !",>*3&(#?)%#!#-%,!"#
iansa.ferreira@ipea.gov.br portu‡rio tem para a economia brasileira em geral, e
("(#!#3!$2"3&!#&*,%"*(3&!*(+5#%- %3&=3($%*,%6
Leonardo Vasconcelos No comeo da dŽcada de 1990, o Pa’s comeou um
Formado em Geografia pela Universidade de Bras’lia (2002) e mestre em
Engenharia de Transportes tambŽm pela Universidade de Bras’lia (2007). Atua processo de renova‹o institucional com a inten‹o
como bolsista do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Ipea de recuperar os investimentos no setor portu‡rio.
(Dirur).
4%-,%# -%*,&'!5# (# @%&# '%# A!'%"*&B(CD!# '!-# E!",!-# .@%&#
leonardo.vasconcelos@ipea.gov.br
n¡ 8.630/93) representou uma mudana do paradigma
brasileiro de investimento nos portos. Com sua '!-# '('!-# '&- !*FG%&-5# 2# !--FG%+# &'%*,&=3("# ( %*(-# !-#
promulga‹o, o governo passou o controle dos portos investimentos na infraestrutura do setor hidrovi‡rio,
ˆs Administra›es Portu‡rias Estaduais e ˆs Companhias dos quais fazem parte os recursos para portos, alŽm
Docas, e buscou apoio e investimento do setor privado dos para hidrovias, eclusas etc. A exemplo do PAC, em
por meio de concess›es e arrendamentos. Surgiu uma que aproximadamente 80% dos investimentos no setor
*!G(#'&G&-D!#'!-#&*G%-,&$%*,!-5#=3(*'!#!#-%,!"# "&G('!# H&'"!G&0"&!#"%I%"%$J-%#(# !",!-#.E;15#7889:5#2# !--FG%+#
respons‡vel pelo investimento em equipamentos, considerar os recursos alocados no setor hidrovi‡rio
recupera‹o e manuten‹o das instala›es portu‡rias; como uma estimativa para os investimentos portu‡rios.
e o governo respons‡vel pela constru‹o e manuten‹o No caso do setor privado, a principal fonte de
'(#&*I"(%-,"),)"(# !",)0"&(#.A("3H%,,&#S#E(-,!"&5#788T:6 recursos para o investimento Ž o Banco Nacional do
Ao longo deste artigo Ž analisada a evolu‹o dos /%-%*G!+G&$%*,!# K3!*L$&3!# %# M!3&(+# .N4/KM:5# ?)%#
&*G%-,&$%*,!-# Q"(-&+%&"!-# *!-# !",!-5# &'%*,&=3(*'!# !# =*(*3&(#(#3!$ "(#'%#%?)& ($%*,!-# ("(#!#-%,!"# "&G('!#
que foi feito, gargalos e demandas ainda n‹o atendidas por meio da linha de crŽdito para o Financiamento de
e avaliando o Programa de Acelera‹o do Crescimento A0?)&*(-# %# K?)& ($%*,!-# .OP4;AK:6# ;+2$# '&--!5# !#
.E;1:5# 3(""!J3H%I%# '!-# &*G%-,&$%*,!-# WQ+&3!-# *!# BNDES tambŽm passou a dispor do Financiamento a
atendimento dessas demandas. K$ "%%*'&$%*,!-#.OP4KA:#G&-(*'!#'&- !*&Q&+&B("#+&*H(-#
de crŽdito para investimentos em portos e terminais
Financiamento e Investimentos no Setor !",)0"&!-#.N4/KM5#7889(:6
Portu‡rio KR&-,%#'&=3)+'('%#%$#-%#'%,%"$&*("#!-#&*G%-,&$%*,!-#
Devido ˆs mudanas no marco regulat—rio do setor efetivos do setor privado nos portos. No entanto,
!",)0"&!5#!# %"=+#'!-#&*G%-,&$%*,!-#,%$#$)'('!#$)&,!6# podem-se utilizar os desembolsos do BNDES como
No entanto, o poder pœblico continua mantendo papel uma estimativa para esta informa‹o. Segundo as regras
importante tanto no incentivo aos investimentos quanto '!# N(*3!5# %+%# !'%# !I%"%3%"# =*(*3&($%*,!# ("(# (,2#
investindo diretamente. Entre seus programas de 80% do valor de um projeto de infraestrutura portu‡ria.
incentivos, destaca-se o Regime Tribut‡rio para Incentivo ; %-("#'&--!5# A("3H%,,&#S#E(-,!"&#.788T:#(="$($#?)%5#
ˆ Moderniza‹o e ˆ Amplia‹o da Estrutura Portu‡ria %$#$2'&(5# !-#=*(*3&($%*,!-#'!#N4/KM#3!Q"%$#T8U#
.X% !",!:5# 3!$# !Q<%,&G!# '%# %-,&$)+("# (# $!'%"*&B(CD!# do valor dos projetos em portos. Portanto, o valor de
'!-# !",!-# Q"(-&+%&"!-# !"# $%&!# '%# &*3%*,&G!-# =-3(&-# investimentos em transportes do setor privado utilizado
para a compra de equipamentos e m‡quinas mais nesse trabalho Ž dado pelos desembolsos do BNDES
modernos. Entre os programas de investimento, ressalta- acrescidos de 40%, correspondentes a recursos pr—prios
se o Programa de Acelera‹o do Crescimento, que ser‡ do empreendedor. Essa mesma proxy Ž utilizada para
aprofundado adiante. o total das aplica›es privadas em transportes, uma
As principais fontes dos investimentos pœblicos vez que o Banco tem limites m‡ximos em suas linhas
-D!# !-# !"C($%*,!-# =-3(&-# %# !-# '(-# %-,(,(&-# Y# G&(# '%#=*(*3&($%*,!#?)%#%-,D!#%$#,!"*!#'%#V8U#%#*%$#
Companhias Docas, no caso dos portos. Pela estrutura todos os investidores tomam emprŽstimos com ele.

7
A tabela 1 permite observar a evolu‹o dos bilh›es, na mŽdia anual, entre 2004 e 2008. De qualquer
investimentos totais em transportes e em transporte $!'!5# G%"&=3(J-%# ?)%# (-# &*G%"-c%-# WQ+&3(-# %# "&G('(-#
hidrovi‡rio. Nesta tabela, Portf—lio BNDES refere-se comportaram-se de maneira semelhante ao longo
(!-# ,!,(&-# =*(*3&('!-# %+!# N(*3!# (!# (*!# %$# ,!'!-# dos anos, com os investimentos pœblicos atingindo um
!-# -%,!"%-# '(# 1+(--&=3(CD!# 4(3&!*(+# '%# ;,&G&'('%-# montante m‡ximo no ano de 2002 e o investimento
K3!*L$&3(-# .14;K:6# Z-# '%-%$Q!+-!-# '!# N4/KM# privado em 2003. Percebe-se tambŽm que, no per’odo
em transportes s‹o divididos entre transporte aŽreo, de 1999 a 2003, os investimentos pœblicos em portos
aquavi‡rio e terrestre. AtŽ 2002, tanto a execu‹o foram, em mŽdia, R$ 100 milh›es maiores do que os
orament‡ria quanto os investimentos do setor privado investimentos privados, devido, principalmente, aos
em transportes estavam no mesmo patamar, uma mŽdia investimentos das Companhias Docas.
( "!R&$('(#'%#X[#\5]#Q&+HD!#.G(+!"%-#"%(&-#'%#788V:6#;#
partir de 2002, os investimentos privados passaram a se 1,4%
distanciar dos investimentos do governo, chegando a R$
18 bilh›es apenas em desembolsos do BNDES, contra 1,2% R$ 33,3 bi
R$ 2,5 bilh›es do governo, em 2008.
R$ 24,7 bi
Deve-se observar como o setor de transportes
1%
recuperou import‰ncia nos œltimos anos, apresentando
uma tendncia ascendente, embora ainda represente R$ 15,1 bi
0,8% R$ 13,2 bi
uma porcentagem muito pequena do PIB brasileiro
.\5\^U#%$#788V:6#; %-("#'&--!5# !#-%,!"#H&'"!G&0"&!#*D!#
acompanhou essa tendncia, mantendo seu n’vel de 0,6%
R$ 5,1 bi
Como porcentagem do PIB

