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DESENHO BÁSICO

AULA 4

Profª Eliza Yukiko Sawada Timm


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, vamos nos dedicar à ABNT – Associação Brasileira de


Normas Técnicas, órgão responsável em normatizar em uma única linguagem
questões de ordem técnica que podem ser acessadas por profissionais de
diversas áreas do conhecimento, sem que haja barreiras de leitura e
interpretação.

CONTEXTUALIZANDO

Vamos conhecer um pouco os objetivos da Associação Brasileira de


Normas Técnicas

A ABNT é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras...


Desde 1950, a ABNT atua também na avaliação da conformidade e
dispõe de programas para certificação de produtos, sistemas e
rotulagem ambiental. Esta atividade está fundamentada em guias e
princípios técnicos internacionalmente aceitos e alicerçada em uma
estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo
credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados. ... O
trabalho humano se torna material por meio de procedimentos, regras,
instruções, modelos, que podem ser repetidos, ensinados e
aprendidos. Sem essa condição fundamental - a expressão do
conhecimento em regras compreensíveis pelo outro - a civilização
material não tem condições de se reproduzir. Ensinar e aprender a criar
são atos que requerem uma linguagem comum. (ABNT, S.d.)

Agora que sabemos um pouco da ABNT, vamos ver quais são as normas
que nós utilizamos na nossa área, o design.

TEMA 1 – FOLHA DE DESENHO

De acordo com a NBR 10068, todas as folhas de desenho técnico seguem


uma padronização, a série mais utilizada no Brasil é a série A (ABNT, 1987a).
Os formatos da série A utilizados para o desenho técnico são o A0, A1,
A2, A3 e A4.

 A0 = 841mmx1189mm (1,00m²)
 A1 = 594mmx841mm (0,500m²)
 A2 = 420mmx594mm (0,250m²)
 A3 = 297mmx420mm (0,125m²)
 A4 = 210mmx297mm (0,0625m²)

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O formato A0 são duas folhas A1, o formato A1 são duas folhas A2, o
formato A2 são duas folhas A3, a folha A3 são duas folhas A4, e assim por diante
(Figura 1).

Figura 1 – Formatos de papel série A

Fonte: Elaborado pela autora.

As folhas de desenho técnico devem ter uma margem que circunda toda
a área de desenho. A largura recomendada da margem é de 7mm a 10mm e de
25mm de acordo com o tamanho do papel.

Figura 2 – Margens para os papéis da série A

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 3 – Papel com margem

Fonte: DesignPrax/Shutterstock

A legenda da folha de desenho vai no canto inferior direito. As informações


são de acordo com as necessidades de cada projeto, mas basicamente a
legenda leva o nome da prancha (folha de desenho), título do desenho, escala,
unidade (mm, cm, m, km etc.), data, nome, assinatura do responsável, número
da prancha, lista de materiais e símbolo de projetos.
A altura da legenda pode variar, apenas a largura é definida.
Formatos A0 e A1 = 175mm de largura
Formatos A2, A3 e A4 = 178mm de largura
A largura final da legenda com a margem sempre será de 185mm. O
espaço acima da legenda é destinado a informações complementares como
tabelas, lista de materiais, convenções específicas ou notas sobre o desenho.

Figura 4 – Exemplo de legenda

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Fonte: Elaborado pela autora.

As folhas quando impressas devem ser dobradas de tal forma que no final
ficam com 210x297mm, o tamanho de um formato A4.

Figura 5 – Dobras da folha

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 6 – Dobras do papel formato A3

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Figura 7 – Dobras do papel formato A2

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 8 – Dobras do papel formato A1

Fonte: Elaborado pela autora.

TEMA 2 – LINHAS DE DESENHO TÉCNICO

No desenho técnico, as linhas são utilizadas em duas espessuras: a


grossa e a fina. A diferença entre as espessuras do desenho assim como o

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desenho específico de cada linha é que diferenciam cada elemento e o seu
significado.
As espessuras estabelecidas para um projeto devem permanecer iguais
em todo ele, isto é, a mesma espessura para as linhas grossas e finas.

Figura 9 – Tipos de linhas de desenho técnico

Fonte: ABNT, 2003.

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Figura 10 – Emprego dos tipos de linhas técnicas

Fonte: I000s_pixels/Shutterstock.

TEMA 3 – HACHURAS

No desenho técnico, os cortes feitos nas projeções são ressaltados com


hachuras, que são linhas estreitas e finas, geralmente traçadas em ângulo de
45º.
As hachuras também são utilizadas para representar os materiais que
serão utilizados na execução do projeto de acordo com a NBR 12298 (ABNT,
1995).