investimentos em torno de 0,06% do Produto, tendo R$ 8,2 bi


atingido o m‡ximo como participa‹o do PIB em 2003, R$ 1,7 bi
0,4% R$ 2,6 bi R$ 5,3 bi
?)(*'!# 3H%_!)# (# "% "%-%*,("# 85\7U6# O"&-H,(`# .788V:# R$ 1,8 bi
argumenta que a principal restri‹o aos investimentos
0,2% R$ 1,2 bi
%$# &*I"(%-,"),)"(# ("(# !# _!G%"*!# 2# (# =-3(+5# ?)%# -%# R$ 0,4 bi R$ 0,2 bi R$ 1 bi
tornou mais cr’tica com a mudana de modelo de R$ 0,2 bi
R$ 0,7 bi
R$ 1,7bi
=*(*3&($%*,!# '!# -%,!"# WQ+&3!# a-J1!*-,&,)&CD!# '%# 0%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
\9VV#.b"0=3!#\:6
Ao comparar-se o investimento pœblico com o Investimento Total em Transporte
Investimento Total do Setor Hidrovi‡rio
valor total do investimento privado em transportes,
o segundo foi, entre 1999 e 2003, em mŽdia R$ 900
;$93/ "<& Investimentos em transportes e no setor hidrovi‡rio
milh›es ao ano maior, em valores constantes, do que o (1999-2008). Fonte: Siga Brasil (2009); MPOG/SE/DEST
investimento pœblico. Essa diferena subiu para R$ 13,5 (2009); e BNDES (2009b). Elabora‹o: IPEA (DISET/DIRUR).

ANO 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
INVESTIMENTO PòBLICO
Transportes 620.36 776.01 1.037.39 2.480.24 1.091.90 1.025.49 2.453.38 2.443.38 4.484.05 3.009.46
Setor Portu‡rio 67.03 114.87 257.71 903.5 525.14 121.83 150.11 106.91 257.9 580.97
% Portos em Transportes 10.80% 14.80% 24.84% 36.43% 48.09% 11.88% 6.12% 4.38% 5.75% 19.30%
INVESTIMENTO PRIVADO
Portf—lio BNDES 7.811.34 10.965.17 13.243.94 24.626.50 23.991.10 32.036.01 38.240.05 43.371.33 59.095.96 90.877.90
Inv.Transportes 1.115.28 1.051.28 1.532.56 2.616.04 4.245.51 7.174.76 10.713.22 12.668.49 20.209.15 30.339.17
Inv. Privado em Portos 108.11 94.53 115.2 269.06 731.41 921.66 572.08 671.75 1.074.00 1.102.50
% Portos em Transportes 1.38% 0.86% 0.87% 1.09% 3.05% 2.88% 1.50% 1.55% 1.82% 1.21%
Total setor portu‡rio 175.14 209.4 372.91 1.172.57 1.256.56 1.043.49 722.19 778.66 1.331.90 1.683.47
Tabela 1. Desembolsos pœblicos e privados em infraestrutura 1999-2008 (R$ milh›es). Fonte: Siga Brasil (2009); MPOG/SE/DEST
(2009); e BNDES (2009b). Elabora‹o: !"#$%& '"()& *+*,-$./0-1$2345670$8590:39:70$;7$<==>?$;7@38A593;50$B745$C9;A87$D7634$;7$
Preos de Mercado (IGP-M).

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A partir de 2003, o setor privado tornou-se o maior !",!-h#3(+('!-#?)%#(,%*'($#(#*(G&!-#'%#_"(*'%# !",%i#
investidor no setor portu‡rio, distanciando-se dos beros maiores e especializados no tratamento da
&*G%-,&$%*,!-# WQ+&3!-5#"%d%R!#'!#()$%*,!#'(#'%$(*'(# carga; mecaniza‹o e automa‹o do manuseio da carga;
do setor privado por investimentos em transportes. Por -&-,%$(-#%=3&%*,%-#'%#3!*,"!+%#%#&*I!"$(CD!6#
=$5# G(+%# "%--(+,("# ?)%# $%-$!# (# (",&3& (CD!# '!# -%,!"# N‹o s‹o raros os casos em que navios de grande
hidrovi‡rio em transportes Ž baixa, mantendo uma porte se veem impedidos de atracar nos portos
mŽdia de 2,8% para os investimentos pœblicos e 5,1% nacionais devido ˆ falta de profundidade dos canais,
para os privados, chegando ao m‡ximo de 23,5% dos beros e ba’as de evolu‹o ou, se conseguem atracar,
investimentos pœblicos e privados para transportes em os armadores s‹o obrigados a embarcar com volumes
2003. inferiores ˆ sua capacidade. Com isso, eleva-se o preo
Segundo levantamentos realizados pelo BNDES dos fretes e reduz-se a competitividade dos portos e
.78893:5# %*,"%#!#&*F3&!#'%#788e#%#!#,%"3%&"!#,"&$%-,"%# dos produtos. Em rela‹o aos acessos, s‹o comuns as
'%#788V5#H!)G%#)$(#%+%G(CD!#-&_*&=3(,&G(#'(-#&*G%"-c%-5# =+(-#'%#3($&*Hc%-#(!#+!*_!#'(-#%-,"('(-#%#(G%*&'(-#?)%#
caracterizando o maior ciclo de investimentos no levam aos grandes portos brasileiros, em especial nos
Pa’s nos œltimos 30 anos. Mesmo assim, a parcela per’odos de safra.
portu‡ria nesses investimentos sempre foi baixa, n‹o Diante desse cen‡rio, foi constitu’do o Mapeamento
correspondendo ˆs necessidades e nem ao potencial PEK;#'%#ZQ"(-#E!",)0"&(-#.1($ !-#4%,!5#%,#(+5#7889Q:#
do setor. De acordo com o Banco, os investimentos 3!$# !# !Q<%,&G!# '%# (G(+&("# (-# '%$(*'(-5# '%=3&g*3&(-# %#
privados estimados para portos no trinio 2009-2012, _("_(+!-# '!-# !",!-# Q"(-&+%&"!-5# G&-(*'!# ?)(*,&=3("#
?)%# %"I(B&($#*D!#$(&-#?)%#\5^eU#.X[#\e5T#Q&+Hc%-:#'!-# os investimentos necess‡rios para solucion‡-los. A
investimentos com indœstria e infraestrutura, sofreram metodologia utilizada para fazer essa avalia‹o seguiu
)$(#?)%'(#'%-'%#(#'%d(_"(CD!#'(#3"&-%#'(#%3!*!$&(# '!&-# 3"&,2"&!-h# &'%*,&=3(CD!# '%# "!<%,!-# %$# +(*!-5#
mundial, no ano passado, caindo para um patamar de programas e outros textos envolvendo o setor pœblico
859]U#.X[#f57#Q&+Hc%-:# ("(#!#$%-$!# %"F!'!6 e o privado; e pondera‹o desses documentos para
selecionar o valor de cada projeto.
Assim, o Mapeamento teve como base o Plano
Gargalos e demandas do setor portu‡rio 4(3&!*(+# '%# @!_F-,&3(# %#j"(*- !",%-# .E4@j5# 788f:i# !#
nacional E+(*!#14j#'%#@!_F-,&3(#.788V:i#!#E+(*!#E+)"&(*)(+#.EE;:#
Um dos maiores bloqueios ˆ expans‹o do setor 788VJ78\7i#!#E;1#.7889:i#!#+%G(*,($%*,!#"%(+&B('!# %+!#
!",)0"&!#*(3&!*(+#%-,0#*(#'%=3&g*3&(#'%#&*I"(%-,"),)"(5# Anu‡rio Exame 2008-2009 de Infraestrutura; entrevistas,
o que compromete o potencial do setor e representa entre outros. A pondera‹o visando selecionar o valor
um entrave ao crescimento do comŽrcio internacional e atribu’do a cada obra presente no Mapeamento seguiu
de cabotagem no Pa’s. Para vencer esse problema, faz-se (#-%_)&*,%#!"'%$#'%# "&!"&'('%h# E;15# EE;#%#E4@j6# 4!#
necess‡ria a efetiva‹o de investimentos direcionados a caso de obras n‹o constantes em qualquer desses, o
obras portu‡rias e de acesso, e a equipagem dos portos valor atribu’do foi o mais alto dentre os encontrados
nacionais. Todavia, apesar do potencial econ™mico nas outras fontes.
apresentado pelo setor portu‡rio, dos investimentos Foram levantadas 265 obras de infraestrutura
pœblicos federais em transportes realizados em 2008, portu‡ria que se mostram necess‡rias para a melhoria
apenas 19,3% foram destinados ao setor hidrovi‡rio '(#%=3&g*3&(#! %"(3&!*(+#%#3!$ %,&,&G&'('%#'!-# !",!-#
3!$!# )$# ,!'!5# %# '%-,%-# ( "!R&$('($%*,%# V8U# .X[# *(3&!*(&-6# ;!# ,!'!5# &'%*,&=3("($J-%# *%3%--&'('%-# '%#
465 milh›es) destinados aos portos. investimento de aproximadamente R$ 42,9 bilh›es em
No entanto, a necessidade de investimentos vai ?)(,"!#3(,%_!"&(-#'%#_("_(+!-h# 3!*-,")CD!5# ($ +&(CD!#%#
alŽm da simples redu‹o de custos para eleva‹o da "%3) %"(CD!#.X[#785]T#Q&+Hc%-#%$#\ee#!Q"(-:i# (3%--!-#
competitividade dos produtos transportados. No ,%""%-,"%-# .X[# \f579# Q&+Hc%-# %$# ]^# !Q"(-:i# '"(_(_%$#
mercado internacional, e mesmo no Pa’s, os portos %# '%""!3($%*,!# .X[# 75fV# Q&+Hc%-# %$# ]T# !Q"(-:i# %#
enfrentam tambŽm competi‹o entre si. Os portos &*I"(%-,"),)"(# !",)0"&(#Y#!),"(-#!Q"(-#.X[#75e]#Q&+Hc%-#
organizados tm que disputar espao e, nessa disputa, em 41 obras).
o acesso e as capacidades operacional e de atraca‹o Com rela‹o ˆs necessidades de constru‹o,
s‹o alguns dos grandes diferenciais que os portos amplia‹o e recupera‹o de ‡reas, retro‡reas, beros,
podem oferecer. Destacam-se os seguintes fatores, p‡tios, p’eres, molhes e cais dos portos, embora o maior
que representam uma maior competitividade para os nœmero de obras diga respeito ˆ constru‹o de beros

9
%# F%"%-#.ef#!Q"(-:5# !#$(&!"#G(+!"#!"C('!#"%I%"%J-%#k-# cargas de suas origens atŽ os portos Ð ou deles a seus
'%=3&g*3&(-#"%+(,&G(-#(# 0,&!-#%#,%"$&*(&-5# ?)%#,!,(+&B($# destinos Ð j‡ Ž, em si, um fator de eleva‹o dos custos
R$ 7,35 bilh›es em investimentos necess‡rios. do transporte aquavi‡rio. Assim, dentre os gargalos de
Dentre os principais portos que apresentaram (3%--!-# ,%""%-,"%-5# &'%*,&=3($J-%# ?)(-%# X[# f# Q&+Hc%-#
problemas relativos ˆs ‡reas portu‡rias destacam-se os necess‡rios ˆs ferrovias que devem ser aplicados na
portos de Santos, Vit—ria, Itaqui, PecŽm e Rio Grande, constru‹o da Transnordestina, que atender‡ aos
que juntos respondem por quase 40% das demandas portos de PecŽm e Suape, na duplica‹o de 110 km
&'%*,&=3('(-6# Z),"!-# e]# !",!-# ( "%-%*,($# ,($Q2$# de ferrovia que liga Curitiba ao porto de Paranagu‡,
demandas referentes a ‡reas portu‡rias, com valores entre outras obras. No total dos gargalos de acessos,
que v‹o de R$ 20 milh›es a R$ 850 milh›es. destaca-se o porto de Santos, cuja demanda representa
ƒ importante ressaltar ainda que, no universo de quase 30% desses, correspondendo a rodovias e
constru›es necess‡rias, dez referem-se ˆ constru‹o ferrovias, alŽm de anŽis que livrariam o percurso das
de novos portos ou terminais portu‡rios Ð totalizando cargas do enfrentamento do tr‡fego urbano na regi‹o
R$ 4,18 bilh›es orados. Dentre esses novos portos, metropolitana de S‹o Paulo.
alguns dever‹o ser direcionados especialmente ao Apesar de ser a terceira categoria em valor orado,
comŽrcio exterior, como o complexo portu‡rio do um dos problemas mais graves enfrentados pelo
MERCOSUL que, projetado para trabalhar apenas com setor portu‡rio brasileiro Ž, sem dœvida, a quest‹o da
contineres, dever‡ ser constru’do na Ponta do Poo, profundidade dos canais de acesso, beros e ba’as de
no munic’pio de Pontal do Paran‡. Enquanto outros se evolu‹o. Nesse contexto, os servios de dragagem
destinar‹o ao escoamento de determinados produtos e derrocamento constituem um ponto essencial para
ou setores Ð como o porto de Espadarte, necess‡rio possibilitar o acesso e atraca‹o de navios de grande
para o escoamento da produ‹o de gr‹os, minŽrio de porte, de modo a ampliar o potencial comercial dos
ferro, minŽrio mangans, ferro gusa e cobre do estado portos e permitir-lhes concorrer dentro do sistema
do Par‡. portu‡rio internacional.
Os acessos terrestres, por sua vez, constituem uma j"&*,(# !",!-# I!"($# &'%*,&=3('!-# %+(# *%3%--&'('%#
'(-# $(&!"%-# '%$(*'(-# &'%*,&=3('(-# %# )$(# '(-# $(&-# de execu‹o de servios de dragagem, com destaque
"!Q+%$0,&3(-# *!# ?)%# -%# "%I%"%# k# ?)(*,&=3(CD!5# -%<(# ("(# !-# !",!-# '%# M)( %# .\e5\U# '!# $!*,(*,%# '%#
do nœmero de obras ou dos valores de investimento &*G%-,&$%*,!-# *%3%--0"&!-:5# X&!# '%# l(*%&"!# .\85\U:5#
*%3%--0"&!-6# K--(# '&=3)+'('%# %*I"%*,('(# ("(# (# E("(*(_)0#.95^U:5#N(""(#'!#X&(3H!#.f5VU:5#P,(_)(F#.T5fU:#
?)(*,&=3(CD!# '(-# !Q"(-# ('G2$5# "&*3& (+$%*,%5# '(# %#M(*,!-#.^5VU:6
dimens‹o e dispers‹o da malha rodovi‡ria brasileira, Vale ressaltar que os 11 maiores portos do Pa’s, em
alŽm da utiliza‹o comum de rodovias para o transporte valores de movimenta‹o de comŽrcio internacional,
'%# 3("_(-# %# ("(# !# ,"0I%_!# )"Q(*!5# '&=3)+,(*'!# (# encontram-se na rela‹o dos portos que demandam
&'%*,&=3(CD!# '(-# G&(-# "%+%G(*,%-# ("(# !-# (3%--!-# servios de dragagem. Ao todo, esses portos perfazem
portu‡rios. uma necessidade de investimento de R$ 1,43 bilh‹o,
Como critŽrio para sele‹o das obras de acessos 3!""%- !*'%*'!#(#]95eU#'(-#*%3%--&'('%-#&'%*,&=3('(-#
,%""%-,"%-#"%+%G(*,%-#k#%=3&g*3&(# !",)0"&(5# 3!*-&'%"!)J nesta categoria.
se um raio de 120 quil™metros a partir dos portos. O!&#&'%*,&=3('(5#(&*'(5#)$(#-2"&%#'%#!),"(-#'%$(*'(-#
Assim foram consideradas todas as rodovias e ferrovias de infraestrutura portu‡ria que v‹o desde instala›es
&*-%"&'(-# *%--%# "(&!# %# &'%*,&=3('(-# 3!$!# &$ !",(*,%-# de apoio e equipamentos, atŽ a implanta‹o de sistemas
para o escoamento de mercadorias para os portos, ou '%# -%_)"(*C(5# -&*(+&B(CD!5# %+%,"&=3(CD!# %# -(*%($%*,!6#
a partir deles. AlŽm das obras contidas no raio adotado, /%# (3!"'!# 3!$# (# X%G&-,(# KR($%# .788V:5# (+_)*-# '!-#
inclu’ram-se ainda as obras da ferrovia Transnordestina, principais fatores que prejudicam o bom funcionamento
,"%3H!-#M(+_)%&"!#Y#M)( %#.^T]#`$:#%#M(+_)%&"!#Y#E%32$# '!-# !",!-# %-,D!# "%+(3&!*('!-# k-# '%=3&g*3&(-# *%--(-#
.^^8#`$:5#?)%5#( %-("#'%#-)(#%R,%*-D!5#-D!#3!*-&'%"('(-# instala›es e equipamentos, essenciais ˆ opera‹o
no trabalho porque tm como fun‹o primordial o portu‡ria.
acesso a esses portos. Outro grande problema enfrentado diz respeito ˆs vias
;# I(+,(# '%# G&(-# '%# (3%--!# %=3&%*,%-# %+%G(# !# "%C!# internas aos portos, cujas m‡s condi›es tm prejudicado
dos fretes, compromete cargas perec’veis e prejudica a a movimenta‹o das mercadorias, elevando o tempo
competitividade dos portos. No Brasil, a falta de uma de movimenta‹o das cargas e, consequentemente, o
malha ferrovi‡ria ampla que permita o transporte das custo do transporte. Dentre os portos que demandam