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Figura 11 – Tipos de hachuras

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando as peças forem compostas, unidas ou montadas, as hachuras


deverão ser feitas em direções contrárias ou espaçamentos diferentes, conforme
exemplo a seguir:

Figura 12 – Hachura em peças compostas, unidas ou montadas

Fonte: Elaborado pela autora.

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Desenhos com cortes em peças muito finas (delgadas) como chapas de
metal ou perfis devem ser representados em negrito com espaçamento em
branco, conforme exemplo a seguir.

Figura 13 – Representação de peças delgadas cortadas

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando a área de hachura for muito grande, pode-se hachurar somente


as bordas do desenho, ficando a área central sem hachuras.

Figura 14 – Áreas grandes hachuradas

Fonte: Elaborado pela autora.

TEMA 4 – LETRA TÉCNICA

A letra técnica ou caligrafia técnica é a forma utilizada para escrever em


pranchas ou desenhos técnicos quando executada a mão livre como esboços
técnicos e é definida pela NBR 8402 (ABNT, 1994). As principais exigências são
quanto à legibilidade, à uniformidade e à adequação aos processos de produção.

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Nos softwares gráficos, essa tarefa é bastante simplificada. Mesmo assim,
deverá obedecer às normas técnicas da caligrafia feita à mão.
A letra técnica deve ser regular e precisa. As letras devem ser
arredondadas e não possuírem serifas ou qualquer outro adorno. A mesma letra
deverá ser utilizada em todo o projeto, e a área onde será aplicado o texto deverá
ser limpo de linhas ou desenhos, garantindo a sua legibilidade.
A altura média utilizada em desenho técnico é de 4mm (medida da letra
maiúscula), porém tamanhos maiores de letra poderão ser utilizados de acordo
com a hierarquia das informações, como títulos e subtítulos, de acordo com a
necessidade. De acordo com as normas, as letras minúsculas e maiúsculas não
devem ser menores que 2,5mm.

Figura 15 – Altura da letra

Fonte: Elaborado pela autora.

Nos meios digitais, além da variação de tamanho, é possível variar entre


bold, normal, light e itálico, e nas cores das fontes.

Figura 16 – Fontes bold, normal, light e itálico

Fonte: Elaborado pela autora.

Para garantir a uniformidade e a legibilidade da letra à mão livre, o uso de


linhas guias auxiliares é extremamente importante.
Como fazer as linhas guias:

1. Defina a altura da letra (ex.: 6mm);

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2. Divida a altura por 3 (ex.: 6mm / 3 = 2mm)
3. Trace 4 linhas horizontais (ex.: de 2mm em 2mm)
4. Acrescente mais uma linha para baixo (ex.: 2mm)
5. A letra maiúscula ocupa toda a altura (h) (ex.: 6mm)
6. A letra minúscula ocupa 2/3 da altura (h) (ex.: 4mm)
7. A ascendente da letra minúscula ocupa 1/3 da altura (h) (ex.: 2mm)
8. A descendente da letra minúscula ocupa 1/3 da altura (h) (ex.: 2mm)

Veja a montagem das linhas guias a seguir:

Figura 17 – Linhas guias para desenho das letras (fontes)

Fonte: Elaborado pela autora.

As letras ainda podem ter uma variação quanto a inclinação. Podem ser
verticais com 90º ou inclinadas (itálico) com inclinação de 75º a 60º à direita.
O espaçamento entre as letras (kerning) de modo geral pode obedecer à
seguinte regra:
1. Letras arredondadas devem ficar mais próximas (ex.: oc / sc / ec)

Figura 18 – Espaço entre letras arredondadas

Fonte: Elaborado pela autora.

2. Letras arredondadas com letras retas devem ter distância média (ex.:
de / la / op).

Figura 19 – Espaço entre letras arredondadas e retas

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Fonte: Elaborado pela autora.

3. Letras retas devem ficar mais distanciadas (ex.: lh / ip / di)

Figura 20 – Espaço entre letras retas

Fonte: Elaborado pela autora.

4. Letras muito separadas ou muito próximas podem prejudicar a leitura.

Figura 21 – Espaçamento entre letras muito grande ou muito pequeno

Fonte: Elaborado pela autora.