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um maior volume de investimento para obras desta do Programa, somando R$ 425,60 milh›es no total
*(,)"%B(5# '%-,(3($J-%h# M(*,!-# .\^57U# '(-# '%$(*'(-:5# a investir em portos, que alcanou a cifra de R$ 3,10
MD!#O"(*3&-3!#'!#M)+#.\e58U:5#;"%&(#N"(*3(#.\85eU:#%#!-# bilh›es.
!",!-#d)$&*%*-%-#'%#P,(_)(F5#'!#X&!#'%#l(*%&"!#%#4!",%# Para termos uma dimens‹o do impacto do PAC sobre
Fluminense, que somam 27,5% das necessidades. necessidades de infraestrutura portu‡ria, Ž importante
compreender, dentre as v‡rias demandas, o que Ž de
Impacto do PAC sobre as necessidades responsabilidade do poder pœblico e de atribui‹o da
# $%89$(+!"(.*,%(3/+.+! iniciativa privada. Nesse contexto, ressalta-se que podem
Em janeiro de 2007, a Presidncia da Repœblica do existir obras de constru‹o, amplia‹o e recupera‹o
Brasil lanou um programa de investimentos que previa que se constituem em investimentos da alada privada,
R$ 503,9 bilh›es em obras de infraestrutura. Em 2009, o que n‹o exclui a responsabilidade do poder pœblico
esse programa teve seu oramento ampliado para R$ caso estas n‹o sejam realizadas por aquele setor. Assim, a
646 bilh›es, dos quais apenas R$ 37,1 bilh›es ser‹o partir do mapeamento e da rela‹o das obras previstas
destinados ˆ infraestrutura de transportes, inclusive pelo PAC foi poss’vel realizar uma an‡lise do impacto
portu‡ria. O Programa de Acelera‹o do Crescimento '!# "!_"($(#-!Q"%#(-#'%$(*'(-# !",)0"&(-#.b"0=3!#7:6#
.E;1:#,%$#3!$!#!Q<%,&G!#3"&("#3!*'&Cc%-#$(3"!--%,!"&(&-# Observa-se que os investimentos pretendidos pelo
para o crescimento do Pa’s a partir de 2007. Visando programa n‹o representam uma fra‹o satisfat—ria do
promover a acelera‹o do crescimento econ™mico, universo de demandas existentes no setor portu‡rio. De
o aumento do emprego e a melhoria das condi›es fato, ele engloba n‹o mais do que 19,2% do nœmero de
de vida da popula‹o brasileira, o programa consiste !Q"(-#&'%*,&=3('(-#3!$!#*%3%--0"&(-5#3!""%- !*'%*'!#(#
%$# ,"g-# $%'&'(-h# &*3%*,&G("# !# &*G%-,&$%*,!# "&G('!i# 23% do total de investimentos necess‡rios, orados para
aumentar o investimento pœblico em infraestrutura; esses gargalos. Dentre todas as demandas percebidas,
e remover obst‡culos burocr‡ticos, administrativos, (-# $(&-# 3!*,%$ +('(-# %+!# E;1# -D!h# '"(_(_%*-5# 3!$#
*!"$(,&G!-5#<)"F'&3!-#%#+%_&-+(,&G!-#(!#3"%-3&$%*,!#.Eg_!# "%G&-D!#'%#(,%*'%"#^^5eU#'!-#_("_(+!-#&'%*,&=3('!-5# %#
& Campos Neto, 2008, p. 7). de acessos terrestres, com 39,2%.
Segundo o relat—rio da Funda‹o Dom Cabral e o Vale ressaltar que obras de dragagem e acessos
Oa")$#K3!*L$&3!#A)*'&(+#.O/1#S#OKA5# 78895# 6# e7:5# terrestres s‹o investimentos tipicamente pœblicos. AlŽm
a maior parte dos projetos presentes no PAC s‹o disso, de acordo com a Secretaria de Especial dos
decorrentes de estudos e detalhamentos que vm E!",!-#.MKE:5# *(#3(,%_!"&(#'%#1!*-,")CD!5# ($ +&(CD!#%#
sendo realizados desde a dŽcada de 1980. Ainda de "%3) %"(CD!5# ( %*(-# ^5TU# .X[# \5\^# Q&+HD!:# '(-# !Q"(-#
acordo com a FDC e o FEM, o PAC Ž um pacote de I!"($# &'%*,&=3('(-# 3!$!# &*G%-,&$%*,!-# ,& &3($%*,%#
infraestrutura œnico, que busca uma melhor aloca‹o "&G('!-#%#\95TU#.X[#]58\#Q&+Hc%-:#3!$!#&*G%-,&$%*,!-#
dos recursos, focando os investimentos no aumento da tipicamente pœblicos. Para os 74,8% restantes, tem-
produtividade e competitividade.
Do montante de investimentos inicialmente R$ 20,46BI GARGALOS IDENTIFICADOS
"!_"($('!-# %+!#E;15#( %*(-#\\5TU#.X[#^V5e#Q&+Hc%-:# INVESTIMENTOS DO PAC
R$ 17,29BI
est‹o destinados ˆ infraestrutura de transportes, e
destes apenas R$ 2,67 bilh›es Ð 0,54% dos recursos
totais Ð est‹o destinados ao setor portu‡rio. O total
de recursos previstos no Programa, apenas 13,5% vir‹o R$6,78BI
'!#Z"C($%*,!#b%"(+#'(#m*&D!#.O&-3(+#%#M%_)"&'('%:#%#
R$ 2,78BI
?)(-%#]8U#-%"D!#&*G%-,&'!-# %+(#E%,"!Q"(-#.E;15#788f:6 R$ 2,34BI
R$1,1BI R$1,54BI
J‡ no in’cio de 2009, devido ˆ crise internacional, o R$0,42BI
Governo Federal anunciou uma expans‹o de mais R$
142,1 bilh›es em investimentos a serem incorporados
ao oramento inicial de R$ 503,9 bilh›es do PAC, CONSTRU‚ÌO, ACESSOS DRAGAGEM E INFRAESTRUTURA
e realizados com recursos provenientes de estatais AMPLIA‚ÌO E TERRESTRES DERROCAMENTO PORTUçRIA,
RECUPERA‚ÌO
e da iniciativa privada. Destes, R$ 37,1 bilh›es ser‹o OUTRAS OBRAS

destinados aos transportes. Entretanto, apenas mais ;$93/ "=&$D36E3450$7$;7F39;30$A;79:AG83;50$%<==>,$2760H0$


sete obras foram adicionadas ao cronograma portu‡rio investimentos do PAC (2007-2011). Fonte: PAC (2009); e Mapea-
mento IPEA de Obras Portu‡rias. Elabora‹o: IPEA (DISET/DIRUR).

11
-%# ?)%# -)(# 3+(--&=3(CD!# %*?)(*,!# !Q"(-# WQ+&3(-# !)# os MinistŽrios precisariam aplicar R$ 37 bilh›es em
privadas dependem de um cronograma do governo. apenas um ano, o que, segundo c‡lculos da CNI, soma o
No caso das obras da categoria Infraestrutura portu‡ria dobro das execu›es dos anos de 2007 e 2008.
Ð outras obras, 69,9%, tambŽm dependem de pol’ticas Fatores como projetos executivos mal elaborados,
de governo, e os 30,1% restantes s‹o investimentos falta de m‹o-de-obra para condu‹o desses projetos,
tipicamente pœblicos. '&=3)+'('%-# ("(# !Q,%"# !# +&3%*3&($%*,!# ($Q&%*,(+5#
Na tabela 2 Ž apresentado o resumo do Mapeamento ("(+&-(Cc%-# *!#j"&Q)*(+# '%# 1!*,(-# '(# m*&D!# .j1m:#
IPEA de Obras Portu‡rias, o qual auxilia a compreender por irregularidades de processo etc. tm atrasado o
melhor a situa‹o dos gargalos vis-ˆ-vis os investimentos cronograma executivo do PAC, que parece n‹o ter
previstos pelo PAC para o setor portu‡rio e acessos. chance de ser realizado a contento. Somando-se a isso
Observa-se, por esses dados, que dentre as 265 o fato de 2010 ser um ano eleitoral, o que restringe os
obras constatadas como necess‡rias, apenas 51 est‹o investimentos realizados no ano, Ž poss’vel antever um
previstas no programa, que n‹o abrange nem um quarto entrave ainda maior ao cumprimento do Programa.
do valor necess‡rio para atender aos gargalos existentes. Uma das a›es mais importantes do Governo
M%_)*'!#!#%-,)'!#"%(+&B('!# %+(#O/1#%#OKA#.7889:5#!-# Federal frente ˆs necessidades portu‡rias tem sido a
investimentos constantes do PAC, embora importantes, implementa‹o do Programa Nacional de Dragagem.
n‹o representam mais que um esforo para compensar Segundo a SEP, com a realiza‹o de servios de dragagem
30 anos sem a realiza‹o de obras de infraestrutura. de aprofundamento nos canais de aproxima‹o, o Brasil
; %-("#'%#3+(--&=3("#!#E;1#3!$!#!#$%+H!"# "!_"($(# poderia disponibilizar para os armadores que operam os
relativo ˆ infraestrutura nas œltimas trs dŽcadas e o maiores navios do mundo a possibilidade de atracarem
œnico que, nesse per’odo, se traduziu em obras, o estudo nesses portos. Assim, as grandes embarca›es que
chegou a rebatiz‡-lo sob a alcunha de Programa de hoje n‹o atuam em qualquer porto latino-americano
ÒRecupera‹oÓ do Crescimento. Em cifras, a FDC e o FEM poderiam chegar aos portos brasileiros.
constatam que o Brasil precisaria de trs vezes o valor KR%$ +&=3(*'!5# (#($ +&(CD!#'!-#3(+('!-#'!-# !",!-#
do PAC para alcanar uma infraestrutura condizente para a faixa dos 16 a 18 metros de profundidade
com sua dimens‹o continental e suas ambi›es no permitiria a atraca‹o de navios do tipo Capesize,
$%"3('!# $)*'&(+# .O/1# S# OKA5# 7889:6# 1!$# "%+(CD!# possibilitando movimenta›es de atŽ 150 mil toneladas
(!-# !",!-5# (# O)*'(CD!# /!$# 1(Q"(+# 3+(--&=3(# !# -%,!"# por embarca‹o. Com isso, seria poss’vel reduzir os
como o mais afetado pela desproporcionalidade dos custos de frete a um tero do valor atualmente operado
investimentos pretendidos pelo PAC. Para a FDC apud !"# *(G&!-# E(*($(R5# '%# mM[# eT# !"# ,!*%+('(# .O/1#
n(+!"#K3!*L$&3!#.78895#;f:5#o-%5#%$#3&*3!#(*!-5#!#N"(-&+# & FEM, 2009). Tendo isso por motiva‹o, o Governo
crescer de 4% a 5%, vai sofrer um apag‹o log’sticoÓ. Federal aprovou em dezembro de 2007 a Lei n¡ 11.610,
Embora ressalte a import‰ncia da iniciativa de que versa sobre o Programa Nacional de Dragagem.
coordena‹o dos investimentos trazida pelo programa, Segundo esse programa, ser‹o realizadas licita›es de
n%<(#.7889:#( !*,(#?)%#( %*(-#e8U#'(-#!Q"(-#'!#E;1# ordem internacional para a sele‹o de empresas que
est‹o dentro do cronograma de execu‹o e, dentre dever‹o executar os servios de dragagem necess‡rios
elas, as mais atrasadas referem-se ao eixo de log’stica a determinado porto. As obras ser‹o contabilizadas por
Ð ou transportes Ð, cujas a›es est‹o concentradas resultado e poder‹o ser reunidas para atŽ trs portos,
sob a responsabilidade direta do Governo Federal. em um mesmo contrato Ð quando essa medida for
Segundo dados da Casa Civil de abril de 2009, das 41 mais vantajosa para a administra‹o pœblica. De acordo
!Q"(-#3!*-,(*,%-#'!#E;1# ("(#!-# !",!-#.'%-3!*,('(-5# com essa lei, as contrata›es licitadas valer‹o por cinco
!",(*,!5# '%B# !Q"(-# 3+(--&=3('(-# 3!$!# "!'!G&0"&(-# !)# anos, prorrog‡veis por atŽ mais um, e dever‹o ser
ferrovi‡rias), 25 Ð correspondendo a 61% do valor dos expressamente autorizadas pela SEP ou pelo MinistŽrio
investimentos Ð permanecem em Òa‹o preparat—riaÓ, dos Transportes.
isto Ž, n‹o chegaram sequer ˆ fase licitat—ria; e apenas AlŽm desse programa, outro fator tem ajudado o
uma consta como conclu’da. Brasil na consecu‹o de contratos para a execu‹o
/%#(3!"'!#3!$#!#<!"*(+#K-,('!#'%#MD!#E()+!#.7889:5# '%--(-# !Q"(-h# (# ?)%'(# *(# '%$(*'(# !"# -%"G&C!-# '%#
nos primeiros dois anos do PAC, o Governo Federal dragagem em grande parte do mundo. Desde o comeo
n‹o conseguiu executar mais que 28% do oramento da crise econ™mica internacional, em setembro de 2008,
destinado aos projetos. Desse modo, para cumprir o tem-se observado um decl’nio no comŽrcio exterior
cronograma de investimentos atŽ as pr—ximas elei›es, nos diversos pa’ses, o que tem reduzido o preo das

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dragagens e ampliado o nœmero de
empresas interessadas em participar % DO
das licita›es brasileiras. GARGALOS E DEMANDAS IDENTIFICADOS ATUA‚ÌO DO PAC
VALOR
Contudo, dentre os 18 portos Ð DO PAC
VALOR VALOR SOBRE OS
previstos para serem contemplados OBRAS
NO DE
ESTIMADO
NO DE
PREVISTO
OBRAS OBRAS GARGALOS
pelo PAC com 19 obras de dragagem (R$ MILHÍES) (R$ MILHÍES)