TEMA 5 – COTAS

Cota, de forma resumida, é a indicação das medidas de um desenho em


escala natural (1:1), ou seja, tamanho real.
Os princípios gerais de cotagem são definidos pela NBR 10126.
A NBR 10126 define cota como a “representação gráfica no desenho da
característica do elemento, através de linhas, símbolos, notas de valor numérico
numa unidade de medida” (ANBT, 1997, p. 1).
As linhas de cota são sempre representadas por linhas contínuas finas,
delimitadas por linhas de chamada, igualmente finas e contínuas, e por setas
que definem o seu início e fim.

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Figura 22 – Cotas

Fonte: Elaborado pelo autor.

Todos os desenhos que necessitem de cota devem sempre indicar todas


as medidas totais como altura, largura e comprimento.
De acordo com Miceli e Ferreira (2010), as cotas deverão ser sempre
localizadas na posição que melhor a definam, não gerando dúvidas quanto à
indicação.
Deve-se evitar que linhas de cota se cruzem, dê preferência para que as
cotas de tamanho maior se localizem por fora das menores.

Figura 23 – Evite que as cotas se cruzem

Fonte: Elaborado pela autora.

A medida média entre as cotas paralelas deve ser de 7mm, se possível.


Quando o espaço para a cota for muito pequeno, a seta pode ficar do lado
de fora das linhas, e quando forem mais cotas pequenas, as setas podem ser
substituídas por traços inclinados a 45º.

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Figura 24 – Cotas em espaços muito pequenos

Fonte: Elaborado pela autora.

A indicação de formas circulares será sempre em função do seu centro.

Figura 25 – Cotas de formas circulares

Fonte: Elaborado pela autora.

As circunferências podem ser cotadas interna ou externamente,


dependendo do espaço. Quando a cota for interna, esta deverá ser inclinada a
45º.

Figura 26 – Como cotar diâmetro

Fonte: Elaborado pela autora.

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Quando várias circunferências concêntricas forem cotadas, deve-se evitar
colocar mais de duas cotas passando pelo mesmo centro.

Figura 27 – Cotas de circunferências concêntricas

Fonte: Elaborado pela autora.

Os raios de arcos podem ser cotados interna ou externamente.

Figura 28 – Cotas de raios de arco

Fonte: Elaborado pela autora.

Para cotar peças com chanfro, pode-se utilizar qualquer uma das formas
a seguir.

Figura 29 – Cotas de chanfros

Fonte: Elaborado pela autora.

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Quando há a necessidade de inserir cotas (medidas) em uma área
hachurada, é recomendado interromper a hachura.

Figura 30 – Cotas em áreas com hachuras

Fonte: Elaborado pela autora.

TROCANDO IDEIAS

Note que seguir a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é


muito importante, já que estamos falando de convenções utilizadas na indústria.
Qualquer erro, seja de nomenclatura, valores ou da correta interpretação pode
acarretar problemas de montagem ou confecção de um projeto. Dominar essa
linguagem é necessário para várias áreas do design, como embalagens,
mobiliário, wayfinding, produtos, cenários etc.

NA PRÁTICA

Que tal treinar a sua letra técnica?


A letra técnica pode ser reta a 90º ou inclinada de 60º a 75º. É importante
para o designer ter uma letra bem desenhada e legível, principalmente em
croquis técnicos, que são desenhos técnicos de detalhamentos, vistas e
perspectivas à mão livre. Faça em uma folha de papel formato A4 as linhas base
para letra técnica (página 7 desta aula), em seguida copie um trecho desta aula
e veja como você se sai. Treine quantas vezes achar necessário.

FINALIZANDO

Nesta aula entramos em contato com a linguagem técnica e a ABNT.


Sabemos agora como é importante conhecer essa linguagem para podermos
nos comunicar na hora de projetar e detalhar um projeto técnico para a produção,
assim como interpretar corretamente um projeto que tenhamos que executar.

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Disponível em:


<http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt>. Acesso em: 21 dez. 2019.

_____. ISO 128-1 – Technical drawings – General principles of presentation –


Part 1: introduction and index. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

_____. NBR 8402:1994. Execução de caracter para escrita em desenho técnico


– Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.

_____. NBR 10068:1987. Folha de desenho: leiaute e dimensões –


padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 1987a.

_____. NBR 10126: 1987. Cotagem em desenho técnico – Procedimento. Rio


de Janeiro: ABNT, 1987b.

_____. NBR 12298:1995. Representação de área de corte por meio de hachuras


em desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.

MICELI, M. T.; FERREIRA, P. Desenho técnico básico. Rio de Janeiro: Imperial


Novo Milênio, 2010.

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