.X[#\5^]#Q&+HD!:5#(#-%"%$#"%(+&B('(-# DRAGAGEM E DERROCAMENTO


atŽ 2010 Ð as licita›es abertas pela De aprofundamento
36 2.410.43 16 1.358.72 56.4
SEP para o Programa Nacional de e alargamento
Dragagem contemplaram apenas Com aterro
2 70 1 55 78.6
sete, num total de R$ 579,65 hidr‡ulico
milh›es a serem investidos. Dentre
De manuten‹o 3 22.25 0
eles, quatro fazem parte da regi‹o -
4!"'%-,%#.M(+G('!"#Y#N;5#O!",(+%B(# Com/ou derrocagem 5 280.83 2 125.42 44.7
Ð CE, Aratu Ð BA e Recife Ð PE), um Subtotal 46 2.783.51 19 1.539.14 55.3
'!#4!",%#.n&+(#'!#1!*'%#Y#E;:5#)$# CONSTRU‚ÌO, AMPLIA‚ÌO E RECUPERA‚ÌO
'!#M)+#.X&!#b"(*'%#Y#XM:#%#)$#'!# çreas e retro‡reas
M)'%-,%# .M(*,!-# Y# ME:# .'('!-# MKE5# 35 2.190.04 0
portu‡rias - -
abril de 2009). Beros e p’eres 37 3.666.94 7 536.2 14.6
Ainda segundo a SEP, o
investimento total do Programa Terminais e p‡tios 27 7.349.23 0
- -
Nacional de Dragagem superar‡ Cais e molhes 17 1.515.30 3 571 37.7
o valor de um bilh‹o de reais
apenas em sua primeira fase. Na Outras obras 7 1.556.73 0
- -
segunda fase, est‹o previstos outros
Constru‹o de
200 milh›es de reais em obras novos portos
10 4.183.96 0
- -
e servios de aprofundamento e Subtotal 133 20.462.20 10 1.107.20 5.4
derrocamento de beros e canais
INFRAESTRUTURA PORTUçRIA (OUTRAS OBRAS)
de acesso.
Equipagem e
Nos œltimos anos, o Governo 17 1.293.23 4 224.7 17.4
instala›es de apoio
Federal tem procurado encontrar
Terminais e acessos
solu›es para alguns dos problemas aquavi‡rios e 6 408.1 0
portu‡rios. Dentre os diversos - -
intermodais
projetos, pode-se destacar, Sistemas de
alŽm do Programa Nacional de segurana e 5 134.98 0
- -
Dragagem e do PAC, o plano de sinaliza‹o
desburocratiza‹o Porto sem Papel, Sistemas de
o Plano Nacional EstratŽgico dos saneamento e 6 164.57 0
- -
747:6AG83IJ5
E!",!-# .E4KpE!",!-:# %# !# E+(*!#
Geral de Outorgas. Estudos e projetos 2 21 2 21 100
O projeto Porto sem Papel Vias intraportu‡rias 5 320.7 2 178.7 55.7
consiste na implanta‹o de um Subtotal 41 2.342.58 8 424.4 18.1
sistema de controle automatizado, ACESSOS TERRESTRES
onde uma œnica entrada de Rodovias 22 10.263.45 9 6.038.73 58.8
informa›es dever‡ alimentar um Ferrovias 19 6.839.79 3 703.79 10.3
banco de dados de acesso a todos
Rodoferrovi‡rios 4 188.38 2 42.38 22.5
os —rg‹os do governo, reduzindo
Subtotal 45 17.291.62 14 6.784.90 39.2
a necessidade de tempo e pessoal
envolvidos no processo de TOTAL 265 42.879.91 51 9.855.64 23
=-3(+&B(CD!#'%#3("_(-#*!#%$Q("?)%# Tabela 2. Mapeamento IPEA de obras portu‡rias. Fonte e elabora‹o: IPEA (DISET/DIRUR).
e desembarque. A expectativa do

13
Governo Federal Ž que o sistema, que j‡ est‡ sendo ÒconteinerizadaÓ. Neste caso, as empresas fornecem
desenvolvido pelo Servio Federal de Processamento servio regular, com ou sem carga, com periodicidade
'%#/('!-#.M%" "!:5# -%<(#&$ +(*,('!#(,2#!#=*(+#'!#(*!# predeterminada. A carga em continer n‹o pode
de 2010, permitindo uma maior agilidade nas opera›es, "6%"&'&<# $# *.,")-"# "0,3"# %&"66'# "4# 5"# ($5$# 3"&'.4# )2$#
reduzindo os custos e ampliando a competitividade dos quer receber grandes quantidades de uma s— vez, de
portos brasileiros. forma que essa modalidade compete diretamente com
O objetivo do PNE/Portos, por sua vez, Ž desenvolver o transporte rodovi‡rio. J‡ o granel Ž uma carga sob
estudos a curto, mŽdio e longo prazos e traar um medida e suporta maior varia‹o de tempo.
panorama real de toda situa‹o portu‡ria nacional. O :6#'&('5$&"6#5"#.$)3$#*!&6$#5";)"(#'6#=>&,'6#&$-'6#
plano dever‡ ser desenvolvido em 35 portos, e pretende e as paradas nos portos em fun‹o da demanda comercial.
apontar os principais produtos movimentados alŽm de Frequncia e escalas s‹o determinadas pelas exigncias
( "%-%*,("# %-,)'!-# %3!*L$&3!-# 3!$# (# =*(+&'('%# '%# do mercado. Atualmente, as necessidades do mercado
encontrar a voca‹o de cada porto e assim cobrar a›es ,(%?"(#@&" !A)*,'#6"(')'.#)$6#%$&-$6#5";),5$6#%'&'#
$(&-# %- %3F=3(-6# E%"$&,&"0# )$# ($ +!# +(*%<($%*,!# '%# cada rota. TambŽm neste caso, h‡ que se diferenciar
investimentos e uma melhor distribui‹o das cargas de os transportes de cargas a granel das cargas gerais. As
acordo com localiza‹o e capacidade dos portos. empresas fornecem servio regular com periodicidade
predeterminada. Todos os navios com origem e destino
Vis‹o empresarial sobre os portos ˆ AmŽrica do Sul fazem escala nos considerados portos
AlŽm de todos os problemas de infraestrutura agregadores, com todas as companhias mar’timas neles
encontrados nos portos brasileiros, s‹o tambŽm fatores operando. AlŽm do volume de carga demandada, as
de redu‹o da competitividade comercial do setor alguns empresas levam em considera‹o nas suas decis›es
aspectos institucionais e burocr‡ticos do funcionamento operacionais as caracter’sticas de cada porto, os tr‡fegos
portu‡rio. AtŽ este ponto, o estudo focou sua aten‹o em que atuam, a proximidade dos centros de produ‹o
nas obras de infraestrutura que se fazem necess‡rias e distribui‹o e os custos operacionais e log’sticos. No
para um melhor funcionamento do modal portu‡rio. granel, cada neg—cio Ž œnico, e os clientes contratam
Neste item do trabalho, o objetivo Ž discorrer sobre o navio inteiro ou fazem contratos de afretamento de
'&=3)+'('%-# &*-,&,)3&!*(&-# ( !*,('(-# %+!-# )-)0"&!-# espao.
'!-# !",!-# Q"(-&+%&"!-h# ("$('!"%-# '%# +!*_!# 3)"-!# %# As trading companies ponderam alguns critŽrios
cabotagem, trading companies (commodities), empresas que permitem a tomada de decis‹o sobre em qual
!"# $%"&'(# )$# *$(+&*,$# ,)-"&)'*,$)'.# /"0%$&-'12$# porto operar. O resultado das entrevistas realizadas
e importa‹o) e operadores de terminais portu‡rios. %"&(,-"#*,-'&#@&"-"#-"&&"6-&"#/&$5$=,>&,$#$!#@"&&$=,>&,$84#
Para isso, utilizaram-se pesquisas de opini‹o realizadas custo portu‡rio e, principalmente, proximidade dos
em 2008, pela CNI, e entre 2005 e 2006 pelo IPEA/ centros produtores. A escolha obedece ao resultado
DISET, a pedido da Companhia Docas de S‹o Paulo Ð "6-&,-'(")-"# "*$)B(,*$<# '# .$3C6-,*'# 5"# "6*$'(")-$# +#
CODESP. Os principais resultados destas an‡lises est‹o sempre a de menor custo.
apresentados a seguir. D6#"(%&"6'6#5"#*$(+&*,$#,)-"&)'*,$)'.#/"0%$&-'12$#
e importa‹o) adotam uma sŽrie de critŽrios para
CritŽrios empresariais para utiliza‹o do porto a tomada de decis‹o sobre o modal de transporte
Os critŽrios adotados pelo empresariado na escolha na efetiva‹o da opera‹o comercial. Muitas vezes, o
do modal e, no caso do transporte mar’timo, do porto %&E%&,$# *$)-&'-$# 5"# "0%$&-'12$# 5";)"# $# ($5'.# "F$!#
a ser utilizado nas transa›es comerciais internacionais o porto a ser utilizado. Nos contratos tipo Free Carrier
dependem de v‡rios fatores, a comear pela suas ‡reas /GHD8#"#G&""#:)#I$'&5#/G:I84# *'J"#'$#,(%$&-'5$&#'#
de atua‹o. decis‹o do modal ou do porto. Outras vezes, a empresa
Os empres‡rios que atuam no ramo da cabotagem, exportadora escolhe o porto e a companhia mar’tima, e
pela pr—pria natureza de seu neg—cio, optam por o armador escolhe o terminal em que vai operar. Todas
escalarem todos os principais portos brasileiros. Trs '6# "(%&"6'6# ")-&"=,6-'5'6# *$)*$&5'(<# '# 5"*,62$# ."='#
companhias operam nesse tipo de mercado no Brasil. No sempre em considera‹o o menor custo econ™mico.
entanto, h‡ que se diferenciar os transportes de cargas Neste caso, a proximidade da empresa produtora/
'# 3&')".4# 5'6# *'&3'6# 3"&',6# /6$.-'6# "# *$)-",)"&,7'5'689# exportadora com o porto n‹o Ž critŽrio decisivo, todas
:# ;.2$# 5"# ("&*'5$# (',6# '-&'")-"# "# *$(# (',$&# -'0'# elas utilizam o transporte rodovi‡rio para transa›es
de crescimento nesta dŽcada Ž o de carga geral *$("&*,',6#*$(#$#H$)"#K!.#/D&3")-,)'4#HL,."4#M&!3!',#"#

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Paraguai, principalmente). CritŽrios como custo do frete, 7. çreas nobres ocupadas por produtos com pouco
custos portu‡rios, frequncia de navios, Òtransit timeÓ, valor agregado;
entraves burocr‡ticos para desembarao da carga e a 8. W"&(,)',6# .$-'5$6<# 5"=,5$# '# "66"# ")-&'="4# $6#
exigncia da carga estar no porto com antecedncia terminais s— aceitam carga com, no m‡ximo,
de atŽ seis dias tm deixado de viabilizar opera›es *,)*$# 5,'6# ')-"6# 5'# %'&-,5'# 5$# )'=,$# /5"'5# .,)"84#
mar’timas, em favor da alternativa rodovi‡ria. aumentando custo empresarial;
A seguir apresenta-se, de maneira sucinta, o resultado 9. H!6-$6# "# b-&')6,-# -,("c<# -A(# ."='5$# "(%&"6'6# '#
5"#-&A6#%"6 !,6'6#&"'.,7'5'6#%".$#NOPD#/H'(%$6#Q"-$#R# optarem por rodovia em transa›es comerciais
K')-$64#STTU84#HQN#/STTV8#"#DQWDX#/STTV89#P."#&"66'.-'# com o Cone Sul.
a existncia de um conjunto de problemas de ‰mbito De acordo com a Confedera‹o Nacional da
institucional e administrativo que, embora tenham base Indœstria, 49,1% das empresas exportadoras brasileiras
no Porto de Santos, s‹o comuns aos portos analisados1. consideram a infraestrutura portu‡ria como a mais
Ao longo das pesquisas, foram apontados problemas, 5";*,")-"# 5")-&"# '6# "-'%'6# %E6_%&$5!-,='64# *L"3')5$#
-',6#*$($<# '#,)@&'"6-&!-!&'#%$&-!>&,'Y# '#J!&$*&'*,'#"#'6# a afetar negativamente 88% das empresas que se
greves, que interferem na libera‹o de cargas; a falta !-,.,7'(#5"66"#6"-$&#%'&'#"6*$'&#6"!6#%&$5!-$6#/HQN4#
de integra‹o entre as entidades que atuam na ‡rea 2008). Segundo a Confedera‹o, dentre os maiores
portu‡ria; e a necessidade de mudana de h‡bitos e complicadores portu‡rios indicados pelas empresas,
atitudes por parte dos servidores e administradores excetuando os de infraestrutura, encontram-se
portu‡rios, no sentido de atender com mais presteza ˆs "6%"*,'.(")-"<# '# J!&$*&'*,'# )'# .,J"&'12$# 5"# *'&3'6#
demandas dos clientes. /,)5,*'5'# *$($# 3'&3'.$# %$&# Ud4ef# 5'6# "(%&"6'6#
Avalia‹o pelos usu‡rios do Porto de Santos em estudadas); as greves que interferem na movimenta‹o
$&5"(#5"*&"6*")-"#5"#(")1?"6< $!#.,J"&'12$#5"#*'&3'6#/,)5,*'5'#%$&#dU4gf8Y#"#$6#'.-$6#
1. Congestionamento de caminh›es dentro da ‡rea do custos de estiva, capatazia e praticagem. AlŽm destes,
%$&-$#Z#O"&,("-&',6<#+#!(#%&$J."('#3&'="# !"#"."='# um problema muito citado pelas empresas refere-se
custo empresarial. P‡tios, que retm e controlam o ao restrito hor‡rio de funcionamento das aduanas,
[!0$# 5"# '*"66$# '$# %$&-$4# @$&'(# *$)6-&!C5$6# %'&'# que tambŽm interfere negativamente no tempo de
os caminh›es e s‹o operados por agentes privados; libera‹o das cargas.
2. Estrutura ferrovi‡ria do porto Ð Linhas de trem ^"# '*$&5$# *$(# '# DQWDX# /STTV84# "(# %"6 !,6'#
atrapalham o tr‰nsito e geram congestionamentos realizada com usu‡rios de nove portos, alŽm de todos
de caminh›es com trens. H‡ mais de quatro anos os problemas j‡ descritos, observa-se a necessidade
o setor pœblico vem tentando fazer licita›es para a de mudana de h‡bitos e atitudes no tratamento
constru‹o das Vias Perimetrais; dos usu‡rios dos servios portu‡rios por parte de
3. P)-&'="6#J!&$*&>-,*$6<#5,7"(#&"6%",-$4#"6%"*,'.(")-"4# servidores e administradores. Ademais, a falta de
\#]"*",-'#G"5"&'.#5$#I&'6,.#/]GI8Y#'$#-"(%$#%"&5,5$# integra‹o entre as entidades que atuam na ‡rea
na entrega da mesma informa‹o para v‡rios —rg‹os portu‡ria traz enormes transtornos ˆ movimenta‹o
/K,6*$("0# "# K!%"&=,'8Y# "# \# $J&,3'12$# 5"# -&'5!7,&# de mercadorias. A pesquisa trata ainda da necessidade
para o portugus todos os manifestos de carga; de reverem-se os acordos das categorias funcionais Ð
4. ^,;*!.5'5"# 5"# '*"66$# &$5$@"&&$=,>&,$# %'&'# *L"3'&# trabalhadores e operadores portu‡rios Ð com rela‹o
ao porto; \# '.$*'12$# "# %&"*,;*'12$# 5"# (2$_5"_$J&'# '=!.6'4#
5. Falta de espao e de retro‡reas para armazenamento dados o avano tecnol—gico das opera›es portu‡rias
5"#*$)-A,)"&"6<#@'7_6"#)"*"66>&,$#$&3'),7'&#$#-&`)6,-$# e o grau de especializa‹o requerido.
para contineres; e construir novos armazŽns Outro grave problema enfrentado pelos usu‡rios
/"6%'1$8# %'&'# 3&')+,64# %&,)*,%'.(")-"# )'# ('&3"(# do sistema portu‡rio brasileiro respeita o tempo
direita; mŽdio de espera para atraca‹o nos portos. Para
6. W"&)$# 5"# aS# L$(")6<# 6$J# '# -!-".'# 5$# :%"&'5$&# navios de contineres, este prazo caiu, entre 2006 e
Portu‡rio, que Ž um —rg‹o privado, esse sistema 2007, de uma mŽdia nacional de 13,5 para 9 horas por
trabalhista eleva custos pelo emprego desnecess‡rio )'=,$9# P(#-"&($6#5"#3&')+,64# '#"6%"&'#)'#;.'#+#(!,-$#
de contingente excessivo de m‹o-de-obra; maior. A mŽdia nacional em 2007 para os diversos
granŽis s—lidos Ž de 54 horas/navio, mas a situa‹o
chega a extremos como o caso do terminal Corex,
1Portos pesquisados: Manaus, Fortaleza, Rio de Janeiro, Santos,
Paranagu‡, S‹o Francisco do Sul, Itaja’, Imbituba e Rio Grande em Paranagu‡, para o qual o tempo de espera para o

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-&')6J$&5$#*L"3'#'#eVh#L$&'6F)'=,$#/'%&$0,('5'(")-"# %$&-!>&,'# /$!-&'6# $J&'68# *$(# ak4hf# '-")5,5'6# "#
16 dias de espera). Quanto ao transbordo de carga constru‹o, amplia‹o e recupera‹o com apenas 5,4%.
geral, os tempos mŽdios de espera s‹o ainda mais graves, H$(# '6# ,)@$&('1?"6# $J-,5'6# /l'%"'(")-$# NOPD#
chegando a 244 horas/navio no cais pœblico de Macei—. de Obras Portu‡rias), foi poss’vel constatar que os
Ainda segundo a ANTAQ, faz-se necess‡rio um investimentos do PAC destinados ao setor portu‡rio
maior envolvimento das Autoridades Portu‡rias que J&'6,.",&$4# ,)*.!6,="#'*"66$6#-"&&"6-&"64# /]m#h4Vd#J,.L?"68#
devem atuar junto aos outros —rg‹os e entidades do correspondem a apenas 23% das necessidades totais
ambiente portu‡rio eliminando eventuais entraves aos %'&'#'-")5,(")-$#'$6#3'&3'.$6#,5")-,;*'5$6#/]m#gS4VV#
servios ofertados pelos portos. AlŽm disso, considera bilh›es). Esse fato demonstra que Ž fundamental que
'# %$66,J,.,5'5"# 5"# &"=,62$# 5'# 5,6-&,J!,12$# 5$6# [!0$6# as obras do PAC sejam executadas segundo seus
de carga entre os portos, direcionando-os de forma a cronogramas f’sicos, isto Ž, sem atrasos, para que o Pa’s
otimizar a infraestrutura vi‡ria e portu‡ria dispon’vel. n‹o passe por um colapso do sistema portu‡rio, nos
O$&#;(4#!(#%&$J."('#(!,-$#*,-'5$# !')5$#-&'-'($6# anos ˆ frente, destacadamente se houver uma retomada
do atraso ou paralisa‹o de obras em geral e, em do crescimento econ™mico na faixa de 5% ao ano.
especial, as portu‡rias, refere-se ˆ quest‹o das licenas O trabalho evidenciou ainda que, de modo geral,
ambientais, cuja demora no processo de concess‹o Ž existem reclama›es por parte dos usu‡rios do sistema
visto como um entrave para empreiteiras e empres‡rios. portu‡rio nacional de que Ž necess‡rio modernizar o
Todavia, embora seja ineg‡vel a necessidade de uma
%&$*"66$#5"#3"6-2$4# J!6*')5$#(',6#";*,A)*,'#3"&")*,'.#
3"6-2$#(',6#";*,")-"#)$6#E&32$6#*$(%"-")-"64# L># !"#
e qualidade no atendimento ao cliente. Cabe ˆ
se considerar que grande parte desses atrasos deve-se,
administra‹o pœblica reduzir os entraves burocr‡ticos
de fato, a projetos mal elaborados ou mesmo ˆ ausncia
para libera‹o de cargas e maior articula‹o entre as
de quaisquer estudos sobre os impactos ambientais
diversas autoridades pœblicas. Os usu‡rios tambŽm
associados ˆs obras.
reclamam da import‰ncia de se adequar ˆ estrutura
5'# (2$_5"_$J&'# /-"&)$68# !"# $%"&'(# )$6# -"&(,)',6#
!"#$%&'()*&#+,"($# ˆs moderniza›es tecnol—gicas implantadas e tornar o
Diante do trabalho apresentado, observou-se que o
hor‡rio de funcionamento das aduanas compat’vel com
Brasil ainda investe muito pouco nos portos. Enquanto
a necessidade operacional dos portos.
$6# ,)="6-,(")-$6# -$-',6# "(# -&')6%$&-"6# /%iJ.,*$6# "#
O$&# ;(4# '.3!('6# 6!3"6-?"6# 5"# %$.C-,*'6# %iJ.,*'6#
privados), como porcentagem do PIB, apresentaram
podem ser elencadas com base nas an‡lises realizadas.
*&"6*,(")-$# &"'.# 6,3),;*'-,=$# /%'66')5$# 5"# T4gf# "(#
Primeiramente, Ž ineg‡vel a necessidade de amplia‹o
1999 para 1,15% em 2008), em transporte hidrovi‡rio
dos recursos orament‡rios destinados a solu‹o das
eles se mantiveram constantes ao longo do per’odo,
necessidades de infraestrutura do setor portu‡rio,
em torno de 0,06% do PIB. Em 2008, do total de
investimentos pœblicos federais realizados no setor podendo os recursos adicionais serem disponibilizados
de transportes, apenas 19,3% foram destinados ao por meio do pr—prio PAC. Em segundo lugar, Ž
segmento hidrovi‡rio. ,(%$&-')-"#!('#(',$&#";*,A)*,'#"#'3,.,5'5"#)'#3"6-2$#"#
Por outro lado, os investimentos da iniciativa privada execu‹o das obras j‡ constantes do Programa, visando
no setor tm mantido uma tendncia de crescimento, obedecer ao cronograma proposto o qual, apesar de
fazendo dela, desde 2003, o principal investidor nos ,)6!;*,")-"4#@'7_6"#,(%$&-')-"#)'#&"5!12$#5"#'.3!)6#5$6#
portos. Cabe ressaltar que, com o PAC, o governo tem pontos de estrangulamento j‡ existentes.
ampliado sua participa‹o nos investimentos totais do Com rela‹o aos gargalos burocr‡ticos e de gest‹o,
setor hidrovi‡rio, embora ainda n‹o alcance o valor das faz-se importante a realiza‹o de concursos pœblicos
,)="&6?"6#%&,='5'6#/IQ^PK4#STTh*89 %'&'# '!(")-'&# $# *$)-,)3")-"# 5"# ;6*',6# 5'# ]"*",-'#
j"&,;*$!_6"# !"4# 5")-&"# '6# SUd# $J&'6# *$)6-'-'5'6# Federal nos portos e agilizar o desembarao, operando,
como necess‡rias ao bom funcionamento dos portos se poss’vel, 24 horas; organizar o sistema de libera‹o
nacionais, apenas 51 est‹o previstas no PAC, das quais, 5"#.,*")1'6#'(J,")-',64#(".L$&')5$#'#3"6-2$#"#";*,A)*,'#
as categorias de gargalos mais contempladas pelo administrativa dos —rg‹os competentes; regulamentar
ODH# 62$<# 5&'3'3"(# "# 5"&&$*'(")-$4# *$(# %&"=,62$# 5"# o direito de greve no servio pœblico, minimizando os
6$.!12$#5"#dd4ef#5'6#5"(')5'6#,5")-,;*'5'6#"#$J&'6#5"# efeitos das paralisa›es, tais como as da Anvisa, RFB etc.;
acessos terrestres, com previs‹o de solu‹o de 39,2%. "@"-!'&#&"@$&('#;6*'.#=,6')5$#&"5!7,&#'#*'&3'#-&,J!->&,'4#
D6# 5"(')5'6# (")$6# *$)-"(%.'5'6# 62$<# ,)@&'"6-&!-!&'# '(%.,')5$#'#'-&'-,=,5'5"#"#'#";*,A)*,'#5$#6"-$&#%$&-!>&,$9
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